A transformação da empresa em uma instituição sociopolítica tem representado para
as organizações uma responsabilidade que vai muito além das preocupações econômicas e por isso, a partir dos anos 70, o relacionamento entre as empresas e a sociedade tem –se estreitado, exigindo da classe empresarial uma atenção especial sobre os resultados sociais de suas ações. Assim, a proteção do consumidor, a qualidade dos produtos, a segurança dos trabalhadores e da comunidade, os efeitos da poluição, a proteção das minorias etc. têm-se tornado temas obrigatórios entre empresários, fornecedores, consumidores e representantes do governo e da sociedade. Para tentar medir o desempenho social das organizações, na Europa e nos EUA foram feitas algumas tentativas de implantar uma espécie de “ Contabilidade Social”, que permitiria avaliar as organizações além dos tradicionais aspectos econômico-financeiros. Algumas técnicas foram idealizadas , inicialmente baseadas em resultados sociais que pudessem apresentar tratamento quantitativo , tais como informações sobre emprego e sua manutenção, desenvolvimento e promoção de mão-de-obra, inicialmente relativas as minorias e às mulheres que mais tarde passaram a incluir outras categorias de trabalhadores. Em função disto, algumas empresas passaram a desenvolver atividades internas voltadas para sua atuação social, que acabaram dando origem a um relatório especifico denominado “Auditoria Social”, e que infelizmente se limitaram a ações isoladas e espontâneas. Esta preocupação social acabou também enfatizando o aspecto ambiental e, assim, nos EUA, não só pela atividade da EPA (Environmental Protection Agency), órgão responsável pelo controle ambiental, que estabeleceu padrões para aplicação de legislação ambiental, mas também pelo estabelecimento de políticas nacionais na área ambiental, que regularizaram os padrões permitidos de emissão no ar, na água, de resíduos tóxicos etc., surgiu um grande número de regulamentações e de leis, que levaram inúmeras organizações a se preocuparem em desenvolver políticas internas e atividades especificas em relação a questão ambiental. Tais atividades começaram então a ser planejadas e padronizadas, e formaram um conjunto de tarefas que passou a ser conhecido como “Auditoria Ambiental”, que procurava caracterizar a situação ambiental da empresa em relação às regulamentações exigidas pelas autoridades municipais, estaduais e federais, restringindo-se, na maior parte das vezes, apenas à obediência da lei. Primeiramente, estas Auditorias Ambientais tiveram lugar nas grandes organizações, notadamente nos ramos industriais, com maiores repercussões ambientais; porém atualmente a maioria das empresas que têm problemas de geração de resíduos desenvolve seus próprios programas internos de Auditoria ou se vale de serviços de Auditoria Ambiental externa, executados por empresas especializadas. AUDITORIA AMBIENTAL (AA)
A Auditoria Ambiental é um fator importante para uma efetiva política de
minimização dos impactos ambientais das empresas e de redução de seus índices de poluição. Sua execução constitui-se num critério essencial para que investidores e acionistas possam avaliar o passivo ambiental da empresa e fazer sua projeção para sua situação no longo prazo. Algumas empresas multinacionais estão adotando essa pratica no Brasil, em decorrência da experiência desenvolvida nos EUA e na Europa, porém a perspectiva é que a AA seja adotada rapidamente, notadamente junto às empresas que atuam em áreas densamente urbanizadas e com grande poder de mobilização política. Embora a maioria das organizações veja a AA dentro de uma perspectiva de legalidade e de estreita abordagem técnica, buscando adequar seu processo produtivo ao exigido pela legislação, seu espectro de utilização é bem amplo, pois possibilita a preocupação pró-ativa de buscar alternativas melhores em relação a insumos e produtos que sejam menos agressivos ao meio ambiente. Seu objetivo principal de assegurar que o sistema operacional funcione dentro dos padrões estabelecidos permite a utilização de mecanismos para melhorar essa performance. Cahill (1987) coloca que a AA nas empresas americanas deve obedecer aos seguintes objetivos principais:
- Garantia do cumprimento da legislação
- Definição das obrigações a serem cumpridas. - Acompanhamento e controle dos custos do cumprimento das obrigações. - Definição das responsabilidades dos gerentes. - Verificação da situação ambiental no caso de fusões e aquisições.
Algumas empresas americanas, inglesas, alemãs, japonesas etc. desenvolvem suas
Auditorias Ambientais de forma sigilosa, supervisionadas de perto por seus representantes legais, a fim de resguardá-las de problemas em relação à comunidade ou ao órgãos governamentais. Nesses casos, os relatórios da Auditoria são guardados com segurança e discutidos apenas com a Alta Administração, muitas vezes, apenas expostos de forma oral. Já existem, porém muitas organizações que distribuem seus relatórios de Auditoria Ambiental a seus gerentes e discutem seus resultados com representantes da comunidade em que estão instaladas, buscando um relacionamento transparente e responsável em relação à questão ambiental. As empresas que buscam melhorar seu desempenho em relação ao ambiente e assim procedem têm tido melhor resultado e evitado a publicidade negativa de seus problemas do que aquelas que, mesmo tendo problemas menores, buscam escondê-los e não tomam nenhuma medida para melhorar essa situação.