Primeiro de Abril 1 (6.5 - Um conto da Série Escolas de Senhoritas) Sinopse O VIÚVO Mason Brandt, o Conde de Westville, tem negligenciado seus deveres para com Augusta, irmã de sua falecida esposa, e de Lionel, por uma única razão: ele está atraído por Augusta. E isso é proibido na Inglaterra — um homem não pode se casar com a irmã de sua falecida esposa sem ir ao exterior e arriscar um escândalo. Mas quando Lionel se engaja em uma brincadeira de primeiro de abril de proporções épicas, ameaçando criar um tipo totalmente diferente de escândalo, Mason e Augusta devem intervir para salvar o dia... e no processo, se apaixonam tolamente um pelo outro. Capítulo 1 MASON BRANDT, o viúvo Conde de Westville, com vinte e nove anos, estava sentado com os pés apoiados em uma poltrona, um brandy em uma das mãos e o calendário de corridas na outra, quando a mulher que ele tinha evitado durante semanas entrou de supetão em seu escritório: a Senhorita Augusta Hunt, irmã de sua falecida esposa. Deus o ajudasse. A mulher de vinte e dois anos deveria estar a quinze milhas de distância em sua propriedade familiar, lendo para a mãe sobre Os Hottentots e alguma de suas valiosas viagens. Ela não deveria estar aqui em seu escritório, respirando com dificuldade por ter subido correndo as escadas, com seus olhos brilhantes como esmeraldas, seu peito adorável no nível dos seus olhos e seus lábios exuberantes tentando-o a... Tardiamente, ele se levantou. — Boa noite, Augusta. — Não pense sobre sua boca. Ou seus seios. Ou o que você deseja ardentemente fazer com ambos. Ela é a irmã de Esther, pelo amor de Deus! — Qual aventura selvagem a traz até essa cidade perversa? Se ele esperava conseguir que ela ruborizasse, não funcionou. Suas bochechas permaneceram pálidas como lírios. — Perdoe-me por entrar, mas o assunto é urgente. Você ainda tem contatos no The London Monitor? Isso soava sinistro. Após a morte de Esther, de malária, no ano posterior ao último, os irmãos órfãos dela, Augusta e Lionel, que já moravam com eles, tornaram-se responsabilidade apenas dele. E ele levava a sério suas responsabilidades. — Por que? — Lionel me disse esta manhã que ele ia passar a noite na cidade com você, mas um dos nossos servos mencionou vê-lo sair com dois amigos. Então eu vasculhei a escrivaninha dele e encontrei isso. — Com um floreio, jogou três artigos sobre o divã. Ele pegou o primeiro, um velho recorte de jornal sobre uma peça pregada em um proeminente farmacêutico. Algum imbecil tinha convidado duzentos comerciantes para ir à casa do farmacêutico em uma hora em particular para oferecer seus produtos. O caos em massa se seguiu quando todos foram. Com sua curiosidade agora completamente despertada, Mason leu o seguinte, um rascunho para um anúncio, cheio de edições:
Em 1º de abril, às dez da manhã, a Senhora Bowman, uma
renomada famosa descendente do artista Rembrandt, terá a satisfação o prazer de entreter o público com uma exibição livre de sua coleção ancestral valiosa de pinturas do artista, até então nunca vistas por alguém fora da sua família, no nº 47 do Park Lane. Chá será servido.
Mason olhou inquieto para Augusta.
— Quem, porventura, é a Senhora Bowman? — A viúva de um advogado importante com uma filha que Lionel gosta. — Augusta andou de um lado ao outro da sala, claramente indignada com... o que quer que isso fosse. Tentando não notar o quão atraente ela estava em seu traje de viagem, ele forçou sua atenção para o rascunho. — Será que esta Senhora Bowman realmente tem uma coleção de Rembrandt’s “até então nunca vistos”? Ela o olhou como se ele fosse um idiota. — Não há Rembrandt’s. Essa é a questão. — Do quê? — Normalmente, ele poderia seguir a linha de pensamento errante de Augusta, mas ele tomara um pouco de conhaque esta noite. — Do porquê ele está irritado com a Sra. Bowman. Ele quer se casar com Pamela e... — Casar! Mas ele nem saiu de Eton ainda. — Eu sei! O mesmo acontece com a Sra. Bowman. É por isso que ela o proibiu de ver sua filha. Ela temia que suas intenções não fossem honrosas. E Lionel como é, está em pé de guerra sobre o 2 insulto à sua honra, chamando-a de “Bowman Banshee ”. Uma imagem perturbadora estava começando a se formar na cabeça de Mason. — Mas você ainda não sabe o pior de tudo. — Augusta fez um gesto para o último papel. — Olhe para a nota de venda. A nota de venda? Isso não poderia ser bom. Ele olhou para um recibo de alguns dias atrás para um anúncio a ser impresso no The London Monitor em primeiro de abril. Amanhã de manhã. Droga, que inferno. ― Certamente Lionel não é tolo o suficiente para... ― Cometer uma fraude épica para contra-atacar a “Bowman Banshee”? ― Ela retrucou. ― Aparentemente, ele é. Maldito idiota. Só Deus sabe onde ele e seus amigos indecentes estão hoje à noite. Mas que Deus me perdoe, pois quando eu colocar minhas mãos nele, vou estrangulá-lo até deixá-lo sem sentidos! ― Você e eu. ― Maldito estúpido de dezessete anos. ― Agora você está preocupado? Eu te escrevi há duas semanas, pedindo que você visitasse o Orton Hall durante as férias escolares de Lionel para levá-lo na mão, mas você nunca se preocupou em responder a minha carta. ― Eu estive... ocupado. ― Sim. ― Ela disse ironicamente, apontando para o calendário de corridas. ― Eu posso ver o quão “ocupado” você esteve. Ele reprimiu uma maldição, porque não podia admitir que não queria ir para casa se isso significava vê-la, estar com ela... desejá-la. Infelizmente, o casamento com ela estava fora de questão. Casar com a irmã da falecida esposa podia não ser ilegal na Inglaterra, mas ainda era um tabu. Isso prejudicaria suas reputações e criaria um enorme escândalo. Ele não podia colocar esse peso sobre ela quando ainda podia casar com um homem que não era seu parente. Ademais, Augusta nunca demonstrou qualquer interesse romântico nele além dos sorrisos e olhares curiosos que toda jovem dava a cavalheiros respeitáveis. Então, independentemente de seu desejo por ela, ele tinha que continuar a ser o guardião que deveria ser. Não o amante que ele queria ser. ― Então ― ela perguntou. ― Você ainda é amigo do proprietário do The London Monitor? Isso o fez largar o seu conhaque. ― Charles Godwin. Sim. ― Ele se dirigiu para a sala, onde ordenou ao lacaio que estava esperando que pedisse seu coche. Ela estava em seus calcanhares. ― Você pode impedi-los de imprimir o anúncio? O tremor em sua voz enviou um tremor em resposta por ele. Ele começou a entender o quanto isso era ruim. Se alguma vez saísse a público que Lionel estava envolvido em uma brincadeira tão monumental... Enquanto caminhava para as escadas com ela seguindo seus passos, Mason olhou para seu relógio de bolso. ― O papel provavelmente já terá ido para a imprensão. Mas eu posso pedir a Godwin para segurá-lo. Enquanto eu arcar com o custo. Um suspiro chocado escapou dela. ― Oh, Mason, não! Isso soa terrivelmente caro. ― Não mais do que eu mereço por negligenciar meus deveres. ― Por desejar a irmã da minha esposa. Ela fez uma pausa para lançar-lhe um olhar de desculpas. ― Me desculpe, eu não deveria ter culpado você. Eu só estou tão preocupada... ― Eu sei. ― E eu estava irritada por você ter ficado longe por tanto tempo. Eu, nós, sentimos a sua falta. Tentando não ler muito nessa afirmativa, ele fez um gesto para ela ir à frente dele. Seus cachos castanho-avermelhados balançando, enquanto corria lá embaixo com suas saias levantadas, era apenas o suficiente para dar-lhe um vislumbre do tornozelo. ― Nós o pegaremos a tempo, eu espero. ― Disse ele para manter sua mente fora da visão tentadora. ― Se pudermos substituir a folha contendo o anúncio, nós ficaremos bem. Mas isso não resolveria o problema de Lionel. ― O tipo de edição para uma única folha não demora? ― Ela perguntou. ― Embora eu suponho que eles pudessem só... Ele não ouviu o resto, muito preso nas memórias de suas próprias palhaçadas de estudante. Embora nenhuma tenha sido nesta escala, elas lhe renderam algumas reprimendas. Infelizmente, isso só o fez ser cauteloso em suas rebeliões, até... ― Se removermos o anúncio, ― disse ele ― Lionel vai apenas tentar de novo, em outro jornal. Em vez disso, devemos dar-lhe um gosto de seu próprio remédio. ― Como? ― Submetendo-o a consequências mais profundas. ― Uma ideia estava se formando. ― Vou mudar seu anúncio o suficiente para parecer que houve alguns erros. Vou colocar um nome ligeiramente diferente e, mais importante, um endereço que eu posso controlar. Eles alcançaram o saguão de entrada e ela olhou para ele, perplexa. ― Eu vejo como isso o priva de sua vingança contra a Sra. Bowman. Mas isso só irá ensinar-lhe que a imprensa comete erros. Supondo que ao menos ele veja o erro na impre... ― Oh, ele vai ver. ― disse ele, quando o criado trouxe o casaco e o chapéu. ― Confie em mim, ele e seus amigos vão comprar o primeiro jornal para ver os efeitos de sua obra. Ou, se não o fizerem, eles vão até a casa da Senhora Bowman, perceberão que ninguém estará lá para ver sua exposição espúria e então comprarão um jornal para descobrir o que deu errado. Ela apertou os lábios. ― E depois? ― Se Lionel tiver alguma consciência, vai pelo menos tentar descobrir o quanto sua farsa estragou a vida de um homem ou uma mulher inocente. ― Lionel tem consciência. E eu suponho que ela seria picada se ele fosse para o endereço, com a impressão de que seu plano desse certo, e testemunhasse você afastando as pessoas raivosas. Mas eu não acho... ― Meu plano envolve mais do que isso. Quando terminar com Lionel, ele terá aprendido uma lição que nunca irá esquecer. Ele devia isso a Esther. Sua falecida esposa podia ter sido uma mulher frívola com quem ele se casou com demasiada pressa, mas ela tinha feito o seu melhor por ele e ela adorava os seus irmãos. Não tinha sido culpa dela que os sentimentos de Mason por ela tivessem esfriado algum tempo após seu casamento. Ou que ele recentemente tivesse se apaixonado por sua irmã. Era apenas a proximidade, isso é tudo. Nada mais. Enquanto ele colocava o casaco e o chapéu, Augusta o olhou, hesitante. ― Então, qual é o seu plano? ― Não há tempo para explicar. ― Ele saiu pela porta. ― Basta voltar para Orton Hall e deixar isso comigo. ― Absolutamente não. ― Augusta se apressou atrás dele. ― Tenho a intenção de estar com você amanhã onde quer que você for confrontar Lionel. ― Augusta... ― Eu falo sério! ― Ela passou por ele para bloquear seu caminho enquanto descia as escadas. ― Você não vai me tratar como uma criança levada enquanto arrisca seu dinheiro, sua reputação e sabe-se lá mais o que pelo tolo do meu irmão. ― E quanto a sua reputação? ― Ele olhou para ela. ― Seu futuro pode ser seriamente danificado se alguém vê-la envolvida nisso. ― Eu já estou envolvida. Lionel é meu irmão. ― Seu tom de voz ficou sarcástico. ― Eu dificilmente posso escapar da conexão agora. ― Eu ainda acho que seria melhor para você estar... ― No campo, longe de você? É por isso que isso aconteceu, em primeiro lugar. Porque você não nos quer por perto. ― Seu olhar caiu para onde ele estava colocando as luvas. ― Eu suponho que entendo o porquê. Devemos lembra-lo dolorosamente da minha irmã. ― Isso não tem nada a ver com Esther. Eu te disse, eu tenho apenas estado... ― Ocupado. ― Disse ela maliciosamente. ― Certo. Ele suspirou. ― Mas isso aconteceu porque eu negligenciei Lionel. É por isso que você deve deixar-me tirar esse peso de seus ombros, querida. A expressão de afeto saiu antes que ele pudesse impedi-la e os olhos dela se voltaram para ele, brilhando com alguma emoção ilegível. ― Eu não quero te dar mais outro fardo. Eu apenas preciso de alguém para compartilhá-lo. ― Como se percebesse como isso poderia ser entendido, ela acrescentou rapidamente: ― Além disso, Lionel é a única família que me resta. Eu tenho que estar lá quando você falar com ele. Por favor, Mason. As palavras atingiram-no como uma marreta no peito. Nos últimos seis anos, ela perdeu a maior parte de sua família. No entanto, ela nunca lhe pediu nada, exceto sua ajuda com seu irmão, um pedido que ele tinha ignorado em seu detrimento. Estava certa ― ela tinha uma participação nisso. E, por sua negligência, merecia sofrer a penitência de tê-la com ele. Seria uma penitência adequada, uma vez que apenas o aroma dela, fresco e frutado como maçãs no ar da noite, fazia o sangue dele rugir nas veias. Sua carruagem parou em frente, lembrando-lhe que este assunto exigia pressa. ― Você não pode ir comigo para o escritório do jornal, isso certamente provocará comentários. ― Quando ela abriu a boca como se quisesse protestar, ele acrescentou: ― Mas vou enviar uma mensagem para mamãe avisando que você e Lionel estão na cidade seguros comigo, e você pode ficar aqui esta noite. E, na parte da manhã, você pode vir comigo. ― Oh, obrigada, Mason! ― O sorriso que brotou no rosto dela cravou fogo por ele, mas não foi tão ruim quanto quando ela colocou a mão em seu braço e apertou, fazendo todos os seus sentidos se moverem como os de um bêbado. Por um momento, ele exultou com o pensamento de tê-la para si mesmo por algumas horas, não importava a razão. Ou o custo. Em seguida, ele amaldiçoou sua insanidade. Ele era um idiota apaixonado, ansiando pelo proibido. E ele iria submeter seu desejo a socos mesmo que levasse a noite toda. Porque se recusava a deixar que a brincadeira mal concebida de Lionel o provocasse a entrar em um caso imprudente. Ele se recusava a se tornar um bobo por qualquer um. Capítulo 2 POUCO DEPOIS do amanhecer de primeiro de abril, Augusta percorria a sala de estar no nº 117 no Park Street, uma das casas da cidade que Mason possuía e alugava. Os inquilinos tinham ficado felizes de deixá-lo usá-la por algumas horas, em troca de ingressos de camarim para o teatro na próxima semana, mesmo depois que ele explicou o que queria fazer. Transformar o lugar em uma casa de luto. Era um bom plano. Assumindo que Lionel corresse para o endereço impresso errado depois de saber do erro, ele certamente estaria com a consciência pesada por encontrar a casa sitiada por estranhos, numa época em que era repreensível que algo assim acontecesse. Havia a vantagem adicional de que a maioria das pessoas que vieram para ver a suposta coleção de Rembrandt provavelmente nem tentariam entrar, ao ver o aparato de luto do lado de fora. Para aqueles que não assumissem que a exposição foi cancelada, os servos estavam à disposição para acalmar os ânimos com explicações prontas, muito chá e dezenas de bolinhos que Mason tinha comprado em uma padaria. Agora, os servos pairavam sobre ela, prontos para oferecer seus refrescos. Mas tudo o que podia fazer era andar de um lado para o outro. Era melhor do que ficar na rua observando Mason fazendo os preparativos para enganar o fraudador. Lionel. Ela gemeu. O que ela deveria fazer com o patife do irmão? Deixe-me tirar esse fardo dos seus ombros, querida. Sua respiração ficou presa na garganta. Mason a tinha chamado de “querida”. Ela tentou não pensar nisso enquanto se deitava na cama na noite passada, enquanto comia um café da manhã mais cedo essa manhã... enquanto cavalgava até aqui para se juntar a ele. Mas a palavra soava em sua cabeça, um sino persistente anunciando uma esperança irracional. Porque seu cunhado reservado nunca a chamara de algo tão íntimo. Ela sempre assumiu que ele a via como um fardo, um dever deixado por Esther. E se às vezes ele a olhava com um olhar estranhamente semelhante ao anseio, ela atribuía isso ao seu próprio desejo, nascido da gratidão pela forma como ele cuidou dela e de Lionel. Não importava que durante a sua apresentação ela tivesse comparado todos os seus pretendentes com ele e percebido que faltava algo em todos eles. Não importava que, mesmo antes da morte de Esther, Augusta tivesse sentido um crescente fascínio pelo seu cunhado enigmático. Ela disse a si mesma que era natural. Ele era mais velho, mais sábio. Isso não significava nada. Ela era mais sábia agora. Depois de tantas semanas longe dele, vê-lo novamente na noite passada trouxe a dolorosa verdade. Ela estava apaixonada por ele. E ele a chamou de “querida”. Ela ousava esperar que ele quisesse dizer algo com isso? O coração dela deu um salto. O que era totalmente ridículo. Mason era muito sensato para tomar a irmã da sua falecida esposa. O mundo considerava tais uniões imorais e escandalosas. No entanto, ela não se importava. A ideia de estar com ele trazia uma doce pressão ao seu peito que tornava cada vez mais difícil para ela respirar. ― Tudo está pronto. ― Disse uma voz da porta e ela esqueceu de respirar completamente. Porque Mason estava de volta. E ele nunca pareceu tão malditamente atraente, com seu cabelo castanho despenteado pelos ventos de março, as faces coradas pelos seus esforços, e os olhos cor prata do luar, na luz do amanhecer. Para não mencionar... ― Onde está o seu casaco? ― Ela perguntou. ― O mordomo do meu inquilino está reparando. Eu enganchei o casaco em um prego quando eu caí da escada e rasgou a manga até embaixo, juntamente com a minha camisa. ― Caiu da escada! Você está louco? ― Com o coração na garganta, ela correu para ele. ― Por que você não deixou que os lacaios pendurassem o crepe preto? Você poderia ter quebrado o pescoço! ― Absurdo. Eu só caí de uma altura suficiente para machucar o meu orgulho. ― Ele sorriu com indulgência para ela, um sorriso que ficou tenso quando ela examinou os braços dele. ― E os lacaios estão todos ocupados se preparando para a horda. Eu imaginei que eles poderiam precisar da minha ajuda. Ela estava tão aliviada por não encontrar nenhum corte na pele debaixo da arruinada manga da camisa que levou um momento para perceber que ele estava olhando para ela com o que só poderia ser chamado de fome. Então, uma expressão sombria atravessou o rosto dele, e ele passou rapidamente por ela em direção a janela com vista para a rua. Talvez ela tivesse imaginado esse olhar. E, realmente, era desleal da parte dela imaginar uma coisa dessas. Ela amava sua irmã brilhante e risonha apesar de tudo, mesmo que Esther tivesse sido uma pessoa frívola. Ela não devia cobiçar o marido da irmã. Ainda assim, as últimas palavras de Esther para ela tinham sido: “Cuide de Mason, minha querida”. E qual era a melhor forma de fazer isso do que amá-lo tanto quanto Esther o amou? Não que ela tivesse uma escolha. Não podia deixar de amá-lo, de se preocupar com ele. Desejá-lo. Ela era realmente uma mulher má. Quando Mason olhou para fora da janela, ela disse: ― Eu espero que ninguém tenha a premeditação de ignorar o endereço no papel e descobrir onde a Senhora Bowman realmente vive. Não nos fará bem se ela sofrer pela brincadeira de Lionel apesar de suas maquinações. ― Ela não vai. Pedi que colocassem o nome de Sra. Lowman, outro “erro de impressão”. E há dezenas de Lowmans em Londres. ― Isso é bom, então. ― Ela olhou para o relógio. ― Ainda são oito horas. Você acha que Lionel vai aparecer aqui mais cedo e tentar parar a chamada exposição quando ver o artigo do jornal? ― Visto que seu irmão nunca levantou antes das nove em sua vida, eu duvido. O estrondo da voz rouca de Mason ressoou nela, da sua pele até seus ossos. Temendo que ele pudesse perceber o efeito que causava nela, ela se enrolou mais no xale. Como ela desejava estar usando um vestido mais atraente. As mulheres estiveram se jogando em Mason desde a morte de Esther ― mulheres bonitas, com cinturas mais finas, cabelos menos marrons, e seios maiores do que os dela. Como podia esperar competir? No entanto, ele a tinha chamado de “querida”. Ela firmou os ombros. ― Você realmente acha que Lionel vai vir aqui e tentar acertar as coisas, não é? ― É melhor que sim. Se ele se esconder em algum lugar para evitar ser detectado, eu juro que vou, pelo menos, tirá-lo de Eton e colocá-lo em outra escola longe de seus amigos patifes. ― Eu não culpo você. ― Ela murmurou. ― Só espero que quando ele veja a casa de luto, se arrependa do que fez. ― Estou mais preocupado com a forma como ele vai agir depois. Se ele testemunhar o caos e fugir, então teremos problemas mais profundos para resolver. Se, no entanto, vier até a porta e tentar fazer as pazes, eu vou saber com certeza que ele tem uma consciência. Que ele tem o potencial para se tornar um jovem responsável. Era um bom plano na teoria. Mas... ― Eu não sei se ele seria capaz de se esquivar. Depois de perceber que, inadvertidamente, causou essa dor a uma família em luto, ele certamente ficará horrorizado. É uma consequência bastante extrema para o que era realmente apenas uma brincadeira. Ele se virou para ela. ― Apenas uma brincadeira? Que se destinava a enganar centenas, talvez milhares de pessoas? ― Sim, é claro que você está certo. ― Ela murmurou. Quando ele viu a expressão ferida no rosto dela, ele praguejou baixo. ― Perdoe-me por ser brusco. Honestamente, ele só está se comportando como qualquer outro idiota de sua idade. Ela o olhou com ceticismo. ― Eu ouso dizer que você nunca fez nada tão tolo. ― Eu fiz, na verdade. ― O sorriso triste dele torceu algo na barriga dela. ― Quando eu tinha quinze anos, meus amigos da escola e eu fizemos uma brincadeira espetacular com nosso pomposo professor de latim. Criamos o esquema brilhante de tirar os pinos das dobradiças da porta da sala de aula. Nós usamos estacas de madeira para segurá-la no lugar, sabendo que iriam quebrar quando ele fizesse sua grande entrada habitual e a porta, é claro, cairia. O sorriso dele desapareceu. ― E ela caiu. Caiu em cima dele e ele quebrou a perna. Vê-lo se contorcer de dor me curou de fazer brincadeiras para sempre. Isso teve um efeito muito mais profundo em mim do que os castigos que todos nós recebemos depois. A culpa em sua voz a fez querer abraça-lo e confortá-lo. O que ela não podia fazer, claro. ― Eu sinto muito, Mason. ― Não sinta. Eu aprendi uma lição valiosa. ― Ele endireitou a coluna. ― E Lionel vai também. No mínimo, ele vai aprender que brincadeiras podem ter consequências desastrosas mais do que ele assume. Por exemplo, ele provavelmente nem sequer considerou a possibilidade muito real de que esta farsa poderia ser rastreada até sua família e envolver ela em um escândalo. Ela engoliu em seco. ― Suponho que teria refletido muito mal em você se saísse a público que ele está envolvido e considerando quão gentil você tem sido conosco... ― Não é comigo que eu estava preocupado. ― Ele estalou. ― Mas com você. Quando ela ficou boquiaberta, ele deu um suspiro trêmulo e depois continuou com a voz mais controlada. ― Em poucas semanas você terá a sua primeira temporada desde a morte de Esther. Você tem uma chance real de encontrar um marido. Mas a última coisa que alguns colegas respeitáveis vão querer é casar com uma mulher cujo irmão provou ser tão irresponsável e selvagem. O coração dela se afundou. Bem. Pelo menos agora ela sabia o que significava para ele. Ele já estava planejando casá-la. ― Você não precisa se preocupar com isso. ― Disse ela, lutando para esconder sua angústia. ― Eu não tenho nenhuma intenção de me casar. ― Não quando ela estava apaixonada por ele. As sobrancelhas dele baixaram, criando uma carranca. ― Isso é um absurdo. Claro que você deve se casar. A firmeza do tom dele era uma faca em seu peito. ― Sou um fardo tão grande assim para você? ― Ela disse, tentando, mas falhando em soar despretensiosa. ― Você está com tanta pressa assim para me entregar a um homem? ― Meu Deus, não. ― Ele rosnou, então pareceu se segurar. ― Isso não foi o que eu quis dizer. Com seu pulso latejando nos ouvidos, ela se aproximou dele. ― Então o que você quis dizer? Ele a olhou com uma desolação que lhe fez parar. Então, quando ele se virou, como se fosse ignorar a questão, ela segurou-o pelo braço. ― Diga-me, Mason. Por que devo casar? Por que não posso apenas viver em Orton Hall como sua irmã para... ― Porque eu não te vejo como uma irmã! ― O olhar dele queimava no dela, e quando ele continuou, sua voz soava como se ele estivesse na borda. ― Porque eu nunca poderia ver você como uma irmã. Ela congelou, seu sangue fluindo rapidamente como febre em suas veias. Ele quis dizer... poderia ele querer dizer... Um músculo flexionou na mandíbula dele. ― E foi totalmente errado da minha parte ter dito isso. Ele pegou sua mão como se fosse tirá-la de seu braço, mas ela a segurou, envolvendo-a com ambas as mãos. Será que ela ousaria dizer-lhe como se sentia? Ela tinha que dizer. ― Graças a Deus que você disse. ― Quando o olhar dele saltou para o dela, sombrio e cauteloso, ela reuniu coragem e acrescentou: ― Porque eu não vejo você como um irmão já faz algum tempo. Um olhar de alarme puro brilhou nos olhos dele e ela se preparou para qualquer coisa. Mas, então, seu olhar baixou à boca dela e ficou faminto, e a próxima coisa que ela soube foi que ele a puxou para perto o suficiente para selar sua boca com a dela. Mason estava beijando-a. Beijando-a! Seu pulso saltou em uma dança frenética. A boca dele foi suave, em seguida, dura, então corajosamente urgente, pressionando os lábios dela. Ela ofegou e ele aproveitou sua surpresa para mergulhar sua língua dentro da boca dela. Que os céus a ajudassem, o que era isso? Incrível, isso que era. De parar o coração. Melhor do que ela já sonhou. Mason colocou a língua em sua boca cada vez mais e ela subiu ao prazer decadente, agarrando seus braços, determinada a prolongar a loucura o maior tempo possível. Quando ele colocou um braço em volta de sua cintura e deslizou a outra mão ao redor do pescoço dela para segurá-la contra ele da cabeça ao quadril, ela mal podia respirar devido a sua alegria. Mason estava em seus braços, devastando sua boca com uma avidez que se espelhava a dela própria. Ele era como aqueles conquistadores sheiks sobre os quais ela leu em seus livros, que violavam inocentes relutantes. Exceto que ela se sentia tudo, menos inocente e relutante. Porque ela daria tudo para ser saqueada e violada por ele. Para sempre sentir a pressão dele duro contra ela, despertando uma dor gloriosa em seus seios... um calor chocante entre suas pernas. O que estava acontecendo com ela? Ela fez algum barulho de choramingo na parte traseira da garganta e ele gemeu. ― Augusta. ― Ele raspou contra seus lábios. ― Oh, Deus, Augusta... ― Ele segurou a cabeça dela entre as mãos. ― Nós não podemos fazer isso. ― Por que não? Seus belos olhos brilhavam em um cinza tempestuoso. ― Você sabe o porquê. Você é a irmã de Esther. Ela levou um momento para sair do nevoeiro de sua necessidade por tempo suficiente para perceber o porquê isso importava. Mas quando ela o fez, poderia ter cantado com seu deleite. Se isso era tudo que estava no caminho deles... ― Eu não me importo com as regras de parentesco, Mason. ― Ela sussurrou. ― Nós não somos irmão e irmã. É ridículo que primos em primeiro grau possam se casar e ninguém se importe o mínimo, mas pessoas como nós, sem qualquer ligação de sangue, não são permitidos a... Ela parou quando percebeu o que havia dito. Oh, Senhor. Ela praticamente propôs casamento a ele. E de acordo com tudo o que sabia, o beijo dele tinha sido apenas uma resposta à sua falta de uma noite de sono e o atual contato próximo deles. Soltando seus ombros, ela se soltou dele. ― Perdoe-me, Mason. Isso foi além de presunçoso. Eu sei que você não quis dizer nada com aquele beijo e eu não estava tentando... ― Droga, que inferno. ― Ele passou a mão pelo cabelo distraidamente. ― O que você acha que eu sou? É claro que o beijo significou algo. Eu não sou o tipo de homem que sai beijando qualquer dama. ― Sim, mas isso não significa que você quer... que você gostaria... ― De casar com você? ― Os olhos dele se suavizaram, acalmando o orgulho despedaçado dela. ― Se as coisas fossem diferentes, eu não gostaria de nada além de ter você como minha esposa. ― Antes que ela pudesse exultar com a admissão dele, ele acrescentou num tom cortante: ― Mas como as coisas são, querida, é impossível. Querida. Uma palavra tão deliciosa. Deu-lhe a coragem de lutar por ele. ― Eu não vejo o porquê. Isso acontece, você sabe. Os homens casam com as irmãs de suas falecidas esposas de tempos em tempos. Concedido, eles têm que ir para o Continente para se casar em uma igreja e depois voltar para a Inglaterra após as fofocas terem morrido. Mas não é como se fosse realmente ilegal se casar com sua cunhada. ― Pode muito bem ser. Se alguém na família fizer objeções, ele ou ela pode ter o casamento declarado nulo. E isso seria um desastre. As crianças nascidas em tal caso seriam consideradas bastardas aos olhos da lei. Ela não sabia disso. Mas isso não importava e ele sabia disso. ― Eu não tenho família além de Lionel, e você não tem outra família além da sua mãe. Nenhum deles se oporia ou tentaria anular o casamento. Sua mãe gosta de mim e Lionel... ― Pode atacar-nos por arruinar sua brincadeira boba e arruinar o nosso casamento. O medo caiu como uma pedra em seu estômago. ― Ele não faria isso. ― Você não pode ter certeza. E eu não vou arriscar. Não quando há uma chance de que você ainda possa se casar com outro homem. ― Você iria ficar de braços cruzados e assistir-me fazer isso? ― Ela sabia que ele seria sensato sobre isso, mas ela não pensara que doeria tanto. ― Bem, obrigada por essa bondade, mas se eu não posso ter você, eu não vou me casar com ninguém mais. Quando ele piscou para ela, ela o olhou. ― Portanto, não se engane que você está me deixando de lado para o meu próprio bem. A única pessoa por quem você está fazendo isso é por si mesmo. Porque você tem medo de arriscar algumas fofocas e escândalos por causa do amor. ― Amor? ― Ele olhou friamente para ela. ― Isso não é sobre o amor. É sobre o desejo, sobre a atração do proibido. ― Para quem? Você? ― As lágrimas obstruíram sua garganta. ― Porque certamente não é sobre isso para mim. ― Augusta, você ainda é jovem. É fácil confundir desejo com amor na sua idade. Seu tom apaziguador a fez querer atacar. ― Porque foi isso que você fez com Esther? O que Esther fez com você? ― Ela teve certeza que tinha acertado quando ele se encolheu. ― Eu não sou Esther e certamente não sou você. Mas se você sente apenas a “atração do proibido” por mim, é provavelmente melhor que eu saiba agora. Seu coração batia tão forte que ela temia que pudesse estourar fora de seu peito. ― Mesmo assim, isso não muda nem um pouco o que sinto. Eu te amo, Mason. E isso não vai desaparecer simplesmente porque você me empurrou para os braços de outro homem. Depois, voltando-lhe as costas, ela saiu da sala. Capítulo 3 EU TE AMO, MASON. Ao longo das próximas horas, ele não conseguiu tirar as palavras da cabeça, mesmo depois que as dez horas chegaram sem nenhum sinal de Lionel. Seu plano estava caindo aos pedaços e tudo o que ele podia pensar eram nas palavras de Augusta. Antes que ela se afastasse e começasse a evitá-lo tanto quanto ele a evitou nas últimas semanas. Ele sentia a mordida de sua ausência como uma faca em seu peito. Ela o amava. Ou melhor, ela pensava que o amava. Isso é tudo o que era. Você tem medo de arriscar algumas fofocas e escândalos por causa do amor. Não, ela estava errada. Ele não tinha medo de nada. Exceto da possibilidade de nunca beijá-la novamente, segurá-la novamente. Ele amaldiçoou baixinho. Desejo, droga! Nada mais do que isso. Ele tinha um fascínio poderoso, mas isso não significava que o desejo devia ditar as suas ações. Frustrado, ele caminhou até a janela para olhar para fora pela centésima vez, então congelou. Lionel estava do outro lado da rua, olhando para as grandes extensões de crepe preto que ele tinha colocado com tanto cuidado. Seu rosto estava cinza esbranquiçado e ele estava sozinho. Se seus amigos tinham vindo com ele, estavam muito longe agora. Deixando a janela, Mason foi em busca de Augusta. Ele não precisou ir muito longe. Ela praticamente correu para ele quando ele saiu. ― Lionel está aqui. ― Ela disse em voz baixa. ― Eu sei. A expressão preocupada dela causou-lhe dor e lhe fez querer puxá-la em seus braços e acarinhá-la, tornar tudo melhor para ela. Fazer a vida melhor para ela. E foi aí que ele soube. Não era mero desejo que sentia. Era algo coordenadamente maior. Alguém bateu na porta da frente, fazendo com que ambos saltassem. Um dos servos dirigiu-se para ele e Augusta abriu a boca como se fosse chamá-lo de volta. ― Deixe-o responder. ― Mason murmurou. ― Precisamos ver qual é a intenção de Lionel. Ela assentiu, mas ele podia sentir seu sofrimento como um golpe em seu estômago. Isso machucava. Como podia machucar assim? Ele nunca tinha se sentido assim com Esther. Sim, esse era precisamente o problema. Ele nunca se sentiu assim. A porta se abriu e o lacaio recitou seu discurso ensaiado. ― Não há nenhuma exposição aqui, senhor. O jornal entendeu errado. E vendo como nós tivemos uma morte na família... ― Na verdade, é por isso que eu vim. ― Mesmo de onde estavam, podiam ouvir o lamento na voz de Lionel. ― Eu gostaria... eu preciso falar com o dono da casa. É importante. O lacaio olhou para Mason, que assentiu. Assim que Lionel entrou viu Mason e Augusta. Ele parou, o choque se espalhando sobre o seu rosto. Mas foi rapidamente substituído pela fúria. Ele marchou até Mason com as mãos em punhos na lateral do corpo. ― Você! Você fez isso... esta coisa terrível para arruinar a minha vida! ― Lionel! ― Exclamou Augusta. ― Não fale assim com Mason. O raciocínio rápido dele o salvou de um possível escândalo. Lionel corou. ― Ele me “salvou” da mulher que eu amo. Mason queria sacudir o patife de cabelos claros. ― E assim que você trata a mãe da mulher que diz amar? Ao jogar a piada do Dia da Mentira para perturbar a vida dela e trazer vergonha sobre a sua família? ― Não era uma piada! ― Quando eles o olharam com desconfiança, Lionel murmurou: ― Não era, eu juro. Era supostamente para parecer uma, mas nós estávamos realmente apenas tentando manter a mãe dela ocupada com todas essas pessoas para que Pamela pudesse escapar e fugir comigo para a Escócia. Eles só podiam olhar para ele, atordoados. ― Era uma fuga. ― A carranca se formou em seu rosto. ― Até que você arruinou isso, no caso. ― Uma fuga? ― Exclamou Augusta. ― Você tem apenas dezessete anos! ― Tenho quase dezoito anos. ― Lionel protestou. ― Ainda é muito jovem para casar, seu idiota! ― Mason sibilou. ― O que você estava pensando? ― Eu não sou muito jovem. ― Lionel levantou os ombros como se isso fosse de alguma forma torná-lo mais velho. ― E eu estava pensando que não queria acabar como vocês dois. Eles ficaram boquiabertos. Então Mason murmurou: ― O que você quer dizer? Os olhos de Lionel, do mesmo verde que os da irmã, o olharam com desprezo óbvio. ― Qualquer um pode ver que você está louco por Augusta. O jeito que você fala sobre ela, a maneira como a trata... Ora, você fica olhando para ela praticamente o tempo todo pensando que ninguém percebe, quando, na verdade, todo mundo percebe. O sangue dele martelava nos ouvidos. ― Como quem? ― Eu. Os servos. A Condessa Viúva. Todo mundo. E quando você não está, Augusta vagueia pela casa e briga comigo. Enquanto isso, você está aqui em Londres, provavelmente vagueando pela casa da cidade e brigando com... eu não sei... com alguém. Tudo porque ambos estão desesperados um pelo outro e são muito estúpidos para fazer algo a respeito. Mason mal conseguia respirar. Ele pensava que estava escondendo seus sentimentos tão bem. Bom Deus. Lionel esticou o queixo. ― Bem, você e Augusta podem desfrutar em fingir que não sentem nada, mas eu não vou viver minha vida assim. Eu não vou deixar que coisas tolas como a minha idade ou as objeções estúpidas da Sra. Bowman ou fofocas ou o que quer que seja me impeçam de estar com Pamela. Eu a amo. E isso é tudo que importa para mim. ― Não perca seu tempo falando de amor para Mason. ― Augusta se interpôs. ― Ele só acredita na “tentação do proibido”. A dor na voz dela lembrou-lhe das mentiras idiotas que tinha lhe dito. E a si mesmo. Ele olhou para Lionel. Este filhote tinha mais coragem do que ele já tivera. Pelo menos Lionel estava disposto a encarar os seus sentimentos, por mais tolos que pudessem ser. ― Fique aqui. ― Ordenou ao rapaz. ― Essa discussão não acabou. Mas sua irmã e eu precisamos de um momento a sós. Agarrando Augusta pelo braço, puxou-a para a sala e fechou a porta. Quando ela olhou para ele com cautela, ele não aguentou mais um minuto. Caminhou até ela e beijou-a com força, mostrando com suas ações o que tinha sido incapaz de admitir antes. Colocou tudo o que sentia naquele beijo, mesmo que ela permanecesse rígida em seus braços. Então, ela o empurrou. ― Não. ― Ela disse, assombrada. ― Não, se você só sentir... ― Eu não. ― Pegando suas mãos, ele a puxou de volta para ele. ― Você estava errada sobre Esther, você sabe. Não foi o desejo que me atraiu por ela. Acredite ou não, era sua natureza volúvel. Meu pai tinha acabado de morrer, eu acabara de herdar a propriedade e o peso de tudo isso me pareceu difícil. Eu me senti totalmente despreparado para a responsabilidade. O rosto dela se encheu de compreensão. Porque ela também tinha perdido seus pais quando jovem. ― Eu estava sozinho e em pânico e sua irmã despreocupada era exatamente o antídoto para isso. Então eu caprichosamente me casei com ela. ― Ele engoliu em seco. ― Mas quando me encontrei, quando me envolvi em meus deveres, percebi que precisava de alguém mais estável. E a essa altura já era tarde demais para fazer algo a respeito. ― Ele respirou pesadamente quando percebeu a verdade que nunca se atreveu a admitir para si mesmo. ― Então, quando ela morreu, eu senti... uma enorme culpa por essa deslealdade. Então eu comecei a ter sentimentos por você, e senti como se estivesse pisando na memória dela de alguma forma. Disse a mim mesmo que eu simplesmente desejava você. Que eu podia ignorar o desejo, poderia controlar o que sentia. As mãos dela começaram a tremer nas dele e ele apertou-as com força. ― Eu estava errado. ― Ele lhe deu um sorriso triste. ― Não me entenda mal, eu amava a sua irmã a minha maneira. Mas não é nada parecido com a maneira como eu te amo. ― Levando as mãos dela aos lábios, ele beijou cada uma delas com ternura. ― Eu realmente te amo, Augusta Hunt. Acredito que a amo por um longo tempo. É por isso que evito responder suas cartas e ir para Orton Hall. Eu estava apavorado em admitir o quanto te amava, o quanto precisava de você. E eu preciso, sabe. Eu preciso de você como peixes precisam do mar, e aves precisam do céu. Não me faça encarar a vida sem você nela. Embora os olhos dela brilhassem com lágrimas não derramadas, ela não se atirou em seus braços imediatamente, em vez disso deixou seu olhar cair para suas mãos unidas. ― E sobre... as regras que importam tanto para você? O escândalo e tudo mais? Ele levantou o queixo dela com um dedo. ― Confie em mim, se o seu irmão idiota pode engendrar um esquema tão elaborado quanto este só para estar com a mulher que ama, eu posso resistir a qualquer escândalo e enfrentar qualquer fofoca. Enquanto você estiver disposta a ficar comigo. Enfim, um sorriso apareceu em seu rosto. ― Sim, Mason, oh, sim. Posso fazer qualquer coisa para estar com você. Ele nunca tinha ouvido palavras tão doces. Elas o fizeram querer pular, correr como um louco pelas ruas. Ele resolveu beijá-la novamente, revelando-se na ansiedade com que ela respondia ao seu desejo. Dentro de instantes, o beijo ficou mais quente, mais ousado e mais íntimo, e só Deus sabia onde isso os teria levado se a porta não se abrisse com um estrondo. ― Ei, é a minha irmã que você está beijando! ― Gritou Lionel. ― É melhor você fazer o certo com ela. Quando Augusta recuou ruborizada, Mason suspirou. Era hora de terminar de lidar com Lionel. ― Ou o quê? ― Disse Mason. ― Você já está até o queixo em água quente, rapaz. Eu não começaria a fazer ameaças se fosse você. Quando Lionel piscou, Mason acrescentou suavemente: ― Mas não se preocupe. Sua irmã e eu vamos nos casar. ― Levou tudo o que lhe tinha para forçar uma expressão severa no rosto quando dentro ele estava dançando de alegria. ― Você, no entanto, não vai. Uma tempestade se espalhou sobre o rosto de Lionel. ― Agora veja aqui, você não pode me impedir... ― Oh, sim, eu posso. Se eu tiver que fazer isso, irei trancá-lo para impedi-lo. Por enquanto. ― Quando isso chamou toda a atenção de Lionel, ele continuou. ― Você vai terminar Eton antes de se aproximar da Senhorita Bowman novamente. Em troca, eu vou falar com a mãe dela sobre seu acerto e deixar claro que suas intenções são honestas. Se ela permitir, você pode começar a cortejar sua filha assim que se formar. Lionel soltou um suspiro aliviado. ― Mas você não vai se casar com ela até chegar a sua maioridade e receber sua herança, entendido? ― Mason estalou. ― Até então, você deve ser capaz de sustentar uma esposa. ― Isso serão três anos! ― Gritou Lionel. ― Ela vai esquecer quem eu sou. Vai encontrar algum outro companheiro. Augusta deu um passo adiante. ― Se ela esquecer, então não te amava o suficiente para ser uma boa esposa para você de qualquer maneira. ― Ela deslizou a mão timidamente na dele. ― E você quer uma mulher que vai esperar por você, que vai andar pelo fogo por você. Confie em mim. Mason sorriu para ela, seu coração acelerando. ― Você deveria ouvir a sua irmã. Ela é uma mulher muito sábia. Augusta sorriu para ele e, em seguida, soltou a mão dele para segurar a de Lionel. ― E agora, querido irmão, deveríamos falar sobre como você pretende retribuir o meu futuro marido por todos os problemas e dinheiro que você lhe custou com este truque ridículo. Enquanto Mason observava os irmãos debatendo, ocorreu-lhe algo. Só um idiota teria deixado uma mulher tão maravilhosa como Augusta escapar de suas mãos. Então, por pouco, ele não foi um tolo no fim das contas. Graças a Deus. Sabrina Jeffries é autora best-seller do New York Times de 38 romances e 9 obras de ficção curta (alguns escritos sob os pseudônimos Deborah Martin e Deborah Nicholas). Seja qual for o tempo não gasto escrevendo em uma neblina sonhadora e louca abastecida por café é gasto viajando com seu marido e filho adulto autista ou entregando-se a uma de suas paixões ― quebra-cabeças, chocolate e música. Com mais de 7 milhões de livros impressos em 18 idiomas diferentes, a autora da Carolina do Norte nunca lamentou jogar fora uma carreira acadêmica em floração pela alegria de escrever divertida ficção, e espera que um dia um livro dela vai acabar salvando o mundo. Ela sempre sonha grande. Notas [←1] Esta é uma curta ficção inspirada nos personagens da série Escola de Senhoritas, retirado do livro Premiere - Uma coleção de contos românticos de alguns escritores de romance da América. Esta empolgante coleção apresenta “O Caso Proibido de um Louco Primeiro de Abril”, o encantador romance histórico de Sabrina Jeffries, que está vagamente ligado à série Escolas de Senhoritas, do jornal radical de Charles Godwin, The London Monitor. [←2] Do folclore gaélico. Da família das fadas, as Banshees eram como seres que previam a morte, seu grito poderia ser ouvido a quilômetros de distância, e poderia estourar até mesmo um crânio.