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DIREITO PROCESSUAL PENAL

01- Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil
O MP de determinado estado ofereceu denúncia contra um indivíduo,
imputando-lhe a prática de roubo qualificado, mas a defesa do
acusado negou a autoria. Ao proferir a sentença, o juízo do feito
constatou a insuficiência de provas capazes de justificar a condenação
do acusado.
a) estado de inocência.
b) contraditório.
c) promotor natural.
d) ne eat judex ultra petita partium.
e) favor rei. (Correta)

ANÁLISE DA QUESTÃO 01

Letra A
A1= Princípio da Inocência (presunção de inocência ou princípio da não
culpabilidade)
Art. 5º, LVIII da CF: "Ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória". Esse princípio não é absoluto, porque a
inocência é uma presunção e cabe seu afastamento que se dá pela sentença
condenatória.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal adotou o polêmico entendimento de
que, após a decisão em segunda instância, o réu já pode ser considerado culpado e
ser preso, mesmo que consiga depois provar sua inocência via recurso
nos Tribunais Superiores.

O principal argumento que justifica o novo posicionamento é o de que os


Tribunais Superiores (Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça)
não discutem fatos e provas, em recursos da decisão de segundo grau, mas sim
apenas matérias de direito. Dessa maneira, votaram os ministros Edson Fachin,
Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Teori Zavascki.

O principal argumento contrário encontra base na própria Constituição Federal


(art. 5º, LVII, Constituição Federal), que determina que a não culpabilidade é
considerada até o final do processo, quando não cabem mais recursos. Os
ministros que votaram de acordo com esse posicionamento foram os seguintes:
Rosa Weber, Marco Aurélio, , Gilmar Mendes Celso de Mello e Ricardo
Lewandowski.
Letra B
B1= Princípio do Contraditório
Definido pelo Art. 5º, LV, CF. Toda manifestação no processo enseja o direito da
outra parte de manifestar-se igualmente. O contraditório implica na participação
ativa das partes e na igual oportunidade de sua manifestação. A parte contrária
deve ser ouvida.

Segundo o inc. LV, o princípio do contraditório (ou simplesmente “contraditório”,


como é frequentemente designado) aplica-se a todos os litigantes, ou seja, a todos
aqueles que defendam seus interesses em um processo, seja ele judicial (levado a
julgamento no Poder Judiciário) ouadministrativo (submetido a decisão de
qualquer outro órgão público).

Contraditório consiste essencialmente no direito que todas as pessoas têm de


poder expor seus argumentos e apresentar provas ao órgão encarregado de
decidir antes que a decisão seja tomada. É o direito à manifestação.

Letra C
C1= Princípio do Promotor Natural
O princípio do promotor natural ou legal, também chamado de promotor
imparcial, é um princípio constitucional implícito que decorre do princípio do juiz
natural previsto no artigo 5º, inciso LIII, da Constituição Federal, in verbis:
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
Assim como o imputado tem o direito de ser processado por um juiz competente e
previamente constituído, sendo vedada a criação de juízo ou tribunal de exceção
(art. 5º, inciso XXXVII, da Constituição Federal), também terá o direito de ser
acusado por Órgão previamente indicado por lei.

Assim sendo, o réu tem o direito público subjetivo, além do de conhecer quem o
acusa, o de somente ser acusado por um órgão estatal escolhido de acordo com
critérios legais previamente fixados. O Plenário do STF, por maioria de votos, já
por inúmeras vezes afirmou a existência do princípio do Promotor Natural,
condenando a figura do promotor de exceção, por ser incompatível com a Lei
Maior de 1988. O Pretório Excelso afirmou que somente o promotor natural é
que deve atuar no processo, atuando ele em zelo ao interesse público, garantindo
a imparcialidade do órgão ministerial, e sua atuação técnica e jurídica, de acordo
com suas atribuições e prerrogativas legais, preservando, assim, sua
inamovibilidade.

Letra D
D1= Princípio do ne eat judex ultra petita partium (o juiz não pode ir além dos
pedidos das partes)
Iniciada a ação fixam-se os contornos da res in judicio deducta. Entretanto o juiz
pode reformar o artigo capitulado para o fato narrado. O juiz não pode mudar o
pedido mas pode mudar o tipo penal arguido. O que importa no processo penal é a
narrativa dos fatos. O direito é dito pelo juiz, que pode tipificar em outros artigos.
O juiz requer, quando verifica erro na tipificação, solicita o aditamento da
denúncia.O titular da ação penal é o Ministério Público. Ne procedato judex ex
offício significa que o juiz não pode dar início ao processo. As partes devem fazê-
lo.

f) CORRETA =Letra E (favor rei).


E1= Princípio do favor rei (in dubio pro reo ou favor libertatis)
A ausência de certeza da culpa do acusado ou da certeza da ocorrência do fato
criminoso indica a absolvição do réu. No Art. 386 do CPP se diz: o juiz absolverá
o réu desde que reconheça que não está provada a existência do fato.

in dubio pro reo x in dubio pro societate


O princípio do in dubio pro societate ocorre em dois casos:
a) quando o Min. Público oferece denúncia e o Juiz tem dúvida se deve ou não
aceitá-la, então ele deve aceitá-la porque o interesse social está acima do interesse
do acusado. Como essa aceitação ainda não é o julgamento, não fere as garantias
do acusado.
b) outro caso de aplicação do in dubio pro societate ocorre no procedimento do
juri. A decisão de pronúncia (Art. 413 do CPP), que decide se o acusado vai ou
não ao tribunal do juri, é uma decisão onde se aplica o in dubio pro societate. Se o
juiz estiver em dúvida, deve optar pelo tribunal do juri (crimes dolosos contra a
vida).

E2= O princípio do favor rei, é também conhecido como princípio do favor


inocentiae, favor libertatis, ou in dubio pro reo, podendo ser considerado como
um dos mais importantes princípios do Processo Penal, pode-se dizer que decorre
do princípio da presunção de inocência. O referido princípio baseia-se na
predominância do direito de liberdade do acusado quando colocado em confronto
com o direito de punir do Estado, ou seja, na dúvida, sempre prevalece o interesse
do réu. O mencionado princípio deve orientar, inclusive, as regras de
interpretação, de forma que, diante da existência de duas interpretações
antagônicas, deve-se escolher aquela que se apresenta mais favorável ao acusado.
No processo penal, para que seja proferida uma sentença condenatória, é
necessário que haja prova da existência de todos os elementos objetivos e
subjetivos da norma penal e também da inexistência de qualquer elemento capaz
de excluir a culpabilidade e a pena.

E3= Sobre o tema é bom enfatizar a diferenciação entre os princípios do FAVOR


REI e IN DUBIO PRO REO:
- PRINCÍPIO DO FAVOR REI = O direito de ir e vir do indivíduo é
transindividual, ou seja, ultrapassa da figura do indivíduo, e como visto o Estado
tem o dever de resguardá-la, portanto sempre que o juiz estiver diante de uma
dúvida insuperável entre punição e liberdade, deverá prevalecer a liberdade do
acusado, utilizando-se para isto do Princípio do Favor rei. Inicialmente o
mencionado princípio deve ser entendido como gênero do qual são espécies o In
dubio pro reo, a reserva legal ou princípio da legalidade, a retroatividade da lei
penal mais benéfica ou princípio anterioridade da lei penal, proibição
da reformatio in pejus, do non bis in idem, entre outros que visam assegurar ao
máximo a liberdade do indivíduo perante o poder punitivo do Estado. Em suma,
visando definir tal princípio Fernando Capez, assevera que o princípio do favor
rei consiste em que TODA E QUALQUER dúvida ou interpretação na seara
do processo penal, DEVE SEMPRE ser levada pela direção mais benéfica ao
réu (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 10ª Edição revista e atualizada.
São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 39);

- PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO = Como acima destacado tal princípio


decorre de outro (favor rei), porém o ponto de diferenciação deste princípio ora
analisado (in dubio pro reo) se faz que neste a analise da benesse concedida ao réu
se faz apenas no momento da sentença. Ou seja, o in dubio pro reo é uma regra
de julgamento, onde em caso de dúvidas, NA SENTENÇA, cabe ao juiz
absolver o réu.
Por fim, cabe enfatizar que para parte da doutrina não há diferenciação entre os
princípios acima analisados.
Referências: www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17138&revista_caderno=22

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