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Resumo
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Professora Especialista em Gestão do Trabalho Escolar pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professora
da Rede Municipal de Ponta Grossa. Coordenadora da Educação de Jovens e Adultos no município de Ponta
Grossa. Professora do Curso de Pedagogia da Faculdade Secal. E-mail: perlaenviy@yahoo.com.br
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Professora Especialista em Psicopedagogia pela Ibepex. Professora da Rede Municipal de Ponta Grossa.
Coordenadora da Gestão de Pessoas na Secretaria Municipal de Ponta Grossa. Professora do Curso de Pedagogia
da Faculdade Secal. E-mail: rosangela@secal.edu.br
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Introdução
O grande problema do educador não é discutir se a educação pode ou não pode, mas
é discutir onde pode como pode, com quem pode, quando pode; é reconhecer os
limites que sua prática impõe. É perceber que o seu trabalho não é individual, é
social e se dá na prática de que ele faz parte. (Paulo Freire).
O presente estudo resulta das inquietações que foram surgindo em relação à prática
docente na Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade que se caracteriza pela inclusão
significativa de jovens e adultos que buscam, através do retorno aos estudos, construir uma
vida melhor e realizar seus sonhos.
Como Coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da rede Municipal de Ensino
de Ponta Grossa e professora de Estagio Supervisionado na EJA, buscando contribuir para
uma formação continuada que fortaleça o desenvolvimento profissional e a melhoria das
práticas docentes na EJA, se faz necessário refletir como tem se dado trabalho desta
modalidade de ensino, bem como os seus reflexos na realização do trabalho docente.
Ao acompanhar a modalidade Educação de Jovens e Adultos, encontra-se
constantemente diferentes desafios na efetivação deste trabalho resultando em grandes índices
de evasão e ausência dos alunos em sala de aulas, na falta de motivação dos professores e um
baixo aproveitamento dos alunos presentes na EJA entre outros. Tais desafios apontam
possibilidades de um repensar das práticas escolares na perspectiva de se proporcionar uma
atuação crítica no contexto em que os alunos estão inseridos e também na formação contínua
do docente.
Atualmente as reformas educacionais vêm reforçando a necessidade de um novo olhar
sobre a escola que atenda as novas exigências, já que esta é um lugar onde diversas pessoas
transitam com as mais variadas formas de pensar e agir. Porém, não há como ignorar essas
variações de modo que se busque promover aprendizagem significativa diante das diferenças
culturais e sociais ali presentes.
Promover a igualdade de oportunidades na educação é “uma das condições mais
importantes para superar a injustiça social e reduzir as disparidades sociais em qualquer país
[...] e também é uma condição para fortalecer o crescimento econômico” (UNESCO, 2008, p.
24).
Contudo, os problemas de exclusão social nos sistemas educacionais faz parte da
história do Brasil, uma vez que, apesar de ocorrerem inúmeros avanços foi somente a partir da
década de 1980, principalmente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que se
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tempo em que se tem contato com as tarefas que o estágio lhe proporciona. Pedagogicamente
o aprendizado é muito mais eficaz quando é adquirido por meio da experiência, já que
conseguimos absorver com mais eficiência o que aprendemos na prática do que aprendemos
lendo ou ouvindo.
Diante disso, percebemos que tais considerações a respeito de uma nova forma de se
conceber o trabalho realizado na escola resultarão no desenvolvimento de profissionais aptos
a realizar práticas cooperativas, numa mudança de paradigma, onde todos refletem,
contribuindo coletivamente para a produção de um conhecimento transformador.
Para tanto, segundo a Resolução CNE/CP Nº 1 de 15/05/2006 do Curso de Pedagogia
orienta que o Estágio Curricular Supervisionado tem por objetivos oportunizar ao futuro
profissional:
a) o desenvolvimento de competências necessárias à atuação profissional na
Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Infantil, nos anos iniciais do
Ensino Fundamental e na Gestão Escolar;
b) a realização de observação participativa, registro e análise de situações
contextualizadas de ensino em sala de aula e de processos de gestão educacional;
c) as condições para analisar, compreender e atuar na resolução de situações-
problema características do cotidiano profissional;
d) a participação efetiva no trabalho pedagógico para a promoção da aprendizagem
de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento nos diversos níveis e
modalidades de processos educativos (Educação Infantil, anos iniciais do Ensino
Fundamental, EJA, Ensino Médio.(formação de professores);
Sabe-se que a formação acadêmica de professores e de especialistas tem foco
privilegiado no trabalho com as crianças, quase não havendo espaço para a especificidade da
Educação de Jovens e Adultos, na qual é necessário que o currículo e as práticas de ensino
tenham direto significado para seus participantes, os quais viveram e vivem realidades
diversificadas e são portadores de cultura e de saberes, que têm que ser levados em conta e
considerados.
Diante disto, é que ao analisar a EJA e suas especificidades torna-se importante
compreender quem são estes sujeitos que frequentam esta modalidade de ensino e também a
formação docente deste professor que atua na Educação de Jovens e Adultos.
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Segundo Bolívar (2002) aprender para um adulto com experiência de vida não é
apenas integrar em esquemas de significado já dados; é informar, mudar as concepções
existentes do significado da vida de cada um, adquirindo, então, novos significados ou
confirmando os já existentes.
Portanto,
Silva (2009) afirma que para que haja a garantia do Direito dos Jovens e Adultos à
Educação Básica o currículo dessa modalidade de Ensino deve-se pautar numa pedagogia
crítica, que considera a educação como dever político, espaço e tempo propício à
emancipação dos educandos e à formação da consciência crítico-reflexiva e autônoma. Neste
sentido, tal garantia só será efetivada conhecendo quem são os sujeitos da EJA; o tempo
histórico em que viveram e as estruturas cognitivas que possibilitaram o acesso ao
conhecimento nos diferentes tempos da vida.
Dessa forma, Freire (2002, p. 58) afirma que
epistemológico que não dispensa a emotividade, uma vez que nenhuma formação docente
verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criatividade que implica a
promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e do outro, sem o
reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou
adivinhação (FREIRE, 1996).
Considerações finais
Ao analisar como vem acontecendo a educação de jovens e adultos no que diz respeito
às especificidades da EJA, percebe-se a amplitude desta, já que envolve vários aspectos entre
eles: currículo, reflexão teórico-prática, tempos-espaços, diversidade de sujeitos, material
didático e formação de educadores. Este texto ressalta tais especificidades na formação desse
educador, o qual deve estar atento às suas particularidades, pois, se o perfil do educando da
EJA não for bem conhecido, dificilmente estará se formando um educador apto para o
trabalho com esses jovens e adultos (ARROYO, 2006).
Torna-se evidente, a necessária preparação específica para se trabalhar com Educação
de Jovens e Adultos, contudo vale ressaltar que esta não deve ser a última condição. É
preciso, também, efetivar atividades daquilo que chamam de educação continuada ou
“permanente”, sem esquecer que estas não substituem a formação específica, mas oportuniza
o entendimento da realidade e a possibilidade de enxergá-la com outros olhos: através da
prática.
Estes aspectos fazem surgir uma nova maneira de pensar, a qual evidencia sinais de
uma nova forma de fazer na EJA, que de acordo com Haddad (2007, p. 15):
REFERÊNCIAS