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“Tudo quanto se acha nos ofícios da Igreja, nos seus objetos e ornamentos, está cheio de sinais e
mistérios e transborda de doçura celeste, contanto que haja quem reflita atentamente. ”
Durandus
1. INTRODUÇÃO
1.1 Natureza da Liturgia
1.2 Definição nominal. A palavra Liturgia significava:
Na antiguidade, uma função profana, pública, não remunerada. Ex.: a função de juiz, de
festeiro de jogos públicos, de diretor de teatro, de armador de navios.
A palavra Liturgia deriva-se de leiton= do povo; e érgon= a obra, o ministério; e denota qualquer
ministério exercido em nome ou em favor da comunidade;
“As partes essenciais da missa, a forma essencial dos sacramentos, o Padre-Nosso formam os
elementos da Liturgia divina. (...) O próprio Salvador tinha empregado antigos e novos ritos; pois
tinha preparado a primeira consagração eucarística com o rito da páscoa antiga. Esta ordem
conservou-se nas duas partes da missa: a missa dos catecúmenos e a missa dos fiéis. Na primeira
havia orações e leituras da Sagrada Escritura, na segunda a consagração; divisão esta que se encontra
desde o princípio do cristianismo. (...)” (REUS, p. 37)
a) RITOS INICIAIS
OBS.: Todo o rito inicial deve ser realizado da cadeira presidencial (Cf. IGMR, n° 86 – 88) e não
do ambão (estante da palavra).
“As partes que precedem a Liturgia da Palavra, isto é, entrada, saudação, ato penitencial, Kyrie, Glória
e coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação.
Esses ritos têm por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembleia, constituam uma
comunhão e se disponham para ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a
Eucaristia.” (IGMR, nº 24)
ENTRADA
Ordem de entrada (Cf. IGMR, n° 82)
COLETA
“A oração (coleta) tem o caráter de declaração e petição. É uma declaração, pois exprime os
sentimentos de gratidão pelos benefícios outorgados à Igreja, ou ao santo festejado. É petição, porque
pede novas graças.” (REUS,1950, p. 235)
“O povo unindo-se à súplica do sacerdote e dando-lhe o seu assentimento, faz sua a oração pela
aclamação Amém.” (IGMR, nº32)
b) LITURGIA DA PALAVRA
OBS.: As leituras, salmo e preces devem ser proferidas do ambão. Quando cantado, o salmo
pode ser junto à equipe de cantores.
“A proclamação da Palavra de Deus na celebração comporta reconhecer que é o próprio Cristo que Se
faz presente e Se dirige a nós para ser acolhido. Referindo-se à atitude que se deve adotar tanto em
relação à Eucaristia como à Palavra de Deus, São Jerônimo afirma: “ Lemos as Sagradas escrituras. Eu
penso que o Evangelho é o Corpo de Cristo; penso que as santas Escrituras são o seu ensinamento. E
quando Ele fala em ‘comer a minha carne e beber o meu sangue’ (Jo 6,53), embora estas palavras se
possam entender do Mistério [eucarístico], todavia também a palavra da Escritura, o ensinamento de
Deus, é verdadeiramente o corpo de Cristo e o seu sangue. Quando vamos receber o Mistério
[eucarístico], se cair uma migalha sentimo-nos perdidos. E, quando estamos a escutar a Palavra de
Deus que é carne de Cristo e seu sangue, se nos distrairmos com outra coisa, não incorremos em
grande perigo?” (VD, nº 56)
“A parte principal da Liturgia da Palavra é constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos
cânticos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e concluída pela homilia, a profissão de fé e a
oração universal ou dos fiéis.” (IGMR nº 33)
LEITURAS BÍBLICAS
HOMILIA
É uma parte da liturgia e vivamente recomendada, sendo indispensável para nutrir a vida cristã!
Consiste na explicação ou de algum aspecto das leituras bíblicas ou de um outro texto da Liturgia,
tendo em conta o mistério comemorado sejam as particulares necessidades dos que a escutam.
Distingue-se do Sermão, que é o desenvolvimento metódico de um ponto da Doutrina.
PROFISSÃO DE FÉ (Deve ser rezada da cadeira presidencial)
“O símbolo ou profissão de fé, na celebração da Missa, tem por objetivo levar o povo a dar seu
assentimento e resposta à Palavra de Deus ouvida nas leituras e na homilia, bem como recordar-lhe a
regra da fé antes de iniciar a celebração da Eucaristia” (IGMR nº43)
“ deriva-se da palavra grega symbállo: componho.(...) pelo símbolo, se conhece o amigo de Deus, o
verdadeiro cristão.(...) História: os catecúmenos recebiam o símbolo oralmente algum tempo depois
antes do batismo (traditio) , e deviam rezá-lo no ato do batismo.” (REUS, p. 55)
“ O símbolo deve ser dito pelo sacerdote com o povo aos domingos e solenidades; pode-se também
dizer em celebrações especiais de caráter mais solene.
Quando cantado, deve sê-lo por todo o povo, seja por inteiro, seja alternadamente.” (Cf. IGMR, n° 44)
“O símbolo é dito pelo sacerdote com o povo (cf. n° 44). Às palavras E se encarnou pelo Espírito
Santo, todos se inclinam, mas nas solenidades da Anunciação e do Natal do Senhor todos se
ajoelham.” (Cf. IGMR, n° 98)
Conferir também o que diz o Missal Romano nas páginas 401 e 402.
ORAÇÃO UNIVERSAL
Nessa, o povo, exercendo a sua função sacerdotal, reza por todos os homens e, normalmente, segundo
essa sucessão:
a) - pelas necessidades da Igreja;
b) -pelos poderes públicos e pela salvação de todo o mundo;
c) -pelos que sofrem qualquer dificuldade;
d) -pela comunidade local;
Adicionais: intenções próprias às circunstâncias, pelos falecidos.
c) LITURGIA EUCARÍSTICA
“Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e a ceia pascal, que tornam continuamente presente na
Igreja o sacrifício da cruz, quando o sacerdote, representante de Cristo Senhor, realiza aquilo mesmo
que o Senhor fez e entregou aos seus discípulos para que o fizessem em sua memória. ” (IGMR, nº
48). Jesus, de fato, toma o pão e o cálice, rende graças e os dá aos seus discípulos dizendo: “Tomai,
comei, bebei; isto é o meu corpo; este é o cálice do meu sangue. Fazei isto em memória de mim!
“Por isso a Igreja dispôs toda a celebração da liturgia eucarística em partes que correspondem às
palavras e gestos de Cristo. De fato:
1) na preparação das oferendas levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, aqueles
elementos que Cristo tomou em suas mãos;
2) na oração eucarística rendem-se graças a Deus por toda a obra salvífica, e as oferendas
tornam-se Corpo e Sangue de Cristo;
3) pela fração do mesmo pão manifesta-se a unidade dos fiéis, e pela comunhão recebem o Corpo
e o Sangue do Senhor como os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo.” (IGMR,
nº48).
PREPARAÇÃO DAS OFERENDAS
As oferendas que se converterão, pela ação do Espírito Santo em Corpo e Sangue de Cristo são
trazidas ao altar. Mesmo que os fiéis hoje não levem mais seu próprio pão e vinho, o rito conserva seu
valor e significado. Nos dizeres de São Justino, “então trazem pão e um cálice com vinho, ao qual se
adiciona água, e dão-no àquele que preside entre os irmãos”.
“Também são recebidos o dinheiro ou outros donativos oferecidos pelos fiéis para os pobres ou para a
igreja, ou recolhidos no recinto da mesma; serão no entanto colocados em lugar conveniente, fora da
mesa eucarística” (IGMR nº49)
O altar é preparado, o sacerdote recebe a âmbula e, elevando-a um pouco acima do altar, reza em
silêncio: “Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto
da terra e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos, e para nós se vai tornar pão da vida”
(Missal Romano p.351)
O sacerdote ou o diácono derrama vinho e um pouco d’água no cálice, rezando em silêncio: “ Pelo
mistério desta água e deste vinho possamos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou
assumir a nossa humanidade. ” (Missal Romano p.351).
Em seguida, o sacerdote toma o cálice e, elevando-o um pouco sobre o altar, reza em silêncio: “
Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da
videira e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da
salvação. ” (Missal Romano p.352).
Inclinado reza em silêncio: “De coração contrito e humilde sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja
o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus” (Missal Romano
p.352).
Lava as mãos dizendo em silêncio: “Lavai-me, Senhor, das minhas faltas e purificai-me do meu
pecado”. (Missal Romano p.352).
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
ORAÇÃO EUCARÍSTICA
“Inicia-se agora a Oração Eucarística, centro e ápice de toda a celebração, prece de ação de graças e
santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os corações ao Senhor na oração e ação de graças e
o associa à prece que dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O sentido desta
oração é que toda a assembleia se una com Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na
oblação do sacrifício” (IGMR, nº54).
PREFÁCIO
Exprime de modo especial a Ação de Graças! O sacerdote, em nome de todo povo santo, glorifica a
Deus Pai e lhe rende graças por toda a Obra da Salvação ou por algum aspecto em particular, segundo
o dia, a festa, ou o tempo litúrgico. O mais antigo é o da SS. Trindade.
SANTO
Eles clamavam uns para os outros e diziam: Santo, santo, santo é IAHWEH dos Exércitos, a sua glória
enche toda a terra” (Is 6,3). Denomina-se Triságio (=três vezes santo) ou Hino dos Anjos. É um hino
popular, introduzido desde cedo na Liturgia cristã, por volta do século II. Foi sempre o canto dos fiéis.
São Gregório de Nissa (394) nos afirma que no Oriente o povo todo o cantava. Tem letra própria e não
convém ser modificado.
EPICLESE
De Epikaléo (= invocar). Invocação ao Espírito Santo sobre as Oblatas para que se tornem o
verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo e sobre a Assembleia para que se torne verdadeiramente o Corpo
de Cristo e a santa comunhão tenha seu pleno efeito.
RITO DA PAZ
Implora a paz e a unidade para a Igreja e toda a família humana, exprime mutuamente caridade, antes
de participar do mesmo pão.
FRAÇÃO DO PÃO
“[...] gesto de partir o pão, realizado por Cristo na última Ceia, [...] significa que nós, sendo muitos,
pela comunhão do único Pão da vida, que é o Cristo, formamos um único corpo (1Cor 10,17). ”
(IGMR, nº 56). Os primeiros cristãos chamavam a Missa de “Fração do Pão” e a Hóstia (=vítima) de
Toklasma, o que foi quebrado.
Em seguida, o sacerdote parte o pão sobre a patena e coloca um pedaço no cálice, rezando em silêncio:
esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor nosso, que vamos receber, nos sirva
para a vida eterna!
AGNUS DEI (=CORDEIRO DE DEUS)
Para preencher o tempo, o Papa de origem greco-síria, Sérgio I (687-701) estabeleceu que se cantasse
“Cordeiro de Deus” conforme o Evangelho de João 1,29.
COMUNHÃO
Nos faz partícipes do sacrifício de Jesus deixado à Igreja como banquete pascal. Ao se distribuir a
comunhão cantava-se o salmo 33. Entramos em contato com o divino e somos por Ele fortalecidos e
restaurados para viver santamente nossa vida!
ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO
Tem por finalidade render graças a Deus pela Eucaristia celebrada e nela se pede os frutos da
participação do banquete do Senhor.
d) RITOS FINAIS
É o momento próprio dos avisos e homenagens da Comunidade, se houverem. Pela última vez o padre
se dirige ao povo com a delicada saudação: “ O Senhor esteja convosco! ” Não estivemos tanto com
Cristo como agora! Depois de recebida a bênção, voltamos às atividades louvando e bendizendo o
Senhor com suas boas obras. Participando do banquete do Pão e Vinho e da Palavra, nos tornamos
responsáveis pela construção do Reino de Deus com nosso testemunho e nossas palavras. Missa
também significa missão. O padre oscula o altar e todos saem em procissão.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
1 – Após o ato penitencial NÃO pode faltar de forma alguma o Kyrie Eleison ou Senhor tende piedade
de nós.
2 – As orações do ORDO MISSAE (Glória, Creio, Santo, Pai Nosso e Cordeiro), quando forem
cantadas, NÃO podem ter suas letras modificadas.
(São aceitas apenas as pequenas adaptações feitas e/ou aprovadas pela CNBB).
3 – Ficar atentos aos cânticos escolhidos para a missa e celebração da palavra. Eles devem expressar o
mistério que está sendo celebrado.
4 – O que pode ficar sobre o altar? Uma toalha digna, velas, cruz, alfaias, vasos sagrados, evangeliário
e o missal romano (ou algo que se equipare ao missal).
5 – Após a proclamação do Evangelho o lecionário e o evangeliário devem ser colocados sobre a
credência, pois o ambão será usado para a leitura das preces.
6 – No presbitério deve conter somente três imagens: Cristo Crucificado ao centro, a Virgem Maria de
um lado e o padroeiro da comunidade do outro (se a Virgem Maria for a padroeira, coloca-se do outro
lado a imagem de São José ou de outro santo de devoção da comunidade).
7 – Quando fazer vênias, inclinações profundas ou genuflexões?
Vênias: quando se dizem as três pessoas da Ssma. Trindade juntas, quando se pronuncia o nome da
Virgem Maria e do Santo que se celebra durante a oração eucarística.
Inclinação profunda: na procissão de entrada quando não houver sacrário no presbitério, às palavras
do Creio que se referem à encarnação de Jesus.
Genuflexões: na procissão de entrada quando houver sacrário ativo no presbitério, na consagração do
pão e do vinho e antes da comunhão.
ATENÇÃO: Quem carrega algum objeto litúrgico não faz vênia, inclinação ou genuflexão. Se houver
sacrário no presbitério fazem apenas a vênia. Nas palavras da consagração quem não puder fazer
genuflexão deve fazer inclinação profunda quando o padre se ajoelha.
REFERÊNCIAS
BENTO XVI, Papa. Verbum Domini. Exortação Apostólica pós-sinodal. 2010.
BÍBLIA SAGRADA. 34. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Instrução geral do Missal Romano e Introdução ao
Lecionário. Brasília: CNBB, 2008.
REUS, João Batista. Curso de Liturgia. Rio de Janeiro: Vozes, 1952.