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Paulo M F Viana Nota de Aula

RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS

Ensaio UU – Q

Usualmente pressões neutras não são medidas neste ensaio. Não se permite
a dissipação das pressões neutras, medem-se as tensões totais. A amostra é
carregada para romper muito mais rápido, cerca de 10 a 15’.
Como visto anteriormente o resultado do ensaio CD mostra como a rup varia
com a tensão efetiva. E o ensaio CU mostra como a resistência não - drenada varia
com a tensão efetiva de adensamento.
Existem situações em que se deseja conhecer a resistência do solo (a tensão
cisalhante de ruptura) no estado em que o solo se encontra. (Caso a análise da
estabilidade de um aterro construído sobre uma argila mole) – isto é a resistência
não drenada do solo – Su (kPa).
É difícil conhecer as pressões neutras atuantes, a análise de tensões efetivas
tem sido a tendência, mas ainda com aplicação mais freqüente têm sido a análise de
tensões totais (empregos de ensaios não drenados), consideram-se as pressões
neutras como sendo as mesmas de laboratório.
P

Su Su

Su

Figura 01 – Aterro sobre solo mole

“ Não existem argilas sedimentares normalmente adensadas sob o ponto de


vista  x , a não ser argilas que tenham sido carregadas muito recentemente, como
por exemplo, pela construção de um aterro, e que não tiveram tempo de desenvolver
seus recalques por adensamento secundário ”.

Ensaios de laboratório - UU

Amostras indeformadas – observe o esquema da Figura 2.0 e observe que


qualquer que seja a pressão confinante, a tensão confinante efetiva é a mesma.
Conclui-se que: em ensaios do tipo UU, com amostras saturadas, a tensão
confinante efetiva após aplicação da pressão confinante será sempre a mesma e
igual a pressão confinante efetiva que existia na amostra, que é igual em valor
absoluto, a pressão neutra negativa da amostra, e que é igual, ainda, a média das
tensões efetivas que existia no terreno na posição em que a amostra foi retirada.

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0
1´ = 50 kPa
Redução da pressão neutra em igual valor (-U)
3´ = 32 kPa U = -38 kPa ; v´= 38 kPa; h´= 38 kPa
oct = (50+2*32)/2 = 38 kPa

No campo Laboratório

Como todos os CPs estarão sob uma mesma tensão confinante efetiva,
todos apresentarão um mesmo desempenho, e, consequentemente, a mesma
resistência. A envoltória terá a seguinte característica. Existe uma relação única
entre a tensão efetiva e o volume de vazios (nenhuma compressão secundária
ocorre, o volume não muda com a tensão efetiva constante). Não há mudança no Vv
e não há mudança nas tensões efetivas.

r

Envoltória de ruptura

Su

3 3 1 3 1 1

Figura 03 – Envoltória UU

O ensaio

O aumento da tensão total provoca igual aumento da pressão neutra (’ch


não se altera). A resistência do solo independe da tensão confinante, somente da
tensão confinante que a amostra já tenha sido submetida no passado. su = cu. UU =
0.

Porque se utiliza o ensaio UU?

Porque é o ensaio mais comum realizado para medir a resistência UU.


Justifica-se ainda pelos erros de compensação. Amostras deformadas tendem a
reduzir a resistência não drenada. A anisotropia também é um fator importante, além
da hipótese de deformação plana onde as condições de tensão são 3D. Estes
fatores tendem a reduzir a resistência não drenada de modo que c (Su)  c’ torna-se
negligenciável na geotecnia.

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Figura – Esquema de realização do ensaio UU

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Resultados:

Figura – Resultados de amostras parcialmente saturadas – UU

O 3 é constante, vai crescendo até tocar a envoltória de ruptura, todos os


círculos possuem o mesmo diâmetro. Para o solo não saturado, o 3c comprime o ar
dos vazios e aumenta a tensão efetiva s = c + tan. Porém quando Sr = 100% Su =
Cu.
Na figura abaixo verifica-se que a parte inicial da curva  x  , principalmente
para amostras indeformadas são extremamente dependentes da qualidade da
amostra e também a sensibilidade afeta a forma da curva (argilas mais sensíveis
apresentam um pico mais bem definido). A máxima tensão desviatória (’1-’3)máx
geralmente ocorre para baixas deformações  0,5%.
Obviamente se não há variação de volume o solo não aumenta a resistência
e os circlos de Mohr irão ter o mesmo diâmetro. No ensaio UU a tensão de
confinamento é a mesma, não há variação. Se todas as amostras possuírem o
mesmo w% e , elas terão a mesma resistência, com isso   0 e s  c.
Para solos parcialmente saturados os ensaios definem inicialmente uma
curva até a argila se tornar 100% saturada. Desta forma, a tensão confinante irá
comprimir o ar nos vazios e diminuir o volume de vazios. Com o aumento da tensão
confinante uma maior quantidade de ar é comprimido e eventualmente o solo se
encontra 100% saturado.
Em princípio é possível medir as tensões efetivas, apesar de pouco comum.
Desde que as tensões efetivas na ruptura são independentes da tensão total
aplicada, existe somente um círculo de tensões efetivas na ruptura. Para conhecer o
’ e c’ em ensaios UU é necessário lembrarmos da hipótese de Mohr, medindo o
ângulo de ruptura em amostras rompidas do ensaio UU. Esta hipótese teria um
problema prático. Deve-se notar que o ângulo de ruptura é definido na envoltória
efetiva r = 450 + /2. Desta forma, considerando que a ruptura se dá em termos de
tensões efetivas deveria se usar o valor de ’ na equação ao invés de . Normalmete
c’ < c (a magnitude do erro depende de ’).
Normalmente a resistência não drenada é normalizada Su/a’ com a tensão
de pré-adensamento para comparar com outros dados.

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Figura – Resultados de ensaios UU

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Ensaio de compressão Simples

Caso particular do ensaio UU (c -= 0). Pode ser empregado para conhecer a
resistência não drenada de solos argilosos. A condições são idênticas ao ensaio UU,
desde que Sr = 100% e solo arenoso, Ausência de trincas e ruptura rápida (10 a 15
min).
Hipóteses:
a. A amostra precisa estar 100% saturada;
b. A amostra não pode conter fissuras ou outros defeitos, deverá estar
intacta, raramente amostras pré-adensadas estão intactas e normalmente
amostas NA possuem algumas fissuras;
c. O solo precisa ser de granulometria fina, somente solos argilosos são
viáveis para a compressão simples;
d. A amostra precisa cisalhar rapidamente, se o tempo de ruptura for muito
longo, a evaporação e o secamento da superfície podem ocorre e
aumenta a tensão confinante, aumentando a resistência. O tempo típico é
de 5 a 10’.

Rc   r   1   3
Rc  1   3 Erros de  15%
cu  
2 2

Relações genéricas:

cu = (0,4 a 0,5) Rc – justifica-se quando se sabe que o UU são baixos;

Muitas argilas tem uma brusca queda na resistência quando sua estrutura é
destruída. “quick-clays” – Escandinávia.

Ensaio CD

Caso a pressão efetiva seja igual a tensão efetiva da amostra, o resultado


será igual ao dos ensaios UU da mesma amostra. Cada ensaio CU indica a
resistência não –drenada para o estado de tensões efetivas correspondente à
tensão confinante do ensaio para o ensaio CU, pode-se ter o seguinte resultados:

Su3
Su2

Su1

3 3 1 3 1 1

Figura 04 – Amostra normalmente adensada

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Su  30  (Su / 0´)=RRna

Su3
Su2

Su1

3 3 1 3 1 1 

Figura 05 – Amostra pré - adensada

Su Su
( ) sa  ( ) na ( OCR ) m
 0  0
Su  RRna (o )1 m (a  ) m

A resistência não drenada é uma função da tensão efetiva a que o solo esta
submetido e da tensão de pré – adensamento. Na realidade Su depende do índice
de vazios do solo, sendo ele consequência das tensões efetivas e da a´.

Fatores que afetam a resistência não – drenada

Amostragem – A retirada da amostra, o amostrador, como consequência a


resistência tende a diminuir;

Estocagem – As amostras não conservam a pressão neutra negativa, mesmo não


ocorrendo drenagem, pode ocorrer absorção (pois a pressão é negativa). Esta perda
pode chegar a 40%. Caindo a pressão neutra cai a tensão confinante efetiva e,
consequentemente, a resistência *em menor proporção). A medida que a tensão
efetiva inicial diminui o solo vai ficando mais sobre – adensado OCR = a´/ 0´. A

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resistência depende mais da tensão de sobre - adensamento a´ do que de o´


(tensão efetiva inicial atuante) (da mesma forma o e). Diante deste fato tem sido
sugerido que a resistência não drenada seja obtida por meio de ensaios CU,
readensando – se os CPs sob tensões efetivas médias, ou, preferencialmente,
anisotropicamente, com tensão axial igual a vertical efetiva de campo e com pressão
confinante igual a horizontal efetiva de campo.

Anisotropia – Resistências diferentes. Observe a Figura 06. Verifica-se três


estados: 1) O ativo, abaixo da área carregada, quando ocorre aumento das tensões
verticais, 2) O cisalhamento simples – deslocamento paralelo ao plano horizontal e
3) O passivo – Ao lado da área carregada, a solicitação é maior na direção
horizontal. A resistência é diferente sendo maior na CA do que no cisalhamento
direto que é maior do que a extensão lateral.

Ensaio de compressão - 1
Ensaio de
extensão - 3
Ensaio de cisalhamento - 2

Figura 06 – Efeito da anisotropia

Diferentes tipos de ensaio:

A anisotropia é importante pois para a análise de estabilidade, a variação da


tensão de cisalhamento com a direção ao longo da superfície de deslizamento afeta
significantemente os resultados.

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Figura – diferentes ensaios de laboratório para diferentes condições de


carregamento

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Tempo de solicitação

Não é certo pensar que se o terreno suportou uma certa carga e não rompeu
imediatamente após a aplicação da carga, sua estabilidade esta garantida, vide o
gráfico da Figura 07.

0.5 dia Tempo de carregamento


até a ruptura
Tensão (kPa)

1 dia

2 dias

4 dias
8 dias

Deformação

CS

1.5

0.5
0.1 1 10 Tempo em dias

Figura 07 – Resultados de ensaio de compressão com diferentes velocidades


e coeficientes de segurança para respectivas resistências (PINTO, CS, 2000)

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Crítica aos ensaios

Compressão Simples – não são os mais indicados, pois são muito alterados com a
amostragem e estocagem e só podem podem ser executados rapidamente (10 a
15´). Ensaios rápidos são resultados muito menores do que os correspondentes as
velocidades reais. As perturbações da amostra diminui a resistência e a valocidade
aumenta, os dois efeitos podem compensar, mas nunca se saberá qual a real
resistência do solo;
UU – Só são melhores pois podem controlar a velocidade, o fato de poder aplicar um
confinamento na amostra não compensa a perda de tensão efetiva, sob a qual não
tem controle;
CU – São os mais indicados, pois eles recolocam previamente o estado de tensões
em que se encontra no terreno. Permitem também determinar o m da equação
anterior com o qual é possível determinar a resistência em outras situações.

Estimativa da resistência não drenada - Su

Ensaios de laboratório:

Cisalhamento direto, ring test, cisalhamento simples, hollow cylinder test (teste do
cilindro vazado), deformação plana, cisalhamento simples.

Resistência drenada a partir de ensaios de campo


(Exceto o SPT todos os ensaios foram desenvolvidos na Europa)

Maior desvantagem do campo: os valores são obtidos indiretamente através


de correlações – ensaios ou empíricas ou por retoanálises de teorias ou rupturas
reais.
Todos os métodos possuem fatores de correção característicos.

O SPT

Mello (1971) – Solos argilosos sensíveis, com várias formas de obtenção de Su,
resultando em dispersão significativa.
Su
 0,4  20
N

Stroud (1989) – Argilas PA, não sensíveis, baseado em ensaios triaxiais realizados
com amostra D = 100mm.
Su
 46
N

Os valores não devem ser utilizados para solos moles com N < 5.

O VANE TEST

Ensaio de cisalhamento de campo por meio de palhetas (VANE TEST) (MB


3122/ABNT 10905) (ASTM STP 1014)
(Vide apostila de ensaio de campo)

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6T
Sur .ou.Su 
7D 3
Em que: T = torque máximo medido (kN.m), D = Diâmetro da palheta (m)

Su – resistência oferecida ao torque. “ igualando o torque máximo ao


momento resistente do cilindro ”. Aplica-se a uma velocidade de 60,60 / min. H = 2D
(profundidade mínima do teste 50cm ou > 4  do furo  65 mm). Em 4 horas é
possível determinar a Su de ½ em ½ m num furo de até 20m. Em contrapartida para
retirar 4 amostra indeformadas do solo até a profundidade de 20 m requereria 3 a 4
dias. Após realizada a aplicação do torque máximo são realizadas 10 revoluções
completas na palheta e refeito o ensaio para determinar a Sur (amolgada)
Problemas do ensaio do Vane Test:
a) a rotação deve ser feita com elevada velocidade de modo a evitar que as
pressões neutras dissipem (5 minutos atinge a resistência). A resistência
é muito superior ao carregamento lento da obra.
b) A resistência à rotação das palhetas é principalmente ao longo das
geratrizes do cilindro (superfície vertical). Não é por este plano que o solo
é solicitado.

Fatores que interferem nas medidas

a. Anisotropia
b. Condições de drenagem
c. Efeito da inserção da palheta no solo

A Figura 08 apresenta os resultados de ensaios de palheta in situ em argila


do Rio de Janeiro, obtidos em vários furos próximos.

0
Indeformado
deformado
z-m

12
0 25
Su (kPa)

Figura 08 apresenta os resultados de ensaios de palheta in situ em argila do Rio de


Janeiro, obtidos em vários furos próximos (Ortigão & Collet, 1986 apud Schnaid)

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Sensibilidade das argilas

Su
St 
S ur
Em que: Su = Resistência indeformada e Sur = resistência deformada
(amolgada).

Tabela 01 – Sensibilidade das argilas (Skempton & Northey, 1952)


Sensibilidade St
Insensível 1
Baixa 2-4
Média 4-8
Alta 8-16
Muito Alta >16

Argilas sensíveis são geralmente rijas em seu estado natural. A sua


resistência pode ser superior a 100 kPa mas o LL  2. A amostra da figura abaixo
tem uma sensibilidade d 1500 (extra-quick) –argila de Ottawa.

Tabela – Sensibilidade das argilas moles do litoral brasileiro (Schnaid, 2000)


Local Valor médio s Referência
Santa Cruz – RJ 3,4 Aragão, 1975
Santa Cruz – RJ 3,0 1-5 Aragão, 1975
(offshore)
Rio de Janeiro – RJ 4,4 2-8 Ortigão e Collet, 1987
Sepetiba – RJ 4,0 Machado, 1988
Cubatão – SP 4-8 Texeira, 1988
Florianópolis – SC 3,0 1-7 Maccarini et al, 1988
Aracaju – SE 5,0 2-8 Ortigão, 1988
Porto Alegre - RS 4,5 2-8 Soares, 1997

Ensaios de cone CPT e CPTU (ABNT MB-3406/91)

(qc   v 0 )
Su 
Nk
(qt   v 0 )
Su 
N kt

Em que: Nk e Nkt = fatores de capacidade de carga, pode-se relacionar de


maneira simplificada com o ensaio de palheta (Su medido no ensaio de palheta) ou
podem ser obtidos pela aplicação da TEL ou pelo método da trajetória de
deformações), qt = resistência real mobilizada no ensaio do cone qt = qc +(1-a)u2 (em
que: a = An/At – relações de áreas e u2 – pressões neutras medidas na base do
cone)

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qc   v 0
Nk 
Su
qt   v 0
N kt 
Su

Ou ainda pela equação de (Houlsby e Teh, 1988)

Ir
N k  N s (1,25  )  2,4   s  1,8
2000
4
Em que: N s  (1  ln( I r ) = pressão limite de cavidade; Ir – índice de rigidez (50  Ir
3
3  f 
 500) = G/Su;  f    - Fator de adesão da interface (0 < f < 1); s – fator
2  S u 
de adesão do fuste do cone (0 < s < 1),  = (v0 - h0)/2.Su

Valores:
Depósito de Sarapuí - RJ (Ir  80)
Depósito do Ceasa - RS (Ir  120)
Nk  12 (Porto Alegre)
Nkt  10 a 20.

Fatores de cone de argilas brasileiras e de outros países (Schnaid, 2000)


Autor Local Nkt Ensaios
Rocha filho e Alencar (1985) Sarapui/RJ 10-15 Palheta
Danzinger (1990) Sarapui/RJ 8-12 Palheta
Coutinho et al (1993) Recife/PE 10-15 UU e CU
Árabe (1995) Vale Quilombo/SP Palheta e CU
Nacional

12-15
Soares et al (1997) Porto Alegre/RS 8-16 Palheta
Sandroni et al (1997) Sergipe 14-18 Palheta e CU
Batista e Sayao (1998) Salvador/BA 12-18
Orior Dan et al (1982) Irlanda no Norte 12-18 Palheta
Senneset et al (1982) Noruega 10-20
Tumay et al (1982) Mississipe/EUA 15
Lunne e Kleven (1981) e Dobie (1989) Argilas Marinhas 9-19 Palheta
Marsland e Powell (1998) Schnaid et al Inglaterra 10-25 Palheta
(1989)
Lunne et al (1976) Escandinávia 15-21 Palheta
Tumay et al (1982) Canadá 11-13
Internacional

Kjekstad et al (1979) e Toolon (1982) Mar do Norte 10-20 UU e CU


Jamiolkowski et al (1982) Itália 8-14 Palheta
Marr (1981) Golfo do México 10-20 UU
Lacasse e Lunne (1982) e Ass et al Noruega 12-20 Palheta
(1986)

Ensaio pressiométrico.

É importante notar que Su obtida no ensaio pressiométrico é


consideravelmente superior a obtida nos outros ensaios.

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Plota–se a curva pressão (kPa) x ln (v/v) a declividade é igual a Su. uma


outra alternativa, para curvas não lineares (indicam que passa da resistência não
drenada de pico para valores indicativos de estado último), consiste em estimar Su
diretamente a partir dos valores da pressão limite pl obtidos na curva pressiométrica.

pl   h 0
Su 
 G 
1  ln( )
 Su 

Em que: pl – Pressão limite – tensão atingida na expansão para v/v = 1.0.


Entretanto, o valor de pl para v/v=1.0 não pode ser obtida em ensaios
pressiométricos.
SBPM atingem valores de v/v = 0,20;
CPMT atingem valores de v/v = 0,50;
MPM atingem valores de v/v = 0,50;
É interessante adotar extrapolações dos dados medidos experimentalmente.
O método de Ghionna et al (1981) poderá ser utilizado (extrapolação visual da curva
p x ln (v/v)).

Figura – Determinação da Su em depósito argiloso da baixada Santista (árabe apud


Schnaid, 2000)

Dilatômetro

S u  0,22 'v 0 (0,5k D )1, 25 (Mesri, 1975)


S u  0,20 'v 0 (0,5k D )1, 25 (Lacasse e Lunne,1983)
S u  0,35 'v 0 (0,47k D )1, 25 (Kamei e Lwasaki, 1994)

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p0  u 0
Em que: kD = índice de tensão horizontal k D 
 'v

Resistência não - drenada a partir de correlações

Skempton (Londres)

Su
 011
.  0.0037IP
 0
“ é boa para comparar resultados de ensaios em laboratório mas não deve ser
NUNCA UTILIZADA PARA PREVER RESISTÊNCIA DE CAMPO”

Mesri (1975) (Chicago)

Su Suc
 f ( IP)   0.22
a  a 
Em que  = fator de correção. Existe ainda muitas dúvidas quando a relação com o
IP.

Bjerrum (1973)

Su
 f ( IP )
 0
Su
( NA)  0,25  indicam
 0
Su
( PA)  0,25  indicam
 v0 
Jamiolkowski (1985) e Ladd (MIT – Boston)

Su
 (0.23  0,04)(OCR) 0.8
 v0 
Comparação entre os diferentes valores obtidos por diferentes fontes

1 – Não existe um valor que possa ser citado como Su, no seu estado natural;
2 – Havendo limitação da disponibilidade de ensaios a fazer, o ensaio para
determinar a resistência dos solos deixa de ser um ensaio de resistência e passa a
ser o ensaio de adensamento. Com a´ é possível fazer uma boa estimativa a partir
de correlações empíricas confiáveis;

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3 – o ensaio de Vane Test quando corrigido e referenciado pelas correlações é um


ensaio confiável para projeto.

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Tabela – Caracterização de depósitos de argilas moles brasileiras (Schnaid, 2000)


Local w (%) LL (%) LP (%) Argila A Argilo- s Matéria Su St Referência
%<2 minerais orgânica (kPa)
P S
P. Alegre 47-140 80-130 30-57 37-70 0,9-1,7 C E,I 2,54-2,59 0,4-6,3 10-32 2-7 Soares (1997)
Sarapuí/RJ 110- 110-140 75-110 55-80 1,4-2,0 C I,M 2,60-2,67 4,0-6,5 5-15 2-4 Duarte (1997)
160 Costa Filho et al (1995)
Sayão (1980)
Santos 100- 80-150 30-90 30-80 1,0-2,2 C 2,60-2,69 4,0-6,0 10-60 4-5 Samara et al (1986)
140 Árabe (1995)
Massad (1985)
Recife 50-150 30-110 15-75 50-80 Inativas C 2,50-2,70 4,0-8,0 2-40 Gusmão Filho (1986)
Ferreira et al (1986)
Coutinho e Ferreira
(1993)
J. Pessoa/PB 35-150 30-60 30-80 30-80 2,50-2,65 13-40 2-3 Conceição (1977)
Jurtunaíba/PB 40-400 50-390 C 2,10-2,60 7,0-70,0 5-37 3-20 Coutinho (1998)
Sergipe/SE 57-72 58-85 1,0-1,4 C 2,69 2,5-6,5 8-20 2-7 Ribeiro (1992)
Rio Grande/RS 38-64 41-90 34-96 34-96 0,4-1,1 C 2,48-2,66 Dias e Bastos (1994)
Vitória/BA 30-130 20-57 26-81 C Castello e Polido (1986)
St – Sensibilidade; A – Atividade.

De fato solos relativamente homogêneos e argilas sedimentares de baixa a média sensibilidade NA ou levemente pré-adensadas são
uma exceção aos invés da regra. Provavelmente argilas fissuradas rígidas, solos orgânicos, solos variegadas, argilas altamente sensíveis e
solos residuais e tropicais são em maior quantidade. Geralmente estes solos possuem fissuras e defeitos e são extremamente heterogêneos e
variáveis dentro de um campo pequeno. Ensaios de campo e tratamento estatístico pode ser uma boa maneira para se avaliar a variabilidade
do material no campo.

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Aplicação do ensaio UU

Figura – Exemplos de aplicação do ensaio UU


Tabela – Condições críticas para estabilidade de argilas saturadas.
Argila mole NA Argila rija SA
Fundação
Condição crítica UU UU e chegar CD
Obs: Usar  = 0 e c = Su com correções Estabilidade não é o principal problema
Escavação
Condição crítica UU ou CD CD
Obs: Se o solo for muito sensível mudar Usar análise efetiva. Se a argila for
para condição não drenada fissurada c’ e ’podem reduzir com o
tempo.

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