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Novos caminhos para a missão

25 e 26 dede Novembro de 2017


Belém - PA

Professor: Joncilei Mendes

Estudos Intensivos da Igreja de Cristo Cidade Nova 1


CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. O Caminho da Integralidade.

2. O Caminho do Diálogo.

3. O Caminho da Misericórdia.

4. O Caminho da Conexão

5. O Caminho da vida Missional (EBD)

6. O Caminho do Movimento (Sermão)

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O CAMINHO DA INTEGRALIDADE
Introdução
“A igreja é um povo que foi chamado para sair do mundo a fim de adorar a Deus e, ao mesmo tempo, é
enviado de volta ao mundo a fim de testemunhar e servir.” (John Stott)

“A igreja é a única sociedade cooperativa no mundo que existe em benefício dos que não são membros.”
(Arcebispo William Temple)

“A igreja só é igreja quando o é para os de fora.” (Dietrich Bonhoeffer)

Hoje iniciamos os estudos intensivos sobre a Missão aqui em Belém e queremos ter um novo olhar sobre a
obra missionária e a nossa participação nesta obra. Vamos começar com um novo Paradigma missionário, o
paradigma integral de Missão.
Um paradigma é um modelo, um padrão a ser seguido. Quando falamos em Novo Paradigma, não
queremos dar entender que tudo o que temos feito está errado e precisa ser modificado. Na verdade, este
novo modelo e paradigma de missão é mais um resgate de um modelo Bíblico que Jesus e os apóstolos
seguiam. É considerado novo porque muitas pessoas o têm esquecido e adotado novas formas de fazer
missão.
Neste novo paradigma queremos abordar os elementos essenciais para se cumprir a missão de Deus diante
do mundo: A Missão, A Mensagem, A Igreja e a vida.
I. A ORIGEM DA MISSÃO: DEUS
A. Definição de Missão: Significado Etimológico: A palavra “missão” vem da expressão latina
missione, que se origina por sua vez do verbo mittere, que significa: ação, tarefa, ordem, mandato,
compromisso, incumbência, encargo ou obrigação de enviar missionários. No grego corresponde á
palavra apostolé que, em português é “apóstolo” e significa “alguém enviado por ordem de outrem
para realizar uma tarefa”.
B. A Missão de Deus- Esta verdade mostra que, desde sempre, o trino Deus tem estado numa
missão. Deus é o 1º missionário e o idealizador e capacitador de missões. Na Bíblia vemos a iniciativa de
Deus em buscar alcançar a humanidade. Esta atividade missionária de Deus na Bíblia é bem percebida
pelo uso dos termos “chamar” e “enviar”. Deus é sempre mostrado como o Deus que chama alguém e
o envia a alguém. O Pai envia ao Filho ao mundo na encarnação (João 1:14); O pai guia ao Filho durante
seu ministério (João 5:31); O Filho envia a igreja ao mundo depois de sua ressurreição (João 20:21). O
Filho envia o Espírito ao mundo em Pentecoste (Atos 2: 1-4).
a. As implicações da Missão sendo Divina
1. Ela não pode ser abortada – Trata-se do plano divino traçado na eternidade e trazido à
execução no tempo pleno e perfeito. Ninguém pode frustrar uma obra divina.
2. É Deus quem chama e capacita – Como plano divino depende essencialmente de Deus e não
do homem. Por isso repousa no poder e propósito divino e não na capacidade humana. A Bíblia
mostra que todos a quem Deus chamou Ele capacitou (Isaías, Moisés,Gideão,etc.). Nossa
preocupação não deve ser se somos capazes, mas se seremos obedientes. Ele garante o sucesso
da missão.
3. A soberania divina é que determina os resultados – Ao contrário do que muitos pensam o
resultado das missões não pode ser medido por números ou estratégias missionárias, ou ainda
atribuídos apenas ao esforço e trabalho dos missionários. Há a responsabilidade humana de todo
cristão ir e pregar, e a do não cristão que ouve, de crer, mas é sempre Deus que fará a semente
do evangelho germinar, crescer e produzir frutos.

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4. A Igreja é a sua principal agência missionária – A estreita relação de ser igreja de Jesus e
ser enviada por Jesus nos moldes de sua própria missão (Jo 17:18), é vista como insolúvel, pois
não existe nenhuma outra igreja senão a Igreja enviada ao mundo e não há outra missão a não
ser a da Igreja de Cristo.
II. A COMUNIDADE DA MISSÃO: A IGREJA
A. A Missão e a Igreja – Vimos anteriormente que a missão é anterior a Igreja. Deus é quem
primeiramente e ativamente envolvido e realizando a missão. A igreja é a agente desta missão de
Deus na terra. Explorar estes dois conceitos sobre a missão e a igreja nos ajuda a entender melhor
esta relação da igreja e a missão de Deus.
1. A Missão tem uma igreja – A visão Bíblica da igreja não é de uma instituição estática que
determina a sua própria missão. Pelo contrário, Deus tem uma missão neste mundo e Deus está
envolvido em Sua missão; Ele está chamando e enviando pessoas engajadas nesta missão e eles
são a igreja. Nessa perspectiva, missão não é primariamente a atividade da igreja, mas de Deus.
A ênfase não é que Jesus deu à Igreja uma missão. Em vez disso, a ênfase é que Jesus convidou a
Igreja a participar na missão preexistente de Deus.
2. A Missão é a Igreja – A missão não pertence a igreja. Não é algo que a igreja “faz”. É uma
característica do Deus trino, que é assumida pela igreja como uma marca da sua identidade.
Missão então não é o que a igreja faz, mas o que a igreja “é”, como criada a imagem e
semelhança da Trindade. A igreja é missão.
 (Mateus 5:13) - A Igreja é o Sal da Terra – Leva sabor e preservação do sabor de Deus no mundo.
 (Mateus 5:14-16) - A Igreja é a Luz do mundo – Leva luz às trevas deste mundo pecador
 (2 Coríntios 5:20)-A Igreja é embaixadora de Cristo – Promove a reconciliação do mundo com Deus
em Cristo.
 (1 Pedro 2:9-10) - A Igreja é geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido-
Anuncia as virtudes de Deus ao mundo.
 Nós somos a evidência visível de atividade invisível de Deus no mundo.

III. AS DIMENSÕES DA MISSÃO DA IGREJA


A. Missão Multidimensional - A missão da igreja não é determinada pela própria igreja, mas pelo
Senhor da igreja. A igreja foi chamada por Deus para ministrar em várias dimensões.
A missão da Igreja em 3D:
1. 1ª Dimensão = Vertical  Deus:
 Adorar a Deus- Uma das principais missões da Igreja é adorar a Deus (Jo 4:19-24)
 Glorificar a Deus- Pelas atitudes, pensamentos e adoração (Rm 15:9-11;1Co 6:20;Ef 3:21)
 Servir a Deus- A igreja existe para servir a Deus de todas as formas ordenadas por Deus
(Mt 6:24;Cl 3:24;Hb 6:10)
 Obedecer a Deus- A igreja deve obediência a Deus o Senhor e Rei da igreja (At 5:29;Ef 5:24)
2. 2ª Dimensão = Horizontal  Pessoas:
o Proclamar as virtudes de Deus (Ef 3:10-11;1Pe 2:9)
o Fazer Discípulos de Cristo (Mt 28:19)
o Evangelizar os perdidos (Mt 28:18-20;Mc 16:15-16;Lc 24:47;At 1:8;Rm 1:14)
o Edificar os salvos- (Ef 4:11-16;2Ts 1:3-4)
o Auxiliar os necessitados- (Mt 25:31-46;At 4:34;Tg 1:27)

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3. 3ª Dimensão = Oculta/Invísivel  Seres espirituais:
 Impedir o avanço do Mal (Mt 5:13-17)
 Denunciar o mal (Ef 5:11;)
 Prevalecer contra as obras do inferno (Mt 16:18)
 Resistir e vencer o Diabo e seus aliados (Ef 6:10-18;Tg 4:7)
 Destruir argumentos e pretensões contra o conhecimento de Deus (2Co 10:3-5)
B. A missão da igreja não pode ser reduzida a evangelismo e culto. Isto faz parte da missão da
igreja, mas não é a sua totalidade. A missão que Deus nos deu inclui múltiplas pessoas e dimensões
de atuação.
 A obra da igreja é espiritual, pessoal, missionária e social. Levando um evangelho que não apenas
salva, mas também transforma.
IV. O MODELO TRADICIONAL DE MISSÃO
A. O Conceito de Missão – No modelo tradicional a missão é concebida essencialmente como um
cruzar de fronteiras geográficas com o propósito de levar o evangelho do “mundo ocidental
cristão” para os campos missionários do mundo não cristão (países pagãos). Em outras palavras,
missão tinha apenas o sentido de missão transcultural (outro país, outra língua e outra cultura).
B. O Propósito da Missão – Neste conceito o propósito da missão era “salvar almas” e “plantar
igrejas”. O papel da igreja local ficou reduzido a prover pessoas para missões e dar apoio
espiritual e financeiro.
C. Prioridades da Missão:
  Crescimento de Igrejas
 Multiplicação de Igrejas

D. A Base Bíblica da Missão – A fundamentação Bíblica da missão neste modelo era a Grande
comissão. Os textos de Mc 16:15;Mt 28:18-20 e At 1:8 era a base Bíblica da urgência desta missão.
E. Os resultados da Missão Tradicional – Este Paradigma tradicional de fazer missão trouxe dois
tipos de resultados para a obra de Deus.
a. Resultados positivos - Graças a paixão por Cristo e pelas almas este modelo de Missão
impulsionou a expansão do cristianismo pelo mundo a fora até que o Evangelho chegou até nós.
Este modelo de missão inspirou grandes servos de Deus que deixaram suas terras e de forma
sacrificial dedicaram suas vidas em
prol do Reino de Deus.
b. Resultados negativos – Por outro lado, este modelo trouxe alguns efeitos para a igreja e a
obra missionária. Criou algumas Dicotomias que alienaram e limitaram a obra missionária
da igreja:
 A Dicotomia entre quem recebe e quem faz Missão- O trabalho missionário era tido
como algo que acontece de cima para baixa e da esquerda para a direita. Nações desenvolvidas
enviam missionários para países pobres e pagãos. Estes países eram encarados como quem
precisa receber o evangelho, raramente como quem pode levar o evangelho.
 

 A Dicotomia entre Clero e Leigos – Neste modelo quem está realizando a missão são os
missionários e pastores e os membros comuns ficavam excluídos do que Deus estava realizando
no mundo. Quem não tem um chamado para pregar o Evangelho transculturalmente ficava isento
da missão.
 A Dicotomia entre lar e campo missionário – O País onde se realiza a missão é sempre visto
como um “trabalho”, um lugar para se ministrar, mas o verdadeiro lar é a pátria, a terra natal.
Quando se entende que a missão foi cumprida, o missionário retorna a sua terra. Chegando a sua
terra é visto como lugar para se descansar e ganhar a vida, missão sempre fica restrito a outra
terra.

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V. O NOVO PARADIGMA MISSIONAL – MISSÃO INTEGRAL
A. O Novo Conceito de Missão – A Missão é compreendida no contexto da Teologia
(a natureza e o propósito de Deus), e não somente da Eclesiologia (plantar igrejas) e da
Soteriologia (a salvação de pessoas). A Igreja é enviada ao mundo como comunidade solidária
com o Cristo encarnado e crucificado, bem como ressurreto e exaltado: igreja como primeiro
ambiente do reinado de Deus e manifestação da presença de
Deus no mundo.
B. Nova Base Bíblica Missional: De uma ênfase exacerbada em
uma passagem bíblica para uma ênfase na mensagem bíblica
total. Para além da Grande Comissão.
 Lucas 4.18-21
 João 20.21
 Efésios 1.20-23
A. A Estrutura da Missão: De um entendimento exclusivo para um
entendimento inclusivo da missão de Deus
 Os cristãos não detém o monopólio da Missão de Deus.
B. O Objetivo da Missão- O propósito primeiro da missão da igreja não pode, por consequência, ser
simplesmente a implantação de igrejas e a salvação de almas; deverá ser o serviço à missão de
Deus, representar a Deus no e diante do mundo.

 “Em sua missão, a igreja é testemunha da plenitude da promessa do reino de Deus e é partícipante
da batalha contínua entre esse reinado e os poderes das trevas e do mal”.

C. A Comunidade da Missão: Da Maioria para a minoria.


 Não importa o tamanho, mas a efetividade: Sal.
 O mito da massa crítica.
D. Novos Princípios e Valores Missionais:
 Expansão do reino e não apenas conversões e multiplicação de igrejas - A missão da igreja
é a continuidade da missão histórica de Jesus nos Evangelhos. Ela essencialmente é o
estabelecimento e expansão do Reino de Deus. A nossa missão aqui e agora é a manifestação do
Reino como uma realidade presente em Jesus Cristo em pessoa e ação, na pregação do evangelho
e na realização de obras de justiça e misericórdia.
 Equilíbrio entre Palavra e obras – A igreja manifesta a presença visível do reino através das
obras de prática e da proclamação do Evangelho (Mt 5:16). Desta forma as boas obras, não se
tornam um mero apêndice da missão, mas uma parte integral da manifestação presente do Reino:
elas apontam para o Reino que já veio e para o Reino que está por vir.
 EU ACREDITO QUE A MINHA GERAÇÃO E A ANTERIOR ERA UMA GERAÇÃO MAIS MATEUS 28
(GRANDE COMISSÃO-PREGAR O EVANGELHO). ESTA GERAÇÃO É MAIS MATEUS 25 (Justiça social e
boas obras).
 Não devemos oscilar entre um extremo e o outro, mas um equilíbrio dos dois. O serviço do reino, a
promoção do reino deve proclamar o Rei e trazer glória ao rei.
E. Novos Resultados da Missão:
1. Reciprocidade Missionária - Pelo menos em princípio, todas as igrejas enviam e todas as
igrejas recebem. Em outras palavras, todas as igrejas têm algo a ensinar e algo a aprender com
outras igrejas.
O caminho que a missão segue não é de mão única — não vai dos países “cristãos” para os
“pagãos” — é uma via de mão dupla. Um exemplo disto é o movimento missionário com base nos

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países do hemisfério sul, que hoje envia um número crescente de missionários transculturais
inclusive a países do hemisfério norte.
2. Extensão do campo missionário - O mundo todo é um “campo missionário” e cada
necessidade humana é uma oportunidade de ação missionária. A igreja local é chamada a
manifestar o reino de Deus em meio aos reinos do mundo não só pelo que diz, mas também pelo
que é e por tudo o que faz em resposta às necessidades humanas que a rodeiam. A proclamação
do evangelho inclui tudo o que fazemos movidos pelo Espírito de Jesus, pois, “vendo ele as
multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor” (Mt 9.36).
3. Inclusão de novos missionários - Todo cristão é um missionário e chamado a seguir a Jesus
Cristo e a comprometer-se com a missão de Deus no mundo. Os benefícios da salvação são
inseparáveis de um estilo de vida missionário e isto implica, entre outras coisas, o exercício do
sacerdócio universal dos crentes em todas as esferas da vida humana segundo os dons e ministérios
que o Espírito de Deus outorgou livremente a seu povo. A tarefa dos “pastores e mestres” é o
“aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo” (Ef 4.12).

4. Estilo de vida missional - A vida cristã em todas as suas dimensões, em nível pessoal e
comunitário, é o testemunho primordial da soberania universal de Jesus Cristo e do poder
transformador do Espírito Santo. A missão vai muito além das palavras: tem a ver com a qualidade
de vida — ela se demonstra na vida que restaura o propósito original de Deus para a relação do ser
humano com o Criador, com o próximo e com a criação.

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CONTRASTE ENTRE OS PARADIGMAS DE MISSÃO
Paradigma Tradicional Paradigma Missional
 Doutrina  Relacionamento
 Discurso  Serviço
 Igreja  Reino de Deus
 Verdade  Amor
 O outro é ignorante  O outro também sabe
 Concordar comigo  Relacionar comigo
 Só palavras  Mais que palavras
 Idéias certas  Relações certas
 Monólogo  Diálogo
 Missão para  Missão com
 Converter pessoas  Sinalizar o reino
 Plantar igrejas  Transformar realidades
 Plano a salvação  Agenda do reino
 Individual  Coletivo
CONCLUSÃO
A missão da igreja é na verdade a missão de Deus. Deus tem uma missão e esta missão precisa
encontrar uma igreja no mundo que a realize. Somos este tipo de Igreja? Que se dedica a cumprir a
missão de Deus para este mundo e não cria uma missão própria?
Alguém disse uma vez: “Não peça que Deus abençoe o que você está fazendo, mas descubra o que Deus
está fazendo e junte-se a Ele, pois isto já é abençoado.”
Isto define bem o nosso alvo, discernir e descobrir a missão de Deus e nos unir a Ele na realização desta
missão. Sendo a missão Dele, receberemos Dele a direção, a capacitação e o sucesso que só a obra de
Deus pode desfrutar. Adaptando e usando uma frase do Teólogo Martin Achard: “A missão da igreja no
mundo não é principalmente uma questão de palavras ou ações: e uma questão de presença—a presença
do povo de Deus em meio a humanidade e a presença de Deus em meio ao seu povo”

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O CAMINHO DO DIÁLOGO
(Mt 9:35-38 e Lc 4:43-44)
Introdução
Talvez a maioria dos que estão aqui já ouviram esta frase batida e muito usada na evangelização: “Jesus é
a resposta!”. A pergunta inevitável que esta afirmação suscita é: “para qual pergunta?” Muitas vezes
nós deduzimos qual é a pergunta e às vezes observamos que muitos que abraçaram Jesus como respostas
logo o abandonam e outros que nunca se interessaram pela resposta que é Jesus! Por que isto acontece?
Então Jesus não é a resposta?
Acredito que o problema não é Jesus! Não é que Ele não seja a resposta, mas é que muitas vezes
apresentamos Jesus como respostas para perguntas que não estão sendo feitas. Nós nos equipamos com
respostas prontas, programas e estratégias pré-estabelecidas e não buscamos descobrir quais as reais
necessidades, questionamentos e convicções que as pessoas para quem estamos levando Jesus possuem e
procurar entender o porquê delas.
O diálogo e o relacionamento devem ser a base e eixo fundamental de nossa missão de evangelização.
“Não pode existir missão cristã sem diálogo” (Nazir Ali).
Muito do fracasso de nossa evangelização não é devido a falta de boas estratégias, bons materiais ou bons
evangelistas.
Na maioria das vezes o problema é a nossa abordagem, a nossa postura de evangelização que não é boa.
Muitas vezes é limitada e limitadora do outro.
A evangelização praticada por Jesus era uma evangelização de duas mãos. Reciprocidade, interação e
descoberta conjunta da verdade do Evangelho. São marcas da evangelização de Jesus que precisamos
seguir e replicar. Bem vindo a estrada, a mesa e em vários lugares com Jesus.
I.A NOSSA PRÁTICA LIMITADA E LIMITADORA DE EVANGELIZAÇÃO
A. Base Bíblica Normativa – Um princípio de interpretação Bíblica (Hermenêutica) afirma que
algo é considerado Bíblico se tem um mandamento e um exemplo para ser confirmado. Muitas
Doutrinas cristãs foram estabelecidas com base neste princípio. O Ensino acerca da obra de
evangelização segue este princípio. Existem mandamentos (A Grande Comissão –Mt 28:18-
20;Mc 16:15-16 e Lc 24:44-45;At 1:8) onde Cristo ordena que evangelizemos este mundo
perdido. Também encontramos vários exemplos de Jesus e dos apóstolos realizando a
evangelização que fora ordenada (Mt 9:35-38;At 2:38).
 Fundamento Bíblico Limitado missão limitada - Embora tenhamos tanto mandamentos e
modelos de evangelização, parece-me que a nossa prática de evangelização e missão se
fundamenta mais nos mandamentos do que em modelos de evangelização.
E qual o problema nisto? Não é um mandamento? Mandamento não é para ser obedecido?
Sim! Devemos cumprir o mandamento. Focando apenas na ordem encontramos o Que?, Mas
talvez não esclareça muito sobre o Como? da evangelização. Também há a tendência de tratar a
evangelização de forma pragmática e imediatista ao ponto de buscarmos formas que
funcionam, mas que nem sempre são Bíblicas ou saudáveis espiritualmente.
B. Evangelização Monológica – A pregação Monológica do Evangelho não abre espaço para
diálogo, ouvir o “outro”, suas necessidades, lutas e anseios. Busca-se falar mais do que ouvir e
estabelecer uma abordagem de proclamação tipo tamanho único sem respeitar os diferentes
contextos e culturas. Independente de quem é, onde está ou como vive, nós chegamos já como
os nossos “manuais”, “apostilas” ou “livros” que serão usados para todos em todo lugar. Nota-
se uma ausência de reciprocidade, intercâmbio, interculturalidade e abunda uma sobreposição
de uma cultura sobre a outra, uma postura de superioridade de quem anuncia o evangelho para
quem ouve esta proclamação.

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C. Missão Colonialista – O missionário que vinha do Ocidente, parte do mundo considerada
“civilizada” para evangelizar os “pagãos” “selvagens” e “ignorantes”, que não conhecem a
verdade e não sabem o que é melhor para si. Dependem do evangelista para revelar a verdade e
decidir o que é melhor para eles. A postura era de superioridade e de dominação. Algumas
características da Evangelização colonialista:
1. Nega a identidade do “outro” e o reduz a objeto. O Importante é eu cumprir o projeto da
Missão. Aquilo que a instituição enviadora decide ser o certo e necessário.
2. O “outro” se torna um meio para se alcançar os objetivos. Objetivos estes que já foram pré-
determinados pelo os que enviaram.
3. Tira do “outro” o direito de escolher e decidir o que é melhor para si ou para a comunidade.
(Ilustração: Tribo que praticava poligamia e foi mandada pelos missionários a abolir a
prática. Homens abandonariam a 2ª esposa.)
4. Não respeita a diversidade e busca uniformidade com a cultura dominadora. Traços da
cultura local são considerados “mundanos” ou “pecaminosos”. A cultura (música, vestes) do
missionário são “santos” e agradáveis a Deus.
(Ilustração: Em Cuiabá Seminário de Missões. Pr. Henrique Terena disse: O evangelho não
acaba com a cultura indígena, mas com aquilo que é errado na cultura indígena).
5. Não se trabalha junto, trabalha-se para. Ao invés de trabalhar junto com eles, faz por eles
ou faz com que eles trabalhem para nós.
 Quando pessoas tomam parte da decisão do que é melhor para ele e participa
da construção deste melhor se sente mais “dono”, mais “parte” da coisa. No
Camp Roots – “own it!”
 Existe um sentimento de orgulho e satisfação pelo sucesso alcançado e não
ressentimento pelo fracasso de um projeto que não queria e nem precisava.
II.O MODELO MULTIFACETADO DE EVANGELIZAÇÃO DE JESUS
A. Base Bíblica Narrativa – Os textos Bíblicos de narrativas de Jesus e dos apóstolos
evangelizando nos fornecem os princípios e métodos usados por eles para evangelizar. Com os
mandamentos temos o objetivo (O Quê?) nas narrativas temos o método (O Como?) da
evangelização.
B. Evangelização Dialógica - Na leitura dos Evangelhos chama a atenção o encontro de Jesus
com diversos tipos de pessoas. Ao se encontrar com as pessoas, Jesus as cura, ensina, responde
perguntas e começa uma conversa. Por meio desses encontros e dos diálogos que são travados
podemos perceber a atitude e interesse de Jesus pelas pessoas. Mas ao contrário do que se
possa imaginar, Jesus não tem um discurso pronto adotado para toda e qualquer situação.
Ainda que sua mensagem seja consistente, a conversa se adapta à realidade e necessidade de
seu ouvinte. Isso revela, de um lado, o aspecto contextual do ministério de Jesus, isto é, ele se
comunicava com as pessoas a partir da realidade delas. De outro lado, isso mostra a diversidade
de classes sociais, religiosas, culturais e étnicas com que Jesus teve contato em seu ministério.
Observe estes exemplos:
1. O Diálogo com Nicodemos (João 3:1-15) - Conversa sobre o Reino de Deus.
2. O Diálogo com a mulher Samaritana (João 4:1-30) – Conversa sobre adoração/ Messias.
3. A Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37) – Conversa sobre amor ao próximo.
4. As perguntas dos Fariseus e herodianos (Mc 12:13-37)
 Objeções ao Diálogo: Muitos temem e até rejeitam a ideia de uma evangelização por meio
do Diálogo com o outro de outra fé ou até sem fé alguma. Alguns pensam que Dialogar é
comprometer a verdade absoluta do evangelho. Pensam que ouvir o outro, considerar a sua

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convicção e tentar compreendê-la significaria diluir ou relativizar o evangelho. Afirmam: Não
precisamos dialogar para comunicar o evangelho! Precisamos é conhecer bem o evangelho e ter
estratégias eficazes de comunicá-lo.
 A Necessidade do Diálogo: Dialogar com alguém, ouvir as convicções do outro não
significa estar incerto sobre as nossas próprias convicções. Estar disposto a ouvir aqueles que creem
de forma diferente de nós e buscar entendê-los não é negar a supremacia e verdade de Cristo, mas
é um ato de amor e sensibilidade cristã. As vezes pressupomos que pessoas de outras convicções e
crenças ou sem crença alguma são pessoas que conheceram Jesus,ouviram o evangelho e o
rejeitaram,quando na verdade nunca ouviram o verdadeiro Jesus e o evangelho,mas uma versão
criada pela religião institucional. Quais os benefícios do Diálogo para a evangelização?
 Revela Vulnerabilidade – Quando dialogamos revelamos a nossa face, tiramos as máscaras e
conversamos ao redor da mesa sobre as nossas necessidades, angústias, medos e pecados.
Conhecemos o outro e o vemos como pecador e necessitado de Deus assim como nós também
somos. Podemos conhecer o outro e ser conhecido por ele.
 Demonstra Humildade – O diálogo diminui a distância entre nós. Não olhamos de cima para
baixo, mas olho no olho. Vemos muitas vezes que a falta de fé do outro pode ser nossa culpa e
precisamos reconhecer humildemente isso. Temos de ter uma postura de humildade na
evangelização.
 “Somos testemunhas da verdade, não donos da verdade” (Leslie Newbigin)
 Constrói pontes – No diálogo encontramos convergência de ideias e convicções ou mesmo
com ideias e convicções diferentes podemos partilhar de ideais e objetivos em comum. É
possível haver cooperação entre pessoas de religiões diferentes em prol de um bem comum. A
busca de um bem comum pode unir e ou conduzir a uma fé comum também.
 Demonstra sensibilidade – Não podemos evangelizar usando fórmulas fixas ou tendo
conversas conduzidas para objetivos pré-determinados pelo evangelista. Seria insensibilidade
às necessidades da pessoa e à direção do Espírito Santo.
 Envolve o outro na Descoberta da verdade – Jesus envolvia os seus ouvintes em diálogo
para que juntos com Jesus descobrissem a verdade. Ao invés de Jesus impor a verdade, dar
todas as respostas, através de perguntas fazia seus ouvintes pensarem e neste processo
encontrassem a verdade.
C. Evangelização Relacional. Os diálogos de Jesus se davam ao longo do caminho, na saída da
sinagoga, depois de ensinar uma multidão, dentro de uma casa, na cidade, no campo, enfim, em
diversas circunstâncias e momentos.
 Eles acontecem menos em situações formais do que informais. O ensino formal de Jesus está
ligado aos discursos ou, em alguns casos, quando reunia os discípulos para instruí-los. Boa parte
dos diálogos se dá na informalidade e, particularmente, em situações de vivências íntimas e
relacionais.
D. Contextualizada. Um dos aspectos mais marcantes desses diálogos, consequentemente uma
das lições mais proveitosas, é a sensibilidade de Jesus à realidade de seus ouvintes. A sua
comunicação e o conteúdo da mensagem se dá de forma direcionada ao grupo específico.
 A evangelização contextualizada reúne pessoas das mais variadas realidades e situações,
gerando assim um grupo heterogêneo de pessoas. Esse sempre será o caminho mais difícil e
desafiador, pois exigirá transposição de muitas barreiras. Entretanto, a começar do próprio
grupo de discípulos de Jesus, percebe-se que uma marca da comunidade do Reino de Cristo é a
diversidade e heterogeneidade.
 Diálogo sempre foi uma marca distinta de Deus. No Jardim do Éden,quando Adão
pecou e se afastou de Deus,Deus pergunta: “onde estas?”. Antes de Caim matar Abel
ele pergunta: “por que estás irado?” E sempre Deus está disposto a ouvir as respostas.

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Jesus conversava com as pessoas e dialogava com elas a respeito do reino. A Igreja
primitiva dialogou para encontrar respostas para seus dilemas.
 Se o dialogo sempre foi uma marca distinta de Deus, Jesus e da igreja, então por que
a nossa evangelização hoje falta esta marca do Diálogo?
Porque dialogar dá trabalho, requer relacionamento, exige que possamos ouvir o outro
e abrir mão de nossa superioridade.
 A Igreja precisar resgatar esta arte do Diálogo com o diferente. Dialogar com outras
crenças, dialogar com a ciência e com a arte e a cultura pós-moderna de hoje.
CONCLUSÃO
Uma missão marcada pelo diálogo, relacionamento e sensibilidade abre portas para a proclamação do
evangelho onde antes as portas pareciam fechadas para o evangelho.
Ilustração: Um casal de missionário da Jocum relatou o impacto que a visita e o trabalho de uma dentista
teve no trabalho missionário que eles desenvolviam junto a uma tribo Macuxi em Roraima. O casal contou
que nas suas primeiras visitas a aldeia o chefe da tribo deixou bem claro que os missionários não podiam
falar de religião. Eles poderiam desenvolver o trabalho social, porque a aldeia precisava de atendimento
médico, odontológico e de outros profissionais. Os missionários acataram e sempre ajudaram na escola da
aldeia e em outros serviços voluntários e nunca falaram de religião. Eles conseguiram levar vários
profissionais de saúde, mas esta dentista ficou muito popular por causa da atitude de respeito que ela
tinha com os índios.
Numa ocasião ela estava atendendo um índio que a boca era uma situação precária. Ela lhe perguntou: “ o
que você quer que eu faça?“, “você quer arrancar o dente?”, “você quer fazer canal,mas vai ficar com
curativo e depois precisa ir a cidade para completar o tratamento?” ou você quer fazer tudo na cidade?
Mais tarde o índio comentou com o missionário o diálogo com a dentista e disse: “Foi a primeira vez que
eu não sou tratado como um cavalo! Ninguém nunca tinha me perguntado o que eu queria”. A dentista,
como profissional especializada poderia ter decidido sozinha efetuar o tratamento dele. Muitos outros
profissionais civilizados que apareceram por lá só conseguiam ver dentes das pessoas sentadas na cadeira,
aquela dentista viu a pessoa. Os missionários obedeceram ao chefe. Envolveram-se na vida da aldeia,
participaram de reuniões da escola, continuaram levando profissionais para ajudar nas necessidades até
que um dia o chefe pediu para os missionários:
“você poderiam ler o seu livro para nós?”, “Poderia nos falar do seu Deus?”.
Uma evangelização de diálogo estabelece uma relação de respeito e dignidade entre
que fala e quem ouve. Criam-se vínculos e conquistamos o direito de sermos ouvidos.
Irmãos, sim! Jesus é a resposta e sempre continuará sendo, se nós tivermos a sensibilidade para ouvir as
perguntas que estão sendo feitas, se estivermos dispostos a sentar ao redor da mesma e dialogar e ajudar
os nossos ouvintes a encontrar o Jesus que talvez nunca lhes fora apresentando. Quando os envolvemos no
processo e os ajudamos na descoberta da verdade e na execução da missão que eles fazem parte.
Andando com Jesus pelos caminhos que Ele trilhou vamos aprender muita coisa, especialmente vamos
aprender como falar Dele.

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Estudos Intensivos da Igreja de Cristo Cidade Nova 13
O CAMINHO DA MISERICÓRDIA (Com Jesus na Estrada de Jericó)
Lucas 10:25-37
Introdução
Hoje vamos seguir Jesus para um caminho muito comum e popular, mas constantemente ignorado. Hoje
iremos com Jesus a estrada de Jericó e compreenderemos o caminho de Jesus para a vida abundante que
marcou a sua vida e ministério – A Misericórdia. A vida e Ministério de Jesus foram marcados por
compaixão e misericórdia. Observe:
 “Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.”
(Mt 14:14)
 “Condoído, Jesus tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista e o foram seguindo.” (Mt
20:34)
 “Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram
como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas. “(Mc 6:34)
Hoje vamos com Jesus na Estrada de Jericó e trilhar o caminho da Misericórdia.
I. A MISERICÓRDIA NOS INCOMODA
A. Interrompe as nossas vidas – A história é de que um homem descia de Jerusalém a Jericó e foi
atacado. Esta estrada era muito usada pelos funcionários do templo e era reportado que
frequentemente havia assaltantes neste caminho. Jesus não revela a nacionalidade deste homem
que fora assaltado, mas podemos presumir que era um judeu. Ele fora roubado e espancado até
quase morrer (v.30 - deixando semimorto). Um sacerdote passa pelo mesmo caminho, vê o homem
ferido, mas ignora e continua seu caminho. Um levita (assistente do templo) passa também vê a
mesma cena e também ignora e passa de largo. Por que estes homens religiosos, que conhecem e
ensinam sobre Deus não pararam? . Porque eram insensíveis e mesquinhos? Talvez! Meu palpite:
porque estavam apressados! A “Obra de Deus” era importante demais para serem interrompidos
por qualquer coisa. Vivemos numa correria de nossa rotina, agendas lotadas, reuniões, projetos e
encontros que exigem a nossa atenção e presença urgente.
 Ilustração: Dois Psicólogos da Universidade de Princenton decidiram fazer um estudo baseado na parábola
do Bom Samaritano. Realizaram o estudo com um grupo de alunos do Seminário teológico de Princeton, pessoas
que estavam se preparando para o ministério, para a vocação de ajudar pessoas. O foco do estudo era mostrar o
poder do contexto e suas implicações em nossa maneira de pensar e agir. Eles pediram que os alunos
preparassem uma pequena palestra para os outros alunos em um salão próximo. A palestra seria sobre a
parábola do Bom Samaritano para uns e o papel do sacerdócio na sociedade para outros. Os pesquisadores
reuniram com os grupos, os entrevistou sobre o motivo de estudarem teologia e depois os encaminhavam para a
sua palestra. Para alguns alunos eles diziam: “Você está atrasado! Estão esperando por você, é melhor irmos”.
Para outros diziam: “Eles ainda não estão prontos, falta ainda alguns minutos, mas você pode ir andando.” No
caminho para a palestra os alunos encontrariam um homem que fingiria estar doente e necessitado de ajuda.
Poderíamos imaginar que a maioria dos alunos parou para ajudar, mas não foi este o caso. Do grupo dos
apressados, apenas 10% pararam para ajudar. Do grupo dos que ainda tinha alguns minutos, 65% pararam
para ajudar. O efeito da Frase: “você está atrasado” teve o efeito de tornar um individuo normalmente
compassivo em alguém indiferente ao sofrimento alheio.
 A Misericórdia nos interrompe com necessidades que precisarão de nossa
intervenção. Serão oportunidades Divinas de serviço que não serão programadas. Ninguém acorda
de manhã e pensa: hoje eu vou encontrar muitas pessoas em sofrimento e necessidade no meu
caminho e eu estou ansioso para ajudar!
 O Samaritano tinha seus negócios para cuidar, sua família para voltar e é
interrompido pela necessidade de um semimorto.

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B. Mostra a necessidade do outro (que não queremos enxergar) – Vivemos num mundo
que é quase impossível não enxergarmos necessidades ao nosso redor. Porém, por mais que pareça
impossível, muitas vezes queremos fazer o impossível. Queremos ignorar que existem muitas
pessoas em nosso país passando fome (7 milhões IBGE 2013). 527 mil pessoas são estupradas (89%
mulheres, destes 70% crianças e adolescentes). 29% da população do mundo (1 em cada 4 pessoas )
nunca ouviu sobre Jesus.
Muitas vezes queremos cada vez mais manter uma vida segura e protegida de todo o mal, a tal
ponto que a nossa segurança e proteção significa que o perigo e sofrimento do meu próximo
prosseguem e progride.
 Sempre encontraremos uma boa justificativa e um bom argumento para não enxergamos
a realidade, para nos envolvermos.
 A Misericórdia levanta a questão: Quem se importa? A Parábola do Bom Samaritano
responde: Os improváveis se importam! Os que não consideramos bons. Aqui era um
Samaritano (pagão mestiço). Hoje pode ser um ateu, um muçulmano, alguém que
diríamos Esse aí?!
II. A MISERICÓRDIA NOS DESAFIA
A. Desafia o nosso envolvimento – Todos os religiosos ignoraram e não fizeram nada em prol do
homem ferido. O Samaritano fez o que ninguém mais fez. Se havia alguém que teria alguma
possível desculpe ou razão para não agir esta pessoa era o Samaritano. Ele era odiado pelos judeus,
como ele ajudaria um inimigo! Muitas vezes queremos terceirizar a misericórdia. Eu já contribuo
com entidades de caridade, eu já faço a minha parte! Eu dou minha oferta e ela vai para ajudar as
pessoas. É responsabilidade do governo e das ONG´s. Quando muito damos uma esmola para
acalentar a nossa consciência ou nos livrar da pessoa.
 Observe que o Samaritano estava envolvido ativamente no cuidado e recuperação do
ferido. Ele o trata com remédios (v.34), cedeu seu animal (v.34). O levou a hospedaria e
pagou pela estadia e permaneceu com ele (v.35 – no dia seguinte)
 DIZER QUE SE IMPORTA, MAS NÃO AGIR É NA VERDADE NÃO SE IMPORTAR. VERDADEIRA
MISERICÓRDIA LEVA A AÇÃO.
B. Desafia o nosso amor – Todo o diálogo e a narração da parábola do Bom Samaritano
acontecem por causa da resposta do intérprete da Lei sobre o que era necessário fazer para obter a
vida eterna e a resposta encontrada na Torá sobre o amor a Deus e ao próximo (v.27). Tentando
ainda pegar Jesus em alguma contradição o mestre da Lei pergunta a Jesus quem seria o seu
próximo? Jesus responde com uma história onde um Samaritano (pagão-inimigo) era o herói da
história. Os judeus tinham a noção de que apenas os seus compatriotas (judeus) eram os seus
próximos e que deviam ser amados, os outros seriam odiados e considerados “inimigos” (Mt 5:43-
44).
 Através desta Parábola Jesus vira a mesa e lança a questão para o doutor da Lei:
“Que tipo de próximo eu sou?” ou ainda “Eu me comporto como próximo daqueles que
precisam de minha ajuda e amor?”
 Nesta Parábola Jesus ensina que o amor ao próximo não tem barreiras de raça,
nacionalidade, cultura ou qualquer diferença.
C. Desafia a nossa generosidade – O Samaritano foi generoso para com um estranho e inimigo
em potencial. Ele se sacrificou financeiramente. Pagou 2 Denários (duas dias de trabalho) para a
hospedagem do ferido. O suficiente para 2 meses de hospedagem e estava disposto a pagar mais
pelo cuidado do ferido se fosse necessário.
 Esta história nos ensina que Misericórdia custa algo para nós. Custam nossos bens e
recursos em prol dos necessitados (Ef 4:28). O meu próximo só é próximo para mim se eu
uso de compaixão e misericórdia para com ele e reparto os meus bens para ajudá-lo.

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 Não precisamos ter muito para sermos generosos, precisamos ser generosos com o que
já temos e usarmos para ajudar o próximo. Não precisamos de muita coisa que o
materialismo consumista de nossa época nos impõe. Podemos viver com menos e
repartir mais com os necessitados.
 Ilustração: José e Lourdes Balabuch em Dr. Fábio Leite deram carona para um homem
esfaqueado em seu carro (Gol quadrado) e o carro ficou sujo de sangue e eu Kária na casa de
Daniel Morgan ajudamos a limpar o carro enquanto pessoas do Bairro passavam e viam o
sangue correndo dos bancos.
III. A MISERICÓRDIA TRANSFORMA
A. Transforma vidas – Jesus em sua vida e ministério de Misericórdia curou muitas pessoas,
libertou muitas pessoas da opressão do Diabo, das garras da morte. Cada pessoa que foi tocada
pela vida e ministério de Jesus foi transformada de forma permanente. Quando nos importamos
com as pessoas e as ajudamos nós estamos como Jesus transformando vidas. Não somente a vida
de quem é ministrado/servido é transformada, mas a vida de quem serve e ministra também é
transformada!
 Quanto mais nos aproximamos de Cristo mais nos pareceremos com Cristo e nos
importaremos com as coisas e as pessoas que importam para Cristo! E Cristo tem um olhar
especial, se importam com os necessitados, com os marginalizados, com os que sofrem e
não tem ninguém por eles. Jesus diz: eu me importo! Nós também devemos nos importar.
B. Transforma Convicções e Ministérios – O homem que interroga Jesus é alguém que
acreditava que o seu próximo era apenas os seus compatriotas, amigos e familiares. Jesus o faz ver
que até seu inimigo é o próximo que ele deve amar. Jesus o desafia a agir como o Samaritano e ter
misericórdia de todas as pessoas em necessidade - "Vá e faça o mesmo".
 Minhas convicções e meu ministério têm sido mexidos e redefinidos ao longo destes anos. Saindo da
zona de conforto de esperar e receber pessoas para conhecer Jesus em direção a ir até pessoas e
apresentar Jesus. Chegar a Itu e fazer parte de trabalhos como CURA, CURA Comunidade,
Crescimento Limpo só consolidou estas mudanças.

CONCLUSÃO
Misericórdia é o que oferecemos as pessoas necessitadas e é o que recebemos de Deus – “Bem-
aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia” (Mateus 5:7). Misericórdia é o que este
mundo em sofrimento precisa e é o que pode trazer mudanças significativas. Temos aprendido com Jesus
os caminhos que conduzem a uma vida abundante e plena, mas o que descobrimos é que não podemos
desfrutar desta plenitude e abundância de vida se não estivermos comprometidos em promover a
plenitude e abundância da vida do meu próximo.

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O CAMINHO DA CONEXÃO (Lucas 9:28-43)
Introdução
Muitos anos atrás, o grande explorador, Sir Francis Drake, estava tentando recrutar um número de jovens
para uma próxima exploração. Ele os reuniu e disse ao grupo que, se eles viessem com ele, veriam algumas
das coisas mais maravilhosas que seus olhos poderiam contemplar. Praias de areias brancas, frutas
suculentas, povos estrangeiros, tesouros inestimáveis e paisagens deslumbrantes. E ele lhes disse que essa
aventura selvagem poderia ser deles se eles viessem com ele. Nenhum deles se alistou para a viagem.
No dia seguinte um grupo diferente apareceu. Drake disse a eles que se eles viessem com ele, eles
encontrariam tempestades que os aterrorizariam até as lágrimas. Os ventos ferozes os atingiriam e os
desviariam do curso por meses. A água seria frequentemente escassa. Às vezes eles terão tanta sede que
suas próprias almas clamariam por apenas uma gota de água. Em suma, o perigo sempre seria seu
companheiro constante. Drake concluiu declarando que se eles pudessem lidar com essas coisas, as
alegrias da exploração excederia seus sonhos mais loucos.
Cada um deles no grupo se juntou a Sir Francis Drake naquele dia, alguns nem sequer voltaram para casa
para dizer adeus às suas famílias, eles apenas entraram no barco ansiosos para a viagem.
O que fez a diferença nesses dois grupos? Por que o primeiro grupo recusou a missão e o segundo agarrou
a oportunidade? O segundo grupo era diferente e mais aventureiro do que o primeiro?
A resposta é: Não. Não foram os homens que mudaram; Era a mensagem. O primeiro falou de
recompensas; A segunda falou de desafios. O primeiro ofereceu conforto; O segundo prometeu
sofrimento. Os primeiros foram tentados com as coisas; O segundo seduzidos pela experiência diferente de
qualquer outra.
Gosto de pensar que Sir Francis Drake descobriu o que Jesus sabia muito bem. E isto é: os caminhos que
nos são oferecidos devem prometer moldar-nos, construir nosso caráter, mudar nossa visão de mundo, se
quiserem nos atrair. Se somos apresentados com um desafio que vai trazer transformação a nós e aos
outros, vamos estar ansiosos para a viagem.
Hoje vamos seguir Jesus para dois lugares que vai harmonizar as duas coisas relatadas pelo explorador da
viagem. A mais bela experiência espiritual de nossas vidas que nos levarão ao céu por alguns momentos. A
mais perigosa caminhada que nos levará ao inferno vivido por pessoas que sofrem oprimidas e distantes da
realidade espiritual eu vivemos.
Ambos os lugares e experiência terão poder de moldar e mudar a nossa visão e a nossa missão.
Nesta manhã sejam Bem vindos ao Monte e ao vale.
I- A DINÂMICA DE MONTE E VALE
A. Um Contexto dramático – O Contexto deste acontecimento é um dos mais dramáticos da
história de Jesus. Os discípulos haviam testemunhado o impressionante milagre da 1ª
multiplicação dos pães (Lc 9:10-17). Depois Pedro confessa que Jesus é o Cristo de Deus, o Filho
do Deus vivo (Lc 9:20),mas logo em seguida Jesus anuncia que será preso e morto (v.22), Pedro
quando ouve isto se deixa ser usado pelo Diabo para persuadir a Cristo a evitar o caminho da
Cruz (Mt 16:23).Depois Jesus anuncia que o Reino de Deus chegará em breve (Mc 9:1;Lc 9:27) e
alguns dias depois Ele se transfigura no monte e eles ouvem a voz de Deus afirmando a
soberania de Jesus. Depois deste maravilhoso evento eles descem o monte e se deparam com
um menino possesso que os outros discípulos não puderam libertá-lo (9:37-43). Um contexto
repleto de pontos altos e baixos, montes e vales.
B. Uma Metáfora da vida – Este contexto dramático da narrativa da transfiguração mostra como
a vida é dinâmica. A história de Jesus e os seus discípulos no Monte da Transfiguração e no vale
da frustração serve de ótima metáfora para a nossa vida.
1. Momentos de Êxtase e assombro na presença de Deus – Na Bíblia muitas vezes a montanha
está relacionada a grandes encontros do povo de Deus com a manifestação poderosa e

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gloriosa de Deus. Moisés tem uma visão gloriosa e impactante de Deus no Monte Sinai (Ex
3:1-6). Israel recebe a Lei no mesmo Monte Sinai num ambiente de manifestação gloriosa e
aterradora da presença de Deus no Monte (Ex 20:18-21).
 Aqui Jesus se transfigura diante dos discípulos. Eles têm um pequeno vislumbre da Glória
Divina de Jesus e a companhia de Moisés e Elias. A experiência é tão impactante e
assombrosa que eles ficaram aterrados e sem saber o que dizer (Mc 9:6;Lc 9:34)
 Nossos Momentos de Monte – Em nossas vidas experimentaremos momentos extasiantes de
comunhão, inspiração e intimidade em adoração a Deus. Cultos inspiradores, adoração
profunda e impactante. Retiros espirituais profundos e intensos, congressos e seminários
impactantes e transformadores. Momentos que podemos dizer juntamente com Paulo:
“Deus realmente está entre vocês!” (1Co 14:25 NVI).
 O Monte é o lugar do deslumbramento, júbilo e assombro da presença de
Deus. É o lugar que queremos ficar!
2. Momentos de Grande opressão e frustração – O vale na Bíblia muitas vezes representa lutas,
morte, derrota, provação e lugar de definição. Temos o vale da sombra da morte (Sl 23:4),o
vale de ossos secos (Ez 37:1-14) e o vale do bezerro de ouro (Ex 32:1-35)
 Aqui temos um menino oprimido pelo Diabo a tal ponto que ficou mudo e levado a se
matar na água e no fogo. Um pai desesperado e que luta para acreditar em Jesus e numa
solução para seu filho.
 Nossos Momentos de vale – Em nossas vidas experimentamos momentos de vale quando
nos sentimos impotentes e incapazes diante das nossas adversidades e sofrimento.
Momentos quando a nossa fé se enfraquece e a esperança dá espaço ao desespero e medo.
 O Vale é o lugar do Caos, da frustração e da opressão e sofrimento. É o lugar
que queremos evitar e fugir!
C. Uma Realidade de Tensão – A igreja é a comunidade que vive esta tensão das realidades
opostas do Monte e do Vale. A experiência de êxtase do Monte é eventual, extraordinária e
incomum. Não é algo que acontece todos os sete dias da semana. Não vivemos na Montanha.
Jesus além da montanha encontrou Deus no jardim e no deserto. O Vale em contrapartida é a
regra. Diz respeito ao nosso cotidiano, a vida que vivemos neste mundo de lutas, sofrimento e
frustrações. É onde a maioria das pessoas que conhecemos e onde nós mesmos estamos na
maior parte do tempo.
 A Realidade caótica do Vale não muda a verdade gloriosa do Monte e a
experiência do Monte não transforma automaticamente o caos do Vale.
II- A CONEXÃO ENTRE MONTE E VALE
A. Promove diálogo entre as Realidades – Apesar de estas realidades serem opostas e em
tensão, elas estão interligadas. Nós já vimos que a realidade da vida é experimentarmos as duas
coisas. Muitas vezes subimos o Monte vindo de um vale ou descemos ao vale vindo de um
Monte. Nossa experiência de êxtase com Deus não deve nos orgulhar e nos afastar das pessoas
e necessidades que encontramos nos vales. Ao contrário deve nos mostrar a grandiosidade do
sofrimento e necessidade daqueles que não conhecem ou não confiam no Deus do Monte.
Quando compreendemos corretamente a visão e a voz do Monte entenderemos que nosso
papel é ser a ligação entre as duas realidades promover o diálogo e conexão entre elas.
B. Evita os extremos da Espiritualidade - A igreja é a comunidade que vive na intersecção
destas duas realidades e que geralmente é tentada a escolher uma delas em detrimento da
outra. Quando fazemos isso caímos inevitavelmente em de dois extremos de espiritualidade
encontradas nesta intersecção:
1. A Espiritualidade Escapista: É a espiritualidade da fuga, que evita o enfrentamento da
realidade terrível e dolorida do vale e opta por ficar no conforto, comodidade e facilidade do

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Monte. Este tipo de espiritualidade atrai sempre pessoas iguais (boas, bem sucedidas e bem
resolvidas) evita, foge exclui pessoas problemáticas, doentes, quebradas, pobres, pessoas que
precisarão mais receber do que podem oferecer. É espiritualidade de templo, não das ruas,
becos e guetos. É a espiritualidade do Monte sem Vale.
2. A Espiritualidade Ativista: É a espiritualidade da ação, da pouco conversa e muito trabalho.
Onde não temos tempo para esta coisa de experiência com Deus. Solitude, contemplação e
meditação é perda de tempo. Tem muita gente sofrendo e perdida e precisamos fazer o máximo
que podemos com tudo o que temos. É a espiritualidade do Vale sem o Monte.
C. Desenvolve a Missão de elevação da Realidade – O diálogo e conexão do monte com o vale
me ajudam a ver quão grande é a nossa Missão de levar o Deus dos Montes aos vales e não de
tentar somente arrastar as pessoas sofridas do vale para os montes.
1. Quem está no vale muitas vezes não conhece o Deus do Monte ou se conhece talvez já perdeu
a fé nele. É muito difícil quem está no vale subir ao Monte. O movimento mais lógico e
necessário é quem está no Monte descer ao vale.
 Jesus fez este movimento e nos deixou este exemplo. “Seja a atitude de vocês a mesma de
Cristo Jesus,que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que
devia apegar-se;mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos
homens.E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à
morte, e morte de cruz!” (Fp 2:5-8)
2. Muitas vezes nossas atitudes mostram como as vezes somos minimalistas e reducionistas em
nossa missão. Quantas vezes eu mesmo já disse e ouvi outros cristãos dizerem:
“ Fulano de tal está passando uma situação difícil no casamento, um verdadeiro inferno, eu
convidei para vir para a igreja, mas não veio, não quer. ”
E paramos por ai! Toda a nossa ajuda se resumiu a convidar alguém para vir a igreja e se ela
não veio,não há mais nada que possamos fazer. Parece que a nossa ideia é que a situação
sofrida que a pessoa enfrenta é porque não frequenta a igreja! E que se vier a igreja tudo vai
se resolver!
 Não me entenda errado! Igreja é importante e fundamental, mas a nossa missão não é levar
pessoas para a igreja para conhecerem a Deus.
 Devemos ser as escadas que ajudarão as pessoas a subirem o Monte e depois de conhecerem o
caminho, eles mesmos saberão e desejarão ir ao encontro de Deus no Monte.
 O ministério não acontece no extraordinário do Monte, mas no ordinário e comum
do cotidiano dos vales.
 Nossa missão é levar o Deus da Igreja, o Deus do monte para as pessoas no Vale e
elas consequentemente desejarão conhecer a igreja e o Monte.
CONCLUSÃO
A transfiguração mostra a conexão entre o céu e a terra. Por um momento o céu desceu a terra na
presença gloriosa de Jesus transfigurado e de Moisés e Elias. Isto proporcionou uma experiência
maravilhosa para os discípulos. Eles descobriram que existe mais na vida além das dores, sofrimento ou
prazeres temporários deste mundo. Existe a verdade da realidade espiritual que transcende esta vida.
Depois eles descem o vale e encontram uma experiência frustrante e triste de sofrimento e opressão. Eles
descobrem caminhando pelo Vale que existe mais na vida do que exultação e júbilo espiritual em nossos
momentos de adoração. Existem realidades oprimidas, doentes, de desespero e incredulidade que
precisam ser transformadas.
A igreja é a comunidade chamada para subir o Monte e para descer o vale. Precisamos ir ao Monte para no
conectarmos com Deus e a sua glória. Precisamos ter a sensibilidade e coragem para descer o vale para
conectar as pessoas com Deus e nos conectarmos com elas.

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A VIDA MISSIONAL INTEGRAL
INTRODUÇÃO
Hoje vamos analisar o último elemento desta nova visão de missão: a Vida. Neste novo paradigma a vida
usada por Deus para realizar a missão não é a vida de um grupo seleto e nem apenas a vida num contexto
fechado religioso, mas a vida no contexto da vida! Em toda a vida (trabalho, família, amigos, sociedade,
etc.) para alcançar outras vidas.

I. A FRAGMENTAÇÃO DA VIDA

A. As discussões Teológicas – A vida humana tem sido alvo de intermináveis discussões ao longo
da história do cristianismo. Afinal, como o ser humano é constituído? A vida humana é dividida em
partes? Ou somos uma integralidade?

1. Tricotomia - o termo, que significa uma “divisão em três partes” (gr. tricha, “em três
partes”; temnein, “cortar”), é aplicado na teologia à divisão tríplice da natureza humana em
corpo, alma e espírito. Esse conceito desenvolveu-se da divisão dupla feita por Platão [...]. Os
escritores cristãos primitivos, influenciados por essa filosofia grega, acharam a confirmação da
sua opinião em 1Ts 5.23:

2. Dicotomia: Este termo, que significa uma divisão em duas partes (grego dicha, “em dois”;
temnein, “cortar”), aplica-se na teologia àquele conceito de natureza humana que sustenta que
o homem tem duas partes fundamentais no seu ser: o corpo e a alma/espírito, uma parte
material e outra imaterial.[2] Por influência de Agostinho e dos reformadores protestantes, a
dicotomia tornou-se a opinião estabelecida na teologia ocidental. J. G. Machen, por exemplo,
afirmou ser inquestionável que a Bíblia “reconhece a presença de dois princípios ou substancias
distintos no homem – o corpo e a alma”. Para ele, e à maioria dos exegetas, alma e espírito
simbolizam a mesma realidade.

3. Unidade Integral - Embora a Bíblia veja o homem como uma totalidade, ela também
reconhece que o ser humano possui dois lados: o físico e o não-físico. Ele possui um corpo
físico, mas ele também é uma personalidade. Ele tem uma mente com a qual ele pensa, mas
também um cérebro que é parte do seu corpo, e sem o qual ele não pode pensar. Quando as
coisas andam errada com ele, é necessária uma cirurgia, mas outras vezes ele pode precisar de
um aconselhamento. O homem é uma pessoa que pode, contudo, ser vista de dois ângulos.

B. As consequências práticas – Esta visão


fragmentária da pessoa trouxe
consequências para a vida prática que
afetaram como vivemos a vida,
expressamos a espiritualidade e realizamos
a Missão. Acho que dentre as piores
consequências podemos destacar:

Estudos Intensivos da Igreja de Cristo Cidade Nova 20


1. O Dualismo da Vida – Divide a vida entre coisas sagradas e profanas. O que fazemos para
Deus é apenas aquilo que fazemos no Templo, no Domingo e no culto? E nos demais dias?
Futebol com os amigos é sagrado ou secular? Churrasco com a família é sagrado ou profano?

2. A Dicotomia do serviço cristão – Coloca o serviço de Deus nas mãos de um grupo seleto
de “chamados para o ministério” e deixa de fora os demais cristãos (Clero) que permanecem
como espectadores.

3. O Aleijamento da Missão – Com esta visão fragmentária da vida humana a missão ficou
reduzida a esfera espiritual. Converter almas. Encher a mente com informações teológicas e o as
necessidades físicas ficam para segundo plano. O Evangelismo e missão tem preeminência sobre
a ação social e humanitária.

 “A Missão foi secularizada no mundo e clericalizada pela igreja.”

II. A REORIENTAÇÃO INTEGRAL DA VIDA

A. A sacralização do Secular – O que fazemos “lá fora” é tão santo quanto o que fazemos “aqui
dentro.” A igreja é tão igreja na Ecclésia (igreja reunida) quanto na Diáspora (igreja espalhada).

 “Escravos, obedeçam em tudo a seus senhores terrenos, não somente para agradar os homens
quando eles estão observando, mas com sinceridade de coração, pelo fato de vocês temerem ao
Senhor. Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os
homens,sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que
vocês estão servindo”. (Cl 3:22-24)

 “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de
Deus.
(1 Co 10:31)

 “É gritante a necessidade de cristãos, tanto homens como mulheres, que vejam o seu
trabalho diário como seu ministério cristão prioritário e que estejam decididos a
impregnar o seu contexto secular a fim de ganhá-lo para Cristo. (John Stott)

B. A Desclericalização do Sagrado – Todos os Discípulos são igualmente chamados para servir a


Deus.

 “Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram: "Não é certo negligenciarmos o
ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas. Irmãos, escolham entre vocês sete homens
de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa e nos
dedicaremos à oração e ao ministério da palavra" (Atos 6:2-4)

 Ministério/servir = a mesma palavra grega (diakonia). Quem serve às mesas é tão


ministro quanto quem prega a Palavra.

Estudos Intensivos da Igreja de Cristo Cidade Nova 21


 “A ideia de que o serviço de Deus tem a ver apenas com o altar da igreja, cânticos, leitura, sacrifício,
e outros é, sem dúvida, o pior estratagema do diabo. O mundo inteiro poderia transbordar de
serviços para o Senhor, não só nas igrejas como também nos lares, na cozinha, na oficina e no
campo.” (Martinho Lutero)

C. A Redefinição do Trabalho – Existe a noção equivocada de encarar o trabalho como Maldição


da queda. O trabalho não é resultado da queda, mas a fadiga e dureza do trabalho é que são.
Antes da queda Deus ordena o trabalho ao homem e o próprio Deus trabalha (Gênesis 2:15). O
trabalho é redefinido como missão. O valor do trabalho:

1. Valor extrínseco – Bom pelo que proporciona. O trabalho é a maneira como os cidadãos do
reino podem redimir a arte e a cultura decadente deste mundo. Como? Músicos podem produzir
músicas de conteúdo puro e edificante; professores podem ensinar com paixão e criatividade;
médicos podem prestar atendimento humanizado e competente.

2. Valor Intrínseco – Bom em si mesmo. A sensação de realização e satisfação em servir no


reino trabalhando com as habilidades dadas por Deus para impactar o mundo e mudar a
sociedade. O trabalho deixar de ser “um mal necessário” (forma desgastante de ganhar o sustento)

III. CRISTO: O SEGREDO PAR AVIDA MISSIONAL INTEGRAL


A. Como viver uma vida sem separações entre sagrado e secular? Como podemos viver de forma
missional em cada área de nossas vidas em todos os ambientes que estamos? A Resposta está
em Cristo!

B. Cristo é a fonte para a vida completa – “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará
e sairá, e encontrará pastagem. O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir; eu vim para
que tenham vida, e a tenham plenamente”. (João 10:9,10)

 Entrará  Entre a comunidade da igreja achará vida plena (pastagem). Sairá No mundo, no
dia a dia continuará achando vida plena. Cristo nos provê a vida plena em todos os seis dias da
semana,em todos os lugares.

C. Cristo é o poder para a vida Missional Integral – O Apóstolo Paulo foi um exemplo de alguém
que vivia integralmente de forma missional. Como missionário sustentado ou como fazedor de
tendas, a sua vida era vivida para cumprir a missão de Deus.

 “Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de viver para Deus.Fui crucificado com Cristo.
Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a
pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” (Gálatas 2:19,20)

 “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por
todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam
mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.(2 Coríntios 5:14,15)

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 Uma nova vida, uma vida integral e missional só é possível quando morremos
para a velha vida e deixamos Cristo viver a sua vida em nós e através de nós.

CONCLUSÃO

“O Apelo da religião é para que convidemos Cristo para entrar em nossas vidas, mas o
desafio do Evangelho é para que aceitemos o convite de Cristo para que nós entremos
na vida Dele.”

Uma vida completa entregue nas mãos de Deus para o serviço do Reino de Deus, esta é a mais eficaz e
poderosa estratégia missionária para a igreja do século 21. Este é o Novo Paradigma de Missão.

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OS MOVIMENTOS MISSIONAIS DE JESUS EM LUCAS
Introdução
Nossa Experiência Missionária em Cuiabá 18 anos atrás. Plantamos duas congregações: Uma no centro e
uma na periferia. A igreja da periferia cresceu mais e era mais ativa e fervorosa que a igreja do centro. Os
mantenedores não gostaram e disseram que estávamos com o foco errado na missão! Na direção errada!
O movimento não era da periferia para o centro, mas do centro para a periferia. Mesmo tendo várias
pessoas nas periferias abertas ao evangelho e com possibilidades de um trabalho evangelístico bem
sucedido lá, eles preferiam que abandonássemos estas possibilidades e concentrássemos na área central.
Esta era a estratégia missionária adotada e comprovada por várias equipes na década de 80 na América do
Sul e funcionaria certamente. Bem, não funcionou! Não funcionou para trazer o crescimento desejado por
eles e não funcionou pelo estresse e conflito que gerou entre os membros da equipe missionária.
Lições que aprendi sobre Missões nesta experiência:
1. Nenhuma Missão é igual a outra. Tem contextos e necessidades específicas. Não é sábio adotar
um solução ou estratégia tipo tamanho único. Serve para tudo e para todos.
2. Deus tem o movimento certo para a Missão. Ele impediu Paulo de entrar na Ásia e o levou
para a MACEDÔNIA. É sábio para onde Deus está se movendo, onde Ele está soprando e ajustar a
nossa vela.
Hoje Vamos observar estas verdades claras e exemplificadas na Missão de Jesus no Evangelho de Lucas. Em
Lucas vemos Jesus indo para localidades diferentes e interagindo com pessoas diferentes e frutificando
resultados diferentes, mas uma coisa que não vemos: Jesus se movendo na direção errada, para as pessoas
erradas e não sabendo o que fazer. Para termos êxito em nossa missão precisamos andar como Jesus, se
mover nas direções que ele se moveu e fazer o que Ele fez. Vamos fazer uma jornada missionária com Jesus
no Evangelho de Lucas.
I. PARA FORA
A. A Opção pela Galiléia (Lc 4:14-9:50) - Jesus nasceu em Belém, na província da Judeia, mas
foi criado em Nazaré e lá fixou residência. A Judéia fica no Sul, uma região mais nobre, onde ficava o
Templo, o Sinédrio, os Mestres da Lei,as pessoas mais ricas e influentes e também as melhores
escolas. É também na Judéia que fica a capital, Jerusalém, onde acontecem todas as festas e
eventos importantes do povo Judeu. Curiosamente, Jesus não inicia sua missão na Judéia, região
mais importante e mais badalada da época. De acordo com Lucas 4:1,14 - Jesus começa a sua
Missão na província da Galiléia, no Norte. Galileia, região dos pobres, iletrados, menos
privilegiados, simples pescadores, trabalhadores braçais, gente desprezada e menosprezada,
marginalizada e motivo de chacota para os importantes habitantes do sul. É por isto que quando
alguém mencionou que Jesus era da Galileia os líderes religiosos logo retrucaram: “Da Galileia não
se levanta profeta”(Jo 7:52). Natanael também questionou: “De Nazaré pode sair alguma coisa
boa?” (Jo 1.46). Também era rotulada de Galiléia dos Gentios desde a época de Isaias (Is 9:1).
B. Missão para os marginalizados – A Missão de Jesus acontece da periferia (Galiléia) para o
centro (Jerusalém). Orlando Costas, Teólogo Porto Riquenho chama Jesus de “O evangelista da
periferia”. A opção pela Galiléia não é uma escolha geográfica estratégica, lá não estão os mais
inteligentes, mais influentes e ricos e lá não é onde tudo de importante acontece. A Galiléia é uma
decisão missionária de Jesus. Ele decidiu focar a missão inicial nos mais carentes, necessitados,
excluídos e desprezados da sociedade judaica. Jesus deixa bem claro o seu foco missionário na
Sinagoga de Nazaré no início de seu ministério quando lê a profecia messiânica de Isaías:
“Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: O
Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.”. (Lucas 4:17-19)

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C. Missão Libertadora e Universal – No texto de Lucas 4:17-19 vemos a Missão de Jesus tem um
objetivo claro descrito na profecia Trazer libertação! A missão de Jesus era libertadora.
 Libertação da pobreza
 Libertação da catividade (prisões)
 Libertação da Opressão
 Libertação da cegueira
 Como esta libertação era operada por Jesus? Através de sua obra de pregação e Cura!
 Outro aspecto da Missão de Jesus é que ela era Universal. Incluía a todos. O Evangelho de Lucas
mostra que Jesus ministrou para todos, em especial aos marginalizados. Gentios e Judeus, homens
e mulheres, adultos e crianças, poderosos e oprimidos, excluídos e excludentes.

Samaritanos Pecadores Marginalizados


 Bom Samaritano (Lc 10:30-37)  Mulher pecadora (Lc 7:36-50)
 O leproso Samaritano Agradecido (Lc  O Filho Pródigo (15:11-32)
17:11-19)
Mulheres  O Publicano (Lc 18:9-14)
 Mulher pecadora (Lc 7:36-50)  Zaqueu (Lc 19:1-10)
 Profetiza Ana (Lc 2:36-38)  Ladrão na Cruz (23:43)
 Viúva de Naim (lc 7:11-17) Crianças
 Maria e Marta (Lc 10:13) Filha de jairo (Lc 8:41-56)
 A Viúva insistente (Lc 18:1-8) Tornando-se criança para entrar no Reino(Lc 9:47-
48)
Benditas são as crianças (Lc 18:15-17)
 Uma questão importante: Onde é a Nossa Galiléia? Onde está o povo em nossa missão? A
Missão não somos nós! Não é aqui na igreja! A Missão é onde estão os que estão do lado de fora!
Um dos lemas de Nossa igreja em Itu: Somos uma igreja virada para fora! Porque é fora que estão
os que precisamos alcançar para Jesus!
II. PARA DENTRO
A. Foco nos Discípulos (9:51-19:27).Samaria e Judéia. A viagem até Jerusalém. Depois
da Galiléia, Jesus entendeu que o tempo de cumprir a sua missão estava chegando e precisava ir a
Jerusalém, a cidade destino de sua missão e vida (Lc 9:51). Agora o foco missionário de Jesus não
será tanto o povo, os excluídos, mas os discípulos. Não significa que Jesus desprezou o povo e não
os serviu e ensinou. Vemos muitas curas e ensino de Jesus ao povo neste período (Lc 11:14-23-Cura
endemoninhado mudo; Lc 13:10-17-Cura mulher encurvada;Lc 14:1-6-Cura um Hidrópico; e ensinou
muitas pessoas).
 A mudança de foco para os Discípulos era porque Jesus precisava treinar aqueles homens que
sucederia Ele na continuação da Missão. Em Jerusalém Jesus não teria tempo e oportunidade viável
para isso, então esta viagem seria o tempo apropriado.
 É importante estar com o povo para construir compaixão e sensibilidade, mas é
fundamental também estar com os discípulos para construir uma comunidade missional.

B. Formação de Liderança Missional. Jesus foi o maior Líder que já existiu! E o grande traço de
um bom líder é que ele forma outros líderes. Ele não centraliza tudo! Ele sabe que não consegue e
nem deve fazer tudo sozinho! Jesus investe tempo em treinar os discípulos para que mais tarde eles
se tornem agentes da Missão. Este tempo de Jesus com os discípulos, esta jornada pode ser
chamada de Discipulado Missional. Fazer Discípulos para a Missão de Deus neste mundo!

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 Nosso Problema é a Nossa Prática. Somos muito bons em fazermos Discípulos para a Igreja,
mas não tão bons em fazermos Discípulos para a Missão! Membros de Igreja são ensinados pelos
seus líderes a amarem mais a igreja do que a Missão de Deus. São pessoas que gostam da
igreja,zelam por ela,participam de suas atividades várias vezes durante a semana. O número de
pessoas que amam e cuidam dos pobres, dos órfãos, viúvas,que investem tempo e recursos em
compartilhar o evangelho com os que estão perdidos sem Cristo é incomparavelmente menor.
Pessoas que visitam hospitais, cadeias, que fazem bons relacionamentos com amigos do trabalho
ou na escola para testemunharem Jesus para eles.
 A Diferença: Jesus treinou seus discípulos para serem missionários no mundo. Nós geralmente
treinamos discípulos para trabalharem na igreja! Jesus discipulou para Enviar,nós para Ficar.
 O Método: É nesta seção de Lucas que vemos o método de Discipulado de Jesus praticado. Este
método e composto de duas etapas: Exemplo e Envio. Primeiro Jesus mostra como fazer e Depois
Ele os envia para fazer o que viram Ele fazer. Em Lucas 9:1-2 Ele convoca os 12 e os envia para
pregar o Reino de Deus e curar enfermidades. Tudo isso eles já tinham visto Jesus fazer antes em
seu ministério com eles (Lembra: Ministério na Galiléia). Mais tarde Ele envia um grupo maior de 70
discípulos para a mesma missão: Pregar o Reino e Curar. O método de discipulado de Jesus é
diferente. É prático e coerente. Ele faz antes de mandar fazer.
 A própria vida de Jesus era grande fonte de informação e formação da Missão
III. PARA CIMA
A. Foco no Destino - Jerusalém (19:28-24:53).O próximo movimento de Jesus era para
cima. “E, dito isto, prosseguia Jesus subindo para Jerusalém” (19:28).
Em direção a Jerusalém, em direção a Deus e as autoridades da cidade. Esta etapa da Missão de
Cristo em Jerusalém e no templo constitui o clímax deste evangelho. Se nas duas primeiras
movimentações o foco eram as pessoas, o povão na periferia, agora Lucas enfatiza o centro.
Jerusalém, a capital, o centro do poder político, financeiro e religioso da Nação. Aqui Jesus entra em
conflito com os líderes religiosos e discute com eles sobe várias questões importantes para o povo
de Deus. Jesus teve uma Missão profética em Jerusalém.
 “Jesus ensinava no pátio do Templo todos os dias. Os chefes dos sacerdotes, os mestres da Lei e
os líderes do povo queriam matá-lo. Mas não achavam jeito de fazer isso, pois todos o escutavam
com muita atenção. (Lucas 19:47,48)
B. Formação do Povo de Deus. Em Jerusalém Jesus não apenas esteve em choque com os líderes
religiosos, mas dedicou integralmente seu Tempo para ensinar o povo de Deus no templo. Jesus
não apenas ensinou os de fora na Galiléia, os líderes em formação na Judéia e Samaria,mas viu a
necessidade e importância de alimentar e formar o rebanho do povo de Deus.
 Todo bom líder entende a necessidade de buscar a 100ª ovelha perdida, buscar ovelhas que
ainda não estão no aprisco, mas ele não ignora e alimenta as ovelhas do aprisco. Embora Jesus
estivesse entre os Gentios e Samaritanos, sabia bem a importância e as necessidades das
ovelhas de Israel.
 Bons Ministros alcançam os de fora e cuidam dos de dentro.
C. Comunhão Intensa com Deus. Jesus em sua Missão passava tempo com os desprezados
servindo os e os alcançando. Passava tempo com os discípulos treinado os com seu exemplo e seus
ensinos. Toda esta ocupação e agitação na vida de Jesus não o desviavam de passar tempo com
Quem era mais importante para Ele - O Pai. “Jesus passava o dia ensinando no templo; e, ao
entardecer, saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras.” (Lc 21:37).
 Jesus nos ensina que é preciso cuidar das pessoas ao nosso redor, mas é fundamental cuidar de nós
mesmos também através do nosso relacionamento com Deus em Oração. O Evangelho de Lucas é o
Evangelho que mais apresenta Jesus orando.

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 Os discípulos de Jesus quando estavam levando avante a Missão confiado por Cristo lembraram e
praticaram este princípio de saúde espiritual e emocional priorizando o lugar da comunhão com
Deus.
 “Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas... e nos
dedicaremos à oração e ao ministério da palavra". (Atos 6:2,4)
 “ Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho que o Espírito Santo entregou aos seus cuidados,
como pastores da Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do seu próprio Filho.” (At
20:28)
 A Qualidade e intensidade de nosso cuidado com as pessoas da nossa Missão
é resultado direto da qualidade e intensidade do nosso relacionamento com
Deus.
CONCLUSÃO
Estes movimentos da Missão de Jesus no Evangelho de Lucas estabelecem para nós o retrato de uma
missão e Ministério equilibrados. Pessoas diferentes com necessidades diferentes e em estágios diferentes
de sua caminhada com Deus são atendidas pela Missão que exercemos e não ficamos esgotados e
estressados no cumprimento desta missão.
Em nossa vida cristã estaremos em um dos movimentos que vimos hoje, dependendo do contexto que
estamos vivendo ou do estágio que estamos em nossa jornada. Ninguém precisa estar em todos os lugares,
fazendo todos os movimentos ao mesmo tempo sozinhos! Somos uma comunidade missional! Temos
pessoas com dons, habilidades e chamado para cada movimento necessário.
Queremos ser cada vez mais esta comunidade da Missão, e entendemos que não se faz missão parados!
Estacionados esperando as pessoas virem! Não! Missão se faz em movimento, mas não basta se
movimentar para qualquer direção, atirar para todos os lados torcendo para acertar alguma coisa, chegar a
algum lugar, pois é melhor que ficar parado! É essencial se movimentar na direção certa. Por onde Jesus
andou e para onde Deus nos direcionar.
Abrace um destes movimentos e seja parte integrante da Missão de Cristo neste mundo começando em
nossa cidade.

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