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Asfixias
É ficar sem oxigênio, de maneira geral. Alguma coisa impedindo de respirar ou mesmo
que o sangue circule, levando oxigênio pelas hemácias.
Tipos de asfixia:
2) Temos um tipo que a caixa torácica fica inutilizável – sufocação indireta. Essa caixa
torácica precisa se mexer para o corpo poder respirar. Alguém que tem as costelas quebradas
e não consegue fazer o movimento na caixa torácica acaba morrendo, bem como aqueles com
fadiga muscular. Jesus é um exemplo disso.
Dois conceitos de asfixia: ar que não chega e sangue (que contêm oxigênio, portanto).
Quando alguém tem uma asfixia, tem sinais. Esses sinais não são tão importantes para
o advogado, pois estarão no laudo.
No confinamento falta oxigênio. Nos desabamentos isso acontece muito, acidentes nas
minas, etc. Na Guerra Fria um submarino russo estava na Sibéria, sendo que a maquina de
oxigênio pifou. O mundo inteiro tomou conhecimento da morte geral por confinamento.
Confinamento também pode ocorrer com um simples saco plástico na cabeça da pessoa.
Afogamento. O ambiente que era ar vira líquido. É possível se afogar em casa. O cara
se embriaga e vai tomar banho na banheira. Tem gente que morre dentro d’água, mas não
afogado – afogamento branco. Ex: uma senhora estava tomando banho na piscina sozinha.
Quando foram olhar, ela estava no fundo. O médico disse que se tratava de afogamento. Não
tinha IML nessa cidade. Trouxeram o corpo para o velório (outra cidade). Nesse caso, o laudo
desse médico não vale mais, pois tem IML nessa outra cidade. O corpo tem que ir pro IML
agora. O PERITO ad hoc é só se o corpo for sepultado na cidade sem IML. Mas voltando para o
sepultamento... Como ela era solteira e rica, começou uma briga pela herança dela. Só que
essa senhora criou uma moça como filha. Acusaram a moça de ter provocado a morte da
senhora. O juiz pediu uma exumação para encontrar a verdadeira causa de morte.
Descobriram que houve um enfarto ao invés de afogamento.
Às vezes o corpo não tem sinal de afogamento ou asfixia – nesses casos se diz que é
uma necropsia branca (muita rara).
Os sinais do afogamento: pele anserina (de pato), enrugada, etc. Se não houver reação
vital, é porque o corpo já estava sem vida. Esses sinais são mais para o médico, vem no laudo.
É importante estudar o corpo que estava na agua pra ver se não tem marcas de bala ou outras
coisas que podem ter ocasionado a morte.
Se alguma coisa obstrui a via respiratória e o ar não pode passar, estamos diante de
uma sufocação direta. A sufocação direta pode ser homicida ou acidente. Dificilmente ocorre a
suicida. No caso de homicídio, por exemplo, as pessoas colocam um obstáculo (travesseiro,
cobertor) no rosto da pessoa, impedindo que ela respire.
Tem uma história de uma idosa que foi agredida por bandidos. Eles colocaram dentro
da boca da idosa uma rolha de garrafa, ela acabou morrendo. Na necropsia, verificaram que a
rolha da garrafa obstruiu a laringe, impedindo a idosa de respirar. Sufocação direta.
A sufocação indireta, por sua vez, a caixa torácica fica impedida de se movimentar.
Aquela brincadeira que anda circulando nas redes sociais em que os jovens induzem a
sufocação apertando o peito até a pessoa desmaiar é um exemplo disso.
É muito comum em acidentes (transito, a pessoa fica presa nas ferragens), ou mesmo
em multidões, ocorrendo pisoteamento das pessoas que caem. Fraturas múltiplas de costela
também impedem a expansão da caixa torácica, causando mortes. Os sinais de asfixia são os
mesmos das violências.
Existe também asfixia por compressão do pescoço. Esse tipo é muito comum e
importante na advocacia. O pescoço é apertado. Neste caso, não há que se pensar que o
aperto do pescoço obstrua a passagem do ar. Na verdade, o que ocorre é a obstrução da
passagem do sangue, impedindo a circulação de duas artérias que vão para o cérebro,
chamadas de artérias carótidas. Bastam 3 segundos de obstrução dessas artérias para a pessoa
desmaiar, 4 minutos para ter sequelas permanentes no cérebro e 5-6 minutos para morrer.
A maioria dos enforcamentos são suicidas. Importante é a marca da corda que fica
nesses casos. A marca do pescoço é profunda na parte oposta do nó, sendo que a corda não
encosta na parte de trás. A marca fica oblíqua ao pescoço, já que é o peso do corpo que aperta
o pescoço. Às vezes a pessoa escapa com sequelas, com danos cerebrais, paralisias, etc.
Malcher conta a história de um advogado que veio atrás dele para se certificar se a
morte de uma mulher foi realmente suicídio por enforcamento, como o marido havia relatado
e o delegado concordado, arquivando o processo. Só que ao analisar as fotos do corpo,
Malcher verificou que as marcas não foram de enforcamento, mas de estrangulamento. Sulco
perpendicular no pescoço. Portanto, é homicídio. O advogado entrou com revisão criminal
(precisa de fato novo – prova nova, no caso, o parecer do Malcher) e ganhou a causa. O
marido era o culpado no final das contas. Malcher fez laudo indireto através das fotos.