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Capítulo I- Emmeline

— Emmeline De La Roche Evans. – Ouvindo seu nome na voz familiar de seu irmão , fez com
que Emmeline soltasse um suspiro aborrecido.

Olhando em sua direção, viu Christopher parado na sua frente com uma carranca nada
agradável, ela sabia o que aconteceria, por isso, lamentou mentalmente.

— Sim? – Perguntou estampando um pequeno sorriso em seus lábios, fechando o livro que
estava em seu colo.

Os olhos de Christopher transmitiam uma mistura de descontentamento e raiva, porém era


perceptível que estava se controlando para não gritar – como sempre fazia quando estava
com raiva – e sabendo disso, ela manteve o contato visual, o desafiando. Ela sabia que
perderia, mas não perderia a chance de provocar o mais velho, conhecia bem os limites de seu
irmão.

Depois de longos minutos se encarando, Emmeline direcionou seu olhar de volta para o livro,
desistindo da batalha, enquanto ouvira um pequeno riso convencido vindo do mesmo.

— Emmeline.- Christopher chamou com um tom de repreensão.

Segurando o livro com força nas mãos, Emmeline suspirou sentindo a pressão que vinha de
Christopher, vendo que devia uma explicação a ele, porém permitiu esperar que o mesmo
prosseguisse com a fala.

— Por que fez aquilo com o filho do Conde Robert? – Perguntou cauteloso.

Emmeline se lembrava claramente do ocorrido da noite anterior, quando se permitiu sair de


casa, depois de alguns anos trancafiada com medo de ir a bailes. Ela estava de uma certa
forma animada para aproveitar a noite, e tudo estava indo bem, já que mantinha se entretida
em uma conversa tranquila com a filha mais nova do Conde Robert, ambas possuindo a
mesma idade, quando avistou Elliot Thompson vindo em direção a elas.

No início Elliot parecia interessado no diálogo entre eles, o que fez a conversa deles fluir,
porém quando de forma despropositadamente sua irmã acabou por deixá-la sozinha com o
mesmo. O que não era um problema, até ele começar a assediá-la, resultando em ficar
totalmente encharcado de vinho, o que fez com que todos no local olhassem perplexo com a
cena.

Um arrepio percorreu sua espinha ao lembrar das falas asquerosas deferidas de Thompson.

— Não foi nada de mais. – Emmeline declara educadamente, e volta sua atenção para o
parque.

— Você simplesmente jogou uma taça de vinho nele! – Exclamou com o tom de voz alterado,
atraindo atenção aos poucos olhares que estavam no lugar. — Você tem alguma consciência
da seriedade que isso irá ocorrer?
— Sim, tenho completa consciência, meu irmão. – Concordou suavemente— Porém não tenho
arrependimentos do que fiz, Elliot Thompson me disse diversas palavras horrendas.

— Que tipos de palavras?- Questionou preocupado.

— De assuntos que foram completamente inadequados que um homem de sua posição


poderia falar com uma dama, e eu me recuso a deixá-lo me tratar dessa forma repulsiva. –
Defendeu-se fervorosamente.

Uma outra troca de olhares entre ambos revelou que ela estava realmente falando a verdade,
e percebendo isso, Christopher não exitou em levar a mão ao cabelo, jogando as madeixas
ruivas para trás e logo em seguida soltou um longo suspiro.

Emmeline conhecia bem o irmão, ela sabia do autocontrole que o mesmo estava tendo para
não ser impulsivo e acabar indo na propriedade dos Thompson dar uma lição em Elliot.
Longos segundos se passaram quando ele voltou a pronunciar.

— Tudo bem, deixarei passar, contudo me prometa que nos contará quando isso voltar a
ocorrer.

— Tudo bem, eu prometo. – Ela assegura ao seu irmão protetor, enquanto se levantava. —
Preciso ir.

— Onde você vai? E onde está a Mary? – Questionou percebendo a ausência da dama de
companhia da irmã.

(Não respondeu do porque não estar com a dama de companhia e nem onde ela está )

— Irei à livraria, pretendo conseguir um livro novo, e em seguida passarei no ateliê.—


Informou a Christopher.

— Sabe que não deve sair de casa sem uma dama de companhia. -- Advertiu com uma
expressão séria.

— Só estou indo à livraria. – Se defende.

— Você sabe que não precisa ir à livraria pegar livros.— Ele afirmou, sem entender o motivo
que ela precisaria ir em uma livraria

Era evidente que Emmeline sabia, já que possuía uma enorme biblioteca à sua disposição em
sua casa, mas o fato era que precisava de apenas um motivo para sair de seu quarto ou do
campo de visão de seu irmão.

— Eu entendo, mas mamãe fica contente com as minhas idas à livraria.

Parecendo convencido, Christopher apenas acenou em concordância.

— Deseja companhia?— Perguntou.


— De maneira alguma meu irmão, mas agradeço a sua consideração. – Respondeu de forma
firme, deixando claro que não desejava companhia.

— Muito bem Emmelie, porém tome muito cuidado. – Disse com preocupação na voz. – E
mande lembranças à Marquesa por mim.

— Apenas para ela? – Pergunta com um sorriso de lado, o provocando levemente .

— Mande para a Lady Elizabeth também. – Complementou. (O que ele estava sentindo em
relação a provocação da irmã?)

— Deixe comigo, eu irei mandar. – Então olhou em direção ao irmão, e continuou. — Direi a
elas que meu belo e nada impulsivo irmão mandou-lhe belas lembranças. — Falou,
provocando Christopher com uma expressão divertida no rosto.

— Emmeline... – Ele a alertou, franzindo o rosto que estava ficando levemente avermelhado

— Já estou indo. – Disse sorrindo para ele e comecei a caminhar em direção à livraria.

Emmeline conhecia seu irmão muito bem para saber que por mais que se orgulhasse em ser
libertino, ele possuía um tipo de sentimento por Lady Elizabeth.

Ela sabia disso, mas tinha certeza que ele não assumiria tal coisa.

‡————‡

Caminhando pelas ruas londrinas, Emmeline se distrai olhando o movimento dos comércios,
quando de repente esbarrou em alguém, fazendo seu livro cair no chão.

— Mil perdões, senhor. – Ela se desculpou envergonhada.

Porém, quando estava prestes a se abaixar para pegar, uma mão se adiantou e pegou o livro.
Ao olhar para o desconhecido, ela esperava um senhor de idade mais avançada, mas diferente
do que achara, ela viu um homem que estava com uma expressão séria no rosto. Emmelie
percebeu que ele tinha um rosto jovem, mostrando que aquele homem não teria mais que 26
anos, apesar de suas vestes pretas demonstrarem o contrário.

Talvez tenha perdido alguém e estivesse de luto, ela pensou , olhando novamente para suas
roupas, antes de voltar seu olhar para o homem desconhecido.

Seus olhos amendoados lhe observavam com intensidade e frieza, parecia que tinha a
intenção de intimidá-la. O que honestamente funcionou, já que Emmeline pensara que havia
cometido um erro de esbarrar naquele homem. Mas foi surpreendida ao ver o livro sendo
devolvido, sem ao menos ser repreendida. Ele ajeitou sua roupa, de uma maneira arrogante,
mas incrivelmente elegante.

— Diabos! – Proferiu bravo, evidenciando seu sotaque desconhecido a ela.


Embora suas palavras fossem impróprias, Emmeline não se incomodou com o seu palavreado
usado.

— Eu lamento muito por ter... – Disse apressadamente, antes de ser interrompida.

— Precisa tomar mais cuidado, senhorita. – Ele a advertiu, sua expressão estava séria e seus
lábios apertados.

Ela ignorou completamente a sua repreensão, e pegou o livro suavemente de sua mão,
desejando apenas sair dali o mais rápido possível.

— Obrigada. – Agradecendo mais uma vez, dando-lhe um leve sorriso. — Tenha uma boa
tarde.-- Finalizou.

Sem lhe dar chance de responder, Emmeline voltou a caminhar em direção à livraria,
ignorando o olhar raivoso que sentia atrás de sua cabeça.

Caminhando mais um pouco, avistou a grande placa pendurada da livraria, Emmeline


(agradeceu?) seguindo apressadamente até lá. Chegando lá, ela adentrou a pequena livraria e
se deparou com Rose, a dona, sentada em sua mesa velha lendo um de suas centenas de livros
que tinha em seu antigo e pequeno estabelecimento.

— Bom dia Senhora Rose. – Comprimentou- a e se aproximou, deixando o livro sobre a


pequena mesa de madeira.

— Bom dia, Lady Emmeline, como você está? — Senhora Rose pergunta com um pequeno
sorriso acolhedor e uma expressão amável.

— Eu estou bem, muito obrigada por perguntar.– Disse com um pequeno sorriso.

— Hoje chegaram livros novos, por acaso gostaria de dar uma olhada? – Perguntou, já
fechando o livro que estava lendo.

— Sim, eu adoraria ver.– Concordou balançando com a cabeça em um aceno.

A senhora caminhou até a pequena sala que havia logo atrás da mesa, Rose demorou alguns
minutos antes de voltar segurando um pequeno baú. Ao abri-lo, retirou calmamente os livros,
os colocando em duas pequenas colunas. Olhando confusa para os dois montes de livros,
Emmeline achou estranho por eles estarem em um baú trancados e por curiosidade resolveu
questionar.

— Rose, porque esses livros estavam nesse baú? - Perguntou de maneira curiosa, acenando
em direção às pilhas de livros.

— Esses são livros de romances, romances inapropriados para jovens inocentes como a
senhorita – Respondeu de maneira franca, com um sorrisinho de lado.

Emmeline podia sentir as maçãs de seu rosto esquentando com suas palavras e deu-lhe um
sorriso tímido para a senhora, não se surpreendendo com o sua conversa explícita, já havia
ouvido falar das fofocas que circulam a dona da livraria, que na sua juventude a mesma
decidiu se tornar uma solteirona, mesmo que fosse contra a vontade de seu próprio pai.

Pegando um dos livros das colunas , ela curiosamente leu o título da capa.

Les touches d'un homme¹.

Emmeline decidiu que o nome desse livro era duvidoso (ou único), ainda mais quando o
mesmo se encontrava no meio dos livros mais triviais. Pensando nisso, por um momento
achou que talvez Rose estivesse certa, que ela não deveria levar esse livro, que era muito
inapropriado para uma dama solteira ser vista com um conteúdo tão indecente como esse.

Contudo, apesar de todos esses pensamentos borbulhando em sua mente, sua curiosidade
estava fervendo dentro de si, a instigando a levar ele, mesmo sabendo que poderia ter
problemas sérios caso fosse vista com ele.

— Eu levarei esse daqui– Disse decidida a levá- lo, entregando o livro para a senhora. A dona
ergueu os olhos escuros, que estavam nos livros de cima da bancada, e olhou para o livro que
a jovem lhe entregou.

- Tens a certeza de que quer levá-lo? – Perguntou com o rosto apreensivo, pensando nos
possíveis problemas que poderia causar na jovem.

- Sim, tenho certeza. - Respondeu determinada, enquanto lhe entregava as três moedas de
ouro que o livro custa.

Mesmo achando que a jovem teria problemas tendo aquele tipo de livro, a senhora não
insistiu, pegando as três moedas.

— Que a senhorita tenha uma leitura intrigante– Disse com um sorriso em seu rosto
envelhecido.

— Eu agradeço senhora Rose, e que você tenha uma boa tarde. – Se despede gentilmente da
senhora, já abrindo a porta e saindo.

Emmeline segurou o livro discretamente para que o título estivesse totalmente escondido,
soltou um grande suspiro alegre quando ninguém lhe olhou de maneira escandalosa, e
continuou caminhando em direção ao ateliê com passos apressados.

Quando estava a poucos metros do ateliê, avistou através da vidraça a sua melhor amiga de
longe, que parecia distraída enquanto arrumava os manequins da pequena vitrine, ela chegou
à porta da humilde loja e abriu a porta, adentrando.

Entrando no ateliê, viu que Elizabeth estava de fato distraída, agora, costurando algumas
peças de tecido. Então caminhando em passos silenciosos, Emmeline andou até a mesma,
chegando bem perto e deu um pequeno grito perto de sua orelha, Elizabeth, deu um pequeno
pulo assustado, soltando um grito estridente enquanto levava a mão ao peito.
— Emme! – Exclama com um pequeno sorriso aliviado no rosto, a mão no peito com seu
coração acelerado, vendo que era apenas a sua melhor amiga brincalhona.

— Eu lamento Lizzie, mas você parecia muito distraída nesse monte de tecido. – Falou rindo
levemente para (a costureira?). — Você parecia distraída em seus pensamentos, é algo que
está lhe preocupando... ou será alguém em quem não para de pensar? – Disse brincando com
um sorriso de lado e a sobrancelha erguida, caminhando até o sofá de visitas e se sentou nele.

— Pare com isso, Emme! – Alertou Elizabeth com as bochechas levemente rosadas, lhe
direcionando um olhar mortal.

— Não lhe disse nada para ficar tanto na defensiva, minha querida amiga.– Falou agindo
inocentemente, fingindo um olhar confuso no rosto.

Largando seus utensílios de costura, Elizabeth se levantou, ajeitando a saia de seu vestido, e
andou até o sofá de visitas onde estava a amiga e sentou-se ao seu lado cruzando seus
tornozelos. Apertando levemente os olhos com curiosidade, ela sorriu descansando suas mãos
em seu colo.

—Aconteceu alguma coisa ?– Questionou enquanto olhava para Emmeline, sentindo-a


inquieta.

— Por acaso ficou sabendo de alguma notícia recentemente? – Emmeline perguntou


interessada a amiga, vendo que a mesma parecia pensar por alguns instantes, antes de negar
com a cabeça. — Que curioso. — Completou, franzindo levemente a testa.

— O que é curioso Emme ? Por que está perguntando sobre isso ? – Perguntou, levantando-
se do sofá. Caminhou até uma pequena mesa que havia no centro da sala, onde tinha um bule
e xícaras de chá, que foram lindamente pintadas. Elizabeth pegou o bule e em seguida colocou
um pouco do líquido quente no recipiente, entregando em suas mãos logo em seguida.

— Hoje mais cedo, enquanto eu estava a caminho da livraria, acabei me esbarrando por acaso
em um homem, o que me deixou curiosa foi que ele claramente não era daqui. Na verdade,
tive a impressão de que ele era francês, e ele parecia bastante aborrecido comigo.- Falou com
a voz calma, tentando esconder que o acontecimento a deixou abalada.

— Talvez ele fosse simples comerciante de passagem. – Falou, enquanto dava os ombros de
maneira indiferente, voltando a se sentar no sofá.

— Um simples comerciante não usaria roupas tão luxuosas como as que ele usava, e ainda
mais roupas completamente pretas em plena primavera.- Disse tentando convencer a amiga
que estava indiferente ao assunto.

— Então talvez poderia ter sido um filho de algum conde que faleceu recentemente, e estava
vestindo preto por conta do luto.- Falou calmamente diante do rosto enfurecido da amiga.

— Ainda não justifica ser tão mal educado com as pessoas. – Emmeline disse revoltada com o
ocorrido.
Elizabeth estava abrindo a boca para tentar acalmar a amiga, quando a porta do ateliê é
aberta, revelando a figura da mãe de Elizabeth, a Marquesa Margarete de Gringrece.
(descrição da aparência da marquesa e da personalidade dela)

— Olá meninas, bom dia para vocês. – Margarete comprimentou a filha e Emmeline
carinhosamente com um beijo na bochecha de ambas, mas seu semblante estava sério.

— Mamãe, aconteceu alguma coisa ?- Perguntou Elizabeth, com o rosto preocupado,


percebendo que sua mãe estava irritada com alguma coisa.

— Seu pai. – Proferiu brava, sua feição estava fechada, seus lábios estavam apertados. — Um
dia seu pai ainda vai me matar do coração. – A Marquesa se indignou, suspirando alto e se
sentando de forma dramática com a mão no peito em uma poltrona que fica de frente para o
sofá.

Instantaneamente, Emmeline olhou com diversão nos olhos para a amiga, que imediatamente
a retribuiu, ambas trocando breves olhares segurando o riso. Elizabeth se levantou, andando
novamente até a pequena mesa de centro, pegou o bule de chá e derramou um pouco da
bebida na xícara.

— E o que o papai aprontou para a senhora dessa vez ?– Perguntou levando a xícara até a
mesma, essa era uma ocasião que acontecia muitas vezes entre seus pais. (Modificar)

— Ele brigou com seu tio, novamente! – Respondeu vigorosamente a pergunta da filha,
pegando o recipiente das suas mãos, acenando em agradecimento com a cabeça.

— Meu tio queria alguma coisa de meu pai outra vez ? — Perguntou para a mãe, já sabendo
que era algo constante entre eles.

A Marquesa não respondeu a filha, ao invés disso, tomou um gole do seu chá e direcionou sua
atenção a Emmeline, olhou para a jovem e deu- lhe um sorriso caloroso.

— Emmeline, olá querida.– Disse calorosamente enquanto a olhava nos olhos.

— Olá, Marquesa.– A cumprimentou com um leve sorriso no rosto, inclinando a cabeça em


saudação para a mesma.

— Não precisa falar com formalidades comigo, minha querida, chame- me de Margarete. –
Proferiu enquanto levava a xícara até a boca, tomando um gole de sua bebida.

— Tudo bem, Margarete.– Falou Emmeline sorrindo tímida.

— Como seus pais estão ? – Perguntou de maneira curiosa, bebendo na sua xícara.

— Eles estão muito bem, apesar de minha mãe estar bastante ansiosa para eu arranjar um
marido. – Falou nervosa, enquanto seus olhos pairavam pelo ambiente.– Já meu pai, não
parece estar com esse anseio. – Finalizou com um sorriso caloroso, sabendo que seu pai era
protetor. com sua a pessoa.
— Então você não irá debutar esse ano Emme? – Elizabeth interrogou a amiga, sabendo que a
mesma tinha um receio em relação ao casamento.

- Sim eu irei, mamãe já até anotou uma longa lista de possíveis pretendentes.– Concordou
com um aceno, e um sorriso levemente forçado no rosto.

— Pois certamente que Christopher não gostará dessa lista. – Brincou a Marquesa sorrindo,
sendo bem conhecido a proteção que o mesmo tem com a irmã.

— Tenho a certeza que não.– Disse rindo levemente ao pensar na reação de seu irmão.

— Bem, Elizabeth e eu temos muito o que fazer, a temporada está chegando e temos vários
vestidos para confeccionar. – Finalizou a conversa enquanto terminava o seu chá.

Percebendo que a conversa chegou ao fim, Emmeline levantou- se segurando seu novo livro,
acenando com a cabeça, começou a dar leves passos em direção a entrada do local, trocando
despedidas com as mulheres.

— Até breve Eliza, até a próxima Margarete . – Emmeline se despede das duas com um
sorriso leve, acenando com a mão livre. – Ah é mesmo, Elizabeth ainda teremos o nosso chá
essa tarde? – Lembrando- se , perguntou a amiga, viu a mesma concordar com a cabeça.

Saindo do local, Emmeline caminha tranquilamente de volta para a casa, se perdendo em


seus pensamentos, não demorando muito para que visse sua residência a poucos metros de
distância, e avistou um de seus irmãos saindo de casa.

Se aproximando um pouco mais , Emmeline percebeu que se tratava de seu terceiro irmão
mais velho Joseph, que andava de um lado para o outro, parecendo estar bastante ansioso e
irritado. Sentindo seu peito se apertando, e a preocupação se instalando em sua mente, ela
caminhou rapidamente em direção ao mesmo.

— Irmão? – Chamou hesitante, atraindo a atenção do mesmo, que parecia perdido em seus
pensamentos.

Olhando em sua direção, o olhar sério e preocupado de Joseph rapidamente suavizou, o que a
deixou menos tensa.

— Emme, onde você esteve ? Eu estava bastante preocupado com você – Disse tentando
manter a voz calma, mas era possível ouvir a sua preocupação.

— Eu fui ler no Hyde Park, logo em seguida passei na livraria, queria saber se tinha chegado
livros novos . Por fim,passei no ateliê para conversar com a Lizzie. — Explicou calmamente,
imperturbável a preocupação do irmão, já acostumada com a sua proteção. — Aconteceu algo
em minha ausência?

— Não aconteceu nada, fiquei apenas preocupado por não ter visto minha irmã favorita
hoje. — Falou tentando ser indiferente, dando- lhe os ombros. Como se ela não tivesse visto
ele andando de um lado para o outro parecendo ansioso.
— Primeiramente, eu sou sua única irmã. - Retrucou determinada, com as mãos na cintura e
o olhar impassível. — E você estava muito ocupado babando em sua cama quando eu saí.-
Concluiu com um sorriso de lado e a sobrancelha erguida, zombando de seu irmão.

— Eu não babo, durmo como um anjo.- Falou com seu jeito escandaloso.- E não tenho culpa
que precisava da minha motivação matinal para levantar da cama. – Dramatizou levando a
mão no peito. — Ao invés disso, fui acordado com os gritos de nosso pai, o que me fez pular
da cama.

Emmeline levou uma das mãos até a boca, com a intenção de prender o riso, falhando
miseravelmente, já que logo em seguida começou a rir.

— Está rindo de mim irmã? – Perguntou tentando ficar sério, mas seus lábios estavam se
contraindo para cima.

— Não, eu jamais faria isso irmão. – Proferiu de maneira irônica, já começando a se


recompor. — Podemos entrar? - Solicitou, com um sorriso inocente, tentando se desviar da
pergunta. E o viu assentir com a cabeça.

Entrelaçou seu braço com o dele, e segurando seus livros no outro, os dois caminharam
calmamente até adentraram pela porta da casa.

— Demorei muito?- Questionou Emmeline, inclinando a cabeça em sua direção, observando


seu rosto.

— Bem, está quase na hora do almoço. Então você não demorou.- Disse negando com a
cabeça.

Acompanhando-a até a sala de jantar, e ao chegar, puxou a cadeira para a jovem sentar- se e
depois se sentou em sua própria cadeira. Aos poucos foram vendo todos os lugares vazios
sendo preenchidos pelos membros da família, e não demorou para que a comida fosse posta à
mesa.

Enquanto saboreava a sua comida, Emmeline às vezes deixava seus olhos vagarem em
direção aos seus pais, observando sua mãe conversando alegremente com seu pai, olhando o
modo discreto que seu pai de vez enquanto segurava em sua mão, que de tempos em tempos
acariciava carinhosamente com o polegar, enquanto a mesma continuava a dialogar, mas
ainda retribuindo o carinho com um sorriso amoroso no rosto.

E foi naquele momento, vendo o amor que eles obviamente sentiam um pelo outro, que
Emmeline decidiu que se fosse para ela se casar, teria que ser com um homem que a tratasse
da mesma maneira amorosa que seu pai tratava a sua mãe.

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