Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Jacqueline Baird
Depois fez o exame médico anual exigido pelo seguro, e voltou a Roma. Devia
viajar no dia seguinte, pois prometera ao pai que cuidaria dos negócios da
família em seu lugar. Mas, antes, tinha encontrado seu melhor amigo,
Franco, e outros colegas do tempo da universidade para festejar. Franco
lembrou que sua esposa o esperava na Sicília. E como devia ir para lá,
resolveu acompanhá-lo à ilha e continuariam a beber mais um pouco.
Seu avô construíra o primeiro hotel na ilha antes de mudar para a Toscana.
Por isso, se tornou tradição da família passar lá as férias no mês de agosto.
Nos últimos dez anos, Max raramente passara alguns dias na Sicília. Deixara
seu irmão Paulo e outros parentes encarregados de continuar o costume.
Triste e chocado com a morte de Paulo, oferecera-se para ajudar o pai. Ele
lhe pediu para acompanhar o gerenciamento do hotel. Para não quebrar a
tradição, devia ficar hospedado por alguns dias, já que sua cunhada Anna e
sobrinhas pequenas ainda estavam muito abaladas para viajar.
Ficou feliz por ter atendido o pedido, pois precisava mesmo de uma folga.
Massageou as têmporas com a ponta dos dedos. Dio! Nunca mais, jurou.
Quando chegou, antes do amanhecer, conseguiu instruir o recepcionista
noturno, sabe-se lá como, a não anunciar sua chegada. Nada nem ninguém o
incomodaria...
Max saiu da sacada e foi para a sala de estar. Precisava urgente de um café
bem forte. Então, parou bruscamente.
No seu rosto belo e másculo, espessos fios de cabelo preto caíam sobre os
olhos castanhos.
— Oh, nossa! — exclamou, ao perceber que ele não devia estar ali. E gritou:
— Fique onde está! Vou chamar os seguranças.
O grito agudo ressoou como uma navalha nos ouvidos de Max. Fechou os
olhos por um segundo. A última coisa de que precisava era receber
advertências. E só então se deu conta de que ela não falara em italiano.
Max abriu os olhos devagar. Mas antes de conseguir responder, viu-a sair
pela porta. Ouviu a chave girar na fechadura. Mal pôde acreditar, mas a
louca o trancara mesmo no quarto. Sacudiu a cabeça, ainda atordoado, e
chamou o gerente Alex pelo telefone. Pediu o café de que tanto precisava e
se vestiu rápido. Fez a barba e voltou para a sala.
— Muito engraçado, Alex. É ótimo vê-lo também. Agora me diga: quem era
aquela maluca? — perguntou Max, bebendo um gole de café antes de se
deixar cair no sofá.
— Se você diz ser tão boa assim, acredito — Max brincou com o amigo. —
Mas desconfio que a beleza dela contribuiu muito para sua decisão.
— Pode-se dizer que sim. Mas não me deixo influenciar por um rosto bonito
como você. Afinal, sou bem mais velho.
— Mentiroso — falou, com um sorriso safado no rosto ao relembrar da
jovem. — Qualquer homem com sangue correndo nas veias repara na beleza
dela, e eu gostaria de conhecê-la melhor.
— Sophie não é garota para você — Alex disse com uma expressão séria. —
Tem só dezenove anos. E sou o responsável por ela, já que o pai não está
aqui. Por mais que goste de você, não acho que seja o que espera. É do tipo
estudiosa e que serve para casar, e não para ter apenas um caso.
Max não se ofendeu com o comentário. Alex era como um tio, e o conhecia
muito bem. Por mais que amasse mulheres, e fosse amado por elas, não
pensava em casar tão cedo. Isso se chegasse a tanto. Após a morte de
Paulo, seu pai começara a lhe dar indiretas para pensar no assunto, já que
não havia um herdeiro para continuar o nome da família Quintano. Mas não
cogitava sossegar. Ainda queria viajar pelo mundo, e fazer o que gostava. E
como possuía uma fortuna que nem sabia como gastar, a família de Paulo
poderia ficar com a parte da herança a que tinham direito. A última coisa de
que precisava era uma esposa.
Max sentiu o leve tremor em seus dedos. Olhou fundo em seus lindos olhos
esverdeados. Estava muito envergonhada, mas não conseguia esconder a
forte atração que sentia. Sua ressaca sumiu na mesma hora. E disse,
sorrindo:
— Por favor, me chame de Max. Não precisa se desculpar, a culpa foi minha.
Acho que a assustei. Mas está muito quente para discutir sobre isso. Notei
que está na minha praia favorita. Não queria assustá-la mais uma vez, como
fiz hoje. Por favor, fique e veja que minhas desculpas são sinceras. E que
não sou um assaltante gigantesco.
Óbvio que ela correu atrás dele. Não duvidou disso nem por um segundo,
afinal as mulheres sempre o perseguiam.
Ao chegar no mar, Max se virou e a respingou. Viu-a revelar um belo sorriso,
e olhá-lo com um jeito travesso antes de se abaixar e fazer o mesmo.
Encararam-se por um bom tempo, até que a brincadeira acabou dando lugar
a um crescente desejo, feroz e primitivo.
como Max Quintano. Sua mãe morrera quando ela tinha onze anos, e seu pai
a mandara para um internato para meninas. Quando chegara aos treze,
espichara para 1,80m, e começara a ter vergonha de seu corpo. Tinha poucos
amigos e, nas férias, ia para casa em
Sentira que ela esperava que ele a beijasse quando a carregou nos braços.
Era óbvio que desejava muito saborear seus lábios, e muito mais. Mas Alex
tinha razão ao dizer que Sophie era muito nova. E Max resolveu honrar sua
promessa.
— Está fabulosa! Ele vai cair de joelhos. Mas sabe no que está se metendo?
Já lhe avisei que é mulherengo. Até mostrei aquele artigo na revista,
lembra? Sei como se sente, mas ele é mais velho, refinado e bem mais
experiente. Você é nova, ainda vai se formar. Não jogue tudo para o alto por
causa de um casinho amoroso, porque é só o que acontecerá entre vocês.
— Não tenho certeza, mas ele não se relaciona bem com o pai. Sei que se dá
bem com o resto da família, mas a pessoa mais importante é sua meia-irmã
Gina. Todos dizem que têm um caso há anos. Alguns acham que ela tolera o
jeito mulherengo do irmão porque pensa apenas na carreira de médica e não
quer casar. Mas estão dizendo que o pai Quintano os proibiu de ter algo
além do relacionamento normal entre irmãos. As circunstâncias, porém,
mudam, e Max sempre foi dono de si. Se decidir casar, tenho certeza de
que ficará com Gina. Então, já está avisada. Não faça bobagem.
— Sim.
Perdeu o fôlego ao vê-la sorrir. Devia lembrar que prometera não seduzi-la,
mas o problema é que Sophie o fascinava por diversos motivos. Era
divertida, muito inteligente para a idade e uma ótima companhia. E seu corpo
o enlouquecia. Sabia que não conseguiria se segurar. Talvez não devesse tê-
la convidado para sair.
Sophie não notou a apreensão de Max no trajeto que fizeram de carro, nem
quando segurou seu braço ao entrarem no restaurante. Estava excitada
demais a para perceber qualquer coisa.
ao que ela esperava que acontecesse? Finalmente ele pretendia algo mais?
Beijá-la e fazer amor? Pensou que sim, quando seus olhares se cruzaram e
eles tocaram as taças.
A refeição estava perfeita, mas foi uma tortura para ele. Precisou de muito
esforço para evitar tocá-la demais. Devia estar louco quando pensou que
poderia apenas paquerá-la. Ao saírem do restaurante lotado, quase não se
conteve. Envolveu a cintura de Sophie e sentiu o quadril mover-se
sensualmente encostado na sua coxa, quando a puxou para seu lado.
— Fiquei muito feliz por ter me trazido aqui. — Olhou sorrindo para ele.
Não era nenhum masoquista. Precisava parar ou corria o sério risco de não
se controlar, o que nunca lhe acontecera. Tirou o braço da cintura dela para
abrir a porta do carro, mas seu coração não parou de palpitar. Era tão linda
e ingênua, e sequer tinha o juízo de esconder o que sentia.
Sophie sentiu que o humor de Max não estava mais divertido e íntimo como
no jantar. Olhou para ele quando desligou o carro, tentando descobrir o que
fizera de errado.
— De volta ao lar... — disse, como uma tonta. Corou ao perceber que não era
requintada ao ponto de atraí-lo. Mas Max lhe provou que estava errada.
— Ah, Sophie — disse, com a voz rouca. — O que faço com você?
— Dio! Como eu a quero... — Max suspirou. Sophie correu os dedos por entre
os cabelos pretos e lisos. Levada por uma voracidade crescente, enrascou
sua língua na dele com um afinco cada vez maior.
Max a ouviu gemer, e viu paixão naqueles olhos esverdeados. Sabia que ela
era sua. Quase cedeu à tentação, afinal não era de ferro e não costumava
ignorar os próprios anseios. Mas lembrou-se da promessa feita a Alex. Devia
se controlar.
Olhou para o chalé e para Max, ainda consumida pelo desejo e sem saber o
que fazer ou dizer.
Percebendo sua hesitação, com um dos braços ele envolveu sua cintura e a
levou até a porta. Virou-a nos braços e olhou sua expressão ainda perplexa.
Resolveu facilitar as coisas para ela.
— Obrigado pela noite adorável, Sophie. Não vou entrar. Preciso fazer
algumas ligações para o exterior, sabe como é, fusos horários diferentes. —
Deu um beijo leve na testa dela e disse, arrependido:
— Vou embora amanhã, mas quem sabe não possamos jantar fora quando eu
estiver aqui?
Ele percebeu como estava apaixonada, e também magoada. Por mais que a
desejasse, sabia que Alex tinha razão, não era garota para ele. Observou
como tratava os hóspedes, empregados e as crianças, que cuidava com
prazer sempre que lhe pediam. Era carinhosa e todos gostavam dela.
Merecia ser feliz, e ele era cínico demais para acreditar no "felizes para
sempre". Gostava de ter apenas casos, sem compromisso, e Sophie era muito
nova e romântica para isso. Não era o momento certo. Talvez daqui a alguns
anos, quando estiver formada e ele ainda estiver solteiro. Nunca se sabe.
— Assim está bem melhor. Garotas lindas como você deviam sorrir sempre
— disse com delicadeza e um olhar enigmático.
Abriu a porta do chalé e a guiou para dentro com a mão nas costas dela.
Sophie era tentadora e sensível demais para seu próprio bem, e nem todo os
homens se controlariam como ele.
Sophie viu Max dar as costas e se afastou. Esperava que olhasse para trás,
como um sinal de que gostava dela. Mas não o fez.
CAPÍTULO DOIS
Numa tarde de sábado, Sophie estacionou seu carro velho na calçada, pegou
sua mala e suspirou aliviada ao entrar na casa. Timothy, seu irmão, correu
em sua direção pelo corredor. Largou a mala no chão, pegou-o nos braços e
deu-lhe um beijo.
— Ah, ainda bem que chegou — Margot disse. Não. Antes se fala um "olá,
tudo bem", pensou
Sophie com frieza. Sentou no sofá, ainda com Tim nos braços.
— Devíamos estar honrados por gastar seu precioso tempo para visitar seu
irmão. Para onde vai viajar dessa vez?
Era louca por Tim, e só por sua causa fazia o que a madrasta queria. Mas
aceitou com prazer o seu pedido de última hora para tomar conta dele.
Queriam ir a um baile beneficente em um hotel cinco estrelas de Londres.
Por mais que amasse o irmãozinho, Sophie ficaria aliviada ao partir para
Veneza na tarde seguinte.
Ficou louca de felicidade por dois dias, até descobrir o casamento aberto
que ele tinha em mente.
— Todos vão pensar que é minha namorada, Sophie — disse Abe em sua
língua nativa, enquanto o garçom os levava até a mesa. Acrescentou, dando
risadas: — Nenhum homem imaginaria que uma loira linda como você é
inteligente. Vou gostar de fazê-los de bobo essa noite.
— Comporte-se, Abe! — Sophie riu, sabendo que não corria riscos com ele.
— Lembre-se de que é um homem casado, e esse foi um elogio meio
duvidoso.
Em casa, usava jeans e suéter. Mas tinha uma coleção do que chamava
"roupas de negócios" no armário.
O vestido Dior de cetim preto que usava naquela noite era um de seus
favoritos, assim como o colar e os brincos de cristal. Sabiá que estava
bonita e no mesmo nível dos demais.
Com o coração palpitante, moveu a cadeira para ficar de lado para a mesa,
rezando para que não a visse. Voltou-se para Cesare, sentado à sua
esquerda, e perguntou em espanhol:
Era mesmo uma boba. Só agora se dava conta de que Max Quintano poderia
aparecer em um encontro com empresários do ramo de recursos naturais.
Do outro lado do salão, Max Quintano ouvia Gina sem prestar atenção em
uma palavra. Reconhecera Sophie Rutherford assim que entrara. Seus
fabulosos cabelos louros eram inconfundíveis, presos no alto da cabeça com
elegância. Seu pescoço e os ombros perfeitos estavam expostos. Seu
vestido deixava à mostra as costas, e a pele suave como seda.
Podia ver a protuberância de sua espinha, que já percorrera com beijos. Com
a lembrança, sentiu o corpo enrijecer.
Era herdeiro dos bens do pai, e como sua madrasta ainda estava muito
perturbada para gerenciar os Hotéis Quintano, Max teve que ajudar.
Uma auditoria revelou que os negócios da família geravam muitos lucros, mas
havia algumas dívidas pendentes. A maior delas era da agência londrina
Elite, de Nigel Rutherford. Descobriu-se que não apenas atrasavam o
pagamento das contas de seus clientes, como não pagavam havia mais de um
ano. Não sabia como um descuido tão grande ocorrera. Seu pai deve ter
levado muito tempo para admitir que estava doente. Entendia tal
sentimento, pois fizera o mesmo sete anos antes. Quando lhe contaram que
podia estar com câncer, não quis acreditar. Algumas noites na cama com
Sophie o fizeram se sentir invencível. Como estava errado... Portanto, não
podia culpar seu pai.
Esperou anos por isso, agüentaria mais uma ou duas semanas. Com um
cinismo cruel, pensou como seria ótimo fazer Sophie se contorcer ao saber
que a ruína do pai estava em suas mãos. E veria com satisfação o que faria
para salvá-lo.
Sophie Rutherford fora a única mulher que o abandonara, e ele levara muito
tempo para se recuperar da ofensa. Agora o destino a trazia de volta à sua
vida, e bem nas suas mãos. Seu corpo se enrijeceu, apenas com essa visão, e
ele começou a orquestrar seu plano indecoroso.
Fora um incrível golpe do destino que fizera Max voltar correndo para a
Sicília há sete anos. Passara cinco dias na Rússia, e voltara para seu
apartamento em Roma. Ainda estava solteiro e pretendia ficar longe de
Sophie. Ligara para uma antiga namorada e combinara de jantarem naquela
noite. Também ligara para Gina e marcara um almoço para o dia seguinte,
uma sexta-feira.
Seu encontro não fora muito bom. Voltou ao escritório na manhã seguinte e
checou suas mensagens no computador. Os resultados dos exames médicos
que havia feito nas semanas anteriores revelaram algo suspeito. Devia
entrar em contato com o dr. Foscari.
Duas horas mais tarde, Max foi à consulta. Ficou paralisado ao saber que os
níveis irregulares de testosterona detectados em seu exame de urina
podiam indicar câncer no testículo. O médico explicou que era a forma
predominante da doença em homens na faixa dos vinte aos 44 anos. Mas era
facilmente tratável. Tentou acalmá-lo, dizendo que o teste não era preciso.
No entanto, por precaução, devia marcar uma consulta no melhor hospital de
Roma na semana seguinte.
Quando terminou o almoço, sabia mais sobre a doença do que gostaria. Gina,
como sempre muito direta, ligou imediatamente para o dr. Foscari. Depois
de falar com o médico, disse a Max que não devia se apavorar. Explicou que
poderia haver outras causas para os níveis irregulares de testosterona e
que a taxa de sucesso no tratamento de câncer de testículo era de 95%.
Max insistiu para que previsse a pior possibilidade caso estivesse mesmo
com câncer. Ela perguntou se ele havia notado algum pequeno inchaço no
corpo, se sentia cansaço repentino ou perda da libido. Negou com veemência.
Gina e Rosa eram amantes há alguns anos. Ted tinha seus motivos para
guardar segredo. Não apenas tinham dois filhos juntos, como Max sabia que
ele mantinha uma amante há muito tempo. Sua irmã lhe pedira para não
contar a ninguém. Sabia que seus pais ficariam horrorizados se
descobrissem a verdade, e que sua carreira seria prejudicada com o
escândalo. Ele discordava, já que no século XXI não são muitos os que se
incomodam com a preferência sexual de uma pessoa. Mas esse segredo não
era seu, e sim dela.
Deu uma olhada na Vênus loura da qual falava, e sorriu com cinismo.
Se caísse morto no dia seguinte, sua família e alguns amigos ficariam tristes
por um tempo, até que nem se lembrariam de sua existência.
Alguns dias antes, Max pensava que tinha todo o tempo do mundo.
Demoraria anos até pensar em casar e ter filhos. Percebeu como foi
arrogante ao considerar que não era o momento certo para ter um caso com
Sophie, que não precisava dela. Mas com a ameaça de uma doença séria, o
momento parecia extremamente importante.
Seguindo seus impulsos, chamou seu piloto para levá-lo de volta para a
Sicília. Chegou lá uma hora depois. Para o inferno com Alex! Precisava da
companhia, da adoração evidente e do corpo estonteante de Sophie. Não
ficaria esperando por isso. Seria sua, e talvez fosse a última que teria na
vida.
Max percorreu os olhos pela paisagem familiar dos jardins do hotel. Reparou
em três jovens que estavam na piscina. Jogavam pólo aquático com uma
moça. Era Sophie. Então ela saiu da água e sentou-se na cadeira de praia. Os
rapazes respingavam o chão à sua volta.
— Olá, Sophie. Estou vendo que ainda está brincando — zombou, e puxou a
longa trança de cabelo louro que caía em suas costas.
— Posso perguntar se está livre esta noite? — Não duvidava que a resposta
seria sim. Esqueceu-se do que ocorrera pela manhã em Roma ao contemplá-la
de biquíni.
Perguntava-se por que havia se recusado a ceder aos seus anseios no dia em
que a conhecera, três semanas antes.
Procurou seu adorável rosto com os olhos cheios de desejo. Dio! Como a
queria. Certamente não havia nada de errado com seus níveis de
testosterona. E se não saísse rápido dali, os hóspedes na piscina também o
atestariam. Inspirou fundo e com calma, para afastá-la gentilmente.
Sophie não estava certa se gostava do que suas palavras insinuavam. Era
uma espécie de "barco do amor" ? E quantas mulheres subiram a bordo? Viu
uma mesa e duas cadeiras arrumadas no convés de madeira polida e
perguntou:
— Sim. Está uma noite belíssima, e achei que apreciaria um jantar a céu
aberto. — Encostou os lábios nos cabelos dela. — Você não imagina o quanto
eu quero agradá-la, de todas as maneiras.
— Você já me agrada. Fiquei com tanta saudade. Senti falta de seu cabelo
despenteado e desse sorriso provocador. Estou feliz que tenha voltado.
— Pode me mostrar o quanto sentiu minha falta, mais tarde. — Max pegou-
lhe a mão pousada no peito e inclinou a cabeça para roçar os lábios em seu
pescoço. Sophie estremeceu ao sentir o toque de sua língua na pele sensível.
— Mas, antes, venha conhecer o iate, e depois vamos comer.
A última coisa que Sophie gostaria era de dormir. E perdeu o fôlego quando
ele apertou sua cintura e a virou para si. Sentia cada terminação nervosa
formigar conforme o corpo dele se aproximava. Fitava aqueles olhos
castanhos como se estivesse hipnotizada, já esquecida de qualquer cautela.
Ele cobriu os lábios dela com um beijo. A língua moveu-se em sua boca com
um erotismo intenso. Sophie entregou-se às incríveis sensações que
brotaram por todo seu corpo.
— Oh, Sophie. Eu adoro você. É muito preciosa. Quero que seja sempre
assim.
— Eu sei. — Max beijou os lábios carnudos mais uma vez. Não conseguia
evitar. — Mas eu é que devia agradecê-la. Deu-me algo precioso, que vale
muito mais do que imagina.
Nunca havia feito amor com uma virgem, e nunca conheceu alguém com uma
paixão recíproca tão selvagem. Sentira um prazer dilacerante ao gozar
dentro dela. Esqueceu-se de tudo.
Mas esse era o problema. Foi exatamente o que fez, esqueceu de usar
qualquer proteção. Viu o brilho de paixão nos olhos de Sophie. Pretendia lhe
contar, mas não queria estragar o momento. Em vez disso, só conseguia
pensar em dizer "case comigo". E percebeu ser o que queria de verdade...
Não importava o que o futuro lhe reservava, Sophie seria sua e apenas sua...
Dio! Tinha certeza de que Sophie dormia com o velho, e só podia ser por
dinheiro. Ficou enojado. Ao vê-los sair da pista de dança, não pensou em
esperar uma semana ou duas para falar com ela. Na verdade, não esperaria
mais um minuto, e mudou seu plano.
Diz-se que a vingança é um prato que se come frio. E Max convencia-se de
que odiava a bela Sophie e aquilo que ela se tornara. Levantou-se da mesa e
pediu licença. No passado, chegou a pensar que devia esperar o momento
apropriado para ter um caso com ela, e mudou de idéia. Dois dias depois, a
safada insensível o abandonou sem cerimônia. Agora, mais uma vez mudava
de idéia. E, dessa vez, ele é quem a largaria. Mas só depois de saciar sua
vontade naquele corpo maravilhoso.
CAPÍTULO TRÊS
Por sorte, Abe a pediu para traduzir o que Cesare dizia. Talvez, se
prestasse bastante atenção na conversa entre os dois, fingiria que Max e
Gina não existiam.
Para compensar, demonstrou tanto interesse pelo admirável Cesare que Abe
percebeu sua aflição.
— Sophie? Minha querida, não importa quem está tentando evitar, mas é
melhor me usar em vez do jovem Cesare. Pode magoá-lo. Mas eu tenho
ombros largos, e não me importo de continuar a brincadeira.
Era um bom dançarino, apesar de estar acima do peso. Seu corpo alto e
gracioso, no entanto, atraía a atenção de diversos homens, e de um em
particular.
— Já lhe disse que é muito bonita? — Abe disse ao final da música. Guiou-a
de volta à mesa com uma das mãos em sua cintura. — Não importa quem
seja, mas foi um tolo. E nem a merecia. Lembre-se de que é preciosa demais.
Sophie olhou para seu rosto severo. Reparou que não só era muito agradável
como também extremamente astuto. Não fora por acaso que se tornara um
magnata do petróleo.
— Com licença — uma voz grave e misteriosa falou com ironia. Max Quintano
apareceu à sua frente. — Devo pedir ao seu parceiro para me conceder essa
dança?
Abe encarou o homem e o examinou. Sem se intimidar nem um pouco com sua
altura, virou-se para
Sophie e pediu que traduzisse o que ele dissera. Ela estava chocada demais
com a interrupção brusca e o pedido para conseguir mentir.
— Não sou seu carcereiro, pergunte a ela. Max olhou para Sophie.
— Max, que surpresa — disse, com frieza. Não podia descrever a raiva que
tentava esconder quando os dois homens falavam sobre ela como se não
estivesse ali. — Não sabia que dançava. Gina o ensinou? — perguntou com
aspereza.
— Para dizer a verdade, ensinou sim. Entre várias outras coisas — disse,
com ironia.
Não disse nada por um instante. A resposta insolente só aumentou sua fúria.
Então, percebeu que atraía a atenção, parada entre dois homens no canto da
pista de dança. Disse baixinho:
— Tenho certeza que sim. E vejo quem o acompanha essa noite. Não devia
dançar com ela?
— Não devia, Sophie. Afinal, já fomos muito íntimos uma vez — debochava, e
ela hesitou por um momento. Pensou em recusar, mas desconfiava que ele
deixaria escapar algo comprometedor na frente dos outros.
— Seria um prazer dançar, Max Quintano — disse, com um sorriso educado
e frio. Segurou sua mão.
Max sabia que ela era educada demais para recusar a oferta, mesmo que o
odiasse. Entrelaçou seus dedos, e a sentiu tremer de leve.
— Está com uma boa aparência. — Percorreu-a com os olhos de cima a baixo.
E Sophie Rutherford realmente ficara muito elegante, apesar de ter a
honra de uma gata de rua. — Mais linda do que nunca, para ser honesto. Mas
algumas coisas nunca mudam. Ainda tem muita ânsia pelo que pode conseguir
dos homens. E Abe Asimov é um ótimo partido! Sabe que é casado?
Puxou-a contra seu corpo e a guiou com habilidade pela pista, ao som da
música lenta.
— Eu devia saber, mais do que qualquer outro, que procura fortuna e prazer.
Não quer ter as tensões e chateações do casamento, como ter que cuidar de
um marido.
— Você me conhece tão bem — disse com doçura. Sophie sentiu uma das
mãos dele alisar a pele nua de suas costas e apertá-la mais, até fazê-la
tocar-lhe o peito largo. Para seu horror, não podia evitar que seus mamilos
ficassem rijos e sua pulsação acelerasse.
— Exatamente. — Passou os olhos pela curva suave dos seios no decote, e
sorriu com arrogância. — E não me importaria em conhecê-la mais uma vez.
O que me diz, Sophie? Eu sou muito melhor do que Abe, não acha? Sabe que
nos demos muito bem juntos, e dizem que as mulheres nunca esquecem o
primeiro amante.
Ela escondeu, com grande esforço, o choque ao ouvir aquela declaração. Max
certamente era direto e grosseiro. Mal podia acreditar que já estivera
apaixonada por ele.
— Não merece resposta. Quando nos separamos, disse que nunca mais queria
me ver. Não sei nem por que me convidou para dançar. Aceitei por educação,
coisa que você não tem. — O fato de Max achar que ela seria capaz de ter
um caso amoroso com Abe já era ruim, mas ter a audácia de sugerir que só
tinha amantes por interesse era demais! — Faz sete anos que não nos vemos,
e seria ótimo se nunca mais nos encontrássemos.
— Por que você... — Interrompeu-se. Não tinha que tolerar aquilo. Não era
mais a garota de dezenove anos, apesar de ainda estar excitada por ele. Mas
a demonstração de sua ética desprezível foi a gota d'água. Tentou se
libertar dos braços de Max.
— Pare com isso — alertou ele, e a segurou mais forte. — Seria melhor
chegarmos a um acordo mútuo sem atrair a atenção de todos.
As mãos repousaram sobre o peito dele. Mal sabia como as erguera. Sabia,
para sua humilhação, que um observador desatento pensaria que permitira
ser beijada.
Pousou uma das mãos na cintura dela para guiá-la até a mesa. Inclinou-se
para falar próximo ao seu ouvido.
— Ouvi falar de você por um amigo da América do Sul. Parece mesmo que
sua carreira decolou. É muito requisitada, e não apenas por suas habilidades
lingüísticas.
— E daí?
— Também soube que seu pai se casou novamente, e que tem um irmãozinho.
— Não temos nada para conversar — resmungou. Ele lhe puxou uma cadeira
e disse com um sorriso amável:
— Esteja lá. E muito obrigado pela dança. Esclareceu muitas coisas. — Nem
chegou a ver seu sorriso educado. Virou-se para Abe, e com o olhar
triunfante disse: — Muito obrigado, cavalheiro.
— Fique à vontade.
— Como pôde dizer "fique à vontade" para Max Quintano? Não suporto esse
homem, e com certeza não irei me encontrar com esse safado arrogante.
— Para quem sempre mantém o controle, está muito perturbada. Bom, se não
entendeu por que disse aquilo, me enganei e tudo está perdido. Se Max
Quintano não deve se aproximar de você, então continuaremos nosso jogo.
Estava enraivecida por ter Max em sua vida mais uma vez. Não devia ter
permitido que a beijasse na frente de tantas pessoas. Ainda estava com
Gina, e se a proposta que lhe fez era séria, ainda era um mulherengo
descarado. Mas já sabia disso. Só tinha uma coisa a fazer, esquecê-lo. Para
o inferno com sua exigência de encontrá-lo no dia seguinte!
Bebeu o resto de seu champanhe e, logo depois, saiu acompanhada por Abe.
Max os viu irem embora, com os olhos castanhos cheios de fúria. Decidiu
que Abe Asamov não teria outra chance com Sophie. Tinha agora o poder de
tê-la quantas vezes quisesse, até se cansar de seu delicioso corpo. E
aproveitaria a oportunidade.
CAPITULO QUATRO
Até ele voltar de surpresa, uma semana depois. Ao chamá-la para sair
novamente, todas as suas dúvidas sumiram. Mas percebeu, mais tarde, que
tinha sido enganada e seduzida por um especialista.
Levou-a até o seu "barco do amor", que chegou a confessar ter sido
comprado para essa finalidade. E aceitou que a levasse para a cabine, sem
protestar. Deixou-o tirar sua roupa e deitá-la na cama. Era a primeira vez
que ficava nua diante de um homem, porém não ficou nervosa como esperava.
Sentiu-se à vontade com Max. Permitiu que lhe beijasse as pálpebras e a
curva suave das maçãs de seu rosto.
Podia ainda sentir seu beijo ardente, ávido de desejo. Seus lábios
percorreram seus seios, sua barriga e tudo o mais, até fazê-la gemer e
estremecer. Max lhe apresentou a prazeres que nunca experimentara, e
despertou uma volúpia impossível de imaginar até então.
Ao perceber que ela era virgem, ele ficou quieto por um instante. E começou
a penetrar bem devagar. As carícias eróticas da boca e das mãos dele a
tornaram mais selvagem. Entrou mais fundo, até se moverem no mesmo
compasso. Com estocadas cada vez mais fortes, ele ficou todo nela até levá-
la ao delírio do clímax, e a acompanhou com um gemido alto.
Admitia agora com ironia que, na época, acreditava em tudo o que Max lhe
dizia. Mas sua euforia durou apenas mais uma noite. Seu último dia juntos
ficou gravado em sua mente...
Estava vestido com calça caqui e uma blusa folgada, bem casual. Apoiou-se
com preguiça no balcão da recepção do hotel, onde Sophie trabalhava.
Encarava-a com um brilho no olhar e sorriso sensual.
— Mais duas horas. Acho que consigo agüentar e esperar, mas vai ser uma
tortura. — Levantou uma das sobrancelhas e sorriu de modo malicioso,
fazendo-a soltar uma risada.
— Quero que conheça minha irmã, Gina. Está fazendo uma visita surpresa. —
E sorrindo para a mulher, disse: — Essa é minha amiga Sophie.
Ela sorriu envergonhada para Gina e cumprimentou aquela que deveria ser a
futura cunhada.
— Prazer em conhecê-la.
— O prazer é todo meu. Você é muito amável — disse com um belo sorriso,
apertando sua mão. Voltou-se para Max. — Como sempre. Só uma
escavadeira vai derrubar você.
Sophie não entendeu a piada. Achou que Gina era muito amigável, quando
Max lhe disse:
— Faça um favor, peça para servirem almoço e café na minha suíte. Ela ainda
não comeu nada e temos muito para conversar. Mais tarde nos vemos.
E sem olhar para ela, Max entrou abraçado com a irmã no elevador. Ligou
para a cozinha, atendendo o pedido de Max, um pouco perturbada com seu
jeito brusco. Ao desligar o telefone, lembrou-se da advertência de Marnie.
Deu cinco horas, e ela não agüentava mais ficar enjaulada. Saiu para
caminhar em volta do labirinto que Max lhe mostrara no dia em que se
conheceram.
— Você acha? Não tenho certeza. Ela é muito nova. E não parece muito
avançada, ao contrário de muitas mulheres que conheço.
Seu coração parou, e ela perdeu o fôlego com a dor dilacerante que
perfurou seu peito.
Max havia lhe dito que a adorava, que era preciosa. Mas percebeu,
repugnada, que nunca falou em amor.
Por isso quis manter o noivado em segredo. Não estava preocupado em falar
antes com o pai dela, mas sim porque queria descobrir se estava mesmo
grávida.
— Sophie pode ter sido boba para dormir com você. Qual garota não seria?
Já perdi a conta de quantas já seduziu. — Gina disse, com raiva. — Mas se
ela é tão estudiosa como me disse, não é tão tola assim. Vai logo perceber
algo de estranho se o marido não voltar para casa todos os dias,
especialmente de noite. E sabemos que ficará sem energia para fazer amor.
Max declarou:
— Vou contar para ela, vou sim. Mas não agora. Faz só alguns dias.
— Eu sei. Eu a amo também. Não sei o que faria sem você. Mas veja pelo lado
bom, talvez eu nem precise contar nada.
Marnie estava certa, Max e Gina eram mesmo amantes. Só se casaria porque
desconfiava tê-la engravidado. Lembrou que todas as outras vezes usou
proteção. O que pretendia fazer? Pela conversa, ficava muito claro. Se não
estivesse grávida, a usaria e a largaria, como fez com todas as mulheres que
teve. E, em caso contrário, já examinavam como Sophie lidaria com o caso
amoroso deles. Seria a esposa abandonada em casa com um bebê. Não podia
culpar Gina, ao menos ela pensava em contar a verdade. Max é que agia como
um desonesto e mentiroso.
— Você está certo, Max. Não precisa dizer nada. Eu ouvi tudo e...
Ia dizer que não precisava casar com ela, mas Max levantou em um salto e a
interrompeu:
— Ouviu tudo? Sinto muito. Eu devia ter contado a verdade. Não queria que
descobrisse desse jeito. — Andou na direção dela com um sorriso
arrependido e quase envergonhado no belo rosto. Ela levantou a mão para
afastá-lo.
— Não precisa se desculpar... Gina tem razão. Sou nova demais para casar, e
essa situação não me agrada nem um pouco. De qualquer maneira, meus dois
meses de férias já terminaram. Vou embora nesse fim dessa semana. Então,
já vou me despedir. Espero que tenha sorte.
— Não, Sophie, não pode estar falando sério! — disse ele, alcançando-a. Ela
deu um passo para trás; não podia suportar que a tocasse. — Não é tão ruim
quanto parece. Venha e sente para nós três conversarmos.
Ela torceu a boca com repulsa. Provavelmente isso não era nojento em seu
mundo sofisticado e decadente.
— Não. — Sacudiu a cabeça, furiosa. Olhava-o com desdém. Seu herói, seu
amante era um mentiroso descarado que ainda tinha a ousadia de sugerir
que sentasse ao lado de sua amante para conversar. Conversariam sobre o
quê? Uma relação a três? Não entendia por que Gina suportava isso. Fosse o
que fosse: por ser ou não uma mulher de carreira ou por sofrer ou não
reprovação dos pais!
— Já ouvi tudo, não há mais nada a dizer. Foi uma experiência interessante,
mas não quero continuá-la desse jeito. Não me importa o que planejam para
mim. Ainda bem que descobri hoje que não estou grávida. Então, Max, não
tem que se preocupar com nada, exceto consigo mesmo. — E quase terminou
a frase com um "como sempre".
Max nunca gostara dela de verdade. Nem considerava o que sentia por Gina
como amor verdadeiro. Deu-se conta, por fim, de que Max era o homem mais
arrogante, explorador e egoísta que jamais tivera a desgraça de conhecer.
— Não achei que era esse tipo de garota. Está certa, não há nada mais a
dizer, exceto que pode ir agora. Faça-me o favor de fazer suas malas o mais
rápido possível. Vou falar com Alex e deixarei suas passagens aéreas em
cima de sua mesa. Não quero vê-la nunca mais.
O olhar hostil de Gina e a fúria de Max ainda estavam gravados em sua
memória. Lembrando-se do dia de sua separação, perguntou-se por que
deixara que essas recordações a perturbassem por tanto tempo. Mereciam-
se mesmo, e felizmente ela não estava envolvida. E quanto ao almoço com
Max, nem pensar. E com esse pensamento desafiador conseguiu adormecer.
Sophie abriu a boca, chocada. Era mesmo muito atrevido por interromper
sua conversa. Tony parecia radiante com a reunião que o grande Max
Quintano lhe oferecia.
Sophie tentou contestar, precisava cumprir seu contrato. Mas antes que
percebesse, Max segurava seu cotovelo e a guiava para a saída do hotel.
Podia ainda ouvir Tony lhe sugerindo para aproveitar o almoço. Mais parecia
uma conspiração masculina, se houvesse uma.
— Pensa ser muito esperto, manipulando Tony para me liberar, não é? Como
se atreve a interferir no meu trabalho? — rosnou, tão brava que queria
socá-lo.
— Bom, fique sabendo que não vou almoçar com você, Quintano. Nem hoje,
nem nunca. — Pendurou a bolsa em um dos ombros e disse, de forma irônica:
— Mas obrigada pela tarde de folga. — E foi embora.
Max a deixou ir, já que ia na direção certa. Sua lancha estava atracada uns
45 metros à frente do canal. Embora estivesse disposto a arrastá-la aos
chutes e pontapés para o barco, vê-la andar a passos largos era muito mais
interessante. Seus cabelos louros estavam presos na nuca com um grampo
de madrepérola e escorriam pelas costas como uma cortina de seda. E
apreciar seu bumbum gracioso na saia justa e curta de lã era um delírio para
os olhos. Imaginou suas pernas cobertas por meias de seda.
Sophie não olhou para trás. Não se importava! Andava na margem do canal,
feliz por ter conseguido escapar. De repente, um braço serpenteou sua
cintura e a suspendeu no ar. Soltou um grito e começou a lutar para se
libertar. Mas foi atirada sem cerimônia no assento de couro de um barco.
— Você está louco! Pare esse barco agora, ou vai preso por seqüestro!
E para seu total espanto, ele parou o motor. Sophie levantou a cabeça e o viu
se virar, apoiado no volante. Encarava-a com uma expressão severa.
— Se alguém vai ser preso, será seu pai, Nigel Rutherford, por fraude.
Do que diabos ele está falando agora?, pensou furiosa. Sentiu um calafrio de
medo descer pela espinha ao avistar a determinação implacável no fundo dos
olhos dele.
— Você é louco! Não pode me ameaçar, nem a meu pai! — gritou. De repente,
lembrou-se de Max ter comentado sobre sua família na noite anterior. Não
tinha levado a sério, mas agora não sabia ao certo. Afinal, como ele sabia
que seu pai havia casado de novo e tido um filho?
— Então, por quê? — perguntou e parou. Não captava nada em suas feições
impassíveis, mas sabia que seu pai não o conhecia. Uma vez, ele mencionou
em uma conversa que chegou a ser apresentado a Andréa Quintano. Supôs
que Alex deve ter mencionado algo sobre a vida de seu pai para Max.
Mas será que sabia alguma coisa sobre os negócios dele? Será que havia algo
errado? Ficou óbvio que algo não ia bem entre Margot e ele no final de
semana. Preocupada, mordeu os lábios. Pensou que talvez estivessem com
problemas financeiros. Afinal, sua madrasta gastava muito dinheiro.
Por um instante, Sophie imaginou enfiar um punhal nas costas dele. Repassou
a conversa várias vezes, e quanto mais pensava mais se preocupava e ficava
com raiva. Mas não discutiu com Max. Não era a hora certa, esperaria até
saber exatamente o que acontecia.
CAPITULO CINCO
—- Ótimo. Não se recusará a viver aqui por um tempo — disse Max com
delicadeza.
Max lhe permitiu respirar. Ela tentou puxar o ar, trêmula de excitação. Ele
não a deixou recuperar o fôlego. Começou a beijá-la ainda mais
intensamente, sugando-lhe o ar e sentindo sua pulsação desenfreada.
Nem chegou a ouvir alguém pigarrear, só sentiu Max levantar a cabeça. Com
um olhar furioso e cheio de desejo, disse a Diego que os esperasse mais
cinco minutos.
— O que pensa que está fazendo? — ela pediu uma explicação, tentando sem
sucesso retomar a respiração e se libertar de seu abraço.
Sophie entendeu finalmente o que queria dizer com viver aqui. Horrorizada,
arregalou os olhos.
— Acha mesmo que ficarei com você só para livrar meu pai de problemas? É
disso que se trata? Lamento desapontá-lo, mas eleja é bem crescido. Se
estiver em alguma enrascada, o que duvido muito, é experiente o suficiente
para resolver por conta própria — disse ela com sarcasmo. Seus olhos
brilhavam com uma fúria selvagem. Odiava tanto Max que chegava a ser
assustador.
Ela deu um passo para trás e ficou aliviada por ele ter desistido da proposta
humilhante, mas não por muito tempo.
— Talvez seja melhor que peça falência. Mas aí seu irmãozinho será
afetado. Você sabe disso melhor do que eu.
— Seu maldito! Você me dá nojo. Se meu pai precisa de dinheiro, irei ajudá-
lo com tudo o que tenho. Peço emprestado, se precisar. Podemos resolver de
várias maneiras. Mas nem pense que irei pedir dinheiro a você. Nunca.
Com cinismo, Max a observava ficar furiosa.
— Nunca é tarde demais, e ele tem apenas alguns dias até a reunião dos
credores. Saiba também que falei com seu amigo Abe ao telefone hoje.
Sabia que almoçaríamos juntos, e me pediu para cuidar de você e dizer
adeus por ele. Parece que está no seu iate, voltando para sua esposa e filhos
no Caribe. Portanto, se considera pedir-lhe um empréstimo, esqueça.
Sophie engoliu o bolo em sua garganta e se calou. Era típico de Abe fazer
essas travessuras. Apostaria que atravessava o Atlântico às risadas. Mas
ela não achava graça nenhuma. E Max teve a arrogância de lhe dizer que
cuidaria dela, como se faz com um embrulho que passa de mão em mão.
Enchia-se de fúria, como também de tristeza por ver como o antigo amor de
sua vida não tinha um pingo de moral.
— Eu presumo que continua solteiro. — Mesmo alguém como Max não teria a
ousadia de trazê-la para cá, se estivesse casado. — Mas, por curiosidade, o
que Gina faria se eu aceitasse sua proposta indecente?
— Não teria nada para dizer. Se bem que, considerando a última vez que a
viu, não ficaria satisfeita. Mas como minha amante, não precisará encontrá-
la.
Por mais que quisesse, seria apressado rejeitá-lo ao concluir que estava
errado sobre seu pai. Max Quintano não era o tipo que comete erros, ao
menos nos negócios. Mas precisava saber a verdade.
— Se não acredita em mim, ligue para seu pai e pergunte. — Apontou para o
telefone em cima do aparador. — Fique à vontade.
Reconheceu que queria Sophie, mais do que qualquer outra mulher que
conhecera, quando o destino fez com que se reencontrassem.
Vê-la com Abe Asamov fez seu sangue ferver, assim como constatar no que
se tornara. Imaginar aquele russo gordo se deliciar com seu corpo, ao qual
ele, Max Quintano, apresentou os prazeres carnais, lhe despertou uma
volúpia sexual carregada de possessividade.
Sophie foi a única mulher que pediu em noivado. Por sorte, descobriu a
tempo que era do tipo que quebra o voto de amar, respeitar e honrar na
saúde e na doença. Largou-o num piscar de olhos ao ouvir que podia estar
doente.
Demorou um tempo para se tratar do câncer, e isso o ensinou a ter uma vida
sexual mais prudente. Mas isso não o impediu de querer Sophie assim que a
viu novamente. Não importava se tinha ou não caráter, o desejo não levava
isso em consideração e lhe revirava as entranhas naquele instante.
Negou essa ânsia por todo esse tempo. Até porque, sete anos antes, tinha
que lidar com coisas mais sérias. Mas, agora, estaria condenado se a
deixasse escapar ilesa por sua deslealdade. Agora, se saciaria o quanto
quisesse. E poderia olhá-la com todo o desprezo que merecia.
Estava parado diante dela, com uma aura de silêncio cheia de masculinidade
arrogante e dominadora que a amedrontou.
— Esperarei por você na sala de jantar. — Saiu antes que ela tirasse o
celular de sua bolsa.
Para sua surpresa, seu pai estava em casa. Sophie disse que Max Quintano
lhe contou dos rumores de que a agência estava com problemas. Ele foi
muito franco. Era verdade que um grupo de credores, desde empresários de
linhas aéreas a hoteleiros, se reuniria na segunda-feira seguinte.
Seu pai gastara dinheiro demais, mas achava que conseguiria pagar seus
clientes assim que vendesse a casa. Viveria de aluguel em algum lugar
simples, até conseguir endireitar seus negócios. Porém, Margot não aceitara
e por isso teve que pedir empréstimos em vários bancos. Na semana
passada, tiveram que colocar a casa à venda, para desgosto de sua madrasta.
Esperava o corretor de imóveis naquele instante.
Entendeu por que a atmosfera entre eles estava tão ruim no último fim de
semana. Seu pai lhe disse:
Nunca ouvira seu pai respeitar uma mulher no mundo dos negócios. Sendo o
machista que era, a surpreendia ver como deixava Margot intimidá-lo.
Dirigiu-se à sala de jantar. Viu Max sentado na ponta da longa mesa. A luz
que entrava pela janela realçava os fios prateados entre a escuridão de seus
cabelos. Seu penteado impecável não revelava mais os fios fugidios que
teimavam em cair sobre seu rosto. Não havia sinal do sorriso provocador que
a perseguira em seus sonhos, após se separarem.
Viu Quintano levantar e lhe puxar a cadeira, como um cavalheiro. Quase riu
com tal hipocrisia. Afinal, por que a tratava como uma dama quando queria
torná-la uma mera prostituta? Não disse nada.
— Sempre estou — falou ele com arrogância, e sentou. Diego trouxe uma
garrafa de champanhe dentro do balde, e o pousou na mesa. — Muito
obrigado, Diego. Farei as honras.
— Ainda não concordei em fazer nada — protestou, mas ele sabia que
cederia.
Ele estava certo, maldito! Foi tomada por uma mágoa raivosa, mas não
desistiria sem antes lutar.
— Seu porco! Espera mesmo que eu durma com você para pagar a dívida do
meu pai?
— Dormir não é bem o que tenho em mente. E que bela devassa você se
tornou... eu soube que Abe Asamov foi mais um dentre uma longa lista de
amantes.
— É tão sensível, Sophie. Mas será capaz de pagar a dívida de seu pai até a
próxima segunda? — exigiu, encarando-a de forma desafiadora.
Até aquele instante, estava determinada a fingir indiferença, mas agora seu
belo rosto empalidecia.
— Considero seu silêncio como um não. Nesse caso, concordará em ser minha
amante até me cansar de você, ou se Nigel me pagar.
Seria muito difícil ser amante de Max por um mês, ou dois, talvez três?
Milhões de mulheres aceitariam sem hesitar... Depois poderia continuar sua
vida, e talvez, conhecer um homem decente e se casar, começar uma
família...
— Estamos combinados?
Ela olhou para a taça quase vazia. Percebeu que tinha bebido demais com o
estômago vazio, e respondeu:
O maldito arrogante sabia muito bem que não tinha opção. Seu mamilo
endureceu ao sentir o toque, o que a enfureceu e a deixou envergonhada.
Havia namorado e beijado alguns homens ao longo dos anos, mas nenhum a
excitara tanto para deixá-la com vontade de fazer algo mais. Porém,
bastava um olhar e esse homem podia fazê-la agir como a adolescente tonta
do passado. Não era justo... Mas a vida não é justa, senão não estaria ali
naquele momento. Sophie o olhou fixo, tão grande, misterioso e perigoso.
Ficar tão próxima de Max, com toda sua arrogância e determinação, deixou
seus nervos em frangalhos. Mas resolveu revidar.
— Bom, como você disse, Abe foi para o Caribe e meu pai costuma dizer que
o tempo é precioso. — Olhou para ele, sorrindo. — Acho que você não é uma
alternativa ruim. Agora, como disse, vamos ao âmago da questão.
Irritar um homem como Max Quintano não foi uma boa idéia. Entendeu isso
imediatamente. Dizer que ela o enfureceu era pouco. Ele se levantou em um
salto, agarrou-a pelo pulso e a forçou a encará-lo, em um movimento
gracioso.
— Dio! Você tentaria o diabo com esse atrevimento. Preciso te ensinar como
uma amante se comporta. Para começar, é grosseiro mencionar ex-amantes.
Para meu escritório, agora.
Sophie respirou fundo quando quase foi arrancada da sala para seu gabinete
de trabalho, que era obviamente seu domínio. Em uma parede, livros estavam
enfileirados enquanto na outra havia um computador moderno. Tinha
cadeiras de braço dos dois lados de uma enorme lareira.
A mão dele apertou seu pulso. Empurrou-a para uma cadeira, amaldiçoando-a
com voz abafada.
Ela se encolheu, com a força de sua fúria descontrolada. Mas ele deu a volta
pela mesa, para se atirar na cadeira atrás da escrivaninha. E declarou, ao
pegar o telefone:
Uma hora depois, jogou um documento em seu colo, mas Sophie não se
importava. Estava enojada do assunto. Sabia que ele era um homem
insensível, mas nunca imaginou que podia ser tão bruto.
O advogado que ele chamou apareceu quinze minutos depois. Nunca foi tão
humilhada antes. Como Max era o único credor de Nigel e concordara em
perdoar-lhe a dívida se Sophie morasse com ele por quanto tempo exigisse.
A partir de então, a dívida seria anulada. Por insistência sua, uma cláusula
foi acrescentada, que garantia sua liberdade para ir embora assim que seu
pai pagasse tudo o que devia. O advogado a considerou desnecessária, mas
ela não confiava nem um pouco em Max.
— Sim, você explicou com clareza qual a minha situação. Agora, se não se
importa, preciso voltar para o hotel e consultar minha agenda. Tenho que
dar alguns telefonemas e reorganizar meus compromissos das próximas
semanas. Volto para você amanhã.
Sem falar mais nada, segurou-a nos braços e a carregou escada acima.
Ignorava os golpes que ela lhe dava no peito largo.
— Não vou deixar. Sua primeira lição como minha amante começa aqui. — Ele
abriu a porta com os ombros e a abaixou até seus pés tocarem o chão.
Fechou a porta, e declarou: — Uma amante está sempre pronta e disposta
para seu homem. E nunca lhe bate, a menos que ele peça. — Aproximou-se
dela, pegando seus ombros.
— Nada, até agora. Mas vamos dar um jeito nisso. — Um sorriso mordaz se
desenhou em seus lábios sensuais. Impeliu-a mais adiante, até chegar na
cama. Parou e exigiu: — Tire seu casaco. — Suas mãos deslizavam por sobre
seus ombros até a curva de sua cintura. — E o resto, menos a cinta-liga. Eu
mesmo vou tirá-la.
Queria humilhá-la, mais do que já havia feito. Pela primeira vez, Sophie
começou a pensar com clareza. Encarou-o, pensando no motivo que o levava a
agir dessa forma. Era um macho agressivo, com um físico fantástico e uma
aparência austera. Podia ter a mulher que quisesse. Então, por que a
chantageava para dormir com ele? Era o que tinha feito, ao se aproveitar do
amor que tinha por sua família. Porque estava tão irritado?
Romperam muitos anos antes. Ela o rejeitara, mas ele não podia reclamar
diante das circunstâncias. No entanto, podia sentir a raiva sob o seu
controle aparente. Não entendia a razão, a menos que quisesse si vingar.
Talvez tenha ferido seu ego ao deixá-lo. E nenhuma mulher lhe fizera isso.
Mas por que ainda estava aborrecido depois de tantos anos?
— Não. Quando nos conhecemos, meu irmão tinha acabado de morrer quatro
meses antes. Dessa vez, meu pai morreu quatro meses atrás. Os japoneses
consideram que o quatro dá azar, por ser o número do diabo. Não sou
supersticioso, mas parece que sempre entra na minha vida após alguma
tragédia. Destino ou má sorte, escolha. Eu a vi com Asamov, mais linda e com
certeza muito experiente. Sabia das complicações financeiras de Nigel
Rutherford, então decidi que a teria para mim.
Gina o alertara para não ser impulsivo, quando lhe contou que Sophie podia
estar grávida. Max com certeza não tinha mudado muito desde então, ainda
se apossava do que queria por capricho. De repente, se sentiu magoada.
Havia tentado negar ao longo dos anos que lá no fundo ainda desejava
secretamente voltar aos braços dele... E mesmo agora não queria acreditar
que era o ser imoral e cruel que aparentava.
Quem ela estava tentando passar para trás? Não tinha mais compaixão.
Bom, ele poderia conseguir uma prostituta se quisesse.
— Gosta do que vê? — perguntou com severidade. Ele podia olhar, mas
estava muito enganado ao pensar que ela se entregaria na cama sem resistir.
Max mais do que gostava. Seus seios se apoiavam no fio delgado da renda
branca. Suas incríveis pernas compridas eram realçadas pela calcinha-short,
que era muito mais sexy que uma tanga. Assim como a cinta-liga, exatamente
como imaginava e muito mais.
Ela sentiu os dedos apertarem seus ombros e olhou para o rosto de Max.
Sabia que ia beijá-la.
— Não tem como escapar agora, Sophie. Vai apenas adiar o inevitável e se
ferir caso tente dizer não.
— Eu jurei que a faria tirar a roupa e se contorcer. Mas não sei por que não
me parece tão importante agora.
Ela viu a ferocidade no olhar dele e por um segundo ficou com medo. Max
gemeu baixinho e levou a boca até seu mamilo rosado e rígido. Lambeu e o
sugou com mordidas delicadas que a levaram ao delírio. Tremores de
sensualidade a percorreram inteira.
— Pode olhar o quanto quiser — ele disse, dando uma risada rouca, cheia de
desejo masculino. Ajoelhou-se sobre a cama, ao lado dela. Afastou-lhe o
cabelo dos ombros. E suas palavras, de alguma forma, a irritaram. Era ainda
tão óbvia para ele?
— Não sou tão descuidado assim. E também não sei com quem andou.
Suas mãos apertaram com mais força os ombros dela. Não tentou esconder
o desprezo em seus olhos.
— Ainda não.
Ele deslizou os dedos por debaixo das duas ligas brancas, abrindo-as com
mãos pouco firmes. Devagar, as desceu pela perna. Acariciou-a e a beijou
lentamente pelo corpo acima, até fazê-la tremer e perder a cabeça.
Agarrou seus ombros com força. Correu febrilmente os dedos por entre
seus cabelos pretos. Sentiu-o ficar tenso e recuar.
— Dio! Você tem um gosto tão doce! — Max suspirou, e acariciou a parte
inferior de suas coxas. Beijou-lhe a carne trêmula de sua barriga, seios e
lábios.
Ao mergulhar fundo a língua em sua boca, ele abriu mais suas pernas. Entrou
em seu interior pulsante e quente com uma investida suave.
Sophie tremeu com a pontada leve de dor ao senti-lo firme e gostoso. Fazia
tanto tempo, mas o envolveu com as pernas e braços. O tempo parou ao
senti-lo se mover dentro dela. Nada importava, além do êxtase de ser
possuída pelo seu corpo.
Sem nenhum embaraço com sua nudez, a fitou com um olhar cheio de pura
satisfação masculina.
— Ainda temos a química. Não começamos mal. Mas eu não cheguei a tirar
sua cinta-liga. Fique como está até me livrar disso, e aí podemos continuar —
disse, com uma voz rouca e grave, em um tom altivo que estremeceu Sophie.
Viu-o sair pela porta do quarto. O sol da tarde que entrava pela janela
brilhava por seu corpo bronzeado. Segurou lágrimas tolas que brotaram. O
que esperava? Carinho e ternura?
Arrastou as pernas pela cama e levantou. Não ia esperar por ele como uma
idiota. Já fizera isso antes...
CAPÍTULO SETE
Respondeu o "não" que ele queria ouvir, e notou seu olhar cheio de
supremacia masculina ao levá-la aos céus.
Tentou aceitar o arranjo entre eles, e pensou que ao menos não precisaria
passar a noite inteira com ele. Mas essa idéia não era tão confortável
quanto deveria.
Sophie inclinou a cabeça, e começou a secar seu cabelo com raiva. Tentava
bloquear cada imagem vergonhosa de sua mente.
— De onde você veio? — Max estava parado à sua frente, quase dois metros
de macho arrogante. Vestia-se bem casual, com calças e camisa azul-
marinho e uma jaqueta de couro. Mas, para sua vergonha, pegou-se a
imaginá-lo sem roupa. Entreolharam-se. Seu jeito sensual de olhá-la corava
seu rosto pálido.
— Gostaria que eu viesse do inferno, aposto. Mas não, nada tão dramático.
Essa é a suíte principal. Dividimos o banheiro e o quarto de vestir. Estou
surpreso que não tenha visto as portas que ligam os quartos.
Era óbvio que as tinha visto, assim como a decoração moderna do banheiro
com duas pias e uma enorme banheira circular. Mas não havia percebido para
onde as portas levavam. Estava desligada desde o dia anterior, embora
estivesse ciente até demais da presença dinâmica e poderosa do homem
diante dela. E isso precisava chegar a um fim.
Mas, antes que pudesse formular qualquer resposta, Max pousou as mãos
nos ombros dela e a puxou para si. Surpreendeu-a ao começar a secar-lhe os
cabelos.
Ele soltou uma risada sexy. Admirava seus cabelos soltos e despenteados e
a toalha por cima dos seios.
— Precisar, talvez não. Mas eu quero fazê-lo. E essa toalha que ameaça cair
é irresistível.
— Sim. Almoçaremos com seu pai. Marquei ontem à noite, antes do jantar.
Até agora, você seguiu sua parte do arranjo melhor do que eu esperava.
Devo fazer a minha. Mas quero conhecer a família que a levou a ser tão...
prestativa — disse, num tom de sarcasmo evidente. Afastou-se e parou
diante da porta para dizer:
Max esperava sentado. Embora tivesse dito a si mesma que se conteria, seu
estômago se contorceu ao se sentir na mira de seu olhar rude.
— Não. Mas estou louca para saber por que diabos quer conhecer meu pai,
comigo ao seu lado. Não é o bastante que vá vê-lo na reunião da próxima
semana? Nem você seria tão degenerado a ponto de contar-lhe sobre nosso
trato—respondeu ela, com a cara fechada.
Sophie estava encurralada pelo fulgor do olhar dele. Seu coração acelerou
quando ele lascou-lhe um beijo tão poderoso e intenso, que devia servir
como castigo.
— Pode me chamar como quiser, mas você me quer. Preocupa-se demais. Seu
pai vai adorar, dadas as circunstâncias. — Não tentou esconder o tom de
sarcasmo na voz.
— Mas o quê...
— Ah, Sophie. Disse que falaria a verdade, mas a minha versão. — Pegou-a
pela cintura e mais uma vez a beijou.
— E mesmo louco. Ele não vai acreditar nisso. — Mas reconheceu que Max
era esperto. Contava apenas os detalhes da verdade que a tornavam
convincente.
— Sim, acreditará. Porque é isso que vai querer. Para um viúvo, sempre foi
mulherengo e esbanjou dinheiro com elas. Pelo que sei, sua esposa atual dá
despesas demais. Podemos dizer que engolirá a história, desde que você
coopere.
Tinha razão sobre seu pai. Após a morte de sua mãe, era impossível não
perceber sua atração por mulheres. Tentou não se incomodar com isso. Não
fazia idéia de como Max sabia disso, e talvez nem quisesse saber. Na
verdade, os dois eram muito parecidos.
— Deve fingir ser a amante apaixonada e zelosa. Já fez isso antes e deu
resultado, não encontrará dificuldade. Principalmente depois da noite de
ontem. — Prensou sua boca com um breve beijo punitivo. Saíram juntos até á
lancha, onde Diego os esperava.
— Max, meu pai não é idiota, embora de vez em quando se comporte como
um. Tem certeza? — advertiu, incapaz de compreender plenamente o
desdobramento de sua situação.
— Tem muita coisa que não sabe sobre mim. Mas terá tempo para aprender.
Nigel é um homem experiente, capaz de enxergar. Acreditará no que já
falamos antes.
Sentada à esquerda de seu pai e com Timothy a seu lado, Sophie fez o
possível para parecer contente. Mas com Max e Margot à sua frente, perdia
a vontade de viver...
Max fez um acordo com Nigel. Teve o descaramento de dizer que gostaria
de ajudá-lo a resolver seus problemas já que não suportava ver Sophie
preocupada.
Sophie quase se maravilhou com a forma como ele evitava mentir. Max disse
apenas meias-verdades, já que os dois realmente estiveram no continente.
Só não chegaram a se encontrar, como relatou. Quando ele explicou que seu
relacionamento ficou mais sério em Veneza, voltou-se para ela e perguntou:
— Sim. — O que mais podia falar? Corou ao reparar seu olhar de escárnio,
que somente ela captou. E a vermelhidão em seu rosto confirmou a história
para seu pai.
—Meu Deus! Mas que sortuda você é. Não acredito que agarrou um homem
como Max Quintano. Mas ainda bem que conseguiu. Jogue direito e talvez
até a peça em casamento. Aí, engravide logo, porque se ele mudar de idéia
estará garantida para o resto da vida.
Ia começar a dizer que era muito feliz com sua vida, mas se deteve.
Percebeu ser uma mentira. Foi feliz, até o momento em que reencontrara
Max.
Margot pegou a bandeja de café.
— Não, Margot, você não entende. Ela ainda precisa ser vendida.
— Não seja ridícula. Você é como seu pai. Se vendermos a casa, depois de
pagar a hipoteca não conseguiremos pagar uma fração da dívida. Mas por
algum motivo, Max gosta de você. Talvez seja boa na cama. — Lançou-lhe um
olhar de dúvida. — Soube que é um amante maravilhoso. Talvez goste de
ensiná-la... Seja o que for, se você pedir, não deixará que a residência de
sua família seja vendida. Então, pare de se preocupar, fale com ele e me
passe o açúcar.
Voltaram à sala de jantar. Sophie mal podia encarar os demais. Bebeu o café
sem levantar a cabeça. Sua sentença de ser amante de Max, que considerou
durar apenas alguns meses, agora parecia ter um prazo indeterminado. Seu
pai lhe contou que, após a morte de sua mãe, a hipoteca da casa tinha sido
paga pelo seguro. Mas nunca lhe passou pela cabeça que ele a hipotecasse
mais uma vez. Era muita estupidez! Mas devia ter previsto. Era inevitável,
após ter casado com uma jovem esbanjadora como Margot.
— Quer mais café? Deixe-me encher sua xícara, ou quer outra coisa? —
sugeriu, com um olhar malicioso. E completou: — Um conhaque, talvez um
champanhe para comemorar?
Abriu a porta dos fundos, com a ajuda do irmão, e saíram para o quintal.
— Claro, querido — falou, sorrindo para o menino. Seguiram pela trilha que
contornava os canteiros e gramados bem-cuidados, até chegarem a uma
sebe que escondia metade do quintal onde havia árvores frutíferas e
gramado.
— Sophie às vezes é mais infantil do que Timothy. Já lhe disse várias vezes
para não deixá-lo subir. Mas não me ouve. Desça, agora — disse a Sophie.
Max a observou com folhas outonais presas nos cabelos, frouxos no lenço
que mal segurava os cachos sedosos, e a saia em volta de suas coxas. Não a
considerou infantil, pelo contrário. Ela desceu segurando o menino firme nos
braços. Foi então que reparou na semelhança entre os dois. Ela tinha a
expressão de criança culpada por uma travessura.
— Ouviu o que sua mãe disse, Sophie — Max brincou, fazendo cara séria.
— Não sou mãe dela! — Margot disse com raiva, fazendo Sophie segurar
uma risada.
Sophie duvidava que fosse verdade o que ele dissera. Para começar, achava
que ela tivera vários amantes. Mas não ia discutir com ele. Sentia-se
estranhamente protegida com o braço de Max em sua cintura.
Mas teve que contestar quando ele aceitou o convite de sua madrasta, para
jantar e passar a noite.
Eis uma experiência inédita. Conhecer essa Sophie que perguntava por sua
opinião, ao contrário de desafiá-lo. Por um instante, Max ficou tentado a
negar por maldade. Mas algo o deteve, quando seu corpo reagiu de forma
previsível ao apreciar a beleza dela. Sua amante alta e bonita parecia frágil
de verdade. Pôde ver a expressão no rosto e os ombros tensos. Parecia
estar à beira de um colapso nervoso.
Max a viu sair da sala. Pela primeira vez, desde seu reencontro, perguntava-
se o que estava fazendo. Observou como seus pais, se é que se podia chamá-
los assim, eram as pessoas mais egocêntricas que já conhecera. Lembrou-se
de ouvir Sophie lhe contar que sua mãe morrera quando tinha onze anos.
Depois a mandaram para o internato. Seu pai se preocupou com ela, mas não
o bastante para atrapalhar seu estilo de vida. Viu como se alegrou ao aceitar
sua oferta de ajuda, sem sequer pedir a opinião da filha a respeito.
Max ligou para o chofer e percebeu que agira F como um egoísta, por não
ter considerado os sentimentos dela. E se sentiu incrivelmente culpado, um
sentimento que odiava.
— Você está bem? — perguntou Max, ao sentar ao seu lado e perceber que
ela chorava.
— Claro. Resolveu o problema do meu pai. Não podia ficar mais feliz. O que
espera que eu diga? — Sem esperar a resposta, ela desviou o olhar.
CAPITULO OITO
— Caí no sono. — E ruborizou, por ter dito o óbvio. — Eu notei, com você
colada no meu peito. Mas já chegamos.
— Bela vista. — Max comentou, olhando em volta. Esticou a mão para ajudá-
la a sair do carro.
— Não pode estar falando sério, Sophie. Já fiz passeios demais para um dia.
— Dispensou o motorista pelo resto da noite, e apertou forte a mão de
Sophie.
Max percorreu o corpo dela com o olhar, enfurecendo Sophie. Ele sabia que
ela não o queria ali. Disse, com calma, olhando em volta:
— Vinho, por favor. — Max andou pela sala. Tirou a jaqueta, largou-a no
braço do sofá e sentou.
Ela tirou o casaco e pendurou na cadeira de pinho. Abriu a garrafa que tirou
da geladeira e encheu duas taças grandes de cristal. Bebeu um pouco, sem
pressa. Hesitava em olhá-lo novamente, e percebeu que tinha cometido um
erro. Deveria tirá-lo dali o mais rápido possível. Recolocou a garrafa na
geladeira.
— Desfrute. Se quiser beber mais, pode buscar. Vou fazer minhas malas,
não demoro. Ligarei para minha vizinha e poderemos ir. — Percebeu que
estava tagarelando. Ficava nervosa na presença de Max.
Uma mão forte envolveu sua cintura, e a puxou para seu lado.
Ele a agarrou outra vez, com um braço forte em volta de seus ombros.
Examinou seu rosto rebelde e sorriu de modo malicioso.
Ela sentiu a mão quente sob o tecido de sua blusa. Os dedos massagearam
preguiçosamente suas costas. Ficou sem fôlego e perdeu a fala por alguns
instantes. Engoliu em seco, tentando não ceder à irresistível atração sexual.
Olhou para o relógio sobre a lareira. Saíram da Itália às 10 da manhã. Caso
se apressassem, conseguiriam voltar às 10 da noite.
— São... São apenas seis horas. — Não conseguia evitar gaguejar, mas
continuou depressa. — Eu faço as malas rápido, e se nos apressarmos
chegaremos ao aeroporto às 7 horas. O vôo dura apenas 2h30, podemos
chegar lá às 9h30.
— Fico lisonjeado ao vê-la ansiosa para voltar à minha casa. E seus cálculos
são impressionantes. Infelizmente, cara, não se lembrou do fuso horário de
uma hora mais tarde. Então não será possível. — Olhou-a com ironia.
— Está errada. Sabe que estou sempre preparado? Não que seja um
problema ficar nu. Vamos, Sophie, sabemos que o jogo começou e já ganhei.
— Puxou-lhe o cabelo de leve e inclinou a cabeça para trás, capturando-a
com seu olhar. — Chega de desculpas. Você é minha aqui ou em qualquer
lugar, por quanto tempo eu quiser.
— Apenas até a casa ser... — Ela tentou inutilmente negar sua suposição, e
foi interrompida pela risada brusca de Max.
— Deve ter razão. Mas ainda preferia que não ficasse aqui. Um hotel...
— Não, claro que não — respondeu irada, arrependendo-se depois ao ver sua
expressão contemplativa.
— É só isso? Sou um homem adulto, e preciso comer. Mas deve haver algum
restaurante por aqui. Não vamos morrer de fome.
Os olhos esverdeados voltaram-se para seu belo rosto. Seu sorriso sexy a
levou de volta aos tempos de sua juventude, em que Max sorria e a
provocava. Sentiu o coração bater forte mais uma vez, como se fosse sair
do peito. Aterrorizou-se ao experimentar os incríveis calafrios na barriga
cada vez que o olhava. Forçou um sorriso, e conseguiu permanecer firme.
— Tem razão. Beba seu vinho. Preciso tomar banho e trocar de roupa.
Trepar em árvores me desarrumou toda. — Apontou para o controle remoto
em cima da mesa. — Veja um pouco de televisão, se quiser. Devo demorar.
Max fitou-a com um olhar intenso por alguns instantes, e então a deixou
levantar. Reclinou-se no sofá com calma, e disse:
— Não há espaço para nós dois — disse ela sem olhar para trás. Saiu
devagar da sala e fechou a porta.
Agora, era destroçada pela luta travada entre sua razão e seu corpo. Era
uma humilhação, e um ataque ao amor-próprio ser amante de Max. Mas não
conseguia negar o prazer que sentia com o toque dos lábios e das mãos dele
sobre seu corpo, e com o encanto de ser possuída por ele. Não conseguia
mais se enganar. Desejava-o com uma ferocidade que a assustava. E não
poderia deixá-lo saber disso, senão destruiria o pouco de dignidade que
tinha.
Max sabia que Sophie estava zangada por ser forçada a passar por essa
situação. Não podia culpá-la.
Mas, considerando de forma mais cínica, não via por que deveria reclamar.
Não era mais uma virgem inocente, há muito tempo.
— Não que eu conheça. Com certeza existe a regra de tirar a roupa quando
eu mandar.
Ela estava linda com as longas pernas torneadas dentro de uma calça justa e
um suéter azul agarrado nos seios firmes. O cabelo louro claro, preso em
uma longa trança, o fez lembrar de quando a conheceu jovem, e do motivo de
sua separação.
A forma rude como ele a rejeitou ensinou-lhe uma lição valiosa. Sophie
respirou fundo, forçando-se a levantar a cabeça e manter o rosto
inexpressivo. Devia agir o mais insensível e friamente possível para
conseguir suportar as próximas semanas ou meses.
Max ouviu uma risada ao chegar na sala após alguns minutos. Ficou
observando-a, parado à porta.
— Olhe, não posso falar agora, mas vou me esforçar para voltar no dia
combinado, ok? — Desligou o telefone e levantou.
— Presumo que tenha ligado para um de seus amigos. Sam, não é? — inquiriu.
Sentou no sofá e sentiu o gosto amargo em sua boca. Quantos homens já
provaram os deliciosos encantos de Sophie?, perguntava-se. Nunca se
preocupou com isso quando esteve com outras mulheres. Suspeitava que a
raiva que sentia vinha do ciúme.
— Que agradável.
— Sim, foi ótimo. Agora, se estiver pronto, podemos desfrutar dessa noite
adorável caminhando na praia. Vamos ao meu restaurante italiano favorito. E
um lugar familiar. Talvez não seja requintado para você, mas a comida é
ótima.
Sophie pensou em responder que era apenas dele que não gostava, mas sua
presença grande e ameaçadora a fez mudar de idéia. Em vez disso, falou:
— Se não se importa, vou falar com minha vizinha ao sairmos. Quero saber
como está. Não vai demorar.
É claro que ele conseguiu um logo a seguir e provou que ela estava errada.
Sentaram-se no banco traseiro. Max lhe envolveu os ombros.
— Estava certa, a comida é ótima. Nunca fui servido tão rápido e com tanta
eficiência. Mas isso deve ter sido mais por sua causa. Deve ir muito lá,
conhece bem a família.
— Oh, vou sim. Duas ou três vezes na semana, quando estou aqui.
O dono examinou Max como se fosse pai dela. Seus filhos praticamente o
ignoraram, exceto quando o olhavam torto, quando Sophie não reparava.
Eram jovens como ela, e muito mais próximos do que gostaria.
Dio! Tinha uma trilha de homens que a desejavam, e já deviam ter dormido
com ela.
— Isso não me surpreende — resmungou. Apertou seu ombro com mais força
ao ter um pensamento tão detestável. Ele viu sua reação de surpresa, e
esforçou-se ao máximo para dominar a raiva. Mas não resistia à tentação de
tocá-la. Inclinou o queixo e envolveu sua nuca.
Era uma jovem bonita e cheia de vida. E ele fora o responsável por lhe
apresentar as delícias do sexo. Libertou a intensa paixão de Sophie, no que
admitiu ter sido a experiência mais excitante e sensual de sua vida. Era
natural que tivesse arrumado outros amantes, depois da separação. Não
tinha talento para ser celibatária.
Max podia suportar vê-la ao lado de homens como Abe Asamov. Mas era
forçado a admitir ser muito mais velho ao observá-la se entrosar,
descontraída, com dois rapazes de sua idade. Percebeu que deveria
agradecer aos céus por tê-la. Seu valor era incalculável.
Tocou os lábios nos dela. Explorou sua boca em um beijo demorado e calmo,
cheio de paixão, até percorrer-lhe o pescoço.
Segurou-a contra seu corpo grande e tenso. Sophie percebeu ser inevitável
o que viria a seguir, assim como a noite precede o dia. Cada célula de seu
corpo implorava pelo que ele oferecia. Porque deveria resistir?
E, livre de seu abraço, pegou sua mão. Levou-o até a porta no fim do
corredor e a abriu.
Max soltou uma risada alta ao se deparar com o quarto, decorado de forma
bem feminina. Um carpete claro de cor marfim cobria o piso. Junto à
parede, viu a cama de quatro colunas coberta por uma cortina de musselina
branca. A penteadeira e o armário antigo eram pintados da mesma cor, com
delicados desenhos de rosas. Mas o que atraiu sua atenção foi a fileira de
bonecas, vestidas com todos os tipos de roupinhas, perto da janela. E, no
chão, avistou uma casinha no estilo georgiano.
Desceu uma das mãos para abrir-lhe a camisa. Lamuriou-se quando ele lhe
afastou a boca. Ainda de olhos fechados, com o corpo trêmulo de desejo,
sentiu quando Max a levantou e a pousou sobre a colcha branca com
babados. E com uma destreza digna de sua experiência, tirou-lhe a roupa,
Quantas vezes se deitara naquela cama e sonhara com Max nu? Quantas
fantasias eróticas tivera que a deixaram insone e frustrada, onde ele
aparecia e declarava seu amor eterno enquanto ela o enlouquecia de desejo?
Ele soltou uma risada grave e sexy, que reverberou em todas as suas
terminações nervosas. Reclinou-se sobre ela e envolveu seu pescoço. Olhou
fundo em seus olhos.
Acariciou seu seio, sua barriga até chegar ao meio das pernas. Olhou-a
fixamente enquanto entreabria suas dobras macias e a afagava uma vez, e
mais outra. E ela estremeceu e gemeu de frustração quando o sentiu parar.
Então Max deitou-se a seu lado, e baixou a cabeça para beijá-la. Colheu o
gemido em sua boca. Suas línguas se acariciaram, em uma dança maliciosa de
desejo.
— Por favor, Max, por favor. — Seu corpo inteiro tremia de desejo.
Ao ouvir seu clamor, ele gemeu com rouquidão e levantou a cabeça. Viu seus
olhos esverdeados cheios de paixão. Estava tão molhada e tão pronta.
Ergueu-lhe o quadril. E com os músculos tensos e a respiração ofegante, a
penetrou. Sentiu-a apertada e quente, e se moveu com toda destreza e
autocontrole. Golpeava leve às vezes, para então dar estocadas cada vez
mais intensas e profundas. Queria prolongar esse momento. Queria apagar
todos os amantes de sua memória.
Sophie nunca experimentara um prazer tão torturante. Ele a lançava em uma
onda cada vez maior de volúpia lancinante.
De repente, sentiu que devia ser apenas uma simples atração entre os dois.
Claro que foi ótimo... Max era um perito em sexo, então devia ter... muita
prática. E ela era uma dentre várias das conquistas dele. Fechou os pulsos,
para evitar que seu lado fraco o procurasse novamente.
O movimento do colchão indicou que ele se levantara da cama, mas não olhou.
Não podia, não queria notar a mágoa em seu olhar. Ouviu a porta abrir e se
cobriu com as cobertas. Estremeceu de nojo ao perceber que ele a
transformara em uma escrava de sua sexualidade, nada mais...
— Sophie — Max disse seu nome com gentileza. Ela se virou e arregalou os
olhos surpresa. Nu, em pé ao lado da cama, ele segurava duas taças de vinho
em uma mão e a garrafa de vinho pela metade na outra.
Sophie bocejou e abriu os olhos. Piscou com a luz do sol na janela, e piscou
mais uma vez quando ele se pôs diante do sol.
— Não tinha outro lugar para ir. — Deu um beijo rápido em seus lábios
macios entreabertos. — Mas, infelizmente, preciso ir agora. — E tocou-lhe o
seio.
— Eu sei — disse.
— Não temos muito tempo. Meu piloto tem que decolar em oitenta minutos.
Venha, o carro chegará a qualquer momento.
Vinte minutos depois, ela já havia tomado banho. Vestiu uma saia xadrez
vermelha e preta e um suéter preto. Entraram na limusine.
Ao entrarem no jatinho, Sophie ainda tentava entender esse novo Max mais
descontraído. Uma aeromoça serviu-lhes o café da manhã.
CAPÍTULO NOVE
— Precisa conhecer a propriedade. Diego vai levar suas malas para o quarto.
Eu lhe mostrarei os outros cômodos.
Sophie subiu para seu quarto. E encontrou a jovem Tessa arrumando suas
roupas.
— Não, por favor, deixe-me desarrumar as malas — disse, sorrindo. Pelo que
viu, não havia muito para fazer pela casa, além de esperar as ordens de seu
amo.
— Esqueci de lhe dar isso — disse, parado ao lado dela. Largou algo em cima
da mesa. — Conforme nosso trato, abri uma conta em um banco italiano para
você. Esse é seu cartão de crédito. Vamos sair depois do almoço. E por mais
que me agrade, não quero vê-la usando essa saia em público.
O que ele queria que usasse? Um saco de batata? Por muitos anos, foi dona
de si e cuidou de sua vida. Não era seu estilo seguir ordens de um arrogante
como ele. Era independente demais para viver como uma amante. Mas
precisava para ajudar seu pai.
Necessitava de uma estratégia para conseguir viver com Max, sem que a
deixasse emocionalmente arrasada ao se separarem. Ele tinha razão quando
dizia que se davam muito bem na cama. Até demais, e seria fácil se viciar
nele. Devia evitar a todo o custo que isso acontecesse.
Uma hora depois, desceu para a sala de jantar. Usava uma jaqueta, com
apenas um sutiã por baixo. E uma saia justa que terminava pouco acima dos
joelhos.
Duas mechas do cabelo estavam presas atrás da cabeça com uma presilha, e
o resto caía pelas costas. Usava mais maquiagem que de costume e calçava
um salto alto de sete centímetros.
— Sim, claro. — Irritava-se com sua arrogância de achar que faria o que
mandasse. Chegou a pensar em dizer não, mas decidiu participar do jogo.
Max não disse que uma amante sempre diz sim? Um sorriso despontou-lhe
nos lábios. Isso podia ser divertido.
Max estava intrigado. Sophie trocou de roupa, como sugeriu, mas não para
melhor. Embora as pernas estivessem cobertas, podia ver pelo decote que
não usava nada embaixo da jaqueta. Havia soltado o lindo cabelo, sorria e
falava com educação. Concordava com tudo o que dizia. Porque então sentia
haver algo errado?
— Aonde vamos hoje à tarde?
Max queria levá-la direto para a cama. Porém, dominou seus impulsos.
Enfurecia-se por não saber exatamente o motivo da sua mudança de atitude.
— Sim, claro. — Sophie mordeu o lábio. Falava com ela como se fosse uma
interesseira. Dirigiu-se para a porta, antes que perdesse o controle e lhe
desse um tapa no rosto. Mas não podia fazer nada, já que era mesmo o que
achava dela...
Percebeu a intenção nos olhos castanhos. O calor do braço dele contra sua
pele fez sua temperatura subir, assim como sua raiva.
Meia hora depois, quando entraram na joalheria, foi mais difícil. O vendedor
lhes apresentou uma incrível coleção de colares, brincos e pulseiras de
diamantes.
— Você escolhe. Afinal, é você quem está pagando. Tem que gostar mais que
eu.
Foi então que Max percebeu como ela havia concordado com tudo o que
falara. Por que era tão irritante, apesar de ser a fantasia de qualquer
homem?
Comprou o conjunto que lhe agradou. Puxou-a pelo braço e saíram da loja.
Notou a culpa nos olhos dela. Sabia que seu plano havia sido descoberto. Era
uma criatura muito teimosa, mas linda. Sorrindo, disse:
— Sim — disse. Aliviada com a reação brincalhona, sentiu sua língua entre os
lábios semicerrados. Envolveu-lhe o pescoço. E foi assim que Gina os viu ao
chegar.
— Até médicos tiram folga. Mas estou surpresa por ainda estar aqui.
Embora veja o motivo — disse de forma irônica, apontando para Sophie.
Já era ruim ser surpreendida beijando em plena luz do dia, mas por Gina era
certamente embaraçoso, Sophie queria que a terra se abrisse sob seus pés
e a engolisse. Logo sua ex-amante, ou talvez não chegasse a ser ex. Viu a
pequena mulher morena e sua companhia, um pouco mais velha. Max fez as
apresentações, cordialmente:
Não sabia por que diabos dissera isso. Não se importaria se nunca mais visse
os dois.
— Eu duvido.
Uma hora depois, saíam da cafeteria. Sophie já não estava tão certa quanto
ao relacionamento de Max e Gina. Repassou o encontro em sua cabeça
enquanto voltavam para casa. Para sua surpresa, a conversa foi
descontraída. Era evidente que eram próximos e se sentiam confortáveis
entre si. Mas não sabia se era algo sexual. No entanto, sentiu certa tensão
enquanto se divertiam. Não do tipo que sempre sentiu na presença de Max.
Devia ser outra coisa, mas não sabia o que era.
— Se você diz.
— Não para os dois — respondeu rápido. Baixou os cílios para esconder sua
reação.
— Parece cansada. Descanse antes do jantar.
— Sei de que tipo de descanso está falando — disse ela com uma pontada de
sarcasmo. Afastou-lhe a mão e subiu a escada.
Sophie mal podia encará-lo pela manhã. Na noite anterior, ele aproximou-se
de sua cama e a obrigou a usar os diamantes enquanto faziam amor. Ou
melhor, quando faziam sexo. Nunca se sentiu tão humilhada na vida.
Seis semanas depois, uma Sophie muito diferente olhou para o mesmo
espelho do quarto de vestir. Colocava um brinco de diamantes para
comparecerem a um jantar beneficente. Max havia voltado há cerca de uma
hora. Passara uma semana inteira no Equador. Estavam atrasados porque
demoraram no banho que tomaram juntos...
Para sua surpresa, isso funcionava. Eles se davam muito bem, como Max
dizia. E ele sempre a excitava com seu erotismo. Conhecedor de cada nuance
de suas reações, a fazia implorar por alívio e a levava à beira do êxtase.
Algumas vezes gozavam juntos, em outras ele a sucedia. De qualquer jeito,
terminavam ofegantes, exaustos... E calados. Sophie não se atrevia a abrir a
boca. Achava que Max só a procurava para conseguir o que queria, então não
tinha por que falar. Geralmente, ele ficava até amanhecer e faziam amor
mais uma vez. E sentiu algumas vezes, enquanto estava presa em seu abraço,
que era muito mais do que apenas atração sexual.
Com o passar das semanas, Sophie desenvolveu sua rotina própria para
tornar a vida suportável. Passava muito tempo na cozinha, a parte da casa
que mais gostava. Gostava de Maria, Tessa e de seus três filhos. E adorava
lecionar inglês para os mais novos, embora os adultos também aprendessem
muito com suas aulas.
Mas, na manhã seguinte, sentiu-se assim quando Max foi para o escritório.
Saiu do banho. Ao procurar a escova de dente no armário do banheiro,
encontrou um perfume e vários cosméticos femininos. Também um frasco de
remédio sob prescrição, com o nome de Gina no rótulo e um prendedor de
cabelos preto. Como ela tinha cabelos curtos, sabia que não lhe pertencia.
Sabia ser a única mulher que Max trouxera para o palazzo, conforme Maria
lhe contara. Para uma mulher conservadora e romântica como ela, significava
que se casariam. Mas Sophie não quis desiludi-la. Havia aceitado dividir a
cama com ele. Sendo honesta consigo mesma, admitiu que não conseguia
resistir aos seus encantos. No entanto, não podia aceitar que dormisse com
outras em Roma.
Não era à toa que a cidade era considerada a mais romântica do mundo. E
seria muito melhor se pudesse passear pelas vielas estreitas, pizzarias e
cafés com alguém que amasse. Alguém como Max...
Admitia sentir sua falta quando ele viajava. Tornava-se cada vez mais difícil
se convencer de que o odiava e que apenas se sentia atraída sexualmente.
Não conseguia tirá-lo da cabeça. Como agora, pensou franzindo a testa.
E estendeu o braço.
— Que tal ficarmos aqui e esquecermos da festa? Fiquei muito tempo fora e
ainda não me cansei de você.
— Talvez. Mas está louco se pensa que me arrumei toda só para você tirar
minha roupa.
— Sou louco é por você — disse com um sorriso irônico que a atordoou. Foi
uma pequena indicação de que Max gostava dela. Uma pitada de esperança
em seu coração. Envolveu sua cintura e acrescentou: — Mas eu prometi ir a
esse jantar, então só a deixarei nua quando voltarmos. Se bem que podemos
namorar um pouco na lancha. O que acha? — perguntou, com um arquear
safado de sobrancelhas.
Sophie assentiu com a cabeça. Riu ao pensar que falava como um pirata
fanfarrão. Em momentos como esse, não podia evitar acreditar que eram um
casal feliz normal.
— Max, caro. — Agarrou-se em seu braço e ficou na ponta dos pés para lhe
dar um beijo na boca. Ainda colada nele, voltou-se para Sophie. — Estou
surpresa de ver você por aqui. Não imaginei que gostasse disso. Mas
precisamos de toda a ajuda possível. Max, não o vejo há semanas. Estou
feliz que tenha vindo.
Gina deixou bem claro que estava mesmo interessada nele, e que apenas
tolerava a presença dela ao seu lado. Sua recém-descoberta de que o amava
a tornou sensível demais e despertou uma onda dolorosa de ciúmes. Desde
quando o beijo nos lábios passou a ser cumprimento normal em público?
E então o desejo para torná-la sua amante fez sentido. E o sangue gelou em
suas veias, percebeu em que situação se envolvera. Max era um homem
muito ativo sexualmente, o que ela sabia muito bem. Uma mulher nunca lhe
seria suficiente. Na adolescência, tinha se tornado sua noiva, porque podia
estar grávida. E então Gina seria sua amante. Agora a situação se invertia.
— Tem razão, não gosto muito disso. — E Sophie não se referia ao jantar, e
sim ao relacionamento entre os dois. — Na verdade, se pudesse eu iria
embora agora.
Não via motivo para continuar fingindo. Uma relação a três nunca lhe fora
nem lhe seria aceitável. E tentou soltar sua mão.
Max apertou o maxilar forte, com raiva. Deliciava-se tanto com seu corpo,
que quase se esquecera do motivo pelo qual ela o largara. Justificou sua
atitude se convencendo de que era jovem, e que ficou amedrontada ao
pensar em se amarrar a alguém doente. Agora confirmava o quanto não se
preocupava com nada além das próprias vontades. Como podia desejar uma
mulher tão cruel, que aceitou com prazer ser amante de Abe Asamov, e de
sabe quantos mais?
Encarou com seriedade seu rosto lindo e inexpressivo, e seu olhar frio.
Enfatizou, com indiferença:
— Tenho certeza de que será um sucesso. Não ligue para Sophie, não quis
ofender. Quis, coral
Sophie sentou na cadeira que ele puxou, feliz por se livrar de seu abraço
dominador. Mas só resolveu ficar em homenagem à memória de sua mãe.
Estava enojada e fervendo de raiva. Mais uma vez ele mudava do amante
provocador para voltar a ser o porco autoritário e insensível. Notou o tom
de ameaça em suas palavras, e a clara demonstração de lealdade a Gina. E a
última gota de esperança de que havia mais do que sexo entre eles evaporou.
Já o tinha esquecido uma vez, e poderia fazê-lo de novo. Mas a dor em seu
peito não passava, por mais que a ignorasse.
Ficou com a cabeça abaixada durante todo o jantar, para evitar olhá-lo.
— Por que não fazer um leilão de beijos da Sophie? — E ao ouvir seu nome,
ergueu a cabeça. Um homem sentado à sua frente, que notou antes ter
olhado para seu decote, sugeriu em voz alta: — Os pacientes também
poderiam concorrer. Se eu estivesse muito doente, o beijo de uma mulher
linda me deixaria melhor. — Todos riram e olharam para ela.
Sophie evitou seu toque, e seu olhar. Pegou a taça de bebida e a sorveu.
Queria ir para longe daquele lugar.
Sophie ficou emocionada e grata por suas palavras. Virou de costas para
Max, com os olhos úmidos, para conversar com o atento senhor. Tentou
sorrir e disse:
— Muito obrigada. Mas esse é um assunto difícil para mim. Minha mãe teve
câncer de mama quando eu tinha onze anos. Cuidei dela por dois anos, até
que faleceu.
Max olhou para ele. E encarou Sophie sério. A miserável teve a ousadia de
ignorá-lo. E cativou o prof. Manta bem na sua frente. O velho parecia um
bobo, como se tivesse descoberto a cura do câncer. Como diabos ela fez
isso?
— Fique à vontade. — Não podia fazer nada com Gina agarrada em seu braço
de novo. E desde quando Gina passou a ser tão falastrona?, pensou.
Observou furioso Sophie e o professor na pista de dança.
— Sim, estou bem. Não costumo ser tão emotiva. Mas o comentário de que
não gosto de doentes atingiu meu ponto fraco. E não achei engraçado. Sabe,
o aniversário da morte da minha mãe foi há três dias. — Exatamente quando
descobriu que amava quem não merecia seu afeto.
— Você é uma pequena amável e emotiva. E não tem que se envergonhar por
isso — tranqüilizou-a, de forma gentil.
Sophie sorriu.
— Talvez não, mas é muito feminina. Algo que minha experiência diz que
pode se perder em algumas médicas, com o passar dos anos.
— Feminina eu sou. — Riu. Apreciava o homem distinto cada vez mais, apesar
de ser um pouco machista.
Max não podia acreditar no que viu. Ela pegara um cartão do velho bode. E
quando se aproximaram da mesa, não agüentou mais. Levantou e olhou severo
para o risonho professor. Segurou firme Sophie pela cintura.
Seu tom de voz era delicado, mas podia-se detectar sua raiva.
—Talvez não. Mas eu sei que você não é nenhuma dama também. — Sorriu
com crueldade. — Está disponível para quem der o lance mais alto, que agora
sou eu. Então me dê o cartão dele, não é para você.
Ele mal conseguia conter a raiva, o que por segundos a fez pensar se sentia
ciúmes. Não... Para isso ele precisaria gostar dela, mas estava preocupado
apenas em compensar o que gastou. Como acabara de deixar claro.
Ele zombou:
— Um emprego? Sabemos qual. Detesto dizer, cara, mas por mais distinto
que seja, não pode pagar seu preço.
Que diabos! Por que se dar ao trabalhar de explicar? Não mudaria o que
Max sentia por ela. Considerava-a uma mulher vivida, cheia de amantes. E
isso graças a Abe. E constatou que não se importava mais em lhe contar
nada, após o que vira naquela noite.
A noite estava horrível, com a neblina densa e uma chuva fina. Felizmente a
lancha já os esperava. Ela embarcou, livrando-se do seu braço dominador.
Foi até a cabine pequena e se sentou.
Ouviu Max falar com Diego no convés. Esperava que ele ficasse por lá.
Apoiou a cabeça e fechou os olhos. Podia sentir uma pontada de dor de
cabeça, o que não a surpreendia. Nem conseguia acreditar que, algumas
horas antes, saíra sorrindo de casa. Confiante de que conseguiria lidar com
seu relacionamento. Iludia-se de que se entrosavam bem, e que ele
começava realmente a gostar dela. E, então, a noite se tornara um completo
desastre. Serviu para obrigá-la a encarar a realidade que não queria, nem
podia aceitar. E percebeu que corria sério risco de viver num mundo de
ilusão. Bom, não mais...
Vendo-a tremer, sua fúria diminuiu ao notar como corou e ficou séria. Foi
então que se deu conta dos diversos comentários anteriores que fizera
sobre Gina. Só se encontraram algumas vezes. Não fazia sentido. Bebeu o
resto do uísque e pousou o copo na mesa. Deu alguns passos para trás.
Sophie ficou pálida. Bom, pensou Max, furioso, pois ao menos esclareceria
tudo de uma vez por todas.
Seu comentário hipócrita sobre o medo de lidar com doentes a deixou lívida
de ódio. Ele é quem era o falso. O rancor brotava de seus olhos.
— Oh, por favor. Acha que sou idiota? Você e sua amada meia-irmã Gina
estão juntos há anos, e todos sabem. Minha nossa, ela se lançou nos seus
braços hoje. Beijaram-se como velhos amantes. Foi nojento.
— Ah, não, você não vai... — Ela começou a se debater, tentando fugir. Max
cravou os dedos em sua carne macia, e ela ordenou com violência: — Pare!
Está me machucando!
Max percebeu como Sophie estava resoluta e convicta do que dizia. Ficou
atônito.
Ela admirou seu rosto adorável e a forma como sua trança se elevou sobre o
seio ao inspirar fundo. Perguntava-se como uma jovem tão linda podia
conceber idéias tão perversas. Deviam ser ciúmes. E isso não lhe parecia
ruim, apenas exagerado.
— Se está enciumada...
— Eu? Não se gabe. E nem precisa mentir. Eu estava lá, lembra? Sete anos
atrás. A adolescente boba e apaixonada. Marnie me avisou que você tinha
várias mulheres, e não a ouvi. Chegou a me mostrar um artigo de revista
sobre você, com fotos de algumas delas. E me contou também sobre seu
romance com Gina, e que seu pai não aprovava seu relacionamento. Mas me
recusei a acreditar que era esse tipo de homem. Fui a garota tonta que
seduziu. E só me pediu em casamento porque pensava que eu podia estar
grávida.
— A idiota que acreditou em você, até ouvir sua conversa com Gina. Pelo
menos ela lhe disse para me contar a verdade... sobre seu caso amoroso, se
quisesse casar comigo. Escutei vocês discutindo que eu não era avançada
para aceitar isso. E você me chama de nojenta? Só pode ser brincadeira!
Estava tão desnorteada com as lembranças que tentou apagar, que não o viu
empalidecer.
— E quando Gina lhe perguntou por que se casaria comigo, você respondeu
que tinha sido descuidado e poderia ter me engravidado. Foi então que abri
os olhos. Aí começaram a descrever como seria minha vida. A noivinha
grávida ficaria em casa, com o marido fora toda noite com a amante.
Voltaria cansado demais para fazer amor com a esposa boba. Meu Deus,
aquilo foi uma revelação. Nunca me esqueço de você analisar que só fazia
alguns dias. E se tivesse sorte, não precisaria me contar nada. Bom, deu
sorte. Não engravidei. Eu não tinha a menor vontade de entrar numa relação
a três. Assim como não quero agora. Então, não tente me iludir com a
desculpa de que faz parte da cultura italiana ou outra coisa. Eu vi vocês se
abraçando e dizendo que se amavam. Achei o remédio dela em Roma no
gabinete do seu banheiro mês passado, além de outros pertences femininos.
— Só me surpreende como Gina pode tolerar isso. Eu não tenho opção, como
sempre me lembra. Você é desprezível. — Por um instante, pensou que ele
lhe daria um soco. Estremeceu ao ver seu rosto contorcido pela raiva e o
olhar furioso.
Max ouviu tudo com horror, que logo se transformou em uma raiva
indomável. Queria agarrá-la com força e sacudi-la. Não podia acreditar que
a mulher com quem fizera amor nas últimas semanas estivesse todo o tempo
pensando coisas tão horríveis a seu respeito.
Repassou tudo o que acabara de ouvir. Relembrou da conversa com Gina, das
circunstâncias do momento. E podia ver por que ela considerou as fofocas e
entendeu tudo errado.
— Dio mio! — Max envolveu sua nuca. Sentia sua pulsação rápida na ponta
dos dedos. Passou o braço por sua cintura e a puxou contra si.
— Eu tinha menos de trinta anos. Claro que dormi com algumas mulheres. —
Sua mão apertou o pescoço dela. — Mas sua cabeçinha juvenil e tola
entendeu tudo errado.
— Eu...
— Ela a trata com certa prudência porque entendeu você dizer, naquele dia,
que não queria viver com um doente. Ou, em suas palavras, seguir a vida que
eu lhe traçara. E uma mulher séria. Considera-a bonita, mas superficial. Não
pode culpá-la. Sua piada foi meio estúpida, mas válida se considerar sua
experiência passada.
Mas ainda custava a acreditar, ao considerar que fez amor com ela sem
problemas anos antes. E sua destreza sexual com certeza não diminuíra com
o tempo, muito pelo contrário.
— Sim, fiquei doente. Não se preocupe, superei tudo e agora estou bem.
— Claro. Foi sua mente tola que pensou ser outra coisa.
Sophie empalideceu.
— Oh, meu Deus! Desculpe, lamento muito. O que vocês devem ter pensado
de mim?
Por isso Gina a tratava de forma tão indelicada. E agora entendeu por que
Max sentia tanta raiva dela. Queria seu corpo, mas a considerava insensível.
— Ficou irritada, de repente. Mas também excitada ao sentir sua mão por
debaixo do roupão.
Max ironizou:
Ela murmurou:
Empurrou seu peito com força e se virou. Mas ele a deteve, ao capturar suas
mãos e envolvê-la nos braços.
— Sim.
Balançou a cabeça de um lado para outro, mas Max a fez recuar até cair em
cima da cama.
Seu corpo esplêndido ficou por cima dele, e Max lhe beijou a boca. Ela
tentou manter os lábios fechados, mas ele os contornou com a língua e
mordiscou de leve. Com um suspiro indefeso, Sophie os abriu. Ele segurou
sua cabeça entre as mãos e lhe deu um beijo tão intenso e possessivo que
lhe tirou o fôlego.
— Mas... — Seus lábios a calaram uma, e mais outra vez até fazê-la gemer
de prazer. Ao parar, para se despir, ela o admirava, ávida. Max voltou-se
para ela, e retirou seu corpete para cobri-la com seu corpo.
Mais tarde, deitada em seus braços após o auge da paixão, Sophie o abraçou
forte e acariciou seu peito. A rebeldia anterior desaparecera ao pensar em
tudo o que ele passara.
CAPÍTULO ONZE
Não queria sua preocupação ou piedade. Então não podia fazer nada além de
continuar com a farsa de ser sua amante, até que se cansasse do sexo. E,
examinando seu passado, isso iria demorar.
Mas estava cansada de seguir suas ordens. Ligou, então, para o professor.
Combinou de encontrá-lo do lado de fora do colégio.
Disse a Diego que não iria de lancha. Preferia ir sozinha de vaporetto, como
todos os moradores locais. E saiu antes que ele a conseguisse deter. A
sensação de liberdade era arrebatadora. Encontrou-se com o professor.
Após uma entrevista rápida com o diretor do colégio, aceitou trabalhar duas
manhãs da semana seguinte até o Natal. O prof. Manta insistiu em levá-la ao
Café Florian, antes de ir para seu consultório. E foi lá que Max a encontrou...
Mesmo nos tempos mais loucos da sua vida, nunca ficara com duas mulheres
ao mesmo tempo. Exigia fidelidade em todos seus relacionamentos.
Aprendeu isso após seu romance com Berenice, na universidade, quando
descobrira que ela dormira com metade de seus amigos enquanto
namoravam.
Não estava orgulhoso pela forma como a tratara nas últimas semanas. Tinha
seus motivos, pois achava que o abandonara por ser insensível.
Mas foi ele quem ficou surpreso. Ficou observando por um tempo, sob a
sombra dos edifícios. Sophie estava sentada na cafeteria, sorrindo para o
prof. Manta. Usava um elegante conjunto vermelho, e seu cabelo estava
preso por uma faixa de veludo. O rosto tinha pouca maquiagem. Parecia
relaxada e feliz.
— Sophie, não esperava vê-la aqui. — Viu-a levantar a cabeça e olhá-lo com
cautela.
— Max, que surpresa. Pensei que estava em Roma. Vai para lá toda sexta-
feira.
— Claro que não. Almoçarei com meu advogado. — Voltou-se para o prof.
Manta — Buongiorno, professore. Permesso! — perguntou ao apontar para a
cadeira.
— Sim.
— Explique-se.
Ele ficou surpreso com sua veemência, mas não podia culpá-la depois do que
sugerira sobre o professor na noite anterior. Quando, na verdade, ele lhe
oferecera um emprego.
Perguntou-se no que mais estava errado a respeito dela. Mas não permitiria
que o desafiasse depois de tê-lo desobedecido.
— Diego não a acompanhou? Disse para não sair sem ele. Desobedeceu as
minhas ordens.
— Não o deixei me ver sair. E eu... me esqueci das suas ordens. Agora, me
permite pegar o vaporetto e voltar para casa?
— Chame como quiser, mas gaste o maldito dinheiro. Faça compras, qualquer
coisa que mulheres fazem. Não precisa lecionar para crianças.
— Mas eu amo crianças e odeio fazer compras. Max apertou seu braço com
mais força.
— Pode ser o seu tipo de mulher, mas não sou assim. Não me conhece
mesmo, Max — disse ela, com um tom calmo ao encará-lo.
Sentiu-o largar seu braço e o viu contrair o maxilar. Podia não gostar, mas
estava farta de fazer suas vontades.
— Depois de ontem à noite, sei o que pensa de mim. Acha que sou
experiente, interesseira e que não me importo com ninguém. E sabe o que
me dá nojo? Mesmo assim, não teve escrúpulos para se aproveitar do meu
corpo. Que tipo de homem isso o torna?
— Se acha que não vou para o San Bartolomeo, esqueça. A única coisa que
me deixa sã é pensar em trabalhar. Eu aceitaria qualquer trocado para
mandar você e meu pai para o inferno, e voltar para minha vida. Então, não
insista.
— Não me importo que trabalhe — disse Max. Pensar que ela poderia deixá-
lo era insuportável.
— É aqui que descemos. — Pegou seu braço e a levou para fora do barco.
— Esse é mais rápido. — E, segurando seu braço, andou a passos largos. Ela
tropeçava, na tentativa de acompanhá-lo. Sem diminuir o passo, quase a
arrastou pela escada da entrada do palazzo.
Ela não fazia idéia do motivo de tanta pressa. Tentou livrar sua mão ao
entrarem na casa.
Sophie aproveitou que Max estava distraído e subiu para seu quarto. Tirou
os sapatos com um chute, como sempre. Depois tirou a saia e vestiu a roupa
velha que usava para fazer ginástica e andar pela casa quando Max não
estava.
— Sophie!
— Você deve ter quebrado meu nariz, seu grande imbecil. Meus dedos vão
ficar roxos por semanas. Não sabe bater na porta? Está maluco? — gritou,
ao se endireitar. Esfregava a mão dolorida.
Não percebeu a tensão violenta em Max. Suas costas estavam doendo depois
de bater contra a parede.
— Sim, maluco por você — disse impetuoso, parado à sua frente. Ele passou
as mãos sobre o rosto, ombros e braços dela. — Dio! Nunca vou me perdoar
se a machuquei.
— Vou chamar um médico. Meu amor, não suportaria viver sem você.
— Não, depois disso. Diga outra vez. — Precisava ouvi-lo dizer meu amor
para acreditar que era possível.
Ele segurou-a pela cintura. Olhou fundo em seus olhos, e, com uma voz
rouca, cheia de ternura, afirmou:
Ela notou como Max estava vulnerável e se surpreendeu ao ver seu lindo e
arrogante amante tão inseguro.
Max ficou tenso, segurou sua cintura com força, e um rubor ardente corou
sua pele ao encará-la.
Ele disse meu amor mais uma vez. Nunca podia imaginar que aconteceria.
Sophie sentiu seu coração palpitar. Precisou de toda a coragem para
perguntar:
— Sim. Eu a amo, Sophie. Sei que não acredita depois de como a tratei, mas
é verdade.
Ela esperou ansiosa para ouvir essa resposta. Respirou fundo e só então o
tocou. Passou os dedos pelos cabelos dele e embalou sua cabeça entre as
mãos.
— Você me ama? — Sophie esperou. E viu a resposta, que ele já não tentava
esconder, em seu olhar reluzente.
— Amei você desde que nos conhecemos. Ainda o amo e sempre amarei.
Max a amava, e Sophie gemeu o nome dele ao sentir os lábios em seus seios.
As mãos a acariciavam, até ela estremecer de desejo torturante em cada
nervo de seu corpo. O amor libertou seus mais profundos e ávidos anseios.
Ela percorreu o corpo musculoso dele, dos ombros largos até o quadril.
— Sophie, meu amor. — Deu-lhe um beijo tão carinhoso que a fez lacrimejar
de felicidade.
— Acho que a experiência sexual mais intensa que já tive foi quando fizemos
amor pela primeira vez. Mas agora... — Estava sem palavras. — Dio, como a
amo.
— Sei que tratei você de forma abominável e sei que minhas desculpas nunca
serão o bastante.
— Shh... Não tem mais problema — murmurou, levando um dedo aos lábios
dele. — Não me importo, só preciso saber que me ama.
— Tem certeza?
— Isso não soa muito bem. — Sophie se debruçou no cotovelo para olhá-lo.
Pousou o outro braço sobre seu tórax largo, acariciando os pêlos
encaracolados com os dedos. — Tem certeza de que não prefere fazer
outra coisa?
— Que pena!
— Eu a quis desde o minuto em que vi você na Sicília. Mas Alex, que era
responsável por você, me pediu para não tentar nada por ser muito nova. Eu
concordei. Até porque eu gostava de mulheres maduras, experientes, e não
de adolescentes românticas. Por favor, não se ofenda, estou tentando dizer
o que achava ser verdade.
O fato de Alex ter pedido para Max não se aproximar explicava por que ele
não a tocou da primeira vez, e ela admirou seu comedimento.
— Logo percebi que não conseguia ficar longe de você. Convenci-me de que
um flerte com uma garota bonita não faria mal nenhum. E não pensava em
nada mais. Gostava de ser um homem livre. Mas na noite em que a levei para
jantar, eu quase... Quando estávamos no carro. Bom, não preciso dizer que
precisei de toda a minha força de vontade para não entrar em seu chalé e
fazer amor com você. Fui embora no dia seguinte, determinado a não vê-la
novamente. Achava que havia mil garotas interessadas, e não devia me
envolver com uma adolescente. Cheguei a me convencer de que não era o
momento certo. Pensei em esperar para encontrá-la alguns anos depois. Mas
após alguns dias, eu já estava mudando de idéia. Viajei para a Rússia.
Planejava aliviar minha frustração sexual com uma mulher que conhecia lá.
Mas não consegui. Voltei para Roma e marquei um encontro com uma antiga
namorada naquela noite.
— Oh, Deus! Deve ter sido horrível para você! — disse Sophie, limpando as
lágrimas dos olhos e apertando-lhe a mão. Mas ele afastou a mão dela. E ela
notou, triste, que ele ainda não estava preparado para aceitar sua
compaixão.
— Gostaria de dizer que a amava. Mas devo admitir que minha impulsividade
pode ter sido uma reação inconsciente à idéia de estar com câncer. Talvez
quisesse provar não haver nada de errado comigo. Mas quando adormeceu
em meus braços, pensei que não seria ruim caso tivesse engravidado.
Quando a pedi em casamento, falava sério. É claro que mais tarde, quando
Gina chegou, tudo acabou. E sabemos por quê.
— Não. Eu era mais velho e devia ter explicado. Mas eu a considerei uma
garota desalmada. Queria tirá-la da minha cabeça a todo custo. E me
concentrei em vencer a doença, o que consegui com facilidade. Mas esquecê-
la não foi tão fácil.
— Ainda bem, fico feliz. — Sophie acariciou o ombro dele e esticou a perna
sobre suas coxas.
Ela respondeu subindo em cima dele, apertando os seios contra seu peito.
— Ok, vá em frente.
— Não. Decidi não cometer erros dessa vez. Combinei de almoçar com o
advogado para anular o contrato humilhante que a fiz assinar. Aí saí para lhe
comprar um presente. Quis surpreender você e perguntar se podíamos
começar de novo. Mas foi você quem me surpreendeu. Enlouqueci de ciúmes
ao vê-la com o professor.
— Mas foi pior. Descobri que ele lhe ofereceu um emprego. E, além disso,
me revelou sobre sua mãe, e recusou minha oferta de gastar dinheiro como
todas as mulheres que conheci faziam.
Ela não gostou de ouvir sobre as mulheres, mas ignorou. Agora ele era todo
seu.
Sophie sentou de pernas abertas sobre ele. Inclinou a cabeça para trás, e
falou com um brilho no olhar:
Max nunca ouviu, sentiu ou viu algo tão sedutor em toda sua vida. Seu rosto
lindo ficou corado, o cabelo caía sobre os ombros, cobrindo os seios firmes,
e suas coxas o envolviam.
Parecia uma criança que ganha doces. Beijou e lambeu cada centímetro de
pele, começando pelo tórax para percorrer seu umbigo e ir mais para baixo.
Até descer e ficar ajoelhada entre suas pernas e ver como ele estava
excitado. Deslumbrada, acariciou a parte interna de suas coxas.
— Nunca soube que um homem podia ser tão... belo. Você é perfeito.
— E quem é Sam?
— Sua dama de honra? Sam é uma mulher? Diga para mim, Sophie, quantos
amantes teve?
— Bom... — Fingiu ficar pensativa, ao perceber que Max estava mesmo com
ciúmes, desde quando se reencontraram. Primeiro desconfiou de Abe, agora
de Sam. — Deixe-me ver, tem você...
Puxou-a para lhe dar um beijo feroz e possessivo. Então, agarrou suas coxas
e penetrou na sua suavidade úmida e quente, em um acesso de paixão.
Ela o ouviu perguntar com a voz rouca. Olhou então para ele com um sorriso
lânguido.
Ela engoliu o choro. Ele queria casar com ela, e chegou a comprar a aliança.
— Tem certeza?
Sophie olhou para Max, cheia de amor e alegria. Tocou as pérolas em seu
pescoço, que ele acabara de lhe dar para comemorar o dia de seu casamento.
A comovente cerimônia transcorreu em uma igreja de Veneza. Os amigos e
familiares dela vieram da Inglaterra e compareceram também os conhecidos
e parentes de Max.
Sam e Gina foram as damas de honra, e Timothy foi o pajem. Gina assumiu
publicamente sua preferência sexual ao saber das fofocas e dos problemas
que seu segredo causara. E sua mãe aceitou bem o fato.
— Verdade. Mas se não nos casássemos, Diego e Maria nunca teriam nos
contado.
— Lembra quando Gina insistiu para que congelasse seu sêmen, no caso de
ficar infértil? — Sentiu-o tenso e beijou seu maxilar. — Bom, não será
preciso. Eu estou grávida.
— Bom, um cara uma vez entrou no meu quarto, riu das minhas bonecas, fez
amor comigo é depois saiu. Aí ele voltou com uma garrafa de vinho, e
fizemos amor de novo. — Ela sabia exatamente o momento. Max sorriu ao
lembrar e apertou mais forte sua mão.
— Todas aquelas bonecas que você tinha me fizeram esquecer de usar
proteção. — Puxou-a para si.
— Ah, Sophie, amore mio, você é preciosa. E toda minha, agora e para
sempre. — E começou a mostrar o que queria dizer com sua paixão
entusiasmada.
063 — JÓIA DO DESERTO — SHARON KENDRICK
Três bilionários em breve descobrirão a verdade sobre seus ancestrais
Havia cinco anos desde que Alexa partira, levando consigo um precioso
segredo. Ao descobrir ser filho de um poderoso sheik, Giovanni de
Verrazzano a quis de volta, como esposa, em seu reino. Mas como ele
reagiria ao descobrir que tinha um filho?
Mão perca o segundo volume da trilogia Herdeiros do Deserto.