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Sophie Weston
Sabrina 524
Este livro faz parte de um projeto sem fins lucrativos, de fãs para fãs.
Sua distribuição é livre e sua comercialização estritamente proibida.
Cultura: um bem universal.
Digitalização:
Revisão: Cris Veiga
A paixão nasceu forte, dominando o coração solitário de Cássia.
A alegria de viver a magia de um novo amor.
2
CAPÍTULO I
Dois Loiros
Quando Robert chegou, Cássia ainda não estava pronta, vestia um robe
e tinha os cabelos presos do jeito como saíra do banho. Não havia chegado
tarde em casa, pelo contrário. Deixara o escritório mais cedo do que nos
outros dias. Acontece que quis se enfeitar, fazer-se bonita, e ficou indecisa
para escolher uma roupa que a satisfizesse. Justo ela, que não dava muita
importância para o vestuário, gastar um tempo enorme experimentando
quase todos os vestidos e amontoando-os em cima da cama.
Ouviu o som da campanhia e desceu para abrir a porta, envergonhada
pelo atraso. Os olhos de Robert brilharam ao vê-la.
— Não diga nada, me deixe adivinhar — disse ele. — Descobriu que
não tem o que vestir?
Cássia corou e deu passagem para ele.
— Bem, não sei aonde vamos, ou… ou o que você espera — defendeu-
se ela. Levou-o para a sala de estar, que estava impregnada pelo perfume das
rosas do jardim.
— Por acaso, o que eu espero de você faz alguma diferença? —
perguntou Robert, curioso.
— Claro que sim — respondeu ela.
— Mas quanta formalidade!
— Muito bem, aonde vamos esta noite? — perguntou Cássia, passando
distraidamente a mão pelos cabelos.
— Acredito que você já esteja farta dos restaurantes finos que freqüenta
por causa de seus compromissos de trabalho. Portanto, pensei que preferisse
um local mais… hã… mais tranqüilo.
— Está vendo? Foi ótimo eu não ter me vestido antes de você chegar.
Agora já sei que roupa devo pôr.
Convidou-o a servir-se de um drinque enquanto ia terminar de se
arrumar. Quando se dirigia à escada ele a segurou pelo braço.
— Estou contente por você não ter se vestido ainda — murmurou.
Abraçou-a e passou a acariciá-la por debaixo do robe largo que ela usava.
Cássia não protestou ao sentir as mãos carinhosas em contato com sua
pele macia e fresca. Cheia de desejo, pronunciou o nome dele várias vezes.
Aconchegou-se naqueles braços fortes correspondendo apaixonadamente.
Robert inclinou o rosto e a beijou nos lábios suavemente. Seu coração
batia forte, descompassado.
Prevendo o que podia acontecer, Cássia afastou-se dele.
— Robert, eu não quero… — disse em voz baixa.
— Sei exatamente o que você não quer. Mas não deveria ficar andando
por aí nesses trajes.
Cássia corou. Tentava adivinhar as emoções que o dominavam, mas
Robert mostrava apenas um sorriso indefinido no rosto.
— Sinto muito. Não tive a intenção de provocá-lo.
— Esqueça. Não tem importância — tranqüilizou-a ele com gentileza.
— O que gostaria de beber? — perguntou ela, disfarçando a emoção.
Robert não respondeu de imediato. Enquanto isso, Cássia virou-se para
verificar o que havia no bar. Mesmo de costas sentia o olhar febril que a
observava, era como se o calor que emanava daqueles olhos claros tivesse o
poder de atravessar o tecido do robe e fazer-se sentir sobre a pele.
— Você tem uísque com soda? — pediu ele calmamente. Cássia
preparou-lhe a bebida, esforçando-se para não deixar que suas mãos
tremessem. Serviu-o com um sorriso frio, evitando encará-lo.
— Gelo? — perguntou.
— Eu mesmo pego. Vá terminar de se vestir.
— Muito bem, e o que devo usar?
Robert deu de ombros, mas Cássia notou o brilho de malícia nos olhos
dele.
— Qualquer coisa que costuma usar para jantar em casa.
— Em casa, aqui? Mas não tenho nada preparado.
— Em minha casa — esclareceu ele delicadamente.
— Sua… Oh, mas pensei que você morasse em Londres. Quer dizer,
presumi que… — Robert achou graça.
— Seu problema, Cássia, é que você presume demais as coisas. Sempre
esperei que me perguntasse para onde eu ia depois que a deixava; mas você
nunca fez isso.
— Não queria me intrometer. Afinal de contas era problema seu. Eu
não tinha nada a ver com isso.
— Esse é o ponto — observou ele, levemente irritado. Tomou um gole
de uísque e prosseguiu: — Meus problemas não têm nada a ver com você, e é
assim que quer as coisas, não é?
— É assim que as coisas são realmente — argumentou ela.
— Mas poderia ser diferente — comentou Robert, pondo o copo de lado
e tomando-a pelos ombros. Sacudiu-a suavemente.
— O que é que eu faço com você? — indagou ele, pesaroso, com uma
ponta de mágoa na voz. — Por que se tranca tanto em si mesma? Por que não
vê… Oh, Deus, o que devo fazer?
Robert envolveu-a nos braços. Desta feita, Cássia não estava prevenida
e logo sentiu nos lábios o calor do desejo dele.
Ela foi assaltada por um turbilhão de emoções. Nunca havia sido
beijada daquele modo nem experimentara tanta ansiedade nos lábios de um
homem. Crescia em seu íntimo uma necessidade de responder àquele beijo
com a mesma intensidade e paixão. Era como se o chão houvesse
desaparecido sob seus pés e ela estivesse caindo num abismo. A sensação que
tomava conta dela se tornava cada vez mais profunda e poderosa. Ao mesmo
tempo em que a intimidava, a atraía irresistivelmente.
Robert não mais a segurava; não havia necessidade. Suas mãos a
acariciavam sensualmente nas costas e na nuca, descobrindo e se deliciando
com todas as curvas do corpo feminino. Com delicadeza, foi retirando o robe,
que caiu ao chão sem que ela percebesse como. Ergueu a cabeça para
observá-la.
Ela não tinha muita consciência de que estava nua e linda, com os
cabelos soltos sobre os ombros e a respiração ofegante. Não sabia o que fazer.
Conflitos agitavam-lhe a mente. Reconhecia que estava assustada como uma
garota de escola num momento íntimo de paixão. Tinha, também, consciência
de outra sensação, de uma poderosa necessidade sexual, que nunca percebera
anteriormente. Robert era seu amigo, e ela não podia aprisioná-lo numa
armadilha sensual. John a atormentara inúmeras vezes por sua ineficiência
como amante. Aquele pavor era um fantasma que não a abandonava. E se ela
se entregasse a Robert? Jamais conseguiria satisfazê-lo sexualmente. Não
havia a menor chance de dar certo. Ele a abandonaria, mais cedo ou mais
tarde.
Cássia mostrou no rosto o medo que vivia. Foi então que ele suspirou
profundamente e falou:
— Não tive a intenção de fazer isto. Não é justo. Sinto muito. — Virou-
se de costas e pegou o copo com as mãos trêmulas.
Por incrível que pudesse parecer, Cássia sentiu-se rejeitada. Em silêncio,
apanhou o robe do chão e vestiu-o. Sua confusão era total.
— Vou terminar de me vestir; isto é, se você ainda quiser sair comigo.
— disse, com um fio de voz.
Robert bebeu o uísque sem olhar para ela.
— Sim, vamos sair — respondeu ele.
Ela o deixou esperando na sala e foi para o quarto. Pegou a primeira
roupa que encontrou pela frente. Todo o entusiasmo de horas antes caíra por
terra. Terminando de se vestir, prendeu os cabelos para trás com um lenço de
seda e desceu.
Ao retornar, hesitou um instante antes de entrar na sala. Encontrou-o
sentado próximo à janela, brincando com o gato. Robert olhou para ela e
sorriu.
— Você está muito bonita. Leve também um xale, pois aquela sala
antiga de minha casa costuma ser um pouco fria à noite, mesmo no verão.
Cássia, sentiu-se aliviada por ele ter retomado seu habitual tom
amistoso.
— Por acaso você mora num castelo mal-assombrado? — brincou ela,
sorrindo.
— Bem, eu não diria que é exatamente um castelo mal-assombrado,
mas confesso que é bastante exótico.
Pegaram o automóvel de Robert e saíram por estradas pequenas e
sinuosas através dos campos. Quando finalmente entraram numa alameda de
pedregulhos totalmente escondida por árvores de galhos baixos, Cássia
brincou:
— Você garantiu que o local não era mal-assombrado.
Ele apenas sorriu. Ao deixarem a alameda, Cássia avistou uma
belíssima mansão, como jamais vira outra igual e que sob o luar adquiria uma
aparência majestosa. Chegou a suspirar fundo diante de tão linda visão.
— Pensei que casas como esta só existissem nas páginas de romances —
comentou.
— Ela é mesmo bonita, não é? — retrucou Robert.
— Bonita? É simplesmente maravilhosa!
Cássia virou-se bruscamente para ele, aflita com o súbito pensamento
que lhe ocorreu.
— Seu pai mora aqui? — perguntou.
— Papai? Oh, não. Meu pai mora no norte, numa das mansões da
família…Este aqui é um local usado para abrigar esposas indesejáveis ou
velhas tias loucas — brincou Robert.
— Entendo. E para qual dessas finalidade você a usa? — Robert
estacionou o carro na garagem e desligou o motor.
— Para nenhuma — respondeu, rindo. — Mas sempre gostei muito
daqui e, quando meu pai a vendeu, consegui arranjar algum dinheiro e
comprá-la de volta.
— Seu pai a vendeu?
— Perdeu-a numa noitada de azar nas mesas do cassino. Venha dar
uma olhada — convidou ele, mudando de assunto e descendo do carro.
Cássia seguiu-o devagar, pensativa. Havia uma ligeira amargura nele
desde que falara do pai, apesar do tom casual que ele usara, Perturbada
alcançou-o, e em silêncio segurou-lhe a mão. E entraram assim na mansão.
Cássia reparou nos candelabros de parede do hall de entrada. Robert,
que acompanhou seu olhar, brincou:
— Sei que você é romântica, mas as velas deixam as paredes e o teto
escuros.
— Sabe de uma coisa? — observou ela. — Não gosto que você leia meus
pensamentos. Fico muito vulnerável.
— É que você possui pensamentos transparentes — respondeu ele,
acariciando-lhe a mão.
— Só espero que meus adversários de trabalho não percebam isso.
— Pensei que eu fosse um deles — disse Robert, provocante.
— Você deve ter negócios com meu pai, mas não comigo. Nem eu com
você.
— Bem, posso imaginar uma outra… hã… transação com você, que
deve ser compensadora.
Cássia soltou as mãos das dele, um pouco indignada com a brincadeira.
— Espero que o jantar seja uma delas. Estou faminta.
— Claro. Venha até a cozinha que vou lhe mostrar — ele falou,
sorrindo.
— É você quem vai cozinhar?
— Não se preocupe que não vou envenená-la. Na verdade, até que me
julgo um bom cozinheiro, levando-se em conta que sou um autodidata.
— Tenho certeza de que sim.
O curioso era que Cássia estava realmente certa disso. Ocorreu-lhe que,
onde quer que Robert pusesse as mãos, fazia tudo bem-feito.
— Você é um perfeccionista, não é? — prosseguiu ela. Robert abriu a
porta da cozinha para lhe dar passagem e disse:
— Agora é você quem está captando as coisas. É verdade, sou
perfeccionista, mas poucos reparam nisso.
— Sabe, me sinto como se o conhecesse muito bem. Como se tivéssemos
sido amigos durante toda a minha vida — falou Cássia, como que
descobrindo uma nova sensação.
— Sente-se mesmo assim? — Enigmático, Robert nada comentou. Sua
expressão nada revelava. — Bem, vamos provar minha comida e esperar que
não seja uma surpresa desagradável.
A cozinha não era moderna, mas era muito aconchegante. Havia dois
enormes armários rústicos de madeira, opostos um ao outro. O chão era de
pedra, e havia prateleiras de madeira nas paredes, acomodando potes, copos
e utensílios dos mais variados. Uma janela ampla dava para um quintal de
arbustos floridos, onde havia também um banco de madeira. A lua iluminava
o jardim.
— Gostaria de beber alguma coisa lá fora, enquanto termino de
preparar a sopa? — perguntou ele, também olhando para a janela.
— Gostaria de ajudá-lo em alguma coisa.
— Não, obrigado. Não há necessidade. Tudo o que tem a fazer é parecer
bonita, saborear a comida e agradecer amavelmente.
— Acha que serei capaz de corresponder a tanta hospitalidade?
— Lá vem você. Subestimando-se outra vez. Não quero mais isso,
ouviu? — Curvou-se e beijou-a de leve, antes de ir buscar alguma coisa na
geladeira.
Cássia estremeceu diante daquele gesto de carinho inesperado e casual.
Lembrou-se de que, mesmo nos primeiros dias em que vivera com John, ele
nunca a tocara como Robert fazia, tão afetuosa e espontaneamente. Quando
se achavam em lugares públicos, John se portava como se ela fosse sua
propriedade. Em particular, a tratava com total indiferença, até culminarem
num final de relacionamento terrível e hostil. Já então não faziam mais amor,
claro. Nunca conversaram sobre sexo. Ela sempre temera ser rejeitada e não
satisfazer seu marido. O ato de amor era uma tortura!
Já com Robert, podia conversar sem constrangimentos, entregar-se sem
medo, se ele a quisesse… Corou ao pensar nisso. Robert não percebeu, estava
de costas para ela, ocupado em tirar a sopa do fogo. Cássia levou as mãos às
faces e as sentiu em brasa.
“O que está se passando comigo?”, pensou.
— Pronto. Podemos comer à hora que você quiser — informou Robert.
— E então, o que vai beber?
Ela olhou para o jardim, envolvido pela luz da lua, antes de decidir.
— Vinho. Vinho branco gelado.
— Perfeito. A garrafa já está na geladeira. Vamos tomá-lo lá fora.
Sentaram-se no banco de madeira, com os copos de vinho à mão. Ela
suspirou, satisfeita.
— Por que o suspiro? — perguntou Robert. Cássia tinha no rosto uma
expressão de plena alegria.
— Por puro prazer — assegurou-lhe. — Pensava que é raro eu me sentir
tão feliz quanto estou neste momento.
Robert ergueu-se e colocou a garrafa no balde de gelo. Sentou-se no
gramado, com as pernas cruzadas.
— Parece que não é preciso muito para fazê-la feliz, não é?
— Quem não ficaria feliz sendo tratada tão amavelmente, tendo seus
caprichos satisfeitos, num local que parece cenário de romance?
— Conheço muitas mulheres que ficariam entediadas, e até mesmo
decepcionadas e com ódio de mim, por não levá-las para jantar e dançar num
local luxuoso.
Cássia esticou os braços preguiçosamente, como uma gatinha manhosa.
— Você adivinhou que estou farta desses ambientes, além de não gostar
deles.
— Sim — concordou Robert, olhando para o copo. — Do que você
gosta, Cássia?
— De sol, de vinho e de sentir o perfume das flores — respondeu ela
com alegria.
— Fala a sério, Cássia?
— Claro. Gosto de estar aqui.
— E gosta de estar comigo?
— Bem… é óbvio que sim.
Robert suspirou, pôs o copo de lado e deitou-se apoiado num braço,
para melhor olhar para ela. Parecia muito satisfeito. Tanto que ela esperou ser
abraçada e beijada novamente. Mas tudo o que ele disse foi:
— Isso é bom!
Depois disso, passaram a conversar como amigos. Terminado o vinho,
entraram na sala ao lado da cozinha, de onde podiam ver as estrelas no céu.
O jantar foi delicioso e perfeito em todos os seus detalhes. Robert não tocou
em Cássia, o que a deixou estranhamente tensa.
— Costuma comer sempre aqui? — perguntou, tentando disfarçar a
inquietação.
— Está querendo saber se numa casa como esta não há uma sala de
jantar? Há uma, claro, mas é muito grande. Além do que, esta casa é também
uma espécie de museu histórico da região e a deixamos aberta para visitas
públicas. Portanto, a sala de jantar está permanentemente arrumada, e a
mesa, posta com as melhores porcelanas e os talheres mais finos que tenho.
— Oh, eu não sabia disso. E não se importa de ter estranhos andando
por sua casa?
— Me importar, eu? Adoro isso. É a maneira como consigo dinheiro
para manter a propriedade. Lugares como este custam uma fortuna para
serem preservados, você sabe, e eu não teria condições para mantê-lo apenas
com o dinheiro da empresa.
Cássia ficou intrigada.
— E consegue mantê-la assim?
— Mais ou menos. Não estamos no principal circuito turístico, mas
muitas pessoas costumam passar alguns dias em Oxford, que não fica longe
daqui. Há também os enormes jardins e bosques da propriedade, o que
aumenta bastante a procura, embora eles precisem de mais cuidados. Como
não tenho capital suficiente, eles permanecem como estão.
— E seu pai, não pode ajudar? — perguntou Cássia, servindo-se de um
pedaço de queijo.
— Papai? É mais provável que ele venha me pedir dinheiro.
— Bem, e quanto às outras pessoas de sua família?
— Você não conhece a minha família. Meu pai é um jogador, um
playboy, exatamente o que seu pai pensa a meu respeito, suponho. É
charmoso, fútil, extravagante e um pouco desonesto. Não tem muito
dinheiro. Minha mãe é sua cópia numa versão feminina. Eles não se
sustentam um ao outro. Não tenho tios. E minha avó… Acho que você
gostaria muito de minha avó — prosseguiu ele, com um discreto sorriso.
— Ela emprestaria dinheiro a você?
— Oh, não, não. Ela não quer saber de nada disso. De qualquer
maneira, nunca emprestaria dinheiro a um homem. Já a uma mulher… talvez
— ponderou Robert.
— E você acha que eu gostaria dela? Parece ser uma pessoa bastante
preconceituosa.
— E é — concordou ele. — Minha avó era uma atriz de comédias
musicais. Casou-se com meu avô, apesar de ele ser trinta anos mais velho.
Considera os homens como provedores das coisas boas da vida.
— Não acho que tenhamos muito em comum — retrucou Cássia, altiva.
— Não espero que um homem possa me prover com nada. Sou bastante
capaz de ganhar minha própria vida.
Robert a observava com ironia.
— Com nada mesmo? — provocou ele. — Mas que pena! — Cássia
ficou desconcertada.
— Você sabe o que quero dizer.
— Sim, eu sei e estou desolado. — Permaneceu em silêncio por um bom
tempo, brincando com o garfo. Depois concluiu: — Seria tão bom se você
também me compreendesse!
Cássia franziu as sobrancelhas, tentando entender o sentido daquelas
palavras. Robert estaria insinuando que havia algum motivo oculto? Apesar
das aparências, ele talvez quisesse algo de Jerome e pensasse que, por
intermédio dela, conseguiria mais depressa seu objetivo. Recordou a conversa
que tiveram sobre os jardins e os bosques da propriedade… Claro! Robert
precisava de capital.
Insegura, tentou disfarçar seu estado emocional. Dirigiu-se a ele no tom
formal de negócios.
— Não sou capaz de ler pensamentos. Se tem alguma proposta a fazer,
diga-me os detalhes para que eu possa estudá-la.
Em resposta, ela ouviu uma gargalhada. Sem nenhuma pressa, Robert
empurrou a cadeira para trás e levantou-se.
— Certo. Se é assim que você quer… — falou, parecendo divertir-se.
Aproximou-se de onde Cássia estava sentada, com um brilho misterioso nos
olhos.
Apreensiva e nervosa, ela o viu afastando sua cadeira com uma das
mãos e oferecendo a outra para ajudá-la a se levantar. Ela aceitou a ajuda e
também ficou de pé.
— Muito bem — Robert começou, gentil e sorridente, enquanto punha
as mãos nos ombros de Cássia. — Minha proposta é irmos para a cama.
Agora. O que acha disso?
CAPÍTULO IX
Um romance que você não pode perder!
Edição 525
Edição 526
PRISIONEIROS DO PASSADO
Sally Wentworth