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Ciências Forenses – 19/10

Asfixias

É ficar sem oxigênio, de maneira geral. Alguma coisa impedindo de respirar ou mesmo
que o sangue circule, levando oxigênio pelas hemácias.

Tipos de asfixia:

1) Devido a modificações físicas no ambiente: quantitativas e qualitativas. Nas


quantitativas, a pessoa consome todo o oxigênio – caso de confinamento. Nas qualitativas,
outros gases (tóxicos) causam a morte; ou mesmo a mudança para um ambiente líquido, por
exemplo.

2) Temos um tipo que a caixa torácica fica inutilizável – sufocação indireta. Essa caixa
torácica precisa se mexer para o corpo poder respirar. Alguém que tem as costelas quebradas
e não consegue fazer o movimento na caixa torácica acaba morrendo, bem como aqueles com
fadiga muscular. Jesus é um exemplo disso.

3) Sufocação direta – quando obstáculos mecânicos no aparelho respiratório impedem


a respiração. Ex.: um travesseiro em cima do rosto da pessoa. Ou qualquer objeto que não
deixe o ar passar.

4) Obstáculo mecânico qualquer causa uma constrição no pescoço – o ar passa, mas as


artérias carótidas são obstruídas, não indo sangue para o cérebro. Com 3 segundos, a pessoa
desmaia. Com 4 minutos, danos irreversíveis no cérebro. 5-6 minutos, morre.

Dois conceitos de asfixia: ar que não chega e sangue (que contêm oxigênio, portanto).

Quando alguém tem uma asfixia, tem sinais. Esses sinais não são tão importantes para
o advogado, pois estarão no laudo.

No confinamento falta oxigênio. Nos desabamentos isso acontece muito, acidentes nas
minas, etc. Na Guerra Fria um submarino russo estava na Sibéria, sendo que a maquina de
oxigênio pifou. O mundo inteiro tomou conhecimento da morte geral por confinamento.
Confinamento também pode ocorrer com um simples saco plástico na cabeça da pessoa.

Asfixias qualitativas: geralmente por gases tóxicos. Monóxido de carbono é o mais


comum. O dióxido de carbono (gás carbônico) não é tão nocivo, mas o monóxido de carbono é
extremamente tóxico. Quando a hemácia se junta ao monóxido de carbono, ela não se solta
mais. Por isso se alguém ficar com o carro ligado dentro de um espaço fechado (garagem, por
exemplo), a pessoa morre intoxicada por monóxido de carbono. A pele fica com uma
tonalidade rosa/avermelhada. O sintoma é apenas a sonolência. A única coisa que salva
alguém da intoxicação por monóxido de carbono é a transfusão de sangue, pois as hemácias
estão comprometidas, juntas ao monóxido de carbono (CO). O oxigênio é um composto
instável, mas quando em presença do CO não se solta mais. É por esse motivo que dar oxigênio
para uma pessoa prestes a morrer por CO não adianta, apenas a transfusão.

Soterramento. Na necropsia, é achado no pulmão tudo aquilo que soterrou (terra,


areia, barro, etc.).

Afogamento. O ambiente que era ar vira líquido. É possível se afogar em casa. O cara
se embriaga e vai tomar banho na banheira. Tem gente que morre dentro d’água, mas não
afogado – afogamento branco. Ex: uma senhora estava tomando banho na piscina sozinha.
Quando foram olhar, ela estava no fundo. O médico disse que se tratava de afogamento. Não
tinha IML nessa cidade. Trouxeram o corpo para o velório (outra cidade). Nesse caso, o laudo
desse médico não vale mais, pois tem IML nessa outra cidade. O corpo tem que ir pro IML
agora. O PERITO ad hoc é só se o corpo for sepultado na cidade sem IML. Mas voltando para o
sepultamento... Como ela era solteira e rica, começou uma briga pela herança dela. Só que
essa senhora criou uma moça como filha. Acusaram a moça de ter provocado a morte da
senhora. O juiz pediu uma exumação para encontrar a verdadeira causa de morte.
Descobriram que houve um enfarto ao invés de afogamento.

Às vezes o corpo não tem sinal de afogamento ou asfixia – nesses casos se diz que é
uma necropsia branca (muita rara).

Os sinais do afogamento: pele anserina (de pato), enrugada, etc. Se não houver reação
vital, é porque o corpo já estava sem vida. Esses sinais são mais para o médico, vem no laudo.
É importante estudar o corpo que estava na agua pra ver se não tem marcas de bala ou outras
coisas que podem ter ocasionado a morte.

Ciências Forenses 26/10

Atenção: aula bastante ilustrativa. Ver os slides do Malcher.

Se alguma coisa obstrui a via respiratória e o ar não pode passar, estamos diante de
uma sufocação direta. A sufocação direta pode ser homicida ou acidente. Dificilmente ocorre a
suicida. No caso de homicídio, por exemplo, as pessoas colocam um obstáculo (travesseiro,
cobertor) no rosto da pessoa, impedindo que ela respire.

Tem uma história de uma idosa que foi agredida por bandidos. Eles colocaram dentro
da boca da idosa uma rolha de garrafa, ela acabou morrendo. Na necropsia, verificaram que a
rolha da garrafa obstruiu a laringe, impedindo a idosa de respirar. Sufocação direta.

A mesma coisa aconteceu com um paraplégico em Vila Velha (ES). Os bandidos


colocaram pano dentro da boca dele, impedindo de respirar. Quando o socorro chegou, ele
havia morrido, e o pano havia entrado na garganta dele.

O CDC proibiu a comercialização de brinquedos para crianças que tenham peças


pequenas para evitar o sufocamento delas.

Quanto aos sinais da sufocação direta, são os mesmos de asfixias: aparecem


equimoses, principalmente nas gengivas, etc.

A sufocação indireta, por sua vez, a caixa torácica fica impedida de se movimentar.
Aquela brincadeira que anda circulando nas redes sociais em que os jovens induzem a
sufocação apertando o peito até a pessoa desmaiar é um exemplo disso.

Em crimes sexuais, é muito comum os agressores fazerem pressão no tórax da vítima


para impedir que ela se movimente, geralmente sentando em cima dela, por exemplo. Muitas
vezes a pessoa morre por conta do tórax ficar impedido de se expandir.

É muito comum em acidentes (transito, a pessoa fica presa nas ferragens), ou mesmo
em multidões, ocorrendo pisoteamento das pessoas que caem. Fraturas múltiplas de costela
também impedem a expansão da caixa torácica, causando mortes. Os sinais de asfixia são os
mesmos das violências.

Existe também asfixia por compressão do pescoço. Esse tipo é muito comum e
importante na advocacia. O pescoço é apertado. Neste caso, não há que se pensar que o
aperto do pescoço obstrua a passagem do ar. Na verdade, o que ocorre é a obstrução da
passagem do sangue, impedindo a circulação de duas artérias que vão para o cérebro,
chamadas de artérias carótidas. Bastam 3 segundos de obstrução dessas artérias para a pessoa
desmaiar, 4 minutos para ter sequelas permanentes no cérebro e 5-6 minutos para morrer.

Temos três tipos de compressão no pescoço (vai cair na prova):


1) enforcamento. O cara sobe no banquinho, amarra uma corda no pescoço e empurra
o banquinho para longe. O corpo fica pendurado. O peso do corpo pressiona o pescoço. Pode
ser homicida (Saddam Hussein), mas pode ser acidente (uma criança que estava brincando
com a rede e colocou o pescoço entre aquelas cordas da rede).

A maioria dos enforcamentos são suicidas. Importante é a marca da corda que fica
nesses casos. A marca do pescoço é profunda na parte oposta do nó, sendo que a corda não
encosta na parte de trás. A marca fica oblíqua ao pescoço, já que é o peso do corpo que aperta
o pescoço. Às vezes a pessoa escapa com sequelas, com danos cerebrais, paralisias, etc.

2) Estrangulamento. Se a marca for contínua e perpendicular ao pescoço, isso indica


que não foi enforcamento, mas sim estrangulamento. Não foi o peso do corpo da pessoa, foi a
força do agressor.

Enquanto o enforcamento é suicida na maioria das vezes, estrangulamento é


homicida, na maioria das vezes (raríssimamente é acidental). No enforcamento, a marca é
oblíqua ascendente; no estrangulamento, é horizontal e linha contínua. A marca no
enforcamento é geralmente acima da cartilagem tireoide, no estrangulamento, geralmente é
abaixo.

3) Esganamento. Quando é com a mão. Ex.: Isabela Nardoni. Sempre homicídio.


Geralmente usado contra indivíduos mais vulneráveis fisicamente.

Malcher conta a história de um advogado que veio atrás dele para se certificar se a
morte de uma mulher foi realmente suicídio por enforcamento, como o marido havia relatado
e o delegado concordado, arquivando o processo. Só que ao analisar as fotos do corpo,
Malcher verificou que as marcas não foram de enforcamento, mas de estrangulamento. Sulco
perpendicular no pescoço. Portanto, é homicídio. O advogado entrou com revisão criminal
(precisa de fato novo – prova nova, no caso, o parecer do Malcher) e ganhou a causa. O
marido era o culpado no final das contas. Malcher fez laudo indireto através das fotos.

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