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A ILHA

ORGULHO E OBSSESSÃO

Volume 2

Serie Crossed Destinies


Copyright © Vel Gonçalves

Todos os direitos reservados. Proibida a distribuição ou


cópia, integral ou parcial dessa obra sem o consentimento por
escrito da autora

Criado no Brasil
Dedico essa história às minhas amigas leitoras que me
acompanham desde o início, aquelas que me aconselharam e
contribuíram para a construção desse universo literário.
N/A: Olá! Curtiu esse romance? Então deixo o convite para
que visite a página e também para que venha fazer parte do grupo:

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Sumário

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Epílogo
Prólogo

Desde que conheci Alexis Scott minha vida mudou, tais mudanças
despertavam o meu melhor e o meu pior. Quando minha família decidiu
interceder ao meu favor, tudo mudou. Estivemos presos naquela ilha
pensando estar sequestrados, quando na verdade tudo não passava de um
plano para nos aproximar.

Eu precisava mostrar a ela que era inocente, contudo, sabia das


dificuldades para conseguir tal feito. Minha fama era um péssimo precedente.
As coisas se tornavam mais difíceis a cada dia, principalmente com a
presença de Christopher Johnson, seu ex noivo. Ainda que as circunstancias
impedisse de nos amar, eu provaria a Alexis minha inocência.

Usaria de todas as armas que possuía para mostrar o quanto a amava.


Para vencer eu teria voltar a minha antiga vida. Teria que ser o caçador. Só
assim iria conseguir conquistar meus objetivos, não me importando com os
meios os quais usaria para chegar ao fim da linha e, ainda assim, tê-la em
meus braços. Alexis era minha salvação, era também minha tortura, minha
perdição, meu orgulho e minha obsessão.
Capítulo 1
Um mês depois...

Amber

Um mês havia se passado desde a fatídica tarde na residência dos Scott.


Todos os moradores da mansão Collins aos poucos retomavam as suas vidas,
exceto por duas pessoas: Johnny é lógico, e Eu.

Me sentia extremamente responsável por ter criado toda aquela


confusão, já estava prestes a sofrer um infarto fulminante com toda aquela
desordem. Não era bem a minha intenção envolver meu cunhado e minha
amiga em toda essa confusão, sem contar que toda família estava também
envolvida num escândalo sem tamanho. Johnny sofrendo como um louco e
Alexis provavelmente passando pelo mesmo estado de letargia no qual ele se
encontrava.

A vida dos dois que já não era nem de longe tranquila, seguramente
havia se transformado num inferno aqui na terra. Embora eu soubesse que
tudo o que fiz foi para uni-los, a dor que a descoberta da verdade lhes causou,
me atormentava todas as noites. E pensar que a maior parte desse sofrimento
foi por conta da intromissão daquele advogado imbecil.

Eu precisava agir, não era justo... Aquilo tudo era culpa minha. O
problema da minha natureza impulsiva era exatamente esse, agir antes de
pensar e me sentir culpada depois, exatamente como naquele momento.
Alexis estava nos braços de Christopher e Johnny sozinho. No momento em
que ele me pediu aquele conselho, automaticamente a ideia brotou... E agora?
O que eu poderia fazer para que Alexis pudesse me ouvir?

No instante em que a pergunta se formou, a imagem veio junto, eu iria


procurar Alexis, iria tentar explicar, obviamente, se ela deixasse, tudo aquilo
que havia acontecido... Sem pensar muito saí correndo da minha sala e passei
por dentro da loja onde Meredith organizava alguns modelos recém
chegados. Nem esperei para ver o que ela tinha a me dizer visto que passei
como um furacão seguindo em direção à porta deixando-a parada com a frase
que certamente se formou, porém, não pode ser concluída.

Agora eu me dirigia até onde Patrick participava de um ensaio para a


Harper’s Bazaar. Lá estariam os principais modelos de Nova York. Isso
incluía a minha melhor amiga Alexis Scott. Eu esperava encontrá-la para que
enfim pudéssemos conversar e eu poder explicar com clareza que Johnny e
ela eram as maiores vítimas de toda aquela armação.

Estávamos no início do Verão novayorquino, uma época em que o céu


no alto dos prédios da cidade se pintava de dourado, laranja e rosa ao
entardecer. A locação das fotos era no alto do Empire State Bilding.
Enquanto alguns modelos conversavam alegremente, Alexis estava reclusa ao
canto, apreciando a paisagem, num olhar distante, como se lá, ao fim da vista,
fosse encontrar justamente o que buscava.

Cumprimentei Patrick rapidamente e me dirigi até ela antes que o


indesejável Christopher Johnson ou qualquer outra pessoa atrapalhasse a
conversa que eu queria ter a sós com Alexis. Eu esperava que ela finalmente
me ouvisse e principalmente, que acreditasse no que eu tinha a dizer.
Aproximei-me sorrateiramente, assim ela não teria como me evitar
igualmente como ela fez com as centenas de telefonemas que eu lhe passei.

– Alexis? – perguntei apreensiva.

– Sim... – Ela respondeu sem me olhar, talvez estivesse perdida em


aforismos ou sequer reconheceu minha voz.

– Podemos conversar? – Quando pronunciei essas palavras ela se virou


e me olhou dos pés à cabeça, como se não acreditasse que eu estava ali, mas
não me rejeitou.

– Como se você precisasse de alguma permissão... – ela disse friamente


se esquivando e abrindo passagem para que eu me aproximasse.

– Está tudo bem? Como tem passado? – eu quis ser afável com ela,
adentrar diretamente no assunto não seria de grande ajuda.
– Como acha que eu estou Amber? Soltando fogos de artifício? Por
favor, não seja cínica...

– Alexis me desculpe, não foi minha intenção... – Ela apenas assentiu,


então continuei.

– Eu queria conversar... Você não atende aos meus telefonemas, não


responde aos meus e-mails...

– Vamos prossiga, diga a que veio, eu pensei ter deixado claro não
querer vê-la – ela era ríspida em suas palavras, havia amargura nelas. – Não
me diga que veio por seu cunhadinho, só para verificar o tamanho do estrago.
– Ela ironizou e sequer pronunciou o nome de Johnny.

– Alexis você sabe muito bem que sou sua amiga, antes de qualquer
coisa, eu não preciso de nenhum subterfúgio para te encontrar.

– E eu devo ficar feliz por ouvir isso? – Ela me encarava com revolta,
indignação. Mantinha as mãos nos bolsos, enquanto esperava que eu
esboçasse alguma reação.

– Eu vim até aqui porque senti sua falta. – eu disse sinceramente,


enquanto lhe tocava no braço.

– E? ... Vamos Amber fale... – ela quis saber.

– Alexis não precisa ser tão fria, tão incisiva. Eu vim até aqui para me
desculpar e te falar a verdade. Fui eu quem planejou tudo aquilo. Eu contratei
aqueles homens para levarem vocês dois. Joh... – ela me interrompeu.

– Escute aqui Amber, você sabe muito bem que as suas desculpas não
vão adiantar nada, porque você pode até ter executado a parte suja da coisa,
se é que essa foi realmente a parte suja, mas o mentor foi ele, então devia
poupar o meu tempo e o seu e ir embora.

– Alexis, você tem que acreditar em mim! Não vê que Johnny é


inocente? Fui eu quem planejou tudo. Naquela tarde em que vocês foram ao
Brooklin, fui até sua casa e fiz a cabeça do seu pai, era fundamental ele
concordar com tudo. Em seguida fui até a mansão Collins onde convenci
Aaron e Loren. Patrick e Dean por incrível que pareça foram à parte mais
difícil, eles achavam que quando Johnny descobrisse...

– Chega Amber! – Alexis estava se exaltando. – Me poupe dos detalhes


sórdidos. Eu tenho que ir. Já gastou muito do seu precioso tempo em vão.
Guarde-o para a próxima vítima do seu adorado cunhado, talvez ela se
convença mais fácil do que eu. A propósito, preserve suas desculpas para
quem acreditar nelas. Chris acaba de chegar e eu tenho que ir.

– Tudo bem. Eu respeito o fato de você não querer me ouvir, mas saiba
que está cometendo um grande erro, ele te ama. – Eu disse enquanto ela se
afastava pronunciando um seco “adeus”.

Mais adiante estava o advogado Christopher Johnson, em quem ela deu


um forte e demorado abraço enquanto ele lhe afagava os cabelos e beijava-lhe
o topo da cabeça. Eu não tinha certeza se realmente estavam juntos, mas
ficava claro que partilhavam de muita intimidade. Enquanto isso fotógrafos
sensacionalistas registravam o momento. Seria melhor que Johnny não visse
nada disso ou sofreria demais.

Aaron

Eu já estava cansado de ver tanto sofrimento em meu filho. Doía olhar


para as suas feições e ver que ele estava se despedaçando por dentro. Por
semanas ele se recusou a nos visitar, ele sequer comparecia às reuniões da
diretoria. Limitava-se a se comunicar comigo e com os irmãos através de e-
mails ríspidos e palavras monossilábicas.

Decidi que teria de interferir além do que já havíamos feito, ou, do


contrário, perderia meu filho definitivamente para as amarguras que a vida
lhe trouxera. Enquanto seguia até a sala, fui comunicado por nossa
governanta de que ele estava chegando. Naquele dia ele veio visitar a mãe,
que depois de muitos apelos, teve o pedido atendido. Parecia estar mais bem
disposto. No entanto, o sorriso que estampava seus lábios não chegava aos
seus olhos. Eu o cumprimentei então.

– Boa tarde! Que bom que chegou!

– Boa tarde pai... – ele foi reticente

– Filho gostaria de conversar com você na biblioteca por alguns


instantes, será que podemos?

– É claro. Algum problema? Trata-se do novo projeto?

– Digamos que não é exatamente um problema, talvez um pequeno


empecilho, mas nada que algumas arestas aparadas não possam resolver, é
claro.

– Certamente, eu apenas não posso me demorar, tenho alguns


compromissos esta noite e não gostaria de me atrasar.

– Claro filho, eu não pretendo tomar muito do seu tempo. – Então com
um gesto, pedi-lhe que adentrasse a biblioteca. Ele obedeceu, mas estava um
tanto quanto desconfortável.

– Aceita uma bebida enquanto conversamos? – Ele apenas assentiu.


Então, fui até o mini-bar e preparei dois drinques bem ao nosso gosto: Uma
dose de um bom uísque 12 anos com duas pedras de gelo. Segui então até a
ele para lhe servir. Procurei utilizar esse tempo para pensar numa maneira
agradável para iniciar a conversa.

– Então filho, como você está?

– Bem, na medida do possível... Talvez um pouco pior do que da


última vez que nos falamos...

– Sinto muito Johnny, por toda a dor que nós lhe causamos. Parecia que
você estava morrendo, se perdendo de nós, eu tive que fazer o que podia.
Aquela era a nossa maior chance de resgatá-lo até nós. – Ele continuou me
encarando por um longo momento até que eu vi lágrimas transbordarem de
seu rosto.

– Ao que parece não adiantou não é?

– Poderia ter dado certo. Você poderia estar vivendo muito bem.

– Pai... Morrendo eu estou agora, a cada dia, pela ausência dela na


minha vida.

– Eu tenho pensado nisso por muitos dias. Acreditei que o que


estávamos fazendo era o certo...

– Você acha que eu não sei pai? – As palavras eram entrecortadas por
soluços. Então eu o abracei da maneira mais terna que eu podia. Eu tinha que
fazê-lo sentir o meu apoio, minha compaixão. Abri minha boca para dizer
que sim, mas a dor em seus olhos me fez pensar em tudo o que já havia se
passado com ele. Eu sabia de todo o seu sofrimento. Como seu pai, era como
se aquela dor fosse minha.

– Filho, você tem que superar isso. Você deve mostrá-la todo o seu
amor. Toda a sua dedicação. Veja, o projeto dos novos brinquedos que levam
o rosto dela é fantástico... – Eu disse lhe olhando nos olhos, transmitindo-lhe
a confiança que um pai devia dar a um filho.

Depois de alguns instantes em silencio e abraçado a mim, ele se


desvencilhou, como se recuperasse de um momento de fraqueza, secando as
lágrimas com as costas das mãos. As suas feições endureceram novamente,
como se a máscara que encobria sua dor tivesse sido recomposta. Outra vez
vi amargura em seu olhar.

– Pai... Ela não quer me ver, não acredita em mim. E tem mil razões
para fazer isso. Eu não estou culpando ao senhor, mas é que tudo o que
aconteceu... – pausou, tomando um gole da bebida que eu lhe ofereci.

– É por isso que eu te trouxe até aqui. Pretendo convidá-la para estrelar
a campanha de lançamento das novas bonecas, as Alexis. A proposta de
contratarmos a outra modelo com traços semelhantes para dar-lhes o rosto foi
muito interessante, mas destruiria a originalidade do desenho, no entanto
antes queria saber o que acha de tudo isso.

– Não entende? Ela voltou para os braços do tal Christopher Johnson.


Há fotos dos dois em todas as capas sensacionalistas da cidade. Não adianta
mais nada. Ela fez a escolha dela e eu quero me poupar de mais sofrimento. –
ele disse, deixando transparecer um pouco da sua dor através das palavras.

– Isso poderia ser uma forma de reaproximar vocês dois. – insisti.

– Pai, esteja à vontade para convidá-la, mas não conte com minha
presença. Não quero estar presente nas negociações e não quero intervir em
qualquer decisão sua em relação aos projetos das Indústrias Collins. Gostaria
de pedir apenas que o senhor me poupasse dos detalhes da conversa que
tiverem.

– Claro filho, eu posso compreender as suas razões.

– Bem, se as arestas estão amparadas acredito que não temos mais nada
a conversar. Se me permite, tenho que sair, eu ainda preciso falar com a
mamãe e como falei antes, tenho um compromisso esta noite.

– Vai sair com alguém em especial?

– Não. Só com os mesmos tipos, mudam apenas os rostos. Você sabe...


Eu tenho que me distrair.

– Johnny? Só mais uma coisa...

– Claro pai!

– Tome cuidado para não se machucar mais do que já está. Você não
encontrará em outras, aquilo que só existe nela. Não insista.

– Tudo bem pai, talvez eu pegue um pouco de uma, um pouco de


outra... – ele disse deixando a minha sala com um sorriso vago nos lábios.
Johnny

Eu havia passado o último mês trabalhando mais que o necessário na


tentativa inútil de não pensar no mar de confusões em que minha vida estava
se afogando. Desde aquele domingo negro da minha vida, eu não tinha
voltado à casa da minha família, ou falava com eles o extremamente
necessário. A conversa com meu pai não foi das piores. Por um momento
pude deixar cair a mascara que levei algum tempo para construir.

Eu sabia que minha mãe estava sofrendo muito com a minha ausência e
era por isso que eu estava ali. Por mais que eles tivessem se intrometido na
minha vida, não era justo deixá-los sem saber de mim por tanto tempo. Ainda
mais quando se tratava de minha mãe, que sempre foi tão amável e cuidadosa
com os filhos. Sendo assim, esforcei-me para colocar em minha face um
semblante tranquilo e a cumprimentei.

– Oi mãe! – tentei libertar meu melhor sorriso.

– Filho, que bom revê-lo! Na verdade estou surpresa por encontrá-lo


aqui depois...

– Depois do quê mãe? Pode falar, acho que já podemos discorrer sobre
os acontecimentos daquela tarde, embora eu ainda sofra um pouco.

– Johnny, filho... Não precisa se torturar por isso. Sabemos da nossa


parcela de culpa, além disso, eu acredito sinceramente que ela irá te perdoar.
Você é inocente e a verdade sempre vence no final.

– Mãe, ela não atendeu a nenhum de meus telefonemas e me rejeitou


quando eu a procurei na noite que tudo aconteceu, então eu lhe disse que a
amava e parti, afirmando que ela nunca mais ouviria aquelas palavras de
mim. Ela me magoou profundamente. Desprezou o meu amor.

– Sabe Johnny, acredito que tudo na vida tem a sua estação. Se vocês
não ficaram juntos agora é porque não era o momento certo. Dê tempo ao
tempo e tudo se resolverá. Confie em mim, sou sua mãe e tenho mais
experiência de vida do que você.
– Bem, talvez o tempo me revele que eu estava certo. Que a vida é para
ser levada em aventuras e não preso a um sentimento que te tortura e te
maltrata pela ausência do ser amado.

– Você está magoado e isso é perfeitamente compreensível. Agora se


sente assim, mas com o passar dos anos pode se arrepender de não ter
plantado alicerces para um futuro repleto de amor, companheirismo e
felicidade. Com o tempo, você deverá se sentir vazio se permanecer
acreditando que a vida é uma festa. – Minha mãe sempre tinha argumentos
para me combater, mas naquele momento tudo o que eu queria era poder me
libertar da dor que eu sentia. A falta de Alexis me machucava demais.

– Mãe o seu discurso está muito bonito, mas deveria guardá-lo para
Dean. Para mim ele não se aplica. Todas as vezes que eu experimentei amar
só quebrei a cara e não quero mais sofrimento. Agora se me permite, eu tenho
que ir. Esta noite New York voltará a ver o antigo Johnny Collins. – avisei
enquanto me levantava para lhe dar um beijo no rosto. Então com um rápido
aceno de mão, me dirigi até a porta. Eu estava tentando me recuperar. Isso era
tudo o que poderia fazer.

[...]

Quando cheguei ao Armazém 5, uma famosa boate de New York,


estacionei meu carro tranquilamente ali próximo. Caminhei devagar rente à
calçada, enquanto tentava avistar um rosto conhecido. Talvez algum daqueles
que eu dispensei tão friamente. Eu poderia pedir desculpas e ficaríamos todos
bem. Elas, as moças a quem magoei, certamente serviriam ao meu propósito
para aquela noite: Diversão. Os fotógrafos aparentemente não me esperavam
como de costume. Ao contrário do que aconteceram centenas de outras vezes
a cada ocasião que eu ia a estes lugares.

Adentrei ao recinto e meus minutos de paz acabaram justamente


quando ninguém mais ninguém menos que Deanna Stanley me avistou. Ela
de imediato estampou aquele sorriso tão conhecido por mim e cambaleou em
minha direção. Certamente ela estava bêbada. Isso era bom, me garantiria
uma boa dose de prazer sem compromisso, exatamente como eu esperava. A
reação que se seguiu não me surpreendeu.
– Hora, hora... Vejam se não é o garanhão Johnny Collins... Quem é
vivo sempre aparece... – Ela disse com a voz alta e arrastada, enquanto
colocava os braços ao redor do meu pescoço. Neste momento, todos os
paparazzi presentes à festa se voltaram já com sua câmera em flashes para me
fotografar.

– Olá Deanna. Como tem passado? Vejo que ainda continua a mesma.
– Eu a cumprimentei de volta. Ela tinha cheiro de vodka e perfume caro.
Típico das patricinhas da cidade de Nova York.

– Bem. Talvez eu não possa dizer o mesmo de você não é? Desde que
se envolveu com aquela modelinho chinfrim, se afastou do nosso mundo.
Mas vejo que está de volta. Imagino que temos muito que conversar esta
noite. Talvez possamos terminar a conversa em algum lugar mais...
Aconchegante... – a última palavra, bem próximo à minha orelha, era quase
um sussurro.

Talvez fosse de alguém como ela que eu estivesse precisando para


colocar minha vida em ordem. Aquele lugar, aquelas pessoas, o cheiro de
cigarro, de bebida, a música... Tudo era um convite ao prazer pelo prazer.
Exatamente o que eu estava buscando. Então eu iria me agarrar àquilo.

Ela usava um vestido vermelho curto e ajustado ao corpo e um par de


saltos prateados que lhe deixavam ainda mais sexy. Era um convite a luxuria.
Então, sem pensar, passei a mão pela parte externa de sua coxa e a puxei para
mais perto de mim. Ela me correspondeu de imediato, como eu esperava. Ela
era fácil e era isso o que eu queria: Facilidade. Sem batalhas, sem ter que
provar qualquer coisa a qualquer pessoa.

Enquanto isso, flashes explodiam por todos os lados, todos querendo


uma foto da volta de Johnny Collins à vida boêmia. Pedi uma bebida para me
estimular a prosseguir. Depois que o garçom me trouxe um uísque com
energético decidi que era hora de extravasar na pista de dança.

Deanna estava à minha frente também pegando mais uma dose de


Cosmopolitan. Segurei-a por trás, pela cintura e a conduzi até a pista. As
caixas de som do Dj explodiam ao som de Rihana. Ela era bem sensual e
apelativa quando queria conseguir uma presa. Talvez alguém como eu,
pensei. Mas no instante em que saí das costas de Deanna para ficar à sua
frente, dei de cara com ela.

Linda, sensível e acompanhada pelo infeliz advogado Christopher


Johnson.

Seu olhar na minha direção era vago, talvez houvesse dor, mas eu não
estava certo. De imediato abandonei a outra e segui até ela. Mas ao invés de
me cumprimentar Alexis simplesmente deu as costas e me deixou plantado na
pista de dança, antes que eu pudesse lhe dizer qualquer coisa. Mais uma vez
meu mundo caiu.

Bebi todas e mais algumas até pensar que não poderia mais sentir dor.
Quando eu já estava fora de mim convidei Deanna para irmos ao meu
apartamento, um lugar onde poderíamos ficar a sós.

Enquanto estávamos no elevador, ela tentava me atacar de todas as


formas, eu até a correspondi, mas quando entramos em casa foi que a
sensação de que estava tudo errado me invadiu. Tive certeza que não seria ela
a boia que evitaria o meu afogamento, muito menos o extintor que apagaria o
meu incêndio. De um instante para o outro toda a minha excitação se
transformou em frustração, decepção. Me lembrei dos motivos pelos quais eu
correspondi a Deanna no elevador.

Não era a ela que eu via. Não era ela a quem eu beijava. Tudo o que eu
via eram aqueles olhos castanhos claro e cabelos louro cor de mel, num rosto
pálido, com formato de coração, um semblante altruísta. Ela tinha as emoções
tão claras como se fossem palavras saindo pelo seu rosto. Era a garota mais
bonita e também desprotegida que eu já vira até hoje. Era ela que ateava fogo
pelo meu corpo, que me fazia indefeso diante dos seus encantos. Eu estava
desvairado em meio às minhas lembranças quando fui arrancado delas.

Estávamos bêbados, eu não a mandaria embora sem antes tentar me


desvencilhar daquele fantasma que me perseguia. Mesmo que não fosse o
rosto dela que eu via, não queria mais ficar atrelado ao passado tão recente
que teimava em me matar aos poucos... Se fosse necessário, eu esqueceria
Alexis. Se ela não me amava como pensei, não me merecia de fato.

Alexis

Ver Johnny com Deanna praticamente me destruiu na noite anterior,


deitada na minha cama sem o mínimo de vontade de levantar, não sabia mais
como respirar. O ar rarefeito, junto com as declarações de Amber me fazia
sentir ainda mais repulsa daquele que eu tanto amava. Não ousava pronunciar
seu nome, o som daquela palavra me levava mais fundo no poço que Chris
estava tentando me tirar.

Mesmo tendo cometido um erro no passado havia sido mais fácil


perdoá-lo porque eu sabia, lá no fundo eu tinha certeza de que a atitude
infantil e imatura tinha sido fruto do ciúme que o cegou. Eu o conhecia desde
pequeno, era meu melhor amigo e naquele momento, minha única
oportunidade de voltar a ser eu mesma e aos poucos eu estava conseguindo.

Conseguindo até encontrar Johnny com a socialite Deanna Lewis.

Sentei na cama sacudindo a cabeça para fazer com que as imagens das
danças de acasalamento da noite anterior saíssem da minha mente. Embora
elas insistissem em permanecer lá... Quando o telefone finalmente tocou, dei
graças aos céus. Embora não quisesse atendê-lo, sabia que era a distração
necessária para me tirar do estado de letargia no qual eu me encontrava.

– Alô! – disse desanimada. Do outro lado da linha, a voz espevitada de


Abby me lembrava de que a vida continuava

– Alexis! – ela praticamente gritou. – Como você está? Tenho tantas


novidades...

– Sério? – tentei parecer empolgada. – Conta pra mim, quais são?

– Ah! Alexis, você não vai acreditar... É que estou ligeiramente


grávida... E adivinha quem será a madrinha do meu bebê?

– Não faço nem ideia... Ah não... Espera...

– Isso mesmo, você... E não adianta se negar, dizer que não tem tempo,
inventar desculpas. Porque será você amiga... Minha melhor e lindíssima
amiga.

– Abby, eu nem sei o que dizer... É tão de surpresa, tão... Nem sei o
que te dizer a não ser muito obrigada pelo convite. – gaguejei.

– Estarei em Nova York na próxima semana e espero poder te


encontrar.

– Esteja certa de que terei um lindo presente para o meu sobrinho... –


pela primeira vez desde que voltei da ilha, conseguia sentir um pouco de
alegria em meu coração e fui capaz de sorrir verdadeiramente

– Estou realmente feliz por receber esse presente. Obrigada Abby.

– E eu que imaginei as desculpas... Ainda bem que não precisei de


coerção... – ela gargalhou.

A conversa matinal com Abby tinha me feito bem, ganhei um ânimo


extra para levantar e fazer algo mais além de me lamentar e me lembrar da
falta de amor em minha vida. Tomei um banho demorado e lavei os cabelos
vagarosamente, escolhi uma roupa de cores claras enquanto combinava um
almoço no shopping com Chris. Segui para a sala e encontrei meu pai lendo o
jornal do dia, pela expressão em seu rosto o que ele estava lendo
definitivamente não o agradou.

– O que houve pai? – indaguei – porque a cara feia?

– Nada demais, esses jornalistas não têm mesmo o que fazer... – ele o
fechou rapidamente e olhou para mim.

– Isso não explica porque está com essa cara carrancuda. Deixa ver o
jornal – pedi.
– Não acho uma boa ideia Alexis, você sabe como são esses jornalistas.
Completamente débeis e loucos por um tabloide. – ele relutou.

– Pai. – ele me olhou ressabiado –me dá o jornal – estendi a mão. De


contragosto ele o estendeu e me entregou aberto na pagina a qual estava
olhando

“Saia justa leva a modelo Alexis Scott e o empresário Johnny Collins


se encontrarem em noite nova-iorquina. Acompanhados, ela pelo advogado
Christopher Johnson e ele pela socialite Deanna Lewis, mal se falaram.
Fontes seguras informam que Johnny tentou uma aproximação, porém ficou
plantado na pista de dança. A pergunta fica no ar. O que de fato aconteceu
para que as tórridas cenas presenciadas naquela ilha paradisíaca viessem a
se tornar um encontro informal onde Alexis nem ao menos ousou olhar nos
olhos do empresário. Será que o calor do momento apagou com o retorno do
noivo que havia partido? O que interessa no momento é que o
relacionamento que parecia frio e sem graça entre Alexis e Christopher
parece estar indo de vento em polpa, enquanto Johnny Collins está voltando
a sua vida antiga, regada a mulheres e muita bebida. Enquanto dançava com
Deanna, Johnny deixou claro qual seria sua próxima vitima, embora tenha
sido visto no ultimo final de semana acompanhado pela modelo Elisabeth
Montgomery. Parece que o solteiro mais cobiçado de Nova York está de
volta a antiga vida e em breve poderemos saber quem será a nova
escolhida”. Olhei para meu pai que me observava com uma expressão vaga.

– Eu disse que não valia à pena ler... - ele avisou.

– Pai, então ele esta saindo com todas essas mulheres?

– Você deveria ter acreditado quando eu disse que ele não tinha nada...

– Para pai! – Eu o interrompi – Essa reportagem prova mais uma vez


que estou certa e o senhor errado. Ele enganou a todos nós. – caí sentada no
sofá levando a mão ao rosto. – Johnny Collins não me engana mais. Mas
também não posso deixar que ele interfira na minha vida a ponto de me fazer
perder a vontade de viver.
– Filha...

– Não quero ouvir pai, por favor, não insista. – disse me levantando e
pegando a bolsa que estava no sofá num canto da sala.

– Ei, aonde a senhorita pensa que vai?

– Vou ao shopping, combinei de almoçar com Chris. Além do mais


Abby me ligou esta manhã, cheia de novidades. Imagine o senhor que ela está
grávida e fui convidada para ser madrinha do bebê, então decidi que vou
fazer compras, encontrarei Chris por lá e iremos à loja de presentes juntos. E
pai, não sou mais criança. Por favor, não tenta me convencer mais... Não
quero ter que brigar com o senhor mais uma vez. – ele assentiu com a cabeça
e eu saí.

Eu não ficaria mais ali naquela sala para ouvir meu pai defender aquele
manipulador. Depois de ver o que eu vi ontem, se eu ainda tinha alguma
dúvida sobre a personalidade dele, todas elas se desfizeram ao vê-lo pegando
naquela socialite alcoólatra com cara de piranha de quinta categoria. Quando
saí, um táxi já me esperava na porta de casa. Bati a porta com força para não
escutar mais lamentações vindas de meu pai em defesa dele.

Tentei aproveitar o máximo da paisagem de Nova York. Olhar o alto


dos prédios, quando eu conseguia enxergá-los. Ver o vai e vem de gente de
um lado para outro. Imaginei como cada uma delas deveria estar se sentindo
naquele exato momento. Quais seriam os seus problemas, suas aflições.
Imaginei como elas lidariam com problemas parecidos com os meus. Foi
quando um telefonema me arrancou dos meus idealismos.

– Alô – O número era desconhecido.

– Alexis Scott?

– Sim, quem deseja?

– Aqui é da parte da agência de publicidade Ford. Estamos ligando para


você por causa de uma campanha publicitária para uma indústria de
brinquedos.
– Obrigada pela ligação, mas quem resolve todos os meus contratos é o
meu pai, e empresário George Scott. Ele acerta os detalhes e eu compareço
no horário e data marcados. Mas gostaria de adiantar-lhe que não me
interessa nenhuma campanha para indústria de brinquedos. – Ele agora estava
tentando se redimir me chamando para estampar caixas de brinquedos.

– Senhorita, queira desculpar-me a insistência, mas é que encontra-se


conosco o Sr. Collins e ele insiste em trocar algumas palavras com você. –
Ah ele agora queria falar comigo hein? Pois bem, ele ouviria poucas e boas,
não perderia por esperar.

– Pois bem, passe-lhe a ligação. – Eu já estava aborrecida, o motorista


do táxi percebeu isso e me olhou assustado. Talvez estivesse pensando que eu
era alguma descontrolada.

– Perfeitamente senhorita. – A agente publicitária foi muito polida e


passou-lhe a ligação. Quando ouvi que outra pessoa iria falar disparei.

– Escute aqui seu playboy de meia tigela, seu manipulador covarde,


você não precisa... – Parei quando do outro lado da linha o Sr. Collins
desculpava-se por não ser Johnny.

– Alexis me desculpe, eu não quis atrapalhar, mas é que eu realmente...


– eu tive que interrompê-lo

– Oh Sr. Collins, desculpe minha grosseria, mas é que eu pensava que


era... – ele agora me cortou.

– Não se preocupe querida, eu sou capaz de entendê-la. Mas eu não


quero falar com você sobre isso a não ser que você queira. Na verdade eu
estou ligando por conta do projeto das Alexis. É um projeto muito bonito, que
me agrada bastante. No começo achei que poderíamos colocar nelas o rosto
de outra modelo, mas depois vi que perderia a originalidade, a magia da
coisa.

– Eu me lembro desse projeto, as bonecas levavam o meu rosto. Mas


entenda Sr. Collins, eu não posso... O projeto... É um trabalho dele e
realmente não quero nenhuma proximidade.
– Sim, claro Alexis, eu entendo. Mas quanto a isso esteja tranquila,
Johnny não se intrometerá nessa negociação. Este foi um pedido dele. De
agora em diante eu estarei à frente de todo o projeto e você se aceitar a minha
proposta terá a minha palavra de que ele não intervirá em nada. Poderá tratar
de todos os detalhes diretamente comigo filha.

– Bem Sr. Collins, não posso negar que seja algo tentador, mas fico em
dúvida se devo. Seria muita proximidade com aquilo que eu não quero nem
lembrar.

– Alexis, já te disse, tem a minha palavra que ele não intervirá

– Não posso negar um pedido de um industrial tão íntegro quanto o


senhor, então acerte com meu pai os detalhes e agende um horário para que
eu compareça para assinar os contratos. Eu tenho apenas uma exigência.
Johnny não deverá estar presente nas negociações.

– Tudo bem filha, como quiser. Ainda hoje terá notícias sobre as
negociações. Até mais.

– Até mais. Sr. Collins e obrigada pelo convite.

– Não há de que. Nos veremos em breve. – no mesmo instante em que


encerramos a conversa o taxi estacionou em frente ao shopping no Pier17, lá
eu poderia comprar tudo que eu precisava e ainda ter um almoço ao ar livre
com Chris, livre das perseguições dos paparazzi.

Sai do carro e respirei o ar puro com um leve cheiro de maresia, fui


diretamente para as lojas de bebês... Eram tantas roupas lindas que nem soube
o que comprar então, mesmo sabendo como Abby era compulsiva por
compras me dei os direitos de madrinha e comprei algumas peças para o bebê
que estava por vir. Diverti-me com aquela ideia de ser mãe. Embora o filho
não fosse meu, é claro.

As vendedoras da loja me reconheceram e pediram autógrafos, fotos...


Era muito estranho ainda e mesmo depois de tanto tempo ser reconhecida e
requisitada. Era difícil me acostumar com o fato das pessoas me admirarem
não só pelas campanhas para marcas famosas, mas também pelas ações
sociais que eu fazia questão de participar, conversávamos sobre a ultima que
se referia à violência domestica contra mulheres e crianças. Percebi quando
pasmas, elas olharam para a direção da porta, virei-me instantaneamente e me
deparei com a figura masculina que me olhava num misto de surpresa e
frieza...

– Desde quando você está grávida?


Capítulo 2

Alexis

– E desde quando isso é da sua conta? - indaguei seria.

– Desde quando? Desde o momento em que eu posso ser o pai do seu


filho... Até quando pretendia esconder essa informação de mim? - Johnny
perguntou ainda parado na porta da loja com as mãos na cintura e o olhar
inquisidor. As vendedoras se entreolharam e permaneceram mudas.

– Acho que está havendo um mal entendido, eu não estou grávida... –


justifiquei rapidamente antes que aquilo tudo virasse um espetáculo circense.

– E o que faz aqui? Comprando roupas de bebê? A quem você está


querendo enganar Alexis? Acho mesmo que devemos conversar sobre isso.

– Não temos não, eu já disse e reafirmo, não estou grávida... – ele


caminhou na minha direção e dirigiu um olhar doce para as duas mulheres
ainda boquiabertas – com a sua licença senhoritas, acredito que devo levar
essa jovem para um lugar mais reservado – ele me segurou pelo braço.

– Solte-me – me desvencilhei rapidamente.

– O que você pretende? – ele murmurou ríspido – que eu te arraste pelo


meio das pessoas gritando que você está grávida e está me negando o direito
de saber se sou o pai? – sua mandíbula estava retesada. – o que irão pensar de
você?

– Pare de me chantagear e quantas vezes mais terei que dizer a você


que não estou grávida? Uma mula teimosa e um garanhão incurável... Eu é
que pergunto o que um empresário solteiro e cotado está fazendo no
Shopping à uma hora dessas da manhã? Não tem mais o que fazer? –
Murmurei no mesmo tom - deixe-me em paz Johnny Collins.
– Eu vim ver um cliente a pedido do meu pai quando a vi nessa loja,
mas isso não vem ao caso... Você vem ou vou ter que tomar uma atitude mais
drástica? – ele insistiu. Olhei para as mulheres que ainda estavam estáticas,
acenei com a cabeça tentando passar-lhes a certeza de que estava tudo bem.
Mas, quanto a isso, nem eu mesma tinha certeza.

– Volto mais tarde para pegar as coisas que separei, me deem um


momento para que eu possa esclarecer esse mal entendido com esse
cavalheiro – fui irônica – quanto a você, espero ter que explicar apenas uma
vez e que depois disso, não interfira mais na minha vida – eu quase supliquei.

– Vai depender do que você me disser – seu rosto estava muito


próximo do meu, o calor que o corpo dele emanava me envolvia e adormecia
meus sentidos, eu precisava manter o controle sobre minhas emoções ou
então me veria envolta na sua teia mais uma vez. Era perceptível que ele
tinha a exata noção do quanto sua presença me afetava.

Segui na frente saindo da loja com passos fortes tentando recobrar os


meus sentidos que estavam completamente fora de si. Ele era tão bonito que
nem parecia ser humano, não era de se admirar que suas presas se
mantivessem cativas a ele de um jeito enigmático. As mulheres que o
cercavam praticamente se jogavam aos seus pés. Como se fossem sãs
submissas. Elas o olhavam como os antigos admiravam seus deuses,
praticamente devotas. Quem podia julgá-las? Eu mesma estava ali, prestes a
enlouquecer por tentar resistir ao magnetismo que nos aproximava.

Para minha sorte, naquela hora da manhã o shopping ainda estava


vazio, assim eu podia parar num lugar discreto e esclarecer de uma vez por
todas o que estava acontecendo. Entramos por uma das alamedas as quais
davam acesso ao píer. Parei abruptamente e olhei para ele tentando me focar
somente na mágoa que ele havia implantado em meu coração – o que você
quer afinal Johnny? Que cena foi aquela na loja?

– Como assim o que eu quero? Vejo você num shopping, numa loja de
roupas para bebês pouco tempo depois de termos voltado de uma ilha deserta
e não tenho o direito de saber se sou o pai do seu filho? Caso não se lembre,
fomos inconsequentes naquela ilha, transamos sem camisinha o que quer
dizer que eu tenho cinquenta por cento de chances de ser o pai do filho que
você espera...

– E desde quando eu só poderia fazer compras se o filho for meu? Por


acaso passou pela sua cabeça que posso estar querendo dar um presente a
alguém?

– E que amiga poderia te fazer vir ao shopping comprar roupas de


bebê? Conheci você muito bem para saber que não se daria a esse trabalho.

– A Abby... – suspirei - Ah! A Abby está grávida e me convidou para


ser a madrinha do filho que ela espera – passei a mão na testa – olha, o que
irei pedir é muito simples. Para de interferir na minha vida.

– Abby? – ele gargalhou nervoso – não acredito – ele parecia descrente.

– Acredite Sr. Collins, minha amiga está grávida e voltando a Nova


York na próxima semana. Se quiser, pode tirar a prova. Agora, se não se
importa... Voltarei ao que eu estava fazendo - continuei mantendo a mascara
que pusera anteriormente.

– Alexis... – ele chamou sem se virar – preciso saber como está você?

– Isso é algum tipo de brincadeira? Como eu poderia estar sabendo que


fui usada? Sabe? É muito mais doloroso pensar que acreditei em cada palavra
do que você me disse. Você me fez sentir especial sem pensar nas
consequências dos seus atos...

– Mas eu não tive culpa... – ele tentou se defender em vão.

– E de quem foi à culpa então? - gritei nervosa deixando extravasar


minha fúria. – pare de tentar me convencer de algo tão obvio, para de tentar
me fazer de boba. Johnny... Deixe-me em paz, por favor. - ele se virou e me
olhou dentro dos olhos. Seu olhar era tão intenso e profundo que por um
instante me perdi dentro daquele espelho negro que me tragava como se
quisesse me devorar.
– Alexis, se ao menos você me ouvisse. Saberia que não fui o
culpado... Eu ainda quero te provar que não menti em nada do que te disse. -
ele me segurou pelos dois braços se aproximando um pouco mais. – eu fui
verdadeiro com você...

– Johnny eu... – ele aproximou seus lábios dos meus e os selou com um
beijo suave e gentil. Parando por um instante, me olhou novamente. O hálito
doce e a respiração alterada me fizeram entrar numa espécie de transe.
Quando ele outra vez colou sua boca na minha e passou um dos seus braços
pela minha cintura e o outro segurando pelas costas trazendo-me para mais
perto.

Toda noção de certo e errado esvaíram-se da minha mente naquele


exato momento. Eu não sabia se o céu estava azul ou se era rosa. Para mim,
tudo que importava era aquele momento em que nossas línguas se cruzavam
numa dança de prazer e uma centena de sentimentos conturbados. Ele me
apertou trazendo-me para mais perto, passei meus braços ao redor do seu
pescoço acariciando sua nuca e amarrando seus cabelos em meus dedos. O
beijo se aprofundou como se as saudades e a paixão se unissem como um só.

Foi então que me lembrei de quem estava ali, como eu podia estar me
entregando tão facilmente ao homem que havia me enganado. Vagarosamente
soltei seu cabelo e me afastei, ele me olhou confuso e um pouco perdido –
desculpe-me Johnny... Não vou cair nos seus jogos mais uma vez.

– Eu não estou jogando com você Alexis. – por mais que suas palavras
parecessem sinceras, eu não conseguia acreditar nelas. Também não podia
deixá-lo crer que tinha me vencido naquele momento de fraqueza.

– Me diga Johnny, como você se sentiria se eu dissesse nesse momento


que esse beijo não passou de uma distração. Algo que aconteceu ao acaso no
intuito de manter preso a mim.

– Eu não acreditaria, sei que você nunca faria isso... Eu sei que me
ama, a forma como me beijou provou isso... - ele respondeu.

– Será que você tem tanta certeza assim do que eu sinto por você? Eu
nunca disse que o amava.

– Não sou tolo Alexis, sei quando uma mulher me deseja.

– Ou então esteja tão acostumado a ter todas e descartá-las tão


facilmente que acaba se julgando esperto sem ser. Esse beijo não significou
nada para mim.

– Não mesmo? Será que não significou nada mesmo? – ele indagou se
aproximando mais uma vez.

– Nunca mais se aproxime de mim. – ordenei. – ou então terei que


tomar outras providências. - eu disse antes de sair e deixá-lo ali prostrado
sem reação. Talvez com aquela mentira eu pudesse finalmente me livrar do
fantasma que aquele amor que me consumia havia se tornado.

O encontro com Chris transcorreu rapidamente, passei na loja para


comprar as roupas que havia separado um pouco mais cedo e não falei nada
sobre o que havia acontecido com ele. Mesmo que fossemos apenas amigos,
eu sabia que Christopher queria me proteger e não queria que aquela
conversa se estendesse, tudo o que eu queria era esquecer.

[...]

À noite, em casa, George me contou que Aaron havia telefonado para


falar das clausulas do contrato e prometendo que Johnny não interferiria em
nada. Conforme havíamos conversado um pouco mais cedo. Ele marcou para
que eu comparecesse dali a dois dias, que seria a quarta feira, às nove da
manhã para assinarmos o contrato para uso da imagem e também para os
comerciais.

[...]

Como era de praxe, me atrasei na saída de casa deixando George


aborrecido, ele me deixaria nas indústrias Collins e iria até o centro da cidade
buscar as peças da ultima coleção de jeans da Garbage Rock, assim eu
poderia decidir se participaria ou não da próxima campanha.
Chris não concordou a principio que eu estivesse sozinha com os
Collins, mas diante da minha afirmativa de que Johnny não participaria da
reunião e que George já havia visto o contrato previamente, ele relaxou. Não
antes de deixar claro que passaria para me buscar. Cheguei às indústrias
Collins as nove e trinta e Aaron, um homem tão bonito quanto o filho, me
recebeu de uma maneira doce e gentil.

– Alexis, minha querida – disse recebendo-me com os braços abertos.

– Aaron, que bom ser você a estar aqui – abracei-o em retorno.

– Foi o seu pedido não foi? Que fosse eu a estar aqui?

– Sim – respondi timidamente – pedi.

– Alexis, sente-se aqui – ele me conduziu a um pequeno sofá no canto


da sua sala amplamente decorada. No lado esquerdo havia um bar com
poucas bebidas e uma mesa de canto com xícaras e algumas garrafas
térmicas, a janela de vidro era enorme, dali dava para ver o tapete de gente
que passava pelo centro de Nova York todos os dias. O céu estava azul e sem
nuvens. – como tem passado? – ele perguntou.

– Bem... Mas acredito que não poderei me demorar aqui, Christopher


virá me buscar logo então... Meu pai me deixou ciente das normas do seu
contrato e ele deve ter falado também quais as minhas exigências.

– Sim, não iremos nos demorar... Ele me falou da sua única exigência
que é não ter que tratar com o meu filho, mas Alexis, ele desenvolveu um
projeto tão lindo e inspirado em você... Johnny a ama de todo coração. –
respirei fundo para conter a as lagrimas que molharam meu rosto.

– Desculpe-me, Johnny é seu filho e eu não vou discutir com você o


que acho sobre a personalidade dele.

– Está bem, vamos ao que interessa então... Só espero que mude de


ideia antes de perdê-lo completamente – ele deu-se por vencido.

Embora seu olhar me dissesse que ele não estava feliz com a minha
decisão. Aaron era um homem muito gentil e cheio de amor. Era evidente que
mentiria pelo filho se isso pudesse melhorar nossa relação. Seguimos para
uma sala ampla onde uma mesa enorme estava situada bem no centro. Lá
estavam Patrick e Dean, eles falaram sobre os tópicos como uso de imagem,
propaganda e cachê. Dean me olhava de forma zombeteira, como se quisesse
me dizer algo. Patrick se mantinha concentrado na reunião. Em determinado
momento, ficamos em silêncio para que pudesse assinar o contrato. Aaron
havia saído um pouco antes para atender um telefonema importante
deixando-me a sós com os filhos. Olhei-os com carinho, de fato, eu havia
gostado deles desde a primeira vez que saímos juntos.

– Alexis, será que poderíamos conversar um pouco? – Pat perguntou


timidamente.

– Claro, fale! – pedi.

– Trata-se do Johnny, ele não pôde estar aqui hoje por uma exigência
sua, mas quero que saiba que tudo isso aqui foi ideia dele. Ele elaborou o
protótipo, ficou muito tempo fazendo com que tudo ficasse exatamente como
você queria. Olhando para a boneca, veremos sua miniatura. – sorri.

– Onde está querendo chegar Patrick?

– Ao ponto onde direi Que você não está sendo justa com nosso
irmão... – Dean interrompeu.

– Como assim? – respirei fundo levantando-me da cadeira, Patrick


levantou as mãos em sinal de paz e Dean continuou.

– Johnny não teve nada a ver com o que houve, foi àquela anã da
Amber que inventou essa historia toda. Principalmente depois que nosso
irmão contou que vocês estavam saindo escondido e...

– Espera – interrompi – ele contou a Amber? Era para ser algo entre ele
e eu – Patrick fulminou Dean com os olhos.

– Ele não podia ter feito isso sem antes me consultar.


– Ele só queria que vocês pudessem conversar em paz naquele dia em
que foram sequestrados, ela indicou o restaurante.

– Eu não posso acreditar no que estou ouvindo, e assim ele me levou


para aquela ilha? Bela forma de conversar comigo. Por favor, não quero mais
saber desse assunto, cada vez que alguém abre a boca aparecem novas
informações que me fazem ficar ainda mais irritada. – disse me aproximando
da porta abrindo-a rapidamente. Patrick fez menção de vir até mim

– Alexis...

– Fique ai – ordenei – eu sei perfeitamente onde fica o caminho da


saída.

Sai fechando a porta atrás de mim, segui pelos amplos corredores ainda
vazios, esperando o inicio das atividades vespertinas. Parei de frente para o
elevador e apertei o sinal para descer, eu queria sair dali o mais rápido
possível. Não tinha visto Johnny desde o dia em que ele e Christopher
brigaram. Questionei-me sobre como ele estaria agora. Foi quando aquela
imagem me atingiu. Eu não estava preparada para a surpresa que se
professou. Johnny estava lá, imponente e lindo... Como sempre fora e como
sempre seria.

– O que está fazendo aqui? – perguntei quando as portas do elevador se


abriram, percebi seus olhos estupefatos e logo em seguida furiosos com a
minha presença.

– Eu trabalho aqui. E você? O que você, faz aqui? – perguntou irônico


– Veio me ver? – As palavras se arrastavam em câmera lenta pela minha
cabeça. Aquela voz musical me envolvia e tinha de fazer um enorme esforço
para me manter focada e não correr para beijá-lo. Eu sinceramente não
entendia como eu podia odiá-lo e querê-lo tanto ao mesmo tempo.

– Te ver? Por que eu o faria? Depois de me manter cativa naquela ilha


para obter algumas noites de sexo selvagem eu não poderia mais querê-lo.
Sua atitude foi no mínimo imperdoável – eu disse ressentida.

– Você está enganada Alexis, eu não fui responsável pelo que


aconteceu. Quantas pessoas mais terão que dizer isso a você? – sua voz se
tornou mais quente.

– Seu pai e seus irmãos o ajudaram na sua farsa, mas eu não vou me
deixar levar pelo que me dizem os outros. Acredito no que vi, aquelas
palavras foram muito verdadeiras quando se tratavam em afirmar que você
estava acostumado a levar suas amantes a ilhas paradisíacas. Já chega
Johnny, deixe-me passar, estamos retendo o elevador com essa conversa
inútil, você não vai me convencer do contrário...

– Francamente você ainda acredita que quero te convencer do


contrário? Posso ter a mulher que eu quiser Alexis, não preciso de fato ser
exclusividade sua... – aquela afirmação me cortou como uma lamina afiada,
exclusividade? Então ele estava mesmo saindo com todas aquelas mulheres.

– Com que rapidez o amor que sentia foi banido do seu peito... Então
não estou certa em afirmar que você foi um biltre?

– Não... – seus olhos me queimaram tamanha era a fúria que os


envolvia – Eu não sou um homem vil, você não pode me acusar de nada, não
tem provas.

– Pare de manipular os outros para que me convençam de que é


inocente, é obvio que o farão porque o amam... Você faz parte do meu
passado agora. Não quero nenhuma lembrança que me ligue a você ou ao que
quer que seja que você represente.

– Eu posso imaginar... – ele também parecia ressentido – pude ver a


rapidez com a qual se reconciliou com seu ex-noivo.

– Deixe-me passar Johnny, está na frente do elevador, impedindo que


eu entre. – ele saiu da frente com a cólera estampada em seu olhar, não era
um olhar qualquer. Era desejo que eu podia ver imprimido neles. Ele fez um
sinal com as mãos para que eu entrasse no elevador mantendo as portas
abertas

– Passe, não a manterei presa, em lugar algum contra a sua vontade.


– Obrigada e adeus – eu disse entrando no elevador, no entanto as
portas não chegaram a se fechar quando o vi impedi-la de fazê-lo.

– O que você quer agora? – perguntei impaciente, enquanto ele entrou


no mesmo elevador que eu e apertou o botão de emergência, fazendo com
que o mesmo parasse.

– O que está fazendo?

– Cala a boca, porque agora você vai me ouvir sem a presença daquele
seu ex-noivo intrometido.

Johnny.

Eu odiava a ideia de tratá-la como se a odiasse quando eu na verdade a


amava, Alexis era minha vida. Ela possuía meu coração. Ela sequer podia
imaginar que desde nossa separação eu passava minhas noites insone,
imaginando como estaria seu coração. Se o maldito ex, atual noivo... Ou o
que quer que ele fosse, estava dormindo com ela, em sua cama. Não queria
imaginar. Aquela cena nublava minha mente deixando-me cego de ciúmes.
Eu precisava mostrar a ela que o beijo que trocamos alguns dias atrás
significou muito mais do que ela supunha... Ou da falsa mensagem que tentou
me passar.

– Eu não quero conversar Johnny, muito menos brigar – ela berrou.

– Não quero brigar, quero que me ouça... – eu quase supliquei. Fazia


dias que não a via sozinha, fora isso, não podia me aproximar e tinha que me
contentar em vê-la de longe, pelas noticias dos jornais, sempre acompanhada
pelo advogado de meia tigela.

– O que? O que você pode ter para me dizer que eu já não saiba? Eu
soube que contou a Amber sobre nós no dia em que supostamente fomos
sequestrados. Que tipo de quadrilha vocês são?
– Do que você está falando? Isso é absurdo...

– Absurdo é você acreditar que ainda pode me fazer de idiota. Johnny


Collins deixe-me sair desse elevador, agora. – ela disse autoritária – Se pensa
que irá me convencer a deitar na sua cama está redondamente enganado.

– Eu não preciso que deite na minha cama – eu disse me aproximando.


Ela se colou na parede do elevador com os olhos faiscando de raiva. – Como
eu te disse antes e não faço nenhum segredo disso, posso ter a mulher que eu
quiser, no momento em que eu quiser... Você não acha provocativo vir ao
prédio onde eu trabalho com essa roupa? Será que inconscientemente você
não queria me encontrar? Talvez só para se provar que pode ficar longe de
mim embora seja evidente que não consegue? Acha mesmo que acreditei nas
suas palavras no píer?

– Do... Do que você está falando? – ela gaguejou. Eu estava muito


próximo, meu rosto estava praticamente colado ao dela, eu podia sentir sua
respiração... O calor do seu corpo... Era praticamente audível o seu coração
acelerado, a respiração ofegante...

– Que você sabia que iria me encontrar mais cedo ou mais tarde –
imprensei-a na parede de aço colando meu corpo ao dela, então pude sentir o
aumento da sua respiração. O peito subia e descia freneticamente... Eu sabia
que ela me queria tanto quanto eu a ela.

– Solte-me, deixe-me sair daqui... – ela pediu num fio de voz. – o que
está querendo provar? – sua voz estava trêmula.

– Não posso te deixar ir, não antes de te provar que me deseja... Seu
cheiro me diz que você me quer...

– Eu não o desejo, não quero que me toque – ela gemeu quando minha
mão tocou sua coxa debaixo do vestido preto e curto que se ajustava
perfeitamente ao seu corpo, as alças finas pareciam tão frágeis que poderiam
quebrar num simples puxão. Foi exatamente o que eu fiz, arranquei-a com
força despedaçando aquilo que me atrapalhava de alcançar meu objetivo. O
decote pouco ousado escondia os seios que eu já conhecia tão bem.
– Deseja sim – aproximei minha boca do seu pescoço, vi sua pele
arrepiar e um tremor percorreu meu corpo por completo.

– Não... Johnny, por favor. – ela suplicou. Encostei ainda mais meu
corpo ao seu colocando minhas pernas entre as dela... Deixei que ela
percebesse o volume da minha ereção.

– Eu te quero Alexis, aqui... Agora. Pare de lutar contra aquilo que nós
dois sabemos que queremos... – suspendi sua saia levantando-a até a altura da
cintura, passei minha mão pelo seu abdômen e a senti languida entre meu
corpo e as paredes do elevador.

– Não Johnny... Eu não quero... – sua voz era um leve sussurro. Eu


sabia que ela me queria, tinha consciência do seu sentimento, embora
Christopher a estivesse manipulando, nada poderia apagar o que sentíamos.
Eu não podia me enganar tanto... Eu a amava e sabia que ela também sentia o
mesmo por mim.

– Alexis – murmurei passando os dedos pelo elástico da minúscula


calcinha. Outro gemido abafado ficou preso na sua garganta. Desci minha
mão para dentro da pequena peça intima da mesma cor que a roupa, toquei
sua parte mais íntima e ela deu um gemido rouco um pouco mais alto. Senti
seu desejo molhando a minha mão quando acariciei seu sexo no ponto mais
sensível... Ela me queria. Arranquei-lhe a calcinha rasgando-lhe a costura de
qualquer jeito.

– Você é tão linda... Tão deliciosa... – tomei-lhe os lábios num beijo


intenso e fervoroso. Eu podia sentir o calor dentro do meu corpo implorando
para que eu a possuísse naquele momento.

Mas, antes de tomá-la mais uma vez, eu queria fazê-la sofrer... Queria
que sentisse minha falta. Ela não parecia se opor, enquanto uma mão tocava
seu sexo, com a outra desci a parte de cima do vestido fazendo com que
aquela minúscula peça caísse exibindo seus belos seios. Apalpei-os
gentilmente enquanto minha boca ainda se mantinha colada na dela. Nossas
línguas se entrelaçavam freneticamente numa dança sensual e voluptuosa. Ela
gemia enquanto eu a massageava delicadamente.
Soltei-a por um breve momento para retirar meu paletó, a essa altura
não cabia mais voltar atrás. Não me importando com o transtorno que
causaria um elevador parado na empresa em pleno horário de pico. Tomei-lhe
o rosto entre as mãos e suguei seus lábios com sede, eles voltariam a ser
meus... Deixei que suas mãos trêmulas retirassem minha camisa de dentro da
calça e acariciassem minhas costas. Seu toque febril me fez sentir como se
uma corrente elétrica tivesse me dado um choque. Ela abriu minha camisa
violentamente fazendo com que os botões se soltassem e caíssem espalhados
pelo chão. Desci minhas mãos pelas suas costas e apalpei seus glúteos
trazendo-a para mais perto de mim...

– Johnny... – ela murmurou meu nome mais uma vez.

– Implore Alexis, implore para que eu a tome agora.

– Não... Não farei isso. – Então levei minha mão de volta até seu
clitóris e a penetrei com dois dedos. Ela se contorcia enquanto mantinha a
boca colada a minha. Ela deslizou para o cinto e o abriu rapidamente
colocando a mão direita dentro da minha calça tocando meu membro duro e
cheio de tesão.

– Implore Alexis, agora – apertei-a mais contra a parede e movimentei


mais rapidamente meus dedos dentro dela. Ela gemia e gritava apertando meu
sexo e com a outra mão cravando as unhas no meu quadril. Era uma sensação
maravilhosa tê-la ali, tão minha... Tão felina. Ela iria implorar, iria pedir para
que eu a possuísse.

Afastei-me do seu corpo, ela tinha olhos febris... Intensos. Aproximei-


me novamente, mas dessa vez deslizei os lábios pelo seu pescoço, ombros,
descansei minha língua nos seus seios massageando os mamilos com o
polegar. Fui descendo seu vestido até que caísse pelas suas pernas. Beijei-lhe
o abdômen e desci meus lábios até poder sentir o calor entre suas pernas,
acariciei seu ponto mais sensível com a língua introduzindo-a. fazendo amor
com a minha boca enquanto minhas mãos apertavam suas coxas. Ela gritou
alto no instante em que minha língua se moveu dentro dela impacientemente

– Por favor, Johnny... Pare... – por um instante eu parei. Logo em


seguida voltei a me mover dentro dela... – Por favor... Faça amor comigo... –
ela implorou.

Aquele era o meu momento, levantei-me rapidamente e a puxei para


mim, segurei suas pernas prendendo-a novamente entre mim e a parede.
Atrelei suas pernas em meus quadris permitindo que se amoldasse ao meu
corpo, deixei que minhas calças caíssem no chão e retirei meu órgão e a
penetrei rapidamente, eu podia sentir seu calor, meu membro se acomodando
dentro dela. Se movimentando rapidamente enquanto seus sons guturais me
faziam ficar cada vez mais louco...

Meus sentidos estavam completamente ensandecidos e meu corpo


parecia querer explodir a qualquer momento.

Mas, foi só ouvi-la sussurrar meu nome no ápice do seu prazer que
deixei meu corpo dar vazão a onda de prazer que me invadiu... – Alexis!!!! –
senti meu liquido derramar dentro dela, percebi que mais uma vez suas unhas
estavam cravadas em meus braços marcando-os tamanha era a violência da
atração que sentíamos. No entanto, havia muito mais do que atração... Eu a
amava. Eu faria de tudo para que ela voltasse a ser minha.

Olhei bem fundo nos olhos turvos, nublados pelo prazer que
acabáramos de sentir... Eu queria dizer que a amava, que todos aqueles dias
longe dela foram como se eu estivesse morto. Era como se eu fosse um
vampiro sedento de sangue... Eu precisava do seu calor, seu cheiro e
principalmente... Do seu amor.

Deixei que suas pernas caíssem no chão, ela parecia estar acordando de
um transe qualquer. A expressão de horror que se formou no seu rosto foi
ainda mais doloroso. Ela levou as mãos aos cabelos em completo desalinho...
Seus olhos me encararam enquanto as mãos buscavam se recompor... –
Johnny, o que você fez comigo?
Capítulo 3

Johnny

Suas roupas estavam jogadas no chão, a calcinha era apenas um pedaço


de pano rasgado tal qual a minha camisa. O vestido jogado no canto e o
cabelo completamente disforme. Seus lábios estavam vermelhos e inchados
bem como sua maquiagem completamente borrada.

Mesmo assim, completamente despida e desarrumada ela era linda.


Peguei minha camisa que estava jogada no chão e vesti mesmo sem os botões
para fechá-la, eu a havia marcado. Tinha deixado no seu pescoço a marca que
a faria lembrar que me pertencia. Ela catava as roupas vestindo-se ainda com
o corpo fraco tamanho havia sido a intensidade do seu orgasmo.

– Você não tinha o direito de me atacar assim... – vi seus olhos


lacrimejarem. – Como eu vou sair daqui agora? Você é louco, alienado, usou
drogas ou o quê?– ela tentava se recompor dentro do vestido de alças
rasgadas.

– Eu não te ataquei, se me lembro bem você fez parte de tudo.


Principalmente quando rasgou minha camisa. – seu rosto ficou rubro
enquanto a ira a dominava. Ainda tentando se alinhar ela calçou os sapatos

– Deixe-me ajudá-la – ofereci. Pelo estado das suas roupas ela não teria
como sair dali sem chamar a atenção dos que estivessem no saguão da
entrada. Eu poderia ter sentido um pouco de culpa por ter agido de maneira
tão despropositada e inconsequente, eu sabia que se quisesse seu amor de
volta não o ganharia tomando-a a força. Mas saber que estava sendo julgado
sem ser culpado me deixava em completo desatino, eu perdia completamente
a noção do certo e do errado e francamente eu sabia. O que eu havia acabado
de fazer, era muito errado.
– Afaste-se de mim... Não me toque nunca mais... – ela gritou com o
dedo em riste apontando-o para mim. – Não me toque.

– Quando você fala assim, fica parecendo que tenho algum tipo de
doença contagiosa.

– Não se trata de doença, e sim de você. Você só me faz mal e eu só


não quero que você se aproxime... – algumas lágrimas brotaram nos seus
olhos. – Agora que já conseguiu o que queria, pode me deixar... – algo dentro
de mim me transformou num animal raivoso novamente. O que ela achava
que tinha acabado de acontecer?

– Do que você está falando?

– Você queria sexo? Já teve... Agora pode cantar a vitória para seus
irmãos... – ela estava convulsa, agitada e arrependimento fulgurava em seus
olhos. – Pode dizer que conseguiu o que queria. – Ela me acusou em tom de
revolta.

Alexis

Depois das minhas ultimas palavras, a expressão antes aparentemente


tranquila que ele apresentava se modificou.

– Você ainda acha que tudo o que eu queria era sexo? – eu fiz um sinal
positivo com a cabeça e a indignação em sua expressão era clara e notória.
Ele aproximou-se novamente vendo que dessa vez eu me afastei tão
abruptamente que quase caí no chão. – Você não sabe nada de mim. Olhe
para mim Alexis – ele segurou meu rosto entre as palmas das mãos, sem me
machucar, forçando-me a olhá-lo – Posso ter a mulher que eu quiser Alexis
Scott, e ‘Sexo’... – ele frisou bem, cuspindo as ultimas palavras – Eu posso
ter com qualquer uma. Assim como te possuí aqui, eu poderia ter feito isso
com qualquer outra.
– Por quem me toma? Uma das mulheres que você exibe por ai? Acha
mesmo que sou uma daquelas que se vendem pelo seu bolso e seu rostinho
bonito? Não sei como pude acreditar que você era diferente dos outros. –
contive o choro que queria brotar insistentemente.

– Eu pensei que eu era um alvo fácil por ser altamente bonito e


atraente. Não foi o que você me disse? Você realmente precisa aprender
muito sobre a vida e sobre os homens.

– Não preciso não, você foi capaz de me ensinar o quão longe um


homem seria capaz de ir por uma transa.

– Alexis! – ele disse o meu nome inteiro por entre dentes com seus
olhos penetrando a minha pele, àquilo era estranho e me doía o coração –
Você não acha que está se supervalorizando? - Ele sorriu, mas não havia
brilho em seus olhos. – Uma ilha? Se usasse um pouco da inteligência,
saberia que eu nunca machucaria o meu rosto por uma transa que aconteceria
cedo ou tarde, em qualquer lugar, como fizemos aqui no elevador. – ele foi
jocoso. Aquelas palavras me feriram e humilharam de tal maneira que eu
jamais imaginei que pudesse acontecer. Eu o amava, mas diante dos últimos
fatos, não sabia mais se poderia fazê-lo.

– Palavras Johnny. Veja você já teve o que queria então se dê por


satisfeito e deixe, por favor, o elevador seguir. Eu quero sair logo daqui. –
minha voz estava trêmula, meu coração despedaçado. Como eu pude de fato
acreditar que ele poderia me fazer feliz? Como eu pude amá-lo? – Só isso. –
conclui.

– Perfeitamente senhorita Scott – ele disse apertando novamente o


botão de emergência. Foi quando sentimos o elevador dar um solavanco.

– Para cima ou para baixo? – ele ainda estava sendo irônico.

– Para o térreo... – respondi seca, sem olhá-lo enquanto ainda tentava


colocar minhas roupas e minha cabeça em ordem.

– Pois não – ele arrumou a camisa sem botões dentro das calças e
fechou o paletó colocando as mãos nos bolsos. A porta se abriu no térreo e
Chris me esperava na recepção. A expressão de Johnny se mortificou. O que
significava aquele olhar vazio?

Ao se deparar comigo em completo desalinho, Chris me olhou


demoradamente com a expressão severa enquanto Johnny mudou a sua para
uma zombeteira. Meu vestido estava amassado, com as alças rasgadas, no
meu rosto o batom havia sido espalhado pelos lábios de Johnny que também
estava em totalmente bagunçado com um sorriso torto estampado no rosto.

Apesar de Chris nos olhar de um jeito indecifrável, ele caminhou na


minha direção silenciosamente retirando o paletó para me cobrir quando viu o
estado da minha roupa e notou Johnny se afastando de mim. Seu olhar não
era de repreensão, ele obviamente imaginava o que acabara de acontecer. Saí
do elevador completamente atordoada, percebi que Christopher me envolvia a
cintura com o braço, cobrindo-me, sem fazer nenhuma pergunta, foi quando
Johnny se virou para mim e disse.

– Muito obrigado por me lembrar o quanto você é boa no que faz. Foi
momentâneo... Mas, valeu à pena. Espero poder repetir tudo isso em breve...

Os braços de Chris se retesaram em torno de mim, eu pude ver pela


testa enrugada e o olhar raivoso que o próximo passo seria desastroso, tentei
segurá-lo pela camisa, mas foi em vão. Com uma força sobre humana
Christopher voou para cima de Johnny que se defendeu do soco que ele
deferiu. Na minha mão, apenas um pedaço da roupa de Chris.

– Parem – gritei desesperada – Alguém ajude, por favor. – supliquei.


Eles brigavam ferozmente, como dois animais pela disputa da fêmea. Eu
sabia que ali havia muita mágoa e ressentimento. Não era só pelo fato de
Johnny ter provocado. Chris estava se vingando, no entanto, naquela luta. Os
dois sairiam feridos. E eu, bem mais que eles. Dúvidas mil passavam pela
minha mente enquanto os dois trogloditas se digladiavam numa luta sem
sentido.

Johnny levou um soco no abdômen e devolveu com a mesma força no


rosto de Chris fazendo com que o sangue escorresse pela sua boca.
Rapidamente Christopher se recompôs e lançou o punho contra o nariz de
Johnny que percebeu gotas vermelhas caírem na sua camisa branca. Ouvi
passos correndo na direção deles, tentei segurar Chris pela camisa, mas a sua
fúria era tamanha que ele nem ao menos percebeu quando me empurrou para
longe.

Dois homens enormes, que deveriam ser os seguranças das indústrias


Collins se aproximaram e os seguraram, afastando-os. Eles relutavam e se
chutavam quando entrei na frente de Chris para trazê-lo de volta a realidade.
Ele me olhou de um jeito estranho, como se a raiva que sentia o impedisse de
me reconhecer.

– Chris, pare, por favor... Olhe para mim, por favor, vamos embora.

– Nunca mais se encoste a ela – ele disse apontando na direção de


Johnny – ou eu não o deixarei de pé.

– Pergunte a ela se é da sua vontade que eu não a toque, não foi


indecisão que eu vi lá dentro. Foi paixão... Desejo, excitação. – Johnny sorriu
sinicamente. – E tantas quantas vezes eu desejar, e ela a mim, eu o farei.

– Você não tem o direito... – Christopher partiu novamente para cima


de Johnny que revidou, mas foi parado pelo segurança que o pegou pelos
braços. – Deixe-a em paz Johnny Collins, ou terá que se ver comigo sem a
presença dos seus seguranças.

– Estarei esperando – nesse momento vimos Aaron, Patrick e Dean


descerem do elevador atrás de nós e se aproximarem, eu estava tão
desesperada, tão aflita que não lembrei que as alças do meu vestido estavam
rasgadas e o quanto minha aparência deveria estar desastrosa.

– Ei... O que houve aqui – Aaron disse pacientemente vendo Johnny


ainda se contorcendo para que o segurança soltasse o seu braço.

– Não sabemos senhor – um dos rapazes respondeu – Só viemos


correndo quando a recepcionista informou que o Sr. Johnny estava brigando
com um visitante.

– Johnny – Aaron se voltou para ele – o que houve? – ele virou-se para
mim logo em seguida

– Alexis... – ele pareceu entender. – o que aconteceu com você?

– Aaron, acho melhor irmos embora. Chris, vamos – coloquei as mãos


em seu peito – Por favor, já chega de brigas. – eu disse sem responder a sua
pergunta.

– Alexis sua roupa – ele argumentou ao me olhar – o que aconteceu


com você? – ele se aproximou de mim.

– A julgar pela maquiagem borrada e o estado de nervos do ex, atual ou


futuro noivo meu irmão passou o rodo – Dean gargalhou baixinho logo atrás
de nós.

– Dean pare de falar asneiras e me ajude aqui. – Patrick o chamou para


ajudar a levar Johnny para longe. Quando eles se afastaram Aaron fez um
sinal para que o enorme rapaz soltasse Chris.

– Muito obrigado Ryan, pode soltá-lo agora e voltar as suas funções


anteriores. Acho que não teremos mais confusões por aqui – Um enorme
rapaz de cabelos castanhos e expressões duras soltou Christopher e saiu
caminhando rapidamente

– Alexis... – Aaron disse segurando minha mão – me perdoe pela


atitude do meu filho. Pedi que fosse fazer um trabalho externo e não imaginei
que voltasse antes que você tivesse saído. Perdoe-me.

– Eu sei da sua boa vontade, mas agora preciso ir, não quero me expor
mais. Aaron, por favor, convença-o a ficar longe de mim – as lagrimas que
tentei conter por tanto tempo finalmente caíram – Não quero vê-lo. Não mais.
– Olhando para Chris e depois para mim ele respondeu.

– Claro, eu entendo e farei o possível para que ele compreenda a sua


decisão. Vou fazer isso neste exato momento – ele segurou novamente
minhas mãos e deu-me um beijo na testa e outro nas palmas das minhas
mãos. – Adeus e, por favor, me desculpe por todo o transtorno, não foi a
minha intenção... – ele se retirou educadamente.
Christopher

– O que realmente aconteceu Alexis? – perguntei quando entramos no


meu carro.

– Ele parou o elevador e eu não consegui resistir e cedi – ela tentou


conter o choro. – Mas eu não queria, eu não podia – Suas palavras
denunciavam todo o seu medo em me contar à verdade, talvez para não me
magoar. Mas o que ela não entendia, era que eu me contentaria em ser seu
amigo se ela quisesse, alguma coisa havia acontecido comigo desde que a
magoei em Washington. Percebi que não fui o homem que prometi ser desde
que éramos crianças. Passei todo esse tempo tentando convencê-la de que sua
amizade me bastava e que faria de tudo para conseguir que me perdoasse pela
atitude tola, infantil e machista que tive há alguns meses atrás.

Eu queria que ela fosse feliz, mas com alguém que a amasse
verdadeiramente e não com um playboy idiota que se cercava de mulheres
para se sentir mais homem; No entanto eu podia ver que ele tinha o amor de
Alexis, mas, precisava poupá-la de mais um sofrimento e aos poucos eu
estava conseguindo sua confiança.

– Sei que deve estar pensando o quanto sou fraca, tola e idiota. Uma
mulher fácil entre outras mil que ele pode ter quando bem quiser e entender –
ela começou a chorar disparando com as palavras como uma metralhadora
giratória, eu saberia esperar, tão logo acabasse com seu desabafo eu poderia
dizer-lhe o que pensava. – Eu não queria, mas ele me envolveu numa teia tão
bem tecida que não consigo sequer me desvencilhar para identificar quem sou
eu e quem é ele. Sabe quando dois se confundem em um só? É assim que me
sinto... Perdoe-me por te dizer essas coisas, contudo se eu não puder te dizer,
acho que vou morrer de tanto desgosto.

– Você o ama? – Ela parou por um longo momento enxugando o rosto,


depois respirou fundo e respondeu

– Depois que nos separamos, me dei um tempo para entender o que


sentia e percebi que nossa amizade é linda e sempre será, mas desde que
Johnny entrou na minha vida, vi que ela pode ter outras cores além das que
você me mostrou. Sim, é verdade, eu o amo...

– Ele não te merece e eu não te julgo embora você acredite no


contrário.

– Desculpe, juro que não queria te magoar.

– Não magoou Alexis – eu disse segurando sua mão.

– Sei que somos apenas bons amigos e estou aqui para ajudá-la a
reconstruir sua imagem. Quero te ajudar a se desvincular desse patife
aproveitador.

– Obrigada Chris, é bom saber que posso contar com você.

– Sempre Alexis, sempre... – seus olhos brilharam, eu podia ver uma


ponta de esperança brilhando dentro deles. Eu não a deixaria para que o play
boy Collins pudesse magoá-la. Ao me afastar, permiti que o espaço ficasse
aberto para que ele se aproveitasse dos seus sentimentos. Da sua fragilidade.
Eu iria ajudá-la e com isso iria me redimir.

– Não conte nada ao meu pai Chris.

– Alexis, você sabe que não concordo com o que ele fez.

– O que aconteceu foi com o meu consentimento, ele não foi de todo
culpado.

– E você ainda o defende? Olhe seu estado! Veja como ficaram suas
roupas... – disse aborrecido. – Alexis, ele rasgou sua roupa.

– Exatamente como você faria no lugar dele. – me calei. Ela estava


certa... – Não conte nada ao meu pai, por favor.

– Está bem, contra a minha vontade, mas farei o que me pede.

Quando paramos o carro na frente da sua casa Alexis pediu que a


deixasse entrar sozinha, sua aparência já estava melhor, porém os olhos ainda
vermelhos e inchados de tanto chorar.

– Não vou cansar nunca de te agradecer – ela me deu um abraço


apertado – A despeito do que tenha acontecido de mal entendido entre nós, eu
te amo muito.

– Eu também te amo Alexis. Amo muito – suspirei – agora vai antes


que seu pai queira comer meu fígado. – ela deu um breve sorriso e saiu. Não
havia com mensurar meus sentimentos, eu sabia que nunca mais estaríamos
juntos, ao menos não como namorados. Todavia, tê-la ao meu lado mesmo
que como minha amiga, já era suficiente para mim.

George

Eu estava sentado na sala quando Alexis passou por mim com o rosto
vermelho, eu podia imaginar o que a tinha levado a chorar. Ela havia ido às
indústrias Collins para assinar o contrato e provavelmente devia ter
encontrado Johnny. Mas, o que poderia ter acontecido para que minha filha
estivesse naquele estado.

Levantei-me da cadeira e a segui rumo ao seu quarto depois que vi o


carro de Christopher se afastar, eles ficaram um longo tempo conversando e
ele parecia consolá-la. Se não fosse pelo erro que cometeu abandonando
minha filha, eu ainda poderia tê-lo como o genro dos meus sonhos. No
entanto Alexis estava perdida, eu podia ver que ela ainda amava Johnny,
embora não nos permitisse tocar no assunto da ilha. Ela nem queria ouvir e
quando tocávamos no tema. Minha filha se retirava.

Eu devia me sentir um idiota por ter aceitado as armações da anã


Collins, mas agora era tarde. Ver minha filha longe daquele que aprendera a
amar e perceber que ele também sofria estava sendo demais para mim. Segui
pelo corredor lentamente, bati na porta do quarto e entrei antes que ela
pudesse responder. Eu a vi deitada sobre a cama chorando, os soluços fortes
eram tão altos que me cortaram o coração.

– Alexis, filha o que aconteceu? – sentei-me ao seu lado. Ainda bem


que Ester não estava em casa para presenciar aquela cena tão lamentável.

Ela se debruçou sobre minha perna e continuou chorando sem nem ao


menos me dizer uma palavra. Suas lagrimas molhavam a perna da minha
calça enquanto eu acariciava seus cabelos.

“O que nós fizemos?” pensei, poderíamos ter imaginado que lugar


nenhum seria seguro o suficiente para a mídia sensacionalista. No entanto,
quando as notícias pipocaram na internet foi que me dei conta de que o mal já
havia sido feito e que mais cedo ou mais tarde algo assim acabaria
acontecendo.

– Então? Vai me contar o que aconteceu? – ela levantou para me fitar.

– Encontrei Johnny pai, foi o que houve... – percebi que o vestido


estava rasgado na parte do busto e automaticamente minha mente começou a
trabalhar. Eu iria matar aquele playboy cretino se ele tivesse abusado da
minha filha...

– O que aconteceu Alexis? O que houve com as suas roupas? O que o


Johnny fez com você? Ele abusou de você? – perguntei preocupado.

– Não, ele não abusou de mim e também não fez nada que eu não tenha
permitido. Eu só me sinto uma idiota por ter acreditado que ele poderia me
amar... Que comigo seria diferente...

– Alexis, você precisa me ouvir quando eu digo que precisamos


conversar sobre o que aconteceu naquela ilha.

– Eu não quero ouvi-lo defender o Johnny pai, por favor, me deixe


sozinha...

– Alexis... – tentei argumentar.


– Por favor, pai. – ela apontou para a porta.

Retirei-me a contra gosto, não havia ficado bem claro para mim o que
de fato havia acontecido, mas, eu iria tirar isso a limpo, eu iria atrás do
Johnny Collins para saber o que ele realmente queria da minha filha. Liguei
para o numero do celular que ele havia me dado à contra gosto depois de toda
confusão que armamos ao levá-los para aquela ilha – alô – ele atendeu sem
reconhecer meu numero.

– Johnny, sou eu o George, pai da Alexis... Precisamos conversar.

– Aconteceu alguma coisa? Alexis está bem?

– Não tão bem quanto eu gostaria que estivesse, será que poderíamos
dialogar.

– Claro George – ele respondeu sem vontade – pode falar.

– Pessoalmente – fui seco – precisamos conversar sobre Alexis.

Uma hora depois eu entrava no luxuoso apartamento no Central Park,


Johnny me esperava com uma expressão tão sofrida quanto a que eu acabara
de ver na minha filha. A sala estava escura por estar com as cortinas
fechadas, a mesa cheia de papeis e na sala roupas espalhadas por todo canto.

– Um furacão passou por aqui? – tentei entretê-lo.

– Um furacão chamado Alexis Scott – ele esboçou um sorriso


claramente desanimado. – o que o traz aqui George, sei que não sou um dos
seus melhores amigos e que não gosta tanto assim de mim para me fazer uma
visita cordial – foi direto.

– O que me traz aqui e aquela a qual amamos. Vim por causa de


Alexis. Minha filha chegou chorando hoje à tarde e me perguntei se você
teria algo a ver com isso. – ele fez sinal para que eu me sentasse.

– Ela não te contou?


– Não – respondi – por isso, esperava que você o fizesse.

– Digamos que somos fogo e pólvora. Juntos podemos causar uma


explosão...

– Entendo. – suspirei antes de continuar – Johnny, sei que não foi


culpado por nada do que aconteceu e estou tentando conversar com Alexis
sobre isso, no entanto ela está irredutível. Não faça nada que magoe a minha
filha se é que tem a esperança de me ter como seu aliado.

A mensuração de George para aliado ia além daquilo que eu poderia


esperar, mas eu não poderia esquecer de que eles, por uma mentira, que por
mais inocente que tenha sido, me colocaram distante do meu verdadeiro
amor. Eles deveriam ter visto que a mentira é sempre perigosa, que nos
arrasta e nos prende a uma falsa realidade.

Se ele e Amber tivessem pensado bem, olhado ao redor, teriam visto


que essa situação poderia ter sido evitada. Que eu e Alexis poderíamos ter
nos resolvido de forma simples, sem atitudes impulsivas. O benefício das
palavras estavam a nosso favor. Era evidente a maneira como nós nos
aproximávamos. Negar que foi bom seria impossível, mas a intervenção deles
nos afastou, deixando um buraco entre nós.

Eu tinha que externar minha raiva.

– Aliado? E por que você me ajudaria?

– Porque eu amo minha filha, e sei como a protegeu enquanto não sabia
o que havíamos feito.

– Vocês foram inconsequentes.

– Eu sei.

– Irresponsáveis, não podiam ter feito aquilo conosco. Eu a queria do


meu modo e a conquistaria devagar, com paciência e sem correr o risco de
perdê-la. O que vocês fizeram não tem nome. – ele acusou com razão.
– Por isso quero ajudá-lo, aprendi a respeitá-lo porque você conseguiu
fazer minha filha tão feliz, mas também não posso admitir que a magoe. Sei
que algo grave aconteceu na sua empresa e se eu descobrir que você fez mal a
Alexis, não poderá mais contar comigo. – respirei fundo e soltei o ar. –
Johnny, minha filha te ama. Sei que você também a ama então... Vou ajudá-
lo, mas me prometa que se conseguir, nunca mais verei minha filha sofrer.

– Acho que tenho o direito de tentar do meu jeito, mesmo que isso vá
contra as suas convenções. Afinal, vocês foram responsáveis pela nossa
separação o que me dá o direito de decidir aquilo que posso ou não fazer.

– E o que você pretende?

– Eu tenho um plano e vou jogar com as minhas armas. Por mim, eu


jamais jogaria com Alexis desta forma, mas se esse é o único jeito que eu
tenho para trazê-la de volta, assim será e que Deus me ajude.
Capítulo 4

Johnny

O olhar estarrecido de George teria me feito rir se eu não estivesse tão


ferido, tão magoado – como assim com suas armas? O que você quer dizer
com isso? Tem a intenção de casar-se com ela?

– E você acha que ela aceitaria casar comigo se continuar acreditando


que sou um crápula?

– Não, mas a que armas se refere? Alexis está prestes a completar vinte
e dois e no auge da sua carreira... A depender do que se trate ou do que você
esteja falando não vou permitir que se aproxime, independente do mal que
possamos ter causado, Alexis é minha única filha e não permitirei que a
magoe – ele estava vermelho – espero que me diga agora, com que armas
pretende lutar? Ou então Jonathan Collins, não terá meu auxilio para ficar
com minha filha... Nunca. Embora ela aparente ser uma mulher forte, sua
natureza é muito frágil e precisa de alguém que a apoie não que a maltrate.

– Não vou deixá-la sozinha, eu pretendia pedi-la em casamento antes


das armações insanas de vocês... Mas por culpa de vocês – eu frisei a ultima
palavra - eu simplesmente perdi a mulher que amo.

– Posso permitir que tente Johnny, mas esqueça a ideia de que deixarei
que haja sem minha inspeção, você não fará nada que manche mais a sua
carreira. Alexis tem uma imagem a zelar, imagem essa que já está sendo
borrada pelos paparazzi sensacionalistas – eu não iria discutir com George,
ter sua permissão para jogar com minhas regras bastaria.

– Está bem – ponderei que talvez George estivesse certo – mas então
vou usar minhas regras, não interfira George... Não quero que ninguém, nem
mesmo minha família intervenha antes que eu peça. Para começar sei que ela
foi convidada para a nova campanha da Garbage Rock, faça-a aceitar.
– O que você pretende?

– A campanha nos fará ficar juntos por algum tempo... Saberei o que
fazer. – ele coçou as têmporas e andou de um lado para o outro
nervosamente.

– Está bem Johnny, vou permitir que use suas regras. – ele apontou
para mim com o dedo em riste - No entanto, se eu perceber que está indo
longe demais, irei interferir. – ele apertou minha mão selando nosso acordo –
agora preciso ir, tenho que buscar Ester que foi ao shopping com aquela sua
cunhada. Amber deveria estar presa num manicômio por ter conseguido nos
convencer a todos de que isso seria o melhor.

– Obviamente meu pai ainda não o fez porque Patrick iria junto com
ela a qualquer lugar. – ele deu um meio sorriso.

– Preciso ir, mas antes que eu vá. Quero que saiba que quero ser seu
amigo Johnny. Tudo o que peço é que cuide bem da minha menina.

– Cuidarei George. Esteja certo de que eu amo Alexis e tudo o que eu


quero, é fazê-la feliz, mas para isso ela terá que dizer que me ama. Até lá,
terei que colocar meus planos em prática.

Depois que George se foi sentei-me no sofá e me perdi em meus


pensamentos. Estava tudo escuro e a penumbra me ajudava a pensar com
clareza. Lembrei-me da expressão cheia de prazer que fora despertada em
Alexis durante a tarde no nosso encontro dentro do elevador. Ela era uma
menina, eu sabia, mas eu a queria tanto que não conseguia raciocinar direito,
perto dela me sentia como um animal irracional pronto para defender sua
presa dos outros predadores. Não foi como se eu a houvesse roubado do
namorado ou como se ela fosse uma das inúmeras mulheres com as quais eu
já havia saído.

Com ela eu estava pagando por todos os corações que havia


despedaçado, estava sofrendo como se fosse cada lágrima que fiz cair no
rosto daquelas que descartei. Alexis era diferente de todas, embora não
acreditasse na minha inocência. Minha família não havia feito de uma forma
que isso parecesse possível... Se eu não fosse o acusado, certamente
acreditaria que era o culpado. Suspirei passando os dedos entre os cabelos.

Meu coração estava dolorido, eu precisava me permitir sentir cada


lágrima que teimava em cair todas as vezes que me via sozinho. Eu lutava
para não ir atrás dela, brigava comigo mesmo para não ligar e implorar de
joelhos que me perdoasse. Se o fizesse, não só perderia meu amor próprio,
perderia também o amor da minha vida. Pois, como poderia pedir perdão se
não era o culpado?

A solidão se apossou de mim de um jeito tão intenso e profundo que,


por um instante, sozinho em meu apartamento deixei que minhas frustrações
viessem à tona. Deixei que todas as lembranças esvaíssem junto com as
lágrimas que caiam pelos meus olhos. Eu estava sendo condenado
injustamente e precisamente pela mulher a quem decidi dedicar todo meu
amor.

Eu tentaria de toda maneira trazê-la de volta, Alexis não poderia me


deixar sem antes saber o quanto estava sendo injusta. Não podia me dar por
vencido, ela iria voltar para mim. A única maneira que haveria para que eu
desistisse, seria se ela deixasse de me amar. Porém, George havia afirmado
categoricamente que ela ainda me amava e eu sabia, eu pude sentir.

No instante em que a toquei seu corpo estremeceu, enquanto estava


dentro dela pude sentir o fogo da paixão que nos consumia. Uma corrente
elétrica percorreu meu corpo, senti o alerta sendo dado... Eu precisava senti-
la mais uma vez. E foi nesse momento que minha campainha tocou.

Limpei o rosto e tentei mostrar minha melhor aparência para abrir a


porta. Minha mãe esperava com um sorriso doce estampado nos lábios e uma
enorme travessa de sua famosa macarronada a bolonhesa que eu tanto
adorava. Entretanto, naquele momento eu não queria me alimentar. Eu só
precisava de Alexis.

Meu sorriso falso não a convenceu – filho, seus olhos estão


vermelhos... Andou chorando? – Ela irrompeu sala adentro colocando a
travessa sobre a mesa – olhe só esta casa, Johnny, você vai me dizer agora o
que está acontecendo.

– Será mesmo preciso te dizer o que há comigo? – perguntei tentando


segurar o pranto.

– Eu fui absolutamente contra essa armação, era evidente pelos olhos


de Alexis que ela o amava. Mas você conhece o poder de persuasão de
Amber... Ela não fez por mal, não se afaste de nós filho, ninguém deseja seu
mal.

– Por que fizeram isso?

– Acreditamos que Alexis seria como as tantas outras que você teve.
Queríamos o velho Johnny de volta, precisávamos trazê-lo de volta para casa.
Para nossas vidas e por isso aceitamos a sandice de Amber.

– Me perdoe Johnny, eu não podia imaginar que aqueles crápulas da


imprensa os encontraria. Pedi que os homens que contratei ficassem de olho
em vocês... Mas me enganei... – a voz de Amber veio detrás de mim,
provavelmente ela havia entrado depois que deixei a porta entreaberta – você
sempre dizia que era sério e descartava suas vítimas na outra semana. Não
queria que fosse assim com Alexis. Eu queria que você a amasse e que vocês
se casassem e...

– Já chega Amber – interrompi – isso aconteceria cedo ou tarde. Veja


no que essa armação culminou... Alexis está mais longe de mim do que já
esteve em toda sua vida. Hoje ela é apenas a roupa na vitrine e eu o mendigo
que não pode fazer nada se não olhá-la à distância. – gritei num súbito ataque
de fúria – eu não sei mais o que fazer para que me escute. – Amber
emudeceu.

– Rasgou a roupa dela no elevador Johnny, seu pai me contou – minha


mãe acusou – você a expôs...

– Peguei a fita de segurança, apaguei as imagens – me defendi.

– E se não houvesse tempo? Se alguém os tivesse visto ou divulgado as


imagens? Brigou com o noivo dela na recepção da empresa expondo-a ainda
mais. Johnny, Alexis é apenas uma garota e precisa ser amada e não acuada...

– O que sugerem que eu faça? Aquele ex, atual ou sei lá o que


namorado não larga do pé dela. Parece um cachorro perdigueiro seguindo seu
rastro.

– E na oportunidade que teve de conversar quase a deixou nua? Não é


preciso ser um gênio para saber o que aconteceu naquele elevador Johnny. –
Amber voltou a falar.

– A atração que sentimos é algo como se fossemos imãs, nos atraímos


mutuamente... Ela não disse que não. – argumentei.

– Mas também não disse que sim – minha mãe parecia aborrecida – não
se deve forçar uma mulher a fazer aquilo que ela não quer... Você já viu o
jornal de hoje? Alexis não esteve bem ontem, Christopher a levou ao
hospital. Não entende? Ela está sendo pressionada pela mídia, nunca teve um
borrão na sua carreira e agora está sendo tratada como oportunista.

– Ela vai ter que assumir que me ama, não vou ceder também. Não
quero que as coisas sejam tão fáceis. Ela não me ouviu e isso foi injusto.
Estou sofrendo por amá-la demais.

– Isso irá feri-los mais do que aproximá-los... – Amber me forçou a


olhar as fotos do jornal. – ela já está sentindo...

– Não importa... Isso não me importa. Vou convencê-la que sou


inocente e terei novamente o seu amor. Mãe... Quero me casar e ter filhos,
quando Erim me deixou eu sofri e tinha decidido que não quereria mulher
alguma na minha vida porque acredite que todas eram como ela. Mas Alexis
surgiu ali, tão frágil e desamparada... Eu não quero magoá-la. Eu quero amá-
la.

– Estarei do seu lado se fizer a coisa certa. Não o apoiarei para que a
machuque... – ela me respondeu enquanto se aproximava para segurar meu
rosto entre suas mãos.

– Será que vocês não entendem? Não posso feri-la sem me sangrar
também. Eu só vou provar que a amo sem lhe dizer tais palavras, não vou
dizê-las antes que ela me diga.

– Filho – minha mãe imensamente emotiva me abraçou, devolvi seu


abraço carinhoso e cheio de afeto. – coma alguma coisa, amanhã é um novo
dia e tudo poderá acontecer.

Alexis

Passada uma semana depois da minha recaída com Johnny não havia
mais nada a fazer se não tentar seguir adiante. A falta do calor dele era
dolorosa, os lábios úmidos e o sorriso perfeito que ele exibia eram um vicio
para mim. Peguei a revista que havia me feito sonhar com aquela figura
espetacular. No anúncio, ele estava apenas de cuecas, eu o tive ali, nú, inteiro
para mim...

Era uma pena que tudo houvesse sido mentira, que ele nunca tivesse
me amado, eram quase oito da noite e eu tinha mentido para os meus pais que
queria dormir. Eu sabia que eles estavam preocupados. Chris estava viajando
e não sei se voltaria rapidamente. Sem a companhia dele estava sendo muito
mais difícil superar.

Lembrei-me do primeiro beijo que dei em Johnny, inocente e cheio de


afeto. Ele pareceu tão sincero... Não imaginei que seria mais uma das suas
‘vitimas’. Chorei por saudades, chorei por amor, chorei porque meu coração
pareciam cacos de vidro jogados no lixo sem esperança de se colar. Amanhã
seria dia de uma nova campanha, meu pai pediu que fizesse a campanha da
Garbage Rock, ele disse que seria uma boa forma de entrar novamente nos
eixos.

O mais engraçado era que com as fofocas em torno do meu nome, o


numero de contratos crescera rapidamente. Sorri ante a nova situação. Pensei
que seria fácil esquecer, como ele pôde ter me usado daquela maneira? Tentei
varrer aqueles sentimentos negativos da minha vida, eu precisava dormir
outro dia estava para começar.
Meus sonhos foram agitados naquele dia, Johnny sorria
sarcasticamente deixando claro que não passei de mais uma diversão.
Acordei aos prantos, como pude ser tão burra? Percebi ali, que talvez nunca
mais pudesse ser feliz.
Capítulo 5

Alexis

Meu pai me acordou às seis da manhã com a desculpa de que assim eu


não apareceria com a cara amassada nas fotos, mas na verdade ele sabia que
eu tinha chorado na noite anterior... E na passada, bem como em todas as
outras desde que voltamos para casa.

Dentre as coisas que mais prezava no mundo estava o amor, via desde
pequena a maneira como meu pai era amoroso com a minha mãe. Eu desejava
poder encontrar um amor como o deles, porém no meio em que eu vivia.
Ninguém dava real valor aos sentimentos. As passarelas não eram de fato um
lugar para encontrar um marido, alguém que quisesse constituir família,
entretanto. Eu tinha uma carreira, eu era uma modelo de renome
internacional. Quando Johnny Collins cruzou meu caminho, eu não sabia
mais o que queria... Não sabia mais o que pensar.

Tudo o que eu me lembrava era o que havia acontecido na ilha.

– Alexis, vamos logo – ele chamou, olhei o relógio que apontava oito e
trinta da manhã. Mais uma vez estávamos atrasados e aquilo sempre o
aborrecia.

Minha mãe, sempre paciente, aguardava na porta com um sorriso no


rosto e uma fruta para que eu comesse no caminho – sempre atrasada – ela
comentou. Corri para o carro onde George já me esperava impaciente.

– Precisa aprender a se ater nos horários – ele bufou revoltado. Era


estranha tamanha irritação, meu pai parecia ansioso... Diria um pouco
nervoso.

– Aconteceu algo que eu deva saber pai?


– Não, nada... – ele foi reticente.

– Que tal me contar a verdade agora? – me forcei a sorrir.

– Alexis... Você sabe que não fará a campanha sozinha não é? Que
outro modelo participará com você e a Garbage Rock segue uma linha
sensual e pelo contrato você estará seminua. Isso não me agrada... Não
mesmo. – ele definitivamente estava nervoso. Gotas de suor começavam a
aparecer na sua testa, logo ele as enxugou com a manga da camisa que vestia.

– Mas pai, isso já aconteceu outras vezes, sabe que não serão fotos
onde meus seios ficarão expostos... Há algo mais?

– Bem, depois que assinamos o contrato houve outra coisa que não sei
bem como dizer...

– Começa pelo começo e desembucha... – comecei a ficar preocupada


também.

– Tamanhos escândalos sobre sua vida pessoal e seu namoro ou não


namoro com Johnny Collins, tudo isso gerou burburinhos e você sabe... As
empresas gostam de atiçar e buscar coisas que atraiam mais a atenção dos
clientes para si – ele dava voltas para chegar ao finalmente.

– Para de enrolar e fala logo pai, acho que posso superar o que quer que
tenha acontecido.

– Não estou tão certo quanto a isso... Johnny Collins é o modelo que
vai pousar com você. Pronto falei – ele suava mais do que o necessário,
àquela hora da manhã, num carro com ar condicionado. Meu corpo enrijeceu,
minha mandíbula se travou... Milhares de imagens passaram pela minha
cabeça. Johnny, só de calças, numa campanha sensual e eu juntos... – Alexis,
você está bem?

– Por que não me contou antes? Se eu soubesse teria desistido de


assinar esse maldito contrato. Você sabia? – inquiri furiosa.

– Soube depois, na verdade, soube ontem. Mas não quis te contar até
que estivesse desperta. Agora não há como voltar atrás, o contrato foi
assinado e vocês terão que posar juntos.

– Seminua? Com Johnny Collins? Por que não me joga logo nos braços
e na cama dele? – ele grunhiu algo que não consegui entender – eu não posso
fazer essas fotos, não com Johnny. Quero que dê a volta e me leve para casa
pai, não vou fazer as fotos.

– Alexis, a multa rescisória é astronômica, precisa ser profissional e


agora mais do que nunca. Olha, isso também não me agrada, vocês andam se
engalfinhando como gato e rato e isso definitivamente não me deixa muito a
vontade, embora...

– Embora o que? – perguntei.

– Embora ele esteja tentando te mostrar o mesmo que nós... Alexis, ele
não...

– Para pai, mais uma vez esse assunto? É obvio que o está defendendo
porque participou desse plano mirabolante junto a ele e Amber. Não tente
eximi-los da culpa...

– Ele não tem culpa realmente Alexis. Ouça pelo menos uma vez o que
tenho a te dizer...

– Não quero ouvir, não acredito em nada do que disser. Não vê que me
magoa?

– Alexis, um dia você ainda vai se arrepender por tudo isso, não posso
obrigá-la a acreditar... Mas também não vou deixar de tentar fazê-la ver a
verdade.

– Ao menos o senhor ficará comigo? – indaguei mudando de assunto


quando meu telefone tocou. No visor percebi que o número era de casa, o que
me deixou mais apreensiva, pois minha mãe só ligava no horário de trabalho
quando algo estava errado. – mãe? – atendi.

– Filha – sua voz estava estranha.


– Aconteceu algo? O que houve com sua voz?

– Não me sinto bem, liguei para avisar que irei ao médico nesse
momento – ela avisou. Minha mãe era um bem frágil e precioso, eu a amava
e não podia permitir que saísse sozinha.

– Pai, a mãe não está bem. Vamos voltar para levá-la ao hospital.
Ligaremos de lá informando o imprevisto – George me olhou pensativo.

– Tenho uma ideia melhor, você vai fazer as fotos, levo sua mãe no
hospital e volto para te buscar. Sabe como uma sessão dessas demora, leva
até um dia inteiro a depender de como fiquem as fotos e a quantidade de
peças.

– Pai...

– Alexis, seja profissional – ele tomou o telefone da minha mão e falou


com a minha mãe – Ester? Meu bem, levarei Alexis até o Studio e voltarei
para pegá-la, me espere que iremos juntos. – ele deu uma pausa para ouvir o
que minha mãe dizia – eu também te amo. Adeus. – ele desligou.

– Existe algum jeito de fazê-lo entender o que isso irá acarretar? – senti
tensão por todo o meu corpo.

– Você vai ter que lhe dar com isso cedo ou tarde, talvez tenha sido
bom que acontecesse cedo. Ainda a tempo de você ouvir o que Johnny tem a
dizer já que não permite que nós falemos sobre o incidente de vocês.

– Já falei que as fotos foram suficientes para meu entendimento.

– Quanta teimosia Alexis, Johnny não armou nada.

– Digo e repito que é evidente que agora está do lado dele, participou
disso tudo e acredite nunca vou te perdoar por isso também. Os Collins
sabiam e o convenceu que era o melhor para mim... Posso aceitar o fato, mas
não tente me convencer de que ele não sabia. Se sua família sabia...
Certamente ele também estava ciente.
– Quanta teimosia... – ele bradou.

– Já chega, serei profissional – eu disse quando ele parou o carro na


frente do Studio de Steve Nolasco, um fotógrafo de renome internacional,
sempre contratado quando as campanhas exigiam um pouco mais de
sensualidade.

– Me ligue quando estiver prestes a sair, virei te buscar. - Sai de carro


batendo a porta com força. Eu estava com muita raiva e também muito medo
do que estava por vir. Entrei no prédio na South of Houston Street, ao sul da
Houston Street. Segui até as escadas, subiria lentamente para que pudesse
pensar com clareza até chegar ao quinto andar daquele prédio antigo, porém
bem conservado. Eu já havia feito fotos com Steve antes e sabia exatamente o
tipo de ambiente que ele criaria. Gostaria muito que Johnny não estivesse
disposto a me mostrar e nem provar nada.

Cheguei lá em cima ainda zonza com tantas informações, bati na porta


e entrei no amplo salão decorado especialmente para aquele momento. Um
divã coberto com mantas, almofadas e velas criando um ambiente exótico.
Candelabros antigos e uma pequena mesa de centro ajudavam a compor toda
aquela atmosfera envolvente. – Alexis – Steve gritou feliz quando me viu. –
entre, o Collins já esta vestindo seu jeans. Disse que não temos tempo a
perder – ele falou colocando a mão na boca diminuindo o tom de voz.

– Ele está com pressa? – perguntei espantada.

– Acho que não, ele só quis que iniciássemos logo depois que eu
informei que demoraríamos horas, precisamos de pelo menos duas mil fotos
para que eles escolham cem. – ele sorriu afetado. Embora fosse um homem
atraente, Steve tinha uma obvia preferência por aqueles do seu gênero sexual.
Alto e loiro, ele deveria ter uns 35 anos. Seu corpo era proporcional e os
braços fortes. – para de pensar mulher e vai se vestir também. – ele disse
indicando uma porta.

Segui sem vontade até lá, Johnny estava ali e eu sabia que não gostaria
de vê-lo somente de cuecas. Não havia jeito. Entrei abruptamente e me
deparei com a criatura mais perfeita que poderia haver na face da terra. Ele
estava com a calça jeans masculina de cós baixo desabotoada e a cueca
branca a mostra, meus olhos pousaram sobre seu abdômen definido. Ele tinha
a expressão divertida como se percebesse o meu fascínio.

– Bom dia – ele cumprimentou me encarando. Os olhos eram como um


lago negro e profundo, prontos para me hipnotizar.

– Bom dia – eu precisava me lembrar de respirar.

– É bom se vestir logo, hoje será um dia longo – sorriu torto me


olhando sensualmente depois se voltando de frente para o espelho.

– Me trocar com você aqui?

– E há algo dentro das suas roupas que eu não conheça como a palma
da minha mão? – ele se aproximou. Dei um passo para trás. – algo que eu não
tenha tocado? Visto ou saboreado?

– Isso foi no passado.

– Não parece tamanha é a carga elétrica que se instalou desde que você
entrou nessa sala.

– Não sei do que você está falando – menti. Eu sabia, eu também


percebia o quanto estávamos ligados. Senti meu corpo umedecer antes
mesmo que ele me tocasse.

– Sabe sim, e se quer saber, meu corpo inteiro está em alerta por você
nesse momento – ele deu mais um passo na minha direção e eu recuei um
pouco mais – não precisa temer Alexis, na hora certa você irá implorar.

– Nunca! – afirmei.

– Sou paciente, depois dessa sessão de fotos. Você vai implorar que eu
te toque – ele disse saindo da sala.

Troquei-me o mais rápido que pude, usei um roupão para esconder


meus seios. Voltei para o salão onde Johnny já me esperava junto a Nolasco.
O olhar que ele me lançou foi muito mais significativo do que qualquer outro
que eu tivesse visto.

– Minha Alexis! – Steve gritou batendo palmas – para que a vergonha?


Vamos lá, retire esse roupão e sente-se no divã. Johnny você irá deitar sobre
Alexis e esconder seus seios com as mãos. – Johnny sorriu.

Senti que corei quando seus olhos pousaram sobre meus seios, fiz
exatamente como me fora dito para fazer. Johnny se pressionou contra mim
deixando-me propositalmente perceber o volume dentro das suas calças. –
você fica linda quando está com vergonha – ele se comprimiu um pouco
mais.

– Isso – Steve gritou novamente – esse olhar de desejo e tesão que


quero ver nos dois. Vamos lá Alexis, se entrega. – mesmo que fosse por um
instante, pensei, eu poderia aproveitar para retirar de Johnny exatamente o
que eu precisava naquele momento. Os flashes piscavam e quanto mais ele se
espremia contra mim, mais eu sentia meu corpo reagir.

Coloquei minhas mãos no cós da sua calça, se era para ser profissional
e sensual, eu seria. Johnny que se segurasse, resolvi que iria provocá-lo tanto
quanto pudesse, eu queria brincar com fogo. Porém, apesar do medo de sair
queimada, queria me arriscar. Eu iria fazê-lo provar do próprio remédio. – O
que quer que eu faça Steve – perguntei alto e claro.

– Ajam como se estivessem sozinhos – ele sugeriu.

– Nesse caso prefiro ficar sem roupas – Johnny rebateu e Steve


gargalhou.

– Ai seria revista pornográfica, querido, e precisamos dos jeans. Que


tal as preliminares, enquanto ainda estão de roupas? – se era isso que ele
queria... Teria exatamente isso. Minhas mãos desabotoaram as calças de
Johnny levando-as até a metade dos quadris deixando a mostra sua cueca que
também era da mesma marca da campanha. Ele gemeu deitando seu peito nu
no meu. Com uma mão ele desceu uma das minhas pernas do divã e se deitou
entre elas encaixando-se e acomodando-se perfeitamente junto a mim
fazendo-me sentir o tamanho da sua ereção.

Coloquei minhas mãos dentro das suas calças fazendo com que o corpo
dele respondesse ao estímulo – está provocando Alexis – ele murmurou de
um jeito que só eu ouvisse.

– Não Johnny. Só sendo profissional - respondi incerta.

– Então sejamos profissionais – ele me levantou mantendo-me colada a


ele e enterrou seu rosto no meu pescoço mordiscando o lóbulo da minha
orelha.

– Nossa, vocês são convincentes mesmo – Steve brincou não se dando


conta do que realmente estava acontecendo naquele Studio – não se
intimidem, podem continuar.

Ele não precisou sugerir mais nada antes que Johnny me carregasse e
me deitasse sobre a pequena mesa ao lado do divã. Meu corpo se estendeu
sobre ela e ele tocou meus seios escondendo-o com as mãos. Meu corpo
inteiro reagiu ao seu toque malicioso, ele apertou e logo em seguida
ajoelhado entre minhas pernas deitou seu corpo sobre o meu beijando-me o
abdômen na linha que levava ao meu umbigo parando na barra da calça.

Fechei os olhos tentando imaginar algo que me fizesse sentir raiva dele,
não, naquele momento eu não conseguia. Naquele exato momento, eu o
queria. – sei que você está tão excitada quanto eu, me sinta Alexis – ele
sussurrou novamente. Encostando seus lábios quentes nos meus, foi
superficial, mas tentadoramente sugestivo a forma como ele desenhou minha
boca com a língua.

Steve tirava fotos e mais fotos incentivando aquele desvario, era insano
me jogar naquele jogo se sedução sabendo que no final, tudo o que ele queria
era um pouco mais de sexo. Automaticamente me lembrei da ilha... De como
sua boca me descobriu e de como seus dedos me fizeram alcançar o êxtase.
Involuntariamente soltei um gemido – eu ainda nem comecei. – ele disse
entredentes com um sorriso malicioso.

– E nem começará – afirmei quando Steve pediu que ele sentasse


encostado no divã e me colocasse sobre seus quadris.

– Não estou tão certo quanto a isso – sorriu torto mais uma vez. Senti
que meu corpo se encaixava perfeitamente ao dele mesmo com o jeans
apertando. Ele mordeu meu queixo e apertou meu seio, joguei a cabeça para
trás prendendo a respiração quando ele pressionou seu polegar em meu
mamilo já enrijecido – fico imaginando como está o seu desejo, se gostaria
que eu colocasse meus lábios em seus seios ao invés das mãos.

Não precisava, ele sabia o quanto era capaz de mexer comigo – que tal
mudarmos as peças de roupa? – Steve interrompeu antes que eu pudesse dar a
resposta. Foi melhor assim, eu não saberia o que responder a sua ultima
afirmação.

Johnny

Por um lado foi bom Nolasco ter interrompido a seção de fotos ou eu


teria tomado Alexis no exato momento em que se sentou no meu colo. Eu
podia sentir o cheiro do seu desejo pelo transpirar da sua pele, ela tinha um
cheiro de flores do campo. Seus hormônios deviam estar em erupção, assim
como os meus. Levantei-me e segui para o bebedouro a fim de sanar a secura
da minha garganta enquanto Alexis seguiu para a saleta no intuito de se
trocar.

A calça que ela usava era extremamente justa e se amoldava


perfeitamente ao seu corpo curvilíneo, seus seios eram perfeitos e tentadores.
Respirei fundo e segui atrás dela, quando entrei na sala eu a vi inclinada
fechando uma bota preta com as fivelas prateadas nas laterais, uma faixa
cobria seus seios e a saia extremamente curta e justa desenhava seus quadris.

– Nessa posição você fica ainda mais tentadora. – vociferei depois de


limpar a garganta.

Ela se assustou levantando e se virando rapidamente – você não ousaria


cometer o mesmo erro.
– Não tenho tanta certeza disso, com essa micro saia e pernas tão
perfeitas, não seria difícil me imaginar dentro de você... Mesmo sem precisar
tirar sua roupa. – seu rosto enrubesceu.

– Você não irá me tomar Johnny... – ela afirmou.

– Será? – ela vestiu a jaqueta e saiu da sala quando me aproximei um


pouco mais.

Do lado de fora eu não pude deixar de imaginar como seria possuí-la


ali, naquele divã quando vi suas posições para as fotos. Ela tinha as mãos
dentro da saia como se estivesse se tocando, ela mordia o lábio inferior e os
olhos fechados me remetiam ao tempo em que ela foi minha, e ainda seria.

Com o quadril arqueado e a saia curta uma parte do seu glúteo apareceu
dando a ela um ar de ninfeta. Deus! Como uma mulher podia mexer tanto
assim comigo? Ela me olhou de cima a baixo e passou a língua pelos lábios.
Céus! Se eu não a tivesse naquele momento certamente teria sérios
problemas... Um sorriso malicioso brotou da sua boca tão macia. Recordei de
como ela beijou meu corpo de como acomodou meu membro dentro dela.

– Vamos lá Johnny, vai ficar só olhando? Nestas fotos, você será o lobo
mau. – Nolasco advertiu para que soubéssemos o que fazer.

Eu seria o lobo mau e com certeza devoraria a chapeuzinho vermelho


no final.

Parei a frente do cenário e peguei Alexis no colo suspendendo-a e


fixando sua perna na minha cintura, no instante em que olhei com cobiça para
suas belas coxas um flash quase me cegou – levou a sério o papel do lobo
mau Johnny – ele brincou.

Eu sabia e era inegável que ela estava me provocando, tanto quanto eu


a ela, mas se ela queria esse jogo de gato e rato, no final, ela seria a presa e eu
o predador. Deixei que descesse do meu colo apertando meus braços em
torno da sua cintura. Ela colocou a mão dentro da minha calça e eu amoldei
minhas mãos em seus seios novamente. Era um duelo para ver quem excitava
mais quem?
Escorreguei uma das minhas mãos pelo seu pescoço e outra pelas suas
costas colocando-a dentro da saia dela, enquanto ela punha as suas sobre meu
peito nú. Ela ofegava tentando manter o autocontrole quando sussurrei no seu
ouvido – você vai fazer amor comigo.

– Não Johnny... Eu não vou.

– Gente, vou descarregar a maquina e volto em cinco minutos – Steve


gritou, ele sabia que eu queria ficar a sós com Alexis. Eu havia lhe pedido
isso. Sem soltá-la, olhei para ele e fiz um sinal positivo com a cabeça – cinco
minutos de descanso – ele reafirmou. E saiu logo em seguida.

– Eu tenho cinco minutos para te fazer entender que seu lugar é entre
meus braços.

– E o seu entre minhas pernas? – ela foi direta.

– Se você desejar... – apertei-a contra meu corpo com um pouco mais


de força não lhe dando opções de escapatória. – essa saia é muito sugestiva,
não pude deixar de perceber o quanto você está deliciosa dentro dela.
Escorreguei minha mão até a sua coxa e apertei-a contra minha virilidade.

– Johnny... Não...

– Não o que? Não está tão certa quanto a minha afirmação de que fará
amor comigo? – passei a língua em seu pescoço e ela estremeceu.

– Não quero fazer amor com você – ela gemeu quando passei os dedos
pelo elástico da sua calcinha – não faça isso, por favor...

– Alexis... Eu te quero tanto – tomei seus lábios num beijo tórrido e


apaixonado. Ela não se objetou, pelo contrario, retribuiu com a mesma
sofreguidão... George estava certo, ela me amava. Coloquei meus dedos entre
suas pernas para sentir deu sexo macio e quente... Molhado, receptivo...
Escorreguei meu dedo para dentro da calcinha e depois para dentro dela e a
senti amolecer em meus braços enquanto nossas línguas se entrelaçavam num
vai e vem desesperado. Como se aquele fosse nosso ultimo momento, nosso
ultimo suspiro.
Movimentei minha mão de forma a acariciá-la intimamente, ela se
contorceu deixando que seu líquido escorresse pelos meus dedos, ela me
queria... – Johnny, pare... Por favor... Oh!

– Veja Alexis, veja como num simples toque posso te levar ao êxtase
absoluto... É assim comigo também... Toque-me... Vamos, me toque. – senti
que ela teve um momento de duvida, soltei-a um pouco para pegar sua mão e
direcioná-la na direção da minha cueca. Ela colocou sua mão dentro da minha
roupa e tocou meu membro rijo com delicadeza – toque-me com vontade
Alexis... Agora.

Ela apertou seus dedos, senti que enrijecia um pouco mais tamanha era
a violência do prazer que eu sentia. – não temos tempo Johnny... – ela
murmurou.

– Temos tempo suficiente... – continuei movimentando meu dedo


dentro dela – como eu gostaria de poder fazer amor com você... Eu usaria
todas as formas conhecidas para te tocar. Faria amor com a boca e com o
dedo, como estamos fazendo agora, eu adoraria te sentir quente em volta de
mim. Sua carne macia e saborosa... Sei que você gosta disso. Eu também
gosto... – ela não respondeu. Apenas ofegou e se contorceu enquanto atingia
o ápice do prazer com um grito abafado.

Sua mão quente se amoldava a meu sexo movimentando-se


rapidamente ela me tocava luxuriosamente, senti uma onda de prazer
chegando. – Alexis... – murmurei seu nome alcançando novamente sua boca.
Ela devolveu o beijo com a mesma intensidade... Em apenas cinco minutos
fomos capazes de sentir tanto prazer, como se fosse uma hora.

– Por que você fez isso? – ela indagou com o rosto vermelho.

– Você tem certeza que não sabe? – respondi com outra pergunta.
Antes que ela pudesse responder ouvimos passos do lado de fora da porta,
tentamos nos recompor da melhor maneira possível, mais uma parte da seção
iria começar. Durante a tarde não nos provocamos mais, eu podia sentir a
tensão em todos os músculos de Alexis, ela queria mais... Mais de mim...
Mais de nós...
Demos uma pausa para descansar quando o telefone dela tocou. – Chris
– ela sorriu parecendo aliviada.

Mais uma vez aquele advogado de porta de cadeia atrapalhava meus


planos ao ligar, de longe observei como ela se portava em relação a ele –
claro! – ela respondeu a alguma coisa que ele tinha dito do outro lado da
linha ficando em silêncio logo em seguida – posso te esperar com certeza?

Silêncio.

– Liga pro meu pai e avisa tá? Ele foi levar a minha mãe ao hospital e
ficou de me buscar... Fico te esperando então.

Silêncio.

– Talvez as 18:00hs, ainda falta muito para terminar as fotos do


catalogo e ham... Chris... Você não tem ideia do quanto isso é importante
para mim. Obrigada.

Silêncio.

– Eu também te amo – ela disse desligando o telefone. As últimas


palavras selaram minha decisão, Alexis seria minha e quando aquele qualquer
coisa, chegasse. Ela ficaria arrependida de ter me deixado.
Capítulo 6

Johnny

Aquela espera era torturante, eu quase cedi ao impulso de dizer que a


amava. Éramos como fogo e gasolina, algo como se não pudéssemos estar
separados e felizes ao mesmo tempo. Foi paixão e desejo que senti no seu
beijo... Mas havia algo mais. Havia amor...

Limpei o rosto do suor que escorria pela minha face, o tema da


campanha era sensualidade e acho que tínhamos dado muito mais do que
isso, eu sabia que o resultado seria bem melhor do que o esperado. Steve nos
deixou a sós para que pudéssemos voltar a vestir nossas roupas. Era fim de
tarde, faltava pouco tempo antes de Christopher chegar para buscá-la.

Eu a vi caminhando na direção da sala que nos tinha servido de


camarim, meu coração saltava e se mantinha descompassado tamanho era o
sentimento guardado em meu peito. Segui para o mesmo lado entrando na
área e fechando a porta atrás de mim. Ela se virou com os olhos arregalados
quando ouviu o “clic” da porta. – o que quer agora Johnny? – foi ríspida.

– Quero falar com você... Na verdade quero me desculpar pelo que fiz
no outro dia.

– Quer que eu acredite que está arrependido? – ela perguntou irônica.

–Quero. – fui seco sem ser rude– me perdoe. – eu queria sinceramente


que ela acreditasse em mim... Que soubesse que sem ela o ar era rarefeito,
quase inexistente.

– Está bem, se isso te fará sentir melhor... – ela usava apenas o top
escondendo muito pouco dos seus seios, a micro saia que vestiu para as
ultimas fotos e a bota de couro negra. Seu corpo pálido era um convite ao
pecado.
– Alexis eu...

– É melhor que se afaste Johnny – ela disse quando me aproximei.

– Alexis... Eu só queria uma oportunidade para... – as palavras ficaram


presas na minha garganta. Cocei as têmporas.

– Para?

– Para te mostrar que você está enganada ao meu respeito... Por favor,
lembre-se de nós – me aproximei um pouco mais e toquei sua mão. Ela se
manteve quieta – eu sinto sua falta. – segurei-a entre as minhas. Ela tremia.

– Como sente de todas as outras? - Disse nervosa.

– Não... Eu sinto falta apenas de você – aproximei-me um pouco mais


quando percebi sua disponibilidade e sua indecisão colei meu corpo no dela –
do seu cheiro, do seu toque... Do seu amor. Diga que me ama Alexis, vamos
acabar com isso aqui e agora. – acariciei seu rosto com as costas da mão
direita e olhei dentro dos seus olhos.

– Por que eu deveria dizer que o amo Johnny?

– Porque... Você é muito importante para mim. – encostei minha testa


na dela e senti sua respiração. Segurei sua cintura fina de pele macia – eu te
quero... Muito...

– É puro desejo, não há amor – ela vociferou com a boca muito


próxima da minha.

– Não, não é só desejo Alexis... Há muito mais do que isso entre nós...
– meus lábios tocaram os dela delicadamente, seus olhos encontraram os
meus extremamente confusos.

– O que há mais Johnny? – ela murmurou.

– Você não sabe? Deixe-me te mostrar... Permita-me te mostrar o que


mais há entre nós... Permita que eu mostre o quanto sinto sua falta, falta de
nós... Você deixa? – segurei seu rosto entre as minhas mãos outra vez e beijei
sua boca macia... Ela retribuiu o beijo com carinho, ardor... Não foi com a
urgência de mais cedo. Alexis finalmente parecia começar a entender que eu
não havia sido culpado afinal, meu peito se inflou ante aquela expectativa.

Seus braços rodearam meu pescoço e seus dedos entrelaçaram meus


cabelos trazendo-me para mais perto. Nossas línguas se cruzavam e se
apressavam em suprir todo desejo que aquela paixão continha, eu ainda a
mantinha presa a mim... Meu desejo cresceu dentro da minha roupa. O fogo
que me consumia parecia uma dependência química. Paramos para respirar...

– Quem é você que entra em meus sonhos aturdindo meus sentidos


sendo capaz de me deixar louco? – suspirei. Ela sorriu levemente. – você é
uma ninfa, uma sereia?... Deve ser algo muito mais, você está tão impregnada
na minha pele que não seria capaz de esquecê-la, simplesmente porque não
posso parar de pensar em você Alexis. – beijei-a novamente, abracei-a com
força, ainda que meu desejo crescesse, eu não a tocaria. Não sem que ela
pedisse...

– Por que faz isso comigo? – ela indagou ofegante. Havia dor em seus
olhos.

– Eu só quero que me deixe provar o quanto você é importante para


mim... Eu só preciso de uma chance e eu te prometo que não farei nada que
você não queira. Diga que permite – beijei-lhe os lábios mais uma vez, ela me
olhou novamente.

– Não acho que seja uma boa ideia Johnny – se desvencilhou de mim e
caminhou para o canto da sala.

– Por quê? – indaguei levantando as mãos e soltando-as no ar – do que


você tem medo?

– De me magoar de novo... Não vê? O que aconteceu foi o suficiente


para que minha vida virasse de pernas para o ar. – atravessei a pequena sala a
passos longos até chegar perto dela novamente.

– Se você não me permitir tentar, nunca saberá... – meu coração estava


acelerado – me de uma chance – eu praticamente implorei.

Percebi seu receio, notei sua insegurança – eu não posso – ela tinha
lágrimas nos olhos. – estiquei meu braço em sua direção e ela se manteve
parada, toquei seus olhos limpando-os do choro contido.

– Vamos acabar com isso aqui Alexis, agora – desci minha mão até seu
braço e a puxei para mim, beijei sua boca mais uma vez, porém, dessa vez ela
se entregou sem reservas. O calor do seu corpo cresceu assim como o meu.
As mãos passearam pelas minhas costas nuas fazendo com que meu corpo se
arrepiasse da cabeça aos pés.

– Alexis... – murmurei seu nome. O beijo se intensificou, línguas


nervosas se moviam sincronizadamente.

Minha boca percorreu a extensão entre seu rosto e sua orelha


mordiscando o lóbulo gentilmente, ela estremeceu. Beijei seu pescoço e desci
até o ombro. Afastei-me vagarosamente para ver seus lábios entreabertos, os
olhos fechados e a cabeça levemente inclinada para trás. Coloquei as mãos
nos seus ombros acariciando com o polegar sua pele macia. Desenhei com os
dedos o caminho que ia do seu pescoço até o vale dos seus seios cobertos
apenas por uma pequena faixa que destoava da sua extrema beleza.

Deslizei o pequeno pedaço de pano descendo-o até a sua cintura, seus


olhos me fitaram intensamente. Esperei uma repreenda, algo que me fizesse
parar. Ela se manteve quieta, como se esperasse o próximo passo. Toquei
levemente seus mamilos, eles enrijeceram e ela gemeu baixinho suspendendo
a cabeça jogando os cabelos soltos para trás.

Curvei-me e toquei-os com os lábios, sugando-os devagar... Sem


pressa. Aquele lugar era pequeno, mas nada me faria mudar de ideia. Deitei-a
sobre um amontoado de roupas, puxei sua bota e beijei as pontas dos dedos
dos pés ao mesmo tempo em que segurava sua perna, segui adiante enquanto
subia beijando até que cheguei a sua coxa. Ela deu um leve sorriso...
Cócegas... Sorri também

– Deseja que eu pare? – perguntei.


– Não... – ela murmurou.

Fui subindo aos poucos até que cheguei à barra da sua micro saia, abri
os botões que a fechavam e ela suspendeu os quadris para que pudesse retirá-
la. Visualizei a minúscula calcinha branca de renda que ela usava.
Mordisquei seu sexo por sobre tecido fino da seda. Passei meus dedos pelo
elástico fino que segurava aquela pequena peça ao seu corpo. Ela gemeu mais
uma vez.

Retirando aquele pedaço minúsculo de tecido, pude ver perfeitamente


suas dobras e sua umidade, com a boca cheia de água eu a toquei com a
língua gentilmente no seu ponto de prazer. Suguei seus sucos que tinha um
leve sabor adocicado. Aquilo era melhor do que qualquer sonho que eu
pudesse ter tido, Alexis estava ali e era minha... Penetrei-a com a minha
língua e fiz movimentos circulares e logo depois me movi para dentro e para
fora agilmente.

Ela se contorcia e gemia segurando meu cabelo fazendo-me sentir o


homem mais desejado do mundo. – deixe-me tocá-lo Johnny – ela pediu.

– Teremos tempo, deixe-me fazer aquilo que sei que você gosta. Deixe-
me agradá-la. – dito isso voltei a satisfazê-la, assim como havia feito na ilha.

– Johnny... Faça amor comigo, faça agora. – ela pediu num tom de
súplica.

– Deixe que eu te mostre que posso fazer mais por você Alexis.

– Não... Eu quero você agora. Quero-o dentro de mim... Nesse


momento – pediu num fio de voz. Sua tez estava vermelha e seu corpo
transpirava, um cheiro doce de flores invadiu o ar.

– Tem certeza de que é isso mesmo que você quer? – perguntei.

– Sim, agora... – levantei-me e retirei a calça que ainda vestia. Ela


sentou e retirou a cueca olhando para meu corpo com os olhos turvos de
desejo. Ela tocou minha ereção ajoelhando-se no chão e colocando-o
suavemente dentro da boca... Um gemido alto saiu da minha garganta sem
que eu conseguisse conter o prazer. Segurei-a pelos braços e a coloquei de
costas ainda sobre o amontoado de roupas.

Deitei meu corpo sobre o dela e a penetrei vagarosamente, meu dorso


encostado nas suas costas, sua nádega encaixada perfeitamente em mim,
amoldando-se perfeitamente ao meu corpo como se tivéssemos sido feitos
para estarmos juntos. Meus movimentos eram lentos e profundos, ela me
recebia e gemia calorosamente. Segurei seu cabelo retirando-o do rosto
suado. Procurei seus lábios para sugar sua essência. – deixe-me vê-lo Johnny
– pediu.

Sai de cima do seu corpo e a virei para mim, suspendi seus braços
segurando seus pulsos na altura da sua cabeça e a possuí novamente, agora
com movimentos mais rápidos e mais intensos enquanto sugava seus seios e
logo depois seus lábios... Eu sabia que ela estava prestes a explodir, eu
também estava... No instante em que o corpo dela se arqueou, chegamos
juntos ao ápice do nosso prazer. Pude sentir seu corpo quente derramando seu
prazer em mim. Eu também estava dentro dela. Éramos um novamente.

Ficamos ali, deitados e abraçados por algum tempo, minha cabeça


descansou sobre seu peito enquanto ela acariciava meu cabelo. Eu devia estar
sonhando. Ao longe ouvimos um telefone tocar, ela me olhou com duvida
quando pedi – não atenda Alexis, por favor.

– Eu preciso – ela se levantou deixando-me ali, embora não fosse o


local adequado, sua ausência ao meu lado me causou dor. - Alô, Chris – ela
atendeu. – preciso resolver algumas coisas, descerei em alguns minutos -
afirmou.

Levantei-me subitamente enquanto ela ainda estava de costas, vesti


minha roupa novamente tremendo tamanha era a ira que me dominava. Mas
ela não me veria assim, outro dia conversaríamos. Outro dia talvez, ou talvez
eu devesse entender que não era tão importante para ela a ponto de deixar
Christopher Johnson sem resposta. Talvez, fosse ele que ela amava
realmente.

E foi assim, sem me despedir daquele momento mágico que tínhamos


compartilhado. Que eu parti. Porém não antes de ouvi-a dizer para ele mais
uma vez – eu também...

Alexis

Virei-me para falar com Johnny que sentia muito sobre o que tinha
acontecido. Olhei ao redor e percebi que havia partido, então era isso! Ele
havia feito mais uma vez, me usou e depois partiu sem nem ao menos dizer
adeus. Sentei na cadeira atrás de mim com as mãos no rosto, a lágrimas
começaram a botar sem que eu tivesse controle sobre elas. Procurei minhas
roupas e as coloquei no meu colo de qualquer jeito, Chris estava chegando e
eu não queria que ele me visse daquele jeito.

Penteei o cabelo, limpei a maquiagem, vesti minha roupa sem vontade.


O cheiro dele estava impregnado em mim como uma tatuagem. Não sei
quanto tempo fiquei ali tentando conter a tristeza que se abatia em mim. Eu
sabia que ele não me merecia, sabia que lá no fundo ele não me amava de
fato. Então por que eu havia me entregado a ele de livre e espontânea
vontade?

Ele havia me desafiado naquela manhã, havia dito que eu iria implorar
para que fizesse amor comigo antes do fim do dia. E eu o fiz, eu não só
implorei como também fiz parte de todo o processo. Senti-lo dentro de mim
não diminuiu a intensidade do desejo que me consumia.

Eu me odiava por amá-lo tanto, eu me punia por ter cedido tão


facilmente aos seus encantos... O que mais era preciso fazer para que eu
soubesse e entendesse que Johnny Collins não me amava e nunca me amaria.
Meus soluços eram altos e nem mesmo a tentativa de contê-los diminuía sua
intensidade. Senti mãos fortes em meus ombros, eu conhecia aquele toque –
Alexis, o que aconteceu? – Chris perguntou me puxando para si.
– Por que é tão difícil esquecer? – foi tudo que consegui dizer quando
apertei meu rosto em seu peito, Christopher me abraçou firmemente
acariciando minhas costas.

– Vai passar meu bem, vai passar minha Alexis. Isso tem a ver com o
Collins não tem? – fiz um sinal positivo com a cabeça, não precisei olhá-lo
no rosto. Eu simplesmente não conseguia. – por que será que todas as vezes
que ele está perto você sempre fica assim Alexis? Isso não pode ser benéfico.
O que ele fez dessa vez?

– Ele não fez nada – menti – eu fiz... Eu o amo!

– Então, por que não me explica o Collins ter passado por mim feito
um furacão, como se tivesse sido escorraçado por alguém, nesse caso, você?

– Não há justificativa Chris! Nenhuma que seja capaz de exprimir o


que sinto nesse exato momento... – ele passou seu braço protetor ao redor do
meu ombro e seguiu comigo para fora da pequena sala onde eu havia acabado
de fazer amor com Johnny. Para ele devia ser apenas sexo.

– Ponha os óculos escuros Alexis, desde que souberam que faria as


fotos com o Collins à imprensa marrom estacionou na porta de entrada. Não
quero que te vejam assim... – obedeci, ergui minha cabeça e fomos alvejados
pelos flashes na hora da saída... Eu até podia imaginar o que seria dito nas
matérias do dia seguinte.

Contudo, não era hora de me abalar. Eu precisava seguir adiante... Eu


precisava esquecer Johnny Collins.
Capítulo 7

Alexis

Meu pai parecia tranquilo quando cheguei em casa. – como foi à seção
das fotos? – ele perguntou animado. Não consegui responder e me tranquei
no meu quarto pelos quatro dias seguintes. Minha mãe se preocupou. Pedi a
George que não marcasse nenhum tipo de compromisso nas próximas
semanas, ver meu rosto estampado nas capas das revistas de fofoca semanais
não era muito saudável para mim.

De um jeito compreensivo ele acatou negando vários convites para


campanhas e propagandas, sempre preocupado em entender o que havia
acontecido. Eu sairia do ar, pelo menos até depois da festa da Garbage Rock
que seria dali a pelo menos um mês. Nesse meio tempo Chris vinha me
visitar em casa, passava horas comigo preso no meu quarto. Ele havia me dito
que queria voltar a ser meu amigo sem segundas intenções. Eu não estava
com a saúde muito boa, meu amigo passou algum tempo visitando alguns
médicos para me acompanhar.

Contou-me sobre Ivy, uma mulher interiorana por quem ele tinha
despertado algum interesse. Ele disse que ela entendia o que ele estava
fazendo por mim, sua promessa da infância estava sendo cumprida a duras
penas e por mais que eu insistisse, Chris era teimoso e não queria me deixar
sozinha. Ele viajava nos finais de semana para vê-la e durante a semana
maçante de trabalho, ficava sempre ao meu lado.

Ivy era uma heroína, eu não consegui dividir Chris com outra mulher
enquanto éramos namorados. Eu nem mesmo conseguia imaginá-lo na cama
de outra. Eu não tinha vergonha de saber que o homem ali a minha frente
tinha me tocado. Ele nunca deixaria de ser o meu melhor amigo.

Voltamos ao hospital onde duas semanas atrás eu havia ido realizar


exames de rotina, os resultados não me agradaram tendo em vista a anemia
profunda que me abatia. Eu não era uma modelo anoréxica , o medico me
tranquilizou. Eu me alimentava bem, porém, depois dos acontecimentos com
Johnny, tudo havia mudado. – Como assim talacemia? – questionei.

O Dr. Eric McNick, um homem alto e magro com um cavanhaque


engraçado me olhou risonho – Alexis, nesse caso, você precisará ingerir ferro
via intramuscular. Será que já ouviu falar em talacemia? Identificamos em
você baixos índices de ferro. Vamos injetar acido fólico e te receitar
vitaminas de complexo B para ajudar no seu tratamento. Teremos que te
monitorar de perto para evitar a desidratação. Se não acompanharmos esse
caso de perto, a talacemia pode evoluir muito e tornar-se uma leucemia.

– É tão grave assim? – Chris questionou.

– Se tiver o acompanhamento necessário, ela ficará bem. – ele afirmou.

– A propósito, sei da sua nova campanha e ouvi rumores sobre uma


mega festa. Nada de bebida ou de perder noite. É seu trabalho terá que ir...
Mas volte a tempo de dar um descanso ao seu corpo.

– Chris... – eu o repreendi – você contou... – ele gargalhou.

– Eu a trarei aqui quando precisar... Tem exames para medir o nível de


proteínas na próxima semana – Christopher me mirou – venho com você. –
ele apertou a mão do médico antes de sairmos.

– Até a próxima visita Alexis e se cuide – ele apertou minha mão se


despedindo.

Avistamos um paparazzi do outro lado da rua, sua maquina virou na


minha direção e Chris protegeu meu rosto com o envelope que continham os
exames que eu acabara de fazer.

Depois que entramos no carro ele se virou para mim com o olhar
enigmático – é muito difícil ser seu amigo, foi muito mais difícil ser seu
namorado... Espero que um dia conheça alguém que realmente mereça a
mulher integra que você é. Mantenha-se assim, pura Alexis – ele sorriu
beijando minha testa. Foi quando vimos uma grande lente no vidro da janela
do carro.

Christopher se aborreceu e ameaçou sair do automóvel para acertar o


fotografo que estava nos importunando – Deixe para lá, é o trabalho dele. – a
contra gosto, ele ligou o carro e partiu.

Depois de explicar a minha mãe os detalhes da visita ao médico e ver


sua expressão de preocupação, seguimos para o meu quarto, esperaríamos o
almoço lá. Chris ligou para Ivy, disse que ela era uma grande fã.
Conversamos por alguns minutos e logo depois de desligar o telefone me
virei para ele no intuito de questionar o que estava na minha cabeça desde
que saímos do hospital.

– Por que me disse aquelas coisas no carro Chris?

Ele olhou para a janela, o sol entrava pela cortina fina anunciando o
inicio da tarde, ele segurou minha mão – pedi Ivy em casamento no final de
semana. – ele fez uma careta – não sabia como te contar.

– Oh! Chris! – pulei no seu pescoço feliz por poder compartilhar


daquele momento com ele. – estou tão feliz por você... Ivy é uma mulher de
sorte.

– Não ficou aborrecida?

– Nunca... Estou tão plenamente feliz... E o Derek?

– Ninguém sabe ainda, você é a primeira... De alguma forma, sua


reação me faria dar o próximo passo. Irei passar o próximo final de semana
com ela. – ele sorriu largamente – ela é uma mulher maravilhosa.

– Fico feliz, eu juro... – me joguei em cima dele e beijei seu rosto – eu


te amo ainda mais.

Minha mãe entrou no quarto nesse exato momento. Ester estranhou


aquela cena – perdi algo? – ela sorriu com uma bandeja na mão – trouxe um
lanche para vocês e os encontro trocando juras de amor... É mesmo melhor
que George esteja viajando. – Christopher gargalhou. – o almoço vai atrasar
um pouco – ela disse – divirtam-se... – ela saiu.

– Eu entendi bem? Ela acha que estamos namorando? – gargalhamos


juntos.

– Acho que sim... – gargalhamos mais uma vez. – vou passar o final de
semana com ela.

– Acho mesmo isso muito bom, nesse final de semana terei a festa de
lançamento da campanha da Garbage Rock– fiz uma careta.

– Eu tinha esquecido, vou remarcar com Ivy, você não pode ir


sozinha... O Collins estará lá.

– Deixa disso Chris, Ivy é a pessoa que merece sua atenção agora. Não
pode perdê-la, você está tão feliz. – resmunguei.

– Não posso Alexis, tenho que te proteger.

– E desde quando você virou meu guarda costas? Você tem uma vida
Christopher Johnson, preciso aprender a superar meus traumas e espantar os
meus fantasmas. Além do mais, temos o super George ao meu lado... –
sorrimos, o olhar preocupado de Chris não parecia convencido – vai lá Chris,
vai e diz a Ivy que a ama...

– Está bem Alexis, mas se aquele play boy te maltratar. Eu juro que
vou deixá-lo em pedaços.

– Ele não vai fazer nada... – respondi incerta – confie em mim. –


qualquer que fosse a situação eu iria enfrentá-la e iria vencer.

Johnny
Alexis tinha sumido da minha vida, mas não havia sido esquecida pela
mídia:

“Alexis vai mais uma vez com o noivo ao hospital, aumentam os


rumores sobre seu estado de saúde. Christopher tem sido visto
frequentemente ao seu lado. Depois que as fotos da Garbage Rock vazaram
na internet, ficou-se na duvida sobre os olhares ousados e a saída brusca
do empresário Johnny Collins do Studio de Steve Nolasco três semanas
atrás. Logo após a chegada de Christopher... E agora? Quem ficará com o
coração de uma das modelos mais bem pagas do mundo?”

Eu morria a cada segundo quando a via ao lado daquele... Eu não


queria nomeá-lo. George tentou me tranquilizar quanto ao estado de saúde de
Alexis, ele disse que eram exames de rotina e isso havia me deixado mais
tranquilo. Não sei como algumas das nossas fotos da campanha caíram na
rede antes mesmo de serem tratadas. Um golpe de marketing talvez?

Mesmo para o titulo da campanha que era sensual, eu havia exagerado


quando coloquei as mãos dentro da saia dela, ou quando a puxei e olhei o que
tinha dentro da calcinha. Só de lembrar, meu corpo dava sinais de
abstinência... As expressões dela não eram de divertimento, eram de tesão.
Os repórteres questionaram até onde aquela campanha tinha sido falsa ou
verdadeira.

Vendo as fotos, eu entendia porque. Desisti de continuar passando as


imagens, guardei-as no meu computador para que depois eu as pudesse
visualizar. Escolhi a mais bonita dentre elas e a coloquei como meu papel de
parede. Era uma foto de close, onde Alexis mordia o meu dedo com um olhar
de gata manhosa, meu braço passava por cima dos seus seios cobrindo-os
completamente.

Eu iria dormir um pouco, a festa da Garbage Rock seria a noite e eu


não me sentia a vontade para levar ninguém sabendo que Alexis estaria lá
mesmo que fosse acompanhada pelo advogado de porta de cadeia a tiracolo.
Deitei na cama pensando em como faria para me reaproximar, não sei por
que, ainda insistia nessa situação se sempre fui tão desapegado das coisas.
Nenhuma mulher havia mexido comigo como ela.
Nos meus sonhos ela surgia tão linda quanto uma fada, era um
encantamento capaz de me fazer sair da realidade. Por diversas vezes pensei
em desistir e deixá-la ser feliz, porém, minha família estava empenhada a não
me deixar esquecer. Meu pai dizia que me queria assim, tranquilo e
apaixonado... Forçou-me a tirar férias, tamanha era a minha falta de
concentração.

Alexis seria a boneca mais procurada para o próximo natal, as


pesquisas já haviam nos preparado para a explosão de meninas querendo uma
mini Alexis.

Mesmo que os dias tivessem se arrastado, era enfim chegado o dia da


festa de lançamento da nova linha de jeans completamente desinibida, eu
estava ansioso. Olhei-me no espelho e o que vi não me desagradou, eu ainda
estava em forma e poderia conquistar alguns corações.

Entrei no Sedan e dirigi ouvindo No More Lonely Nights de Paul


McCartney. Cheguei à linha férrea que estava desativada por volta de oito da
noite. A julgar pela quantidade de limusines e carros importados a elite de
Nova York estava ali. Deixei o carro com o manobrista, mas não antes de
deixar claro que tomasse todo cuidado com o meu veículo.

Olhei para o imenso outdoor na frente do prédio e percebi que


escolheram a foto onde eu estava deitado por baixo com Alexis esparramada
sobre meu corpo, ela usava um short jeans minúsculo e meu braço passava
por cima do seu seio cobrindo apenas seus mamilos. A foto era sensual e
extremamente erótica, demonstrava exatamente o tesão que estávamos
sentindo naquele momento, com os lábios entreabertos eu lembrei
precisamente o que ela me disse naquele momento – sua, apenas nas fotos
Johnny – ambos sabíamos que aquela afirmação era falsa.

Não me admirava o burburinho que aquelas fotos estavam causando


diante da mídia. Senti ciúmes quando ouvi alguns comentários maldosos e
outros não tão maldosos a respeito da mulher que eu amava. – e então Johnny
– uma figura que identifiquei como sendo uma repórter do The SunSet,
Angélica Medley – como vai o romance com a modelo Alexis Scott?
Teremos casamento em breve?
– Olá Angélica – cumprimentei com um falso sorriso – acho que o
suspense atiça um pouco mais a curiosidade não é? – ela sorriu
indiscretamente – infelizmente não posso responder a essa pergunta – fui me
retirando quando ela atirou.

– Mas Alexis tem sido vista constantemente na companhia do ex noivo.


Alguns dizem que eles voltaram. Mas, depois das cenas tórridas que
presenciamos entre vocês dois naquela ilha paradisíaca, não seria um pouco
estranho que ele a aceite de volta?

– Eu aceitaria... Alexis é muito mais do que vocês supõem, talvez


devessem conhecer mais a sua vida antes de indagar ou aludir o que têm
sugerido nos jornais.

– Então a defende? Não seria uma espécie de paixão reprimida?

– Somos bons amigos...

– E como poderiam ser apenas bons amigos? Talvez o lado Johnny


Collins tão conhecido e cobiçado pelas mulheres nova-iorquinas esteja de
volta e tenha feito sua parte consolando a Alexis modelo depois do
rompimento passageiro com Christopher Johnson – gargalhei.

– Você tem a intenção de me pegar pelo pé... – sorri mais uma vez –
preciso ir, ainda tenho que desfilar essa noite. – fugi do assunto me retirando.
Ela ainda tentou me alcançar quando um dos seguranças da festa me segurou
pelo braço me levando para dentro.

Os flashes não cessavam, não entendia como aquelas pessoas podiam


se interessar tanto pela vida alheia e ainda vender jornais com isso. Se eu me
sentia invadido, embora estivesse acostumado aquela rotina de repórteres
procurando se enfiar em cada cama que eu dormia, não podia imaginar como
Alexis se sentia. Entrei no amplo galpão que abrigava uma estrutura de ferro
recém reformada. Eu sabia que não poderia chegar perto dela se não no
camarim, antes de cada subida ao palco. Sim, palco... Pois eu sabia que cada
aparição que déssemos juntos seria um show de flashes.

Não tive tempo de percorrer o lugar, isso teria que esperar para a festa
prevista depois do desfile, fui levado para dentro onde me juntei a outros
modelos. Alexis ainda não tinha chegado, ou talvez, não tivesse conseguido
entrar com tantos urubus querendo um pedaço seu na entrada. Eu conseguiria
burlá-los, mas não ela... Não a Alexis que eu conhecia. Por incrível que
parecesse, desejei que o advogado perdigueiro estivesse ao seu lado para
protegê-la.

Alexis

Cheguei naquele evento já imaginando o momento de ir embora, ter


que me confrontar com Johnny era muito pior do que enfrentar a impressa
marrom. Chris havia ido passar o final de semana com Ivy e meu pai precisou
acompanhar minha mãe numa pequena festa de família. Era aniversario da
minha prima Janet Scott... Fazia tempo eu não sabia o que era dirigir naquela
cidade e não iria voltar naquele momento. Então preferi chegar num carro
particular alugado pelo meu pai, o motorista deu a volta no prédio e me
deixou de frente para o enorme folder com uma foto minha junto a Johnny.

“Meu deus, o que é isso?” pensei. Meu pai realmente não tinha noção
do que eu havia me metido, com aquelas fotos, a mídia não me deixaria mais
em paz. Dito e certo, o automóvel me deixou em meio a um turbilhão de
repórteres – Alexis, Alexis – uma delas chamou. – Johnny afirmou que vocês
são bons amigos. Você confirma isso? – eu não queria confirmar nada, não
queria saber de nada...

Virei-me para ela e respondi – confirmo sim, eu e Johnny somos bons


amigos... Agora se me derem licença.

– Alexis, só mais uma pergunta – ela insistiu. – ouvimos boatos sobre


uma briga entre seu noivo e Johnny nas indústrias Collins. Qual teria sido o
motivo? Será que Christopher Johnson acredita que vocês não são somente
amigos? Afinal, nas ultimas fotos tiradas, você e Johnny estavam muito mais
próximos do que ‘apenas amigos’ – ela fez um sinal de aspas nas ultimas
palavras.

– Da ultima vez que conversei com a imprensa, deixei claro que só


falaria a respeito da minha carreira. A minha vida pessoal é somente do meu
interesse. Não houve briga e Chris está muito bem...

– Mas o que teria te levado a viajar com Johnny Collins depois de ter
sido deixada por Christopher Johnson? Então aquelas fotos numa ilha deserta
teria sido montagem da mídia? Vocês não estavam em uma situação intima?
Seria talvez um golpe de marketing já que pouco tempo depois estamos
presenciando a maior campanha publicitária da Garbage Rock?

– Não vou responder as suas perguntas. E deixo bem claro mais uma
vez que a minha vida pessoal, interessa somente a mim e as pessoas
envolvidas. – tentei caminhar, dar um passo adiante. Parecia impossível sair
do meio daquelas pessoas quando senti uma mão forte me segurar pelo braço
e tomar a frente. Dean.

– Eu te protejo Alexis Revoltada – ele sorriu ironicamente – também,


vocês deram um grande mole. – ele brincou. – hoje eu sou seu guarda costas
gatão...

– Mas uma vez protegida por um dos irmãos Collins e não quer que
ninguém acredite que esconde algo? – outra repórter gritou. Fiz de conta que
não ouvi e entrei apoiada por Dean e o segurança da Garbage Rock que
aparecia para me levar ao camarim, deixando meu salvador para trás...

Johnny me olhava ansioso por algum motivo que eu não identificava.


Ele tentava parecer tranquilo, mas era outra coisa que eu percebia, enquanto
conversava, ele me olhava pelo canto do olho. Com o dorso nu, vestindo uma
calça jeans preta de cós baixo, pude observar seu abdômen definido. Os
braços fortes e o cabelo sempre desalinhado. Pouco tempo depois ele veio na
minha direção.

Ângelo Doninni, o estilista responsável pela coleção e pela organização


do desfile veio acompanhando-o – Alexis – falou afetado – estava dando
instruções a Johnny sobre como quero que se portem na passarela. Andem de
mãos dadas, como dois pombinhos...

– Isso não. Não posso entrar na passarela de mãos dadas com... Com
ele – me opus apontando para Johnny que sorria com o seu mais belo sorriso
torto.

– Isso faz parte Alexis, está no contrato – Johnny disse com o olhar
irônico.

– Bem, estamos entendidos? Vocês farão três trocas de roupas e


entrarão sempre juntos. Não precisam ser tão convincentes como fizeram nas
fotos... – ele piscou o olho e sorriu - É um simples andar de mãos dadas e
sorrir. Sorria meu bem e a propósito, preciso que esteja pronta em 10
minutos. O show vai começar... – ele saiu com as mãos abanando ao vento.

Olhei para Johnny, incrédula. Ele ainda sorria – ele me convenceu,


acredite que também fiz oposição sabendo da sua visão ao meu respeito.

– Eu não acredito em você... – afirmei – por que em todo lugar que eu


estou você tem que aparecer com esse ar de bom moço? Para depois
desaparecer como fez das outras vezes.

– Você atendeu o telefone embora eu tenha pedido que não o fizesse,


estava toda doce com seu noivo... O que queria? Que eu ficasse lá para ver
sua declaração de amor depois que acabamos de fazer amor?

– E por que eu não atenderia ao telefone? Christopher não é meu


noivo... Somos amigos. E o que você tem a ver com o fato de eu dizer ao meu
amigo que o amo? – coloquei as mãos na cintura.

– Tudo o que você faz... E diz Alexis. Leva a crer que vocês são mais
do que amigos... – ele tinha olhos febris.

– Eu... Não te devo explicações Johnny Collins... – me preparava para


completar a frase com um sonoro me ‘deixe em paz’ quando Doninni gritou
do outro lado.
– Alexis, cinco minutos... – olhei para Johnny que ainda parecia
estupefato com a minha ultima atitude.

– Alexis – seus olhos vidraram os meus, ele levantou a mão e passou a


palma pelo meu rosto. Eu estava entorpecida pelo seu toque – eu não... – ele
pareceu medir as palavras.

– Você não o que Johnny? – desafiei-o a falar.

– É melhor você ir se arrumar, daqui a pouco estaremos na passarela e


o Doninni não gosta de atrasos – soltou minha mão se distanciando. Até que
o maquiador se aproximasse e me trouxesse de volta a realidade. O que teria
sido aquela expressão nos olhos de Johnny? Dor? Tristeza? Tudo que eu
consegui identificar, é que não era felicidade.

Poucos minutos depois estávamos subindo na passarela de mãos dadas,


os flashes brilhavam com tanta intensidade que quase não conseguia ver o
caminho a minha frente. A mão quente dele na minha, fazia com que uma
serie de sensações me dominasse. Meu corpo estava febril, desejava-o tanto.
Parecia que eu seria capaz de qualquer coisa só para respirar o mesmo ar que
ele.

Paramos na frente do publico sedento por novas fofocas, Johnny me


virou de frente para ele e encostou a testa na minha. Afastou-se
vagarosamente e beijou as palmas das minhas mãos. O toque dos seus lábios
na minha pele fez todos os pelos do meu corpo se arrepiar. Tremi. Ele
percebeu e lançou o mais belo sorriso torto. Quando voltamos para os
bastidores, eu já não conseguia mais raciocinar.

Eu estava tão absorta em meus pensamentos que não percebi que já era
hora de subir novamente... Seguimos todas as vezes que foi necessárias,
andar de mãos dadas com ele estava me deixando completamente fora de
mim. Johnny era um verdadeiro deus grego em sua imponência. Eu não
conseguia imaginar ou visualizar qualquer daquelas outras modelos magrelas
comendo-o com os olhos. Ao fim do desfile, subimos todos a passarela para
agradecer a oportunidade ao nosso estilista. Num ímpeto inesperado Johnny
me carregou e girou comigo na passarela. Agarrei-me ao seu pescoço e juntos
sorrimos como duas crianças. Por breves minutos esqueci a nossa condição.

Pétalas de flores começaram a cair do teto sobre nós e os convidados,


ainda comigo em seu colo, saímos em direção ao camarim – Você está bem?
– ele perguntou quando o desfile acabou e nos arrumávamos para nos juntar
aos outros na festa.

– Sim, estou... – nesse momento Abby se aproximou com sua barriga já


aparente.

– Alexis, Johnny... Que casal lindo vocês formaram... Parabéns, amiga.


– ela beijou meu rosto.

– Não somos um casal Abby – afirmei.

– Não? Que pena, depois daquelas cenas quentes, naquela ilha


paradisíaca, das fotos da campanha e dos olhares que vocês trocaram durante
o desfile. Eu podia jurar que estavam juntos... – ela colocou a mão na boca
escondendo um sorriso. – ah! Alexis aproveita bem o Johnny... Sei que você
entendeu perfeitamente o significado das palavras, “chegar ao céu.”

– Do que vocês estão falando? – Johnny quis saber.

– Eu disse a ela que fazer amor com você era como estar num céu de
anjinhos... – ele fez uma verdadeira cara de espanto.

– Sério? Fez propaganda de mim? Me senti um garoto de programa –


ele gargalhou e eu corei.

– Seríssimo amor, pena que agora sou uma moça comprometida...


Adoraria experimentar os céus mais algumas vezes. – ela o provocou.

– Devo deixá-los a sós? – perguntei. Aquela atitude de Abby havia me


deixado mais incomodada do que eu gostaria.

– Não precisa querida. Somos amigas... – ela sorriu mais uma vez.

– Vocês formam um lindo casal. Os fotógrafos lá fora, com certeza,


estão ansiosos para vê-los na festa. Vocês não vão?

– Claro... Alexis, seu noivo deve estar te esperando. – Johnny ficou


serio de repente.

– Eu vim sozinha – respondi – E eu já te disse que Christopher é meu


amigo.

– Perfeitamente, perdoe-me a indiscrição – ele me lançou um olhar


fugaz e cheio de intenções que eu conhecia tão bem. Meu corpo inteiro reagiu
ao modo como ele me encarou...

Seu olhar era furtivo... Um sorriso torto brotou dos seus lábios tão bem
desenhados. Perdi-me admirando aquele homem que me deixava
completamente desnorteada, seus olhos, seu sorriso... Tudo nele era
impassível de defeitos.

– Alexis?! – Abby chamou. – Vamos? – ela sorriu maliciosa – Talvez


Johnny deva acompanhá-la para que não pareça que vocês estão disponíveis.

– Certamente eu não gostaria de saber que outro homem se aproxima


de Alexis, sou um pouco possessivo naquilo que diz respeito a ela. Tendo em
vista que Christopher guarda costas Johnson, não está presente. Sinto-me
compelido a fazer esse papel – ele disse passando o braço em torno da minha
cintura e me puxando para si. Não consegui reagir negativamente aquele
toque. Meu corpo tremeu e ele obviamente havia percebido, pois olhou para
mim e mordeu o lábio inferior.

Aquele gesto simplório me fez imaginar como seria ter


verdadeiramente o amor de Johnny Collins, quais seriam suas reações quando
ele estivesse verdadeiramente apaixonado. Com o braço ainda preso a minha
cintura ele me guiou para o salão onde a festa estava acontecendo. Ao nos ver
entrar, os outros convidados lançaram olhares maldosos. Pois Johnny ainda
me mantinha presa a si. Sem forças para me desvencilhar daqueles braços
fortes, me mantive passiva e completamente alheia ao mundo que me
cercava.

Houve um momento em que a mão dele passeou pelas minhas costas


num gesto possessivo, algumas pessoas questionaram sobre nosso
relacionamento e ele gentilmente mudou de assunto, obviamente no intuito de
me poupar. As outras modelos o olhavam. Completamente despudoradas,
sem nem mesmo se importar com a minha presença. Eu podia sentir o calor
crescendo pelo meu corpo enquanto caminhávamos por entre as pessoas
seguindo em direção a uma porta nos fundos da antiga estação.

– Para onde está me levando? – perguntei confusa.

– Pensei que o gato tinha comido sua língua – ele brincou sorrindo. –
não falou muito durante a noite...

– Você não respondeu minha pergunta – fui direta.

– Só estou tirando você do meio dessas pessoas que só querem indagar


o que há entre nós... Não quero que se exponha mais...

– Mais do que você já me expôs?

– Não Alexis, mais do que nos expuseram... Mas isso não vem ao caso.
Tenho acompanhado você de longe e sei que está doente... Sei o que isso tudo
está te causando. Eu me preocupo.

Ele parecia sincero enquanto ainda me conduzia e ao mesmo tempo


parávamos para cumprimentar as pessoas que claramente haviam ido até ali
para indagar se realmente estávamos juntos ou se eram boatos. A julgar pela
forma dominadora como Johnny se manteve colado a mim, eu podia imaginar
o que estaria exposto na primeira pagina do jornal da próxima manhã.

– O que te faz pensar que quero sua preocupação?

– Nada... Não quero pensar nada, só me preocupo... Só isso. – ele


respondeu sem entremeios.

– Por que Johnny? – minha voz estava embargada. Por um instante ele
parou e se colocou a minha frente pousando a outra mão no meu rosto,
acariciando meu queixo.
– Será mesmo que você não sabe? – aquela pergunta implantou em
meu coração uma dúvida sobre o que eu queria e o que eu precisava. Eu sabia
que o amava mais do que queria ou podia, mas, e ele? O que será que sentia
por mim?

– Eu não sei, por que não me explica?

– George me disse o que você tem, era muito evidente que estava
doente sei da quantidade de vezes que os jornais noticiaram a sua ida ao
médico. Antes que você me acuse de manipulador e brigue com seu pai, eu
liguei e ele foi apenas gentil em me informar sobre seu estado sensível de
saúde.

– Acho que com isso eu posso conviver. – murmurei.

– Que bom, será que podemos continuar com nossa fuga silenciosa
agora? – estudei sua expressão marota por um minuto, eu sabia o que ele
queria, eu sentia no meu intimo... Mas eu não queria negar, podia
simplesmente ignorar os avisos do meu coração e permitir que ele me guiasse
mais uma vez ao céu. Eu podia fazer de conta que ele me amava, podia fingir
que não me importou ter sido usada. De qualquer forma, ele nunca chegou a
me descartar. Eu o havia feito. Continuei encarando-o fixamente, os olhos
dele grudados nos meus, intensos, brilhantes, cheios de desejos.

– Alexis?!

– Vamos... – respondi. Naquele momento me permitiria seguir rumo ao


desconhecido e mostraria a Johnny, que era ele quem estava brincando com
fogo.

Johnny

Enquanto ela se manteve em silencio até sua resposta definitiva


– Vamos – senti medo de que ela se negasse a me acompanhar até o
ambiente a parte ao qual eu a estava levando. Entramos pela porta de madeira
maciça que dava para uma pequena saleta onde havia dois banheiros. Em
frente a eles um sofá e uma mesa de canto.

– Acho que poderemos ficar refugiados aqui por alguns minutos –


fechei a porta atrás de mim apontando para que ela sentasse no sofá. –
Estique as pernas, percebi que está um pouco pálida. Sente-se bem? Quer
uma água? Há algo que eu possa fazer? – tentei conter o desespero nas
minhas palavras.

Na verdade, eu já havia percebido mesmo durante o desfile que ela não


estava bem. Algumas vezes precisei segurá-la para que conseguisse seguir
adiante.

– Não John, obrigada... Tirar-me dessa festa já foi o suficiente.

– Você não deveria ter vindo sozinha... Onde está seu pai ou o...
Christopher – as palavras saíram pesadas.

– Meu pai precisou acompanhar minha mãe a uma festa de família e


Chris precisou resolver alguns problemas pessoais. – tranquei a porta e fui me
sentar ao lado dela. Aproximei-me e percebi que ela ficou tensa.

– Fique calma Alexis, só quero ajudar – sentei na outra ponta do sofá. –


Deite-se um pouco, dê-me seu pé, assim poderei fazer uma massagem para
que fique relaxada. Acho que ainda temos uns minutos até que as pessoas
sintam nossa falta ou comecem a usar o banheiro. – sorri. Ela me olhou
relutante, eu podia ver a palidez e o mal estar estampados no seu rosto.
Percebi que tudo o que eu queria na vida, era protegê-la de tudo e de todos.
Estiquei a mão e a deixei no ar esperando que ela atendesse minha oferta de
ajuda.

– Não sei Johnny... Essa não é uma boa ideia.

– Vamos lá Alexis, eu só quero ajudar... Sério! – ela me olhou mais


uma vez como havia feito há alguns minutos atrás. Ainda relutante esticou a
perna e segurou o vestido para que eu não visse mais do que podia, ou devia.
Ela estava usando um vestido frente única bege. Nele não havia espaço para
sutiã ou calcinha. O corte da frente parecia ter sido feito bob medida para
aquelas formas tão delicadas. O vestido finalizava pouco acima dos joelhos,
os saltos deixavam sua panturrilha ainda mais perfeita.

Desabotoei a sandália de salto fino, segurei seus dedos pintados com


esmalte vermelho, o que contrastava muito com sua pele branca. Ela gemeu,
mas não era prazer, era alivio... Ainda assim, minha mente criou fantasias,
imaginou momentos.

– Deite-se – sugeri – Fique a vontade e permita que eu massageie com


calma.

Sem pensar muito ela obedeceu, virei-me de frente para a figura


deitada e coloquei sua outra perna sobre a minha coxa, ela não fez aversão
aquele momento. Apertei seus dedos, corri os meus pela planta dos seus pés,
calcanhar e também pela parte de cima dele. Ela fechou os olhos e
aparentemente confiou em mim.

Depois de terminar com um, peguei o outro e fiz o mesmo


procedimento do anterior. Mais uma vez ela gemeu, no entanto, dessa vez, o
meu corpo reagiu. Contudo, eu precisava me controlar, não poderia por em
risco aquela confiança que ela estava depositando em mim.

– Pronto – eu disse após finalizar o segundo pé.

– Muito obrigada Johnny – ela respirou fundo como se estivesse


desapontada. Será que eu havia entendido bem?

– Você quer que eu massageie suas costas também? – perguntei – Basta


que se sente aqui de costas para mim. – ela não questionou, apenas sentou e
amarrou os longos cabelos no topo da cabeça. Sua nuca exposta e o perfume
com cheiro de flores me fizeram mais uma vez imaginar possuindo-a ali.

Toquei seus ombros tensos e percebi que toda sua pele se arrepiou.
Aproximei-me um pouco mais o que fez com que minha perna tocasse a dela.
Imediatamente percebi que seu corpo também reagia. Desci os dedos
carinhosamente pela sua coluna e notei que agora ela parecia completamente
receptiva, pelo espelho pude ver seus olhos fechados e o dente mordiscando o
lábio inferior. Aproximei minha boca da sua nuca e depositei um beijo suave

– Isso faz parte da massagem? – ela indagou sem se virar para mim.

– Poderá fazer, se você permitir – eu sabia que embora relutante, ela


queria que eu a tocasse ali. Naquele instante. Pelo espelho notei que ela
fechou os olhos

– Alexis, você está bem? – murmurei em seu ouvido.

– O que você quer de mim Johnny? – ela se virou e ficou com o rosto
praticamente colado no meu. Eu podia sentir seu hálito quente e os olhos
vidrados nos meus lábios. Gentilmente passei a mão no seu rosto acariciando
a tez macia, ela fechou os olhos e respirou fundo

– Eu quero você Alexis, como nunca quis nenhuma outra mulher... Seja
minha e deixe que eu te mostre o que há entre nós.

– Desejo... – ela murmurou – Sexo... Tesão.

– Não... É uma química muito maior – passei minha outra mão pelo seu
ombro desenhando-o com a ponta dos dedos. Ela tremeu.

– Não quero só sexo John... – murmurou.

– Diga que me ama Alexis, seja minha... Só minha.

– Não posso... Johnny... – ela arfou quando a minha boca tocou


gentilmente a dela.

Puxei-a para mais perto de mim colando seu corpo ao meu, passei suas
pernas sobre as minhas fazendo com que ficasse escarranchada sobre meu
corpo. Segurei-a pela nuca soltando seus cabelos que caíram em cascata sobre
os ombros, fazendo com que um beijo quente e profundo tivesse inicio. Ela
penetrou minha boca ferozmente, como se sua vida dependesse daquele
momento. Retribui da mesma maneira, ela precisava entender que entre nós
havia muito mais do que desejo e tesão.

– Me sinta Alexis, seja minha... – eu disse entre os beijos que


trocávamos fervorosamente.

Nossas línguas se entrelaçavam como se uma musica sincronizasse


nossos movimentos. Ela apoiou as mãos no meu peito enquanto eu a trazia
para mais perto. Num gesto brusco ela se afastou e levantou do meu colo.
Com os cabelos caindo sensualmente sobre seu rosto, ela me olhou... Passou
a língua ao redor da boca e mordeu o lábio inferior.

Segurou a barra do vestido e o tirou pela cabeça me olhando de forma


completamente depravada. Como eu havia imaginado, não havia nada
debaixo dele... O ar quase me faltou, ela estava se dando sem reservas para
mim naquele momento. Levantei rapidamente, mas ela me empurrou de volta
para o sofá. Cai sentado e boquiaberto pela sua atitude.

Ela se ajoelhou entre minhas pernas e desabotoou minha camisa de


gola polo retirando-a pela minha cabeça. Desamarrou meu tênis e os tirou e
logo em seguida desabotoou meu cinto e os botões da calça que eu vestia.
Retirou tudo me deixando apenas com a cueca na qual jazia meu membro
pulsante e cheio de desejo. Eu não imaginava realmente o que ela pretendia
fazer quando segurou o cós da cueca puxando-a para baixo. Suspendi o
quadril para permitir a passagem fácil. Ela olhou para meu corpo nu e seus
olhos brilharam

– Você me deseja Johnny? – ela perguntou sensual.

– Muito Alexis... – eu ia completar a frase quando sua mão quente


pousou sobre meu sexo latejante. Ela sorriu sarcasticamente e passou a língua
pela gota do liquido transparente que saia de mim.

– O que você quer de mim John?... – a resposta mais uma vez ficou
presa na garganta quando ela sugou a minha glande como se estivesse
desesperada. Gemi alto... Ela sorriu mais uma vez.

– Alexis... Isso não... ou – não consegui completar a frase mais uma


vez, ela me sugou mais uma vez levando-me até o fundo da sua boca...

– Você me deseja? Vou te dar algo que fará com que nunca mais pense
que não consigo viver sem você... – sua boca sugou meu membro mais uma
vez, ela fazia movimentos rápidos de vai e vem, ela subia e descia enquanto
segurava meu saco e o massageava com a outra mão. Quando eu estava quase
atingindo o êxtase ela parou e me olhou.

Eu a vi se levantar e seguir para uma pia de mármore posicionada a


frente do sofá, ela sentou e abriu as pernas deixando exposta a carne
vermelha e brilhante de tão úmida... Fiz menção de me levantar, mas ela fez
um sinal para que eu parasse. Meus olhos não acreditaram quando ela
começou a se tocar ali, para mim... Em meus sonhos aquela cena poderia ter
se passado, mas eu nunca ousaria pedir-lhe tal coisa. Minha boca encheu de
água e meu corpo reagiu ainda mais.

Precisei me conter para que não explodisse de tanto prazer, ela


pressionou os dedos no seu ponto mais sensível e começou a massageá-lo
rapidamente, enquanto o fazia ela gemia e se contorcia para que eu pudesse
ver o quanto ela era alto suficiente. Vi seu dedo escorregar para dentro de si e
ela o movia e continuava a me olhar e a se satisfazer sozinha.

Quantas vezes ela deveria ter feito aquilo? Imaginei quando ela
estivesse sozinha na sua cama e se tocasse para que eu visse... Alexis
continuava a movimentar o dedo quando introduziu outro, os movimentando
mais rápido. Aquilo não me chocou, pelo contrário... Fez-me desejá-la mais,
afinal, ela se conhecia muito bem...

Ainda que ela tivesse me pedido para permanecer onde eu estava


levantei e fui à direção dela. Para minha surpresa ela continuou se tocando e
capturou minha boca com ainda mais voracidade. Massageei seus seios
pressionando os mamilos e depois depositando meus lábios mordendo-os
delicadamente. Ela gritou alto e logo em seguida retirou a mão da sua
intimidade segurando meu sexo de um jeito seguro e cheio de desejo.
Levando-me até a sua entrada completamente molhada ela brincou comigo
pressionando-me contra sua sexualidade.
– Permita-me dar um pouco mais de prazer – ajoelhei no chão e
coloquei suas pernas sobre meus ombros, coloquei meu rosto entre suas
pernas e a penetrei com a língua e com os meus dedos. Ela gritou mais alto e
apertou minha cabeça entre suas pernas derramando seu liquido na minha
boca. Suguei todo seu fluido e movimentei minha língua um pouco mais no
seu sexo fazendo com que ela reacendesse o desejo.

Foi difícil, mas precisei me desvencilhar daquela posição. Levantei e


voltei a capturar sua boca com sofreguidão, ela ainda permanecia com as
pupilas dilatadas... Completamente em êxtase... Levantei-a da pia e a
coloquei de frente para o espelho, segurando seu seio eu a penetrei com força.

– Me diga como você quer que eu a possua Alexis... Diga exatamente o


que quer – sussurrei no seu ouvido.

– Rápido e preciso, quero que me possua selvagemente, quero que você


me faça ter o maior orgasmo da minha vida... – balbuciou. – Me devore
Johnny... Literalmente... – Aquela não era a Alexis que eu conhecia, era uma
mulher como as outras que eu estava acostumado a possuir.

– Não Alexis, não farei isso... – murmurei – Você é diferente e por


mais que tente se desvencilhar da sua própria imagem. Essa é a Alexis que eu
quero... A Alexis da ilha. – eu me afastei. Ela se virou com os olhos
lacrimejantes

– Pensei que era isso que você queria, que era disso que você gostava...
Eu queria que você visse que posso ser igual às mulheres que já possuiu.

– Não Alexis, eu não quero você igual às outras – me aproximei


novamente – Quero você assim... Sensível – segurei sua mão. – Delicada –
beijei sua boca – E completamente minha – virei-a novamente de frente para
o espelho e a penetrei mais uma vez.

– Agora Alexis, diga-me, como você quer que eu a possua...

– Faça amor comigo Johnny... Agora, rápido e forte... – segurei seus


seios mais uma vez massageando seus mamilos endurecidos. Era maravilhoso
poder ver como a expressão dela era cheia de desejo enquanto fazíamos
amor.

– Abra os olhos Alexis, veja seu rosto no espelho – ela obedeceu e eu


segurei seu queixo fazendo-a se encarar de frente. – Fico louco com esse seu
rosto vermelho de quando fazemos amor, adoro seus lábios inchados de tanto
me beijar...

– John... – sai momentaneamente dela e a carreguei de volta para o sofá


deitando-a e colocando meu corpo sobre o dela, senti que ela arqueou os
quadris para que eu pudesse me movimentar melhor. Brinquei na sua entrada
fazendo com que suas unhas se cravassem nas minhas costas – Johnny... – ela
gritou mais uma vez se movendo debaixo de mim. Aumentei meus
movimentos introduzindo-me dentro dela de uma foram vigorosa, eu estava
com tanto tesão que não conseguia mais me segurar...

– Alexis... – murmurei seu nome explodi ao mesmo momento que senti


nossos líquidos se misturando dentro dela... – eu... Eu...

– Você o que?

– Preciso que você saiba que aquilo que há entre nós... É muito mais do
que tesão... – precisei me conter para não gritar que a amava.

– Precisamos voltar para a festa... Já sumimos por tempo demais. – ela


acariciou meu rosto e deu um beijo leva na minha boca. – me movimentei um
pouco mais dentro dela, não queria sair dali, mas era preciso.

– Voltamos, mas você não sai do meu lado. Não quero ninguém te
paquerando... Falei serio quando eu disse que sou possessivo no que diz
respeito a você. – ela sorriu.

Beijamo-nos um pouco mais e levantamos para vestir as roupas que


ficaram espalhadas por todo banheiro, enquanto Alexis se arrumava na frente
do espelho e a abracei por trás espalhando vários beijos no seu rosto, na
mandíbula e nos ombros. Ela virou e me encarou por alguns instantes antes
de me beijar intensamente mais uma vez

– É melhor sairmos, haverá muitos comentários amanhã... - Saímos do


banheiro e os olhares se viraram na nossa direção, um pouco mais a frente
Abby se aproximou gritando

– Onde vocês estavam? Procurei-os por todo lugar...

– Fomos tomar um ar, desviar dos olhares e das perguntas incessantes


sobre a vida pessoal de Alexis. Você bem sabe o quanto ela odeia isso. – me
apressei em responder enquanto meu braço ainda estava ao redor da sua
cintura.

– É verdade, minha amiga é muito reservada e somente um homem


vigoroso como você poderia quebrar esse marasmo. – ela sorriu.

– Você viu os meus irmãos? – perguntei procurando-os.

– Bem, eles deram uma passada rápida, mas foram embora tão logo e
desfile acabou. Patrick falou algo sobre seus pais os estarem esperando e
pediu para avisá-lo, entretanto não te encontrei... Será que já é tarde para
lembrá-lo sobre o aniversario de casamento dos seus pais?

Droga... Meus pais, o desfile havia caído exatamente no mesmo dia que
o aniversario deles.

– Preciso ir agora... Alexis quer que eu te deixe em casa?

– Você iria se atrasar, posso ir sozinha... – ela respondeu.

– Está bem, posso te ligar? – perguntei para saber se estava realmente


tudo bem.

– Johnny... – ela me daria uma resposta evasiva então a interrompi.

– Eu te ligo. Moças lindas... Preciso ir – beijei o rosto de Abby e dei


um selo em Alexis para surpresa da bela mulher ao nosso lado. Saí da estação
e mais uma vez fui atacado pela imprensa marrom, imaginei como Alexis
conseguiria sair dali. E foi assim, que mesmo extremamente atrasado para o
aniversario dos meus pais, que intuitivamente, eu decidi esperar.
Capítulo 8

Alexis

Eu não sabia o que havia acontecido comigo até o momento em que


entrei naquele banheiro com Johnny Collins, foi como se algo tivesse me
dominado. Eu não havia bebido, mas os remédios fortes que eu estava
tomando vinham alterando a minha libido nos últimos dias e estar com ele
não era muito conveniente. Eu não sabia resistir, não havia como negar o
inegável... Eu o amava e o queria perto de mim... Se pudesse, para todo o
sempre.

Ele pediu que eu dissesse? Mas porque insistir que eu diga algo se não
ouviria as mesmas palavras em retorno? Eu me sentia confusa, enquanto meu
coração pedia que me jogasse nos braços dele, a razão simplesmente me
jogava na cara a verdade. Johnny não me amava e nunca me amaria, jamais
deixaria a boemia para ficar somente comigo.

Eu podia ver nas manchetes dos jornais que ele havia voltado a sua
antiga vida, então porque fingir que eu era importante? Para que falar de
possessividade quando meus ciúmes me consumiam a cada segundo e cada
reportagem que era publicada nos jornais? Eu o amava, mais do que devia,
muito mais do que gostaria... Pouco me importava às bocas que ele tinha
beijado, com quantas mulheres ele tivesse saído ou quantas vezes ele se
apaixonou.

Meu coração era idiota e ainda o queria... Queria muito, talvez, pensei,
eu tivesse sido injusta realmente. E se ele estivesse falando a verdade?

– No que, ou melhor, em quem está pensando Alexis? – Abby quis


saber.

– Em nada – menti – somente no meu dia de amanhã, estou tão


cansada... É melhor voltar para casa, preciso dormir um pouco. São as
recomendações médicas... – forcei um sorriso.

– Alexis, sou sua amiga e por isso preciso que me ouça. Esperei até que
estivéssemos sozinhas, assim não haveria interferência. Sei o que rolou entre
você e Johnny. Não adianta negar... – Abby foi direta.

– Sabe do que? De que você está falando?

– Sei que vocês estavam apaixonados, sou amiga da Meredith também


e ela me contou tudo... É só ver como ele te olha e acredite... Ele está
apaixonado por você. Conheço Johnny muito bem e ele nunca me olhou
assim.

– Como? Como ele me olha? – perguntei impaciente.

– Com veneração Alexis, só você não percebe. Olhe as fotos, veja


como ele se porta... Veja como o corpo dele age no intuito de te proteger. Eu
vi as fotos que tiraram de vocês naquela ilha, não eram os olhos do canalha
que ele foi comigo, os braços dele te protegiam... Sonhei com o dia que o
veria sofrendo depois que me traiu. Mas, agora sinto pena... Sei lá.
Principalmente porque sei que você também está mal.

– Como assim? Voltar a vida rotineira de baladeiro faz dele um homem


melhor?

– Você tem olhos tristes Alexis, e quando você olha para ele, seus
olhos brilham tanto. Aceita logo esse relacionamento e se permite tentar. Sei
que não deveria estar me envolvendo nisso, mas uma vez perguntei o que
você sentia por Christopher. Eu disse a você que precisava de um amor... E
acho que esse amor é o Johnny.

– Como? Ainda ontem ele estava com outra... – eu disse com raiva –
ele não me ama Abby, você e os outros caíram no truque do Johnny tanto
quanto eu. Eu preciso ir realmente, espero que ainda possamos nos ver antes
de você voltar para a Itália.

– Claro! – ela disse com evidente desanimo na voz - você é a madrinha


do meu pequeno Victor. – ela sorriu – mas, prometa que pensará com carinho
no que acabei de te dizer. Alexis, eu só quero seu bem. – ela me abraçou com
força.

– Pensarei – suspirei – agora preciso ir Abby. De verdade.

Sair dali não foi fácil, dentro das paredes da antiga ferrovia estava
muito seguro e foi na porta da saída que as coisas se complicaram. Os boatos
sobre o relacionamento entre Johnny e eu tinham tomado proporções
enormes, tão grandes que nem eu mesma estava sabendo lhe dar com eles. Os
seguranças da festa me guiaram até o lado de fora, me deixaram num local
reservado onde eu poderia esperar o carro chegar. – ficará bem aqui senhora
Alexis? – um deles perguntou.

– Sim, obrigada – respondi. Seria bom ficar um pouco sozinha, sem a


interferência de ninguém. Naquelas duas semanas anteriores foi muito bom
desaparecer de todos os lugares aos quais os repórteres podiam me encontrar.
Viver no anonimato. Me lembrei de quando eu e Christopher namorávamos...
As vezes que ele pediu para que eu deixasse tudo. E o que ele disse na
semana passada “foi difícil ser seu namorado”.

O que eu poderia fazer? Deixar à carreira passou pela minha cabeça


uma centena de vezes, porém, eu amava o que fazia e não era pelo dinheiro
apenas. Desfilei para a causa das peles dos animais usando casacos sintéticos
e foi puramente voluntario. Pousei para a campanha do câncer de mama e
também para os comerciais contra a pedofilia. Eu acreditava que por ser
famosa, poderia usar minha imagem para ajudar também.

Participei de campanhas pelas vitimas das guerras e tantas outras que


nem conseguia mais me lembrar. Meu aniversario estava tão perto, eu faria
vinte e dois anos dali a pouco mais de uma semana e não estava sequer
cogitando a ideia de fazer uma festa. Não havia um motivo plausível que me
deixasse feliz.

Um flash piscou diante dos meus olhos, observei que a repórter de um


pouco mais cedo caminhava na minha direção acompanhada por mais alguns
abutres, era assim que eu costumava chamá-los, eles andavam depressa e foi
tudo tão rápido. Num momento eu estava sozinha e no instante seguinte me
vi cercada de paparazzi. Fotos e flashes e perguntas as quais eu não pretendia
responder foram feitas, eu estava me sentindo acuada e por estar um pouco
distante da antiga ferrovia não podia simplesmente gritar. Comecei a
caminhar rápido, mas eles continuavam a indagar sobre meu estado de saúde,
Chris, Johnny... Tropecei numa pedra e cai no chão de joelhos, feri as mãos e
arranhei a perna no chão de pedras grandes e ásperas, senti meu joelho arder,
porém nem assim eles me deixaram.

Escondi a cabeça entre os braços, pedi que fossem embora e, ainda


assim podia sentir seus olhos e máquinas sobre mim. Ouvi o ruído de um
motor se aproximando e imaginei ser o carro que meu pai havia contratado.
Tentei levantar, entretanto os flashes continuavam brilhando. Meus olhos
estavam fechados devido às luzes e a dor, minhas mãos machucadas
continuavam escondendo meu rosto, quando ouvi uma voz brava ecoar –
saiam daqui seus covardes – reconheceria aquela voz ao longe. Johnny. Mas
ele não tinha saído minutos atrás?

– Johnny, voltou para buscar sua amada? Onde a noite irá terminar? Na
sua casa ou na de Christopher? – percebi que ele olhou para o repórter que
fez a pergunta, furioso, segurou-o pela gola da camisa e deu-lhe um soco. Os
outros começaram a ficar alvoroçados e tirando cada vez mais fotos daquele
momento que, para mim, era um pesadelo.

Ele se abaixou ao meu lado passando meu braço ao redor do seu ombro
– venha meu bem – apoiei a outra mão no seu pescoço e levantei ainda de
cabeça baixa.

– Johnny, Johnny... – a outra repórter gritou. Não consegui ver a


expressão dele, mas ela calou-se imediatamente. Será que aquilo tudo
também tinha sido combinado para que eu caísse novamente nos braços dele?
De outra forma, por que ele ainda estaria ali... Olhei para ele. Sua expressão
era dura, severa demais para quem havia planejado algo.

Ele abriu a porta do carro e me aconchegou dentro dele, gentilmente


pegou minhas pernas feridas e as acomodou me deixando confortável do lado
do passageiro. Vi que algumas fotos ainda foram tiradas quando ele deu a
volta e entrou pelo outro lado batendo a porta com força e esbravejando algo
completamente inaudível. Johnny apertou o volante e saiu rapidamente
cantando pneus deixando os paparazzi para trás.

Depois de alguns minutos dirigindo em silêncio ele respirou fundo e


parou o carro num acostamento, fechou os olhos e bateu a cabeça com força
algumas vezes no encosto do banco, as mãos pressionavam o volante
apertando com tanta força que pude ver as veias saltarem. Ficou assim por
alguns segundo até que seus olhos negros finalmente se viraram para mim –
você está bem? – ele perguntou.

Johnny

– Você está bem? – perguntei depois de ter, por alguns minutos,


dirigido tentando conter o ódio que estava sentindo. Eu prometi que a
protegeria, e assim eu o faria, mesmo que ela não quisesse. Olhei para seu
joelho e depois para seu rosto mais uma vez – Alexis?

– Hã?! – ela apertou os olhos – eu... Acho que estou... – ela olhou as
mãos feridas. A maquiagem borrada pelas lágrimas que secaram no seu rosto.

– Você tem certeza? Não quer ir a um hospital? – perguntei tentando


controlar meu tom de voz.

– Não, eu só quero sumir... – ela começou a chorar novamente. Aquela


revelação me fez sentir o pior dos homens. Acariciei seu cabelo puxando-a
para perto de mim, apoiei sua cabeça em meu peito e deixei que ela chorasse.
Eu sabia, bem lá no fundo tinha consciência, de que eu era um dos
responsáveis pelo que havia acontecido com ela. Eu devia ter insistido, devia
tê-la levado para casa.

Entretanto quando a vi sair acompanhada pelos seguranças não


imaginei que os repórteres fossem segui-la. Não passou pela minha cabeça
que eles praticamente a atacasse daquela maneira. Encostei meu queixo no
topo da sua cabeça logo depois dei alguns beijos na sua testa. Ela me fitou
confusa, mas não fez menção de se afastar. Eu não iria me aproveitar, não
faria nada pelo que eu pudesse me arrepender depois – Alexis, nós
precisamos cuidar dos seus ferimentos – informei.

– Não precisa... – ela me soltou ainda soluçando.

– Precisamos. Você pode ter uma infecção nesses machucados. – notei


que minha camisa havia ficado manchada de sangue. – poderemos resolver
isso rapidamente se formos a um hospital.

– Não quero ir a nenhum local público, não quero ver ninguém John.
Até parece que sou um E.T, não posso ir a lugar nenhum sem que vendam
fotos minhas. Minha vida nem é tão interessante assim...

– Posso levar você para casa então, lá estará protegida. Vamos passar
numa farmácia, compramos curativos e depois que você estiver bem irei para
a festa dos meus pais.

– Não posso pedir isso, eles são seus pais...

– Eu sei – sorri pela preocupação dela – mas nesse momento você é


mais importante. Eles são capazes de entender minha boa ação... – dei a
partida no carro e voltamos para a estrada.

Aos poucos ela foi se aquietando, o vestido que antes era bege agora
estava manchado pelas marcas vermelhas e a pele branca da perna
completamente ensanguentada. Se eu pudesse voltar aquele lugar, passaria
com o carro por cima de todos aqueles cretinos que ousaram machucá-la.
Rosnei e bradei de um jeito que Alexis não percebesse.

Parei no estacionamento da farmácia e deixei o carro com os vidros


fechados, ninguém precisava reconhecê-la ali, naquele lugar, daquele jeito o
qual ela se encontrava. Passei pelas prateleiras, peguei analgésicos, anti
sépticos, mertiolate, algodão, esparadrapo e pomadas cicatrizantes... Peguei
também algumas gazes para fazer com que a ferida não ficasse exposta.
Cheguei ao caixa e a atendente olhou para minha roupa completamente suja.
Ela me encarou como se me reconhecesse de algum lugar.
Entreguei meu cartão e quando ela leu o nome seus olhos brilharam –
Jonathan Collins? – ela indagou – sou sua fã... – ela começou a se agitar.

– Bem, obrigado pelo seu carinho, mas, por favor, poderia andar
depressa? – ela começou a tremer de tão nervosa. – tenho pressa.

– Claro, mas, me conta... Você namora mesmo a Alexis? Sim, porque


todo mundo fala... – ela começou a tagarelar freneticamente, contudo, eu só
queria voltar para o meu carro e levar Alexis para casa. Ela passou o cartão e
me entregou – volte sempre. – Ela finalmente parou de falar – dê lembranças
a Alexis – ela se levantou e começou a me seguir. Adiantei os passos e entrei
rapidamente no carro.

De longe eu a vi retirar o celular e bater uma foto minha entrando no


carro, Alexis completamente alheia ao que acontecia se mantinha com os
olhos fechados. Bati a porta do carro com força e ela se assustou olhando
surpresa para mim. – o que aconteceu?

– Apenas ignore... – ela olhou para frente e viu a atendente tirando


fotos nossas. – vamos sair daqui – dei a ré no carro e partimos rapidamente.
Com o transito livre e a cidade praticamente vazia naquela hora da noite, não
levamos nem vinte minutos para chegar a casa dela. Parei o carro e desci
primeiro, dei a volta e abri a porta para ela que ainda mancava muito.
Carreguei-a, embora ela se fizesse de forte e tivesse relutado um pouco,
fechei a porta do carro com o pé.

Na frente da porta da sua casa pedi as chaves, ela me deu, dessa vez
sem reclamar. Entramos rapidamente, estava tudo tão escuro – George e Ester
não estão? – perguntei.

– Foram a uma festa de família. Aniversario de uma prima... Eu


precisava desfilar, iria encontrá-los depois da festa. Preciso avisar ao George.

– Eu aviso... – informei enquanto a colocava sentada no sofá –


precisamos limpar seus ferimentos primeiro.

– Johnny... – ela me olhou pacificamente – obrigada por tudo.


– Eu sempre irei proteger você Alexis – eu disse olhando no fundo dos
seus olhos – eu prometi isso e pretendo cumprir. - Lentamente eu a soltei, seu
corpo ficou parado de frente para o meu, completamente imóvel. Com o rosto
muito próximo a mim ela me encarou. Por um instante cheguei a pensar que
ela me diria aquilo que eu tanto queria ouvir... Entretanto ela só me abraçou
forte e eu retribui.

Foi um abraço cheio de significados; saudades, amor, tristeza... Seria


tão difícil assim acreditar que eu sentia algo verdadeiro por ela? – Não tem a
obrigação de fazer isso Johnny. – ela se afastou um pouco para me olhar.

– Eu tenho sim Alexis, e, mesmo que você diga o contrário, eu me


importo e muito... Agora precisamos lavar esses ferimentos em água corrente
para depois limpá-lo e fazer o curativo.

– Escoteiro... – ela sorriu.

– Sim – respondi. – por onde devemos seguir para que possamos lavar
seus ferimentos? – eu ainda mantinha meus braços em torno da sua cintura.

– Para o meu banheiro – ela apontou a direção do quarto. Carreguei-a


novamente levando-a para dentro. Entramos no seu quarto, notei a cama de
casal no centro do ambiente, um criado mudo com um abajur em cima, ao
lado um telefone. No canto do quarto uma penteadeira com um enorme
espelho. Ao lado uma porta dupla, deveria ser o closet. Do lado oposto outra
porta semi aberta que identifiquei como sendo a do banheiro.

– Posso levá-la? Você consegue ir andando?

– Consigo - coloquei-a no chão e percebi que mancava, mantive-a


apoiada sobre meu pescoço para que encontrasse menos dificuldade.
Entramos no toalete e percebi que ela ficou desconcertada.

– Vamos lá Alexis, não quero ser indiscreto, mas, já nos vimos muitas
vezes... Não há porque ter vergonha. – lancei um meio sorriso.

– Já fomos íntimos, mas nunca dividimos o banheiro.


– E o que acabamos de fazer hoje a noite não conta? – ela enrubesceu.

– Eu não sei o que aconteceu comigo – ela justificou – de qualquer


maneira, não consigo me movimentar direito. Ajude-me a tirar o vestido
então? – sem questionar, retirei a parte presa ao seu pescoço e depois subi a
barra da saia passando todo ele pela sua cabeça. O corpo esbelto foi se
desnudando na minha frente. Ela era tão perfeita em todas as suas curvas.
Aqueles machucados destoavam e muito da sua pele alva.

Com um pouco de dificuldade ela passou para dentro do Box, apoiei


meu braço na parede e a mantive presa a mim. Enquanto a água caia, percebi
que a extensão do machucado tinha sido muito maior do que imaginei. Ela
tentava fazia caretas de dor, mas pela forma como a ferida estava, eu era
capaz de imaginar o que ela estava sentindo.

– Espera. – eu a soltei um instante.

Comecei a retirar a camisa e os sapatos, desabotoei a calça – o que


você está fazendo? – ela indagou confusa.

– Vou te dar seu banho – eu disse entrando no chuveiro somente de


cueca, não queria correr o risco dela ver como me excitava somente ver seu
corpo despido. Entrei debaixo do chuveiro e a trouxe de volta para perto de
mim. Peguei uma esponja e joguei o sabonete liquido espalhando a espuma
pelo seu corpo. Notei que ela estremecia, só não sabia se era pela espuma ou
pelo meu toque.

Ficamos ali, ela como as costas coladas no meu peito. Minhas mãos
passeando pelo seu abdômen, pelos seus braços... Virei-a de frente e a
encostei na parede, com as mãos desenhei o contorno das suas pernas até
chegar ao ferimento, lavei-o com sabão delicadamente. O banho acabou
como havia começado, sem que eu a tocasse intimamente. Eu queria que ela
confiasse em mim. Queria que pudesse voltar a ser minha.

Enrolei-a na toalha levando-a diretamente para a cama, peguei outra


toalha e me enrolei também. Sentei-me ao seu lado e estiquei sua perna sobre
a cama, passei o anti séptico e logo em seguida o mertiolate nos joelhos em
carne viva. Passei a pomada cicatrizante e coloquei a gaze por cima fechando
o machucado com um esparadrapo. Usei o spray anti inflamatório no
tornozelo, não era médico, mas podia afirmar que ali havia uma luxação
devido ao inchaço. Encostei-a na cabeceira da cama e peguei suas mãos que
também ficaram feridas, porém, em menor proporção. Acariciei seu
machucado e o beijei suavemente.

Passei a pomada gentilmente na sua mão e logo em seguida fiz um


curativo – você quer comer alguma coisa? – perguntei.

– Só quero dormir um pouco... – ela tentou encolher as pernas, mas fez


uma expressão de dor.

– Onde fica a cozinha, vou pegar água para que tome um analgésico,
ele deve diminuir sua dor. – perguntei.

– A segunda porta a esquerda depois da sala de jantar, acho que essa


você sabe onde é... – ela lançou um sorriso suave.

– Sei sim... – sai do quarto imaginando o que se passava na sua cabeça.

Alexis

Eu não sabia o que tinha me levado a aceitar a ajuda de Johnny,


provavelmente a idiotia aguda do meu coração. Mas ele estava sendo tão
meigo e tão gentil, como eu poderia recusar? A parte mais difícil da noite foi
tê-lo sentido as minhas costas durante um banho de chuveiro e não poder
beijá-lo. Ele não havia feito menção de que o queria.

Talvez estivesse realmente preocupado em me ajudar e quando


acabasse tudo ele iria embora, eu ficaria ali, sozinha e apaixonada. Pensei em
dizer o que ele queria ouvir somente para ter a certeza de que ele também me
queria. Contudo, achei melhor me manter na defensiva... - Johnny –
murmurei depois que ele saiu do quarto – eu te amo...

Vê-lo somente de cueca com aquele corpo perfeito estava e deixando


louca, eu queria tocar cada centímetro do seu peito e do seu abdômen,
acariciar os cabelos molhados e aparentemente nunca penteados, já que
estavam sempre bagunçados. Meu coração dava saltos, não, ele queria pular
do meu peito a todo instante. As lembranças da ilha eram frequentes e cada
vez mais dissimuladas em meu corpo.

Não deveria ser normal pensar tanto numa pessoa que não nos dedica
tanto sentimento. Eu precisava colocar minha cabeça em ordem, estava quase
conseguindo quando ele entrou novamente no quarto carregando um copo
com água, vestido somente com uma toalha branca enrolada na cintura. A
pele bronzeada e o sorriso torto me deixavam hipnotizada. Naquele momento
me dei conta de que não queria que ele fosse embora. Nunca mais.

– Alexis?! Você está bem? – ele chamou.

– Cla... Claro – gaguejei. – só um pouco cansada. – respondi depois de


limpar a garganta.

– Trouxe seu remédio, beba. – ele me entregou o copo se aproximando


e ficando ao lado da minha cama. Peguei sem reclamar, o toque do seu dedo
no meu fez com que um arrepio fosse sentido desde a minha coluna lombar e
subisse até a minha nuca. Bebi e me recostei na cama.

Ele sentou ao meu lado e me puxou para perto, encostei minha cabeça
naquele peito másculo e quente, mas não era só isso, Johnny tinha o cheiro de
almíscar, adocicado, envolvente. Pousei um dos braços em torno da sua
cintura e ele se retesou. Talvez eu estivesse passando dos limites, resolvi
esquecer, simplesmente me envolver. Quando ele quisesse ir embora eu o
deixaria ir?

Meia hora se passou e nós estávamos na mesma posição, ele cantava


uma linda canção ao pé do meu ouvido e acariciava meu cabelo.

De vez em quando ele dava um beijo no topo da minha cabeça, meu


coração já estava tão impaciente que eu quase não conseguia respirar. A letra
da musica falava de amor, um amor puro e profundo... Verdadeiro. Notei que
o dele batia tão rápido e irrequieto quanto o meu. Será que nos sentíamos
igual?

– Eu gostaria de deitar um pouco – pedi. Ele me soltou e arrumou os


travesseiros me ajudando a deitar logo em seguida. Sentou-se na beirada da
cama e me olhou diferente. Será que Abby estava certa? Depois de passar a
mão pelo meu rosto ele se levantou e caminhou na direção do banheiro. Uma
sensação de desespero começou a me dominar. Será que ele estava indo
embora?

Ouvi o som do Box se fechando, o som do cesto de roupa suja sendo


aberto e fechado. Pouco depois ele saiu de lá com suas roupas nas mãos. –
você já vai? – perguntei, ou melhor, murmurei.

– Acho que você está segura agora, liguei para George enquanto fui
buscar se remédio e ele me disse que estarão aqui logo cedo pela manhã e a
julgar pela hora – olhei o relógio e apontava uma da madrugada – creio que
perdi a festa dos meus pais. Amanhã terei que dar-lhes o maior presente que
puder encontrar, visto que nunca perdi nenhuma das festas exceto quando
ainda não era nascido. – ele sorriu se justificando. – e também não quero que
pense que estou me aproveitando da situação.

– Eu sinto muito, desculpe ter feito você desapontar seus pais.

– Não sinta, quando eu disser o motivo eles entenderão. Depois você


poderá ir pessoalmente salvar minha pele... – ele sorriu - Meus pais são muito
compreensivos. Eles não iriam me perdoar é se soubessem que te larguei
sozinha diante daquele bando de... – ele se calou, fechou os olhos e pôs uma
das mãos nas têmporas. – eu tive vontade de atropelar todos eles, de matá-los
pelo que fizeram você passar, eu sinto isso todos os dias... É como se fazendo
isso eu pudesse te livrar de todos esses problemas.

Aquela revelação me surpreendeu, foi tão espontânea e verdadeira que


eu não pude deixar de acreditar – Johnny – chamei e ele me olhou – a festa
dos seus pais, ainda está acontecendo?
– Provavelmente não. Embora meus irmãos tenham toda uma noite
para farrear, meus pais já devem estar no sétimo sono e os deve ter expulsado
de lá... Privacidade... Você entende não é? – ele falou num tom de
brincadeira.

– Conheço sim – respondi.

– Por quê? Você quer me dizer alguma coisa?

– Se não for pedir muito, será que você poderia ficar comigo... Aqui...
Não quero ficar sozinha... – sussurrei.

– Vo... Você quer que eu fique aqui? Com você? – o tom de surpresa
dele me fez corar, onde eu estava com a cabeça para fazer tal pedido?

– Desculpe, eu não deveria ter perdido isso... – enterrei meu rosto no


travesseiro morrendo de vergonha.

– Não se desculpe Alexis, é claro que fico com você aqui até que o dia
fique claro. Entretanto acho melhor sair antes de George chegar, não acho
que ele aprovaria isso. Você concorda?

– Concordo – eu disse sorrindo – George é mesmo difícil às vezes. –


apontei o lugar onde ele deveria se sentar, ele caminhou graciosamente na
minha direção e sentou na beirada da cama.

– Posso deitar ao seu lado?

Afastei-me para abrir espaço para ele, que aos poucos se acomodou ao
meu lado virado de frente para mim. Os olhos negros me encarando, fixos.
Um braço debaixo da cabeça e o outro estendido sobre o corpo, minha
respiração se alterou e meu coração acelerou mais uma vez. – fico feliz por
não ter me deixado sozinha.

– Eu nunca te deixarei sozinha, mesmo que não esteja aqui com você.
Eu estarei presente nos seus pensamentos e você nos meus... – ele levantou a
mão e tirou uma mecha que caiu sobre meu rosto e depois acariciando-o com
as costas dela.
Eu queria beijá-lo, eu sentia tanta vontade de tomar seus lábios num
beijo desesperado e dizer o quanto o amava, entretanto, eu não tinha
coragem. – Johnny eu... – tentei falar, mas as palavras ficaram presas na
minha garganta. Delicadamente ele puxou meu rosto para perto e tocou meus
lábios rapidamente.

Fechei os olhos para eternizar aquele momento, com os lábios


entreabertos senti que ele deu outro beijo, antes que eu pudesse discernir qual
emoção me dominava ele invadiu minha boca num beijo profundo e
carinhoso. Enterrei meus dedos no seu cabelo trazendo-o para perto de mim.
Eu não me importava com a dor, ou como a minha mão queimava contra as
ataduras que ele havia colocado. Eu queria senti-lo... Tocá-lo sem medo,
como havia feito na ilha.

Arrastei-me para perto e senti meu seio encostar-se ao seu peito, o beijo
não foi interrompido. A língua dele invadia minha boca e eu podia sentir o
gosto da sua saliva, foi tão mágico e idílico... Não podia ser real algo
imensamente impar. Aquele momento provavelmente não iria se repetir.
Senti que ele colocou a mão na minha cintura me aproximando. Senti o
volume da sua ereção e retirei a toalha que ele usava tocando a cueca
molhada.

Ele gemeu quando o toquei, logo depois segurou minha mão trazendo-a
para cima. Parou de me beijar por um breve minuto e a minha boca já sentia
saudades da dele – não Alexis, não podemos. – ele advertiu. – você não pode
e eu não quero que se arrependa amanhã.

– Não irei me arrepender.

– Sei que vai... Vai se arrepender e me culpar. Posso suportar muitas


coisas inclusive te beijar sem que façamos sexo. Contudo, saber que você se
arrependeu pode me ferir. Alexis, você foi à melhor coisa que me aconteceu e
eu não quero estragar esse momento. – dito isso ele me beijou mais uma vez.
Foi um beijo tão intenso e cheio de afeto, cheio de sentimento e por que não
cheio de amor?

Puxei-o para cima do meu corpo e senti as pernas queimarem, a cueca


que ele vestia ainda estava úmida. Mas o seu corpo queimava de desejo tanto
quanto o meu. Abri as pernas para que ele se encaixasse ali, para que
entendesse que eu estava me dando sem reservas. Sem medo que ele me
deixasse no outro dia. – Johnny – gemi seu nome sussurrando em seu ouvido
enquanto ele assentava alguns beijos no meu pescoço.

Eu o sentia pressionado contra mim, eu podia senti-lo latejante, senti


meu corpo umedecendo. Desci minhas mãos para o cós da cueca e desenhei o
percurso com elas. Ele me segurou pelo pulso prendendo-as acima da minha
cabeça se apertando contra mim – deixe-me tocá-lo.

– Não Alexis. – ele parou de me beijar e me mirou com os olhos turvos


de desejo. – é melhor eu ir embora, não julgo uma boa ideia ficar aqui, com
você... Assim... – ele levantou abruptamente afastando-se novamente. Minha
toalha estava aberta e o meu corpo nu sobre a cama – você é tentadora
demais.
Capítulo 9

Johnny

Dormimos juntos e abraçados, ela pediu que eu ficasse e eu fiquei. Não


conseguiria negar nenhum dos seus pedidos. Sua cabeça pendia para o lado
apoiada no meu ombro, meus braços a envolviam pela cintura. Eu tinha
vestido a roupa antes de deitar novamente ao seu lado, acreditava ser mais
seguro. Alexis era envolvente, ainda trocamos muitos beijos de madrugada e
eu quase acabei sem roupas uma dezena de vezes, porém, soube me controlar.

Num desses momentos pedi que ela se vestisse também e tive que fazê-
lo, vesti sua calcinha e a camisola enrolando-a sob um grosso cobertor para
que a tentação não fosse maior do que já era. Seus cabelos estavam
espalhados sobre meu peito exalando um perfume suave. Algo no fundo da
minha consciência me alertava que eu estava me esquecendo de alguma
coisa, no entanto, meu sono era mais profundo com ela ao meu lado.

Era como se um sonho lindo estivesse sendo realizado. A claridade


bateu no meu rosto, mas eu não conseguia abrir os olhos. Eu estava
entorpecido e completamente adormecido. Ao longe ouvi uma porta se abrir e
ser fechada, ouvi os passos se aproximando. Seria aquilo um sonho? – hum,
hum – um tossido forte ecoou na minha cabeça me fazendo voltar do mundo
real.

Abri os olhos lentamente, na porta visualizei George com uma cara


emburrada e Ester com uma expressão de surpresa tapando a boca com as
duas mãos. Levantei sobressaltado e cai no chão depois de perder o
equilíbrio. Foi impressão minha ou vi um sorriso surgir no canto da boca de
George? Alexis acordou assustada com o som do meu corpo caindo e se
estatelando no chão. – pai, mãe?! – ela arregalou os olhos e olhou para mim
logo em seguida.

– O que exatamente está acontecendo aqui Alexis Scott? – George


perguntou com o rosto vermelho, de raiva.

– Pai, não é nada do que está pensando – assustada, ela retirou a


coberta de cima do corpo e ele pode ver seus ferimentos.

– Alexis, minha filha – Ester disse correndo na direção dela. – não


pensei que tivesse sido assim tão grave.

– E você? O que faz aqui? Quando me ligou ontem à noite achei que
iria embora e não que dormiria com a minha filha... – ele estava bravo.

– Não aconteceu nada. Eu juro. – eu disse me levantando – fiz o que


pude nos machucados, mas ela estava sozinha e agitada, não queria ir ao
hospital devido ao que tinha acontecido. Sentamos na cama e eu adormeci,
não foi intencional e... – olhei para o local onde os olhos dele pousaram. A
braguilha da minha calça estava aberta e minha cueca estava completamente
à mostra. Completamente desconsertado eu a fechei e concluí – eu... Acho
melhor... Ir embora – gaguejei. George ainda se mantinha com os braços
cruzados a frente do peito e parado na frente da porta.

– É melhor realmente – ele foi irônico – faço questão de te acompanhar


– ele olhou para Ester e Alexis sentadas na cama. Esta me olhou séria, porém,
sem raiva. Arrumei a roupa rapidamente e calcei os sapatos de qualquer jeito.
Aproximei-me dela e a olhei demoradamente. George tossiu mais uma vez,
era hora de deixá-la.

– Espero que fique bem Alexis.

– Obrigada por ter ficado comigo Johnny. – ela agradeceu.

– Eu sempre vou te proteger – dei um beijo no topo da sua cabeça e


George tossiu ainda mais alto me lembrando que era hora da ir. Caminhei
sem vontade rumo à porta da frente, George no meu encalço praguejava
muito baixo algo que não consegui compreender.

– Quando falou que lutaria com suas armas não pensei que incluísse
levar minha filha para cama... De novo – ele brigou quando chegamos à sala,
lá era um lugar onde não poderíamos ser ouvidos.
– Eu não fiz nada já disse, ela foi praticamente atacada por aquele
bando de carniceiros – grunhi – senti vontade de matar cada um deles com
minhas próprias mãos.

– E por acaso o senhor Herói Collins já viu o jornal hoje? Claro que
não, estava dormindo com a minha filha. – ele pegou o papel amassado em
cima da mesa e me deu para que eu lesse:

“Johnny Collins não consegue mais esconder sua preferência pela


modelo Alexis Scott, na festa da Garbage Rock durante o desfile a troca de
olhares foi tão intensa que os presentes juraram haver uma eletricidade no
ar que pairava entre eles. Embora neguem o romance, podemos dizer com
certeza que Christopher Johnson não faz ideia do quanto é descartável
para a modelo. Fontes seguras informaram que Alexis e Johnny foram
vistos saindo do banheiro em completo desalinho depois de sumirem por
longos minutos.

O empresário foi além, agrediu um repórter que sugeriu um


triângulo amoroso envolvendo a todos numa confusão. Eles foram vistos
também numa farmácia próxima a casa da modelo, uma fã fotografou o
momento, dando-nos a entender que a noite de ambos seria longa já que
Christopher Johnson se encontra em fora da cidade. Até onde o
envolvimento de Johnny Collins poderá interferir no relacionamento já
bombardeado de Alexis e Christopher? A novela continua enquanto ela
não decidir com quem vai ficar!” as fotos vinham logo abaixo, eu e Alexis
saindo do banheiro, na frente da farmácia...

– Mas eles não citam que a machucaram, não dizem aqui porque eu a
defendi.

– Para eles não importa Johnny, só querem mesmo é vender jornal,


acho que já está na hora de deixar essa loucura de lado. Deixe a minha filha
em paz, Alexis está sofrendo com tudo isso.

– Então é loucura amá-la? Eu só a defendi.

– Então vá a público e diga o que aconteceu realmente. Poupe minha


filha de mais esse vexame envolvendo seu nome, ou não me terá mais como
aliado. Estou falando sério quando digo que a tiro do país, que a faço se casar
com Christopher se as coisas continuarem evoluindo dessa maneira.

– Farei o possível. George... – suspirei – eu amo a Alexis, não é minha


intenção que isso aconteça. Eu só quero que ela volte a confiar em mim...
Que diga que me ama.

– Eu sei Johnny, mas do jeito que está, não pode ficar...

– Verei o que posso fazer, ligo para saber como ela está – ele assentiu
com a cabeça e eu saí fechando a porta atrás de mim.

George

Eu sabia que era penosa para Johnny toda aquela situação, Alexis não
estava sofrendo menos, se pelo menos me ouvisse, seria menos complicado
mostrar-lhe a verdade. Eu sabia que aquilo que os unia era muito intenso e
também não era tolo para não saber o que estava acontecendo realmente. Só
não imaginava que as coisas pudessem evoluir assim.

Minha filha estava exposta, foi machucada e ainda por cima encontrei o
Collins dormindo com ela. O que mais me preocupava naquele momento era
saber as armas com as quais ele estava lutando, porém, não podia permitir
que a carreira e a reputação de Alexis continuassem sendo manchadas,
aquilo, eu não iria permitir.

Johnny
Eu precisava encontrar um jeito de resolver toda aquela situação sem
que Alexis saísse ferida, não era como um problema qualquer. Depois da
noite anterior quando ela fora praticamente atacada pelos repórteres eu tinha
que tomar uma atitude. Tínhamos uma coletiva de imprensa marcada para a
apresentação dos brinquedos das indústrias Collins e talvez fosse chegado o
momento de resolver logo toda a situação.

Fui até o escritório do meu pai e entrei sem bater, vendo-me


preocupado ele levantou e seguiu na minha direção. – o que aconteceu filho?
Esperamos você ontem à noite para o jantar com a sua mãe e você não
apareceu...

– Alguns imprevistos pai, deve ter lido nos jornais.

– Ainda não... – ele afirmou. – ouvi rumores pelos seus irmãos, mas
prefiro que você me conte. Sei a capacidade que o Dean tem de aumentar as
coisas.

Era domingo de manhã e eu segui direto da casa de Alexis para a dos


meus pais, minha mãe estava na cozinha preparando o almoço com Amber e
Meredith, Patrick e Dean estavam na piscina disputando quem era o mais
idiota. Eu não estava com paciência para explicar a nenhum dos dois cabeças
duras o que estava acontecendo de fato. Por esse motivo decidi conversar
com meu pai. Ele me daria sábios conselhos.

– O que aconteceu é que eu não sei como devo me comportar perto


dela, dói não poder estar ao lado dela. Não poder beijar seus lábios ou receber
seus carinhos. Eu não consigo me imaginar perdendo o contato mesmo que
seja passageiro, já me peguei inúmeras vezes na frente da casa dela esperando
para vê-la sair.

– Filho, não seria mais prudente contar como se sente?

– E eu já não tentei? Ela não acredita em mim, a ausência dela é


impactante para a minha sanidade. A sua ausência, a sua voz. Sinto que estou
envolvido numa espécie de pesadelo onde o meu castigo é a falta que a
presença dela me causa. Não sei mais em que estação do ano nós estamos. É
como se fosse um pecado mortal viver sem que ela esteja ao meu lado.

– Johnny... Não sei o que posso fazer para te ajudar. Entramos de


cabeça na ideia de Amber para tê-lo de volta, mas não era essa a parte que eu
estava esperando ter.

– Como eu poderia estar me sentindo – passei as mãos pelo rosto


impaciente- me dói estar vivendo dessa maneira... No meu quarto, sozinho.
Morrendo aos poucos pela solidão que me consome. Eu sonho com ela todos
os dias pai. De madrugada é doloroso olhar para o lado e saber que nunca
mais poderemos ficar juntos. Por isso eu tomei uma decisão.

– Que decisão Johnny? Ainda acho que nunca mais é muito tempo...

– Eu irei à entrevista de lançamentos dos novos brinquedos das


indústrias Collins, direi aos repórteres tudo aquilo que eles querem ouvir.
Isentarei Alexis daquilo que eles a acusam. Não posso permitir que a tratem
como estão fazendo. Leia os jornais pai. – pedi. Ele saiu do recinto e foi
buscar o mesmo que estava na sala.

Voltou com os olhos fixos na matéria estampada primeira pagina – o


que significa isso? – ele me olhou surpreso. – Johnny o que você fez? Você
agrediu o repórter...

– Eu a defendi, eu a protegi como disse que faria... Não voltei para casa
ontem, simplesmente por que eles a enxovalharam pai, ela tem feridas no
corpo... Está machucada.

– Me explique. Como eu disse... Quero sua versão. - Ele mostrou a foto


na qual saiamos do banheiro.

– Não a forcei a nada, ela queria fugir da multidão que a estava


afogando de perguntas e fomos juntos ao banheiro. Ficamos lá alguns
minutos. Eu saí da festa porque precisava vir para cá. Mas, algo dentro de
mim gritava para que eu a esperasse e assim o fiz. – ele me olhava
compreensivo – meus irmãos entraram e saíram sem que eu pudesse vê-los,
eu teria pedido que a protegessem para evitar os burburinhos. George estava
ausente e o advogado viajou. Maldito seja, mas, eu queria que ele pudesse
estar lá.

– Foi tão grave o que aconteceu?

– Ela saiu escoltada pelos seguranças, os repórteres avançaram sobre


ela como se suas vidas dependessem daquela matéria. Sei que exageramos
nas fotos, sei que fomos convincentes na campanha. No entanto o que eles
fizeram foi humilhante e desumano, ela quis sair, pediu que parassem, ela
correu e caiu. O senhor não entende? Se eu não estivesse ali, se não tivesse
seguido meu coração. Hoje as coisas seriam piores. Não haveria ninguém
para tirá-la dalí. Ninguém que pudesse ajudá-la. De um jeito ou de outro eu
sou o culpado, George acha que devo desistir, já estou quase acreditando
nisso.

– E o que você pretende fazer na entrevista?

– Pretendo dizer que eu a seduzi, que fui o responsável por tudo.

– Ela vai te odiar Johnny.

– Talvez pai, ou talvez ela entenda que só quero poupá-la. Quem sabe
assim ela possa ver que na verdade minha intenção era somente fazê-la feliz.
Livrá-la de todos esses infortúnios. Talvez ela entenda meu gesto como uma
prova de amor...

– E você vai correr esse risco? Johnny, você não é o culpado pelo que
aconteceu. Eu diria que todos nós somos. Como eu queria poder voltar no
tempo e internar Amber antes que ela nos convencesse de fazer aquela
asneira.

– O que está feito é passado, eu preciso resolver o futuro. Eu li sobre


amores verdadeiros que duram uma vida inteira, talvez, se o nosso for real,
exista uma maneira. É evidente pela forma que ela me olha que nós
precisamos um do outro cada dia mais. Ontem ela me pediu que ficasse ao
seu lado.

– Então para que estragar essa aproximação com uma revelação


explosiva?
– Preciso afastá-los dela, preciso que possa voltar a sua vida normal
onde ninguém a incomodava. Onde somente seu trabalho importava.

– Ela está em evidencia Johnny, talvez o melhor a fazer seja esperar o


tempo passar.

– E enquanto isso? O que eu faço? Nós nunca poderemos sair


sozinhos... Ela nunca irá acreditar que eu a amo.

– Você caçou isso quando resolveu levar sua vida desregrada, Erim o
feriu e você simplesmente se entregou aos vícios sem entender quando
dissemos que amaria uma mulher que valesse a pena entraria no seu caminho.
Você não foi forte, mas precisa ser agora. Precisa fazer com que as coisas se
resolvam sem piorá-las ainda mais. Se você fizer isso, ela nunca mais vai
querer vê-lo. Jonathan perceba o erro que vai cometer.

– Prefiro acreditar que ela irá entender meus motivos.

– Teimoso como uma mula... Você está se preocupando a toa.

– O que é o amor, quando não há alguém que se preocupar? Ela pode


não saber que sempre que precisar, eu estarei ao lado dela, sem duvidar
nenhum instante de que o amor dela me pertence e o meu a ela. Sei que está
escrito no nosso destino que estaremos juntos e disso eu não posso desistir.
Eu preciso tentar pai.

– Filho... Espero que não se arrependa do que está prestes a fazer.

– Contanto que ela esteja bem... Para mim não fará mais diferença, não
poderá ser pior do que já é...

(...)

Preparei-me durante toda a semana para a entrevista, cedo ou tarde eu


sabia que as perguntas seguiriam pelo âmbito pessoal. Dois repórteres de um
do The SunSet e outro do New York Jornal vieram até a Indústrias Collins
para a entrevista. Elthon Stewart e Alana Dumont chegaram às oito da manhã
pontualmente, ao meu lado, meu pai entrou na sala de reunião.
Cumprimentamo-nos formalmente e esperamos que as perguntas iniciassem.

Alana: Johnny, de onde surgiu a inspiração para a nova linha de


brinquedos da Indústrias Collins?

Johnny: para os carros, buscamos aquelas peças mais antigas, de antes


da globalização e da tecnologia. Meu pai, Aaron Collins, pediu que
desenvolvesse um projeto voltado para a família. Ele entende que com tantos
vídeos games e computadores, as crianças se afastaram dos seus pais...
Criando assim um distanciamento entre eles.

Elthon: e para a boneca que segue uma linha tão conhecida como é a
Barbie?

Johnny: a boneca Alexis foi criada pelo mesmo motivo dos carros de
controle remoto com modelos atuais e os jogos de tabuleiro.

A entrevista se desenvolveu muito bem até que eles começaram a


questionar sobre a inspiração para a criação da boneca.

Alana: então a criação das bonecas Alexis não teve nada a ver com o
seu envolvimento com uma das modelos mais bem pagas do mundo da
moda?

Johnny: não... Alexis e eu nos envolvemos num momento muito


difícil da vida dela. Um momento no qual ela e Christopher Johnson estavam
separados.

Alana: então não houve mesmo traição?

Johnny: não.

Elthon: o que você pode dizer sobre as fotos da Garbage Rock?

Johnny: não houve nada, somente as fotos. Escutem bem... Alexis é


uma garota inocente e livre de maldade, trabalhei a boneca da linha Alexis
em cima disso.

Elthon: mas na ilha ela não parecia tão inocente, convenhamos


Johnny, sua fama não é das melhores.

Johnny: agi por impulso, não era para a imprensa nos encontrar lá.
Precisávamos de privacidade para sermos apenas Johnny e Alexis.

– Acho que já chega filho – meu pai alertou.

– Só mais uma pergunta Johnny – Alana pediu, assenti.

Alana: afirmando que a levou para aquela ilha e que se aproximou


num momento de fragilidade. Você está querendo dizer que vocês não
passaram de um momento?

Johnny: não afirmo nada.

Elthon: também não nega.

Johnny: só estou falando estas coisas para que entendam, não há


porque interferir e seguir os passos de Alexis Scott, nós não estamos juntos e
não há nada a ser noticiado. O que quer que tenha acontecido entre nós, já
acabou... Ela está bem agora.

Alana: então o famoso solteiro e um dos milionários mais cobiçados


de New York não está de fato apaixonado?

Aaron: meu filho não irá responder a mais nenhuma indagação sobre
sua vida pessoal.

Elthon: mas vocês foram vistos brigando no shopping depois que


voltaram da ilha, soubemos que brigou com Christopher Johnson e que você
agrediu um repórter na festa da Garbage Rock, e tudo por causa dela. – ele
afirmou.
Johnny: você foi informado errado, não brigo por causa de mulher
alguma... E na festa da Garbage Rock eu só a defendi da imprensa marrom.
Eles foram desumanos e agora tudo que podem publicar é que não há mais
nada entre nós.

Elthon: imprensa marrom?

Johnny: ela foi ofendida e perseguida por aqueles que dizem fazer
noticia. São eles que sujam a imprensa séria. Eu só fiz o meu papel de
homem quando a defendi, Alexis ficou machucada devido aos
acontecimentos... Eu tenho a minha vida e ela tem a dela, vocês interferem
muito quando resolvem indagar sobre um relacionamento que não existe e
um relacionamento que já faz parte do meu passado. Somos amigos hoje...
Não há mais nada entre nós.

A entrevista acabou e percebi que talvez meu pai tivesse razão. Eu


sabia que os fatos seriam distorcidos e que as noticias seriam divulgadas de
uma forma completamente diferente. Não importava, o que eu queria mesmo,
era que Alexis pudesse ficar em paz e pedia aos céus que entendesse meus
motivos para fazer o que fiz.

Deixei meu pai terminando de passar os dados aos repórteres e segui


para a minha sala, queria ficar sozinho, me esquecer de tudo e de todos.
Entrei fechando a porta atrás de mim. Joguei meu corpo pesadamente em
cima da cadeira e girei no intuito de esquecer minhas dores. Três batidas na
porta e o rosto feminino apareceu por detrás dela, loira com o cabelo preso
num rabo de cavalo, Alana estava entrando na minha sala, provavelmente
queria algo mais do que uma simples entrevista.

Ela tinha o corpo esguio e bem torneado, pude perceber pela saia justa
num tom de rosa que ela usava na altura dos joelhos, um blazer do mesmo
tom da saia e uma camisa branca por baixo. – passei para agradecer pela
entrevista.

– Só isso? – virei de frente para ela e observei sua expressão de


curiosidade.
– Há algo mais que eu possa querer que Alexis não tenha tido? – ela se
insinuou.

– Se você quiser descobrir, podemos tentar encontrar algo. Desde que


prometa que não vai querer me entrevistar enquanto eu te mostro.

– Nunca, não poderia ser comparada a ela... – ela respondeu.

– Cada mulher tem sua particularidade, a sua é essa pequena cava que
deixa a mostra um colo perfeito – levantei me aproximando dela – seria
interessante poder descobrir o que há por trás de tanta roupa – passei por trás
dela e passei os dedos no seu pescoço, ela se arrepiou.

– Talvez não seja uma boa ideia – respirou fundo antes de responder.

– O que? – colei meu corpo nas costas dela e a senti estremecer – eu te


mostrar coisas que somente Alexis viu? – murmurei no seu ouvido. – tenho
muito mais a ensinar se estiver disposta a guardar segredo como ela fez –
mordisquei o lóbulo da sua orelha e passei o braço ao redor da sua cintura
apertando-a contra mim.

– Uou... Johnny, acho melhor eu ir ou darei razão as mulheres que não


conseguem resistir ao seu encanto... Embora seja tentador poder conhecer seu
lado mais intimo... – ela disse se afastando.

– Quem sabe depois do seu horário de trabalho – me aproximei


novamente tomando suas mãos entre as minhas pondo um beijo em cada uma
delas. – leve meu cartão – retirei um do bolso e o entreguei a ela – ligue-me
quando desejar.

– Não sei se devo... – ela estava incerta. – considerando a forma como


as mulheres são descartáveis para você, tenho medo de me envolver demais.

– Você vai ligar, eu não descarto mulheres... Só quero ter próximas a


mim a melhor delas... Esta eu ainda não encontrei - toquei sua cintura de leve
e dei-lhe um leve beijo nos lábios entreabertos. Eu sabia qual era o
fundamento daquele jogo de sedução. Se era uma historia que ela queria, ela
teria... Quem sabe assim, eles não esqueceriam a Alexis de uma vez por
todas.

– Ainda não a encontrou?

– Poderia ser você... – menti.

– Vejamos futuramente, preciso ir... Uma edição da matéria que


fizemos com você e com o seu pai me aguardam... – ela se dirigiu a porta.

– Seja gentil comigo... – sorri cinicamente, eu sabia exatamente o que


seria descrito da minha personalidade na próxima reportagem do The SunSet.
Não me importava em ser descrito como vilão. Talvez o meu pai estivesse
certo e Alexis me odiasse, o mais importante, no entanto, era que a imprensa
a deixasse em paz. Quem sabe assim, longe dos olhos dos abutres incansáveis
da mídia, ela enfim pudesse entender o quanto eu a amava.

Alexis

UM MÊS DEPOIS...

Acordar estava sendo mais difícil naqueles dias que sucederam a


entrevista de Johnny. Ele não havia mais me procurado, a imprensa me
procurou para perguntar sobre as revelações do empresário Johnny Collins. O
simples fato de ter constatado através de uma entrevista aquilo que eu já sabia
foi doloroso demais. Apenas confirmei que não tínhamos mais nada e a
minha vida já quase voltava ao normal.

Meu aniversário, passado há algumas semanas, tinha sido um pouco


desastroso já que me vi dentro de um hospital logo após um desmaio. Chris
estava ao meu lado, segurando minha mão. Foi somente quando o médico
entrou na sala e pediu para falar a sós comigo que pude perceber o tamanho
da minha idiotice, como eu pude ser tão tola?

Lembrei-me instantaneamente do que o The SunSet anunciou na sua


primeira página

#Flash Back on#

“Johnny Collins, o rico empresário, filho de Aaron Collins, herdeiro


das indústrias Collins, deixou claro o quanto precisou de inspiração para a
criação da nova linha de brinquedos que nos remeterá a um passado não
tão passado assim.” A entrevista fora interessante e até muito lisonjeira na
parte a qual ele falou da criação da boneca que levava o meu nome. As
palavras de Aaron foram muito doces e gentis de um jeito acolhedor e
amável, como ele sempre era.

Mas foram as paginas de fofoca que me deixaram tão fragilizada e


incapaz de reagir por pelo menos trinta minutos após encerrar a
leitura “Johnny revelou em entrevista que a modelo Alexis Scott nunca fez
parte dos seus planos para o futuro, o caso passageiro terminou antes
mesmo de começar com uma tórrida paixão passageira numa ilha
paradisíaca próxima a baía de Manhattan. Se podemos definir Johnny
Collins, é evidente que diríamos que ele é um dos solteiros mais cobiçados
da elite de New York, com isso fica a pergunta no ar. Até que ponto Alexis
saberia da sua passageira estadia no coração do empresário? Como estaria
seu coração após ser descartada pela segunda vez em menos de um ano.
Fontes revelam a reaproximação de Christopher Johnson como causa do
rompimento entre eles.

Como já se sabe, Alexis tem estado constantemente em hospitais e


clinicas cuidando da saúde, será que em breve veremos um herdeiro
Johnson ou Collins? A tão recatada e protegida modelo deixou claro
quando perguntada que não falaria sobre sua vida pessoal, no entanto, foi
enfática em afirmar que Johnny Collins, também faz parte do seu passado.
Afirmando o que fora dito por Johnny enquanto ao ser apenas bons
amigos. Será mesmo que chegamos ao Capítulo final dessa novela?
Acreditamos que sim... Pois, ontem à noite, o empresário foi pego de
surpresa saindo de uma boate com outra moça cujo nome ainda
desconhecemos. Perguntado sobre Alexis ele apenas respondeu – antes de
questionar a índole e o caráter dela, talvez devessem conhecer a linda
carreira que ela construiu. Sempre a base de competência e simplicidade.
Alexis é uma mulher doce e sensível, embora não tenhamos ido adiante,
restou o carinho e o respeito... Espero não ser mais questionado sobre isso,
pois essa é uma pagina virada na minha vida.”

A frase ‘pagina virada na minha vida’, não devia ter feito tanto mal
quanto fez. – eu não disse que ele estava mentindo pai? - gritei enquanto
amassava o jornal com toda minha fúria.

– Estou certo de que ele teve motivos para dar uma declaração estúpida
como essa Alexis, eu mesmo o obriguei a fazer alguma coisa para que a
deixassem em paz.

– Pare de tentar defendê-lo pai, Johnny é um canalha e nunca deixará


de ser... Acreditei que ele podia ser diferente, que me amava realmente pela
forma como me defendeu dos repórteres. Ele jurou me proteger...

– E não é isso que ele está fazendo? Dizendo que você é uma pagina
virada está retirando das suas costas e das de Chris o peso de ter passado pela
vida dele. Isso é uma prova de que ele tem boas intenções Alexis, talvez
devesse ouvi-lo. Deixe seu orgulho de lado, ignore o que os outros dizem e
escute seu coração antes que seja tarde.

– Tarde para que? Para ser usada? Já estou cansada de ter tanta gente
me manipulando, tentando me mostrar um homem que não existe e nunca
existirá. Ele deixou claro que a ilha foi passageira e afirmando isso, só
reafirmou minhas suspeitas de que foi culpado realmente. Posso ser jovem,
mas enxergo um palmo adiante do meu nariz pai... Johnny Collins não me
ama e nunca me amou...
– Eu não seria tão tolerante com você... Eu já teria desistido de provar a
verdade e teria deixado que seguisse sua vida. O que vejo, são duas pessoas
cabeças duras que não conseguem se entender simplesmente porque não
conseguem conversar. Estou me eximindo de tudo... Não vou mais tentar te
provar nada e sei que irá se arrepender, como minha filha, estarei aqui para
apoiá-la porque eu sei Alexis Scott, que você ainda irá derramar muitas
lágrimas se deixar que esse amor passe por orgulho e burrice. – dizendo isso,
ele saiu.

#Flash back off #

As palavras do médico me trouxeram de volta a realidade – Alexis,


parabéns, você está grávida.

Meus olhos se abriram razoavelmente e meu coração acelerou tanto


que parecia capaz de explodir. Era um misto de sensações e emoções – grá...
Grávida? – gaguejei.

– Sim, grávida... Acredito que o seu noivo vai ficar muito feliz quando
receber a notícia. – o dr. Phillip Benson disse com um largo sorriso no rosto.
Não consegui com aquelas declarações odiar Johnny... Só não consegui
entender como, depois de jurar me proteger, ele pôde ter me tirado da sua
vida. Pelo visto muito bem refeita, já que ele voltava ao antigo desempenho
de garanhão conquistador.

Ninguém sabia, nem mesmo Chris, que a noite no meu quarto eu me


lembrava de quando estivéramos na ilha. Como fizemos amor de um jeito
como se o mundo dependesse daqueles momentos, de quando ele me beijava
com urgência e ferocidade. ‘Eu irei te proteger Alexis, não importa o que
aconteça’ ele prometeu. E agora que eu estava esperando um filho seu?
Como ele poderia me proteger de si mesmo? Das coisas que estavam por vir.

– Não conte nada a Christopher, Doutor – pedi. Ele me olhou confuso,


me apressei em explicar – eu mesma quero falar com ele. - Desde aquele dia,
não contei nada a Chris, não tive mais coragem de olhar em seus olhos, por
mais que ele me questionasse, eu simplesmente não conseguia dizer.
Contando os dedos, pude saber exatamente o dia o qual eu engravidei; no dia
das fotos para a campanha da Garbage Rock, algumas semanas haviam
passado até aquele dia e a confirmação da gravidez de seis semanas só
confirmou minhas suspeitas.

Voltando ao presente, sentada com Christopher na sala do seu


apartamento, longe da perseguição da imprensa, eu buscava uma forma de
contar como fui estúpida. Eu sabia que Chris não me julgaria, ele era sempre
compreensivo. Um amigo maravilhoso.

– Chris – eu chamei quase chorosa. – sente aqui – chamei. Ele estava


na cozinha americana preparando algo para comermos.

– Não dá para esperar Alexis? Posso perder o ponto do macarrão... –


ele me olhou com o apanhador de massas na mão e um pano no ombro.

– Por favor, já é difícil para mim confessar isso a você, não torne as
coisas piores do que já são. Sinto-me uma completa idiota. – ele largou tudo
em cima do balcão e veio andando em minha direção com um sorriso
estampado no rosto, logo sentou ao meu lado – que bom que podemos sentar
lado a lado sem recaídas não é? Eu senti tanto sua falta – acariciei o rosto
dele.

– Seria mais interessante se você chegasse ao ponto certo daquilo que


suponho que pretende me contar. – ele foi direto. – o que te preocupa minha
Alexis?

– Eu... Eu – meus olhos miraram o chão.

– Alexis, o que está acontecendo? – ele me segurou pela nuca e me


puxou para perto encostando minha cabeça em seu ombro – tenho te notado
estranha nos últimos dias, gostaria que me contasse o que está acontecendo
sem que eu precise pedir mais uma vez.
Afastei-me com um suspiro profundo– é que eu passei todos esses dias
imaginando como contar ou como lhe dar com algo que... É complicado.

– Quanto complicado?

– Muito...

– Então me conte e deixe-me te ajudar... Alexis confie em mim. Fui um


cretino com você no passado, mas foi porque eu estava com ciúmes, não
havia definido meus verdadeiros sentimentos. Eu prometi desde pequeno que
nunca te deixaria sozinha e por mais estúpida que você seja, eu vou cumprir
minha promessa.

– Eu estou grávida Chris – ele me olhou e ficou petrificado. Aquele


silêncio durou longos minutos, eu já não aguentava mais a espera... – você
ouviu o que eu disse? – ele continuou paralisado.

– É de fato um acontecimento grave – ele disse finalmente – e você é


realmente a mulher mais idiota que eu já conheci. Mesmo assim, não é isso
que eu vou te abandonar. Embora saibamos em que circunstancias isso
aconteceu e quem é o pai, ninguém mais além de nós precisa saber.

– O que eu vou fazer? Como vou explicar para a minha família?

– Alexis... – ele ficou em silêncio novamente – eu serei o pai do seu


filho, nós vamos nos casar.

– Não! – levantei abruptamente do sofá – não, não, não... E Ivy? E o


que vocês sentem um pelo outro? Por mais amigos que sejamos você a ama e
não é justo que abra mão da sua vida por uma idiotice minha... Não, nem
pensar.

– E que outra ideia você tem em mente? Bater na porta do Cretino


Collins e dizer ‘estou grávida’ ou então aparecer com a barriga enorme e as
pessoas questionarem sua índole? Sim, porque nós temos estado juntos...
Melhor, talvez esteja pensando em interromper a gravidez.
– Nunca, isso nunca passou pela minha cabeça...

– Então acho melhor contarmos ao George e a Ester, posso falar com


Derek e com Ivy, se eu explicar a situação ela entenderá.

– E como vocês viverão? Como amantes? – abanei os braços no ar. –


não posso deixar que assuma a responsabilidade por uma atitude infantil que
partiu de mim. Christopher, não posso deixar que adote essa carga.

– Quer você queira, quer não... Teremos que fazer alguma coisa e
rápido. Logo você vai começar a engordar e sua barriga vai crescer. Quanto
tempo faz que você sabe disso?

– Três semanas – descobri no dia do meu aniversario, quando passei


mal.

– Então está explicado porque você não conseguiu olhar ninguém nos
olhos naquela noite e porque tem me evitado nos últimos dias. Case comigo
Alexis, deixe-me te ajudar.

– Não Chris, não assim... – sentei novamente. Ele olhou para o chão e
passou a mão no cabelo...

– Você me distraiu – olhei para ele confusa, ele sorriu – o macarrão


deve estar uma papa e logo agora que você precisa se alimentar direito – fiz
uma careta. – vamos lá Alexis, nós iremos ter um bebê... Sinta-se feliz.
Vamos pedir comida chinesa para comemorar.

Johnny

Sair com Deanna Lewis não me fez mais feliz naquela noite, eu não
poderia oferecer nada em troca do que ela tinha para me ofertar. Observei-a
enquanto ela se despia... O corpo escultural e os cabelos loiros e longos que
lhe cobriam apenas os seios já haviam me feito feliz outras vezes. Mas não
depois que conheci Alexis, todas aquelas curvas que antes me pareciam
perfeitas tornaram-se insossas, sem graça. Ela caminhou na minha direção e
desabotoou minha camisa, passando a mão pelo meu peito nú.

A sensação que tive foi incomoda e desonesta. Segurei seus pulsos e


ela me olhou confusa – não querida, não assim.

– E como você prefere então? Que eu te toque em outro lugar? – ela me


olhou sensualmente.

– Não Deanna, perdoe-me, mas, eu não posso. Por favor, preciso ficar
sozinho. – me afastei deixando-a bestificada.

– Como assim não pode Johnny? Você nunca deu para trás, em matéria
de sexo sempre foi o melhor. – ela se aproximou novamente.

– Por favor, Deanna... Acho melhor pararmos por aqui – eu não queria
ser indelicado – não me sinto bem, acho que comi alguma comida estragada...
Perdoe-me.

– Oh! Johnny, então esse é o motivo? Quer que eu o leve ao médico? –


ela se preocupou.

– Não... Eu só quero mesmo ficar sozinho. Vamos deixar nossa


diversão para outro dia. – sorri sem vontade. Não queria e nem podia explicar
que não podia tocá-la simplesmente porque quem estava na minha mente tão
torturada não era ela.

– Eu vou embora então – ela disse se vestindo – espero que melhore e


me ligue em breve, sinto muito a sua falta. – ela seguiu até a porta e eu a
acompanhei.

– Ligarei tão logo me sinta melhor – ela deu um selo em meus lábios.
A sensação de vazio aumentou, ela não era Alexis. Fechei a porta e respirei
fundo para conter o desespero que me dominou.

Fazia três semanas desde a entrevista e a fatídica reportagem, nem


Alexis, nem George haviam entrado em contato. O que eu acreditava devia
ser um bom sinal. Se ele não explodiu me ligando para chamar de
irresponsabilidade tudo aquilo que eu tinha feito no intuito de proteger sua
filha. Tirei a camisa já aberta e corri na direção do banheiro, no caminho tirei
os sapatos, as meias e a calça. Joguei-me debaixo do chuveiro frio deixando
que a tensão escorresse com a água que escorria pelo meu rosto.

Alexis fazia tanta falta que meu peito parecia se apertar cada dia mais,
eu poderia esquecer e seguir adiante se eu mesmo tivesse errado. Porém, por
se tratar de um erro alheio, eu acreditava que merecia pelo menos a chance de
tentar. Não adiantava ser desejado ou rico se eu simplesmente não podia ter a
mulher que eu amava a meu lado.

Sai do banho e vesti um roupão quente, me deitei na cama com as


lembranças que teimavam em me consumir. Se eu a tivesse possuído no dia
em que ela pediu, no seu quarto, talvez restasse à esperança de que me
perdoasse mesmo depois da asneira que falei para a imprensa. Não sabia se
haveria volta.

Durante meus momentos de reflexão me vi pensando em como poderia


seguir adiante, talvez, eu devesse sumir um tempo. Escapar de tudo e de
todos para colocar minha cabeça no lugar, estava quase pronto para tomar
aquela decisão. Deixaria Alexis decidir sozinha se queria ou não estar
comigo, não sabia como seria além da sua ausência também ter que sofrer
com a ausência da minha família, principalmente do meu melhor amigo, pelo
menos aquele que era mais centrado, que era meu pai.

Liguei a TV e comecei a rodar os canais da TV a cabo, vi reportagens


sobre lugares lindos e paraísos tropicais onde certamente eu poderia
reorganizar minha vida, talvez esquecer Alexis definitivamente. Se ela não
acreditava em mim, embora eu tenha tentado dar tantas explicações sobre o
que ocorreu de fato. Talvez não merecesse o meu amor. Eu estava sofrendo e
meu coração sangrava tanto que às vezes seria melhor estar morto.

Não era como se eu pudesse deitar e acordar na manhã seguinte sem


aquele buraco no meu coração. Eu teria que reencontrar forças para
recomeçar minha vida. Não como foi com Erim, eu a amei e ela me
abandonou. Eu teria que ser quem eu era de fato, não queria estar marcado
como garanhão, como Alexis me acusou, quando encontrasse a mulher que se
casaria comigo. Eu queria mais... Por isso decidi que viajaria até que minha
dor passasse ou até que eu pudesse encontrar alguém que me amasse sem
desconfiar da veracidade dos meus sentimentos. Como meu pai havia dito, eu
poderia encontrar um novo amor. Ouvi alguém bater na porta e levantei sem
vontade, se Deanna houvesse voltado eu seria indelicado com ela, com
certeza. Passei as mãos nos cabelos e abri a porta com força... – Pai?!
Capítulo 10

Johnny

– Pai?! – Parei estático passando os dedos entre os cabelos mais uma


vez. Era como se ele houvesse ouvido o chamado silencioso do meu
pensamento. Parado a frente da porta com as mãos no bolso, a calça social
preta e a camisa listrada em cores neutras davam um tom maior de
jovialidade àquela figura que já havia sofrido horrores com nossas
aprontações e nossos destemperos.

– Johnny... O que está acontecendo com você? – ele entrou me


abraçando de forma protetora. – filho, por que não me conta? Você é a coisa
mais importante para mim e eu junto a sua mãe, não podemos ser felizes e
dormir tranquilos sabendo que você está passando por maus momentos.

– Nem eu mesmo sei pai, eu a vejo com Christopher e cada dia mais
me pergunto até que ponto a amizade deles é apenas dedicação. Ontem eu a
vi nos noticiários mais uma vez, ela estava tão linda... Dessa vez não me
citaram o que prova que a minha atitude foi a mais correta. Mesmo que isso a
tenha a afastado mais ainda de mim.

– Eu também vi e sei que a sua intenção foi à melhor de todas. Por que
não se dá um tempo para que Alexis defina o que realmente sente por você?

– Esse tempo já dura três semanas desde a reportagem e alguns meses


desde que retornamos da ilha e aquele cretino inventou aquelas asneiras sobre
mim. – pausei – o pior, é que nem consigo odiá-lo, pois ele só estava
tentando protegê-la. Conhecendo-me pai, com tantas pistas que Amber
deixou para trás... Eu também acreditaria que eu sou o Collins que contratou
todos os serviços sendo que ela só deu seu sobrenome.

– Amber foi imprudente e nós também. Seria mais sensato tentar


convencer Alexis de que a ama, mostrar-lhe seu lado de toda essa história.
– Já pensei em tantas coisas, já tentei encontrar respostas as minhas
duvidas e nem mesmo sei o que está acontecendo comigo.

– Do que você está falando?

– Acabei de mandar Deanna Lewis para casa, meu coração não


responde a nenhuma outra mulher... Estava pensando antes que o senhor
chegasse. Pretendo viajar, sair um pouco da cidade, do país, do planeta... Se
isso fosse possível. – me joguei no sofá cobrindo o rosto com as mãos e
depois as passando pelo cabelo já grande demais.

– Fico feliz em saber que dispensou a jovem moça, mas, viajar? E nós?

– Vocês são os únicos que me prendem aqui... Eu preciso sair, tentar


renovar as energias, tentar encontrar novas forças para seguir seu conselho
para conseguir dar um passo adiante e lutar. Por enquanto, não me sinto forte.
Nem ao menos me sinto ‘eu’.

– E quem te disse que para se encontrar precisaria sair de perto de nós?


Não deve fazer de Alexis a sua única fonte de felicidade filho, os sentimentos
podem ser comedidos. Estivemos com George no ultimo final de semana,
Alexis não está tão melhor que você.

– Ele te disse algo?

– Johnny... – ele foi reticente – ela se sente ferida e magoada como eu


te disse que aconteceria. Por isso filho, eu reafirmo que talvez você devesse
dar tempo ao tempo.

– Nesse caso pai, eu pretendo de fato, viajar.

– E para onde você vai?

– Nem eu mesmo sei. Quando eu chegar lá eu avisarei...

Alexis
Meu telefone tocou a meia noite, despertando de um sonho distante
depois de ter passado longas horas tentando dormir devido aos enjôos da
gravidez. Eu já não estava mais conseguindo esconder dos meus pais as quase
oito semanas de gestação. – alô! – atendi sonolenta.

– Alexis! – ele murmurou do outro lado da linha.

– Johnny! – reconheci. Minhas palavras quase não saíram – o que você


quer?

– Somente explicar porque dei aquela entrevista.

– Com três semanas de atraso? Agora já passou, eu preciso dormir...


Adeus Johnny.

– Alexis. Eu... – ele ficou mudo por alguns segundos – eu espero que
esteja tudo bem agora que a imprensa te deixou em paz.

– O que? Vai querer me convencer de que o seu ato foi puramente


altruísta e que suas palavras foram meramente mentiras?

– Não tentarei convencê-la de nada, não mais... – o que ele estava


querendo dizer com aquelas palavras ‘não mais’.

– O que você está querendo dizer então? Já passa da meia noite...

– Vou viajar e não sei quando ou se voltarei, só te liguei para dizer que
fico mais tranquilo agora que os paparazzi te permitem levar sua vida
normalmente. E... Alexis se cuide... – ele pediu. Embora ele continuasse
falando com a voz aveludada ao outro lado da linha. - Adeus. - antes que eu
pudesse argumentar, ou que as palavras se formassem na minha garganta e
chegasse a minha boca ele desligou.

Não imaginei que ao ouvi-lo dizer adeus meu coração se quebraria em


milhares de pedaços, uma dor aguda apertou meu peito. Precisei levar à mão
a boca para que a vontade de gritar não me possuísse e eu visse meus pais
entrar no quarto como loucos.
Ele estava indo embora então? Como podia ser? As palavras do meu
pai começaram a ecoar na minha mente “Eu não seria tão tolerante com
você... Eu já teria desistido de provar a verdade e teria deixado que seguisse
sua vida. O que vejo, são duas pessoas cabeças duras que não conseguem se
entender simplesmente porque não conseguem conversar. Estou me eximindo
de tudo... Não vou mais tentar te provar nada e sei que irá se arrepender,
como minha filha, estarei aqui para apoiá-la porque eu sei Alexis Scott, que
você ainda irá derramar muitas lágrimas se deixar que esse amor passe por
orgulho e burrice.”

Não houve tempo para me despedir, e agora? O que eu iria fazer com
um filho e sozinha? Não podia permitir que Christopher abrisse mão da sua
felicidade para poder assumir um erro meu. Conforme os dias passavam, ele
ficava mais seguro de que aquele absurdo era minha única opção para não
cair de vez em desgraça. Chris era arcaico às vezes, com tanta mania de honra
e senso de moral que pareciam perdidos no meio em que eu vivia, tivemos
momentos ruins e um desentendimento que para mim se apagou no momento
em que ele decidiu voltar a ser o meu melhor amigo.

Não consegui mais dormir, passei a noite insone sentada na minha


cama tentando imaginar para onde Johnny iria... O que eu tinha feito? Como
eu iria conseguir viver sem respirar o mesmo ar que ele? Mesmo não
acreditando no seu amor, estar no mesmo lugar que ele às vezes parecia ser
suficiente para suprir a minha necessidade de tê-lo ao meu lado. Eu não me
importava em viver com suas migalhas desde que pudesse estar próxima a
ele.

Quantas vezes pensei em ignorar meus instintos e me jogar nos braços


dele sem me importar com meu pudor. Eu o queria tanto que às vezes
chegava a doer... Burra sim, por amá-lo e por desejá-lo insistentemente,
mesmo quando todos os indícios diziam que ele só me queria em sua cama.
Eu poderia correr atrás dele e pedir que não fosse... Pedir que ficasse
comigo... Implorar um pouco do amor que eu sabia, nunca teria de verdade.
Meu pai havia conseguido implantar em meu cérebro a confusão e a dúvida.

Será mesmo que eu estava enganada? Será que ele assumiria realmente
a responsabilidade por um filho como havia dito no shopping meses atrás? E
se eu contasse a verdade, será que ele ficaria e aprenderia a me amar? Tentei
controlar a vontade de sair pela porta da rua e correr pro seu apartamento
pedindo que não me deixasse nunca, que jamais partisse e me privasse de ver
seu sorriso torto, os seus olhos intensos, sentir a sua língua de fogo que
percorria meu corpo deixando-o praticamente em combustão.

O que eu estava fazendo com a minha vida afinal? Grávida aos vinte e
dois anos, no auge da minha carreira... Apaixonada pelo maior conquistador
de Nova York... Johnny Collins havia transformado minha vida num
turbilhão de emoções tão fortes que eu já não sabia mais identificar onde eu
me encaixava. A não ser em seus braços.

George

Estava sentado a mesa tomando café e lendo o jornal da manhã quando


uma pequena nota me chamou a atenção, uma foto de Johnny no aeroporto
internacional JFK... A pequena reportagem dizia que ele chegou durante a
madrugada e foi visto sussurrando ao telefone “Johnny foi discreto,
acompanhado apenas pelo pai, não parecia estar partindo para uma
viagem de trabalho tendo em vista a despedida calorosa e saudosa entre os
dois que tinham lágrimas nos olhos. O que teria levado o empresário a
partir na calada da noite? Fugir sorrateiramente não faz o estilo do Collins
mais cobiçado da socialite nova-iorquina. Estaria ele seguindo para mais
uma conquista amorosa? Esperamos noticias breves...”

Eu não queria imaginar quando Alexis soubesse daquela informação.


Minha filha andava tão perdida que nem mesmo meus conselhos ou os de
Ester surtiam efeito. Perder de vez Johnny seria um golpe que não sabia se
ela iria um dia se recuperar... O mais estranho nisso tudo, era que ele nem ao
menos havia me informado sobre essa viagem. Será que fazia parte do seu
plano para reconquistar Alexis? Ainda confuso telefonei para o seu celular,
caiu diretamente na caixa de mensagens.
Liguei então para Aaron Collins, talvez ele conseguisse me explicar o
que estava acontecendo afinal – Aaron – ele atendeu.

– Bom dia Aaron, é o George.

– George... Não é surpresa você me ligando a essa hora da manhã.


Ligou porque está lendo o jornal de hoje não é? – sua voz parecia cansada.

– Sim, o que está acontecendo afinal? Para onde Johnny estava indo?
Isso faz parte do plano para reconquistar minha filha?

– Sinto informar que não... Meu filho simplesmente cansou de sofrer...


Desculpe-me George, Alexis é uma menina adorável, mas Johnny está
perdido demais. Não pude pedir que ficasse... Ele precisava se reconstruir, se
refazer...

– Eu entendo, minha filha não está ajudando mesmo... Por mais que eu
tente colocar na sua cabeça a verdade, ela é teimosa como uma mula. Acho
que metemos os pés pelas mãos...

– Eu também George, mas isso não quer dizer que nossas famílias
precisem se afastar. Eu sinto que um dia eles irão se acertar.

– Deus te ouça... – eu a ouvi se aproximando – preciso desligar, minha


filha acabou de acordar e não está com a cara das melhores.

– George... Johnny ligou para se despedir – ele informou. – só para


você saber, ele não está muito melhor do que Alexis, não o odeie.

– Eu entendo e muito obrigado... – desliguei quando percebi que ela


havia se jogado sobre o sofá como um zumbi. Alexis tinha a pele pálida num
tom quase cinza, olhos fundos e os cabelos desgrenhados. Ela olhava
fixamente para o teto como se ainda quisesse assimilar alguma coisa, levantei
da cadeira e segui para a sala. Ela estava tão compenetrada que não percebeu
minha aproximação.

Sentei-me na cadeira a frente dela, permiti que ficasse em silencio...


Observei cada expressão que seu rosto me mostrava. Ela me olhou como se
eu não estivesse ali... Dobrou os joelhos como se quisesse se proteger de tudo
ao seu redor. De repente começou a chorar.

Permaneci imóvel, Ester entrou logo em seguida e sentou-se ao lado


dela apoiando sua cabeça no colo – Alexis... – ela murmurou virando-se para
mim – George... O que houve?

– Johnny partiu, ele foi embora ontem de madrugada. – ela respondeu


antes de mim.

– Alexis... – eu iniciei a frase.

– Eu sei que me avisou pai, mas a partida dele depois daquela


entrevista só me faz ver que eu estava certa o tempo todo e você errado. – ela
afirmou.

– Como eu te disse, não tentarei te convencer de nada. O tempo vai te


mostrar que está errada, só espero que não seja tarde demais... Embora eu
acredite que já seja.

– Pai... Isso não me ajuda. – ela quase gritou – como pode ser normal
estar tão entregue assim a um homem? Às vezes tenho duvidas sobre quem é
mais maduro aqui.

– Alexis Scott, exijo que me respeite. Isso não é uma questão de


maturidade e sim de justiça.

– Você nem gostava do Johnny, porque o defende agora? Que espécie


de pacto vocês fizeram?

– Não há pacto Alexis, há a percepção do certo e do errado – nesse


momento a campainha tocou, Ester levantou-se para atender enquanto nossos
ânimos estavam alterados.

– E foi certo me manter cativa naquela ilha contra a minha vontade?

– Sejamos francos Alexis, sabemos que embora vocês tenham ido parar
lá de má vontade, não foram os piores dias da sua vida. Você estava feliz
quando chegamos para buscá-los, eu tenho consciência dos meus atos errados
e sei que você jamais nos perdoará pela asneira que fizemos. Embora no
fundo saiba que está sendo tola, infantil e mimada.

– Mimada? Qual é pai... Sabemos o que signifiquei para Johnny.

– O que importa é que você o ama, embora eu mesmo desconfie que


não o ame de verdade...

– Tem dúvidas sobre os meus sentimentos?

– Se o amasse como diz, teria dado a ele a chance de se defender. Teria


ouvido o outro lado da história... Quem ama confia e sabe quando o outro
está mentindo. Amber errou, nós erramos... Mas o maior erro está em você,
por não aceitar o fato de que perdeu o homem que ama por idiotice – berrei. –
não faz o meu estilo mentir para salvar a pele de ninguém e confesso que
quando vi as fotos de vocês na ilha cheguei a me sentir culpado.

– É bom que se sinta assim... É bom que vejam o que fizeram comigo...

– Não é culpa por tê-los deixado lá. Sinto-me assim por não ter
imaginado que seriam encontrados, que poderiam estar em evidencia. Sinto-
me mais culpado agora, estive com Johnny... Ele estava sofrendo, era um
farrapo humano.

– Não parecia, voltou à mídia como o garanhão de Nova York... Prova


de que eu estou certa e você errado.

– Eu mandei que ele fizesse algo para retirar as atenções de você,


praticamente o obriguei a dar aquela entrevista será que você não é capaz de
entender isso? Será que vou ter que quebrar sua cabeça para que a verdade
entre nela? Ele sabia que você estava doente, retirou você da festa da Garbage
Rock segura ou você já se esqueceu disso?

– Ele... – ela gaguejou – ele teve um ato de gentileza, ninguém é 100%


ruim.

– Nem 100% tolo como você... Não vou mais discutir... Não, eu não
vou...

Christopher

Cheguei à casa de Alexis e toquei a campainha, Ester atendeu um


pouco apreensiva quando ouvi as vozes alteradas vindo da sala. George não
sabia que Alexis não podia se alterar devido a sua gravidez. – cheguei em má
hora? – perguntei.

– Não meu filho, acho mesmo que Alexis vai precisar de você depois
dessa conversa com George.

– O que houve? – perguntei.

– Johnny foi embora... – entrei e fiquei paralisado quando vi a


expressão mortificada de Alexis enquanto George defendia o playboy
Collins. Ela o olhava num misto de fúria e descrença.

– Se o amasse como diz, teria dado a ele a chance de se defender. Teria


ouvido o outro lado da história... Quem ama confia e sabe quando o outro
está mentindo. Amber errou, nós erramos... Mas o maior erro está em você,
por não aceitar o fato de que perdeu o homem que ama por idiotice – ele dizia
aos gritos, nunca o havia visto gritar com Alexis daquele jeito – não faz o
meu estilo mentir para salvar a pele de ninguém e confesso que quando vi as
fotos de vocês na ilha cheguei a me sentir culpado.

– É bom que se sinta assim... É bom que vejam o que fizeram comigo...
– ela começava a chorar.

– Não é culpa por tê-los deixado lá. Sinto-me assim por não ter
imaginado que seriam encontrados, que poderiam estar em evidencia. Sinto-
me mais culpado agora, estive com Johnny... Ele estava sofrendo, era um
farrapo humano.
– Não parecia, voltou à mídia como o garanhão de Nova York... Prova
de que eu estou certa e você errado.

– Eu mandei que ele fizesse algo para retirar as atenções de você,


praticamente o obriguei a dar aquela entrevista será que você não é capaz de
entender isso? Será que vou ter que quebrar sua cabeça para que a verdade
entre nela? Ele sabia que você estava doente, retirou você da festa da Garbage
Rock segura ou você já se esqueceu disso?

– Ele... – ela gaguejou – ele teve um ato de gentileza, ninguém é 100%


ruim.

– Nem 100% tolo como você... Não vou mais discutir... Não, eu não
vou... – e se virou para mim – espero que esteja satisfeito com toda confusão
que armou. Abandonou minha filha e depois volta como se nada tivesse
acontecido dizendo que só quer protegê-la. Vocês dois se merecem... Dois
tolos irresponsáveis.

– Chris – ela me abraçou – não me sinto bem... – eu a segurei pela


cintura e a sentei no sofá.

– Não adianta fingir para não ouvir a verdade – George continuou


alterado. – vocês dois são incapazes de ver que está tudo errado.

– George você é que não está entendendo... Alexis não está bem
realmente – a gravidez junto à anemia profunda na qual ela estava poderiam
causar sérios problemas à sua saúde.

– O que eu não entendo? Santo Deus... – ele levantou as mãos para o


ar.

– Alexis temos que contar, não dá mais para esconder. – eu disse


quando ele virou para mim com o olhar fixo.

– O que? Do que vocês estão falando? O que é que eu preciso saber?


Contem-me logo ou vou acabar perdendo a paciência. – Ester o segurou pelo
braço abraçando-o para mantê-lo onde estava.
– Não Chris, não pode fazer isso...

– Eu preciso – eu disse me levantando – George, eu pedi a mão de


Alexis em casamento.

– Por que isso não é surpresa para mim? É ainda pior do que eu
pensava... Vocês não veem que isso não vai dar certo?

– Ela está grávida de um filho meu, pretendo assumir pelo erro que
cometi e com isso me casarei com ela – ele caiu sentado no sofá boquiaberto,
atônito... E sem dizer nenhuma palavra.

– Grávida? Como assim grávida? – foi Ester quem falou.

– É, aconteceu e agora temos que consertar o erro que cometemos. –


concluí.

– Alexis – ela se virou para a filha – é por isso que tem nos evitado? O
que vocês fizeram?

– Foram irresponsáveis... Não sou idiota a ponto de acreditar que


Christopher tenha algo a ver com isso.

– Do que você está falando George?

Voltando a si, depois do susto ele respondeu – eu sei a filha que criei e
conheço as atitudes de um homem apaixonado, você é um bom amigo, mas
eu também não sou cego para deixar ver que todas às vezes as quais Alexis
esteve com Johnny algo havia acontecido. A ilha, as fotos, a fábrica... Alexis,
o que você fez?

– Eu? Como eu posso ter feito um filho sozinha?

– Eu sou o pai George, embora você obviamente não acredite. – tomei


a frente para defendê-la.

– Admiro sua atitude Chris – ele parecia mais calmo – vejo que o
julguei mal e vejo também que dedica muito carinho a minha filha. Mas não
vou deixar que Johnny faça um filho na minha filha – ele apontou para o
próprio peito – e que as coisas fiquem por isso mesmo. Eu irei caçá-lo no fim
do mundo, aquele Collins vai me pagar e vai ter que assumir as
consequências.

Amber

UM MÊS DEPOIS...

Meu celular nunca tinha tocado tanto num mesmo dia, as roupas da
nova coleção estavam chegando e Meredith acabara de pegar uma dupla
virose. Johnny não dava noticias há um mês e Loren estava pronta para
enlouquecer. Com o sumiço do meu cunhado, as coisas em casa não andavam
bem. Patrick tinha que trabalhar mais e encontrar alguém que pudesse ter a
capacidade criativa do Johnny.

Dean estava adquirindo responsabilidades além da sua capacidade


mental e isso estava deixando Aaron louco. Embora, todos acreditássemos
que isso seria impossível de acontecer algum dia. Eu não deixava de me
sentir culpada por não ter percebido os sinais dados de que já havia algo
nascendo entre Johnny e Alexis e também por ter deixado tantas pistas que
poderiam causar transtornos a um relacionamento que já seria bombardeado
naturalmente pela mídia.

Era tudo culpa da minha natureza impulsiva, isso eu não podia negar...
Às vezes eu não conseguia discernir, simplesmente me atirava de cabeça nas
ideias que surgiam e “puff” quando eu via, já tinha ido. Induzir George foi só
a parte mais difícil e elaborada do meu plano... Agora, eles estavam
separados e pelo visto, em definitivo. Não havia nada que minha cabeça
brilhante pudesse pensar para trazer Johnny de volta.

Principalmente porque não sabíamos onde ele estava, embora minha


mente e meus olhos de Thundera me dissessem que Patrick tinha a exata
noção de onde encontrar o membro perdido da nossa família. Eu precisava
criar, elaborar algo que me ajudasse a unir os dois novamente...

Meu telefone vibrou, olhei o visor e notei o numero de George. Era


curioso, porque não havíamos tido contato desde que Johnny se fora, o que
era estranho já que estávamos unidos no intuito de ajudá-lo a provar sua
inocência. - pois não George. – atendi prontamente.

– Amber... – ele parecia preocupado – não sei como dizer, na verdade...

– Desembuche, apenas isso... Deixe o suspense para depois.

– Estamos num a fria Amber, e você terá que nos tirar dessa o quanto
antes, a carreira da minha filha está em jogo e acredite sua cabeça e a do seu
cunhado também. Quando aquele playboy pediu para deixá-lo lutar com suas
armas não imaginei que incluía engravidar minha filha.

– Pera... Para George... O que você está dizendo? O que quer dizer com
engravidar?

– O que poderia significar engravidar? Minha filha recém saída da


adolescência está grávida de um empresário que resolveu se refugiar sei lá,
num templo budista e sumir do mapa. Está obvio que embora Christopher
queira assumir o bebê o filho não é dele.

– Você está atravessando as informações, estou indo para sua casa


nesse momento... Preciso entender o que está acontecendo realmente para não
tomar mais nenhuma atitude precipitada...

– É bom mesmo, estaremos esperando. – ele desligou o telefone. Sai da


minha sala rapidamente, ainda não era nem meio dia e aquele inicio de
quarta-feira, prometia. Corri para a casa de Alexis e embora tentasse correr, o
transito parecia não me ajudar. No caminho tentei mais uma vez entrar em
contato com Johnny, e como já havia previsto... O celular estava fora de área.

Telefonei para Patrick, eu precisava contar a alguém que pudesse me


ajudar naquele novo drama – Amber? – ele atendeu. – como vai meu amor?
– Pat, tenho uma noticia bombástica. – eu disse nervosa. – estou indo
para a casa de Alexis.

– Aconteceu algo? – seu tom de voz mudou de carinhoso para


preocupado.

– Alexis está grávida Pat, está grávida do Johnny. – o silêncio imperou


do outro lado da linha – Patrick, você ainda está ai?

– De onde você tirou esse absurdo Amber?

– George... Ele me ligou e me pediu que fosse encontrá-lo. Não entendi


muito bem o que está se passando então, te ligo depois que sair de lá... Pat,
temos uma bomba prestes a explodir nas mãos.

– Preciso falar com meu pai Amber.

– É melhor ver o que está acontecendo, acalmar o animo de George.


Ele está bastante nervoso e acredito que devamos resolver entre nós, para
depois envolver os outros. Reúna todos logo mais a noite, levarei noticias.

– Está bem Amber... Espero que saiba o que está fazendo.

Aquelas últimas palavras me deixaram insegura, eu não sabia o que


estava fazendo. Tudo o que eu podia compreender era que estávamos todos
dentro do mesmo barco.

Cheguei ao meu local de destino em pouco mais de 40 minutos, um


recorde para a distância percorrida e o transito caótico de Nova York. Ester
atendeu a porta com os olhos marejados, pela sua expressão, eu não podia
dizer que estava feliz, mas também não havia tristeza em seu olhar.

– Que bom que você veio Amber – ela me abraçou – não sei como
estamos conseguindo lidar com essa informação nesse ultimo mês, George
está à beira de um ataque de nervos... Por favor, entre.

Entrei ainda incerta sobre o que me esperava, a sala estava vazia e o


silencio reinava. – mas me parece tudo tão tranquilo.
– Ele está tomando remédios para se acalmar e deitou-se um pouco
para não ter um surto psicótico, nunca o vi tão irado em toda minha vida.

– Aproveitando esse momento, porque não me conta tudo o que está


acontecendo desde o inicio?

Ester fez o que pedi, começou contando que o relacionamento entre


Alexis e Christopher era puramente platônico, que a amizade deles era algo
que veio da infância e que por isso ela era tão suscetível as suas palavras. -
Ele não sabe verdadeiramente o que aconteceu, sei que Chris só quer ajudar
minha filha.

– Não podemos esquecer que graças a ele estamos todos numa situação
difícil.

– Não acredito Amber, Alexis tem um temperamento difícil e mesmo


que ele não trouxesse as fotos, ela acabaria descobrindo... A situação não
seria diferente.

– Tem razão, é muito mais fácil culparmos os outros pelos nossos


insucessos. – me arrependi de ter acusado o advogado. Quando ela chegou à
parte da doença, meu coração acelerou. Anemia? Sabíamos que Alexis
andava doente, mas não tínhamos conhecimento de como isso poderia afetá-
la. – perdoe-me pela minha irresponsabilidade Ester.

– Todos fomos culpados Amber. Christopher quer que acreditemos que


ele é o pai do filho de Alexis, ele quer assumir a criança.

– Johnny nunca permitiria.

– Johnny não está aqui – ouvi a voz grave masculina vir de trás de mim
– temos que resolver essa situação ou terei que permitir esse casamento
insano entre minha filha e Christopher. Não deixarei que a imprudência do
seu cunhado estrague a vida de Alexis.

– Eu entendo George, ao menos ela confessa o que sente por ele?

– Nesse ultimo mês ela tentou me convencer, hoje disse que seria uma
mãe solteira, não admite o casamento com Christopher e não queria que
contássemos a vocês o que estava acontecendo. Mas ela não teve o meu
consentimento... Não poderia acatar um pedido idiota como esse. Acredito
que as partes envolvidas precisam chegar a um denominador comum. Dei um
prazo para que o procurasse e como ela não esta disposta a fazer, te liguei
para que nos ajude a resolver esse problema, pois eu... Não sei mais o que
fazer.

– Compreendo e concordo, eu poderia falar com ela?

– Se ela desejar ouvi-la mais do que a nós... Vá em frente, ela está no


quarto.

– Obrigada. – segui incerta sobre o que eu poderia dizer que


amenizasse aquela situação. Talvez, não houvesse nada a fazer se não fazê-la
ver o quanto amava Johnny. – bati na porta levemente e coloquei a cabeça
para dentro – Alexis! – chamei.

O quarto estava aberto e arejado, ela estava com os olhos semicerrados


e os cabelos presos em um rabo de cavalo, recostada sobre algumas
almofadas. – Amber? O que faz aqui?

– Seus pais me contaram o que está acontecendo. Quero ajudar...

– Como? O que pretende fazer dessa vez?

– Se você permitir, gostaria de conversar com a minha amiga Alexis.


Eu quero dizer que me arrependo do que fiz e que quero ajudar de verdade a
resolver essa situação.

– Não preciso de ajuda.

– Todos precisamos de ajuda Alexis – ela me olhou por alguns minutos


e começou a falar.

– Sei que vai tentar me dissuadir da ideia de assumir essa


responsabilidade sozinha. Existe algum premio que se receba por estar
sempre errada quanto as suas escolhas? Porque se houver, sou merecedora
por acreditar que as pessoas são melhores do que são realmente. Amar
Johnny não vale o sofrimento que isso me causa, quero retirar esse verbo do
meu vocabulário, a minha razão o rejeita tamanha é a repulsa que sinto por
mim mesma nesse momento.

– Você está sofrendo é natural. Mas para que mentir que não o ama?
Ele é o seu mundo Alexis, é tão obvio quanto à lei da gravidade... Johnny esta
presente nos seus pensamentos. Você certamente não estaria tomando essa
atitude tão precipitada de forma deliberada se não o quisesse magoar tanto
quanto está magoada.

– Não dá Amber, eu não vou dizer que sinto algo por ele. Olha em
volta, minha vida esta arruinada e tudo isso em uma questão de meses. Eu
não sei mais o que sinto, estou esgotada.

– Vai negar que quando pensa nele não suspira? Seu coração não dá
saltos? Para que negar o inegável Alexis.

– Não quero ouvir Amber, assim como não quero pensar, não quero
criar falsas expectativas... Não quero amor ou qualquer outro sentimento que
possa me levar além de onde minha sanidade me permite estar. Quando toda
essa historia começou, não me lembrei que tudo é lindo no inicio... Permiti
que naquela ilha minhas vontades dessem vazão a cri que Johnny me amava.
Mas meu coração é surdo e todas as vezes que tentei dizer não, fui tomada
pelos instintos. Ele teceu uma teia e eu caí.

– Você está se eximindo da sua parcela de culpa, Johnny não é um


monstro.

– Minha razão diz para me conter, amar seu cunhado é um sacrifício


que não estou disposta a fazer. Eu não quero me jogar nas lavas de um
vulcão.

– Então você vai negar que ele te faz voar e sonhar acordada? Todo
mundo nota o quanto você o ama, Jonathan não pediu nada alem disso. Ele
sabe da fama que tem e usou dela para tirar você do foco dos jornalistas, ele
só queria te manter segura Alexis.
– Já te disse Amber, não vou dizer que o amo.

– Chegou enfim o momento de você entender o que se passa no seu


coração, isso é atração, é algo maior do que você pode medir e, por mais que
não diga o que sente... Confie em mim... Você o ama.

– Eu não pretendo dizer nada, me deixe em paz... – ela começou a


chorar – em voz alta você nunca vai me ouvir dizer que o amo. - ela
finalmente disse entre soluços

– Oh Alexis! – eu a abracei. – tudo vai dar certo.


Capítulo 11

Amber

– Eu vou te ajudar minha amiga – prometi quando deixei a casa dos


Scott. Minha cabeça só conseguia trabalhar no intuito de encontrar Johnny,
onde ele poderia estar? Eu queria matá-lo por ter agido como um imbecil
conquistador. Mesmo que não a tenha levado para a ilha, agiu como um Dom
Juan aproveitando cada brecha para pegá-la pelo desejo... Pela pele.

Eu nunca havia me sentido desesperada, com 12 semanas de gestação


as mudanças no corpo dela já eram perceptíveis. Uma foto mal tirada ou uma
campanha rejeitada sem motivos poderiam realmente levá-la ao final da sua
carreira. Conhecendo a personalidade dela, sempre reservada no que dizia
respeito a sua vida, Alexis iria preferir sumir e seria bem provável quem
nunca mais tivéssemos noticias dela.

Mesmo que a mídia sensacionalista um dia a deixasse em paz, sua vida


seria um turbilhão de problemas. Iria taxá-la de nomes que não conseguia
sequer imaginar... Tudo por minha culpa. Cheguei em casa e Patrick tinha
reunido toda família como eu havia convocado. E como eu havia pedido, ele
não contou nada a ninguém, o problema era... Por onde começar.

– Pessoal, segurem o coração porque agora é hora das emoções fortes.

2 HORAS DEPOIS...

Os olhares petrificados dos homens e a expressão mortificada de Loren


que levou a mão ao peito depois da explicação sobre a gravidez de Alexis me
fez pensar rápido. - precisamos encontrar Johnny vocês não entendem?
Alexis pode até não aceitar agora, mas cedo ou tarde ela irá ceder e cometerá
um erro se casando com Christopher e se algum dia vier a descobrir, como sei
que vai, Johnny nunca mais vai voltar ao seio da família.
– Precisamos fazer alguma coisa e rápido, Amber... Isso que você está
nos contando é muito grave. – Aaron disse.

– Eu tenho a exata noção da gravidade desses fatos Aaron, por isso


acredito que essa é a oportunidade que Johnny terá de provar a Alexis que é
inocente e que a ama. Eu sei como ela se sente, Loren certamente também
sabe. A insegurança e a falta de certeza se é amada ou não. Alexis é uma
garota ainda, é imatura e insegura. Sempre foi superprotegida e de repente um
homem feito e com um passado de dar inveja a qualquer Sheik árabe aparece
e lhe jura amor... Eu cometi um erro e os induzi a fazer o mesmo...
Precisamos encontrar Johnny depressa.

– Mas ninguém sabe onde ele está Amber – Loren disse chorosa – nem
acredito que vou ser avó... Ah meu bem – ela disse abraçando Aaron – estou
tão feliz e Alexis é a moça que nosso filho precisava para voltar a ser quem
era.

– Loren está certa, a felicidade de receber mais um membro em nossa


família é enorme, mas não sabemos onde poderemos encontrar Johnny.

– Deve estar passando o rodo por ai...

– DEAN – gritamos juntos.

– Falo sério, ele saiu daqui disposto a esquecer e encontrar alguém que
acreditasse no seu amor, é bem provável que a uma altura dessas e com um
mês de afastamento sem dar noticias o maninho já tenha deitado com pelo
menos duas mulheres por dia, por isso ele sempre foi meu ídolo.

– Para de falar asneiras Dean – Pat ordenou – eu sei onde ele está, não
contei porque ele mesmo me pediu segredo e como eu sabia que Johnny
precisava de reclusão para repensar sua vida, atendi seu pedido.

– Por isso estava sempre tranquilo? Patrick! – Aaron o repreendeu.

– Desculpe pai, ele me pediu e disse que o senhor entenderia.

– Eu sabia que você estava escondendo algo de mim. – briguei – mas


agora é hora de irmos atrás dele, e temos que fazer isso nesse momento. Pat
onde Johnny está?

– Hawai. Ele está na casa da praia em Honolulu.

– É noite Amber. Não acho uma boa ideia sair daqui assim... –
Meredith falou pela primeira vez.

– Não podemos perder tempo, Johnny não acreditaria em mim se fosse


sozinha, preciso de você Aaron e de você Loren. Dean poderá ficar em casa
com você que está adoecida Mer.

– E perder a oportunidade de zoar com o Johnny?

– É melhor ignorar os absurdos e irmos embora logo, a viagem é longa


daqui para Honolulu, levaremos algumas horas para chegar lá, isso se
encontrarmos um voo para esta noite ainda.

- Somos os Collins, sempre haverá voos para nós. Mesmo que seja um
jatinho particular. – sorri vitoriosa.

Johnny

Ficar sozinho com os meus pensamentos não tinha sido a melhor ideia
que já havia tido, pensar em Alexis sem ter o trabalho para compensar os
momentos de tristeza estava me levando à loucura. Não conseguia imaginá-la
junto a Christopher, mas precisava admitir que ele usou as melhores armas
para levá-la de mim.

Respirei fundo e aspirei o cheiro da maresia, caminhei pela areia no


final da tarde. O sol se pondo era fabuloso e cheio de saudade, fazia me
lembrar da ilha. Coloquei as mãos nos bolsos e caminhei permitindo que as
ondas batessem nas minhas pernas. Era torturante não saber como estavam as
coisas, evitava telefone e internet, apenas Patrick sabia onde eu estava.
Supliquei para que não contasse a Amber, ela jamais me deixaria em
paz.

Voltei para casa e tentei ver TV, lógico fugindo dos canais de fofoca,
mesmo depois da minha entrevista, a vida de Alexis era exposta vez ou outra,
quando ela se permitia sair de casa. Fugi de tudo e de todos no intuito de
vencer a disputa contra o meu coração, eu queria poder superar todos os meus
medos para poder encarar o mundo, as pessoas que me cercavam, sem
parecer tolo ou fraco. Eu precisava do meu orgulho intacto, eu tinha que ser
forte.

Sonhei muitas vezes com o dia em que poderia me acalmar, ter um lar
como os meus pais, a casa barulhenta pelos filhos que cresceriam felizes e
saudáveis. Entreguei meus sonhos a uma mulher e ela me abandonou. Passei
a viver uma vida onde eu ditava as minhas regras, mas cada regra me levava
mais longe da felicidade. Deitar com cada socialite, cantora ou modelo nova-
iorquina não me fez mais completo ou mais feliz. Eu estava pagando meu
preço, e ele era muito alto.

Criei uma cerimônia, uma recepção onde meus pais me desejariam


felicidades, orgulhosos por eu ter conseguido encontrar a mulher da minha
vida. Sem me importar com o assédio porque lá no fundo eu saberia que ela
me amava. E quando eu visse seu rosto eu saberia que era ali que eu tinha que
estar, era exatamente ali que eu queria estar. Eu precisava me resignar, eu
precisava superar.

Quando conseguisse achar meu caminho ficaria mais fácil, eu sabia que
cada milha que caminhasse, cada dia que esperasse valeria a pena. Bastava
ser forte e não ceder como fiz uma vez. Se isso fosse possível, eu iria a
qualquer lugar com ela ao meu lado, e mesmo que estivéssemos em quartos
separados por conta do nosso trabalho, eu saberia qual era o meu lugar.

Com esses pensamentos, eu sabia que estava no caminho certo, estava


adquirindo o equilíbrio necessário para superar todos os problemas. Não
importava o quão longe eu estivesse, eu encontraria o meu lugar...

Adormeci enquanto olhava o céu da janela do meu quarto, me


lembrando de cada olhar trocado, de cada palavra pronunciada e de cada
carícia absorvida pela minha pele. Eu a amava e não iria cometer o mesmo
erro outra vez, não mais.

O sol clareou o quarto e me senti leve, o desabafo solitário da noite


anterior havia me feito bem. Passei um dia tranquilo e consegui apreciar o sol
que entrava pelas janelas de vidro da nossa casa na praia, o vento beijou meu
rosto como se quisesse me desejar bom dia. Sorri sozinho e consegui notar
pela primeira vez em meses que o futuro estava ali e que com ou sem Alexis,
eu seria feliz.

Sentado na varanda da casa olhando o mar, ouvi o barulho de um carro


se aproximando. Caminhei sem vontade até lá, vi quando Amber se agitou e
nem mesmo conseguiu esperar o carro parar para saltar pela porta do fundo e
correr na minha direção. – Johnny, que bom que te encontramos. – ela pulou
no meu pescoço.

– Amber como voc... – cocei as têmporas - Como você conseguiu


convencer Pat a contar onde eu estava? Que armas você usou? – perguntei
controlado.

– Meu querido, vamos entrar... Minha arma vai te deixar de queixo


caído. – os outros vieram e me abraçaram todos de uma vez. Minha mãe
chorava tanto que mais parecia estar vendo um fantasma. Meu pai me olhou
profundamente e do seu jeito disse que me amava.

– Ai maninho... Você apronta mesmo estando à distância... – Dean


berrou saindo do carro. - você é mesmo poderoso.

– Do que você está falando?

– Nada não Johnny, melhor entrarmos, lá dentro explicaremos tudo


com calma. – Amber interrompeu.

(...)

Realmente era preciso calma para absorver cada palavra que Amber
dizia, ela contou a historia desde o começo. Passou por Christopher, pela
festa da Michell e Gardan e da Garbage Rock. Passou pela ilha, por todos os
pontos que eu já conhecia até mesmo alguns que eram pontos cegos para
mim.

– Por que está me contando tudo isso Amber? Veio até aqui para me
dizer o que eu já sei? – todos se entreolharam.

– Não seu bobo... Viemos para te dar à notícia que vai mudar sua vida.

– Ou enterrar você de vez – Dean sorriu.

– Vocês querem ir direto ao ponto, por favor.

– Você vai ser papai... – ela disse cantando. “Pai?”

– Como assim pai? Não me lembro de ter me deitado com ninguém nos
últimos meses, além de... Alexis? Vocês estão aqui, em massa, para me dizer
que eu vou ser pai de um filho de Alexis Scott? – perguntei incrédulo.

– Não é uma notícia maravilhosa? - ela deu saltinhos de alegria.

– Não sei se diria maravilhosa... Na verdade, estou surpreso. Nem nos


meus planos mais mirabolantes para me reaproximar imaginei que isso
pudesse acontecer.

– Vacilou não é maninho?... Agora vamos ter um Mini John correndo


pela sala.

Não era só por saber que Dean tinha razão que eu estava descrente, era
pela audácia daquele advogado de porta de cadeia, querer assumir a minha
responsabilidade. Por querer roubar de mim até mesmo algo que ainda nem
tinha se formado. Ele podia ter me roubado Alexis, mas meu filho, isso eu
não iria deixar. – quem informou que Alexis se casaria com Christopher?

– Conversei com George, Johnny... Conversei com Alexis também...


Ela é dura e sei que só não irá ceder e se casar com o Johnson, se você partir
para o ataque agora, esta é a oportunidade que você precisava para mostrar
que a ama.

– E o quanto ela me magoou? Isso não conta? Não acreditou em mim e


apareceu na frente de todos com aquele... – não consegui nomeá-lo – se fugi
do meu trabalho e da minha família foi para me curar desse vicio. Não quero
ser um escravo.

– Seja você, sempre forte e seguro... – Amber se aproximou enquanto


os outros somente observavam – sei que vai conseguir quebrar a barreira que
foi imposta a vocês pelo meu erro, estarei com você sempre a acredite que te
amo como a um irmão... Johnny...

– Não direi que a amo... Não enquanto ela não disser... – respondi
ríspido.

– Não conseguirá trazê-la de volta se não tentar uma ultima vez...


Alexis é teimosa.

– Eu também sou.

– Sei que ela foi dura com você filho. - Meu pai colocou sua mão no
meu ombro em sinal de apoio. – mas seu filho irá precisar da presença
masculina de um pai. Você lhe deve isso...

– Tem razão pai, apesar do meu orgulho preciso voltar... – com aquele
simples argumento, meu pai foi capaz de me fazer repensar todos os meus
sentimentos.

(...)

Toquei a campainha da casa de George no outro dia pela manhã,


Amber ligou se certificando de que Alexis estaria ausente durante todo o dia,
ainda não era hora de encontrá-la – Johnny, que bom que voltou... – ele
apertou minha mão com força - Por um instante cheguei a pensar que me
arrependeria de ter confiado em você.

– Eu disse e afirmei categoricamente que amava sua filha. Prometi que


a protegeria, não está nos meus planos deixá-la desamparada. Se fui embora,
é porque não sabia o que estava acontecendo, não podia imaginar que ela
estava grávida... Eu não a deixaria sozinha ainda mais numa situação como
esta.

– Que bom que ainda posso confiar em você...

– Estou aqui, para pedir formalmente a mão de Alexis em casamento.


Quero fazer as coisas direito, quero seguir as regras...

– Você acha que ela aceitará? Existe muita magoa entre vocês... E
convenhamos que cumprir regras não é o seu forte, se fosse em outros
tempos, certamente eu teria te dado uma surra pelo que fez a minha filha.

– Confesso que ainda estou magoado George e não vou me sujeitar aos
caprichos de Alexis.

– Tudo que eu quero é que vocês se entendam de uma vez, quero que
você cuide bem de Alexis...

– Vou cuidar dela e do meu filho e estou sendo franco com você
quando digo que não direi que a amo enquanto não ouvir tais palavras
pronunciadas pela sua boca primeiro.

– Isso será uma guerra, ninguém será feliz, mas eu irei respeitar isso,
no entanto, se desrespeitar minha filha, se eu a ver chorar, não terá meu
apoio... Alexis está perdida e desde que não tivemos noticias suas... Bem... –
ele coçou as têmporas – ela teve problemas...

– Que tipo de problemas?

– Bem... Christopher deseja assumir a criança, não sei o que fazer.

– Mais eu sei, preciso ficar a sós com ela... E para tanto, meus pais o
convidaram para um passeio de barco, esperam você e Ester para comemorar
a chegada do primeiro neto.

– Quando?
– Hoje... Esperarei Alexis, saberei o que fazer. Saberei como convencê-
la a se casar comigo.

– Johnny, eu sei que já te pedi isso...

– Eu preciso da sua filha mais do que do próprio ar, George... Também


estou perdido e acredite não farei nada que ela não queira... Eu prometi uma
vez e repito, eu vou cuidar de Alexis.

– Está bem, vou encontrar seus pais. Mas antes terei que pegar Ester e
Alexis na sessão de fotos com o Michael Stell, as fotos precisavam ser feitas
no final da tarde por causa das luzes e reflexos solares, frescuras do mundo
da moda.

– Entendo... – dei um meio sorriso.

– Deixarei minha filha em casa e espero encontrá-los acertados quando


voltar e Johnny... Eu sei como se faz um neto e você tem que entender que
sou pai. Respeite a minha filha, não quero novidades...

– Está bem, eu prometo que vou me comportar. – e era obvio que eu


menti...
Capítulo 12

Alexis

Quando cheguei em casa percebi que havia algo de estranho, um


perfume conhecido pairava no ar, meu pai havia me deixado na porta de casa
e informado que passaria o final de semana com os Collins numa viagem de
barco. Olhei ao redor e não enxerguei nada... Acendi a luz e levei um susto
quando o vi ali sentado na poltrona de frente para mim.

Os olhos penetrantes e fixos, os lábios desenhados e o nariz perfeito, a


pele estava com um leve tom amendoado deixando os cabelos ainda mais
escuros e como sempre bagunçados. Aquele ar espontâneo e causal fez me
lembrar de cada momento que passei ao seu lado.

Era estranho tê-lo ali tão perto de mim, eu ainda o odiava por ter agido
comigo da mesma maneira que havia feito com as outras namoradas, com a
exceção de que eu estava esperando um filho seu. Se era apenas sexo, por que
se dar o trabalho de fingir um sequestro? Para que se machucar? Seria para
talvez conseguir o melhor de mim? Meu melhor desempenho? – O que quer
Johnny? – rosnei furiosa.

– Não haja dessa maneira, faz mal para o bebê... – ele foi cínico.

– Não precisa se preocupar com meu bebê – rebati raivosa – ele não é
seu... – limpei a garganta para concluir a frase – é filho de Christopher – ele
levantou furioso vindo em minha direção.

A expressão vazia , os olhos vidrados de raiva e a respiração forte


estavam próximos demais de mim fazendo-me recuar alguns passos. – por
quem me toma Alexis? Eu não sou um idiota qualquer, tenho experiência
suficiente para saber que esse filho é meu. – ele segurou meu braço com força
– além do mais, conversei com George, ele me garantiu isso.
– Meu pai não acredita que possa ter estado com Christopher? Mas eu
estive...

– Eu também não acredito, ele te magoou.

– Você também – gritei – me levando para aquela ilha somente para...


Para... – minha voz não saiu.

– Para que? Para ter algumas horas de diversão com você? Julguei que
era uma mulher mais inteligente, eu não fiz nada. Só dei aquela entrevista
porque eu precisava retirar o foco que os repórteres mantinham em você.
Jurei que a protegeria... Jurei que os afastaria. – ele se defendeu ainda com os
olhos raivosos, sua mandíbula se mantinha tensa e as palavras saiam
entredentes. – e foi exatamente o que eu fiz, te protegi de todos. Não podia
vê-los te machucar mais uma vez...

– Você me protegeu de todos, menos de você... Te perguntei uma vez,


quem me protegeria de você...Para isso Johnny Collins, não há resposta.

– O que acha que essa nossa relação significa para mim Alexis?

– E não era só sexo? Não foi só isso todo esse tempo? Você não
anunciou aos quatro ventos que me seduziu? Que eu sou inocente demais? Eu
te amei Johnny.

– Você é uma tola obtusa Alexis Scott– ele ofendeu. – No dia da festa
da Garbage Rock, você me pediu que fizesse amor com você e eu neguei,
você estava machucada, eu disse que você se arrependeria depois. Se fosse só
sexo, eu teria lhe dado o que pediu naquele exato momento.

– E porque não fez? Eu me dei a você e fui recusada pra que? Para
depois tentar me convencer que não era só sexo, como fez comigo em todas
as vezes que nos encontramos?

– Você foi respeitada, eu não te toquei por que...

– Por quê? Termine a frase.


– Não vou deixar que outra pessoa assuma minha responsabilidade –
mudei de assunto - esse filho é meu, por quem me toma? – seu rosto estava
muito próximo ao meu.

Lutei para me soltar em vão, Johnny usava toda sua força para me
manter próxima a ele – eu sou uma tola obtusa me responda você... – rebati
com a mesma raiva que o dominava. Meu coração estava acelerado e não era
por medo, eu sentia uma profunda atração. O toque das suas mãos quentes e
fortes na minha pele me fazia incendiar por dentro de um jeito inimaginável.

– Se você se casar com Christopher Johnson, eu vou à imprensa e


anúncio que o seu filho é meu – ele ameaçou.

– Você não faria isso, essa revelação poderia estragar a vida do Chris e
a sua também, como ele poderia voltar a encarar as pessoas?

– Não há nada mais que eu possa fazer, minha vida é um livro aberto...
Para mim, não faria diferença alguma. Duvide disso e experimente casar com
ele, eu ainda iria mais longe... Uma noite comigo depois de ter voltado para o
advogadozinho de meia tigela.

– Eu não o traí... Christopher não merece que faça isso. – me defendi


agora amedrontada pelo estrago que ele poderia causar a carreira de Chris.

– E quem acreditaria em você? – ele sorriu sarcástico, o sorriso torto


que eu aprendi a amar era agora a causa do meu pavor, da minha raiva... –
separou-se dele numa semana e pouco depois estava em meus braços... Todos
gostariam de acompanhar uma corrida pelo teste de paternidade.

– Johnny, por que você simplesmente não me deixa?

– Com um filho meu? Nunca... – ele afirmou friamente.

– Eu já disse que o filho não é s... – ele me beijou furiosamente, não era
um beijo dado com amor ou desejo, era raiva contida... Selei meus lábios para
não permitir que sua língua invadisse minha boca, mas foi inútil. O toque das
suas mãos em minhas costas me fez sentir o corpo perder as forças. Minhas
pernas fraquejaram, com o resto de consciência que eu ainda tinha me
afastei... Aquilo não podia acontecer outra vez.

– O que há com você? – ele disse suspendendo as mãos...

– Não me toque – ordenei quando o vi caminhando novamente na


minha direção – eu não vou me casar com você, nunca!

– Então esteja preparada para as consequências dos seus atos. –


respirou fundo e soltou o ar fechando os punhos mantendo os braços ao lado
do corpo.

– Que consequências? Johnny, que consequências?

– Amanhã, todos saberão que você está grávida de um filho meu...


Contarei toda nossa história desde a festa da Michell e Gardan, o que não
faltam são revistas querendo uma entrevista exclusiva comigo.

– Você não pode fazer isso, seria o fim para mim e para Christopher.
Derek nunca o perdoaria, ele não tem culpa dos erros que cometemos,
esqueça seus caprichos e volte à vida que levava antes de me conhecer. – eu
estava apavorada.

– Exatamente, são ‘nossos’ erros. Se eu precisar tomar essa atitude será


somente culpa sua. Seus pais estarão fora durante o final de semana, pense
com carinho no que estou te propondo. É isso ou as capas das maiores
revistas de fofoca da America e Europa. Isso não são caprichos Alexis Scott,
isso se chama responsabilidade – ele me alcançou novamente segurando-me
pelo braço. Sua expressão era outra, de repente seu rosto estava doce e leve
como nos dias em que estivemos na ilha. Seus olhos refletiam paixão, calor e
desejo. Aquilo me deixava completamente vulnerável aos seus encantos,
principalmente por não saber o que estava na sua mente e no seu coração...

– Johnny... Por favor, não... – implorei para que ele parasse de me olhar
daquela maneira, com uma mão ele me aproximou segurando-me pelo braço,
com a outra ele enroscou os dedos em meus cabelos e aproximou sua boca da
minha orelha.
– Eu sei que você quer o mesmo que eu... – ele murmurou. O hálito
quente tocou minha pele fazendo com que um arrepio subisse pela minha
coluna – posso te dar prazer suficiente até pelo menos 75 anos lembra? Não
lute contra esse sentimento Alexis, a gente ainda pode ser feliz.

Minha mente voltou a trabalhar, olhei para ele sem vê-lo direito a visão
nublada pelo desejo – não quero só desejo físico Johnny... Eu quero ser
amada.

– Depois que eu te mostrar o que podemos fazer juntos, você me diz se


quer ou não... Case-se comigo Alexis, por bem – sua voz rouca era macia...
Doce... Hipnotizante - Não quero que seu Christopher pague pela sua
imprudência – eu quis argumentar, mas a voz dele me seduziu provocando-
me uma serie de sensações. – permita-se viver o que nós dois sabemos que
sentimos.

– O que nós sentimos Johnny?

– Você não sabe? Depois de tantas dicas e tantas coisas que passamos
você não sabe realmente o que nos liga Alexis? Por que você acha que estou
aqui?

– Pela criança...

– Não... – ele murmurou – por você... - enquanto passava os dedos pelo


meu braço, posicionando-se atrás de mim e ficando com o corpo colado no
meu, eu podia sentir o tecido da sua camisa roçando na pele das minhas
costas. A calça contra as minhas pernas, tentei escapar, mas ele me segurou
pela cintura me prendendo entre a poltrona a frente e o seu corpo detrás de
mim. Senti-me acuada, porém, meu pânico só aumentou meu estado de
excitação. – por favor, Johnny – minha voz era um fio de tensão e prazer.

– Você é tão linda... – os dedos dele passearam pelo meu busto, embora
fosse por cima da roupa pude sentir meu mamilo enrijecer, ele beijou minha
nuca várias vezes, depois as mãos dele se fecharam no meu seio. Senti sua
respiração acelerar, percebi a urgência das suas caricias. Com uma das mãos
ele desceu a alça do meu vestido e do sutiã de um dos lados e deslizou a mão
pelo interior envolvendo meu seio com sua palma quente, não tive reação
para dizer que parasse, minha respiração era difícil. Gemi involuntariamente
– calma – ele me disse.

Com a outra mão ele levantou minha saia até chegar ao alto das minhas
meias, ele gemeu quando encontrou a parte exposta da minha pele. Seus
dedos continuavam desenhando o percurso até os meus quadris procurando a
parte da frente da minha calcinha. Eu queria pedir que parasse, mas as
palavras não queriam vir. O toque sutil de Johnny era capaz de levar ao céu.

Meu coração dava a impressão de que iria saltar do peito, eu não


conseguia fazer mais nada além de me manter de pé, ele me apertou contra o
seu corpo passando a mão sobre o elástico tocando-me no meu ponto mais
sensível... Estremeci. – Alexis, seja minha – ele pediu novamente num
sussurro. Ele movimentou seus dedos dentro de mim... Foi quando perdi a
noção e me permiti cometer mais uma vez aquele ato insano.

– Eu preciso pensar.

Johnny

– Eu preciso pensar – aquela foi à deixa que eu precisava para mostrar-


lhe de uma maneira ou de outra que ela me desejava, eu já estava cansado de
jogos e mentiras. Queria que ela aceitasse meu pedido, depois que nos
casássemos eu iria mostrar o quanto eu amava. Mas eu não... Eu não diria
isso enquanto ela não dissesse primeiro. Suspendi a saia com a minha mão
livre e toquei sem bumbum pressionando-a ainda mais contra a cadeira a
nossa frente, deixei que ela pudesse sentir o tamanho do meu desejo quando
encostei meu membro em suas costas.

Ela fechou os olhos e suspirou sôfrega... Os lábios entreabertos


indicavam que me queria, ela passou a língua sobre neles num gesto sensual,
puxei sua calcinha para o lado e continuei movimentando meus dedos no seu
ponto sensível com sutileza... – Johnny – ela murmurou.

– Nós somos um Alexis, você ainda não entendeu? – espremi-a mais


um pouco, ela segurou o encosto da cadeira com força, seus joelhos
amoleceram e ela quase caiu... Segurei-a entre meu corpo e o móvel a nossa
frente sussurrando em seu ouvido – seja minha... Diga que quer que eu a
possua aqui... Agora. – penetrei meus dedos e os movimentei dentro dela
quando percebi que ela tentava controlar seu desejo.

Peguei sua mão e delicadamente fiz com que me tocasse por sobre o
tecido da calça, mesmo que não pudesse sentir o calor da sua mão, senti
espasmos de tesão percorreram o meu corpo, rapidamente a virei para mim e
beijei seus lábios violentamente... Ela retribuiu com a mesma ânsia, deixando
claro que também me queria, segurei seu rosto entre as minhas mãos e
abandonei seus lábios por alguns instantes, passei a língua pelo seu pescoço
saboreando o seu sabor adocicado, desci minhas mãos até os seios mais
volumosos e igualmente sedutores, os mamilos intumescidos reafirmavam
minhas duvidas, se é que eu tinha alguma, ela também me queria. Suguei-os
delicadamente, ela jogou a cabeça para trás e juntou as pernas num gemido
rouco.

Enquanto me deleitava entre sua boca e seus seios minhas mãos


brincavam ágeis sobre seu sexo completamente receptivo, o nosso desejo era
intenso, com as duas mãos rasquei o elástico da minúscula peça que ela usava
e afastei a cadeira que nos separava da grande mesa de madeira na sala de
jantar. Sentei-a sobre o móvel e continuei a beijá-la. Completamente tomada
pela insanidade do nosso desejo, ela retirou minha camisa e começou a
desabotoar minha calça. Afastei-me para olhá-la nos olhos. Alexis me
encarou e me trouxe para mais perto mais uma vez, sem me dizer nenhuma
palavra apenas enterrando sua mão em minha calça e trazendo meu sexo para
fora.

Ela brincou com ele fazendo movimentos de vai e vem, segurei minha
vontade de tomá-la com força deixando que me guiasse sem receios, ela
precisava confiar em mim, eu precisava me controlar. Enquanto me tocava
ela me puxou com a mão livre fazendo com que nossos corpos se tocassem
de forma intima, eu podia sentir sua lubrificação molhando meu membro e
aquilo me fez fechar os punhos e respirar fundo para não introduzi-lo de uma
só vez... Ela se massageou usando a minha glande, o rosto rubro pelo
desejo... Não suportei aquele ato e segurei seus pulsos, aquele gesto a fez me
encarar de frente... Ainda ofegante ela procurou meus lábios e abriu mais as
pernas para que eu pudesse me acomodar entre delas, segurou meu sexo mais
uma vez e rapidamente me acomodou dentro dela. Senti seu corpo quente e
apertado se amoldando ao meu. Parei de me movimentar por um instante,
queria prolongar aquele momento.

A respiração dela era tão descompassada quanto seus batimentos


cardíacos, entrei e sai algumas vezes brincando na sua entrada fazendo com
que ela quase atingisse o ápice. Era provocante poder fazê-la sentir-se
desejada. Comecei a me mover mais rapidamente dentro dela, movendo meus
quadris para que ela pudesse me sentir mais profundo. Ela gritou se
agarrando ao meu pescoço, seu seio encostado no meu peito, as pernas
amarradas a minha cintura. Puxei-a da mesa. Carreguei-a gentilmente ainda
beijando-lhe os lábios e ainda me mantendo dentro dela, movimentando-me
vagarosamente.

– Vamos para o seu quarto... – ofeguei.

– Você não tem o direito de fazer isso comigo – ela argumentou


obviamente sem forças.

– Deixe-me provar mais uma vez que sou capaz de cumprir minhas
promessas, Alexis, por favor – Eu podia sentir pelo cheiro da sua pele que ela
também me queria, aquela posição em que nos encontrávamos era a prova
disso. Com os olhos cheios de volúpia ela segurou meu rosto entre as suas
mãos e me beijou com desejo, seus lábios se movimentavam junto aos meus
num momento intenso de paixão e saudades. Eu sabia que ela havia sentido
minha falta tanto quanto eu a dela... Movimentei meu corpo colado ao dela,
com meu sexo dentro do dela, enquanto ainda podia raciocinar, caminhei até
lá sem demora, não queria terminar de possuí-la ali na sala. Eu queria mostrar
que, independente do sexo, ainda poderíamos construir uma relação sólida,
baseada no amor e na amizade.
Caminhei pelo corredor em direção ao seu quarto sem abandonar sua
boca. Saí do seu corpo a contragosto e deitei-a na cama grande e confortável,
já devia ser meia noite quando a lua subiu e se posicionou sobre nós entrando
pela janela do seu quarto, a luz azulada cobria o corpo dela como um manto,
ela estava languida e embora estivéssemos completamente excitados, não
podia deixar de admirar seu corpo esbelto e cheio de prazer. Ela esticou os
braços acima da cabeça quando o lençol frio tocou-lhe as costas nuas.

– Está com frio? – perguntei me aproximando do seu corpo.

– Não sou capaz e sentir frio com você me olhando dessa maneira – seu
olhar era voluptuoso. Ela estava completamente excitada, pronta para mim
tantas quantas vezes eu a quisesse possuir...

– De que jeito... – murmurei. Ajoelhei-me entre suas pernas e deitei-me


sobre seu corpo mais uma vez. Ela não se contrapôs, apenas segurou meus
cabelos forçando-me a olhá-la.

– Como se quisesse me devorar - Desci meus lábios pelo seu pescoço


mordiscando cada centímetro da sua pele até chegar aos seus seios. O tom
rosado deles me fazia pensar nas diversas formas de fazer amor com ela.

– Se você me permitir, eu vou te devorar - Retirei vagarosamente a


roupa que a cobria, eu não tinha pressa, tudo o que eu queria era prolongar
aquele prazer. Vê-la nua novamente era como um sonho realizado, nas
ultimas vezes que estivéramos juntos, tudo foi improvisado e feito no intuito
de que ela cedesse. Levei algum tempo para entender que agindo pela raiva
eu não conseguiria que ela me dissesse que me amava. – você permite? – ela
sinalizou que sim e eu acabei de me despir voltando a dedicar minha atenção
total a ela.

(...)

Desci até seu abdômen passando a língua pelo seu corpo chegando aos
seus quadris, ela gemeu mais uma vez, estava febril e o corpo queimava... –
Johnny – ela murmurou quando passei a minha língua pela virilha e cheguei
ao seu ponto sensível... Alexis gemeu mais uma vez cravando suas unhas no
meu ombro. Eu não sabia bem o que era, mas ela parecia capaz de me
estimular só por estar perto... Minha pele estava marcada pelas suas unhas,
mas isso não importava. Eram as marcas do nosso amor. Ela movimentava os
quadris extremamente excitada.

– Faça amor comigo agora Johnny – ela pediu com sofreguidão.

– Calma – meus dedos deslizaram para caricias mais intimas –


machuca? – perguntei.

– Não, por favor, não pare – ela implorou. Eu não parei, mas me
coloquei numa posição onde agora eu podia beijar sua boca. Ela deslizou sua
mão até a ponta úmida da minha ereção.

– Não faça isso – pedi por entredentes – não vai durar muito se você
me tocar desse jeito, dessa vez eu quero que dure bastante. Mesmo que sejam
algumas horas... Por exemplo, eu diria que vou continuar fazendo você sentir
prazer assim, com a minha mão. Então eu poderia fazer amor com a boca até
que você ficasse fora de si ou me pedisse para entrar em você. – eu
continuava acariciando-lhe. – o que você prefere?

Alexis se contorcia, seu corpo se movimentava cada vez mais quente...


– como você desejar – ela murmurou ofegando. Minha boca tocou todo seu
corpo novamente, cada vez que eu percebia que ela estava prestes a explodir
eu parava e beijava-lhe a boca para conter seus espasmos.

– Prefiro deitar sobre você e pressionar para que se acostume comigo


novamente, enquanto te toco aqui e aqui... Você terá mais prazer. – eu disse
tocando seus seios mais uma vez com uma mão e com a outra massageando
seu sexo. – não irei entrar até você implorar e mesmo assim só um pouco. Vai
levar algum tempo até que eu entre completamente e a essa altura você estará
explodindo. Por isso ficarei quieto. Quando eu me mexer outra vez isso será
bem devagar. Vai durar até você quase chegar lá outra vez... Só que agora
estarei bem perto, me controlando o máximo possível. Quando você começar,
vou sentir dentro de você e escutar seus gritos... Ai nem que eu quisesse, eu
poderia mais aguentar.
Dizendo isso meu dedo a penetrou provocando mais uma forte onda de
prazer, ela gritou num orgasmo alto e violento – faça amor comigo Johnny...
Agora, por favor. – deitei-me sobre seu corpo e a penetrei com força de uma
única vez, me preocupando apenas em não ser tão afoito, agora deveríamos
nos preocupar com o bebê. Movimentei-me rápido e depois devagar
controlando o desejo latente do meu corpo.

Ela já estava num ponto o qual poderia permitir seu clímax, mas não,
eu queria que demorasse. Queria que aquele prazer se prolongasse por mais
tempo. Alexis não podia sequer imaginar o tamanho do torpor quem me
causava seu cheiro e o toque da sua pele na minha. Quando ela cravou as
unhas nos meus quadris, parei de me movimentar, voltando logo em seguida,
permitindo-me sentir sua carne úmida ao redor de mim. O liquido que
escorria dela me fazia perceber o tamanho do seu desejo.

Outra vez parei para que nosso prazer se prolongasse, mordi seu lábio
inferior fazendo com que uma pequena ruptura se abrisse ferindo-o. Não era
minha intenção, mas a insanidade que ela me causava era assustadora. Depois
de privá-la de chegar ao orgasmo por várias vezes seguidas. Permiti num
movimento rápido empalá-la rápida e profundamente até que seus gritos
tornaram-se intensos, cumpri todas as minhas promessas, mantive-me quase
pleno durante nosso ato. Sai dela mais uma vez e a coloquei de joelhos sobre
a cama, com os cabelos caindo sobre o rosto, ela se segurou na cabeceira
expondo suas costas para mim. Segurei sua cintura e a penetrei mais uma vez,
ela me recebeu de bom grado movimentando seus quadris em volta de mim...
Ela se movimentava frenética e rapidamente. Quando jogou os cabelos para
trás senti que havia atingido o clímax mais uma vez, sua sensibilidade me
excitava mais e mais a cada instante. Empalei-a mais uma vez com força e
comecei a me movimentar mais rápido e mais profundo... Alexis voltou a
gemer alto, ela gritava meu nome e aquilo me estimulava – JOHNNY!!

– Venha comigo Alexis, só mais uma vez... – pedi. Eu a amava tanto


que chegava doer, ela era muito mais do que qualquer outra mulher pudesse
ser. Seu cheiro, sua tez, seu toque... Seu corpo. Senti meu corpo enrijecer
junto com o dela numa explosão única... Havíamos chegado juntos ao clímax
do nosso prazer. Deitei-a sobre a cama colocando meu corpo sobre o dela,
depositei vários beijos em sua boca sem que ela me negasse o prazer de estar
sobre si naquele momento.

– Case-se comigo Alexis. – eu disse enquanto arfávamos após fazermos


amor. – case-se comigo sem que eu precise tomar atitudes precipitadas. – ela
me olhou ainda febril. – eu te quero comigo para sempre... – encarei-a ainda
deitado sobre ela.

– Você não me dá outra opção...

– Isso quer dizer que você aceita? – tentei conter minha emoção.

– Sim Johnny Collins, eu aceito - Ela disse fazendo um sinal positivo


com a cabeça. Segurei o sorriso com o coração ainda aos saltos escondendo
meu rosto em seu pescoço, não queria que ela soubesse dos meus
sentimentos... Não ainda. Embora ela não se desse conta, estávamos fazendo
amor e não sexo como ela pensava. Amor como aquele que fizéramos na
ilha... Como somente duas pessoas completamente apaixonadas poderiam
fazer. Alexis era uma tola, mas ela diria que me amava, ou eu não me
chamava Johnny Collins.
Capítulo 13

Johnny

Era difícil acreditar que aquilo estava acontecendo, mesmo tendo


conseguido que ela aceitasse casar comigo de um jeito escuso, meu coração
estava aos saltos de tanto contentamento. Depois que fizemos amor mais
algumas vezes, ela estava deitada com os cabelos soltos sobre meu peito nu.
O corpo ainda despido, com um leve volume na cintura e os quadris mais
arredondados a deixavam ainda mais tentadora.

Acariciei seu braço com os dedos, enquanto isso com a outra mão
mantinha-a presa a mim. O cheiro inebriante estava impregnado na minha
pele mais uma vez...

– Eu aceito casar com você, mas tenho uma condição – ela me tirou da
minha fantasia, uma quimera de emoções e sensações tão idílicas quanto estar
ao seu lado naquele momento.

– Que condição? – tentei parecer despreocupado embora meu coração


estivesse aos saltos e eu quisesse gritar que a amava.

– Não irá me trair, nem deitará na cama de cada mulher nova-iorquina


enquanto tivermos que morar debaixo do mesmo teto. – ela se apoiou no
cotovelo para me olhar de frente.

– Prometo que respeitarei você e nosso filho – acariciei seu ventre e ela
estremeceu.

– Você não precisa se sacrificar tanto... Ainda a tempo de voltar atrás e


deixar tudo isso de lado...

– Não é um sacrifício assumir uma responsabilidade, e embora acredite


que sou um mau caráter. Fui criado pelo homem mais integro que já conheci.
Tenho muitos princípios éticos e morais...

– Não quis dizer que era um mau caráter...

– Não seria novidade, você já o disse tantas vezes... – expressei minha


magoa.

– Desculpe-me... – ela olhou para baixo – não há como acreditar que


sente algo por mim diante de como os fatos se desnudam a minha frente.

– E como isso acontece?

– Embora eu tente crer que tudo isso não passa de um ledo engano,
minha consciência me diz que você tinha pleno conhecimento dos fatos. A
maneira como você age deitando comigo e depois indo embora só me levam
a crer que não há nada que nos ligue a não ser o sexo.

– Eu poderia dizer que está redondamente enganada, mas sei que não
me ouviria, já que tem um conceito formado sobre minha personalidade e
embora eu ainda esteja aqui – respirei fundo – você só irá crer que tudo que
eu quero é te usar.

Ela parou por um instante e me olhou sem dizer nada, vagarosamente


passou a mão pelo cabelo e disse – um filho não é motivo para tanto
sacrifício, sei que sentirá falta da boemia e das mulheres que o cercavam
como moscas no mel.

Sorri e perguntei – isso quer dizer que você está com ciúmes?

– Não, só estou constatando que se sentirá infeliz ao meu lado... Não


conseguirei me entregar a você por completo sabendo que não me ama.

– E eu poderia saber por que chegou a essa conclusão?

– É tão simples, mesmo afirmando que eu estava errada e você certo,


não o vi deixar de levar sua vida antiga e embora diga e repita que estou
errada, suas atitudes só o denunciam.
– Alexis, Alexis... – sentei-me a sua frente e passei meus dedos entre
seus cabelos puxando-a para perto de mim – você é mesmo uma tola obtusa –
e a beijei. Deixei que a sede de tê-la comigo viesse à tona mais uma vez e a
segurei pela cintura com a outra mão fazendo com que seu corpo febril se
unisse ao meu.

Ela se permitiu ser beijada, entreabriu os lábios dando passagem a


minha língua insaciável. Amarrou seus dedos no meu cabelo com tanta
sofreguidão que por um instante pensei que diria às palavras que eu tanto
ansiava ouvir “Eu te amo”.

Alexis

O calor que me dominava quando ele me tocava era ímpar, nada no


mundo era nem ao menos semelhante ao sentimento que ele me causava e
embora me sentisse oprimida de tanto querer sem poder dizer que o amava,
Johnny era o homem da minha vida e disso, eu não duvidava.

Ele me puxou para mais perto e continuou me beijando intensamente,


deitou-me sobre a cama e colou seu corpo se posicionando sobre mim, senti o
volume do seu sexo no meu abdômen e me deixei levar pela sensação de
pleno êxtase que me consumia.

Ele deslizou a boca pelo meu pescoço e capturou o lóbulo da minha


orelha enquanto acariciava meu seio completamente sensível pela gravidez.
Quase atingi o cume apenas pelo seu pequeno movimento, ele me olhou e
sorriu torto com os olhos fixos nos meus. Suspirei para lembrar que ainda
precisava respirar, embora ali, naquele momento eu parecesse estar no céu.

Ele desceu a boca e mordiscou o meu mamilo me fazendo estremecer...


Gemi alto demais e ele parou por um instante – machucou?
– Não... – ofeguei.

– Deseja que eu pare? – ele perguntou enquanto beijava minha barriga


um pouco saliente.

– Não... – tentei manter o controle – Johnny... – murmurei quase sem


noção do que estava fazendo. Ele colocou a mão entre minhas pernas e senti
o calor dos seus dedos me penetrando, agarrei-me aos travesseiros e soltei um
som gutural.

Voltando a me beijar ele manteve sobre meu corpo enquanto me tocava


intimamente... Levei minha mão ao seu sexo enrijecido e o toquei. Ele gemeu
e me olhou com sede de amor... – você me enlouquece... Deixa-me
completamente sem rumo Alexis... – ele me beijou mais uma vez enquanto eu
o conduzia para dentro de mim. Pude senti-lo quente e pulsante invadindo
meu corpo já tão sensível... Aos poucos ele foi preenchendo meu espaço que
parecia imensamente vazio desde que ele se fora. Sim, naquele momento eu
estava completa e mesmo com a certeza de que não tinha o seu amor, eu sabia
que tinha o seu desejo. Talvez com o tempo, o amor fizesse parte de nossas
vidas.

Johnny se movimentou gentilmente enquanto seus lábios se mantinham


colados aos meus, mordi seu lábio inferior e ele gemeu mais uma vez –
Alexis – seus movimentos aumentaram e pude sentir que ele ficava cada vez
mais inconsciente, assim como eu. Rolei meu corpo para ficar sobre ele que
me olhou com um sorriso malicioso no rosto, cavalguei-o me movimentando
sobre seu corpo, sentindo-o completar meu espaço vazio. Ele segurou meus
quadris me ajudando a movimentar no seu ritmo... Sim... Eu gostava daquele
ritmo. As mãos ágeis passearam pelo meu corpo e seguraram meus seios, ele
brincou com meus mamilos sentando-se para tocá-los com a boca enquanto
eu ainda dançava sobre ele mantendo-o dentro de mim. Johnny me sugou
com tanta força que senti meu corpo inteiro se arrepiar, ele me abraçou e me
empalou profundamente... Pude sentir a intensidade do meu clímax como se
fosse à erupção de um vulcão. Não sabia quantas vezes o havia atingido
naquele dia... Mas meu corpo dizia que queria mais e mais. Senti uma
corrente elétrica percorrer meu corpo, aos poucos explodi como se minha
vida dependesse daquele clímax para fazer sentido.
Ele jogou a cabeça para trás no mesmo momento em que movimentei
meus quadris para lhe dar mais prazer, senti seu líquido quente escorrer
dentro de mim e naquele momento mais uma vez me dei conta... Eu não
saberia mais viver sem Johnny Collins.

Johnny

– Diga que me ama Alexis – pedi enquanto ela ainda estava deitada
sobre meu corpo, as pernas escarranchadas na minha cintura, ainda estava
dentro dela. Eu podia ver os raios do sol entrando pela janela do quarto, já era
manhã e eu finalmente podia me sentir realizado.

– Vamos dar tempo ao tempo, não sei como conviver com meus
conflitos internos ainda. E por mais que tente não confio em você. – ela saiu
de cima de mim deixando um espaço vazio entre nós.

– O que terei que fazer para que confie? Será que estarmos juntos aqui
e agora não é motivo suficiente? – sentei-me ao seu lado.

– Só o tempo Johnny... Ainda estou magoada. E fazer o que acabamos


de fazer não quer dizer que você não vai sair daqui e deitar na primeira cama
que encontrar vazia.

– Você ainda está me julgando embora eu mostre a melhor das


intenções vindo aqui e a pedindo em casamento? Ainda que tenhamos nos
amado durante toda a noite, isso não quer dizer nada para você? – eu disse
me levantando – não acha que também devo me sentir magoado por nem
mesmo ter querido me ouvir e ter levado em conta apenas o que seu ex noivo
lhe contou?

– Magoado por quê? Não foi você que estava inconsciente do fato de
que o sequestro era falso.

– Novamente essa historia? – levantei rapidamente e fiquei de pé ao


lado da cama – eu já tinha dito que não tentaria provar mais nada a você...
Acredite no que quiser – eu disse catando minhas roupas.

– Fazendo assim, deixa transparecer o tipo de relacionamento que


teremos, prazer até os 75 anos e nenhum amor e muita cama pelo tempo que
permanecermos juntos.

– Está bem – parei e me virei para ela que ainda estava ajoelhada sobre
cama – Para te provar que não é o sexo que me move, nós vamos nos casar.
Informarei a minha família e marcarei o casamento o quanto antes e esteja
certa de uma coisa. – fui incisivo – não a abraçarei a menos que me peça, não
a beijarei a menos que me implore e não farei amor com você mais uma vez...
A menos que suplique. Talvez assim Alexis Scott, você comece a perceber o
tamanho do erro que está cometendo. Estou cansado de ser julgado, você
precisa crescer...

– Eu não vou suplicar... – ela disse empinando o nariz.

– É o que veremos – acabei de me vestir e votei a olhar para ela que


parecia não entender o que estava acontecendo. – acho bom que informe ao
seu amigo sobre a decisão que tomamos juntos. Não quero mais a sua
imagem associada à dele, em breve você será uma Collins e se quer que eu
tenha uma imagem impecável, exijo o mesmo de você...

– Você não pode exigir nada...

– Eu posso, e acredite, não vai gostar de me ver aborrecido e nem vai


querer que eu cumpra minha ameaça. – ela pareceu pensar por um instante,
estava prestes a abrir a boca para dizer algo quando eu a interrompi – você
terá o final de semana inteiro para fazer isso.

– Como assim? Você vai me deixar aqui sozinha?

– Vou, a não ser que você implore para que eu fique. – dei um meio
sorriso.

– Não vou implorar... – ela disse altiva. Levantando-se e vestindo a


roupa que tirei tão facilmente.
– Então, tudo o que tenho a dizer nesse momento é... – me aproximei
ficando a um palmo dela - Adeus minha querida noiva.

– Será difícil conviver com você – ela gritou batendo o pé no chão,


tentei parecer indiferente. Machucava-me ter que agir daquela maneira com
ela. Mas era a única forma de fazer com que dissesse aquilo que eu precisava
ouvir. Não respondi – diga alguma coisa Johnny Collins. – ela ordenou.

Parei a frente da porta e me virei para ela – Adeus Alexis... – ao abrir a


porta me deparei com a última pessoa que eu queria ver naquele momento.

Christopher Johnson.
Capítulo 14

Johnny

– O que você faz aqui? - Ele perguntou como se fosse o dono da razão.

– O que faço aqui não é da sua conta... Não vê que não lhe devo
satisfações? – respondi seco cruzando os braços na frente do peito, enquanto
ele fechava os punhos e mantinha os seus ao lado do corpo de forma tensa.

– Alexis – ele disse entrando subitamente como se ignorasse minha


presença – você dormiu com ele?

– Talvez esse seja o momento de você contar a ele que nós iremos nos
casar... – fui irônico. Percebi seu olhar me recriminando quando Christopher
se virou para mim. – eu sei que o filho é meu. Embora você venha querer me
convencer do contrário, sei que fui mais eficiente.

– Do que você está falando? Isso não se trata de uma disputa. Sei que
quer se casar com ela por capricho, por saber que perdeu e não conseguiu
manipulá-la como fez com as outras.

– Não preciso usar desses artifícios Christopher, deixo-os para você. –


apontei para ele.

– Não a manipulei... – ele se curvou na minha direção.

– Ei, parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui está bem?
Tenho vontades e se vou me casar com você, Senhor Collins, é porque não
me deu outra opção. – ela intercedeu irada.

– Como assim? – Christopher quis saber.

– Ele ameaçou contar à imprensa que o filho é dele caso eu venha a me


casar com você.

– Você usou de coerção? – ele indagou raivoso.

– Usei sua arma contra você... Veja pelo lado positivo, não terá que ser
tratado como o namorado traído... – ele partiu para cima de mim e Alexis o
segurou.

– Você é o único que manipula aqui Collins, minha relação com Alexis
sempre foi de amizade mútua e muito carinho. Se a propus casamento, foi
porque temi pela sua reputação. Coisa que você não fez.

– Do que você está falando afinal? Você foi o culpado pela nossa
separação...

– E você a levaria a sério depois que voltaram daquela ilha? Será que
não teria enjoado assim que levá-la para a sua cama não fosse mais
interessante? Até quando duraria o seu amor? – eu olhei para Alexis que
aparentemente também esperava pela minha resposta. Deixei meus braços
caírem ao lado do meu copo com os punhos fechados.

Se pudesse naquele momento, teria socado aquele advogado


pretensioso até que ficasse desacordado. – você. Definitivamente. Não. Sabe.
Do que. Está falando. – eu disse pausadamente.

– Sei sim, conheço homens como você... – ele me encarou de frente,


desafiando-me a perder o controle.

– Talvez, você devesse fazer melhor do que Alexis fez e ouvir George
no que diz respeito aquela ilha. Você não sabe de nada... Não me conhece e
não vai me fazer voltar atrás.

– Talvez, você deva fazer melhor... Seria muito mais inteligente


desaparecer de vez e deixá-la ser feliz com alguém que a ame.

– Esse alguém seria você? Vamos falar sério Christopher... Isso nunca
daria certo, no máximo, o que você conseguiria seriam beijos como prêmios
de consolação. – ele me olhou ainda mais furioso – não irei discutir minha
vida amorosa com você... Eu e Alexis iremos nos casar, quer você queira ou
não.

– Eu não irei permitir.

– Você não tem que permitir, você vai ter que aceitar, pois o único fato
palpável nessa sala, é que Alexis e eu nos casaremos em breve e se você
quiser realmente o bem dela... Siga minha sugestão e ouça o que George tem
a dizer.

– Não tenho nada para conhecer que eu já não saiba – ele afirmou.

– Talvez, você se surpreenda e tenho mais uma coisa a dizer, talvez,


você veja que não sou o monstro que julgam... Não me eximo das minhas
culpas, sei que tenho um passado podre, não quero parecer um santo, mas
também, não serei sacrificado pela minha inocência.

– Você nunca é inocente...

– Sou inocente até que possa provar o contrário... E isso você não fez,
fotos, não provam que manipulei a situação. – olhei para Alexis que ainda
estava estarrecida com toda aquela discussão. - Para seu bem e o do bebê -
olhei para Christopher que ainda me encarava. – acho melhor terminarmos
nossa conversa do lado de fora.

– Não... – ela levantou a mão para pedir que ele ficasse quando o
cretino a olhou e piscou o olho.

– Não vai acontecer nada Alexis, ao que parece o playboy não vai fazer
nada que atente contra a própria saúde. – ele se virou para mim novamente –
vamos... – lançou-me um sorriso cínico.

Saí da casa com Christopher no meu encalço, não pretendia brigar, não
poderia colocar em risco a saúde de Alexis sabendo de antemão que ela já
não estava bem. Andamos alguns metros, até onde ela não pudesse nos ouvir
e onde eu finalmente poderia falar o que pensava.

– Sei que se preocupa com ela e que é um bom amigo, mas entre nós há
muito mais do que somente desejo e só você não é capaz de perceber isso.

– Posso perceber que você não consegue se manter longe de todas as


mulheres que o cercam.

– Não se atenha a aparências – eu disse.

– O que vai dizer que na hora H as manda embora porque é um brocha?

– Não... Vou dizer apenas que desde que conheci Alexis, ela foi à única
que toquei – ele gargalhou alto.

– Os jornais mentiram então?

– Christopher... – respirei fundo – vou te confessar uma coisa e quero


que preste bastante atenção.

Christopher

– Christopher... – ele respirou fundo – vou te confessar uma coisa e


quero que preste bastante atenção.

– O que? Estou pronto para colocara batina e ouvir todos os pecados,


embora saibamos que uma vida não bastaria para tantos.

– Antes de dizer o que tenho a falar... Quero que saiba que eu sei que
você já encontrou alguém.

– Como você sabe disso?

– Não é difícil, você tem viajado constantemente a Fayetteville , mas


isso não vem ao caso. Sei que ama Alexis o suficiente para abrir mão da sua
felicidade no intuito de salvar sua amiga. Mas será justo fazer com que ela
abra mão da sua? É obvio que nós dois nascemos para estar juntos. Não sou o
canalha que pensa.

– Não é o que tem mostrado. E você ainda não se confessou.

– Você está certo quando diz que não consegui chegar a tirar a roupa
diante das mulheres com as quais eu estive. Não era o corpo delas, ou os seus
beijos que eu desejava... Você está tirando de Alexis à possibilidade de ser
feliz, pois você sabe tão bem quanto eu que nós dois... Nos amamos.

– Não consigo crer que você sinta algo tão forte por ela. Não posso
permitir que a magoe.

– Pesquisei sua vida, Ivy é o nome da mulher com a qual assumiu um


compromisso, você está agindo com ela da mesma forma como eu agi com
muitas mulheres anteriormente a Alexis.

– Ivy sabe que a amo. – falei rapidamente.

– Ivy sofre por saber que terá que abrir mão de você, simplesmente
porque você não tem a capacidade de se meter apenas na sua vida. – foi rude
– ela sofre calada porque o ama e lá no fundo você não está se esforçando
para estar com ela.

– Ela conhece os problemas desde o começo. Sempre soube que eu


tinha uma divida com Alexis por tê-la magoado no passado.

– Ainda assim sofre, pois você se importa mais em estar com uma
mulher que obviamente não o ama a estar com aquela que pediu em
casamento. Faça o que sugeri, ouça George e tente, ao menos, nesse
momento fazer a coisa certa. Alexis precisa de mim tanto quanto Ivy precisa
de você... Ainda podemos ser amigos.

– Você não vai me manipular... Não serei seu amigo.

– Não o estou manipulando, George compreende o amor que vocês


sentem um pelo outro, mas sabe que ela só será feliz comigo de outra forma
não teria nos deixado a sós. Você não pode ser tão egoísta a ponto de permitir
uma infelicidade mútua.

– Não vou permitir que a magoe mais uma vez. Eu amo Alexis como a
uma irmã... E se tomo medidas extremas é porque me preocupo com o bem
estar dela... Prometi que cuidaria dela desde que éramos crianças.

– Se você a ama, vai ouvir o que George tem a dizer. Eu a amo


Christopher... Amo mais que a mim. Alexis é minha vida, a única coisa que
faz sentido nesse mundo tão repleto de desamor. – aquela afirmação fez
desmoronar qualquer argumento que eu pudesse ter formado anteriormente,
parecia ser uma declaração sincera, feita por um homem apaixonado. Eu iria
ouvir George, iria fazer o que ele havia me pedido.

– Está bem – concordei – ouvirei George, mas não de uma maneira que
ela saiba. Preciso ter minha opinião independente do quanto ela chore quando
você se cansar de todo esse jogo.

– Confie em mim. Isso não é um jogo. – dizendo isso, ele se virou e


seguiu para o carro estacionado a frente da casa. Depois de um olhar rápido
para a mulher parada a frente da porta, ele deu a partida e saiu.

Olhei para uma Alexis ainda sensibilizada com os últimos


acontecimentos, olhos fundos, palidez evidente – vamos entrar – gritei – acho
que temos muito o que conversar. – caminhei em sua direção colocando o
braço sobre seu ombro e beijando a testa molhada de suor.

Ficamos sentados no sofá abraçados um bom tempo antes de


iniciarmos aquela conversa dura e necessária. Se fosse da vontade dela, eu a
deixaria livre para o Collins, eu não seria um empecilho em sua vida.

– Chris, me desculpe se não consegui devomê-lo da ideia de


casamento... Da mesma forma que não te convenci. Acho que não sou muito
boa em convencer os outros a fazer o que é certo.

– E o que VOCÊ considera certo Alexis? – perguntei.


– Você se casar com Ivy e abandonar essa promessa de me proteger...
Não vai dar certo Chris, sua vida deve seguir um rumo certo. Você merece
uma família e filhos.

– E você? O que merece? Casar com Johnny Collins? Fala como se


essa fosse sua única opção... – reclamei.

– Não é só por ter sido coagida, meu filho precisa de um pai e você
precisa ser feliz, eu amo você Christopher, mas não suporto ver como sente
falta de Ivy quando está longe dela por que julga que sou indefesa. Ela
também precisa de você e não me sinto confortável por saber que estou
fazendo isso.

– Isso o que?

– Eu o estou afastando da pessoa que o fez descobrir o amor verdadeiro


e se ela se cansar e for embora? Como vou poder conviver com isso?

– Como eu vou conviver sabendo que você está sofrendo? Seu filho
merece um pai e você merece ser feliz... Se você for se casar com o Collins
agora somente por medo de ter um filho sem pai, não faça.

– Ele vai à imprensa Chris, não foi só uma ameaça, ele não tem nada a
perder... Você tem.

– E você? Será que George tem conhecimento de como ele iria


convencê-la a se casar? Tenho certeza de que não aprovaria.

– Não há muito o que ser feito Chris... Mas não acho que serei
completamente infeliz, saber que Johnny ama meu filho já me fará feliz...

– Você acha que consegue conviver com alguém assim? Sou seu amigo
Alexis e para mim você não precisa mentir. – ela me olhou com os olhos
ainda avermelhados.

– Eu o amo por nós dois – ela respondeu – saberei conviver com isso...
Mas uma coisa é certa para mim. Não direi que o amo. Pelo menos não
enquanto não tiver certeza de que ele me ama em retorno.
– Nenhum amor sobrevive dessa maneira. – argumentei.

– Então, que definhe e morra, e quando isso acontecer... NINGUÉM


mais irá me machucar. – eu a abracei. Aquela era definitivamente a hora de
conversar com George.

O final de semana passou muito rápido e eu praticamente não consegui


me concentrar nas coisas que tinha que fazer. Precisava me preparar para
mais uma viagem a trabalho e não conseguia se quer organizar minha agenda.
A conversa com Johnny ficou gravada na minha mente como se na verdade,
eu fosse o vilão. Será que o playboy era realmente capaz de amar Alexis tanto
assim?

Não conseguiria dormir mais uma noite sem saber sobre que verdade
ele se referia, desde aquele encontro na casa de Alexis depois que eles
voltaram da ilha, eu não me permiti um instante a sós com George para que
uma conversa franca com ele fosse iniciada. Mas também, como poderia
acreditar no Collins quando tudo o que ele fazia ou dizia levava Alexis as
lágrimas? Que espécie de amor maltrata ao invés de deixá-la feliz?

Também não fazia sentido ele continuar vindo atrás dela sabendo que
estava comigo, mesmo que fosse apenas para manter uma aparência. Eu só
faria isso se a outra parte realmente significasse algo para mim. Peguei o
telefone e liguei para o celular de George que atendeu com a voz de poucos
amigos. – pode falar Christopher.

– Acho que precisamos conversar...

(...)

Cheguei ao Café Central duas horas depois de ter marcado aquele


encontro com George, ele relutou em aceitar alegando que agora que eu já
havia cometido o equivoco, e que talvez não houvesse mais tempo de
consertar o estrago feito. A culpa começava a martelar na minha cabeça. Será
que eu estava realmente errado em todo meu julgamento?
Sentei numa cadeira reservada no canto de frente para a janela, de lá
poderia ver quando ele estivesse chegando. Vinte minutos depois eu o avistei
saindo do carro e atravessando a rua, um nervosismo sem sentido me invadiu.
Senti o coração acelerar e gotículas de suor começaram a brotar na minha
testa. Ele entrou no momento em que eu as secava com um guardanapo.

– Olá George – tentei ser gentil apontando a cadeira para que se


sentasse.

– Bom, acho melhor dizer o que tenho para dizer de uma vez. É muito
complicado puxar sua orelha quando você e Alexis ficam empencados um no
outro. Faz meses que eu espero esse momento, mas a minha experiência dizia
que cedo ou tarde esse dia chegaria.

– Acho que...

– Não acha nada – ele me interrompeu – eu acho, aliás, acho não, tenho
certeza de que você foi um moleque teimoso e irresponsável.

– Talvez devêssemos pedir alguma coisa para beber.

– Não antes de ouvir o que eu tenho a dizer – assenti com a cabeça


fazendo sinal para que falasse - você como um advogado se portou como um
moleque acreditando na primeira noticia que viu pela frente... Não aprendeu
com seu pai a analisar as coisas antes de formar um julgamento??? Com
certeza ele te ensinou alguma coisa... Fiquei decepcionado com você pela
maneira como se portou com a minha filha, primeiro a abandonou e depois
voltou como o senhor da razão julgando os outros por algo que desconhece...
Eu até esperaria esse tipo de coisa do Collins, mas não de você. Eu o vi
crescer e se tornar o que é hoje para saber que... Que... – ele não conseguiu
dizer ‘transasse com a minha filha e a abandonasse ‘– o playboy me
surpreendeu pela atitude protetora, e não me decepcionou como você.

– Sei que fui errado...

– Foi um canalha, você a abandonou.


– Não precisa repetir, eu já me puni e venho me punindo por causa
disso todo esse tempo e por isso voltei. Para não permitir que Johnny
cometesse o mesmo erro que eu. Eu quis poupá-la. – sussurrei. – eu não
costumo agir desse jeito e sei que errei entrando como um furacão na sua
casa, você me conhece melhor do que ninguém me viu crescer como acabou
de dizer... Conhece-me melhor até do que o meu próprio pai. É que por se
tratar de Alexis, eu perdi a razão... Os sentimentos estavam indefinidos e eu
devia ter me precavido. Eu costumo agir assim na minha profissão... Não
costumo agir por impulso.

– Eu já disse que admiro o seu sentimento por Alexis, mas Johnny não
teve culpa pelo que aconteceu. A anã Collins nos induziu a fazer algo para
uni-los. Ela nos procurou com a desculpa de que Johnny estava apaixonado e
como estávamos atirando para todos os lados a fim de ver Alexis reagir a sua
ausência, topamos. A maldita imprensa os achou por acaso.

– Espera... Johnny não teve nada a ver com o sequestro?

– E não é isso que todos viemos falando durante todos esses meses?
Mas encontramos a união da cabeça dura da minha filha e a sua influência...
Reação bombástica. – ele começou a me contar o plano maquiavélico de
Amber Collins desde o inicio. A princípio a ficha demorou a cair, mas depois
fui absorvendo as informações... Como eu pude ter me enganado tanto? –
precisa assumir a sua parcela de responsabilidade pelo sofrimento de Alexis.
Se não tivesse irrompido sala adentro e jogado as informações para ela
daquela maneira poderíamos ter evitado muitas coisas. Inclusive uma
gravidez prematura e esse casamento arranjado de ultima hora.

– Acho que senti ciúmes – confessei cabisbaixo – meu orgulho foi


maior do que tudo, o desejo de acabar com a raça dele quando vi seus braços
em torno dela.

– Eu posso entender como se sentiu, mas o seu ataque de ciúmes não


serviu para nada. Eles vão se casar da mesma maneira e inclusive Alexis me
contou que você encontrou alguém nesse meio tempo. Só espero que não seja
tarde demais para minha filha e o Johnny.
– Acho que devo desculpas ao Collins, acho que deveria procurá-lo e...

– Pedir desculpas por tê-lo julgado precipitadamente? Christopher – ele


chamou – desde o começo eu não esperava outra atitude de você. Sei que é
um homem bom e integro. Como todos é capaz de cometer erros, mas
também capaz de corrigi-los e se fizer isso... Não estará ajudando só a sua
consciência, estará ajudando minha filha a ser feliz.

– Acho melhor pedir algo para beber agora... – eu disse depois de um


longo suspiro.

– Melhor sim, agora sei que poderemos arrumar as coisas. Agora é só


dar tempo ao tempo...
Capítulo 15

Christopher

Como eu já havia previsto, depois de passar a noite em claro pensando


no quanto fui estúpido por ter julgado alguém que não conhecia só por
ciúmes e despeito, decidi que deveria pedir desculpas formalmente, não só
por que eu devia a Alexis sua felicidade. Mas também porque eu não gostava
de injustiça e esse foi o meu erro... Ser imensamente injusto. Talvez eu tenha
demorado tanto tempo para me ater aos fatos por não conseguir aceitar que
Johnny Collins pudesse mudar realmente, pela minha experiência, ninguém
muda tão rápido. Mas naquele momento eu vi que ele mudou...

Entrei pelas portas principais das indústrias Collins e perguntei a


recepcionista onde era o escritório do senhor Johnny Collins, me identifiquei
como um cliente, não queria tumultos ou que avisassem os seguranças de que
eu estava no prédio. Ela interfonou, e o mesmo pediu que eu fosse até ele.
Subi pelo elevador principal tentando não encontrar nenhum outro membro
da família Collins que devia estar espalhada por todo o prédio. Segui o
caminho indicado pela recepcionista e visualizei a porta de madeira maciça
no final do corredor.

A secretaria não estava na cadeira o que facilitou minha entrada sem


precisar ser anunciado. Bati na porta e entrei antes que ele pudesse responder.

Johnny estava de cabeça baixa, estudando alguns papeis e a levantou ao


ouvir o som da porta se fechando – Quando me falaram que era um cliente
não imaginei que fosse você. Não imagino que tipo de negócios possamos
ter... – ele disse num tom aborrecido.

– Não vim aqui para brigar, quero falar sobre seu casamento com
Alexis.
Johnny

– Não quero e não vou mais discutir com você sobre isso, o casamento
é algo irredutível... Não importa o que você faça ou diga...

– Falei com George – ele me interrompeu - reconheço que fui


precipitado em meu julgamento... Ele me contou o que aconteceu e acho que
lhe devo um pedido de desculpas. – ele disse com as mãos nos bolsos e
semblante sério.

Aquilo não podia ser verdade, era a primeira vez que alguém que não
esteve envolvido no plano de Amber acreditava na minha inocência e eu
francamente não cabia em mim de contentamento. Mesmo que esse alguém
fosse Christopher Johnson - mas preciso dizer que não concordo com as suas
atitudes e espero que mude seu discurso com Alexis no que diz respeito ao
casamento, eu desejo o melhor para minha amiga... E não concordo com
coação.

– Do que você está falando? – cruzei os braços em sinal de defesa.

– Você não é nenhum estúpido ou algo assim. Sabe do que estou


falando, a forma como tratou o caso quando vocês voltaram daquela ilha não
foi das melhores.

– Você invadiu a casa e levantou calúnias ao meu respeito.

– E você? Ao invés de tentar provar sua inocência atacou Alexis no


elevador da empresa em que você trabalha com sua família deixando-a
vulnerável a comentários maldosos. Não sou nenhum gênio da conquista,
mas sei que essa não é a melhor maneira de provar inocência. Muito menos
dando declarações que só o colocaram como aproveitador de garotas
indefesas. Eu quis te matar, de verdade...

– Posso imaginar, senti a mesma vontade quando você a colocou contra


mim... – fui seco.
– Não quero ser seu amigo, porém, também não sou seu inimigo e
reconheço que cometi muitos erros nos últimos meses e o maior deles foi ter
perdido a razão diante um ciúme que não deveria existir. Alexis ainda é
importante para mim e sempre vai ser. Não gosto da maneira como joga com
as fraquezas dela, ameaçar ir a mídia contar sobre o bebê? Tem noção da
forma absurda que isso soa?

– Eu posso idealizar, mas eu me desesperei. Cometi erros também,


muitos que nem sei dizer quantos, fingi cair numa vida boemia para que ela
sentisse ciúmes de mim, voltasse atrás e dissesse que me amava como eu a
ela.

– Os fins não justificam os meios. Você não tinha o direito de brincar


com os sentimentos dela a ponto de piorar sua doença. Alexis tem feito
exames e tomado remédio, terá que fazer transfusões durante a gravidez, você
não entende? Está sendo egoísta!

– Estou acompanhando tudo desde o inicio Christopher, não estou


alheio ao fato de que ela precisa de mim mais agora do que nunca e eu quero
poder estar lá... Quero poder acompanhá-la sem que seja necessário me
esconder atrás das cortinas.

– Então pare de planejar e tentar trazê-la para si usando de artifícios


escusos.

– E que homem sofrendo por amor, não iria elaborar planos para fazer
com que o outro lado pelo menos o ouvisse? Ela não me deu outra escolha...

– O que você tem na cabeça? Então não conhece Alexis Scott? Embora
pareça madura ela sempre foi superprotegida e não teve um milésimo das
experiências que você já teve. Isso só a levou a se afastar, sabe quantas vezes
minha camisa ficou molhada por lágrimas derramadas depois de cada
trapalhada sua? Qualquer pessoa desconfiaria de você com o passado que
você tem... Não tem amor cego que aceite tudo sem duvidar diante de fatos
como aqueles...

– Então ela também não me amava... Mesmo que não confiasse


cegamente, poderia pelo menos ter deixado que eu me defendesse.

– Você está agindo como uma criança dessa forma... Alexis tem
motivos para ter duvidado de você... E assim como eu cometi um erro, você
esta cometendo também... Tentando provar sua masculinidade levando-a a
cometer atos extremos. Johnny, se a quer de volta, jogue limpo.

– Não é fácil para mim ter que admitir, mas acho que devo desculpas a
você. Eu o julguei por imaginar que ainda estava apaixonado e agi por
impulso porque estava com ciúmes sem perceber que a estava magoando...
Sei que se preocupa com ela e por isso peço que me ajude a convencê-la a me
dizer que me ama.

– Como assim? O que está pretendendo agora?

– Eu também fui injustiçado Christopher, muito mais do que qualquer


outra pessoa. Não vou jogar com Alexis a ponto de deixá-la pior, também não
sou egoísta... No entanto, ela nem me deu a oportunidade de me defender das
acusações que você fez. Sofri mais do que qualquer um, preciso que a
convença disso e peça para ela dizer que me ama... Você me deve isso...

– Agora acho difícil que até mesmo eu possa convencê-la do contrário,


ela pode achar que isso tem a ver com seu estado de saúde ou com o filho que
espera. Você tem a exata noção de como foi burro? Diga que a ama, é só
isso...

– Não enquanto ela não disser primeiro. – respondi orgulhoso. – eu


disse muitas vezes e fui escorraçado feito um cachorro sarnento, precisa
convencê-la... Preciso da sua ajuda, você seria meu aliado mais forte. – ele
pensou por alguns instantes.

– Não vou me aliar a você se isso for fazer mal a Alexis, também não
vou jogar com ela como você está fazendo, mas pelo erro que cometi quando
o julguei, vou tentar falar com ela, irei dizer que conversamos, que ouvi o seu
lado da historia...

– E ai ela o expulsa da casa dela por traição? Do jeito que é teimosa


diria que eu o manipulei, que montamos um complô.
– Quanto a isso você está certo... Alexis está ciente de que passarei
algumas semanas fora, talvez seja o momento certo para se aproximar, ser
mais comedido em suas atitudes sempre tão extremistas. Não irei mais
interferir e se for necessário, tentarei consertar o erro que cometi.

– Agora sei que poderei contar com sua ajuda, obrigado Christopher –
estendi minha mão para que ele apertasse.

– Me desculpe Johnny, fui tolo e injusto... Farei o que estiver ao meu


alcance para que Alexis o escute e... Só tente não fazê-la chorar, sei que
também está magoado e tem todo direito de querer ouvi-la dizer que o ama.
Mas ela está frágil e sua saúde não anda boa... Não force a barra... – ele
apertou com força – este é o numero do meu celular – estendeu o cartão –
chame se precisar. Porém, saiba que não hesitarei em quebrar sua cara se a
magoar de novo. – ele soltou minha mão, acenou e foi embora.

Johnny

Passei o resto da manhã pensando nas palavras de Christopher, talvez


ele estivesse certo quanto as minhas atitudes. Talvez fosse à hora certa para
começara mudá-las, mas como eu faria isso? Embora eu ainda estivesse
chateado, a única pessoa capaz de ajudar num momento como aquele, era a
anã mais irritante e irresponsável da família Collins: Amber!

Peguei o telefone ainda incerto da atitude que iria tomar, da ultima vez
que pedi um conselho a ela, acabei sequestrado e com um corte no supercílio
e hematomas por todo o corpo. Respirei fundo e pensei mais algumas vezes,
mas não havia outra solução, somente ela poderia me ajudar. Meredith era
fútil e incapaz de me dar boas ideias, com seu cérebro pequeno e mente rasa
tudo o que conseguia pensar era em si mesma, Patrick era sempre levado ela
influencia de Amber e também não seria capaz de me ajudar. Quanto a
Dean... Ah! Esse era impossível, se pedisse um conselho a ele, acabaria uma
semana preso num motel por uma semana ‘tirando o atraso’. De fato, só me
restava Amber.

Disquei os números rapidamente antes que mudasse de ideia – alô


Johnny? – ela atendeu antes do segundo toque. Onde ela levava o celular
afinal?

– Amber, preciso da sua ajuda.

– Ai que bom!!!! É sobre Alexis? – ela deu um gritinho do outro lado


da linha. Já podia ver que estava saltitante de felicidade.

– Sim e... Amber... Por favor, vou te pedir um grande favor, sem
sequestro ou qualquer outra coisa que ponha nossa saúde em risco. Lembre-
se da saúde de Alexis e do bebê, por favor...

– Claro, assim que eu souber do que se trata...

– Preciso convidar Alexis para um jantar romântico onde pedirei a mão


dela em casamento.

– De novo?

– Amber... – suspirei.

– Entendi, entendi... Você quer fazer direito dessa vez, sem usar de sua
influência sobre ela? Bem, um jantar romântico a bordo de um barco
cruzando o Rio Hudson seria legal, conhecendo o romantismo feminino sei
que a Alexis não ousaria negar um convite como estes.

– Mas esses passeios não são para uma grande quantidade de pessoas?

– São sim, para que precisa alugar um barco, lembre-se que temos o do
Aaron e eu posso muito bem organizar o evento do século em uma tarde...
Então, fique frio e aproveite o resto da tarde para relaxar. Esteja lindo para a
Alexis à noite...

– Muito obrigado pela sua sugestão Amber, embora tenha sido uma
irresponsável, e eu te lembrarei isso para sempre, suas ideias são as melhores.
Ligarei para ela agora mesmo.

– Não – ela gritou do outro lado da linha – mande flores, uma caixa de
bombons e um bilhete gentil convidado-a. Deixe por escrito a que horas
mandará um motorista buscá-la.

– Motorista? Amber nós não temos motorista... – ia argumentar


impaciente quando ela interrompeu.

– Ah Johnny! Devo mesmo pensar em tudo? Aluga uma limusine...


Aliás... Farei tudo e te ligo logo em seguida... Aguarde meu poder de Power
Ranger rosa.

– Amber, por favor...

– Relaxa cunhadinho... Resolvo tudo num piscar de olhos, inclusive as


flores... Sei quais são as preferidas da Alexis... – ela desligou rapidamente
antes mesmo que eu pudesse argumentar.

Não sabia onde estava com a cabeça quando deixei Amber ajeitar
aquele jantar. Meia hora depois, meu coração estava prestes a sair pela boca
quando Patrick entrou na minha sala informando que teríamos uma reunião
dali a poucos minutos. – Pat, será que um homem pode cometer o mesmo
erro duas vezes?- perguntei passando as mãos nos cabelos.

– Não entendi sua pergunta...

– Deixei Amber arrumar um jantar romântico para mim e Alexis hoje à


noite. – nesse momento Dean entrou na sala e ouviu a conversa.

– Vamos ver onde vocês irão parar dessa vez meu irmão, talvez num
submarino lá no fundo do mar ou pulando de para quedas, a mente de Amber
é diabólica.

– Dean, não vê que ele já está nervoso – eu começava a suar e afrouxei


o nó da gravata.
– Vendo pelo lado positivo, pra onde quer que a diabinha anã mande
vocês, espero que possamos ver as cenas que vimos da outra vez, parecia cine
prive.

– Dean, é só um jantar.

– Na sua cabeça maninho, na da Amber... A gente nunca sabe o que


pode ser. – ele riu e eu fiquei ainda mais nervoso. Foi quando o telefone da
minha mesa tocou e Pat atendeu.

– Amber? Olá meu amor – ele disse meloso – posso saber o que está
aprontando para o Johnny estar aqui à beira de um colapso nervoso?

Ela começou a falar do outro lado da linha, Patrick fazia caretas e


sorria discretamente colocando a mão na boca...Volta e meia olhava para
mim e tentava conter a gargalhada. –Vamos Patrick, conta logo o que ela está
dizendo – Dean pediu.

Eu estava tão nervoso que mal conseguia falar, andando para um lado e
para o outro na sala ouvi Patrick dizer – é hoje que o Johnny vai morrer. –
olhei para ele que estava paralisado e Dean igualmente chocado, ambos
virados para a porta.

Olhei imediatamente na mesma direção e o que vi fez meu sangue


gelar... Agora sim eu estava morto.
Epílogo

Alexis

A campainha tocou um pouco depois do meio dia, meu pai fazia uma
sesta e minha mãe organizava a casa dando as instruções a nossa nova
ajudante do lar, Sonia era uma moça bonita e cheia de vida, estava na nossa
casa para ficar comigo... Como se eu precisasse de uma babá. – eu abro mãe
– gritei da sala quando ouvi seus passos vindo na minha direção.

Ao abrir me deparei com um mensageiro trazendo nas mãos um vaso


de orquídeas rosas, e duas pequenas caixas onde estava fixado um pequeno
envelope – senhorita Alexis Scott? – ele perguntou.

– Sim – respondi.

– Por favor, assine o recebimento... São para a senhorita – ele disse


enquanto eu assinava na prancheta no local indicado.

– Obrigada – eu disse vendo-o se retirar. Quem poderia ter mandado


aquela flor tão linda, na verdade, a minha preferida. Obviamente era obra de
Chris, ele deveria ter viajado naquela manhã e quis fazer gracinha. Antes de
abrir o envelope, abri a pequena caixa vermelha em formato de coração
adornada com flores prateadas, dentro havia bombons no mesmo formato da
caixa. Comi um e sentei no sofá da sala.

Abri a outra e o que vi me deixou boquiaberta, um colar de pequenos


diamantes e safiras azuis no seu pingente formando um enorme coração,
brincos que combinavam com aquela peça esplendorosa e uma pulseira
completando o conjunto. Aquele presente não podia ser de Chris...
Rapidamente abri o envelope e vi escrito em letras desenhadas a seguinte
escrita.

Alexis,
A cada dia que vivo, mais me convenço

de que o desperdício da vida está no amor que não damos,

nas forças que não usamos,

na prudência egoísta que nada arrisca e que,

esquivando-nos do sofrimento,

perdemos também a felicidade.


(Carlos Drumondt de Andrade.)

Encontre-me na Rua 41, as 18:00hs, precisamos acertar detalhes de


um futuro que tem tudo para dar certo. Um carro com motorista estará
aguardando as 17:30 hs em frente a sua casa para que possamos desfrutar
de um jantar somente eu e você.

Lembre-se que agora temos prioridades e que nossos desentendimentos


só afetarão nosso bebê e ele é e deverá ser sempre nosso maior bem e nossa
preocupação exclusiva.

Johnny Collins

“Preocupação exclusiva” não sabia onde ele estava querendo chegar


com todo aquele teatro, não tive coragem de contar ao meu pai a forma como
ele havia me pedido em casamento, sabia que se contasse, acabaríamos
brigando... Mas, eu havia decidido que enfrentaria esse desafio de cabeça
erguida e se Johnny pensava que conseguiria fazer com que eu mudasse de
ideia e dissesse que o amava só para que ele pudesse se achar mais poderoso,
ele estava enganado... Mesmo sabendo que o sentimento existia, eu não me
denunciaria, meu orgulho não permitiria.

Minha mãe veio andando até a sala para saber quem havia batido a
nossa porta e ao se deparar comigo sentada no sofá com cara de maus amigos
perguntou. – quem era na porta Alexis? Por que está com essa cara?

– Veja se pode? – levantei e comecei a andar nervosa de um lado para


outro – Johnny me convidou para um jantar a dois... – arfei. – será que ele
pensa que vai me manipular?

– Que romântico Alexis, mas como seu pai já disse, não iremos
interferir na sua vida. E você vai? – ela perguntou com os olhos brilhantes e
esperançosos.

– Mãe... – reclamei – não posso... Aliás, não devo. Não consigo olhar
para ele com indiferença...

– Se você pensa tudo isso do Johnny, talvez devesse ir para deixar as


coisas claras antes do casamento. Esse é o melhor momento para colocar os
pontos nos Is e vocês dois têm muitos IS Alexis e independente de orgulho,
seria muito mais leal consigo mesma deixando esse sentimento de lado e
confessando seus sentimentos. Talvez, você se surpreenda – ela frisou a
ultima palavra.

– Talvez esteja certa mamãe, mas se eu for, preciso me munir de armas


para não cair na tentação e esquecer o motivo pelo qual estou indo encontrá-
lo – eu não sabia como resistir, aceitei o pedido de casamento porque no final
das contas eu esperava um filho do homem que amava, como conseguiria
conviver com ele sem seu toque e seu calor se dividiríamos o mesmo lar?

Mesmo que sua personalidade fosse duvidosa ele tinha um imã natural
para me atrair, não era só sua pele e o seu cheiro. Havia algo mais, a todo
instante as palavras que ele me disse naquela ilha flutuavam na minha mente
me recordando de que as coisas ainda poderiam dar certo. Mas, e se tudo
aquilo não passasse de uma mera ilusão? Algo criado pela minha mente no
intuito de me levar ate a beira do precipício? Será que devia brincar com fogo
daquela maneira? Mesmo que em minha cabeça os sentimentos fossem
definidos, o que me mantinha cativa àquela rede de duvidas e medos, era o
fato de não saber se ele me amava em retorno. Por mais que eu pudesse ver a
ternura em seu olhar e tivesse a noção de que algum carinho existia. Eu
simplesmente não podia entregar meu coração sem ter certeza de que me
magoaria mais uma vez.

– É isso ai minha filha, não acho que deva se esconder. Enfrente a vida
e deixe que ela tome seu rumo, a que horas vocês irão se encontrar? – ela
disse apertando minha mão. Fitei o chão.

– Ele vai mandar um carro as 17:30 hs.

– Então é hora de se arrumar. – ela me arrastou para o quarto, agora


sim é que eu estava perdida. Como poderia resistir a Johnny estando a sós
com ele? Eu teria que ser forte o suficiente para conseguir expressar meus
medos e meus questionamentos antes que consumássemos de vez o nosso
elo?... Eu precisava manter minha decisão... Eu precisava conseguir.

No horário marcado eu estava pronta e tensa com o rumo que a minha


vida estava tomando, um barulho de carro se aproximando e buzinando na
porta de casa me chamou de volta a realidade...

Finalmente eu estaria frente a frente com Johnny... Iríamos conversar e


definir nosso casamento e nossas prioridades, eu poderia deixar claras as
minhas duvidas e os meus receios. Entrei no carro e seguimos rumo ao
endereço descrito no cartão. Quando chegamos lá me peguei surpresa com o
requinte do lugar. A certa distância, eu o vi, vestido num smoking preto e um
sorriso torto encantador no rosto, todas as palavras que ensaiei durante a tarde
se perderam ou ficaram presas na minha garganta... Ele estava perfeito em
toda a sua imponência... Era muito mais do que qualquer mulher poderia
querer ou sonhar... Eu o amava e não havia duvidas... Agora sim eu estava
morta.

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