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TURBILHÃO DE VENTANIAS
E FARRAPOS, ENTRE BRISAS
E ESPERANÇARES
Cuiabá - MT
2021
Ficha Catalográfica
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária: Elizabete Luciano/CRB1-2103
Produção Executiva
GFK Comunicação
Produção Editorial
Editora Sustentável
www.gfk.com.br
Design Editorial
Téo de Miranda
Obra da Capa
Eichwaldmond (Áustria), “Gênese na água”
Revisão www.editorasustentavel.com.br
Cirlene Ferreira
Apoio Realização
REAJA
EICHWALDMOND
(Pseudônimo, em português:
Lua Acima da Floresta)
Pintor - autodidata
Ele é uma “alma da natureza” e já sofreu as primeiras fraturas drásticas no contraste da
crescente cidade de Viena. Ele viu o impacto dramático do meio ambiente desde que
era um menino. E desde sua infância, luta com a força arte para proteger a natureza.
A incompreensão e o escárnio sobre sua forma crítica de lutar pela natureza nunca
puderam pará-lo – porque ele está profundamente ligado no coração do Cacique
Raoni e de todos os povos indígenas.
Hoje, sua pintura tem foco na “Amazônia” mais do que nunca, que revela - tão
claro como em nenhum outro lugar - todas as valas profundas entre a natureza
primordial e os danos da natureza - e o direito humano que está se espalhando
globalmente como uma teia de aranha.
Incompreensão e escárnio se perdem em medos e manifestações globais. Com seu
passado como trampolim, com a lua em suas costas e os velhos carvalhos como amigos,
seus anos restantes serão um sorriso e uma pintura à natureza.
http://www.eichwaldmond.at/
Tradução para o Português: Michèle Sato
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4 Ibidem, p. 223.
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8 WALLACE, Rob. Pandemia e agronegócio. Trad. Allan Silva. São Paulo: Elefante, 2020.
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9 SATO, Michèle. Ecofenomenologia: uma janela para o mundo. Rev. Eletrônica Mestr.
Educação Ambiental. Ed especial, julho, p.10 – 27, julho/2016.
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10 SAGAN, Carl. Pale Blue Dot: A Vision of the Human Future in Space. New Yok: Randon
House, 1994. [There is perhaps no better demonstration of the folly of human conceits than this
distant image of our tiny world. To me, it underscores our responsibility to deal more kindly with
one another, and to preserve and cherish the pale blue dot, the only home we’ve ever known].
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Eichwaldmond, “Sentir”.
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INTRODUÇÃO
As práticas de educação e educomunicação referidas neste texto
não são ligadas a instituições acadêmicas. O Fórum Mudanças
Climáticas e Justiça Social (FMCJS), em que o autor milita como
assessor nacional, é uma articulação de movimentos e pastorais sociais e
entidades da sociedade civil. Tem o objetivo de criar espaços de reflexão
crítica visando uma compreensão da realidade que inclua a dimensão
ambiental, marcada (de modo especial nas últimas décadas) pelo
aumento constante do aquecimento global da Terra e pelo consequente
agravamento dos eventos climáticos, configurando o que é denominado
mudanças climáticas. Mais ainda, faz parte dos seus objetivos contribuir
para que as entidades que o constituem e outras que se tornam suas
parceiras incorporem a dimensão ambiental em todas as suas práticas
sociopolíticas e culturais, dando a elas a qualidade de serem práticas
socioambientais.
As entidades do FMCJS atuam junto a pessoas, comunidades e
povos marcados por processos históricos de negação de direitos, de
marginalização, de exploração. Por isso, a reflexão crítica com incorporação
da dimensão ambiental da realidade em que vivem significa dar-se conta e
buscar caminhos de superação do agravamento das injustiças que marcam
sua vida. Trata-se de um cuidado para que as diferentes dimensões da
1 Ivo Poletto é filósofo, teólogo e cientista social. Foi o primeiro Secretário Executivo da Comissão
Pastoral da Terra. Atuou na Cáritas Brasileira, na Equipe de Mobilização Social do Programa
Fome Zero. Assessorou as Pastorais Sociais da CNBB. Nos últimos anos assessora em âmbito
nacional o Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS). É autor do livro Brasil,
oportunidades perdidas, Ed. Garamond, 2005, e do livro Biomas do Brasil – da exploração à
convivência, disponível em www.famclimaticas.org.br. E-mail: ivopoletto@uol.com.br.
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2 PAPA FRANCISCO. Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum. Brasília: CNBB, 2015.
3 Realizada entre 2004 e 2006, teve como tema Mutirão por um Novo Brasil. Conferir: www.
alainet.org/es/node/110321 e www.consciencia.net/2006/1120-semana_cnbb.html.
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7 Apocalipse, 21,1.
8 ACOSTA, Alberto. O Bem Viver – uma oportunidade para imaginar outros mundos. São
Paulo: Autonomia Literária; Ed. Elefanta, 2016.
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CONCLUINDO
Lembro mais uma vez o Papa Francisco, mas o faço porque seu
sentimento é o de muitas outras pessoas, de diferentes religiões e
culturas: a situação em que nós e a Terra nos encontramos é tão grave
que não se pode e nem se deve dispensar a contribuição da ciência, das
religiões, da poesia e da arte, dos povos que sobreviveram a séculos de
decreto de extermínio, das mulheres, das crianças, dos idosos11.
11 PAPA FRANCISCO. Laudato Sí – Sobre o Cuidado da Casa Comum. Brasília: CNBB, 2015. p. 63.
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REFERÊNCIAS
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver – uma oportunidade para imaginar outros
mundos. São Paulo: Autonomia Literária; Ed. Elefanta, 2016.
ASSEMBLEIA Popular Mutirão por um Novo Brasil. O Brasil que
Queremos. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2015.
PAPA FRANCISCO. Laudato Sí’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum.
Brasília: CNBB, 2015.
PASTORAIS Sociais CNBB. Profecia da Terra – Mudanças Climáticas
Provocadas pelo Aquecimento Global. Brasília: CNBB, 2009.
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INTRODUCCIÓN
El concepto de alfabetización climática comenzó a ser utilizado
hace menos de 20 años como un derivado temático de la alfabetización
científica. La crisis climática ha centrado la atención en este constructo
como un posible pilar para diseñar intervenciones socioeducativas que
faciliten la aceptación pública de las políticas de mitigación del cambio
climático y de adaptación a sus consecuencias ya inevitables. Surgen así
dos retos complementarios: uno generado por la necesidad de conocer y
comprender el estado actual de la alfabetización de la sociedad en clave
climática, como un conocimiento que puede ser clave para la toma
de decisiones informadas que permitan afrontar el problema en todas
sus dimensiones; y otro, que consiste en prescribir, si fuera pertinente,
como debe de ser la alfabetización climática universal, de forma que se
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3 La búsqueda en la base de datos de Scopus en el campo “título del artículo” con los conceptos
“science literacy” OR “scientific literacy”, ofrece 644 documentos desde 1963 hasta 2017.
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5 Por regla general, en el sistema universitario español los grados universitarios tienen una
duración de 4 cursos. En este estudio, todas las titulaciones que cursan los estudiantes
encuestados tienen esta duración.
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Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
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Nota: Resp.: corrección con la cultura científica; TV: totalmente verdadero; TF: totalmente falso;
M: Media. S: desviación típica. Me: Mediana; En negrita se presentan los resultados con M<2.
Fonte: Cuestionario.
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Nota: Resp.: corrección con la cultura científica; TV: totalmente verdadero; TF: totalmente falso;
M: Media. S: desviación típica. Me: Mediana; En negrita se presentan los resultados con M<2.
Fonte: Cuestionario.
La Tabla 3 muestra los resultados del bloque 3, sobre las causas del
CC. En este bloque, las personas encuestadas obtienen niveles altos de
corrección científica en el 50% de los enunciados frente a un 30% en
los que este nivel se puede valorar como medio-bajo. Cabe destacar el
comportamiento en cuatro enunciados cuyo contenido está estrechamente
relacionado pero que, sin embargo, obtienen puntuaciones medias dispares:
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Nota: Resp.: corrección con la cultura científica; TV: totalmente verdadero; TF: totalmente falso;
M: Media. S: desviación típica. Me: Mediana; En negrita se presentan los resultados con M<2.
Fonte: Cuestionario.
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Nota: Resp.: corrección con la cultura científica; TV: totalmente verdadero; TF: totalmente
falso; M: Media. S: desviación típica. Me: Mediana.
Fonte: Cuestionario.
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Nota: N=644; NCN= 246; NCS = 298; Media en una escala de 1 a 4, donde 4 es la máxima
corrección científica. M: media. S: desviación típica. gl = 642. p=q=0,5, error máximo a nivel
global de ±3,94 y un nivel de significación de α<0,05.
Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
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Gráfica 7 – Valores medios de las variables Inicio de Estudios (IE) y Final de Estudios (FE).
Fonte: Cuestionario.
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Fonte: Cuestionario.
Fonte: Cuestionario.
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NOTA
Esta publicación se enmarca en el Proyecto Resclima-Edu, financiado
por el Ministerio de Economía y Competitividad del Gobierno de
España y el Fondo Europeo de Desarrollo Regional (FEDER), Ref.
EDU15-63572P (www.resclima.info).
REFERENCIAS
AZEVEDO, J.; MARQUES, M. Climate literacy: a systematic review and
model integration. International Journal of Global Warming, v. 12, n. ¾,
p. 414, 2017.
BRADLEY, J. C.; WALICZEK, T. M.; Y ZAJICEK, J. M. Relationship
between environmental knowledge and environmental attitude of high
school students. The Journal of Environmental Education, v. 30, n. 3, p.
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BURCH, S.; HARRIS, S. A Massive Open Online Course on climate
change: the social construction of a global problem using new tools for
connectedness. Wires Wiley, 2014.
BUSCH, K. C.; ROMÁN, D. Fundamental climate literacy and the
promise of the next generation science standards. Teaching and Learning
about Climate Change: A Framework for Educators, n. 120, 2017.
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INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais são inúmeros e vários excedem os limites
territoriais dos países em que são gerados (PORTO-GONÇALVES,
1989). Nesse contexto, as mudanças climáticas, bem como os
problemas ambientais são antigos. Mas somente nas últimas décadas
do século XX se começou a pensar na gravidade desses problemas e
da necessidade de repensar a relação sociedade-natureza. A crise dos
problemas ambientais provoca a necessidade de construção de políticas
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MUDANÇAS CLIMÁTICAS
As mudanças climáticas atingem e atingirão a humanidade em graus,
escalas e modos diferentes e um dos grandes agravos será a escassez de
água potável que já se expressa em diversas regiões do globo.
Com efeito, se é verdade que o problema ocasionado pelo
aquecimento global no âmbito do clima planetário vincula-se a uma
escala temporal profunda e a muitas incertezas, também é verdade que
os efeitos que já se fazem sentir em decorrência das mudanças do clima
são extremamente injustos, por atingirem de forma muito mais intensa
àqueles que menos contribuem para o problema. Portanto, mesmo
para os que se filiam à corrente dos céticos das mudanças climáticas,
uma questão é irrefutável: as injustiças socioambientais decorrentes
das alterações do clima são uma realidade. Enfrentá-las por meio de
políticas públicas adequadas é, portanto, uma questão de justiça e de
solidariedade humana (RAMME, 2012, p.14).
Os estudos do Painel Intergovenamental de Mudanças Climáticas
(IPCC) sobre as mudanças climáticas são importantes no contexto
Mundial. O IPCC é uma entidade vinculada à Organização das Nações
Unidas (ONU), é um grupo internacional de especialistas que desde o ano
de 1988 debate o estado de conhecimentos técnicos e socioeconômicos
das mudanças climáticas, indagando suas causas e consequências.
O IPCC compreende também que:
O aquecimento global vem ocorrendo num ritmo
cada vez mais acelerado. Além do aumento das
temperaturas médias globais do ar e dos oceanos,
verifica-se o derretimento generalizado de neve
e gelo e a elevação do nível médio global do mar
(IPCC, 2007, p. 8).
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CONSIDERAÇÕES TRANSITÓRIAS
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REFERÊNCIAS
BARROS, H.; PINHEIRO, J. D. Q. Mudanças climáticas globais e
o cuidado ambiental na percepção de adolescentes: uma aproximação
possível. Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, v. 40, n. 1, p.
189-206, 2017.
BRANDÃO, C. R. Educação Popular. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Editora Unesp, 2000.
IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Mudança do
Clima 2007: a Base das Ciências Físicas. Sumário para os Formuladores de
Políticas e Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório
de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, 2007.
Disponível em: www.mct.gov.br/upd_blob/0015/15130.pdf. Acesso em:
14 jun. 2014.
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INTRODUCCIÓN
La escuela del siglo XXI enfrenta desafíos que transforman de forma
rápida los procesos reconocidos como formación y socialización de
niños y jóvenes. La coexistencia en contextos globalizados de cultura,
ideología, política, y obviamente concepciones de comunidad que
redefinen roles de grupos, de impacto de los medios de comunicación,
y nuevas dinámicas urbanas y rurales. Esa reflexión coloca la atención
en nuevos procesos de aprendizaje. Los procesos que no son suficientes
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Metodología
El predominio de la estrategia de triangulación metodológica,
utilizados en la elaboración de los diagnósticos y caracterización, y
diversas técnicas participativas y de consenso para trabajo en grupo,
permitió combinar perspectivas de análisis metodológicas cualitativos
y cuantitativos. El tiempo disponible y la movilidad de un contexto
nacional a otro, fue un desafío teórico y práctico. Sin pretensión de
establecer un estudio comparado, aproximaciones metodológicas
y contextuales permitieron resultados y conclusiones de valor
y generalización. Se identificaron dimensiones, regularidades e
interacciones de los contextos escolares estudiados en Cuba y Brasil.
Se presentan prácticas educativas que defienden dialogo entre
saberes, especialmente cuando inciden en concepción y comprensión de
realidades que impactan la vida y sobrevivencia humanas. La búsqueda
del diálogo cambio climático, ambiente, salud, calidad de vida y
educación se inscribe como una pos-normalidad y requiere innovar en
currículo, dinámica, didáctica y evaluación del proceso de formación.
No va a acontecer un milagro, sin considerar el nivel de preparación
de docentes, la concepción de aprendizajes en ambientes más allá del
espacio escolar, y las políticas educativas que integren acciones de
crecimiento y desarrollo humano, en armonía con la naturaleza.
El estudio desarrollado en escuelas y ambientes escolares en
contextos sociales comunitarios seleccionados intencionalmente, en el
caso de La Habana/Cuba, fueron dos escuelas en zona periurbana en
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DESARROLLO
El aprendizaje social
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23 BLANCO, R.; MESSINA, G. Estado del arte sobre las innovaciones educativas en América
Latina. Colombia: Convenio Andrés Bello; UNESCO, 2000.
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26 IPCC. Synthesis Report, Third Assessment Report. Cambridge University Press, 2001.
27 MERESMAN, Sergio; OPS. Prólogo a Promoción de salud, escuela y comunidad: el laberinto de
la implementación. Washington D.C., 2009. Monografia em Espanhol. OPS; REPIDISCA.
ID: rep-178251.
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RESULTADOS
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Fuente: Os autores.
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Los 4 ejes de acciones y prácticas innovadoras para dar sentido a las prácticas
pedagógicas interdisciplinares fueron: 1 - Cómo me alimento, 2 - Cómo me cuido,
3 - Cómo soy, y 4 - Cómo vivo. Motivo que generó, oficinas, talleres, presentaciones
teóricas y prácticas para cada uno.
Fuente: Os autores.
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Fuente: Os autores.
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REFERENCIAS
BLANCO, R.; MESSINA, G. Estado del arte sobre las innovaciones
educativas en América Latina. Colombia: Convenio Andrés Bello;
UNESCO, 2000.
BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde,
2012. 110 p. Disponible en: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/
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Revista oficial de la Asociación Española de Bioética y Ética Médica.
Cuad. Bioét., v. 19, 2008. Disponible en: www.researchgate.net/
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CACHÓN, R. Jorge. Educación, Interdisciplinariedad y Pedagogía.
Disponible en: www.comie.org.mx/congreso/memoriaelectronica/v09/
ponencias/at08/PRE1178838372.pdf. Consultado en: 23 jun. 2018.
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Irineu Tamaio1
Roberta Fabline da Silva Barros2
INTRODUÇÃO
Uma questão desafiadora na atualidade é o fenômeno das Mudanças
do Clima e as suas consequências sobre a sociedade e o meio ambiente.
Partindo de vários conceitos e interesses, as Mudanças do Clima se
tornam um assunto complexo e multidisciplinar, que envolve discussões
globais e também setoriais, valores econômicos, interesses específicos,
posicionamentos políticos, igualdades de direitos e oportunidades
usufruídas pela sociedade (SEMA, 2016; BARBIERI, 2013; TAMAIO,
2013; REIS, 2013; JACOBI et al., 2011).
Atualmente, o Brasil é o sétimo maior emissor global de gases de
efeito estufa (GEE), e as principais causas para o aumento do GEE
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COLETA DE DADOS
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ANÁLISE E DISCUSSÕES
Essa parte do estudo visa problematizar a reflexão de Justiça
Climática, Justiça Ambiental e Mudanças do Clima nos processos de
aprendizagem dos educadores que participaram do curso na ESECAE.
Para diferenciação dos sujeitos, que, nesse caso, são os educadores,
optou-se por identificá-los por sua área de conhecimento na escola,
apenas para não expor seus nomes nas narrativas. As interpretações
das compreensões dos educadores ocorreram a partir das narrativas
obtidas nos questionários, as quais, com o propósito de destacá-las,
estarão em negrito.
Foi possível categorizar as compreensões dos educadores em três
blocos: I) Compreensões de Justiça Climática e Justiça Ambiental pelos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os impactos das Mudanças do Clima não são vinculados apenas
aos sistemas naturais, envolvem também aspectos sociais, políticos,
econômicos e culturais o que o torna um assunto mais complexo ainda.
E, ao tratar do enfrentamento dos eventos extremos, é fundamental
considerar a questão da Justiça Climática e suas implicações.
Um grande desafio da sociedade é a compreensão dos principais
significados que o tema Mudanças do Clima utiliza e das novas
abordagens que envolvem o campo social, nesse caso a Justiça Climática.
Dessa forma, os processos educativos podem ampliar a compreensão
dos fenômenos das Mudanças do Clima e da Justiça Climática com
ações pedagógicas comprometidas com os direitos sociais dos grupos
em situação mais vulneráveis.
O Curso de Formação em Educação Ambiental da ESECAE possui
uma abordagem que problematiza as Mudanças do Clima e a Justiça
Climática, permitindo que o educador tenha o primeiro contato com o
tema, despertando-o para o interesse em aprofundar os aspectos teóricos
e metodológicos em sala de aula, contribuindo para desenvolver o
senso de pertencimento em relação à Unidade de Conservação e a sua
importância para a mitigação de emissões de gases de efeito estufa.
Os resultados desse estudo mostraram que os educadores do ensino
fundamental de escolas públicas do entorno da ESECAE possuem
dificuldades para compreender e identificar os grupos socialmente em
situação de vulnerabilidade da região. As narrativas ainda permitiram
conceber que os educadores apresentam limitações para compreender
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REFERÊNCIAS
ACSELRAD, H., HERCULANO, S., PÁDUA, J. A. Justiça Ambiental e
Cidadania. Rio de Janeiro: Relume Dumará, Fundação Ford, 2004.
ACSELRAD, H.; MELLO, C. C.; BEZERRA, G. N. O que é justiça
ambiental. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
ACSELRAD. Henri. Ambientalização das lutas sociais: o caso do movimento
por justiça ambiental. Revista estudos avançados, São Paulo, v. 24, n. 68,
p. 103-119, 2010.
BARBIERI, J. C. Assuntos ambientais polêmicos e o princípio da precaução:
discutindo o aquecimento global em sala de aula. Administração: Ensino e
Pesquisa, v.14, ed. 13, p. 519-556, 2013.
CODEPLAN. Companhia de Planejamento do Distrito Federal. PDAD
Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio. Disponível em: http://www.
codeplan.df.gov.br/images/CODE PLAN/PDF/pesquisa_socioeconomica/
pdad/2017/PDAD_Planaltina_2015.pdf. Acesso em: 10 out. 2017.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
FONSECA, F. O. (Org.) Águas Emendadas / Distrito Federal. Secretaria
de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Brasília: Seduma, 2008.
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GUIMARÃES, M. Educação Ambiental. (Coleção temas em Meio
Ambiente I). Duque de Caxias/RJ: Ed. UNIGRANRIO, 2000.
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INTRODUÇÃO
Dentre os impactos ambientais causados pelas atividades humanas,
as alterações do clima, sem sombra de dúvida, estão no topo das mais
alarmantes, pois, apontam para uma questão complexa, que é o fato
de que nosso modo de vida ou nosso modo de produção precisa ser
repensado e reestruturado. Nas últimas décadas, por meio de acordos
internacionais, quase todos os países e repúblicas do planeta assumiram
compromissos para diminuir as emissões de gases causadores do efeito
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Conclui-se aqui que este assunto, embora não seja muito recente
e esteja em evidência em vários meios de comunicação, nem todas as
comunidades brasileiras estão centralizando atenção e diálogo sobre ele.
Os estudantes têm noções a respeito das mudanças climáticas, mas não
sabem explicar com termos técnicos.
Seguimos o debate com outra questão, se eles já haviam percebido
alguma mudança no clima, dos últimos anos para cá. Com relação às
mudanças no clima, a maioria comentou e expôs suas opiniões, como
mostram os trechos em destaque:
Muita (Eder, julho/2017).
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Era uma, duas semanas de frio. Hoje, esse ano não teve
um dia (Elena, julho/2017).
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5 Uma das consequências para um latifúndio se tornar área/território para a reforma agrária é
ser um local improdutivo, não cumprindo com a função social da terra, ou mesmo possuir
graves passivos/degradações socioambientais, como multa etc.
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6 Aqui colocamos a palavra bem viver entre aspas, pois sabemos que se origina dos povos
indígenas e dos modos de vida de um povo campesino e sua propositura em um modo de
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viver e lidar com a vida para além da dualidade capitalismo/socialismo. Acreditamos que
precisamos aprofundar nos estudos de sua origem, para além de um slogan simplesmente
adotado pelo movimento ambientalista e fazer o seu uso em uma perspectiva política e
decolonial.
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REFERÊNCIAS
ACSELRAD, Henri; MELLO, BEZERRA Cecília Campello do A.;
NEVES Gustavo das. O que é justiça ambiental. Rio de Janeiro:
Garamond, 2009.
ARAÚJO, Sônia Maria da Silva. Educação do campo no Brasil: um
discurso para além do pós-colonial? Revista Latinoamericana de Ciencias
Sociales, Niñes y Juventud, Manizales, Doctorado en Ciencias Sociales,
Niñez y Juventud de la Universidad de Manizales y el Cinde, v. 8, n. 1, p.
221-242, 2010.
ARROYO, Miguel Gonzáles. Indagações sobre currículo: educandos e
educadores: seus direitos e o currículo. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2007.
BALIM, Ana Paula Cabral; MENDES, Cláudia Marlice da Rosa; MOTA,
Luiza Rosso. O Despertar da Justiça Ambiental: Dos Movimentos
Ambientais aos Socioambientais. In: Seminário Internacional de
Demandas Sociais e Políticas Públicas na Sociedade Contemporânea, 11;
Mostra de Trabalhos Jurídicos Científicos, 7. Anais [...]. São Paulo, 2014.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é o método Paulo Freire. 7ed. São
Paulo: Editora Brasiliense, 1984.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues; BORGES, Maristela Correa. A pesquisa
participante: um momento da educação popular. Rev. Ed. Popular,
Uberlândia, v. 6, 2007.
BRASIL. Plano Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC. Brasília,
dezembro de 2008.
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APRESENTAÇÃO
Durante as travessias nas montanhas, o caminhante dorme em
barraca que balança com o vento e a chuva durante toda a noite. Pela
manhã, com a temperatura por volta dos cinco graus, o chá quente
esquenta o corpo, enquanto a neblina se esvai lentamente, revelando
as escarpas rochosas. Com Sol a pino, depois de horas em trilha acima,
o corpo-mente está cansado, cheio de dores nas pernas e a sede parece
chamar mais atenção do que qualquer beleza da paisagem. A íngreme
subida demanda um movimento integrado das pernas, do tórax e dos
membros, que manejam o cajado para proporcionar mais equilíbrio
e força ao movimento. No alto do cume, com o suor escorrendo e o
coração batendo fortemente, o vento frio refresca a face, enquanto
os andarilhos retiram as pesadas mochilas para o descanso com uma
vista com mais de quarenta quilômetros de serras entrecortadas. Ao
final da tarde, o banho na cachoeira de águas escuras, em um primeiro
momento, proporciona a sensação de que milhares de agulhas de
acupuntura entram ao mesmo tempo no corpo-mente por causa da
baixa temperatura das águas. Depois de alguns minutos, o caminhante
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UM CAMINHAR METODOLÓGICO
Esta investigação foi realizada por meio de uma metodologia feno-
menológica. Partindo desta perspectiva, o conhecimento científico não
pode ser pensado sem a subjetividade de quem o produz. Esta corrente
filosófica é chamada fenomenologia e nossa referência principal aqui é
Merleau-Ponty (1971). Por esta visão, a percepção dos pesquisadores
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VENTOS INICIAIS
O fenomenólogo Gaston Bachelard é caracterizado pela sua
filosofia dialética e pelo enaltecimento à imaginação como forma
de buscar o conhecimento. Combinando tais vetores, o pensador
francês redigiu O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do
movimento. A segunda edição da Editora Martins Fontes, publicada
em 2001 e traduzida por Antonio de Pádua Danesi, foi a escolhida
por nós para uma tentativa de compreender as impressões do autor
acerca da epistemologia.
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BRISAS QUILOMBOLAS:
O IMAGINÁRIO DE MATA CAVALO SOBRE O AR
No primeiro semestre de 2018, o Grupo Pesquisador em Educação
Ambiental, Comunicação e Arte (Gpea) foi até o Quilombo Mata
Cavalo desenvolver uma série de processos formativos junto à
comunidade. Calcada na troca de saberes, a proposta era situar os
elementos bachelardianos na crise climática que afetava o território
quilombola. A dinâmica foi desenvolvida no espaço da Escola Estadual
Professora Tereza Conceição de Arruda, situada no quilombo, e
envolveu estudantes, docentes e habitantes de Mata Cavalo.
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Aquele transparente
Que faz as asas baterem
Os cabelos levantarem
Com força e com delicadeza
Aquele responsável
Pelo equilíbrio dos corpos
Em movimento e repouso
O clima e os fenômenos
Exigem cuidados
Sem desmatamento da natureza,
Sem poluição das águas,
Sem destruição dos humanos
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Foto: Defesa Civil, Palmitos, SC, 2020. Fonte: Redação da Catraca Livre, 2020
https://catracalivre.com.br/cidadania/ciclone-bomba-causa-panico-e-mortes-em-sc-
fenomeno-deve-chegar-a-sp/
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RESPIRANDO AR FRESCO
A fenomenologia Gaston Bachelard (2001) recorre ao onirismo como
forma conveniada à experiência e à razão para que o indivíduo atinja o
conhecimento. Segundo o pensador francês, sem o funcionamento do
imaginário, antecedente às outras duas movimentações da existência,
consumar o processo epistemológico torna-se uma prática prejudicada.
Assim, o autor pontua diferentes imagens relacionadas ao elemento
“ar”, mostrando como as metáforas dialéticas, ou seja, os itinerários
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INTRODUÇÃO
Objetiva-se neste texto, descrever aspectos culturais referentes
ao teatro praticado por Liu Arruda nos anos 1980, em Cuiabá-MT,
e apontar suas contribuições para a Educação ambiental, que sob
qualquer temática, mas essencialmente sobre a emergência climática,
pode dialogar com as artes cênicas à melhor compreensão e participação
de políticas. Tomamos como ponto de referência o teatro vivenciado
por Liu Arruda, cujas intervenções política e artística, apoiadas em
Augusto Boal, ocasionaram forte impacto na população cuiabana. Liu
Arruda e o Grupo Gambiarra foram importantes para que a cuiabania
enfrentasse e superasse o problema de comprometimento da sua
identidade, ajudando-a a recuperar sua autoestima, passando a sentir
orgulho do seu pertencimento.
O problema que se coloca diante desta pesquisa é descobrir e
anunciar como o teatro interviu sobre a realidade de Cuiabá na década
de 1980, quando se vivenciou, em escala global, um acirramento
da homogeneização com repercussão em todas as instâncias da vida
individual e coletiva, notadamente na cultura e no meio ambiente.
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3 https://casadoturista.com.br/observacao-de-baleias-francas-em-santa-catarina/
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prestes a completar 300 anos de fundação, Cuiabá enfrentou sérios
e gigantescos problemas que comumente atingem as grandes cidades
brasileiras, cujos impactos recaem de forma desigual, com maior agravo
sobre a parcela empobrecida da população, em decorrência da forma
perversa em que tem se dado o uso e a ocupação do seu território,
ocasionado pelo processo de profundas transformações agrárias
ocorridas na segunda metade do século XX.
Hoje a ameaça do aumento da temperatura, numa capital famosa
pelo calor escaldante, não ameaça apenas a cultura local, senão sua
própria morte. A queima global trará inúmeros prejuízos, inclusive
econômicos, que é a raiz do problema climático. Apresenta também,
outros migrantes climáticos, originários de países como o Haiti,
que teve um terremoto que desestruturou a economia. Embora os
migrantes latinos não percebam a crise climática, os migrantes asiáticos,
como vietnamitas ou indonésios enxergam o colapso climático porque
sofreram estas catástrofes em seus países.
Essa massa de imigrantes encontrou em Mato Grosso, uma
realidade socioambiental repleta de conflitos e mortes por disputa de
terra e água para a manutenção de monoculturas, sendo uma constante
a ameaça à vida pelo uso abusivo de inseticidas, fungicidas e herbicidas,
que contaminam o ar, a terra, a água e os alimentos, além da grande
incidência de trabalho escravo. Deslocando-se para Cuiabá em busca
de melhores condições de vida, a população imigrante não consegue
ser absorvida pelo mercado de trabalho, e passa a viver na periferia, em
áreas degradadas, no mais das vezes sem rede de esgoto e nem coleta
de lixo, além da água contaminada, ausência de lazer e saúde, enfim
exposta a todo tipo de violência.
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REFERÊNCIAS
BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para
uma psicanálise do conhecimento. 2. ed. Tradução de Estela dos Santos
Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996a. 316 p.
______. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1996b.
BAUMAN, Z. Globalização. As consequências humanas. Tradução de
Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
BOAL, A. 200 exercícios e jogos para o ator e o não ator com vontade
de dizer algo através do teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1977.
______. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
BRANDÃO, C. R.; BORGES, M. C. A pesquisa participante: um
momento da educação popular. Revista Educação Popular, Uberlândia,
v. 6, p. 51-62, jan./dez. 2007.
BRANDÃO, J. S. Teatro grego. Tragédia e comédia. 5. ed. Petrópolis:
Vozes, 1985.
CARVALHO, C. G. Anatomia da fala da gente de Mato Grosso. Prefácio
ao Dicionário de termos e expressões de Mato Grosso. ([mensagem
pessoal] por email). Mensagem recebida por <ivan44belem@yahoo.com.
br> em: 18 ago. 2014.
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Marcos Sorrentino1
Simone Portugal2
MichèleSato3
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FLORESCER
FLOR E SER
ALVORESCER
ÁRVORE
FLOR
SER
T
E
R
N
A
Marcos Sorrentino
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4 Manifestação: letra de Carlos Rennó e música de Russo Passapusso, Rincon Sapiência e Xuxa
Levy. Com informações de: http://justificando.cartacapital.com.br/2018/06/06/anistia-
internacional-lanca-clipe-manifesto-com-chico-buarque-ludmilla-rincon-sapiencia-e-mais-
30-artistas. Disponível em: https://youtu.be/ofHuXukO5y0.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final da introdução deste artigo foram apresentadas quatro
perguntas, para as quais as autoras e o autor convidavam as leitoras e
os leitores a buscarem juntos as respostas, ou pelo menos adensarem
reflexões sobre caminhos para políticas públicas comprometidas com a
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288
REFERÊNCIAS
ACOSTA, A. O Bem Viver. São Paulo: Editora Autonomia Literária, 2016.
ACOT, P. História da Ecologia. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.
BAREMBLITT, G. F. Compêndio de Análise Institucional e outras
correntes: teoria e prática. Belo Horizonte, MG: Instituto Félix Guattari, 2002.
BEUYS, J. A revolução somos nós. São Paulo: SESC Pompéia e Associação
Cultural Videobrasil, 2010.
BOOF, L. Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres. São Paulo: Editora Ática
S.A., 1996.
BRASIL. ProFEA. Programa Nacional de Formação de Educadoras(es)
Ambientais: por um Brasil educado e educando ambientalmente para a
sustentabilidade. Série Documentos Técnicos 8. Brasília: Órgão Gestor da
Política Nacional de Educação Ambiental, 2006.
BRASIL. Tratado de educação ambiental para sociedades sustentáveis e
responsabilidade global. Brasília, MMA, finalizado em 1992. Disponível em:
www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/trat_ea.pdf. Acesso em: jul. 2018.
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Rachel Trajber1
INTRODUÇÃO
1 Agradeço à Débora Olivato, Patrícia Mie Matsuo, Carolina Tosetto Pimentel, Maria
Francisca Velloso e Andrea Luz: construímos juntas o Cemaden Educação. E ao CNPq
pela Bolsa PCI – Especialista.
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Vulnerabilidades e desigualdades
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Figura 1 – Desatres?
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5 ‘Para que a utopia renasça, é preciso confiar no potencial humano de reformar o mundo’.
Entrevista dada por Zygmunt Bauman ao Prof. Dennis de Oliveira na Revista CULT.
Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2017/01/bauman-para-que-a-utopia-
renasca-e-preciso-confiar-no-potencial-humano-de-reformar-o-mundo.
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6 Novo paradigma científico, chamado “ciência pós-normal”, criado para atuar frente
aos males do sistema industrial global baseado na segurança e controle sobre o mundo
natural. Passamos das certezas para as possibilidades. A ciência pós-normal busca superar a
resolução de problemas da ciência cartesiana e positivista, integrando novos atores à pesquisa
(FUNTOWICS; RAVETZ, 2000).
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9 Fazem parte do Cemaden Educação, Defesas Civis, escolas e universidades, ONGs, centros
de educação, grupos de escoteiros dos estados do AC, SP, MG, RJ, MS, CE e RS nesta fase
inicial, e paulatinamente se amplia para todo o país.
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Figura 3 – Educação
Fonte: CEMADEN.
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Figura 4 – Convida
Fonte: CEMANDEN.
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Fonte: CEMADEN.
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DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE
VULNERABILIDADE DAS ESCOLAS
Uma pesquisa quantitativa realizada pelo Cemaden utilizou dados
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP, 2012) para mapear as escolas vulneráveis aos desastres
no Brasil (MARCHEZINI; AGUILAR; TRAJBER, 2018). Para este
trabalho, o banco de dados, que conta com 125.321 registros de
escolas de ensino fundamental e médio, foi cruzado unicamente para
os 957 municípios atualmente monitorados pelo Centro Nacional de
Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), com as
áreas de risco mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM,
2012). As escolas foram georreferenciadas (latitude/longitude) para
este cruzamento de dados, que se restringiu a estes municípios, que
representam 17% dos existentes no Brasil dos atuais 5.570 municípios
brasileiros (Figura 6).
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Nota: No mapa à direita, de 2016, as escolas identificadas em área de risco hidrológico (ARH)
e geológico (ARG) estão localizadas nos 957 municípios monitorados pelo Cemaden. O
número de escolas expostas ao risco tende a aumentar.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
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Fonte: CEMADEN.
CONCLUSÃO
Políticas públicas de educação ambiental, de mudanças climáticas
para a prevenção de riscos de desastres nos âmbitos formal (sistemas
de ensino), não formal (instituições que educam fora do ambiente
escolar – como ONGs) e informal (veículos de comunicação e mídia)
demandam urgência na articulação institucional, um consenso de
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REFERÊNCIAS
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros
mundos. São Paulo: Autonomia Literária, Elefante. 2016.
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METODOLOGIA
Na práxis investigativa, a metodologia privilegiada para mapear
os conflitos socioambientais foi o Mapa Social (SILVA, 2011).
Dentre as diversas metodologias usadas na cartografia social, esta
permite a participação de diferentes grupos em um mesmo processo
de mapeamento, podendo ser realizado por meio de oficinas ou
entrevistas. Essa metodologia, centrada nas autonarrativas dos
sujeitos, oferece um leque de possibilidades, servindo ao mapeamento
de identidades, dos conflitos e impactos socioambientais e das táticas
de resistência (SILVA, 2011). O Mapa Social (SILVA, 2011) possui
um forte caráter político e nasceu do desejo de dar visibilidade ao
outro negado, de modo que “[...] tornou-se uma plataforma de luta
na inclusão de identidades em seus territórios [...]” (JABER-SILVA;
SATO, 2012, p. 11).
Ao olharmos a história de ocupação das terras no Brasil
percebemos claramente o forte vínculo entre mapas e poder. “[...] Os
mapas, enquanto forma manipulada do saber [...]” (HARLEY, 2009,
p. 2), contribuem desde a colonização para legitimar o latifúndio.
A comunidade quilombola de Mata Cavalo é exemplo de como
os poderosos legitimados pelo modelo latifundiário de ocupação
da terra usaram o poder dos mapas para “legalizar” o roubo das
terras quilombolas. Desse modo, o mapeamento do quilombo feito
COM e PELOS/AS os/as quilombolas é uma forma de fortalecer a
territorialização e a cultura.
O mapeamento participativo em uma comunidade que desde 1889
luta pelo território, como é o caso de Mata de Cavalo, vem fortalecer
a resistência por meio do debate político sobre a apropriação material
e simbólica do território.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em Mata Cavalo, após o processo diaspórico, iniciado em 1889,
narrado nas páginas anteriores, a luta pelo território foi rearticulada
a partir da década de 1990, quando muitos/as ex-moradores/as que
haviam sido expulsos em décadas passadas retornaram em comboio
para o quilombo (JABER-SILVA, 2012; MANFRINATE, 2011;
BARROS, 2007).
São anos de conflitos e disputas entre os/as quilombolas e os
fazendeiros expropriadores, marcados por violência física e simbólica.
Somente no século XXI, depois de muita luta, resistência e com o
reconhecimento pela Fundação Cultural Palmares (FCP) que o estado
interveio por meio de liminar judicial e amenizou as constantes
violências físicas sofridas pela população.
Os moradores denunciam que as atividades realizadas pelos
expropriadores têm degradado o Cerrado e levado à perda significativa
de espécies do bioma, o que contribui para alterações ambientais
e climáticas e interfere diretamente na cultura deste grupo. Para
Camenietzki (2013, p. 4), “os conflitos instaurados pelas disputas
dos elementos naturais e territórios também configuram um contexto
devastador para as populações que possuem práticas tradicionais [...]”
de uso dos bens naturais.
As principais atividades econômicas desenvolvidas pelos
expropriadores no território quilombola foram a pecuária e
garimpagem de ouro, estas, por sua vez, geraram alteração da
paisagem e impactos ambientais que, como dito anteriormente, lesam
a natureza e a humanidade.
Para desenvolver a pecuária, os fazendeiros desmataram extensas
áreas e plantaram capim braquiaria, ocasionando perda nas interações
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Fonte: Organização de Cristiane Almeida e Déborah Moreira (2017) e arte de Cristiane Almeida.
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7 “O capital é o sangue que flui através do corpo político de todas as sociedades que chamamos
de capitalistas, espalhando-se, às vezes como um filete e outras vezes como uma inundação
[...]” (HARVEY, 2011, p. 7).
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1 Mestre em Ciências Naturais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN.
2 Prof. Dr. Adjunto do Dep. de Ciências Biológicas- DECB/UERN Campus Universitário
Central. E-mail: ramirogustavovc@gmail.com.
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Nota: Das 11 espécies registradas para este levantamento, Cordia oncocalyx, Poincianella
bracteosa, Mimosa caesalpiniifolia, e Ziziphus joazeiro, são classificadas como endêmicas da
Caatinga de acordo com a classificação de Giulietti et al. (2002).
Fonte: Elaborado pelos autores.
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AGRADECIMENTOS
À comunidade do Assentamento Rural Moacir Lucena, na pes-
soa do Sr. Irapuã Ângelo e família, que compartiram o seu lote, as
informações, os conhecimentos populares, as deliciosas refeições de
galinha caipira e carneiro guisado típicos e com esse temperinho po-
tiguar, nosso enorme agradecimento e gratidão de toda equipe do
Laboratório de Ecologia e Sistemática Vegetal LESV/UERN.
REFERÊNCIAS
ALCOFORADO-FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. de S. B.; RODAL,
M.J.N. Florística e Fitossociologia de um remanescente de vegetação ca-
ducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica
Brasílica, v. 17, n. 2, p. 287-303, 2003.
BRASIL. Lei 9.985 de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.
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INTRODUÇÃO
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3 No livro “O que é Educação Popular?”, de Carlos Rodrigues Brandão (2006), o autor apresenta
quatro diferentes concepções de educação popular: 1) educação anterior à divisão do poder
social, associada à transmissão de saberes em sociedades consideradas primitivas; 2) educação
do ensino público, que consiste em uma educação para as massas, uma educação, muitas vezes
de caráter homogeneizante, voltada para um grande público; 3) educação de classes populares,
corresponde a uma educação direcionada a setores específicos da sociedade, em geral associada
a grupos marginalizados e excluídos; 4) educação para a construção de sociedades igualitárias,
neste sentido consistiria em um modelo de ensino destinado a reconhecer as diferenças.
Entendo que este projeto se enquadra na quarta concepção, pois, propõe um diálogo de saberes,
empreendendo um esforço para o reconhecimento das diferenças.
4 Social, Ambiental, Econômica, Histórica, Política etc.
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5 Optamos por manter o sigilo dos nomes dos entrevistados sendo referidos apenas pelas
iniciais do nome ou apelido, além de informar o distrito e idade, sendo diferenciado o gênero
do informante a partir da inclusão do termo “D.ª” para as mulheres e “Seu” para os homens.
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Organismo INDICADOR
“Quando ocê vê cobra, rastro de cobra que andou dum lado pro
outro no meio da estrada é sinal de chuva, quando é tarde e ocê
Cobras
vê os rastro, ocê pode esperar que se num chover naquele
dia no outro ela chega.”
“Quando a mangueira não dá fruta pra todo lado, pra baixo, pra
cima e pros lados, é sinal que as águas é pouca, quando vinga
Mangueira
muito, que dá fruta pra todo lado é que as chuva vai ser boa,
muita água, invernada.”
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Sabiá “O Sabiá chora quando vai chover, mas sabiá chega a chorar.”
Comixi “É um pássaro preto que chora que faz dó quando vai chover.”
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6 É interessante destacar que esta mesma lenda também é associada às águas do Rio São
Francisco.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho permitiu perceber através da escuta de moradores
do Vale do Jequitinhonha – considerando entrevistas, observações e
rodas de conversa – , em uma localidade caracterizada por um clima de
extremos, as percepções acerca das mudanças climáticas e sua intrínseca
conexão com as memórias bioculturais e com a história ambiental
local. Tais conexões ajudam a perceber as relações das pessoas com o
território a partir da cultura local, incluindo o imaginário, a relação
com a espiritualidade e as práticas do cotidiano.
Os relatos ressaltam que atualmente o clima não é mais
previsível como era antigamente, destacando que os regimes de
chuvas estão alterados, tendo aumentado os extremos climáticos e,
consequentemente, o risco de desastres ambientais. Neste sentido, as
memórias bioculturais e a história ambiental se constituem elementos
essenciais para a compreensão das transformações socioambientais
vivenciadas localmente. Destaca-se ainda um aumento da ocorrência de
tais desastres ao longo do tempo, o que pode revelar um agravamento
dos eventos climáticos extremos. Cabe ressaltar que a percepção das
mudanças climáticas dos moradores aponta que as comunidades
enxergam tais mudanças como sendo provocadas, ou agravadas, por
práticas locais. Considerando, desse modo que as transformações
ambientais e climáticas são percebidas somente em nível local.
O trabalho destaca ainda a relação entre a água e o clima, a
ocupação do território e os movimentos migratórios da população local.
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REFERÊNCIAS
ABREU, Ivy de Souza. Biopolítica e racismo ambiental no Brasil: a exclusão
ambiental dos cidadãos. Revista Opinión Jurídica, v. 12, p. 87-99, 2013.
ACSELRAD, Henri. Ambientalização das lutas Sociais – o caso do
movimento por Justiça Ambiental. Estudos Avançados, v. 24, n. 68, 2010.
AMARAL, Leila. Do Jequitinhonha aos Canaviais: Em busca do Paraíso
Mineiro. Belo Horizonte, 1988. Dissertação (Mestrado)
ARBOLEDA, Santiago. Le han florescido nuevas estrelas al cielo:
suficiências intimas y clandestinizacion del pensamento afrocolombiano.
2011. Tese (Doutorado) - Universidad Andina Simón Bolivar.
BARBIER, E. B.; HOCHARD, J. P. The Impacts of Climate Change on the
Poor in Disadvantaged Regions. Review of environmental economics and
policy, v. 12, n. 1, p. 26-47, 2018. https://doi.org/10.1093/reep/rex023.
BARBIERI, Alisson. Mudanças Climáticas, Mobilidade Populacional e
Cenários de Vulnerabilidade para o Brasil. Rev. Inter. Mob. Hum. Brasília,
a. 19, n. 36, p. 95-112, jan./jun. 2011.
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Nayara Ferreira1
Solange Kimie Ikeda Castrillon 2
João Ivo Puhl3
Alessandra Morini4
INTRODUÇÃO
A pressão do ser humano sobre os sistemas naturais do planeta é algo
sem precedentes. Há séculos a influência humana vem modificando e
alterando os ecossistemas. Tudo isso ocorre devido a atividades como o
extrativismo, a agropecuária, a industrialização, o crescimento popula-
cional e a urbanização acelerada. O crescente consumo de recursos natu-
rais exerce grande pressão sobre o ambiente, causando diversos impactos
e alterações socioambientais. Esses fatores têm contribuído de forma
isolada ou conjuntamente, por meio das atividades econômicas da so-
ciedade, para a depredação de recursos naturais (FIGUEIRAS, 2009).
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5 Entende-se por injustiça ambiental o mecanismo pelo qual sociedades desiguais, do ponto de
vista econômico e social, destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento
às populações de baixa renda, aos grupos raciais discriminados, aos povos étnicos tradicionais,
aos bairros operários, às populações marginalizadas e vulneráveis. Disponível em: https://
redejusticaambiental.wordpress.com.
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Fonte: Os autores.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa partiu da hipótese de que as mudanças climáticas
afetarão de forma diferente aquelas comunidades que têm sua vida ligada
diretamente à natureza e que serão, portanto, as que mais sofrerão com
esse fenômeno, justificando assim a escolha desta temática.
As duas comunidades estudadas já sofrem com alterações no
ciclo da água e esta situação da escassez hídrica nos assentamentos foi
o ponto de partida para o processo de investigação acerca de como
estas comunidades percebem as alterações no clima e na água, como
convivem com esta realidade e como a elas se adaptam.
As populações mais vulneráveis, como é o caso do universo
pesquisado neste estudo, sofrem e relatam problemas socioambientais,
em especial quando mencionam que a água está diminuindo e que a
situação piora no período da estiagem, quando a coleta de água, pelas
mulheres do assentamento, é intensificada.
O questionário utilizado como roteiro nas entrevistas perguntou
sobre o ambiente em que vivem, potencialidades e fragilidades de sua
região, o que entendem sobre as mudanças climáticas. O tema foi
abordado através de situações que seriam amplamente conhecidas,
como: a uniformidade das chuvas, os motivos da falta de água, se já
houve perdas nas produções, como as mudanças climáticas acontecem
e o que podem causar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ressalta-se que já existem evidências científicas documentadas e
projeções de cenários futuros mostrando as alterações climáticas presentes
e as que estão por vir. No entanto, uma peça que frequentemente falta
na discussão é: qual público essas mudanças mais afetam e de que
maneiras? Essa discussão é levantada e defendida pela corrente do
movimento de Justiça Climática.
410
REFERÊNCIAS
ACSELRAD, H. Novas articulações em prol da justiça ambiental.
Democracia viva, n 27, jun./jul. 2005.
CASTRILLON, S. I.; PUH, L. J. I.; MORAIS, F. F.; LOPES, A. A. E. T.
M. Escassez hídrica e restauração ecológica no pantanal. Cuiabá: Editora
Carlini e Caniato, 2017.
CONFALONIERI, U. et al. Mudanças globais e desenvolvimento:
importância para a saúde. Informe Epidemiológico do SUS, v. 11, n. 3, p.
139-154, 2002.
CORDEIRO, R. de L. M. et al. Mulheres rurais e as lutas pela água na
América Latina. Temporalis, Brasília, a. 15, n. 30, p. 495-514, jul./
dez. 2015.
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Giselly Gomes1
Victor Marchezini2
Michèle Sato3
INTRODUÇÃO
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser
amoroso. Amo as gentes e amo o mundo. E é porque
amo as pessoas e amo o mundo que eu brigo para que
a justiça se implante antes da caridade. (Paulo Freire).
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*Deficiência visual
528.624 5.276 1.460
(não consegue de
(0.28%) (0.17%) (0.26%)
modo algum)
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DELINEAMENTO METODOLÓGICO
A fim de compreender as vulnerabilidades de um grupo de pessoas
cegas e com baixa visão, atuante na Associação Mato-grossense de
Cegos (AMC), que residem em Cuiabá, optamos por uma abordagem
qualitativa, que está muito além da quantificação de pessoas expostas
em uma dada área considerada suscetível a fenômenos ambientais como
inundações e deslizamentos. Neste sentido, adotamos o estudo de caso,
campo investigativo que busca estudar poucos fenômenos, porém,
permite o seu conhecimento amplo e detalhado (GIL, 2009).
A definição da metodologia perpassou um momento de exploração
do “universo” das pessoas com deficiência e as mudanças climáticas, de
modo que a pesquisa exploratória, como primeiro passo de um trabalho
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Fonte: Elaborado pelos autores, a partir de dados levantados em campo e obtidos junto a
CPRM/MME (CABRAL; PEIXOTO, 2014) e NUPDEC (2017).
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4 Acesse a entrevista Esperança do verbo esperançar”, com Mário Sergio Cortella em: www.
youtube.com/watch?v=YdqfH3EShCk.
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Giseli Dalla-Nora2
Michèle Sato3
Araceli Serantes Pazos4
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INTRODUÇÃO
Encontramo-nos, como sociedade, em uma encruzilha civilizacional
sinalizada por inúmeras crises simultâneas (climática, sanitária,
migratória, política, ambiental, social etc.), as quais se interagem entre
si, cuja causa principal é a decadência do modelo capitalista e de suas
estruturas sociais correspondentes. Esse modelo, por conta de sua
lógica intrínseca, exerce o dogma do progresso infinito, em um mundo
natural finito (ARTAXO, 2020; SATO et al., 2020; GAUDIANO e
MEIRA, 2020; LAYRARGUES, 2020a; MARQUES, 2020; TAMAIO,
GOMES e WILLMS, 2020). Nesse universo complexo de crises e
sintomas permanentes de incertezas, a emergência climática representa
o maior desafio socioambiental posto para os tempos atuais.
Os pesquisadores observam e alertam que, com o esgotamento dos
elementos biofísicos da natureza, a civilização, pelo menos da forma
como a conhecemos, pode entrar em colapso, porque o impulso
destrutivo está em movimento crescente, os limites estão sendo
rompidos (REID, 2019; RANDERS e GOLUKE, 2020; ZACARIAS,
2020; GODIN, 2020; SATO et al, 2020).
Essa compreensão da dramática ameaça do colapso socioambiental
também está presente em Luiz e Sato (2020, p. 384) ao alertarem que
“[...] a lógica vigente subverte a natureza em benefício próprio e esboça
um cenário insustentável ao funcionamento da vida no planeta”. Nessa
encruzilhada civilizatória, despontam-se vários dilemas, enquanto se
vislumbra um futuro com pouca luz e muitas sombras, a sociedade adere
ao mito do progresso, do crescimento insustentável, de experiências
fracassadas do passado e do vazio das formas políticas de representações
(BAUMAN, 2001; GUIMARÃES, GRANIER e KLEIN, 2020).
Preocupados com essa complexidade, em 1988, o Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em parceria com a
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4 É uma medida métrica utilizada para comparar as emissões de vários gases de efeito estufa
baseado no potencial de aquecimento global de cada um. O dióxido de carbono equivalente
é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas de gases de efeito estufa pelo seu
potencial de aquecimento global. Por exemplo, o potencial de aquecimento global do gás
metano é 21 vezes maior do que o potencial do gás carbônico (CO2). Então, dizemos que o
CO2 equivalente do metano é igual a 21 (IPAM, 2015).
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Fonte: Elaborada pelo Projeto “Clima e Água nas Escolas” a partir do banco de dados
Geoportal e de imagens de satélite disponibilizadas pela Esri, 2019.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
ACSELRAD, Henri; HERCULANO, Selene; PÁDUA, José A. A justiça
ambiental e a dinâmica das lutas socioambientais no Brasil – uma
introdução. In: ACSELRAD, Henri; HERCULANO, Selene; PÁDUA,
José A. (Orgs.). Justiça Ambiental e Cidadania. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 2004, p. 23-39.
AGUIAR, Diana; LOPES, Helena (Orgs.). Saberes dos Povos do Cerrado
e Biodiversidade. Rio de Janeiro: Campanha em Defesa do Cerrado e
ActionAid Brasil, 2020. Disponível em: https://museucerrado.com.br/livro-
saberes-dos-povos-do-cerrado-e-biodiversidade/. Acesso em: 22 jan. 2021.
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CELSO SÁNCHEZ
Doutor em educação, professor da Unirio, Grupo de Pesquisa em Educação
Ambiental desde el Sur.
CRISNAIARA CÂNDIDO
Mestre em Educação e Professora da Educação Básica.
DEBORA E. PEDROTTI
Doutora em Ciências, professora e pesquisadora da UFMT.
GISELI DALLA-NORA
Doutora em educação, professora do departamento de Geografia da UFMT.
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IRINEU TAMAIO
Doutor em Desenvolvimento Sustentável e professor da Universidade de Brasília UnB.
IVO POLETTO
Filósofo, teólogo e cientista social. Assessor do Fórum Mudanças Climáticas e
Justiça Social (FMCJS).
JAKELINE M. A. FACHIN
Doutoranda em Educação e Professora da educação Básica.
JÚLIO RESENDE
Doutor em Educação, é professor do Instituto Federal de Mato Grosso.
MARCOS SORRENTINO
Doutor em Educação, professor sênior na USP e visitante na UFBA.
MICHÈLE SATO
Professora e Pesquisadora do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental,
Comunicação e Arte, UFMT.
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NAYARA FERREIRA
Mestre em Ciências Ambientais e Professora da Universidade do
Estado do Mato Grosso.
RAMIRO. G. V. CAMACHO
Doutor em Ciências e professor da Universidade de Estado de Mossoró, RN.
RACHEL TRAJBER
Doutora em Antropologia e pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e
Alerta de Desastres Naturais, CEMADEN.
REGINA SILVA
Doutora em Ciências e professora da Universidade Federal de Rondonópolis, UFR.
SIMONE PORTUGAL
Mestre em Educação pela Universidade de Brasília.
VICTOR MARCHEZINI
Doutor em Sociologia e pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta
de Desastres Naturais, CEMADEN.
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