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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

GESSICA DE SOUZA
SARAH POPENGA DE MELO

ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES PREDIAIS


DE ÁGUA FRIA E DE ESGOTO SANITÁRIO DE EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
PRIVATIVA MULTIFAMILIAR

Palhoça
2017
GESSICA DE SOUZA
SARAH POPENGA DE MELO

ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM INSTALAÇÕES PREDIAIS


DE ÁGUA FRIA E DE ESGOTO SANITÁRIO DE EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL
PRIVATIVA MULTIFAMILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito
parcial à obtenção do título de Engenheiro
Civil.

Orientador: Prof. Roberto de Melo Rodrigues, Esp.

Palhoça
2017
Dedicamos este trabalho a Deus por nos
permitir concluir e por estar ao nosso lado em
todo o período do curso. Aos nossos familiares
pelo amor e compreensão. Aos professores e
amigos que compartilharam conhecimentos
fundamentais para o sucesso deste trabalho.
O dedicamos ainda aos profissionais que
atuam na área de Instalações Hidrossanitárias.
AGRADECIMENTOS

Gessica de Souza

Agradeço primeiramente a Deus, pois acredito na força que Ele tem e sem Ele
nada seria possível.
A minha família em especial aos meus pais João Jorge e Maria Marizete pelo
exemplo, amizade e o carinho, pois sem o esforço de vocês jamais teria chegado até aqui.
Aos meus queridos irmãos Geovani e Juliano pelo apoio e incentivo durante esta
etapa.
Ao meu orientador, Professor Roberto de Melo Rodrigues, pela orientação,
atenção e tempo dedicados na avaliação deste trabalho e pelas contribuições dadas.
A todos os professores que não foram mencionados, mas que de alguma forma
contribuíram para a realização deste trabalho.
A minha companheira de TCC Sarah Popenga de Melo por toda amizade e
dedicação.
Aos amigos que fiz durante esses cinco anos da graduação, pelos momentos
compartilhados e pela troca de conhecimentos durante este período.
Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram um
pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível.
AGRADECIMENTOS

Sarah Popenga de Melo

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me dado o privilégio de ter passado
por um momento de bastante aprendizado e por permitir que eu concluísse o curso. Com
certeza se não fosse por Ele eu não teria nem sequer começado.
Agradeço aos meus pais que tanto se dedicaram para me dar esse estudo, que tanto
me apoiaram e pela compreensão de muitas vezes eu não ter passado os finais de semana em
família. Agradeço por me incentivarem tanto a ir em frente e não desistir. Por me darem
conselhos e por me darem liberdade de poder sempre que necessário ter o ombro amigo deles.
Agradeço a minha irmã, que eu amo tanto, que esteve ao meu lado nesse tempo
todo e também me incentivando para que eu estudasse e que nunca me deixou sozinha em
nenhum momento, mesmo quando não nos víamos. Pais e irmã, vocês merecem com toda
certeza a minha maior dedicação nesse trabalho de conclusão de curso.
Agradeço ao meu noivo, por desde o início da faculdade que, nem sendo meu
namorado, sempre foi tão querido. Obrigada pela compreensão de todos os finais de semana
em que não saímos, porque eu precisava estudar. Obrigada por me proporcionar tamanha
felicidade. Obrigada por se preocupar comigo e por me ajudar a estudar. És um guerreiro só
pelo fato de estar comigo sempre na loucura de “eu não tenho mais tempo para nada”. Amo
você imensamente e dedico, com toda a certeza, esse TCC a você.
Um muito obrigado a minha dupla dinâmica, que estudou muitos finais de semana
comigo, que sempre me ajudou tirando todas as dúvidas que eu tinha. Obrigada dupla,
obrigada porque não são apenas estudos, mas sim uma amizade que formamos.
Ao nosso orientador, por nos passar conhecimento e pela compreensão nas muitas
vezes que ficamos nervosas.
Aos nossos professores, que em todo o período do curso se esforçaram de alguma
forma para nos passar conhecimentos.
‘’Passar por problemas, lutas e dores, faz parte da caminhada, mas é você que decide se vai
vencê-los, ou deixar eles vencer você’’ (AUGUSTO CURY).
RESUMO

As patologias no sistema predial hidrossanitário podem ser originadas na fase de projeto,


execução da obra ou até mesmo durante a ocupação e uso, além disso, podem ocorrer devido
ao conjunto de vários fatores e não somente os decorrentes de uma etapa isolada. O trabalho
realizado fez uma investigação da recorrência de alguns tipos de patologias nas instalações de
hidrossanitárias de um edifício residencial privativo multifamiliar localizado na região da
Grande Florianópolis/SC. As informações contidas neste trabalho foram extraídas de forma
exploratória do banco de dados de uma empresa da grande Florianópolis. Os laudos estudados
são dos períodos de março de 2016 a maio de 2017 e constam de registro fotográfico e da
avaliação in loco dos principais problemas existentes na edificação. Com o estudo realizado
nos laudos foram quantificadas as principais incidências de patologias nas áreas molhadas da
edificação estudada no período indicado sendo possível atribuir muitos problemas
encontrados à falta de manutenção.

Palavras-chave: Incidências patológicas em áreas molhadas. Patologia. Sistemas Prediais


Hidráulicos e Sanitários.
ABSTRACT

The pathologies in the hydrosanitary building system may originate both in the design phase
and in the execution of the work or even during occupation and use, and these pathologies can
occur due to the set of several factors and not only those arising from an isolated stage. The
study carried out an investigation into the occurrence of some types of pathologies in the
hydrosanitary facilities of a private multifamily residential building located near the city of
Florianopolis. The information contained in this work was extracted from an exploratory
database of a company from a neighboring city of Florianopolis. The reports studied are from
the periods of March 2016 to May 2017 and are included in the photographic registry and the
on-site evaluation of the main problems in the building. The analysis of the reports led to the
quantification of the main incidences of pathologies in the wet areas of the studied building in
the indicated period, being possible to attribute many problems found to the lack of
maintenance.

Keywords: Pathological events in wet areas. Pathology. Hydraulic and Sanitary Building
Systems.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma referente ao desempenho .................................................................... 14


Figura 2 – Ramal externo e ramal interno com seus componentes .......................................... 19
Figura 3 – Sistema direto de distribuição ................................................................................. 23
Figura 4 – Sistema indireto de distribuição (com bombeamento) ............................................ 24
Figura 5 - Sistema indireto de distribuição (sem bombeamento) ............................................. 24
Figura 6 – Sistema misto de distribuição ................................................................................. 25
Figura 7 – Sistema hidropneumático ........................................................................................ 26
Figura 8 - Funcionamento geral de um tanque séptico ............................................................. 35
Figura 9 - Esquema para evitar vibrações em bombas ............................................................. 50
Figura 10 - Zonas de sobrepressão ........................................................................................... 53
Figura 11 - Funcionamento golpe de aríete .............................................................................. 54
Figura 12 - Válvulas redutoras instaladas no meio do prédio e no subsolo ............................. 55
Figura 13 - Válvula redutora de pressão ................................................................................... 56
Figura 14 – Caixa sifonada ....................................................................................................... 58
Figura 15 – Tubulação com vazamento nas conexões ............................................................. 59
Figura 16 – Teto do banheiro com umidade em decorrência de vazamento na tubulação de
esgoto do apartamento de cima ................................................................................................ 60
Figura 17 – Escassez de rejunte na cerâmica ........................................................................... 61
Figura 18 – Vazamento devido falha no sifão. ......................................................................... 62
Figura 19 – Infiltração no teto da cozinha em decorrência de vazamento no apartamento
superior ..................................................................................................................................... 63
Figura 20 – Retorno de espuma no ralo da área de serviço ...................................................... 64
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Gráfico do conceito de desempenho requerido ...................................................... 43


Gráfico 2 - Principais causas das patologias nas edificações ................................................... 47
Gráfico 3 – Incidência de patologias nas áreas molhadas nos anos de 2016 e 2017. ............... 57
Gráfico 4 – Origem das manifestações patológicas de edificações residenciais multifamiliares
.................................................................................................................................................. 65
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal


mínimo dos ramais de descarga ................................................................................................ 29
Tabela 2 - Unidades de Hunter de contribuição ....................................................................... 30
Tabela 3 - Dimensionamento de subcoletores e coletor predial ............................................... 33
Tabela 4 - Dimensionamento de tubos de queda ...................................................................... 34
Tabela 5 - Vida útil de projeto. ................................................................................................. 44
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


in-loco – Vem do latim “in-loco” - que significa "no local"
NBR – Norma Brasileira de Regulamentação
ONU – Organização Mundial de Saúde
RD – Ramal de Descarga
RE – Ramal de esgoto
SPHS – Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina
VU – Vida Útil
VUP – Vida Útil de Projeto
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 12
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 13
1.4 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 15
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS..................................................................... 15
1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................... 15
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 17
2.1 HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DAS INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS ............ 17
2.2 SISTEMAS PREDIAIS HIDRÁULICOS E SANITÁRIOS (SPHS) .............................. 17
2.2.1 Sistema predial de água fria ....................................................................................... 18
2.2.1.2 Rede Pública de distribuição de água ......................................................................... 19
2.2.1.2.1 Ramal predial .......................................................................................................... 19
2.2.1.2.2 Hidrômetro/cavalete ................................................................................................ 20
2.2.1.2.3 Alimentador predial ou ramal interno ..................................................................... 20
2.2.1.2.4 Reservatórios ........................................................................................................... 21
2.2.1.2.5 Sistema de recalque ................................................................................................. 22
2.2.1.2.6 Barrilete ................................................................................................................... 22
2.2.1.2.7 Sistema de distribuição e abastecimento ................................................................. 23
2.2.1.2.8 Ramais e sub-ramais................................................................................................ 26
2.2.1.2.9 Peças de utilização e aparelhos sanitários ............................................................. 26
2.2.1.2.10 Elevatórias ............................................................................................................... 26
2.2.1 Sistema predial de esgoto sanitário............................................................................ 27
2.2.1.1 Aparelho sanitário ...................................................................................................... 28
2.2.1.2 Ramal de ventilação ................................................................................................... 28
2.2.1.3 Caixa coletora ............................................................................................................. 28
2.2.1.4 Ramal de descarga (RD) ............................................................................................. 29
2.2.1.5 Ramal de esgoto (RE) ................................................................................................. 29
2.2.1.6 Caixa de gordura......................................................................................................... 30
2.2.1.7 Caixa de inspeção ....................................................................................................... 31
2.2.1.8 Caixa de passagem ..................................................................................................... 32
2.2.1.9 Caixa sifonada ............................................................................................................ 32
2.2.1.10 Coletor predial ............................................................................................................ 32
2.2.1.11 Coletor público ........................................................................................................... 32
2.2.1.12 Coluna de ventilação .................................................................................................. 32
2.2.1.13 Sifão ............................................................................................................................ 32
2.2.1.14 Subcoletor ................................................................................................................... 32
2.2.1.15 Tubo de queda ............................................................................................................ 33
2.2.1.16 Fossa séptica ............................................................................................................... 34
2.2.2 Recomendações gerais para cuidados de execução .................................................. 36
2.2.2.1 Fiscalização de execução ............................................................................................ 36
2.3 DESEMPENHO DOS SPHS NAS EDIFICAÇÕES ....................................................... 37
2.3.1 Normalização ............................................................................................................... 37
2.3.2 Sistemas prediais hidráulicos ..................................................................................... 38
2.3.2.1 Água fria ..................................................................................................................... 38
2.3.2.2 Esgoto sanitário .......................................................................................................... 40
2.3.3 Norma de desempenho ................................................................................................ 42
2.3.3.1 Norma de desempenho aplicada nos sistemas hidráulicos e sanitários ...................... 44
3 PATOLOGIAS NAS INSTALAÇÕES PREDIAIS ....................................................... 46
3.1 CAUSAS E ORIGENS DAS PATOLOGIAS ................................................................. 47
3.1.1 Vazamentos .................................................................................................................. 48
3.1.2 Ruídos ........................................................................................................................... 48
3.1.3 Entupimentos ............................................................................................................... 50
3.1.4 Retornos ....................................................................................................................... 51
3.1.4.1 Retorno de odores ....................................................................................................... 51
3.1.4.2 Retorno de espuma ..................................................................................................... 51
3.1.5 Oscilação de pressões .................................................................................................. 53
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................... 57
4.1 DESCRIÇÕES GERAIS .................................................................................................. 57
4.2 APRESENTAÇÃO DAS INCIDÊNCIAS DAS NÃO CONFORMIDADES ................ 57
4.2.1 Análise dos dados obtidos ........................................................................................... 57
4.2.1.1 Banheiro ..................................................................................................................... 58
4.2.1.1.1 Entupimentos ........................................................................................................... 58
4.2.1.1.2 Vazamentos .............................................................................................................. 58
4.2.1.1.3 Mau cheiro ............................................................................................................... 61
4.2.1.2 Cozinha ....................................................................................................................... 61
4.2.1.2.1 Vazamentos .............................................................................................................. 61
4.2.1.3 Área de serviço ........................................................................................................... 63
4.2.1.3.1 Retorno de espuma .................................................................................................. 63
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 65
5.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 66
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
12

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Brasil nos últimos anos passou por um período de crescimento relevante, e


umas das áreas que acompanhou o desenvolvimento do país foi o ramo da construção civil.
Com isso, a preocupação em relação à qualidade nos processos de concepção e execução de
obras, vem se tornando cada vez mais criteriosos. O aperfeiçoamento dos padrões de
qualidade nos processos construtivos, além de ampliar mercados, proporciona várias
vantagens para as empresas, como redução de custos e desperdícios, controle da
administração e produtividade, redução de erros e aumento da credibilidade junto aos clientes.
De acordo com Paixão e Silva (2016), dentre os diversos fatores limitantes da
qualidade na indústria da construção civil, destacam-se: ‘’o emprego inadequado de processos
de planejamento e controle de obras, a falta de mão de obra qualificada, a utilização de
materiais, componentes e equipamentos em desacordo com as normas técnicas vigentes no
país, entre outras’’.
Com o crescimento rápido e acentuado do setor da construção civil, a carência de
mão de obra qualificada e a apreensão das construtoras possivelmente fizeram com que a
incidência de patologias nos sistemas prediais se agravasse.
A importância do estudo dessas patologias visa possibilitar uma atuação
preventiva e melhoria da qualidade, especialmente na fase de projeto e execução.
Diante do exposto, este trabalho elenca as principais ocorrências patológicas
causadas por não conformidade nos projetos ou na sua execução, bem como alertar para a
importância das manutenções periódicas nas edificações, afim de que os eventuais problemas
possam ser evitados.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral identificar as patologias mais recorrentes
do sistema predial hidrossanitário de uma edificação residencial privativa multifamiliar
localizadas na região da Grande Florianópolis/SC.
13

1.2.2 Objetivos específicos

9 Estudar individualmente os tipos de instalações sanitárias residenciais de


água fria e esgoto sanitário e suas especificações técnicas;
9 Fazer o levantamento bibliográfico das principais patologias que ocorrem
com mais frequência nos tipos de instalações sanitárias estudadas;
9 Fazer o levantamento através de consulta a laudos de empresa para a
verificação das principais patologias que ocorrem com mais frequência nas
instalações de água fria e esgoto sanitário nas edificações da região da
Grande Florianópolis;
9 Apresentar soluções para as principais patologias encontradas nos tipos de
instalações sanitárias residenciais; e
9 Gerar gráficos comparativos dos tipos de patologias e ambientes onde há
maiores incidências nas edificações residenciais.

1.3 JUSTIFICATIVA

Com o impulso da globalização nos últimos anos, ocorreu um aumento


competitivo entre as empresas ligadas ao setor da construção civil no Brasil. Por questões de
novas tecnologias e redução de mão de obra qualificada as empresas precisaram se adequar ao
contexto econômico presente.
Devido às alterações ocasionadas nos últimos anos no setor da construção civil e
os esclarecimentos aos direitos em relação à qualidade dos produtos e serviços, o nível de
exigência dos clientes aumentou.
Em determinados países o desempenho em edificações já vem sendo estudado há
alguns anos.
Sales (2004) expõe um fluxograma representando as interações referentes aos
critérios de desempenho, conforme Figura 1.
14

Figura 1 – Fluxograma referente ao desempenho

Fonte: Sales (2004).

Além das leis criadas para amparar o consumidor, como o Código de Defesa do
Consumidor instituído pela lei 8078/90, entrou em vigor em julho de 2013 a nova Norma de
Desempenho ABNT NBR 15575 que diz respeito à durabilidade dos sistemas, manutenções
da edificação e o conforto dos usuários.
Conforme o avanço da globalização as empresas constataram que precisavam
implantar novos sistemas e técnicas que alcançassem a máxima satisfação dos seus clientes
para que assim permanecessem no mercado.
Os Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários são considerados como um dos
principais causadores de manifestações patológicas decorrentes de execução, materiais
utilizados, desenvolvimento de projetos e execução conforme projetos.
Segundo Padaratz (1991, p.1):
A qualidade da construção civil no Brasil piorou muito nas ultimas décadas, haja
vista a grande incidência de patologias observadas nas obras em geral. Isso provocou
na prática o desenvolvimento de uma cultura na mente do consumidor brasileiro, de
que a existência de defeitos nas edificações era uma ocorrência ‘’normal’’. Exemplo
claro pode ser dado pelos projetos financiados pelo instinto BND, onde o adquirente
do imóvel já recebia com certa naturalidade uma obra que apresentasse defeitos. No
entanto, correto seria firmar que edificações com vícios de construção são comuns e
não normais.

Deste modo, com a realização deste trabalho, procura-se conhecer as patologias


das instalações prediais de água fria e de esgoto sanitário, detectando-as corretamente, pois é
uma necessidade básica para que o conforto dos usuários seja garantido por meio de soluções
técnicas.
15

1.4 PROBLEMA DE PESQUISA

Verificar in loco quais as patologias encontradas nas instalações de água fria e de


esgoto sanitário de uma edificação residencial privativa multifamiliar.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS

Quanto aos seus objetivos, esta pesquisa caracteriza-se do tipo exploratória, que
segundo Volkweis (2015) trata-se de uma pesquisa que visa proporcionar maior familiaridade
com o fato ou fenômeno, a fim de torná-lo mais claro.
Quanto ao método, enquadra-se como um estudo de caso, que, segundo Silva e
Thiesen (1997 apud Lenol, 2016, p.101), pode ser definido com um estudo exaustivo,
profundo e extenso de uma ou de poucas unidades, empiricamente verificáveis, de maneira
que permita seu conhecimento amplo e detalhado.
As fontes de consulta para a elaboração da pesquisa bibliográfica foi através de livros,
trabalhos de conclusão de curso, dissertações, artigos de periódicos, materiais
disponibilizados na rede mundial de computadores e Norma Brasileira. A proposta de
metodologia do trabalho será desenvolvida considerando as seguintes etapas gerais:
9 Realização de pesquisa bibliográfica;
9 Estudo junto às normas para a realização de análises nas edificações;
9 Realização de visitas técnicas à edificação para obtenção de registros
fotográficos; e
9 Avaliação dos dados coletados para verificar as patologias do sistema predial
hidráulico e sanitário da edificação.

1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O presente trabalho será exposto em forma de pesquisa com o levantamento


bibliográfico pertinente ao tema apresentado, seguido de uma análise para identificar as
principais ocorrências de patologias encontrada na edificação residencial estudada.
16

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

A introdução, apresentada neste capítulo, tem por finalidade contextualizar o tema


da pesquisa, bem como descrever os objetivos, as justificativas, a metodologia aplicada no
trabalho, assim como a delimitação da pesquisa e a estrutura do trabalho.
O segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica relativa ao tema proposto. Nele
será apresentada a definição de Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários, abordando as
Normas Técnicas e boas práticas de engenharia.
O terceiro capítulo trata das patologias dos SPHS.
O quarto capítulo apresenta os resultados e análises do estudo feito na edificação
estudada.
No quinto capítulo descrevem-se as conclusões sobre o desenvolvimento do
trabalho.
17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DAS INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIAS

A preocupação do ser humano com o abastecimento de água para o consumo


ocorre entre todos os povos desde as épocas mais remotas.
A modificação dos recursos naturais devido o desenvolvimento da agricultura e do
desmatamento fez com que as primeiras aldeias fossem formadas em locais favoráveis à
plantação, criação e extração. Com o passar do tempo devido o crescimento da população e
sua necessidade cada vez maior da utilização da água fez com que gerasse um acumulo de
lixo, gerando as primeiras epidemias.
Na antiguidade os romanos construíram várias obras de hidráulica, aprimorando
os aquedutos já utilizados pelas civilizações antigas. Os aquedutos eram galerias subterrâneas
ou à superfície com a finalidade de conduzir a água. Através dos povos que habitavam a
Península Itálica por volta de 1200 a 700 a.C., estes chamados de etruscos, foram os que
passaram os conhecimentos de aquedutos aos romanos. O aqueduto mais longo de Roma era o
de Hadrian, em Cartagena, com uma extensão de 141 km de comprimento construído no
século II d.C.
As águas dos aquedutos escoavam através da força da gravidade e seguiam para
reservatórios conhecidos como castellum. Os ricos recebiam as águas diretamente, enquanto
que os pobres tinham que pagar uma taxa para a retirada nas fontes públicas.
Para o primeiro sistema de coleta de esgoto foi utilizado um único tubo de queda,
onde todos os aparelhos sanitários se ligavam nele.

2.2 SISTEMAS PREDIAIS HIDRÁULICOS E SANITÁRIOS (SPHS)

A instalação predial de água fria compreende o conjunto de tubulações,


reservatórios, equipamentos e demais elementos necessários ao abastecimento de água numa
edificação, em quantidade e qualidade suficientes. Esta instalação inicia-se a partir da tomada
inicial de água, geralmente o ramal predial, estendendo-se até as peças de utilização de água
fria. (BOTELHO E RIBEIRO JR, 2010, p.12).
Segundo a NBR 5626/1998 as condições básicas que as instalações de água fria
devem satisfazer são:
18

a) “garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade


suficiente, com pressões e velocidades adequadas ao perfeito
funcionamento das peças de utilização e do sistema de tubulações”;

b) “preservar rigorosamente a qualidade da água do sistema de abastecimento”


e

c) “preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos


níveis de ruído”.

Estas considerações não podem de forma alguma ser desprezadas, quando se


preocupa em ter instalações que realmente funcionem, proporcionando ao usuário melhor
saúde, classicamente definida pela OMS como o “Completo bem-estar físico, mental e social,
e não apenas a ausência de enfermidades”.
As normas que auxiliam no desenvolvimento do sistema de água fria são: ABNT
NBR 5626:1998 – Instalação Predial de água Fria e, ABNT NBR 5648:2010 – Tubos e
conexões de PVC-U com junta soldável para sistemas prediais de água fria.
As instalações prediais de esgoto sanitário são baseadas nas normas: ABNT NBR
5688:2012 – Tubos e conexões de PVC-U para sistemas prediais de água pluvial, esgoto
sanitário e ventilação e, ABNT NBR 8160:1999 – Sistemas prediais de esgoto sanitário.
As instalações de esgoto sanitário conforme Mello e Netto (1988, p.102) são
instalações destinadas à retirada das águas servidas nas edificações, desde os aparelhos ou
ralos até a rede coletora pública, ou outro destino final qualquer. Dividem-se em três partes:
esgoto secundário, esgoto primário e ventilação.
As instalações prediais de esgoto sanitário são enviadas ao sistema coletor de
esgoto do município ou na ausência do mesmo é enviado a uma Estação de Tratamento de
Esgoto (ETE).
Para que haja um bom funcionamento do sistema predial de esgoto, as instalações
sanitárias devem permitir um rápido escoamento do esgoto, permitindo a facilidade do
manuseio e instalação, as mesmas devem impedir que os gases líquidos escapem do interior
das tubulações e ainda permitir uma ventilação de ramais e sub-ramais para conter a quebra
do fecho hídrico.

2.2.1 Sistema predial de água fria

Macintyre (1990, p.1), aponta que a instalação de água fria compreende os


encanamentos, hidrômetro, conexões, válvulas, equipamentos, reservatórios, aparelhos e
peças de utilização que permitem o suprimento, a medição, o armazenamento, o comando, o
19

controle e a distribuição de água aos pontos de utilização tais como torneiras, chuveiros,
bidês, vasos sanitários e pias. Apresenta-se no próximo item a descrição das partes das
instalações de água fria.

2.2.1.2 Rede Pública de distribuição de água

Para Mello e Neto (1988, p.2) é aquela existente na rua, de propriedade da


entidade responsável pelo fornecimento de água.

2.2.1.2.1 Ramal predial

Botelho e Ribeiro Jr. (2010, p.12) afirmam que ramal predial é o trecho executado
pela concessionária pública ou privada, ligando a rede até o cavalete, conforme Figura 2,
mediante requerimento do proprietário da edificação. Quando do início da obra, solicita-se a
ligação provisória, a qual, se já estiver definitivamente locada, poderá ser a ligação definitiva.
É o trecho do encanamento localizado entre o distribuidor público de água em
frente ao prédio e o aparelho medidor ou limitador da descarga, o qual é considerado como
fazendo parte integrante do ramal externo. (MACINTYRE, 1990, p.1).
Segundo Mello e Netto (1988, p.2) ramal predial é a tubulação compreendida
entre a rede pública de distribuição e o hidrômetro ou peça limitadora de vazão. Essa parte é
dimensionada e executada pela concessionária, com as despesas por conta do interessado.

Figura 2 – Ramal externo e ramal interno com seus componentes

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010, p.12).


20

2.2.1.2.2 Hidrômetro/cavalete

De acordo com Macintyre (1990) o aparelho que mede o consumo de água é o


hidrômetro.
Aparelho instalado, geralmente na mureta lateral esquerda ou direita,
acondicionado em caixas apropriadas, para medir o consumo de água. A experiência tem
demonstrado que o uso do hidrômetro força a redução dos desperdícios. (MELO E NETTO,
1988).
É fornecido e instalado pelo Serviço de Águas da municipalidade, mas o usuário
deverá preparar a instalação para recebê-lo. Para isso, as tubulações, conexões e registros são
montados de modo a ser possível encaixar e fixar o hidrômetro. Essa armação é denominada
“cavalete”, afirma Macintyre (1990).
O cavalete deve ser instalado em abrigo próprio para proteção contra o sol e
intempéries (de alvenaria ou concreto), contendo um registro, para o caso comum de ramais
prediais, com diâmetro de 20mm. Cada concessionária adota um modelo, na prática muito
parecida entre si. Usualmente, devem ser colocados, no máximo, a 1,50 m da divisa frontal do
terreno, de modo a facilitar a leitura do hidrômetro pela concessionária. (BOTELHO E
RIBEIRO JR., 2010).

2.2.1.2.3 Alimentador predial ou ramal interno

É o trecho a partir do final do ramal predial até a desconexão (saída de água),


junto ao reservatório inferior ou superior, se for o caso. Este ponto é denominado ponto de
suprimento. (BOTELHO E RIBEIRO JR., 2010, p.14).
Segundo a NBR 5626 o alimentador predial pode ser aparente, enterrado,
embutido ou recoberto. No caso de ser enterrado, deve-se observar uma distância mínima
horizontal de 3,0 m de qualquer fonte potencialmente poluidora, como fossas negras,
sumidouros, valas de infiltração, etc., respeitando o disposto na NBR 7229 e em outras
disposições legais.
Quando enterrado, recomenda-se que o alimentador predial seja posicionado
acima do nível do lençol freático para diminuir o risco de contaminação da instalação predial
de água fria em uma circunstância acidental de não estanqueidade da tubulação e de pressão
negativa no alimentador predial.
21

2.2.1.2.4 Reservatórios

Conforme a NBR 5626 o reservatório deve ser um recipiente estanque que possua
tampa ou porta de acesso opaca, firmemente presa na sua posição, com vedação que impeça a
entrada de líquidos, poeiras, insetos e outros animais no seu interior.
No caso de edifícios altos ou edificações de maior vulto, a reservação inferior é
imprescindível, tendo em vista o volume de água necessário. (BOTELHO E RIBEIRO JR.,
2010).
O reservatório inferior de acordo com Melo e Netto (1988, p.4) são próprios dos
prédios com mais de dois pavimentos. Até esse limite, geralmente a pressão na rede é
suficiente para abastecimento do reservatório situado na parte superior do edifício. Já nas
edificações de três ou mais pavimentos, é recomendado usar dois: um na parte inferior e outra
na superior, e também por aliviar sobrecarga nas estruturas.
Em caso de o reservatório estar locado no subsolo, o mesmo deverá apresentar
uma tampa elevada pelo menos a 50 cm do piso e jamais rente a este.
Os reservatórios superiores, no caso das habitações coletivas, prédios de
escritórios ou comerciais, deverão ser divididos em duas células para efeito de sua limpeza e
não haver interrupção no consumo de água. Para esta divisão, as normas recomendam
somente quando o volume ultrapassa 4.000 litros, embora sendo difíceis prédios desta
natureza possuir reservatórios com volumes menores. (MELO E NETTO, 1988, p.7).
Cada compartimento do reservatório inferior deve conter uma canalização de
sucção para água limpa. O crivo da canalização de sucção deve ficar pelo menos a 10 cm do
fundo, evitando, assim, que a sucção revolva os lodos depositados. (MACINTYRE, 1996).
Os reservatórios superiores deverão possuir obrigatoriamente válvulas de
flutuador (torneiras de boia), na canalização de entrada de água quando alimentados por
gravidade. (MACINTYRE, 1996).
Segundo Macintyre (1996) as canalizações de esgoto devem ficar afastadas dos
reservatórios enterrados e ser de ferro fundido (em vez de manilhas) para evitar fugas das
respectivas águas; as tampas dos reservatórios devem ficar elevadas pelo menos 0,20 m acima
do solo, e de qualquer modo inacessíveis às infiltrações ou mesmo às inundações por águas
pluviais.
O extravasor (ladrão) é uma tubulação destinada a escoar os eventuais excessos de
água do reservatório, evitando o seu transbordamento. Ele evidencia falha na torneira de boia
ou dispositivo de interrupção do abastecimento. O extravasor deve escoar livremente, em
22

local visível, de modo a indicar rapidamente a existência de falha no sistema, afirma Botelho
e Ribeiro Jr. (2010).
De acordo com Botelho e Ribeiro Jr. (2010, p. 16) todo reservatório necessita de
um dispositivo controlador da entrada de água e manutenção do nível operacional desejado,
além de prevenir contra eventuais contaminações do ramal de alimentação do reservatório.
Esses dispositivos são a torneira de boia e automático de boia. A torneira de boia
ou boia de nível é um registro comandado por uma boia que interrompe a entrada de água
quando a mesma atingir o nível máximo do reservatório. Já o automático de boia é utilizado
quando há recalque e o mesmo é instalado em ambos os reservatórios acionando o motor da
bomba para que o nível de água mínimo seja atingido e somente desligado quando alcançar o
nível máximo de água determinado.

2.2.1.2.5 Sistema de recalque

O sistema de recalque é utilizado quando for preciso transportar uma determinada


quantia de água de um reservatório X para um reservatório Y, cujo nível de X seja inferior ao
do Y.
Para que esse sistema aconteça é necessário um conjunto de motobombas. O
bombeamento é o deslocamento do líquido entre duas posições através da energia comunicada
por uma bomba a esse determinado líquido.
A canalização de sucção é a parte da tubulação que conduz água do reservatório
inferior, ou cisterna, até a bomba, possuindo em sua extremidade inferior uma válvula de
retenção chamada válvula pé e dotada de crivo para impedir a entrada de sujeira sólida na
tubulação. (MELO E NETTO, 1997).
A canalização de recalque é a parte da tubulação que conduz água da bomba até
um reservatório superior. Nesse caso é empregado o uso de uma válvula de retenção, sendo
essa utilizada para prevenir a retenção do fluxo de tubulações horizontais.

2.2.1.2.6 Barrilete

Segundo Botelho e Ribeiro Jr. (2010, p.17) conjunto de tubulações de saída do


reservatório superior que alimentam as colunas de distribuição denomina-se barrilete.
23

Existem dois tipos de barrilete: unificado ou central e o ramificado. Por razões de


economia o ramificado é o mais utilizado possibilitando uma menor quantidade de tubulações
junto ao reservatório.
As tubulações que estiverem no barrilete deverão ser apoiadas sobre pilaretes para
permitir o fácil acesso aos registros e devem estar espaçadamente distribuídas.

2.2.1.2.7 Sistema de distribuição e abastecimento

Sistema de distribuição e abastecimento são as tubulações que partem de um


determinado ponto e alimentam os ramais.
Existem quatro tipos de sistemas de distribuição e abastecimento, são eles:
sistema direto, indireto, misto e hidro-pneumático.
a) Sistema direto de distribuição: é feito diretamente com a água da rede que
chega ao cavalete, conforme mostra a Figura 3, sem a necessidade de uma
reservação. Esse tipo apresenta como vantagens melhor qualidade com relação
à pressão, economia quanto às instalações, porém ocorre a falta de água no
caso de interrupção;

Figura 3 – Sistema direto de distribuição

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010).

b) Sistema indireto: há necessidade de adotar reservatório para minimizar


variações de pressões da rede pública. Nesse caso existe o sistema indireto
sem bombeamento e o sistema indireto com bombeamento. O sistema indireto
sem bombeamento, segundo Figura 5, é utilizado quando a pressão da rede
24

pública é suficiente para que a água chegue até o reservatório superior. Já o


sistema indireto com bombeamento, como mostra a Figura 4, é utilizado
quando não há pressão suficiente da rede pública para abastecer o reservatório
superior. Sendo assim, adota-se um sistema de moto-bombas que recalca a
água até o reservatório;

Figura 4 – Sistema indireto de distribuição (com bombeamento)

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010).

Figura 5 - Sistema indireto de distribuição (sem bombeamento)

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010).

c) Sistema misto: nesse sistema é utilizado dois ou mais tipos de sistemas de


distribuição. Normalmente se utiliza o sistema indireto sem bombeamento em
conjunto com direto. Conforme Figura 6.
25

Figura 6 – Sistema misto de distribuição

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010).

d) Sistema hidropneumático: De acordo com Macintyre (1996, p.11) quando, em


consequência do consumo, o nível da água baixa no reservatório cilíndrico de
pressurização, uma válvula, ou pressostato, ou, ainda, um sensor elétrico,
fecha um circuito elétrico, atuando num contator, o que faz a bomba
funcionar, enchendo o reservatório com a água do reservatório inferior. À
medida que a água sobe, aumenta a pressão interna no reservatório e o colchão
de ar superior se comprime, funcionando como um amortecedor e
armazenando energia. Quando a água atinge certo nível que corresponde à
maior pressão de serviço, um pressostato ou sensor elétrico desliga o circuito,
e a bomba cessa de funcionar. Ao atingir um nível superior prefixado, um
sensor permite à corrente elétrica acionar o motor de um compressor de ar.
A Figura 7 mostra o funcionamento do sistema hidropneumático.
26

Figura 7 – Sistema hidropneumático

Fonte: Botelho e Ribeiro Jr. (2010).

2.2.1.2.8 Ramais e sub-ramais

Afirma Botelho e Ribeiro Jr. (2010, p.21) que ramais são tubulações derivadas das
colunas de distribuição e destinadas a alimentar os sub-ramais os quais, por sua vez, ligam os
ramais aos pontos de utilização (pontos de utilização e aparelhos sanitários).

2.2.1.2.9 Peças de utilização e aparelhos sanitários

Peças de utilização são destinadas a utilização de água como pias, chuveiros,


lavatórios, etc.
Aparelhos sanitários são utilizados para o recebimento de dejetos ou para fins
higiênicos como ducha higiênica.

2.2.1.2.10 Elevatórias

Oliveira (2010) conceitua que elevatórias são responsáveis pelo recalque ou


bombeamento de água tratada, bruta ou de esgoto. São estruturas essenciais num sistema de
27

abastecimento de água que não possui condições de ter seu abastecimento por um sistema
totalmente à gravidade.
A utilização intensiva gera gastos elevados de energia elétrica.
Alguns tipos de elevatórias são citados a seguir:

9 Bombas a diesel: São utilizadas em locais onde não há ponto de


alimentação elétrica para ligar a bomba;
9 Bombas submersíveis: São utilizadas para o recalque de água pluvial, água
bruta, água de resfriamento e efluentes;
9 Bombas submersas de poço: Esse tipo de bomba é utilizado para a
captação de água localizada em poços profundos; e
9 Bombas split case: Normalmente para locais onde há grande volume de
água.

2.2.1 Sistema predial de esgoto sanitário

Conforme Melo e Netto (1997), instalações de esgoto sanitário são instalações


destinadas a retirada das águas servidas nas edificações, desde os aparelhos ou ralos até a rede
coletora pública, ou outro destino final qualquer. Dividem em três partes: esgoto secundário,
esgoto primário e ventilação.
Esgoto secundário é a instalação de um conjunto de tubulações que não têm
acesso a nenhum tipo de gases que são provenientes ao sistema de tratamento de esgoto ou
coletor público. Para esse caso, normalmente, são utilizados tubos em PVC por ter como
vantagens a facilidade de execução e apresentar superfície lisa internamente, o que permite
um melhor escoamento dos efluentes. Um exemplo de esgoto secundário é o tubo que escoa
os efluentes da caixa sifonada localizada no box dos banheiros.
Conceitua-se esgoto primário como um conjunto de tubulações que têm acesso
aos gases provenientes do sistema de tratamento de esgoto ou coletores públicos. Pode-se
dizer que são os ramais de descarga, tubos de queda, subcoletores, caixas de gordura, caixas
coletores e caixas de inspeção.
Conforme Melo e Netto (1997, p. 113):
Toda rede de esgoto primário deverá ser convenientemente ventilada afim de dar
escape aos gases provenientes da rede pública ou mesmo da rede interna do edifício
e também manter a pressão atmosférica dentro da tubulação quando das descargas
nos aparelhos. Principalmente quanto a proteção dos desconectores, a tubulação de
ventilação deverá sair da rede de esgoto em ponto mais conveniente possível e com
diâmetro constante prolongar 15cm acima da cobertura. Na extremidade superior da
28

coluna de ventilação deverá ser colocada uma tela para evitar entrada de pássaros ou
qualquer elemento que possa causar entupimento.

As tubulações utilizadas para ventilação quando estiverem na horizontal devem


estar localizadas sempre acima da rede de esgoto, para que em nenhum momento haja o risco
de entrar esgoto na mesma.

2.2.1.8 Aparelho sanitário

A NBR 8160:1990 classifica aparelho sanitário como aparelho ligado à instalação


predial e destinado ao uso de água para fins higiênicos ou a receber dejetos ou águas servidas.

2.2.1.9 Ramal de ventilação

Segundo Creder (2006) ramal de ventilação é o tubo ventilador que interliga o


desconector ou ramal de descarga de um ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de
ventilação ou a um ventilador primário.
Os ramais de ventilação devem estar acima da tubulação de esgoto, pois caso haja
algum problema com a tubulação de esgoto, não há perigo de efluentes escoarem para o ramal
de ventilação.
A tubulação de ventilação deve ter um aclive de no mínimo 1% para que possa
escoar qualquer líquido que nela ingressar.

2.2.1.10 Caixa coletora

As caixas coletoras são caixas destinadas a receber os efluentes líquidos, onde é


necessária a elevação mecânica. De acordo com Melo e Netto (1997, p. 112) os dispositivos
mecânicos de elevação mais comuns são bombas centrífugas de eixo vertical com rotores
apropriados para passagem de esferas até 60mm de diâmetro quando há efluentes de vasos
sanitários e 18mm quando não incluam vasos.
A caixa coletora deverá ser executada em alvenaria revestida ou em concreto,
devidamente impermeabilizada. Deverá atender ao equivalente consumo calculado de um dia
das peças contribuintes.
29

2.2.1.11 Ramal de descarga (RD)

Os ramais de descarga são tubulações, onde quase todos os ramais são


considerados esgoto secundário. Eles têm como função de receber diretamente efluentes que
partem de aparelhos sanitários.

2.2.1.12 Ramal de esgoto (RE)

O ramal de esgoto é Esgoto secundário é a instalação de um conjunto de


tubulações que não têm acesso a nenhum tipo de gases que são provenientes ao sistema de
tratamento de esgoto ou coletor público. Para esse caso, normalmente, são utilizados tubos em
PVC por ter como vantagens a facilidade de execução e apresentar superfície lisa
internamente, o que permite um melhor escoamento dos efluentes. Um exemplo de esgoto
secundário é o tubo que escoa os efluentes da caixa sifonada localizada no box dos banheiros.
Para os ramais de esgoto é utilizada a Tabela 1, a seguir, de Unidade de Hunter de
contribuição dos aparelhos sanitários diâmetro nominal mínimo dos ramais de descarga.

Tabela 1 - Unidades de Hunter de contribuição dos aparelhos sanitários e diâmetro nominal


mínimo dos ramais de descarga

Fonte: ABNT NBR 8160/1999 (1999, p. 16).


30

Portanto, sabendo o total de Unidade de Hunter de contribuição a partir da Tabela


2, é escolhido o diâmetro nominal mínimo do tubo.

Tabela 2 - Unidades de Hunter de contribuição

Fonte: ABNT NBR 8160/1999 (1999, p. 17).

2.2.1.13 Caixa de gordura

As caixas de gordura são utilizadas quando na edificação existir efluentes que


apresentam resíduos gordurosos. Esse tipo de caixa deverá ser instalada em locais de fácil
acesso.
A NBR 8160/1999 (1999, P.18) afirma que as caixas de gordura devem ser
dimensionadas levando-se em conta:
9 Para a coleta de apenas uma cozinha, pode ser usada a caixa de gordura
pequena ou a caixa de gordura simples;
9 Para a coleta de duas cozinhas, pode ser usada a caixa de gordura simples
ou a caixa de gordura dupla;
9 Para a coleta de três até 12 cozinhas, deve ser usada a caixa de gordura
dupla; e
9 Para a coleta de mais de 12 cozinhas, ou ainda para cozinhas de
restaurantes, escolas, hospitais, quartéis, etc., devem ser previstas caixas de
gordura especiais.

As caixas de gordura devem possuir um septo não removível feito em concreto.


Com esse septo de concreto não removível a caixa é dividida em duas câmaras, uma
vertedoura e uma receptora.
As caixas de gordura pequena são cilíndricas e apresentam diâmetro de 0,30m
internamente. O septo deve ser submerso apenas 0,20m. A caixa apresenta capacidade de
retenção de 18 litros e uma tubulação de saída de 75mm.
31

Para as caixas de gordura simples, cilíndricas, o diâmetro interno é de 0,40m,


apresentando a parte submersa do septo de 0,20m. A capacidade dessa caixa para retenção é
de 31 litros e tubulação de saída igual à caixa de gordura pequena.
As caixas de gordura dupla, cilíndricas, devem ser utilizadas quando for
necessário um volume de retenção até 120 litros. O diâmetro interno dela é de 0,60m e
presenta um septo submerso apenas 0,35m. Para esse tipo de caixa a tubulação de saída
aumenta um pouco em relação a caixa de gordura simples e pequena, passando para 100mm.
E por fim, existem as caixas de gordura especiais, que são prismáticas com uma
base retangular. Para esse tipo de caixa é feito, primeiramente, o cálculo para saber o volume
necessário a atender a edificação. O volume da câmara de retenção é calculado através da
quantidade de pessoas, servidas pelas cozinhas que contribuem com efluentes que contenham
gordura, no turno de maior afluxo. A parte submersa do septo é de 0,40m e a tubulação de
saída tem diâmetro igual ao da caixa de gordura dupla.
Conforme ABNR NTB 8160/1999 (1999, p.6) as caixas de gordura devem
possibilitar a retenção e posterior remoção da gordura, através das seguintes características:
a) capacidade de acumulação da gordura entre cada operação de limpeza;
b) dispositivos de entrada e saída convenientemente projetados para
possibilitar que o afluente e o efluente escoem normalmente;
c) altura entre a entrada e saída suficiente para reter a gordura, evitando-se o
arraste do material juntamente com o efluente; e
d) vedação adequada para evitar a penetração de insetos, pequenos animais,
águas de lavagem de pisos ou de águas pluviais, etc.

2.2.1.14 Caixa de inspeção

As caixas de inspeção são empregadas para a inspeção, manutenções como


limpeza, mudança de direção da tubulação, mudanças de inclinações das tubulações e a
desobstrução.
Segundo Creder (2006, p. 244):
As caixas de inspeção devem ter:
a) profundidade máxima de 1m;
b) forma prismática de base quadrada ou retangular com dimensões internas de 60
cm de lado mínimo, ou cilíndrica, também com diâmetro mínimo de 60 cm;
c) tampa facilmente removível e permitindo perfeita vedação. Recomenda-se
tampa de ferro fundido do tipo leve para locais com trânsito apenas de pedestres
e do tipo pesado, quando houver trânsito de veículos; e
d) fundo constituído de modo a assegurar rápido escoamento e evitar a formação
de depósitos.
32

2.2.1.15 Caixa de passagem

Caixa que pode ser constituída de grelha ou uma tampa cega que recebe as águas
dos efluentes de tubulações secundárias da mesma unidade autônoma e águas provenientes da
lavagem de pisos.

2.2.1.16 Caixa sifonada

A caixa sifonada é utilizada para conectar os ramais de águas servidas aos ramais
de esgoto.

2.2.1.17 Coletor predial

Creder (2006, p.225) afirma que coletor predial é o trecho de tubulação


compreendido entre a última inserção de subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga e o
coletor público ou sistema particular.

2.2.1.18 Coletor público

Tubulação pertencente ao sistema público de esgotos sanitários e destinada a


receber e conduzir os efluentes dos coletores prediais. (CREDER, 2006, p.225).

2.2.1.19 Coluna de ventilação

As colunas de ventilação são tubulações dispostas na vertical cuja função é


conduzir os gases para a atmosfera.

2.2.1.20 Sifão

Classifica-se como sifão desconector cuja função é de receber os efluentes do


sistema predial sanitário.

2.2.1.21 Subcoletor

Essa tubulação recebe os efluentes de ramais de esgoto ou de tubos de queda.


33

O dimensionamento de subcoletores é feito com o auxílio da Tabela 3.

Tabela 3 - Dimensionamento de subcoletores e coletor predial

Fonte: ABNT NBR 8160/1999 (1999, p. 18).

2.2.1.22 Tubo de queda

A ABNT NBR 8160/1999 classifica tubo de queda como a tubulação vertical que
recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto e ramais de descarga.
Esse tipo de tubo deve ser instalado sempre que possível todos num mesmo
alinhamento, mas se caso houver a necessidade de desviar a tubulação, a mesma deverá ser
desviada com peças cujo ângulo central seja igual ou inferior a 90º.
Para as pias de cozinha e máquinas de lavar louças são utilizados tubos de queda
especiais, pois há efluentes gordurosos. Esses efluentes são encaminhados, através do tubo de
queda, até uma caixa de gordura coletiva que são dimensionadas de acordo com o item
1.2.1.2.6.
Os tubos de queda podem ser dimensionados através do somatório das UHC,
conforme Tabela 4.
34

Tabela 4 - Dimensionamento de tubos de queda

Fonte: ABNT NBR 8160/1999 (1999, p. 18).

2.2.1.23 Fossa séptica

Melo e Netto (1997, p. 141) relatam um pouco da história da evolução dos


tanques sépticos:
O tanque séptico, mais conhecido como “fossa séptica” vem sendo utilizado há
pouco mais de 100 anos. Foi a primeira unidade inventada para o tratamento de
esgotos e até hoje é a mais extensivamente empregada, em todos os países.
A história da sua invenção apresenta aspectos curiosos: Na pequena cidade de
Versoul, no Departamento de Alto Saorne, França, um artífice dedicado às artes
construtivas, Jean Louis Mouras, impressionava-se ao presenciar o repugnante
trabalho dos operários que executavam a limpeza dos fossos estanques, onde se
acumulavam, durante certo tempo, os excrementos domésticos. Naquela época os
dejetos ou eram simplesmente despejados nas vias públicas durante a madrugada, ou
eram acumulados em fossos para limpeza periódica. A esse homem se deve a
invenção patenteada do tanque séptico, em 1881, com o título “Eliminador
Automático de Excrementos”.

As fossas sépticas são unidades que podem ser executadas cilindricamente ou


prismaticamente retangulares. O fluxo da fossa séptica é horizontal, utilizada para o
tratamento de esgotos, processos de digestão, flotação e sedimentação.
Os tanques devem possuir uma altura mínima de 1,20m para a ação de
neutralização das bactérias. A Figura 8 mostra o funcionamento geral de um tanque séptico.
Nessas fossas, as águas servidas sofrem a ação de bactérias anaeróbicas –
microrganismos que só atuam onde não circula o ar. Sob a ação dessas bactérias, parte da
matéria orgânica sólida é convertida em gases ou em substâncias solúveis que, dissolvidas no
líquido contido na fossa, são esgotadas e lançadas no terreno. Durante o processo, depositam-
se, no fundo da fossa, as partículas minerais sólidas (lodo) e forma-se, na superfície do
35

líquido, uma camada de espuma ou crosta constituída de substâncias insolúveis mais leves
que contribui para evitar a circulação do ar, facilitando a ação das bactérias. (CREDER, 2006,
p.250).

Figura 8 - Funcionamento geral de um tanque séptico

Fonte: ABNT NBR 7229/1993 (1993, p. 9).

O volume útil da fossa séptica deve ser calculado através da seguinte fórmula:
ܸ ൌ ͳͲͲͲ ൅ ܰǤ ሺ‫ ܶܥ‬൅ ‫ܭ‬Ǥ ‫݂ܮ‬ሻ
sendo:
V = volume útil, em litros;
N = número de pessoas ou unidades de contribuição;
C = contribuição de despejos, em litro/pessoa/dia;
T = período de detenção, em dias (população x consumo);
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de
acumulação de lodo fresco; e
Lf = contribuição de lodo fresco, em litro/pessoa/dia.
36

2.2.2 Recomendações gerais para cuidados de execução

Qualquer execução deve seguir rigorosamente o projeto da edificação. Qualquer


mudança que ocorrer no projeto deverá ser imediatamente registrada e aprovada pelo
responsável técnico.

2.2.2.1 Fiscalização de execução

De acordo com Botelho e Ribeiro Jr. (2006, p.285) as recomendações gerais para
o controle e fiscalização de execução são os seguintes:
9 Comparar os desenhos e detalhes do projeto com as especificações,
assinalando e corrigindo em tempo as eventuais divergências;
9 Inspecionar os materiais ao chegarem à obra, considerando as
especificações e projeto;
9 Verificar tipos, dimensões e qualidade dos materiais;
9 Verificar nas instalações se os pontos de abastecimento estão atendidos e
exatamente locados conforme projeto;
9 Atentar para a instalação e correta locação das peças e dispositivos
especiais;
9 Prever nas plantas de fôrmas os furos, rasgos e aberturas necessários na
estrutura de concreto armado e isolá-los com bainhas antes da concretagem;
9 Verificar a pintura das tubulações nas cores convencionais;
9 Solicitar, utilizar e arquivar o manual de instalação de cada aparelho;
9 Executar os serviços de acordo com as normas de segurança do trabalho; e
9 Transformar cada obra em centro de treinamento e valorização profissional
da mão-de-obra de origem simples, o Brasil agradece.

Devem-se efetuar testes de recebimentos para garantir com que os sistemas de


esgoto, água fria e águas pluviais funcionem de acordo com as normas.
Muitas vezes com a correria da obra, passa despercebida a instalação dos sistemas
e geram posteriormente patologias.
Os testes de recebimentos são de baixo custo e de fácil execução e que quando
realizados apontam a eventuais problemas que podem ser resolvidos em tempo, gerando uma
economia futura.
Para o sistema de água fria, a NBR 5626/1998 fixa como realizar esse teste e
também o recebimento da instalação de água fria.
A NBR 8160/1999 apresenta os procedimentos e testes de recebimentos, assim
como, ensaios a serem seguidos.
Vale lembrar que para o sistema de águas pluviais a impermeabilização das
calhas, canaletas e pisos e de fundamental importância. Para isso nada melhor como a
aplicação da NBR 9574/1985 – Execução de Impermeabilização.
37

Conforme Botelho e Ribeiro Jr. (2006, p.286) testes de recebimento simplificados


para água fria, esgotos sanitários e águas pluviais ocorrem da seguinte forma:
a) Água fria:
9 Enche-se o reservatório até o seu nível operacional;
9 Abrem-se todos os registros do sistema;
9 Fecham-se todas as peças de utilização;
9 Mantém-se a instalação desta forma (“em carga”), durante uma hora; e
9 Verifica-se o nível do reservatório: caso ocorra abaixamento de nível,
existe vazamento na instalação, que poderá ser localizado visualmente;
Refaz-se a pesquisa, com idêntico procedimento, mas de maneira parcial,
em trechos do sistema, até determinar o local da eventual avaria, para
correção. Se o nível se mantiver, a instalação está OK.
b) Esgotos sanitários:
9 Os ensaios com água ou ar sob pressão devem ocorrer antes da colocação
dos aparelhos e, depois, o ensaio final com fumaça. Estes ensaios são
complementados pela simples inspeção visual de todo o sistema, tão logo
seja concluído e ainda esteja exposta. A continuidade do sistema é
constatada visualmente, com o acompanhamento do caminhamento dos
efluentes dos diversos pontos até o último ponto inspecionável (última
caixa de inspeção).
c) Águas pluviais:
9 Estanqueidade: vedar sua saída final, enchendo-se com água e as mantendo
assim por cerca de 15 minutos, para verificar possíveis vazamentos; e
9 Declividade: lançar água e verificar visualmente o encaminhamento para o
destino final (condutores, caixas, etc.), observando se há empoçamentos.

2.3 DESEMPENHO DOS SPHS NAS EDIFICAÇÕES

2.3.1 Normalização

A normalização é a aplicação de regras para prevenir eventuais problemas ou


soluciona-los.
Seguindo a normalização o desempenho da atividade desejada se torna mais
eficaz, seguro, limpo e de qualidade.
Segundo Paixão e Silva (2016, p. 25) as normas técnicas expedidas pela ABNT
podem ser classificadas em dois tipos: Normas prescritivas e Normas de desempenho.
Segundo a NBR 15575-1, “As Normas prescritivas estabelecem requisitos com
base no uso consagrado de produtos ou procedimentos, buscando o atendimento às exigências
dos usuários de forma indireta” enquanto as “Normas de desempenho traduzem as exigências
dos usuários em requisitos e critérios, e são consideradas como complementares às Normas
prescritivas, sem substituí-las” (ABNT, 2013).
38

Sendo assim as Normas de desempenho buscam atender diretamente às exigências


dos usuários na edificação, independente dos materiais e sistemas construtivos utilizados.
(ABNT, 2013)

2.3.2 Sistemas prediais hidráulicos

2.3.2.1 Água fria

Para cada sistema da construção civil existem normas específicas, que abordam
características particulares e suas funções. A seguir serão apresentadas as principais normas
que regem as instalações prediais hidráulicas.
As normas que amparam o sistema de água fria são:
9 ABNT NBR 5626:1998 – Instalação Predial de Água Fria;
9 ABNT NBR 5648:2010 – Tubos e conexões de PVC – U com junta
soldável para sistemas prediais de água fria;
9 ABNT NBR 5649:2006 – Reservatório de fibrocimento para água
potável- Requisitos;
9 ABNT NBR 8220:2015 – Reservatório de poliéster, reforçado com fibra
de vidro para água potável para abastecimento de comunidades de
pequeno porte – Especificação;
9 ABNT NBR 10281:2015 – Torneiras – Requisitos e métodos de ensaio;
9 ABNT NBR 13210:2005 – Reservatório de poliéster reforçado com fibra
de vidro para água potável – Requisitos e métodos de ensaio; e
9 ABNT NBR 14534:2015 – Torneira de boia para reservatórios prediais de
água potável – Requisitos e métodos de ensaio;

De acordo com cada norma os materiais utilizados para os sistemas prediais de


água fria para conexões e tubulações são o cobre, ferro fundido galvanizado, aço carbono
galvanizado e liga de cobre ou PVC rígido. Para os cavaletes são utilizados materiais de
polipropileno e os reservatórios podem ser de poliéster reforçado com fibra de vidro, concreto
ou fibrocimento.
Segundo ABNT NBR 5626:1998 as instalações prediais de água fria devem ser
projetadas de modo que, durante a vida útil do edifício que as contém, atendam aos seguintes
requisitos:
39

a) preservar a potabilidade da água;


b) garantir o fornecimento de água de forma continua, em quantidade
adequada e com pressões e velocidades compatíveis com o perfeito
funcionamento dos aparelhos sanitários, peças de utilização e demais
componentes;
c) promover economia de água e de energia;
d) possibilitar manutenção fácil e econômica; e
e) evitar níveis de ruído inadequados à ocupação do ambiente e
f) proporcionar conforto aos usuários, prevendo peças de utilização
adequadamente localizadas, de fácil operação, com vazões satisfatórias e
atendendo as demais exigências do usuário.

O sistema predial hidráulico é composto pelo alimentador predial, reservatórios,


instalação elevatória e rede predial de distribuição.
Para que o alimentador predial suporte a pressão da água oriunda da fonte de
abastecimento deve possuir resistência mecânica adequada.
O alimentador predial poderá ser de três formas distintas: aparente, enterrado,
embutido ou recoberto. Se o mesmo for enterrado deverá apresentar distância mínima
horizontal de 3,0m de qualquer sumidouro, valas de infiltração e fossas negras. Caso estiver
enterrado no mesmo local que tubulações de esgoto o alimentador predial deve estar
posicionado a 30cm superiores dessas tubulações.
Os reservatórios destinados a armazenar água potável necessitam de um cuidado
especial e para isso a fase de projeto de escolha de materiais, as dimensões, formas e posições
são essenciais. Na entrada da tubulação de sucção é necessária uma válvula de pé com crivo,
que tem como função manter o tubo de sucção cheio de água impossibilitando a entrada de ar
na bomba e também evitando a entrada de resíduos.
Para saber a dimensão de um reservatório é considerado o padrão de consumo no
edifício. Em residências de pequeno porte, recomenda-se que a reserva mínima seja de 500
litros.
Para o volume máximo de reservação, recomenda-se que sejam atendidos dois
critérios: garantia de potabilidade da água nos reservatórios no período de detenção médio em
utilização normal e, em segundo, atendimento à disposição legal ou regulamento que
estabeleça volume máximo de reservação. (ABNT NBR 5626:1998)
Nos reservatórios são previstos tubulações de aviso como torneira de boia,
extravasão e limpeza nos reservatórios.
É indicado que os reservatórios sejam projetados de forma que não haja contato
com o solo. Para isso deve ser previsto uma visita que permita operações de inspeção e
manutenção, sendo a face do reservatório afastado pelo menos 60cm da face do
compartimento.
40

As elevatórias consistem no bombeamento de água de um reservatório cujo nível


seja inferior ao de outro reservatório.
As unidades elevatórias devem possuir no mínimo duas unidades de elevação de
pressão cujas tubulações horizontais devem apresentar certa declividade para que a pressão
não seja inferior a 10kPa, com exceção do ponto da caixa de descarga cuja pressão poderá ser
de um mínimo de 5kPa e do ponto da válvula de descarga com pressão mínima a 15kPa.
Conforme a ABNT NBR 5626:1998:
Para possibilitar a manutenção de qualquer parte da rede predial de distribuição,
dentro de um nível de conforto previamente estabelecidos e considerados os custos
de implantação e operação da instalação predial de água fria, deve ser prevista a
instalação de registros de fechamentos, ou de outros componentes ou de dispositivos
que cumpram a mesma função. Particularmente, recomenda-se o emprego de
registros de fechamento:
a) no barrilete, posicionado no trecho que alimenta o próprio barrilete (no
caso de tipo de abastecimento indireto posicionado em cada trecho que se
liga ao reservatório);
b) na coluna de distribuição, posicionado a montante do primeiro ramal; e
c) no ramal, posicionado a montante do primeiro sub-ramal.

A norma ainda prevê quesitos quanto a proteção sanitária de água potável, dentre
eles estão os cuidados quanto ao contato com materiais inadequados, retorno de água usado
para fonte de abastecimento e interligação entre tubulações que escoam água potável e
tubulações que escoam água não potável.
Os reservatórios devem estar em locais de modo que qualquer escoamento seja
perceptível.
Todos os reservatórios devem receber revestimento impermeabilizante especifico,
principalmente em casos onde o abastecimento é proveniente de concessionaria.

2.3.2.2 Esgoto sanitário

Algumas das principais normas que amparam os Sistemas Prediais de Esgoto


Sanitário são as seguintes:
9 ABNT NBR 8160:1999 – Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e
execução;
9 ABNT NBR 9648:1986 – Estudo de concepção de sistemas de esgoto
sanitário – Procedimentos;
9 ABNT NBR 7229:1997 – Projeto, construção e operação de sistemas de
tanques sépticos;
41

9 ABNT NBR 13969:1997 – Tanques sépticos – Unidade de tratamento


complementar e disposição final dos efluentes líquidos – Projeto,
construção e operação; e
9 ABNT NBR 5688:2010 – Tubos e conexões de PVC-U para sistemas
prediais de água pluvial, esgoto sanitário e ventilação – Requisitos.

A norma que define os requisitos básicos para o projeto e execução do sistema é a


NBR 8160/1999.
Segundo a ANBR NBR 8160:1999 o Sistema Predial de Esgoto Sanitário é um
conjunto de aparelhos sanitários, tubulações e acessórios destinados a captar o esgoto
sanitário e conduzi-lo a um destino adequado.
O sistema deve contemplar os seguintes requisitos gerais:
9 Garantir a qualidade de consumo nos interiores dos sistemas de
suprimento como também nos equipamentos sanitários e ambientes
receptores;
9 O rápido escoamento da água e de despejos, evitando entupimentos e
vazamentos;
9 Impedir com que gases atinjam o interior das tubulações de áreas de
utilização;
9 Permitir a facilidade de inspecionar os componentes;
9 Impossibilitar com que o esgoto entre em contato com o subsistema de
ventilação; e
9 Permitir que os vasos sanitários fossem fixados apenas por dispositivos
que facilitem a sua remoção no caso de eventuais manutenções.

As instalações prediais de esgoto sanitário destinam-se à coleta e afastamento dos


despejos provenientes do uso de água para fins higiênicos, enviando-os ao sistema coletor de
esgoto do município ou ao tratamento através de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
Os principais componentes do subsistema de coleta e transporte de esgoto
sanitário são os aparelhos sanitários, os desconectores, os ramais de descarga e de esgoto, os
tubos de queda, subcoletores e coletor predial, os dispositivos complementares, a instalação
de recalque e o subsistema de ventilação.
42

2.3.3 Norma de desempenho

Em vigor desde 19 de julho de 2013, a Norma ABNT NBR 15575 aborda o


desempenho de edificações habitacionais. Esta norma procura atender às exigências dos
usuários. Com isso fixa os níveis de desempenho mínimos para os principais sistemas da
edificação como, por exemplo, as vedações, estrutura, instalações hidrossanitárias e elétricas,
pisos, fachada e cobertura.
De maneira sintetizada a NBR 15575 exige segurança, habitabilidade e
sustentabilidade. Com isso deve-se atender aos requisitos mínimos de desempenho, conforme
descritos:
x Segurança:
9 Segurança estrutural;
9 Segurança contra o fogo; e
9 Segurança no uso e na operação.
x Habitabilidade:
9 Estanqueidade;
9 Desempenho térmico;
9 Desempenho acústico;
9 Desempenho lumínico;
9 Saúde, higiene e qualidade do ar;
9 Funcionalidade e acessibilidade; e
9 Conforto tátil e antropodinâmico.
x Sustentabilidade:
9 Durabilidade;
9 Manutenibilidade; e
9 Impacto ambiental.

A NBR 15575 explora conceitos que muitas vezes não são considerados em
normas prescritivas específicas como, a durabilidade dos sistemas, o período entre as
manutenções da edificação, o conforto tátil e antropodinâmico dos usuários. Como ilustra o
Gráfico 1.
43

Gráfico 1 - Gráfico do conceito de desempenho requerido

Fonte: PINIWeb, (2013).

Segundo a ABNT NBR 15575-1: 2013, a vida útil (VU) é “uma medida temporal
da durabilidade de um edifício ou de suas partes, é o tempo previsto para a duração de
determinado produto”. Ou seja, vida útil é o tempo em que um sistema consegue exercer suas
funções em bom estado, o período de tempo que o mesmo consegue atender as exigências dos
usuários.
Já para a vida útil de projeto (VUP) a Norma ABNT NBR 15575-1: 2013 definem
como sendo “o período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado para atender os
requisitos de desempenho”.
Com base nos critérios estabelecidos pela norma de desempenho, os novos
projetos desenvolvidos deveram ser elaborados para que atendam uma durabilidade potencial
de vida útil de projeto, edificações mais duráveis, sendo assim o mesmo deve especificar os
valores exatos para cada um dos tipos de sistemas que forem incorporados no projeto.
Os valores mínimos de vida útil de projeto dos principais sistemas são
apresentados na Tabela 5, considerando uma correta manutenção (ABNT NBR 15575, 2013).
A norma também apresenta os tempos mínimos de vida útil para vários sistemas utilizados no
projeto e na construção de edificações residenciais.
44

Tabela 5 - Vida útil de projeto.

Fonte: ABNT NBR 15575-1:2013.

A ABNT NBR 15575:2013 é composta por 6 partes, como exemplifica Marques


(2015, p. 4):
Parte 1 – Requisitos Gerais: estabelece os requisitos e critérios de desempenho
do sistema estrutural; segurança contra incêndio; segurança no uso e na
operação; estanqueidade; desempenho térmico; desempenho acústico;
desempenho luminoso; durabilidade e manutenibilidade; saúde, higiene e
qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; conforto tátil e
antropodinamico; e adequação ambiental.
Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais: estabelece requisitos que
atendem apenas ao sistema estrutural.
Parte 3 – Requisitos para os sistemas de pisos: estabelece requisitos que
atendem apenas ao sistema de pisos, como exemplo, segurança ao fogo.
Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas:
estabelece requisitos que atendem apenas ao sistema de vedações verticais.
Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas: estabelece requisitos que
atendem apenas ao sistema de cobertura.
Parte 6 – Requisitos para sistemas hidrossanitários: estabelece requisitos que
atendem apenas ao sistema hidrossanitário.

Esta norma busca através de regras, que devem ser cumpridas nos novos projetos
e construções, a mudança do paradigma sobre as construções e resgatar a função da edificação
como um habitat seguro, por meio da qual ele possa se defender das hostilidades climáticas do
meio em que vive (CBIC, 2013).

2.3.3.1 Norma de desempenho aplicada nos sistemas hidráulicos e sanitários

Em sua parte 6 a Norma de Desempenho NBR 15575:2013 aborda os requisitos


referentes aos sistemas hidráulicos e sanitários, determinando-os como “sistemas hidráulicos
prediais destinados a suprir os usuários com água potável e de reuso, e a coletar e afastar os
esgotos sanitários, bem como coletar e dar destino às águas pluviais”. De acordo com essa
norma:
As instalações devem ser incorporadas à construção, de forma a garantir a
segurança dos usuários, sem riscos de queimaduras (instalações de água
quente), ou outros acidentes. Devem ainda harmonizar-se com a
45

deformabilidade das estruturas, interações com o solo e características


físicoquímicas dos demais materiais de construção. (NBR 15575-6: 2013, p3)

A parte 6 da norma também faz algumas considerações em relação à separação


dos sistemas de água fria potável e não potável, buscando atender a sustentabilidade do
sistema, seguindo as tendências atuais de reuso de água.
De acordo Moreira e Paula a análise dos projetos deverá prever:
que o sistema hidrossanitário e seus componentes consigam atender aos critérios
de desempenho e de durabilidade. Para isso as construtoras deverão recorrer a
uma serie de ensaios que contemplem as principais questões levantadas pela
Norma de Desempenho. Um dos ensaios é o de deformação sob a ação da água.
Nele, submete-se um reservatório poliolefínico a uma temperatura de 50ºC
durante 48 horas. Com isso, verifica-se se houve deformação do corpo do
reservatório, o que pode gerar tensões, rupturas e problemas de encaixe da
tampa ao corpo.

Ainda segundo Moreira e Paula serão necessários, também, que no manual do


usuário da edificação constem orientações para substituição dos componentes dos sistemas,
previsão das manutenções periódicas e a forma como elas serão feitas.
Para manter a durabilidade dos sistemas hidrossanitários a Norma diz que é
necessário manter sua capacidade funcional durante seu período de vida útil estipulado de 20
anos (ABNT NBR 15575-6, 2013).
Sobre o período de vida útil Marques (2015) salienta ainda que:
devido à complexidade e a variedade de produtos que compõem o sistema
hidrossanitário, sua vida útil também leva em consideração a agressividade do
meio ambiente, as características do solo e as características específicas de cada
material, pois seus componentes podem apresentar tempo de vida útil menor do
que o estabelecido para o sistema em geral.

Portanto, o sistema hidrossanitário de forma geral deve durar 20 anos, porém


alguns componentes oferecem uma vida útil menor que o tempo previsto na norma, sendo
assim precisam ser substituídos ou precisam de manutenção temporária. Como os
componentes que constituem o sistema hidrossanitário apresentam diferenças de tempo de
vida útil, o projeto deverá apresentar todas as informações dos prazos de substituição e
manutenção exatos de todos os elementos que do sistema.
46

3 PATOLOGIAS NAS INSTALAÇÕES PREDIAIS

Segundo Oliveira (2013), patologia é a ‘’parte da engenharia que estuda os


sintomas, os mecanismos, as causas e origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o
estudo das partes que compõem o diagnóstico do problema’’.
A engenharia utiliza o termo patologia para estudar as origens e os mecanismos de
ocorrência de falhas e/ou defeitos em construções. Esses defeitos ocorrem por apor ação de
agentes atmosféricos, erros de construção ou inadequação dos materiais aplicados.
Os sistemas prediais hidráulicos e sanitários (SPHS) atualmente têm demonstrado
ser um dos principais causadores de patologias pós-ocupação nas edificações. Pode-se
constatar que a maioria dos problemas encontrados nos SPHS está relacionada a falhas de
execução, de projeto e falhas próprias dos materiais.
Um bom sistema predial hidráulico e sanitário de uma residência, prédio ou
logradouro público, é aquele que promove o afastamento rápido das águas servidas, não
produz odores, ruídos ou contaminação, nem atrapalha o ambiente. Ou seja, é um sistema
onde a existência de patologias é quase ou totalmente inexistente.
Conforme Canido (2010 apud Reis Ramos, 2012, p.66) nos edifícios, grande parte
das manifestações patológicas verificadas provém dos sistemas de abastecimento de águas ou
de drenagem das águas residuais e pluviais.
Segundo uma pesquisa feita em 2014 pelo Departamento de Construção Civil da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) a origem das patologias podem ser ocasionadas
por falhas de execução, má qualidade dos materiais empregados, má utilização das
edificações pelos usuários ou até mesmo um projeto ineficiente, conforme mostra o Gráfico 2.
47

Gráfico 2 - Principais causas das patologias nas edificações

Fonte: Catálogo Técnico TIGRE, (2008).

3.1 CAUSAS E ORIGENS DAS PATOLOGIAS

As causas mais comuns das patologias nos Sistemas Prediais Hidráulicos e


Sanitários (SPHS) vão desde falhas na concepção, falta de compatibilização entre os projetos,
até a execução ou utilização e manutenção inadequadas, entre outras causas.
Os principais casos de patológias em edificações de acordo com os autores
Carvalho Junior (2013) e Gnipper (2010), estão relacionados aos sistemas prediais hidráulicos
e sanitários, sendo elas as de mais constância, tais como: vazamentos, infiltrações, oscilação
de pressão, entupimentos, ruídos e vibrações, mau cheiro, retorno de espuma, entre outros.
Pedro et al. (2002), classifica a origem das patologias em quatro tipos:
9 Congênitas são aquelas que surgem ainda na fase de projeto, e ocorrem
pela falta de observação das Normas Técnicas, também por falhas e
descuidos dos profissionais, que acabam tendo como consequência falhas
no detalhamento e execução inadequada das construções;
9 Construtivas – são as patologias que o surgimento está relacionado na
etapa de execução da obra, e tem ocorrência no emprego de mão de obra
48

desqualificada, materiais não certificados e ausência de metodologia para


execução dos serviços;
9 Adquiridas – são as patologias que aparecem durante a vida útil da
edificação e são causadas pela exposição ao meio em que se inserem; e
9 Acidentais – São as patologias causadas pela ocorrência de algum
fenômeno atípico, resultado de uma solicitação incomum.

3.1.1 Vazamentos

Os vazamentos dos componentes de um sistema predial hidráulico e sanitário são


falhas características que danificam a estanqueidade do sistema. Esta falha nos SPHS pode
ocorrer em diversos aparelhos do sistema hidráulico e sanitário.
Os problemas de vazamentos podem ocorrer devido à instalação inadequada,
defeitos de fabricação das peças, excesso de pressão no sistema, corrosão, material de má
qualidade, dentre outros fatores.
De acordo com Conceição (2007) os vazamentos em sistemas hidráulicos prediais
podem representar perdas significativas de água.
Podem-se dividir os vazamentos em dois grupos: os visíveis e os não visíveis.
Consideram-se vazamentos visíveis aqueles facilmente detectados pelos usuários, por
exemplo, em ponto de utilização, e não visíveis aqueles dificilmente detectados pelo usuário,
como por exemplo, os que ocorrem em tubulações enterradas. (CONCEIÇÃO, 2007)

3.1.2 Ruídos

A NBR 5626 (1998, p. 19) menciona no item 5.7.1.1:


As instalações prediais de água fria devem ser projetadas e executadas de maneira a
atender as necessidades de conforto do usuário, com respeito aos níveis de ruído
produzidos ou transmitidos pela própria instalação, bem como de maneira a evitar
que as vibrações venham a provocar danos à instalação predial de água fria ou às
demais partes do edifício.

Segundo Vieira (2013 apud Guia CBIC, 2016, p.66), os ruídos são produzidos em
prumadas coletivas de água ou esgoto, válvulas de descarga ou outros equipamentos
acionados em apartamentos vizinhos, portanto não são considerados acionamentos produzidos
nas próprias dependências da unidade habitacional. Ainda segundo a mesma publicação, a
49

adoção de shafts isolados acusticamente visitáveis ou não, e o envolvimento de tubulações


com isolantes ou absorvedores acústicos são interessantes soluções.
No entanto Matias e Pissolatti (2000) apud Gerges (2013), afirmam que os ruídos
sonoros diversos são transmitidos pela laje e estrutura quando a fonte de ruídos está em
contato com a estrutura, causando vibrações e aumentando o incômodo.
O anexo C da NBR 5626/1998 expõe distintas circunstâncias em que ocorrem os
ruídos nas instalações prediais de água fria:
9 Ruídos de escoamento em tubulações: Ocorrem quando as paredes do tubo
sofrem vibrações pela ação do escoamento da água, não sendo
significativo para a velocidade da água inferior a 3 m/s. Adicionalmente,
mesmo que a cavitação seja frequente em peças de utilização, ela não é
comum nas tubulações porque, em pressões normais, é necessária uma
velocidade da ordem de 8 m/s;
Todavia, baixas pressões que ocorrem nas partes altas da tubulação podem
causar cavitação mesmo em velocidades baixas. Tais tubulações devem ser
evitadas para que se mantenham os níveis de ruídos dentro de limites
aceitáveis e essencial para que a cavitação seja evitada;
9 Ruídos em peças de utilização: Em bruscas mudanças de direção e de
seção de escoamento ocorre a cavitação, assim como baixos valores de
pressão a jusante na região de obturação das peças de utilização. O início
da cavitação pode ser evitado através da elevação da pressão nos pontos
onde ela ocorreria e pela redução da velocidade da água, o que pode ser
obtido através de mudanças no projeto da própria peça, ou pela redução de
pressão da água no ponto de alimentação da peça, no projeto de instalação
predial de água fria;
9 Ruído transiente: Este fenômeno ocorre quando uma válvula ou outro
dispositivo é fechado muito rapidamente, nota-se muitas vezes um ruído
originado do transiente de pressão denominado golpe de aríete. Um
dispositivo ou componente com função amortecedora pode ser usado para
absorver o pico de pressão em um ponto próximo ao local de geração do
transiente;
9 Ruído de bomba: Ocorre quando a vazão é maior que a prevista, ou a
pressão de sucção é insuficiente, há risco de cavitação e turbulência,
resultando em ruído e vibração. Ruídos originários de bombas podem ser
50

reduzidos pelo uso de isoladores de vibração instalados na saída da bomba


e a tubulação de recalque.

Para absorver as vibrações na operação das bombas de recalque e


consequentemente evitar os ruídos desagradáveis e futuros danos à estrutura da edificação, a
publicação CATÁLOGO TÉCNICO TIGRE (2008), sugere que para evitar que as tubulações
de recalque possam romper-se por fadiga, recomenda-se que entre a bomba e a tubulação seja
inserido um mangote de borracha, que irá absorver as vibrações da bomba. Conforme mostra
a Figura 9.

Figura 9 - Esquema para evitar vibrações em bombas

Fonte: Catálogo Técnico TIGRE, (2008).

3.1.3 Entupimentos

De acordo com Conceição (2007), o entupimento é caracterizado pela obstrução


das passagens de águas, usadas ou não em um equipamento ou em uma tubulação. Esta falha
muito comum pode ocorrer em diversos equipamentos sanitários.
Conforme a NBR 8160/1999, a instalação de esgoto sanitário deve coletar e
afastar rapidamente os efluentes, levando-o até um apropriado. E como salienta Vieira (2016,
p. 35) para isso, o traçado da instalação deve ser adotado de forma a favorecer o escoamento
por gravidade, como é o caso dos esgotos, evitando ou minimizando pontos que se tornem
51

obstáculos ao escoamento que favorecem o acúmulo de dejetos que podem chegar a obstruir
totalmente a tubulação.

3.1.4 Retornos

3.1.4.1 Retorno de odores

Uma das causas da entrada de odores no ambiente interno da edificação é a


evaporação da água nos fechos hídricos. Portanto, quando a instalação não está sendo
utilizada, esta ação ocorre independente do uso ou das características da edificação.
Conforme Conceição (2007), esta manifestação patológica pode ocorrer em
função de diversos fatores, com a variação dos elementos: temperatura (água/ambiente),
tempo de exposição, umidade relativa do ar, circulação do ar, extensão das ligações dos sifões
aos tubos de queda, morfologia dos desconectores e características químicas da água.
Segundo Carvalho Jr (2013), o mau cheiro em ambientes nos quais estejam
instaladas as caixas de gordura e de esgoto, confeccionadas em concreto ou alvenaria,
resultam das deficiências nas condições de vedação das respectivas tampas. Ainda segundo o
autor, com o passar do tempo, tais caixas costumam apresentar essa anomalia porque é
comum a ocorrência de trincas ou quebras em suas tampas de concreto durante as operações
de abertura e fechamento.
Conceição (2007), afirma que as causas da presença de odores podem estar nos
sifões dos aparelhos sanitários, em projetos mal elaborados ou ainda em alguns fenômenos
que prejudicam o fecho hídrico, tais como: evaporação, auto-sifonagem e sifonagem induzida.

3.1.4.2 Retorno de espuma

A norma ABNT – NBR 15575/2013 sanciona a importância de que as instalações


de esgoto devem ser projetadas e executadas com adequados sistemas de ventilação e selos
hídricos, além de correta disposição de caixas de gordura e caixas de inspeção, sem que haja o
risco do retorno de espuma.
A NBR 8160 (1999, p.5) menciona no item 4.2.4.2:
Para os edifícios de dois ou mais andares, nos tubos de queda que recebam efluentes
de aparelhos sanitários tais como pias, tanques, máquinas de lavar e outros similares,
onde são utilizados detergentes que provoquem a formação de espuma, devem ser
adotadas soluções no sentido de evitar o retorno de espuma para os ambientes
sanitários, tais como:
52

a) não efetuar ligações de tubulações de esgoto ou de ventilação nas regiões de


ocorrência de sobrepressão;
b) efetuar o desvio do tubo de queda para a horizontal com dispositivos que
atenuem a sobrepressão, ou seja, curva de 90° de raio longo ou duas curvas de
45°; ou
c) instalar dispositivos com a finalidade de evitar o retorno de espuma.

Para Carvalho Jr (2013 apud Vieira 2016), o retorno de espuma através das
grelhas de ralos e caixas sifonados pode ocorrer em função de ligações dos ramais de esgotos
em regiões de sobrepressões, devendo ser verificado se a ligação dos ramais de esgotos da
máquina de lavar roupa com as colunas estão em áreas de sobrepressão.
A NBR 8160 (1999, p.5) no item 4.2.4.3 considera zonas de sobrepressão:
a) o trecho, de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante do
desvio para horizontal;
b) o trecho de comprimento igual a 10 diâmetros, imediatamente a jusante do
mesmo desvio;
c) o trecho horizontal de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a
montante do próximo desvio;
d) o trecho de comprimento igual a 40 diâmetros, imediatamente a montante da
base do tubo de queda, e o trecho do coletor ou subcoletor imediatamente a
jusante da mesma base;
e) os trechos a montante e a jusante do primeiro desvio na horizontal do coletor
com comprimento igual a 40 diâmetros ou subcoletor com comprimento igual a
10 diâmetros; e
f) o trecho da coluna de ventilação, para o caso de sistemas com ventilação
secundária, com comprimento igual a 40 diâmetros, a partir da ligação da base
da coluna com o tubo de queda ou ramal de esgoto.

Podem ser verificadas de acordo com a Figura 10 as zonas de sobrepressão.


53

Figura 10 - Zonas de sobrepressão

Fonte: NBR 8160/99.

3.1.5 Oscilação de pressões

Um dos problemas mais comuns em sistemas hidráulicos prediais ocorre devido à


alta variação de pressão, o chamado Golpe de Aríete.
De acordo com Soares (2012) denomina-se golpe de aríete ou transiente
hidráulico à variação da pressão acima e abaixo do valor de funcionamento normal dos
condutos forçados, em consequência das mudanças das bruscas na velocidade do líquido,
decorrentes de manobras dos registros de regulagem das vazões.
O golpe de aríete provoca ruídos desagradáveis, semelhantes ao de marteladas em
metal. Como consequência pode romper as tubagens e danificar instalações. E com o tempo
este fenômeno provoca rachaduras e vazamentos nas tubulações.
Na Figura 11 é possível observar como funciona o golpe de aríete.
54

Figura 11 - Funcionamento golpe de aríete

Fonte:< http://www.vrppremium.com.br/golpe-de-ariete-como-eliminar/ > Acesso em: 18 abr. 2017.

A pressão que a água exerce sobre uma superfície, não depende do volume de
água, mas sim da altura do nível da água. Ou seja, o principal responsável pelo aumento da
pressão nos encanamentos é a altura da tubulação. Por isso, a pressão da água é medida em
metros de coluna d’água (m.c.a). Com isso, independente da forma e da capacidade de reserva
do recipiente, se a altura do nível da água for a mesma, a pressão também será a mesma.
Como a distribuição de água em edifícios geralmente ocorre a partir de um
reservatório superior, a pressão dos canos nos andares inferiores é muito grande.
Desta forma, a NBR 5626 recomenda que em uma instalação predial, em qualquer
ponto, a pressão estática não pode ser maior do que 40 m.c.a nos pontos de consumo dos
apartamentos. Se o edifício for muito alto, a pressão pode ultrapassar o limite estabelecido
pela norma.
A solução mais simples para esse problema é fazer a instalação de válvulas
redutoras de pressão. Estas válvulas normalmente são instaladas no subsolo dos edifícios, mas
também pode ser instalada no meio do prédio como mostra a Figura 12.
55

Figura 12 - Válvulas redutoras instaladas no meio do prédio e no subsolo

Fonte:< http://www.vrppremium.com.br/golpe-de-ariete-como-eliminar/ > Acesso em: 18 mai. 2017.

A válvula redutora de pressão é um equipamento que regula a pressão da água


para que ela não ultrapasse 40 m.c.a. Existem diversos tipos de válvulas de retenção, com
diferentes opções de pressão de abertura. O tamanho e os modelos variam conforme o
tamanho e o tipo de mola utilizada. Sendo geralmente instaladas em partes do sistema onde há
variação de pressão: no início das tubulações de recalque, entre a saída das bombas e antes de
registros.
A Figura 13 ilustra uma válvula redutora de pressão.
56

Figura 13 - Válvula redutora de pressão

Fonte:< http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/35/valvulas-redutoras-de-pressao-213991-1.aspx>
Acesso em: 18 mai. 2017.
57

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 DESCRIÇÕES GERAIS

O estudo de caso apresentado foi realizado através de laudos prestados por uma
empresa em um edifício residencial multifamiliar na região da Grande Florianópolis entre os
anos de 2016 e 2017.

4.2 APRESENTAÇÃO DAS INCIDÊNCIAS DAS NÃO CONFORMIDADES

4.2.1 Análise dos dados obtidos

Para o entendimento dos dados coletados através de laudos das edificações


residenciais, optou-se em apresentar os resultados por meio de um gráfico contendo as médias
de incidências de patologias nas áreas molhadas nos anos de 2016 e 2017.
No gráfico 3 pode-se observar que o ambiente que apresentou um maior número
de manifestações patológicas foi o banheiro com 46,67%, seguido por cozinha com 33,33% e
área de serviço com 20%.

Gráfico 3 – Incidência de patologias nas áreas molhadas nos anos de 2016 e 2017.

Incidência de patologias nas áreas


molhadas nos anos de 2016 e 2017

20,00%
46,67%
BANHEIROS
COZINHAS
33,33%
ÁREAS DE SERVIÇO

Fonte: Autoras, 2017.


58

4.2.1.1 Banheiro

4.2.1.1.1 Entupimentos

Em relação às caixas sifonadas entupidas, relatados nas solicitações de assistência


técnica, constatou-se in loco a falta de manutenção e impermeabilização ocasionando os
entupimentos.
Para evitar os possíveis problemas relacionados a entupimentos de caixa sifonada
deve ser feita manutenções periódicas como a remoção de cabelos.
A Figura 14 mostra uma caixa sifonada entupida por falta de manutenção, sendo
possível observar o acumulo de cabelo na mesma.

Figura 14 – Caixa sifonada

Fonte: Everton Barboza de Jesus.

4.2.1.1.2 Vazamentos

Os vazamentos relatados nos laudos indicaram uma instalação incorreta de tubos e


conexões nos projetos de hidráulica.
59

A Figura 15 mostra uma caixa sifonada com vazamento nas conexões,


ocasionando infiltrações no teto do apartamento de baixo.
Para solucionar os problemas causados por rompimento de tubulações que geram
as infiltrações é preciso visualizar o local afetado, para uma avaliação precisa. O vazamento
pode estar na junção ou no próprio corpo dos tubos (fissuras, buracos, etc.). Portanto, o mais
recomendável é quebrar a alvenaria no local onde pode estar ocorrendo o vazamento e
verificar a necessidade de trocar a(s) peça(s).

Figura 15 – Tubulação com vazamento nas conexões

Fonte: Everton Barboza de Jesus.

Outra consequência em decorrência de vazamentos de tubulações encontrada nos


laudos estudados foi a umidade no teto, principalmente nos banheiros, como ilustra a Figura
16. Esse tipo de vazamento costuma demorar mais para ser notado, porque o forro que fica
embaixo do sistema sanitário é mais espesso do que o da parede.
60

As principais causas de umidade no teto também podem surgir quando uma laje
não recebeu impermeabilização adequada, em qualquer parede, em decorrência de
vazamentos de tubulações ou no piso, por falta de impermeabilização ou assentamento
incorreto de revestimentos.
Para evitar tais problemas é preciso realizar manutenções periódicas nas
instalações. De preferência, a cada seis meses.

Figura 16 – Teto do banheiro com umidade em decorrência de vazamento na tubulação de


esgoto do apartamento de cima

Fonte: Everton Barboza de Jesus.

O rejunte serve como área de dilatação e também impermeabilização para as


laterais das cerâmicas. Normalmente a infiltração é notada apenas quando o vizinho de baixo,
para quem mora em apartamento, reclame de infiltração. No caso de residências térreas só é
notada a infiltração quando a cerâmica começa a ceder.
As áreas mais comuns de infiltração decorrentes de rejunte de piso são em torno
dos ralos, vaso sanitário e dentro do box.
61

Quando ocorre a escassez de rejunte a água percola por baixo da cerâmica,


encontrando um ponto frágil na laje de concreto e assim sendo, escorre pela parede ou teto do
apartamento do pavimento inferior.
A Figura 17 mostra a escassez de rejunte ocasionando infiltrações no teto do
apartamento inferior.

Figura 17 – Escassez de rejunte na cerâmica

Fonte: Everton Barboza de Jesus.

4.2.1.1.3 Mau cheiro

De acordo com os laudos relatados nas solicitações, pode-se verificar o retorno de


odor devido ao entupimento dos componentes do sistema sanitário.
Em outros apartamentos foi detectada a secagem do fecho hídrico, por não serem
muito utilizados.

4.2.1.2 Cozinha

4.2.1.2.1 Vazamentos

Nos laudos referentes às cozinhas analisadas foram encontrados vazamentos nos


sifões. Nestes dispositivos as falhas podem ocorrer na própria peça, na ligação com a parede e
62

na ligação com a válvula. A Figura 18 mostra um vazamento em sifão em decorrência das


falhas citadas anteriormente.
Uma vez que a água vaze em qualquer tipo de pia, não sendo reparada
rapidamente, poderá causar problemas relacionados ao mofo, apodrecimento de armários ou
até mesmo infiltração no teto do apartamento inferior como mostrado na Figura 19.
Para a solução desta patologia é necessário a troca de peça.

Figura 18 – Vazamento devido falha no sifão.

Fonte: Everton Barboza de Jesus.


63

Figura 19 – Infiltração no teto da cozinha em decorrência de vazamento no apartamento


superior

Fonte: Everton Barboza de Jesus.

4.2.1.3 Área de serviço

4.2.1.3.1 Retorno de espuma

O retorno de espuma pode ocorrer por motivos de sobrepressão e sendo assim, a


espuma pode retornar para o interior dos aparelhos sanitários ligados a trechos em que a
sobrepressão seja passível de acontecer.
As sobrepressões podem ocorrer por diversos motivos: vazões nos tubos de queda,
diâmetros e comprimentos de tubo de queda e mudanças de direção do escoamento do tubo de
queda.
Por isso é importante conhecer os locais os quais a sobrepressão influencia para o
retorno de espuma.
A Figura 20 mostra o retorno de espuma no ralo da área de serviço.
64

Figura 20 – Retorno de espuma no ralo da área de serviço

Fonte: Everton Barboza de Jesus.


65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tempo de vida útil elevado de uma edificação se dá devido à execução e


manutenção conforme indicam as normas. Dentre os laudos realizados nos 15 apartamentos,
pode-se notar uma elevada porcentagem de manifestações patológicas referente à execução, o
que contribui muito para a diminuição da vida útil da edificação.
Os principais problemas encontrados em cada visita técnica foram especificados
no presente trabalho. Esses problemas de mau cheiro, retorno de espuma, vazamentos,
infiltrações no teto dos pavimentos inferiores, escassez de rejunte na cerâmica e entupimentos
são muito comuns em diversas edificações.
Por meio da análise do Gráfico 4 apresentado, conclui-se que a origem as
manifestações patológicas na edificação estudada teve como responsável por grande parte das
manifestações o processo de execução com 74% dos casos, 16% materiais utilizados na
edificação e ainda, 10% das patologias foram relacionadas ao uso.

Gráfico 4 – Origem das manifestações patológicas de edificações residenciais multifamiliares

Origem das Manifestações Patológicas de


Edificações Residenciais Multifamiliares
80%
70% 74%
60%
50%
40%
30%
20%
10% 16%
10%
0%
Execução Material Uso

Fonte: Autoras, 2017.

Através da coleta de informações apresentadas por meio de laudos, foi possível


verificar quais as principais falhas quanto ao desempenho do SPHS, citadas anteriormente.
66

O estudo das normas referentes aos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários


forneceu informações ao qual pôde ter um embasamento necessário para ser feito a análise de
adequações de execução e materiais.
As edificações sofrem diversos tipos de deteriorações, seja ela por motivos de
desgaste de materiais ou intempéries. Para que a edificação tenha uma vida útil necessária há
a necessidade da escolha de um material de boa qualidade, mão de obra qualificada,
manutenções periodicamente e o cumprimento às normas técnicas.
Durante o estudo referente ao sistema em questão, pôde-se constatar que a grande
parte de falhas ocasionadas na execução é decorrente, principalmente, do emprego de mão de
obra não qualificada, que pode ser gerada por falta ou insuficiência de trabalho, ou seja,
execução.

5.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

9 Avaliação da importância que o detalhamento do projeto tem na fase da


execução;
9 Avaliar novas pesquisas a respeito das patologias nos Sistemas Prediais
Hidráulicos e Sanitários; e
9 Investigação de patologias em edificações públicas.
67

REFERÊNCIAS

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Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos Gerais. Rio de Janeiro, jul. 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações


Habitacionais – Desempenho – Parte 6: Requisitos para os Sistemas Hidrossanitários. Rio de
Janeiro, jul. 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Instalações Prediais


de Água Fria. Rio de Janeiro, set. 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8160: Sistemas prediais de


esgoto sanitário – Projeto e execução, set. 1999.

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hidráulico-sanitárias. Disponível em:
<http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=27&Cod=1969>. Acesso em: 20
mai. 2017.

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<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000774924>. Acesso em: 20 mai.
2017.

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tubos de PVC e PPR. 2° Edição. São Paulo. Ed. Bluscher, 2006.

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Hidráulicas Prediais: Usando tubos de PVC e PPR. 3° Edição. São Paulo. Ed. Blucher,
2010.

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São Paulo: 2012. 51p.
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Edição. São Paulo. Ed. Blucher, 2013.

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