Agradecimentos:
O autor gostaria de agradecer as pessoas que
Cartilha para
montagem da
barraca de bambu
Apoio: Embrapa-Agrobiologia,
LIUD PUC-RIO, Parque Estadual da Ilha
Grande, Articulação de Agroecologia do
Rio de Janeiro e MAPA - Ministério de
Agricultura Pecuária e Abastecimento.
ajudaram e incentivaram neste trabalho com bambu,
que parece um mistério ou uma arte, longe da nossa
cultura brasileira, no meio rural e na área cientifica.
Aos meus amigos Pedro e Rafael, por estarem
juntos em vários momentos dessa caminhada.
Algumas vezes sozinho, mas praticava e tinha
algumas idéias a respeito de projetos de bambu,
quando comentava entre os amigos os dois sempre
ficavam mais entusiasmados e acabavam contribuindo
tanto na criação como na bem feitoria dos trabalhos a
campo.
E a todas as pessoas que fizeram com que essa
cartilha acontecesse pela persistência de Marcelo
Fonseca que me ensinou essa tecnologia há 5 anos, a
Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro, aos
agricultores que tinha necessidade de se ter uma
barraca e todas as pessoas que participaram ao curso
donde nasceu à idéia de se fazer uma cartilha.
 Cartilha de montagem de barraca de bambu em
forma de geodésica
1. Introdução
O bambu é uma planta, que é largamente
utilizada em vários países da América latina como
Colômbia, Equador e Costa Rica. No Brasil seu
conhecimento e sua aplicação de forma geral tanto em
centros de pesquisa quanto no meio rural, ainda é
pouco difundido. Mas na realidade do meio rural
brasileiro o bambu tem um papel de grande
importância no que se refere à construção de
instalações como casa, galinheiro, currais, barracas
para feira e outras utilidades que a planta possa suprir.
Portanto vemos a necessidade de realizar este mini-
curso, que tem o intuito de abrir as portas para uma
estação no centro de educação em tecnologia não-
convencionais voltada para construções rurais, dentro
da Fazendinha e integrando ao projeto de agricultura
orgânica.
Esta cartilha se refere ao mini-curso que nasceu
do Encontro da Rede de Articulação Metropolitana de
Agroecologia, onde foi constatada a necessidade dos
agricultores de adquirirem barracas para exporem seus
produtos nas feiras.
Para atingir esse objetivo foi realizado um curso nos
dias 8, 9 e 10 de Maio de 2009 na Fazendinha e na
UFRuralRJ. Foi fornecido no primeiro dia aos
agricultores o conhecimento sobre o bambu mais
especificamente sobre sua ecologia, sua utilidade no
meio rural e domos geodésicos (formato da barraca);
no segundo dia foi feita a apresentação da Fazendinha,
centro de pesquisa sobre agricultura orgânica local
que pertencente a Embrapa localizado em Seropédica
e se iniciou a montagem das barracas de bambo sendo
finalizada no terceiro dia.
2. Desenho arquitetônico e amarração
2.1 Domus
O Duomo (do Homem), denominação utilizada para
caracterizar intenção arquitetônica do homem em
gerar superfícies nas catedrais, com intenção de
representar abóbada celeste (geodésica). Existem
diferentes maneiras e materiais usados na concepção
de domus, ele poderá ser de pedra, de terra, de
madeira, de palha, de plástico, de metal e de bambu.
Os homens modernos, dotados de conceitos,
velocidades produtivas e geométricas, possuem ao seu
dispor distintas possibilidades no uso dos materiais,
seja na forma e em sua função. Usando tecnologia
adequada aos materiais, meios de produção, pessoas
envolvidas e contexto.
2.2 Domus geodésicos
São cúpulas facetadas composta pôr triângulos.
Domus Geométrico - Icosaedro
2.3 Estrutura icosaédrica
Usando o conceito de se gerar domus geodésico
partindo de um poliedro, podemos utilizar qualquer
sólido regular. Determinadas retículos espaciais
geodésicas se adequam melhor ao uso que se
destinam. Neste caso, o domus gerado é utilizando o
Icosaedro, o sólido regular que mais se aproxima da
esfera. Em sua configuração integral é formado por 20
triângulos equiláteros e 30 arestas. Devido suas
propriedades geométricas e estruturais, este sólido é
comumente utilizado em domus ao redor do mundo.
Poliedros
2.4 Torniquete
O torniquete é uma forma de amarração que foi
desenvolvido por Mário Seixas no projeto de
desenvolvimento de tecnologias acessíveis em bambu,
que ocorrem no Laboratório de Investigação
em Living Design, coordenado pelo Dr. prof. José
Luis Mendes Ripper,no Departamento de Artes &
Design PUC-Rio. Este projeto consistiu no
desenvolvimento do sistema de torniquete, para
construir o protótipo de uma casa de madeira.
Os Torniquetes eram usados nos andaimes chineses,
mas atualmente amarrações destes, são feitas com fitas
de plástico e sem o uso do torniquete. Em algumas
regiões na Índia também se usa o torniquete para
confecção de estruturas em andaimes.
Os processos do torniquete que usamos são distintos
nos casos descritos acima. No livro IL sobre Bambo,
são descritas e ilustradas maneiras de uso do
torniquete na Ásia, bem distinta da maneira que foram
usadas nas estruturas que foram montadas através de
Workshops que integrantes da equipe LILD realizam.
Inicialmente no contexto asiático, informações
contidas neste livro demonstram que eram feitas
cordas com fitas extraídas dos bambus.
Os Torniquetes funcionam como alavancas nas
amarrações, conjugando bambus e amarrando
estrutura.
Ilustração –
posição das
peças de bambu
e do torniquete,
que é o pedaço
de bambu
responsável
pela torção e
junção das
peças.
2.5 Dimensões e peças de bambu
As barracas têm um modelo de uma geodésica ou
domus, que são triângulos de bambu conectadas uns
aos outros, tendo uma forma de pentágono, obtendo
uma forma circular e dessa forma um melhor
aproveitamento do espaço. Sua área é 7m², tendo 25
peças de 2.3m, 10 peças de 1,5m para amarração do
balcão, e por isso estes foram cortados de forma
vertical (longitudinal) obtendo assim 4 peças com a
largura de 7cm, para cobertura são 16 peças de 3m,
uma lona de 25m² e para amarração foram utilizados
80 torniquetes, que são: uma peça de bambu de 25cm
e as cordas de 4mm e 2mm, sendo que a de 4mm é
para prender as peças de bambu e a de 2mm é para
amarrar o torniquete evitando que a torção seja
desfeita.
2.6 Bambus utilizados
São utilizadas três espécies de origem asiática, as
espécies Bambusa Vulgares e Tuldoides foram
trazidas pelos portugueses para serem utilizadas como
cercas vivas nas divisas de fazendas, já a espécie
Phyllosthachy aurea foi trazida pelas colônias
japonesas no século XIX, sendo esta muito utilizado A posição de uma peça sobre a outra é sempre a
na sua culinária. primeira marca que é de 8cm em cima da segunda
marca que é de 16cm, isto só serve para geodésica.

Espécies de Bambu Diametro Altura útil

Bambusa Vulgares 12 m 10 m 1º- Pegar dez peças de 2.30m e por neste formato:
Serão utilizados no total 15 torniquetes.
Bambusa Tuldoides 5m 6m
Phyllosthachy aurea 3m 3m
Tabela de característica de altura e diâmetro.
Para uma barraca são utilizados:

- 1,5 vara ou colmo de bambu da espécie 1.

- 15 varas ou colmos de bambu da espécie 2.
- 10 varas ou colmos de bambu da espécie 3.

Todas estas espécies são cortadas maduras pois assim

o Bambu adquire maior resistência para que seja
utilizado para exporem produtos e para não correr o
risco de quebra ou danificar alguma peça de bambu.
Ilustração 1- Mostra do formato de como os
bambus devem fica para dar inicio a montagem da
2.7 Como montar a barraca barraca em forma de geodésica.
 Depois de amarradas levante a cúpula até altura
que estes bambus ficarem na vertical, como se
fosse uma coluna

Ilustração 2- Depois de amarrado os bambus ela

tem este formato.

2º- Pegar dez peças de 2.30 m e por desta

forma:
Serão utilizados 20 torniquetes.
Estas peças servem para levantar a cúpula da
geodésica e suportar seu peso.
Ilustração 3 - Os bambus amarrados no centro com os
bambu que serão as paredes e a sustentação da cúpula.
formada distribua as peças com este formato.
Vai ficar com este aspecto abaixo (ilustração4),
como se fosse paredes em forma de triangulo.
3º- pegar cinco peças de 2.30m e travar as
paredes, estas peças serão o apoio do balcão, a
altura é 75cm do chão.
Serão utilizados dez torniquetes.
Ilustração 4 Mostra do formato de como as paredes vão
permanecer. O bambu na horizontal servira de apoio para
o balcão e travar as paredes.
Cobertura:
4º- pegar as peças mais grossas e fazer a
conexão de uma em outra, de forma a ter uma
peça só. Montar 5 peças conectadas. Serão
utilizados dez torniquetes no total.
Ilustração 5 Mostra de como a conexão de duas peças de
bambu utilizando dois torniquetes.
5º- As duas peças conectadas mais grossas e
menos flexíveis, coloque as na geodésica de
forma a servi de apoio para cobertura.
Serão utilizados 4 torniquetes no total.
Ilustração 6 As peças conectadas ficam nesta posição
servindo de apoio para cobertura.
6º- Pegue as outras 3 peças de bambu
conectadas anteriormente e ponha da seguinte
forma.
Em seguida coloque quatro peças finas de
bambu de três metros na forma um quadrado,
amarre todos com torniquetes e ponha na
medida indicada pelo desenho abaixo.
Serão utilizados 6 torniquetes no total.
Ilustração 7 Distribuição de peças de bambu conectadas e
peças de 3m. Esta estrutura será a cobertura.
7º- Pegue duas peças de 3m finas levante a
parte central na altura de 1m do chão na
estrutura anterior e amarre as duas peças desta
forma. Esta forma de travamento foi elaborada
por Pedro V. S. Serão utilizados 4 torniquetes
no total.
Ilustração 8 Este desenho esta mostrando como deve se
fazer o travamento do telhado.
8º- Amarre a lona antes de subir a cobertura da
barraca, depois de subida amarre a cobertura
nos apoiadores que foram posto na 5º etapa.
Ilustração 9 Mostra a estrutura de cobertura, pronta para
receber a lona.
Balcão
9º- Pegue 5 peças de 1,5m e ponha sobre as
peças da 3º etapa de forma a ficar como o
desenho abaixo.

Ilustração 10- vista superior como se tivesse feito corte
transversal um pouco acima das 5 peças de bambu que
foram colocados no terceiro passo da montagem que serve
de suporte para o balcão
Ilustração 11- Posição das peças de 1,5m,
que servirão de apoio para o balcão.
Logo em seguida ponha as ripas de bambu
formando um balcão.
Depois para travar ponha por cima das ripas,
ajustando a outra peça de 1,5 e utilize o
Torniquete, com a corda de 4 mm de pedaço
maior, prendendo assim as duas peças de 1,5m
e fazendo uma pressão de forma com que a ripa
não desloque.
Esta posição de encaixe foi elaborada por
Rafael L.M.
Serão formados 4 balcões e utilizados dez
torniquetes.

Ilustração 12- A posição das ripas de bambu
e outras cinco peças de bambu de 1,5m
travando as ripas como se fosse um "sanduíche".
Organização, ilustração e correção:
Bruno Sales e Julia Duque
Autor: Bruno Sales
“Um homem pode acomodar-se em uma casa de
bambu sob um teto de bambu, em uma cadeira de
bambu a uma mesa de bambu, com um chapéu de
bambu em sua cabeça e sandálias de bambu em seus
pés. Ele pode, ao mesmo tempo, ter em umas das
mãos uma tigela de bambu, na outra mão pauzinhos de
bambu, e comer brotos de bambu. Quando ele
terminar sua refeição, que foi cozida em fogo de
bambu, a mesa pode ser lavada com um tecido de
bambu, e ele pode abanar-se a si próprio com um
leque de bambu, tirar uma soneca em uma cama de
bambu, deitado sobre uma esteira de bambu, com sua
cabeça repousando sobre um travesseiro de bambu.
Seu filho pode repousar num berço de bambu,
brincando com um brinquedo de bambu. Ao levantar-
se ele fumaria em um cachimbo de bambu e, com uma
caneta de bambu, escreveria em um papel de bambu,
ou transportaria suas coisas numa cesta de bambu
suspensa por uma vara de bambu, com um guarda-
chuva de bambu sobre sua cabeça. Ele pode então
fazer uma caminhada sobre uma ponte suspensa de
bambu, beber água de concha de bambu, e coçar-se
com uma raspadeira de bambu.”
Geil, Willian Edgar, 1904