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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
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PERIGOSAS ACHERON
PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2019 de
Mellody Ryu.
Avassalador (Série Doce Mentira, Conto I)
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
Edição Digital | Criado no Brasil.

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança


com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência. Este livro ou qualquer parte dele não
pode ser reproduzido ou usado de forma alguma
sem autorização expressa, por escrito, da autora,
exceto pelo uso de citações breves em resenhas ou
avaliações críticas.

Capa: Ellen Scofield


Revisão: Eveline Knychala
Betagem: Jéssica Larissa e S.A. Sant’ana
Diagramação: Letti Oliver

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Imagens vetoriais: Projetado por Freepik

A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido pela lei n° 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do código penal.

1° EDIÇÃO, 2018.

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O que deveria ser nada além do que mais


um evento corriqueiro, mais um baile beneficente
dentre tantos que Safira Rollins organiza, sempre à
sombra do grande e influente homem que seu pai é,
torna-se um dia inesquecível na vida da garota que
sempre foi invisível aos olhos de todos.
A loira por muito tempo sentiu que o
interesse que despertava restringia-se às vantagens
do luxo que acompanhavam a sua vida. Até que um
desconhecido, bonito e sedutor, faz com que se
canse de esperar ser notada por si mesma. Seus
olhos não se cruzam, mas apenas a presença do
homem é o suficiente para fazê-la ansiar receber
seu olhar.

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Um feiticeiro, é como poderia chamá-lo.


Sedutor e evolvente. Uma noite e nada mais,
envolvida com destreza em uma aura de paixão
carnal. Ou ao menos é essa a mentira que Safira
decide contar a si mesma.

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“— Sou o que tenho que ser. Tudo é uma farsa.


Mas, se você se sentir só e precisar sorrir, se não
vir mais solução, chame-me. Sou a mentira mais
prazerosa que você terá, senhorita. E isso é tudo
que posso lhe dar.”
– D.P.

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A todos que cansam de esperar e vão atrás do que


querem.

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PRÓLOGO
ATO I
ATO II
ATO III
ATO IV
ATO V
ATO VI
ATO VII
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS

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Nos meus sonhos já não aguento mais ser


torturada e ainda pedir por mais... Sua lembrança
me assombra, a máscara negra, a sua presença
marcante, a boca definida, o seu hálito quente e o
aroma inebriante tão instigante.
Quero chegar aos seus olhos, entregar-me à
sua paixão, ser tocada pelas suas mãos, ser invadida
com a máxima emoção. Em meus lábios, o seu
toque, e em minha carne, a marca do seu desejo.
Não importam os limites, desde que essa
doce mentira mate todo desejo que vem brincando
com a minha mente. Sinto-me cansada de lutar se a
cada noite mal dormida é o seu sorriso que me
atormenta. Como se estivesse se divertindo com a

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minha frustração.
Aquele que me instigou um desejo que há
tanto tempo estava contido, escondido atrás de um
sorriso frio de quem se passa por uma boneca
manipulável da moda e da sociedade. Cheguei a
acreditar na mentira que criei para mim. Mas, no
momento, a única mentira que quero é a doce
ilusão que fui envolvida desde que o vi.

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Nascida em um ambiente em que o mínimo


é o melhor que a vida e o dinheiro podem mandar
buscar em uma bandeja de ouro, vivo em uma
redoma deserta. A solidão é uma refeição que se
come em um prato de porcelana, com talheres de
prata e de sobremesa: o desamor, cravejado de
diamantes.
Desamor esse que tomou o lugar dos sonhos
de um príncipe encantado de quando ainda era uma
garotinha. Não vivi um amor mais forte do que um
de verão, na adolescência. Esse que, por uma
infelicidade, não passou de uma ordem do pai do
rapaz. “Quer objetivo melhor que um casamento
com ganho monetário?” Óbvio que não casei, a

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família do rapaz não tinha "poder " para atrair o


meu pai em um contrato com benefícios de
negócios.
Tive casos, paixões superficiais e
momentâneas. Óbvio que não seria santa. Casos e
acasos facilmente superados em uma loja de grife e
festas banais ou em outros braços. Aliás, através
dos anos fiquei cada vez mais parecida com os
demais, fútil, nojenta e podre. Uma perfeita e
"pura" dama socialite, entre um corpo atraente e
outro, longe das câmeras da sociedade.
Com todo esse luxo que me cerca, a vida se
tornou entediante e, já aos meus dezenove anos,
cheguei à conclusão que não me valeria de nada
esta forma de viver. Conclui isso a tempo de ser
"cedo" ainda para corrigir os erros. Tomei a frente
da minha vida, estudei, formei-me, tornei-me um
ser humano, no mínimo, digno. “Mas, no fim, no
que me transformam nessas entrevistas? Em uma
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sombra!” Penso, revoltada, olhando para o jornal


do outro lado do carro.
Romance? Amor? Para quê? Para mim,
não. Afinal, não posso ser nada além de uma
moeda de troca ou uma bonita boneca de porcelana,
com vestes de seda e brincos de diamante. Não é
possível. Já aceitei.
Entretanto, isso não significa que não fique
irritada às vezes... como agora. Tenho a ideia de um
bom projeto, que terá um bom valor envolvido,
para ajudar quem não tem amor ou dinheiro. Para
quê?! Eu me inclino para pegar o jornal e leio a
manchete do New York Times:
“Rollins, a multinacional que mais cresce
nos EUA, convida para o baile beneficente mais
belo e luxuoso do ano”
Continuo lendo em voz alta a notícia
completa: “A socialite Safira Rollins, filha de
David Rollins (fundador da empresa de tecnologia
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que mais cresce nos EUA), herdeira de toda a


fortuna da família, está organizando um grande
baile de máscaras. David Rollins transferiu para a
herdeira a organização do evento cujo objetivo é
arrecadar doações para o Natal das crianças em
situação de vulnerabilidade da cidade de Nova
York. Segundo a srta. Rollins: “Desejamos ajudar o
maior número de crianças possível e conceder a
elas um Natal digno”.
Quando fiz a entrevista, senti-me animada!
Óbvio! Para, no final, ser isso?! Estou irritada com
o que leio e acabo novamente jogando o jornal para
longe. Completamente sem paciência para toda essa
merda!
Eles simplesmente anulam todo o meu
esforço, falando em sequência do meu pai. O MEU
trabalho está ali e o MEU PAI tem que levar o
destaque!? Nunca organizou nada! Pagava o
pessoal, para então apenas aparecer no dia. Nem
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sequer meus planos de ajudar órfãos receberam o


destaque merecido. Trataram como algo frívolo, de
uma rica entediada.
Agora estou a caminho do evento em minha
limusine para destacar a minha soberba. Suspiro,
cansada. “Mais um evento com mais sorrisos
plastificados, tanto dos convidados como os meus.”
Mentiras descaradas carregadas de elogios e
galanteios dissimulados. Se o meu comportamento
tem que beirar à perfeição, isso ainda não é o
suficiente.
— Senhorita, estamos chegando... — avisa
o motorista, tirando-me dos devaneios. Ergo o meu
olhar para a frente para observar, através do para-
brisa, os meus seguranças saindo apressados do
carro que nos escoltou por todo o caminho. Os
seguranças assumem suas posições, enquanto os
fotógrafos reclamam por serem afastados.
O meu carro anda mais um pouco adiante e
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logo estaciona para que eu desça. Um vallet se


aproxima, abrindo a porta para mim. Nesse ato, sou
recebida pela lufada de ar fresco da noite, em
conjunto com uma chuva de flashes, vindos de
todos os lados, incomodando os meus olhos.
Visto a minha máscara profissional de
socialite, necessária para sobreviver nesse antro de
demônios, antes de colocar a máscara literal. Ela é
bonita, devo admitir, e realça a minha aparência.
Sua cor preta com detalhes dourados provocam um
bonito efeito em um contraste com os meus cabelos
loiros e pele branca.
Saio do carro, fazendo algum charme
ensaiado para os fotógrafos. Mantenho um sorriso
bem definido por um batom vermelho e, sem
mostrar os dentes, olho diretamente para eles que
parecem gostar de me fotografar. Minha beleza se
realça sob a luz da lua e a quantidade de disparos
de flashes aumenta.
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Caminho entre todos, seguindo pelo tapete


vermelho o trajeto que os seguranças definiram
para garantir a minha segurança. Não deixo o
sorriso, mas talvez meus olhos transpareçam meus
reais sentimentos, pois ninguém tenta se aproximar.
Sendo assim, percorro tranquila o restante do
caminho até a porta do prédio.
Assim que o porteiro abre as portas para a
minha entrada no edifício, a música clássica chega
aos meus ouvidos, ao mesmo tempo ouço vozes,
murmúrios e risos. Parecem-me os ruídos vindos do
inferno descritos em histórias cristãs, como o
inferno de Dante na “Divina comédia". Tudo por
uma quantidade expressiva de dinheiro, fama e
poder, que os motiva a serem simpáticos.
Emoções sinceras nesse ambiente de nada
valem, não se comparado aos cordões com
diamantes em meu pescoço. Convidados do mais
alto nível e do mais podre caráter. Cada um com
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seus motivos... seus valores, ideias e intenções.


Mas, se eu seguisse minhas emoções, seria um
bonito cervo entre leões.
O concierge abre a porta para o grande
salão onde descerei as escadas até chegar à pista de
dança e convidados. Ele sorri como um funcionário
bem treinado. Sabendo quem sou, chama-me pelo
sobrenome do meu pai enquanto deseja boa noite.
Meu olhar por uma fração de segundos se torna frio
e isso faz com que o homem pare de sorrir.
Uma hostess me recepciona, com sua
etiqueta impecável. Chama um garçom específico,
que vem em passos rápidos empurrando um
carrinho.
— Bem-vinda, senhorita Rollins. — diz a
hostess. — Esperamos que tudo esteja do seu
agrado, cada especificação exigida pela senhorita
foi executada com a devida cautela. Pesquisamos e
soubemos que a senhorita gosta de vinho. Um
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Châteaou Pétrus, merlot, safra de 1945, estaria do


seu gosto?
Vejo a taça e a garrafa selada, apenas
concordo com a cabeça, silenciosa. Entre os
funcionários sou conhecida como coração de gelo e
pela mídia também. Mas não os trato mal, apenas
estão trabalhando e agradando quem lhes paga o
salário. Não são amigos, não tenho amigos. Não
existe sequer vantagem em ser nada além de
educada.
Observo, silenciosa, o garçom abrindo a
garrafa, dando-me a rolha para sentir o seu aroma.
E me permito esse prazer. Fecho os olhos e sinto a
fragrância, deliciando-me.
— Excelente! — exclamo.
Satisfeito com o meu elogio, o garçom me
serve a taça e eu a pego fazendo um suave brinde,
como agradecimento. Olho adiante, dando mais
alguns passos, e me vejo no topo da escada.
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Observando todo o baile e as pessoas que nele


estão. O ambiente todo assemelha-se a uma corte
real, desde o teto com seus entalhes dourados,
passando pelas cortinas acetinadas e o chão em
mármore. Todo esse requinte faz do local o melhor
da cidade, além de honrar o seu nome: Royale.
Entenda, isso é uma crítica. Embora pareça
uma ostentação desnecessária, para se ganhar
dinheiro, atrair dinheiro e pessoas com alto padrão,
assim deve ser. É como aquela máxima: “dinheiro
atrai dinheiro”. Não sou hipócrita, essa é a
realidade. Tudo que gastei neste baile, ajudaria
muitos orfanatos, leio muito sobre isso nas críticas,
nas revistas como Forbes. Mas, com certeza,
arrecadarei mais do que investi. Além disso, esses
bailes não têm somente esse sentido. Em conversas
paralelas, as pessoas de negócios encontram aqui a
possibilidade de negociarem e fecharem contratos,
acordos etc. Ao mesmo tempo, recebem a atenção
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do mundo sobre si.


A visão é bela e encantadora, para qualquer
um que não esteja acostumado. Impecável em cada
detalhe como a escada coberta com o tapete
vermelho para dar importância aos que acabam de
chegar. Lindo de se ver e totalmente desconfortável
para mim, esse teatro distópico. Estamos na toca
desses monstros irreverentes, escondidos com
sorrisos agradáveis e elegantes.
Como dizia Santo Ambrósio: “Quando em
Roma, faça como os romanos”. Começo a descer as
escadas, com grande confiança e suavidade sem
perder o sorriso. Ao descer as escadas, uma e outra
pessoas reparam em mim, mesmo sem ser
anunciada. Cada uma chama a atenção do
conhecido que está próximo e assim, em uma
sequência, até a maior parte dos convidados me
notar.
Conheço grande parte das pessoas que aqui
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estão, mesmo usando máscaras, não sinto


dificuldade em reconhecê-los. No entanto, um
homem me chama a atenção. Seu olhar, mesmo à
distância, parece me queimar. Mesmo se não
sentisse o seu olhar, um homem com o seu porte
facilmente atrairia a minha atenção, mesmo neste
ambiente.
Um homem grande e forte, que nem mesmo
o terno esconde totalmente os seus músculos.
Cabelos negros, alguns fios caindo para frente. Sua
beleza é perceptível, mesmo por detrás de sua
máscara totalmente negra. Mas ele não me vê de
fato, mantém o mesmo olhar impassível por muito
tempo, talvez fosse apenas uma confusão minha.
Então ele volta a sua atenção para uma bela latina,
de cabelos negros lisos que chegam abaixo de seu
quadril. ”Se não faz questão de mim, porque eu
faria dele?” Retomo minha atenção para a frente,
forçando-me a ignorar a sua presença.
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O prefeito caminha até o pé da escada ao


meu encontro, junto com ele, mais alguns sócios do
meu pai. Velhos com passatempos que, se me
permitissem dizer, arrepiariam os fios de cabelos de
muitos. É hora de retribuir na mesma medida a
cordialidade forçada e falsa.
— Olá, cavalheiros. Que prazer revê-los.
— Não era esperado que soubesse quem
somos, senhorita Rollins? — diz, divertido, o
prefeito, segurando minha mão e a levando até seus
lábios enquanto me olha nos olhos.
— Seria impossível não o reconhecer, meu
senhor. — respondo com cortesia e gentileza. —
Seus olhos cinzentos e a sua postura cavalheiresca
para comigo o entregam.
— Sempre atenta, senhorita. — Enquanto
ele diz isso, puxo a minha mão disfarçadamente.
Meus olhos me traem, procurando outras coisas em
volta, atenta aos outros convidados. O senhor
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misterioso não está mais no mesmo lugar e passo a


procurá-lo com os olhos, disfarçadamente.
Encontro-o facilmente no meu campo de
visão, conversando com alguns homens. Seduzindo
o meu olhar, instigando-me sem ao menos fazer
nada. Além de bonito, o que este homem tem de tão
especial? É como se me desafiasse a não o olhar.
Entretanto, sou obrigada a prestar atenção
no prefeito e nos sócios da empresa que, um a um,
vêm falar comigo. Meu vinho acaba e rapidamente
um garçom o reabastece. Acabo reencontrando o
homem, desta vez sem o procurar, conversando
com outra mulher.
Por algum motivo, ele instiga um
sentimento de posse, assim como provoca
igualmente uma ira por vê-lo com outra.
Especialmente quando o seu olhar não se voltou
para mim uma segunda vez. Isso me assusta mais
do que falar com estes homens diante de mim.
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Nunca o vi, pois se visse, certamente me recordaria.


Decido ignorar a sua presença. Foco a minha
atenção nos demais convidados, cumprimento um e
outro sócio, políticos e suas... acompanhantes. Não
fico nem um pouco surpresa que, em alguns casos,
a companheira do baile seja a amante da vez no
lugar da esposa.
O que me incomoda é esta ânsia, esse
desejo de ser notada por um homem que nunca vi.
E mesmo tendo decidido não o procurar e evitar o
contato visual, ele parecia estar em todos os
lugares. Como um maldito feiticeiro, envolvendo-
me em sua sedução e mistério. Provocando
deliberadamente desejos que nunca tive,
inseguranças e, principalmente, a sensação que
estou muito longe de ser "alguém" que mereça a
sua atenção.
Alguns minutos se passam e o vejo
caminhando para o jardim. Cansada de manter a
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minha postura e imagem, atormentada por essa


pessoa que nem sei quem é ou o que tem de tão
especial, peço licença aos sócios com uma desculpa
qualquer e vou atrás dele.
Essa pessoa, que sequer me deu atenção,
toma o meu autocontrole, fere o meu orgulho e
torna a minha personalidade ainda mais
tempestuosa. Passo de forma cuidadosa pelos
convidados, para que minha atitude não se torne
descarada, até chegar às duas portas que dão ao
jardim. Assim que passo por elas, vejo-o encostado
no muro. Com a cabeça baixa, tragando o cigarro e
em sua mão esquerda uma taça. Percebendo a
minha presença, ele levanta a cabeça e, quando os
nossos olhares se encontram, um sorriso perigoso e
mortalmente sedutor surge em seus lábios me
fazendo arrepiar.
Esse sorriso me faz vacilar. Ele sabia que eu
viria, sinto uma necessidade de me impor. Fui
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manipulada por esse completo desconhecido


sedutor. No entanto, ele pode ser só mais um. Um
que queira de mim nada além do meu dinheiro.
Mas isso não me preocupa, tenho o suficiente para
comprar o seu sorriso. Contudo, algo... ele tem algo
que me instiga coisas que nunca senti, essa
possessão, desejo de monopolizá-lo, ânsia de tocar,
de ser tocada ou apenas ser jogada contra essa
parede sendo subjugada pelo seu olhar. Em
contrapartida, odeio me sentir um brinquedo em
suas mãos.

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— Cansou de olhar-me à distância? — diz


provocativo ao manter o seu sorriso. Sua voz rouca
chega aos meus ouvidos de forma gradual, límpida
e íntima. — Nunca lhe disseram para não seguir
desconhecidos? Ou no mínimo não ficar
completamente isolada com ele?
O odor de cigarro toma toda a pequena área
em que estamos, mesmo sendo uma área aberta.
Olho ao redor neste instante, pondero as suas
palavras e não vejo ninguém. Há apenas o feiticeiro
que conquistou a minha atenção encostado na
mureta. Em uma pose calculada, assemelha-se a
uma fotografia de um perigoso e sedutor
mascarado.

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O brilho do seu olhar reflete a luz atrás de


mim. Na íris dos seus olhos, sou apenas uma
silhueta. Avalio a situação caso queira me safar
dele. Vejo, à minha direita, uma escada, à frente,
um jardim bem iluminado repleto de árvores, às
costas, o salão.
Entretanto, de um modo geral, sim, ele está
correto. O som do baile nada mais parece que uma
melodia distante. Se, por um acaso, os ânimos
perdessem o controle e eu gritasse, não faria
diferença. Tão pouco estaria salva se tentasse
resistir correndo por este jardim.
Devoto a minha atenção a ele, com cautela,
já não tão segura de estar aqui — ou da minha ação
impetuosa —, mas esta aventura também me excita.
O que me faz chegar à conclusão: meu âmago não
nega a atração por ele, seja por curiosidade ou pelo
orgulho ferido. Essa atração me fez vir aqui, aliás.
Posso virar e ir embora, mas não quero. Quero-o.
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— Não irá responder? Talvez, não tenha


sido suficientemente sofisticado em minhas
palavras. — diz desencostando do muro, parecendo
agora muito mais alto e imponente.
Fazendo o meu olhar se erguer para poder
mantê-lo no seu.
Diante dele, sinto-me pequena. A presença
que passa em sua postura, seu caminhar, é de
alguma forma esmagadora e de uma confiança
assombrosa. Posso ver agora os seus olhos felinos,
parecem ser claros, embora não saiba a cor exata. O
contorno dos seus lábios que me tentam o juízo, o
seu queixo bem definido. Sedutor, confiante, um
tanto perigoso, maldoso, uma combinação que o
torna irresistível.
— Boa noite, my lady. A que devo a sua
presença? À sua curiosidade, talvez? — persiste
ele, indagando com escárnio, com uma linguagem
propositalmente rebuscada. Como se odiasse esse
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papel, embora soubesse atuar. Mantém seu olhar


fixo no meu. Ele deixa transparecer, sem medo, a
sua diversão com a minha falta de fala que
evidencia as emoções que me afligem. Sinto-me
confusa, não consigo defini-lo, então não sei em
que pé estamos.
Seu divertimento soa como um alerta, seu
olhar não é a única coisa felina. De forma direta,
ele alfineta meu orgulho. É raro que eu perca a fala.
Isso causa uma breve raiva em mim.
— Boa noite. Imaginava que, como um
cavalheiro, você viesse até mim. Mas não tive sorte
e não tenho tanto tempo para desperdiçar com esses
jogos infindáveis que não levam a nada. Então, sim,
vim até aqui porque me senti atraída por você.
— Ousada... — murmura baixo, com
diversão. — Estou longe de ser um cavalheiro... No
entanto, se desejar, posso me tornar, apenas para
mantê-la atraída pela minha... simpatia — diz ao
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tempo em que leva o cigarro até a boca para tragá-


lo. Desta vez, solta a fumaça lentamente. Abaixa-se
levemente, em seguida, para ficar à altura dos meus
olhos. — Como bem sabe... não é difícil colocar
uma máscara, é?
Com essa ironia, cala-me de vez. Até então,
ele me instigava coisas como tesão, sedução e
desejo de monopolizá-lo. Mas, neste instante, tenta
brincar com minhas emoções, invocando
sentimentos de raiva e confusão... Não sei se me
jogo em seus braços e entrego-me à excitação ou se
o odeio pela chacota e disparate.
A questão da máscara em si, não me
incomoda. Contudo, o que me surpreende é sua
sinceridade implacável comigo. A última vez que
ouvi palavras sinceras, foi há muito, muito tempo.
Quando eu era apenas uma criança ainda... deveria
ter uns nove anos.
No episódio da morte da minha mãe,
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ninguém me via. Não, mentira, me viam sim. “A


pobre menina sem mãe.” Existia a imagem do que
resultou de uma família quebrada, sem aquela
pessoa que trazia o amor e doçura à casa. Meu pai
se afundou em trabalho, bebida e mulheres.
Enquanto isso, eu chorava perguntando-me
o porquê. Deus tirou a minha mãe de mim. Meu
pai, não se dava ao trabalho de dizer que possuía
uma filha. Pergunto-me se em algum momento ele
se recordava desse fato. Com o tempo, todos
esqueceram que minha mãe existiu. Logo, somente
eu parecia sofrer a sua ausência.
No entanto, um dia, deparei-me com
alguém. Não me lembro quem. Ele tinha cabelos
amarronzados e curtos. Suas roupas estavam sujas,
rasgadas e mal-cheirosas pelo suor do trabalho —
um empregado, imagino, alguns anos mais velho.
Ele foi sincero.
— Eles não te vêem pois você é criança.
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Quando for adulta, eles verão o seu dinheiro, sua


beleza e irão fazer tudo para te a alcançar. Mas...
nada mais. — disse firme, até meio amargurado,
me assustando um pouco. Vendo a reação que me
causou, amenizou e ficou da minha altura, falando
agora docemente. — É bom você ser forte,
garotinha. Eles não vão ter pena só porque você
parece um pequeno anjo, mesmo com o rosto
manchado por lágrimas.
O rapaz se foi... desde aquela época,
nenhuma outra palavra verdadeira chegou aos meus
ouvidos. Não consigo lembrar-me de nada do seu
rosto ou sua voz. Nada. Isso faz-me rir sozinha,
irônica. Mesmo o meu primeiro amor foi
esquecido. Quem diria no que me tornei. Meus
olhos recaem sobre o homem diante de mim e
suponho que, aos seus olhos, me assemelho a uma
louca.
Seria interessante se este fosse aquele rapaz.
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Mas é impossível, não é? Uma lástima. Se por uma


coincidência fosse, mesmo sendo irritante e me
causando toda essa desordem emocional... eu o
agradeceria.
O "feiticeiro" me olha com estranheza,
suponho que tentando compreender o que se passa
pela minha mente insana. Em mim há uma veia
latente de insanidade que se evidencia.
— Talvez, amigo, hoje eu não queira um
cavalheiro, não queira nada supérfluo. Talvez eu
queira um pouco de verdade... Por isso começo
respondendo à sua pergunta: "A que se deve a
minha presença? À minha curiosidade?" Creio que
é isso: curiosidade e tesão. E você? — pergunto
sem rodeiros. — Francamente, não sou uma
mulher que passa despercebida, sou considerada
atraente pelos padrões da sociedade. Por que não
veio até mim? Obviamente, sabia que o espiava.
Manipulou-me, sem dúvidas. Que jogo está
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jogando?
Vejo-me caindo em uma armadilha,
instigada pela lembrança distante. A minha
admissão sincera de todos os meus pensamentos
são mais ações não calculadas. Este homem pode
ser um grande mal. Ele me olha sério, com uma
expressão surpresa e, de repente, para meu total
assombro, eu o escuto rir. O rapaz joga o cigarro no
chão, pisando sobre ele. Levanta as mãos para me
aplaudir.
— Leve? — Agora que ele comenta, eu
percebo. Sim, é verdade. Sinto-me mais leve. —
Venha, parece que não é só curiosidade ou tesão.
Quer a companhia de um desconhecido que não
tenha qualquer ligação contigo. Isso é comum para
vocês, não tenha vergonha. — Estende-me a mão e,
por algum motivo, apenas vou.
Enfeitiçada. Essa seria a palavra que define
o que se passa comigo. Encantada por sua
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aparência, fala e mente. A cada pequeno passo que


dou em sua direção, sinto-me mais leve. Sinto cada
armadura que construi ao longo dos anos se partir,
uma por uma. Às vezes, vale a pena um descanso.
Uma aventura... É assim que me sinto.
A última vez que retirei a máscara de
socialite? Nunca. Claro, em boates não se faz muito
útil porque ninguém chega perto o suficiente para
que seja necessária. Talvez esse meu
comportamento seja culpa das oscilações de humor
que me provocou, das memórias ou só estou
buscando qualquer desculpa.
Por ele, sou guiada através do jardim que, à
noite, tem um aspecto fantasioso. A iluminação é
calculada para causar esse efeito mítico e
instigante. Em determinado ponto, disse-me ser
comum que precise de companhia... Com o que
trabalha para que se sinta solitário? Mas em todo o
caso, não menti sobre a minha atração.
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— O que o faz pensar que quero a sua


companhia por você ser um desconhecido? Isso
seria um motivo para, de forma contrária, não
querê-lo. Quero, sim, você. E não é por esse
motivo. Geralmente, tenho o que quero. Eu o
observo e sinto-me seduzida, contrariando os meus
instintos. Isso parece errado para você? — Talvez,
com a minha sinceridade, eu tenha passado uma
imagem equivocada de que busco laços. Embora
deva admitir: a possibilidade de não vê-lo de novo
causa-me um incômodo. Depois de disparar minhas
reflexões, fico em silêncio. Escuto-o dar uma
sonora gargalhada, surpreendendo-me.
— Entendi... Sou irresistível. — Observo-o
e parece estar se divertindo. Empolgada com seu
ânimo, paro de caminhar e o encaro, falsamente
séria. Dizendo pelo olhar para que não seja cínico.
— O que quero dizer é... Meu trabalho é observar
as pessoas. Saber do que elas precisam ou querem.
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Estudei psicologia, assim como linguagem


corporal, minha cara. Acredito que não saiba do
que precisa, muito menos o que quer. Diga-me com
o que se diverte?
— O mesmo que todos: festas, compras,
viagens, teatro, shows, casos casuais... — respondo.
O desconhecido estreita os olhos para mim
e não parece satisfeito com a resposta. Solta a
minha mão, dá poucos passos até parar adiante de
mim, vira-se e volta a ficar na altura dos meus
olhos, tão próximo... faz com que todos os meus
sentidos fiquem em alerta.
— Gosta realmente dessas coisas? — diz,
encarando-me severo. Pressinto tantas outras coisas
se passando em sua mente, mas não consigo
decifrá-las. — Acredita mesmo nisso?
— Sou filha de um homem rico. O que me
faz rica, uma boneca linda, mas somente isso. Esta
vida me foi dada, assim como meus gostos. — Seu
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olhar se torna cada vez mais irritado, a cada palavra


proferida por mim. Quando termino a frase, acabo
fugindo do seu olhar. — Vivo a vida com o que ela
tem para mim. O que há de errado? — digo ao
achar um absurdo a sua estranheza.
— Você mente muito mal. Você quer algo.
Está certa em não dar voltas ou meios-termos. Mas
você só fez isso, após frustrada. My lady, você me
quer? — Sua mão direita passa pela minha cintura,
enlaçando-a e me puxando contra si. Arfo pela
surpresa, não compreendendo como passamos a
isso. Não previ que o homem que conversava
calmamente comigo se tornaria tão bruto ou que,
em algum momento, tenho feito algo para provocar
uma ereção contra a minha barriga. — Pegue.
Estarei pronto para você.
Sua voz fica baixa e a nossa cumplicidade
de há pouco se transforma. O clima fica totalmente
carregado de tesão. Ele leva sua mão livre até a
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minha face, acariando-a. Faz-me engolir em seco,


mordendo o meu lábio inferior. Tudo que consigo
ver são os lábios dele que me são tão atrativos.
— Sabe por que não fui atrás de você
naquele salão? Porque máscaras não me excitam...
— diz ao mesmo tempo em que leva a mão até a
minha máscara retirando-a e deixando-a cair no
chão. — Mas não era dessa que eu estava falando.
Embora saiba que suas palavras tiveram um
ponto de crítica, já não me importo, principalmente
quando seus lábios subitamente tomam os meus
com uma sede desenfreada. O feiticeiro,
gentilmente, faz com que andemos para trás, até
encostarmos em uma árvore.
Envolvida, levo as minhas mãos até a sua
nuca e enfio os meus dedos entre seus cabelos
sedosos, correspondendo ao beijo com a mesma
volúpia. Sua língua brinca com a minha, enquanto
arrepios me tomam o corpo. Suas mãos percorrem
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o meu corpo indo até a cintura e seguram firme,


erguendo-me. Por instinto, tento abrir as pernas
para abraçar o seu quadril com elas, mas ele me
impede.
— Ainda não, tenha paciência, pequena. —
diz contra a minha boca, sorrindo.
Sinto-me levemente constrangida com a
minha afobação. O meu mascarado apoia-me ainda
mais na árvore e cola o seu corpo no meu, subindo
levemente o tecido do vestido com o alto. Para de
me beijar para, em seguida, encaminhar o seu rosto
até próximo à minha orelha.
— Abra as pernas para mim... — comanda,
com uma voz rouca e profunda. Sua voz mexe
comigo de forma profunda e faz com que eu gema
em necessidade por mais. Cumprir sua exigência é
algo que me daria imenso prazer, mas, com este
vestido longo e esta quantidade de tecido, não sei
se seria de muita valia.
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Obedeço-o e então sinto sua perna entre as


minhas. Pressiona a minha intimidade que já está
úmida e latente de desejo. A onda de desejo que sua
ação provoca me faz arfar ao pé do seu ouvido,
fazendo-o se arrepiar. Sua ereção também
responde, contraindo-se contra meu corpo,
causando-me uma sensação prazerosa de poder
sobre este grande homem.
Seu rosto desce para o meu pescoço,
passando a ponta da língua quente e molhada,
fazendo-me arrepiar. Morde levemente vez e outra,
brincando com qualquer senso que ainda há em
mim. Em cada lugar que ele toca, minha pele
queima de desejo. Abro um pouco mais a perna em
busca de mais fricção.
Posso escutar sua respiração pesada e sentir
o seu hálito quente contra a minha pele, ao mesmo
tempo em que parece se divertir com a minha
aflição. Desce seus beijos ao meu colo, descendo
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pouco a pouco o decote do meu vestido, deixando


meu seio exposto para que possa abocanhar e
mordê-lo com um pouco de força.
Simultaneamente, sua mão esquerda sobe ao meu
outro seio, apertando-o.
Mordo os lábios, gemendo, enquanto
observo atenta e excitada o que ele faz. Sua boca
em meu corpo me causa uma vontade desesperada
de beijá-lo novamente. Com minhas mãos ainda em
seus cabelos, tento trazê-lo para cima de novo e,
por um acidente, acabo tirando a sua máscara,
fazendo-a cair. Nesse instante, posso ver os seus
lindos olhos, expressivos e fascinantes, me olhando
com a mesma necessidade que sinto por ele,
nublados de desejo. Contudo, quando o seu olhar se
foca no meu, é como se o encanto tivesse se
desfeito ou a realidade batesse à porta.
Ele parece se dar conta do que está fazendo
e se afasta, puxa o decote do meu vestido para cima
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e cobre a marca de seus dentes. Coloca-me no chão,


abaixa-se e pega a minha máscara. Então coloca-a
de volta em mim. Suas mãos deslizam rapidamente
pelo meu corpo, arrumando o meu vestido.
Desnorteada, não consigo fazer nada além
de observá-lo enquanto passa o polegar próximo à
minha boca, limpando o que estava borrado do
batom. Instintivamente, mordo meu lábio assim que
sua mão se afasta. Ele faz o mesmo consigo,
embora não tenha sujado muito. Abaixa-se
novamente para pegar a sua própria máscara e
colocá-la, endireitando o próprio corpo, ao mesmo
tempo em que arruma o seu terno.
— Parece que passamos dos limites. É hora
de voltarmos. — diz, penteando os seus cabelos
com os dedos. Volta-se para mim e segura o meu
braço. Puxa-o de leve e me guia de volta para o
baile, para a varanda em que estávamos.
Subimos as escadas e ele me deixa próximo
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a um pilar, que me esconde dos olhos curiosos.


Contudo, afasta-se de mim, retornando para a
mureta. Eu o analiso sem entender, mesmo agora.
Ele provoca um turbilhão de sensações em mim e
depois se afasta sem uma justificativa.
Ele parece escutar as dúvidas que estão
rondando a minha mente, olha-me cansado.
— Você ainda não está perdida na mesma
lama que os demais. — diz, sinalizando para as
pessoas dentro do salão. — Quer companhia. Te
dou. Contudo, é somente isso que posso te oferecer.
Você crê veementemente que não, mas é uma
pessoa que facilmente se torna dependente. Basta
lhe dar o que ninguém costuma te dar. Como você
mesma disse, só precisa de um pouco de verdade.
Mas, claro, você pode desejar ser tratada como
todas as demais pessoas com quem trabalho.
Não consigo entendê-lo. A que trabalho ele
se refere? Sinto-me contrariada, frustrada com ele e
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comigo mesma. E, por demônios, quem ele está


imaginando que é? Meu psicanalista? Estou irritada
com a calmaria desse homem que tanto me
desestabilizou. E sequer sei o seu nome para
ofendê-lo devidamente.
— Lama? Não sei do que está falando, mas
entenda uma coisa. — respondo em um tom
mordaz, enquanto observo-o dos pés a cabeça. —
Não sou um brinquedo! Crê que me conhece nessas
meias palavras que trocamos? Manipula-me sem
pudor, instiga-me. Ateia fogo para, subitamente, se
afastar. Qual é o seu jogo?
— Você é uma mulher inteligente, seja
inteligente e apenas fique longe de mim. — Ele
mantém a calma, parecendo calcular e pesar as
palavras ditas para mim. Descrente, seguro minha
mão para que não o estapeie por me fazer de tola.
— Você diz isso, mas só me instiga a ficar
ainda mais. — digo, petulante, quero bater nele,
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mas este calor que persiste dentro de mim ainda o


quer. — Veja entre as suas pernas, o volume é claro
e a resposta é óbvia. Você me quer e está sedento,
por que luta? Por que floreia se quer se perder no
meu corpo tanto quanto eu no seu?
— Teimosa! — diz, parecendo
inconformado e impaciente. De certa maneira,
divirto-me ao vê-lo perdendo as estribeiras. Então
eu o enfrento, como uma adolescente, erguendo o
queixo e estufando o peito. Ele me olha, balança a
cabeça em negativa, sai do muro e vem para mim
em passos apressados. Segura com firmeza ambos
os meus braços. — Você, mesmo agora, não sabe
quem sou? Que inferno de mulher!

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— Cansou de ficar à distância, fingindo-se


de controlado? — pergunto com um sorriso
matreiro. — Por um acaso pareço uma adivinha,
para saber quem é você?
O brilho da luz ambiente ilumina
parcialmente o seu rosto permitindo-me ver seus
olhos cristalinos, embora não dê para definir sua
cor. Eles me observam fixamente, semicerrados.
Ele respira fundo. Parece ponderar ou, ao menos,
tentar. Pergunto-me o que o impede tanto de
avançar o sinal?
O homem que tanto me instiga ergue suas
mãos à altura do meu rosto e, por meio segundo,
acho que irá tampar a minha boca. No entanto, sou

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surpreendida quando ele pousa as duas em ambos


os lados do meu rosto segurando-o firme, apenas
para fazer-me encará-lo.
— Não... me... provoque. — adverte ele,
pausadamente.
Vejo em seus olhos, frustração e
contrariedade. Seus olhos transparecem tantas
emoções para mim, que me vejo obrigada a me
silenciar sem ousar provocá-lo mais uma vez.
Nunca me senti ligada a alguém dessa maneira,
quero fugir, meu instinto diz para fugir, mas, na
mesma intensidade, cada célula do meu corpo me
trai dizendo o contrário. Desejando-o.
Neste momento, por impulso, acabo com a
distância que separa os nossos corpos e me
aproximo para beijá-lo. Provoco-o, passando a
ponta da minha língua em seus lábios e mordisco.
Com atrevimento, chupo o lábio inferior matando a
vontade que senti desde que o vi sorrir. Logo ele
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deixa de resistir e me beija ferozmente, em uma


paixão avassaladora. Seus movimentos em minha
boca deixam-me com as pernas fracas e me tomam
o ar, fazendo-me gemer baixinho, imersa na
sensação que me causa.
Ele afasta-se alguns centímetros, forçando-
me a abrir os olhos. Parece satisfeito com o efeito
que tem sobre mim, pois sorri descaradamente e em
seguida morde o meu lábio inferior. Respiro um
tanto ofegante e o fito, sentindo-me corada. Seus
olhos ganham um brilho a mais. Ele parece perder
momentaneamente a razão e tira as mãos do meu
rosto. Enlaça a minha cintura com o braço esquerdo
e puxa o meu corpo com brusquidão colando-o no
seu.
Ele retoma o beijo, saboreando-o de forma
sedenta. Suga levemente a minha língua apenas
para brincar, acariciando-a em seguida. Não resisto
e mordo seu lábio, entrando no jogo de
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provocações. Abro os olhos só o suficiente para


olhar a sua reação e nossos olhos se encontram,
provocando-me um leve sobressalto. Sinto o seu
membro enrijecido contra meu corpo e isso faz com
que me excite ainda mais, querendo provocá-lo ao
limite.
Anseio tocar toda a sua extensão com
minhas mãos e sentir o seu gosto na minha boca.
Cansada de jogos, se for sincera, desejo é ser fodida
com força contra a parede ou mesmo cavalgar em
seu colo. Vejo-me inebriada e envolvida neste beijo
ardente de maneira tão intensa que a pequena peça
que cobre o meu sexo se encontra completamente
molhada. Eu já não sou mais dona dos meus atos ou
pensamentos maliciosos.
Neste momento, levo as minhas mãos por
dentro do seu terno, sentindo o calor de sua pele
sob o fino tecido de sua camisa, e estremeço ao
sentir os seus músculos definidos que se contraem
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ao meu toque. Instiga-me a puxar sua camisa para


cima e tocar a pele macia, nua e crua. Sinto vontade
de senti-lo sem tecido algum entre nós.
Tomada pela necessidade de extravasar as
emoções, não resisto e arranho suas costas a ponto
de marcá-lo. Em seguida, escuto-o gemer. A dor e
o prazer vivem em uma interessante linha tênue e o
poder de causar essa sensação faz eu me sentir
ainda mais poderosa.
— Uma gata quente e deliciosa... — diz,
interrompendo o beijo. Sua voz quente, baixa e
perigosamente rouca, ecoa em minha mente
fazendo com que todo o meu corpo se arrepie.
Ele abusa do fato de estarmos em um ponto
cego, camuflado pelo jardim. Com sua mão livre,
começa a levantar o meu vestido, mantendo o seu
olhar fixo no meu. No entanto, com a quantidade de
tecido, a espera se torna uma agonia, sinto-me
inquieta e impaciente. Não sei o que ele fará de fato
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com tantas possibilidades, mas, dadas as


circunstâncias, não consigo imaginar nada que não
seja terrivelmente bom.
Quando a sua mão finalmente tem acesso à
minha calcinha, ele acaricia lentamente o tecido
entre as minhas pernas, fazendo-me arfar em
necessidade sob seu toque.
— Safira… — Escuto um ronronar
carregado de luxúria escapando da sua boca,
deixando clara a satisfação por encontrar minha
calcinha completamente úmida.
Descontrolado pelo desejo evidente em seu
corpo, ele tira o pequeno tecido do caminho e
acaricia o meu ponto de prazer. Embora eu já esteja
pronta para pular as carícias e quaisquer
preliminares, ele continua massageando e
brincando com o meu clitóris.
O homem se afasta apenas o suficiente para
assistir às minhas reações detalhadamente,
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enquanto me contorço e gemo em seus braços. Ele


olha cada ponto do meu rosto como se fosse algo
que não perderia por nada, provocando em mim
uma sensação de ser única.
Quase me desfaleço de prazer quando, sob
seu toque e o seu olhar, ele aumenta a velocidade
das carícias e fricciona meu clitóris entre os seus
dedos, arrancando-me um grito abafado, tornando a
tortura mais deliciosa que já senti. Ele sabe onde
tocar e encontrar os lugares certos para me levar ao
céu, principalmente quando sua mão desliza até a
minha entrada e penetra dois dedos com facilidade.
Mordo meus próprios lábios, desejando que
fossem os dele, tentando conter o gemido alto.
Mentalmente agradeço pelo som alto que está
dentro do salão, pois, mesmo que eu tente não fazer
barulhos, sua mão trabalha bem. Seus dedos
entrando e saindo do meu sexo, enquanto seu
polegar brinca com o meu clitóris, tornam
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absolutamente impossível não gemer.


Porém escutamos o som das portas ao nosso
lado sendo abertas e, antes que eu tenha qualquer
reação, agilmente ele me prende contra a parede o
máximo que pode e me beija profundamente,
enfiando a língua na minha boca. A sensação de
perigo e prazer que me tomam está longe de
qualquer coisa que já senti.
— Senhorita Rollins? Está aqui? — diz uma
voz que não consigo reconhecer.
O meu "amigo" mascarado se afasta,
deixando alguns tecidos do meu vestido caírem no
chão, mas não todos. Ele vira-se para a pessoa e,
limpando a boca toda suja de batom, cobre-me com
o próprio corpo.
— Desculpa aí, cara. Mas a princesinha
socialite não apareceu por aqui. — responde o
“meu” mascarado com a voz rouca e ainda
ofegante.
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— Dimitri... Deveria saber que se não está


na festa é porque está trabalhando “sendo” a festa
— diz a pessoa com um tom malicioso. — Bom
divertimento, não vou atrapalhar.
Dimitri? Este nome me soa familiar... Mas
de onde? Trabalhando? Algo me soa estranho,
penso. Assim que o desconhecido se vai e a porta
se fecha, abafando novamente o som da festa, ele
vira-se para mim. Dando alguns passos para trás,
pondo uma distância entre nós, enfia as mãos nos
bolsos e me olha perverso.
— Satisfeita? — indaga, baixo e rouco,
deixando-me confusa. — Você quer uma foda, my
lady? Eu posso te foder e então estará satisfeita? É
só isso que quer de mim, assim como a única coisa
que quero de você.
Não me sinto com sanidade o suficiente
para pensar com calma no que me disse, mas sinto-
me em um conflito entre chocada e surpresa com a
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sua súbita mudança de comportamento. Ele dizia


como se nada importasse, mas também parecia
chateado. Sim, eu quero. Quero tudo que ele tenha
para me dar. Mas a forma que ele disse isso fez eu
me sentir mal, como se estivesse errada.
— Você é um maldito! — digo entre dentes,
com muita dificuldade de falar.
— Sim, um que te deixa molhada. — diz,
debochado, voltando a me prensar na parede
enquanto suas mãos fazem todo o percurso de volta
para debaixo do meu vestido. — Realmente um
maldito, não é, my lady?
— Você... — tento falar, mas minha voz
falha quando ele volta a me penetrar com os dedos.
Meu corpo pede desesperadamente por mais.
Sem forças para revidar, desfaço-me em
seus dedos, gemendo e arranhando-o. Ele se afasta
para olhar em meus olhos e sorri.
— Eu...? — Instiga-me olhando para a
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minha boca como se estivesse tentado, umidecendo


os lábios e mordendo-os em seguida.
— É um canalha... — falo, arfando. Quero
afastá-lo, mas ao mesmo tempo sinto que não é o
suficiente. Olho em seus olhos e só consigo desejá-
lo. — Te odeio.
— Engraçado, não parece — diz, tirando os
seus dedos de dentro de mim. Solto um gemido
baixo quando ele leva os dedos lambuzados à boca
e lambe. — Mas já me disseram isso. Embora não
me conheça... você gostou de mim.
— Convencido — digo, juntando forças
para empurrá-lo, ao mesmo tempo que ele sorri por
eu não conseguir movê-lo do lugar.
Ele leva as mãos até os meus pulsos,
levantando-os até acima da minha cabeça. Volta a
tomar a minha boca, com volúpia, até que fique
sem ar.
— Vou te dizer algo, my lady. Todos os
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homens são canalhas. Apenas sou bom no que faço,


sou um canalha melhor. E você queria somente isso
de mim, não é? Da mesma forma que aqueles
homens lá dentro querem o seu dinheiro. — Ele
solta-me subitamente, sinto minhas pernas
fraquejarem e caio sentada no chão. Ele se agacha,
ficando da minha altura. Abre o blazer, tira de um
bolso interno um cartão, sua latinha de cigarro e o
isqueiro. Antes de qualquer coisa, ele abre a
latinha, pega um cigarro e coloca-o na boca,
guardando-a de volta no bolso do terno. — Sabe,
my lady, é bom que me odeie, que me odeie com
todas as suas forças. Faz parte do meu trabalho e,
para mim, você é clara como um cristal e cara
como um diamante. Sabe o que é? Você está
apenas suja de lama, enquanto eu estou com ela até
o pescoço. — Vejo-o acendendo o cigarro. —
Como uma jovem inexperiente, que não está
sabendo lidar com o tesão, teve a genial ideia de vir
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aqui? Desabafou com um completo desconhecido.


Permitiu-se ficar tão... vulnerável. Uma ovelha
entre os lobos. A coração de gelo: Safira Rollins...
Ele dá uma longa tragada em seu cigarro,
levanta a cabeça e solta a fumaça devagar. Olho-o
sem reação. Qual o problema deste homem? Ele
aparenta uma calma incompreensível, como se
fosse apenas o prelúdio para algum desastre que
vem a seguir. Não tenho condições de voltar para
dentro, não da maneira que me encontro. Maldição.
Ele debocha de mim apenas com o olhar. Eu o
odeio, mas também o quero... Já não sei mais o que
estou sentindo.
Imagino que seria deliciosa a sensação de
passar as minhas mãos pelo seu pescoço e apertar,
enquanto cravo as minhas unhas em sua carne,
descontando a minha ira. Entretanto algo me
incomoda. Pois eu o fito e suas palavras não
combinam com o que seus olhos dizem.
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Observo-o fechar os olhos ainda segurando


o cartão que retirou junto com a lata de cigarros.
Fala como se nada o abalasse, mas faz coisas
contraditórias como se sofresse uma luta interna.
Isso me instiga a provocá-lo, a afrontá-lo. Contudo
ainda estou... realmente... estou extasiada com os
últimos acontecimentos, irritada pela audácia dele,
excitada e coberta de luxúria. Mas, de alguma
forma, sinto-o triste... Quero cuidar dele, algo nessa
hesitação me preocupa. Pela primeira vez este
pensamento passa pela minha cabeça,
aterrorizando-me.
Meus pensamentos não fazem mais nenhum
sentido. Um maldito feiticeiro, é o que ele é! O que
fez comigo? Deve ser isso, um feitiço. Ou eu só
preciso de uma foda. Isso! Uma foda suada e,
então, toda essa confusão vai terminar. Mas ainda
me sinto pensativa, disse-me para o odiá-lo! Por
que?! Não entendo! Não, calma, Safira, foco!
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Engulo, à força, minha raiva e a minha completa


vontade de machucá-lo de alguma maneira. Estico
o braço e pego o cartão de sua mão, acabando com
esse mistério.
Perco a cor e a fala, quando vejo o conteúdo
do cartão. Pergunto-me, como ele pôde ser tão
idiota? Ou como EU pude ser tão idiota. Olho-o
irritada, enquanto ele continua fumando a merda do
cigarro. Sem olhar na minha cara. Fora de mim,
pego o cigarro de sua boca, sem me importar que
me queime e o jogo no chão.
— Bastardo! — vocifero ferida.
Ele não responde. Apenas tira a gravata e a
enrola em minha mão, rindo amargo.
— Deve ser verdade... É dessa merda
mesmo que chamam os filhos das empregadas com
o patrão. Porém sinto te dizer, my lady, minha mãe
era casada com o meu pai e eles foram pais
maravilhosos.
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— Não... — Minha dor dilacera o coração.


Já não o escuto, não quero escutar. Sinto-me em
conflito, presa a um sentimento de mágoa e ao
mesmo tempo de incredulidade... Uma lágrima
solitária escapa de meus olhos diante as palavras
dele — Não me importa o que você tem a dizer!
— Você está certa, mas não chore. É triste
ver o seu rosto de anjo mergulhado em lágrimas.
Não sofra, não por mim... — Ele toma minha mão,
à força, e me ajuda a ficar de pé de maneira mais
rápida. Então me beija novamente de forma doce e
gentil desta vez. Não tenho tempo de pensar e,
apenas quando já estou retribuindo o beijo, lembro-
me da raiva. Mordo seu lábio com força, causando
um pequeno ferimento.
Ele se afasta de súbito e me olha surpreso,
mas de alguma maneira também satisfeito.
— Abusado, manipulador... demônio. —
Acuso-o, sentida. Odiando-me por desejá-lo tanto.
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Repudiando-o por não decidir o que de fato quer. A


cada momento, ele tortura-me com um novo
sentimento totalmente contraditório, deixando-me
apenas sem rumo.
Ele ri e, novamente, movimenta-se para
cima de mim roubando-me outro beijo ao mesmo
tempo em que leva a mão livre até a minha nuca.
Aprofunda o beijo, invadindo a minha boca,
tentando-me com sua língua esperta em um beijo
sedento. Tento lutar mesmo não querendo lutar.
Demônio! Feiticeiro! Não consigo, no fim, fazer
nada além de me entregar ao seu beijo. Mas ao
sentir a minha entrega, ele para subitamente de
novo.
— Sou o que tenho que ser. Tudo é uma
farsa. Mas, se você se sentir só e precisar sorrir, se
não vir mais solução, me chame. Sou a mentira
mais prazerosa que você terá, senhorita. E isso é
tudo que posso lhe dar.
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Sua preocupação, a esta hora, me provoca


uma risada amarga. Mesmo com tantos avisos,
entendi somente depois que vi o cartão. Sinto um
misto de dor, uma sensação de traição, vergonha
pela ilusão ou pela minha óbvia burrice. Minha
respiração oscila pela frustração e ira.
— Você estava em todos os lugares. Me
manipulou, me seduziu. No entanto, mesmo que
indiretamente, malditamente, me avisou. Tratou-me
como um verdadeiro amigo, um companheiro. Fui
facilmente seduzida por você, embriagada pelo
prazer... E todas as suas palavras estavam corretas e
agora eu sei. — digo com toda dignidade, sem
deixar que minha entonação oscile. — Obrigada,
eu me sinto satisfeita. Parabéns por ser um ótimo
profissional! — Jogo em seu rosto o seu cartão e
lhe dou as costas. — Agradeço imensamente pela
melhor e mais interessante companhia que já tive. É
hora de ir... Dimitri.
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Ele não diz nada, mas fica algum tempo


atrás de mim. Escuto sua respiração pesada, sinto o
seu cheiro, mas, somente quando escuto seus
passos se afastando, viro-me. Embora sinta o meu
coração partido por este desconhecido, mantenho-
me firme. Algo atrai os meus olhos e neste
momento vejo o cartão preto com letras douradas
na mureta cuidadosamente posto debaixo de um
isqueiro prateado, ao lado de uma taça. Então releio
em voz alta, para afirmar para mim mesma a minha
indignação:

— Lordes. Primeiro no ranking de mais

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procurados. — Paro por um momento, admirando


as letras douradas cheias de floreios, então
prossigo: — Dimitri Petrov, acompanhante de luxo.
Meu peito dói, confuso e indeciso. Estou
perdida entre o meu orgulho, prazer e mágoa diante
de sua mentira profissional. Nunca um mentiroso
foi tão verdadeiro comigo. Ignorei a verdade e o
sentido das suas palavras para somente agora
entender. Fecho os meus olhos e engulo em seco.
Como se não pudesse ficar pior. Começo a
pensar... Como irei embora sem que vire um
escândalo? Câmeras podem ter nos registrado!

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POR DIMITRI PETROV


Alguns anos atrás...
A vida era um lixo que me fazia padecer dia
após dia. E se você não fosse rico, não tivesse o
mínimo de conforto ou estabilidade financeira, não
passaria de um monte de merda que as pessoas
evitavam. Meu passado não era bonito, não era
regado a luxo ou doçura. Mas poucas pessoas
tinham uma vida decente. Digamos que a vida era
uma professora cruel e ela tinha poucos favoritos.
Pobre e órfão, eu era apenas digno de pena.
Sim, pena. Mas ninguém ousava levar-me para
casa. Sem base ou apoio, a solução foi trabalhar.

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Trabalhar por pouco dinheiro, para ao menos ter o


pão e não dormir com dor no estômago. A vida
sempre foi cruel, principalmente com quem já não
tinha nada.
Ao lado do meu irmão mais velho, eu
trabalhava limpando e arrumando qualquer coisa e
isso já fazia alguns anos. Nossa vida não melhorou,
afinal, sempre ganhávamos apenas o suficiente para
sobreviver.
Nossos pais se foram com alguma doença
respiratória. Eu era muito novo quando isso
aconteceu e não sei exatamente que doença foi
essa. Trabalhar, incansavelmente, foi a nossa única
saída. Tinha sonhos de sermos adotados por alguma
das famílias para as quais trabalhamos. Contudo,
através dos anos, aprendi que não posso confiar nos
ricos, não posso confiar nos pobres, não posso
confiar em ninguém. Apenas no Dominic, meu
irmão.
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Eu já tinha quase dezoito anos e Dom tinha


20 quando fomos trabalhar em uma casa,
arrumando e limpando o sótão. Trabalhamos
arduamente por sete infindáveis dias, sem
descanso. Nos deram comida, dois colchões e
algumas cobertas. Disseram que poderíamos ficar
até que tudo estivesse limpo, ratos e baratas
eliminados, tábuas trocadas por novas. Parecia um
bom sinal, talvez um trabalho fixo. Mas ninguém
olhava na nossa cara e, se o fazia, era com nojo ou
com pena.
Vez ou outra, pegava Dom olhando o
jardim pela janela do sótão. Em seu rosto figurava
um sorriso triste, embora parecesse fascinado e
curioso enquanto limpava. Esperei o momento
certo para me colocar detrás dele e espiar o que
tanto observava. Havia lá uma menina, filha dos
patrões. Uma garota de longos cabelos loiros
ondulados em um vestido branco que a deixava
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semelhante a um anjo. Ela caminhava lentamente


em volta do chafariz de águas cristalinas,
carregando uma rosa vermelha nas mãos. Através
dos dias que trabalhamos, ela sempre aparecia,
linda, misturando-se com as mais belas flores do
jardim, radiante como o sol, entretanto sempre
cabisbaixa.
Após três meses, sem mais pó, ratos, baratas
ou telhas quebradas, o senhor Rollins nos mandou
avisar que havia chegada a hora de irmos e que não
tínhamos mais nada a fazer ali. Nesse momento,
Dom pareceu ainda mais triste, mas pude entendê-
lo de uma certa forma. Sorri e coloquei a mão em
seu ombro, incentivando-o a falar com o pequeno
anjo, apenas uma vez.
Especialmente naquele dia, ela estava na
porta da frente de sua casa, chorando. Naquele
momento, pela primeira vez, Dominic permitiu que
seus olhos se encontrassem com os da menina. Ele
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seguiu até ela, abaixou-se um pouco e falou fitando


em seus olhos:
— Eles não te veem pois você é criança.
Quando for adulta, eles verão o seu dinheiro e a sua
beleza. Irão fazer de tudo para te alcançar. Mas...
será apenas isso. — disse ele com voz firme, até
meio amargurada. Eu entendia a sua raiva, embora
a menina fosse rica, era evidente sua infelicidade,
faltava vida em seus olhos. E as palavras de Dom
fizeram-na se espantar. Vendo a reação que causou
na menina, ele amenizou o tom da voz, ficou na
altura dela e voltou a falar mais calmamente. — É
bom você ser forte, garotinha. Eles não vão ter pena
só porque você parece um pequeno anjo, mesmo
com o rosto manchado por lágrimas.
A menina pareceu ganhar luz em seus olhos
tão tristes. Senti-me como se tivesse feito algo bom
para ela e para Dom ao incentivá-lo a ir até ela.
Mas senti que havia feito algo terrivelmente ruim
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para mim, pois naquele momento me senti


encantado com o seu doce olhar. E, desde então,
nunca mais consegui esquecê-lo.
Fomos embora e, daquela menina, só
sabíamos eventuais reportagens e matérias que
víamos por aí.
Recebemos uma boa soma em dinheiro o
que nos permitiu comprar roupas novas, pagar por
algum tempo uma pensão para dormirmos melhor e
procurar trabalhos que exigiam que estivéssemos
mais arrumados. Ou então, no mínimo, limpos.
Contudo, mesmo com nossa situação
melhorando um pouco, parecia ter sido tarde. Dom
já não tinha como esconder de mim a sua
realidade. Estava doente e fraco, e eu fui obrigado
a trabalhar por nós dois. Contudo não tínhamos
mais tempo. Nada mais o fazia melhorar e, devido a
uma doença decorrente das condições que vivemos
ao longo dos anos, ele faleceu não muito tempo
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depois. O dinheiro que era pouco se tornou ainda


mais curto, e eu nem sequer pude lhe oferecer um
enterro digno.
Desiludido, e agora sozinho, continuei
fazendo bicos para sobreviver. Certo dia, estava
indo para um trabalho que tinha aparecido em uma
construção, quando um carro luxuoso apareceu em
meu caminho. Ao longe, vi uma mulher saindo do
carro para analisar o prédio que ali estava sendo
erguido — o mesmo onde eu tinha conseguido um
serviço. Continuei andando até a fachada e, assim
que me aproximei o suficiente, seus olhos foram
atraídos para mim.
Ela me olhou de cima a baixo com ar
arrogante e ainda como se eu fosse um espécime
interessante. Desviei o meu olhar e segui para
entrar na construção, mas ela me chamou:
— Ei, garoto. Qual o seu nome? —
perguntou diretamente, sem rodeios. — Não, seu
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nome não me interessa. Apenas venha aqui! —


disse mudando de ideia em relação à minha
identidade.
Ela era uma mulher madura, mas
aparentemente muito rica. Algo em mim havia
chamado sua atenção. Ótimo. O que eu seria
agora? Um brinquedo? Era apenas isso que
faltava, pensei irritado. Quando me virei para olhá-
la, com uma expressão de poucos amigos, ela
sorriu. Estranhamente, pareceu gostar muito do que
via. — Não gosta dessa vida, garoto! Eu sei que
não — afirmou. — Mas eu posso e tenho o poder
de mudá-la. Será muito rico e, pode ter certeza,
nunca mais vai ter que baixar a cabeça para
ninguém.
Sua promessa era pretensiosa e pegou-me
completamente desprevenido, mas não deixava de
ser interessante já que se tratava de dinheiro, algo
que nunca tive. No entanto, não poderia deixar de
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desconfiar das intenções dessa mulher, nada na


vida era assim tão simples.
Mantive-me pensativo e em silêncio o que a
incentivou a continuar falando:
— Se vier comigo neste meu novo projeto,
terá dinheiro o suficiente para pagar o sorriso das
pessoas. Da mesma forma que fazem com você.
Sou Abygail Solfir, dona da empresa LADIES.
Estou também construindo a empresa LORDES e
quero que você trabalhe para mim. Irei te treinar
para ser o melhor acompanhante de Luxo que esta
cidade já viu.
Como pensei, nada além de um brinquedo
de quem tem dinheiro. Venderei meu corpo, meu
orgulho, meu sexo… na verdade, nada mudaria de
fato. Exceto pelo sexo, pois nesses trabalhos que
tive até então, perdi as contas do quão descartável
fui. Quantas vezes nos trataram mal por serem e
terem mais “poder” que eu. Bom, talvez, vender
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meu corpo em troca de uma boa quantia de dinheiro


não seja de fato tão ruim ou diferente do que já
vivo.
No fim, concordei, afinal eu não tinha mais
nada a perder. O que eu tinha, meu irmão, meu
orgulho e até a vergonha… já se perderam. Ok,
talvez nem tanto. O meu orgulho, esse é persistente.
Na nova fase da minha vida, passei por
coisas que jamais imaginei. Fui mandado para a
escola, aulas de etiqueta e tudo que o mundo do
dinheiro tinha a oferecer para se ter uma boa
convivência entre as pessoas de alta classe. Ela me
reconstruiu e fez de mim uma nova pessoa com um
nome e identidade totalmente diferentes. Derek
Jones foi esquecido no limbo, ficando apenas
Dimitri Petrov. Um nome forte e comum na Rússia.
Abygail me criou do zero como uma mãe
cria o filho, recriou-me para ser um vencedor. Mas,
como qualquer outra pessoa rica, tinha suas
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excentricidades. Frases de efeito e analogias como:


"Seja um guerreiro, um príncipe, o que tiver que ser
do quadril para cima. Do quadril para baixo, seja
um cavalo, um touro, mas seja firme, forte e
sempre ardente”. Na minha opinião, Abygail
sempre teve uma tendência latente à loucura. Ela
vivia intensamente, no limite ou até mais que isso.
Mas quem era eu para questionar algo?
Ela tinha ideias e pensamentos que acabei
levando para a minha vida e estaria mentindo se em
algum momento não passasse a admirar essa
mulher.
O lema principal de Abygail era: “A
profissão mais velha do mundo será a única que
jamais perderá seu valor”.
Após uma longa jornada vinda de baixo, ela
se tornou a dona da marca LADIES que é a maior
empresa de acompanhantes de luxo do país. Hoje
composta de LADIES&LORDES.
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Para todos nós, ela tinha "mandamentos", e


eu levava os mandamentos dos LORDES cravados
em minha alma e corpo.
Primeiro: um bom homem seduz, mas um
homem ainda melhor faz com que as mulheres
venham até ele.
Segundo: mulheres querem ser seduzidas
com falas mansas ao pé do ouvido e sexo selvagem,
sim. Mas elas gostam de seduzir também. Sentirem-
se as mais atraentes do universo.
Terceiro: encontrará mulheres de todos os
tipos e gostos e, se não puder lidar com isso, você
deve começar todas as suas aulas do princípio,
novamente.
Quarto: com algumas mulheres você terá
que bater de frente para conseguir conquistá-las.
Elas podem estar interessadas, mas se negarão
veementemente. O seu papel será derrubar cada
muralha.
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Quinto: deixe-as loucas, deixe-as confusas,


em busca de respostas. Elas virão atrás de você. O
ser humano é curioso, suas curiosidades podem
chegar a matá-lo algum dia, assim como matou o
"gato". As mulheres irão muito longe e estarão
dispostas a muitas coisas, mesmo quando for
incoerente a sua proposta.
Sexto: Deixe-as frustradas. Dê-lhes o sabor
e tome o doce, assim como se toma de uma criança.
Faça com que implorem por mais.
Sétimo: aprenda a lidar com elas, pois irão
se apaixonar. E mesmo que você deixe claro que
está apenas fazendo seu trabalho, isso não irá
adiantar.
Oitavo: se por algum momento você se
apaixonar, pare. Pode ser que isso nunca mais
aconteça. É hora de se aposentar. Mas, cuidado,
tenha certeza de que não está sob o mesmo efeito
que você provocou.
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Nono: sempre use todos os seus talentos,


nunca menospreze a habilidade do seu parceiro. O
ser humano tem tendência a surpreender.
Décimo: tenha ciência de que, no momento
em que se tornar tudo isso, não terá ninguém que
possa te derrubar. Seu orgulho nunca, de maneira
alguma, deve ser abalado. Mas tenha certeza que
surgirão pessoas com a mesma força de vontade
para lhe jogar para trás.
Um conselho em especial que ela me deu
foi nunca ser apenas marcante. Eu teria que ser
inesquecível, ser avassalador, uma pessoa que a
cliente nunca iria esquecer, mesmo que procurasse
outros profissionais. E foram todos esses
ensinamentos que construíram quem eu sou agora.
Deixei para trás o garoto órfão que também perdeu
o irmão... Aquele que se encantou pelo olhar triste
de quem simplesmente não deveria.
Momento atual…
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Sigo hoje as instruções de Abygail mesmo


sem perceber... Claro, criei um hábito. Entretanto,
vez e outra me recordo do Dom olhando a menina
cabisbaixa pela janela. Após alguns anos, ela se
tornou a garota do Dom em minha mente, não seria
digno em sujar essa memória com minhas mãos.
Através dos anos, em que vivi sob diversas
novas perspectivas, compreendi que o sorriso triste
do meu irmão refletia seu fascínio e curiosidade.
Ele via naquela menina um anjo. Um que deveria
ser feliz, ter tudo que sonhamos ao longo de nossas
vidas. Mas vivia fadada à tristeza apenas por viver
em um mundo onde o dinheiro era mais importante
que os seus sentimentos.
Despertando dos meus pensamentos, ouço
as palavras indignadas de Safira.
— Você estava em todos os lugares. Me
manipulou, me seduziu e, mesmo que
indiretamente, malditamente, me avisou. Fui
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facilmente seduzida por você, embriagada pelo


prazer... E todas as suas palavras estavam corretas e
agora eu sei. — diz ela com toda sua força e
dignidade. — Obrigada, eu me sinto satisfeita.
Parabéns por ser um ótimo profissional!
Joga em meu rosto o cartão e me dá as
costas. Sem dúvidas, gosta de deixar claro seu
escárnio por mim, essa menina mimada. Bom,
imagino que não tem como não ficar no mínimo
"infeliz".
Posso entendê-la. Sente-se enganada,
mesmo que tenha feito isso sozinha. Mesmo com
meus avisos, com meus alertas, com a minha
distância proposital. O que não entendo é como fui
me perder no processo e em vez de Dimitri, fui
realmente eu. Vi-me encantado com o anjo que
cresceu e se tornou um filhote de tentação, um
pecado com belas pernas.
— Agradeço imensamente pela melhor e
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mais interessante companhia que já tive. É hora de


ir, Dimitri... — ela continua falando, educada e
formal. Mesmo de costas para mim, permitindo-me
ver suas costas levemente avermelhadas por causa
da árvore áspera que foi apoiada.
Lembro-me dela naqueles tempos e ela,
com toda certeza, não se lembra de mim. Pergunto-
me se sequer me viu naqueles dias. Safira Rollins...
Embora sua voz seja firme, há uma sombra de
tristeza em sua entonação. Existem características
imutáveis através do tempo e acho que essa é uma
delas.
“Anjo com o rosto mergulhado em
lágrimas."
Ele foi o primeiro a se referir a ela assim.
Pergunto-me o que meu irmão faria comigo se
soubesse o que fiz e o que ainda pretendia fazer
com seu anjo? Safira era para ele como uma
miragem nos dias sombrios. Isso faz com que, pela
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primeira vez, eu me sinta culpado nesse trabalho.


Por causa dela e do Dom.
A princípio, pensei que ela soubesse quem
eu era, afinal, contatou-me especificamente. Achei
que fosse devido ao meu "título" de acompanhante,
mas, quando vi que não sabia, uma frustração me
tomou de forma absurda.
Ela me enfrentou e demonstrou de forma
veemente o seu desejo, a sua atração por mim e o
quanto me queria. Ela ainda é uma mulher rica que
não aprendeu que não se pode ter tudo que quer.
Embora já tenha passado o tempo em que isso me
incomodava, sendo ela, me incomodou. Por isso
decidi castigá-la um pouco.
Contudo eu me vi perdido, pensando com a
porra do meu pau, como um maldito adolescente
que não possui a menor habilidade de segurar o
tesão, exatamente como eu havia falado para ela.
Algo que tão bem serve para mim. Até que ela
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derrubou minha máscara. Foi como se todo o


passado viesse à tona e chutasse o meu saco.
Vi em câmera lenta os seus olhos brilhantes,
seu rosto corado e sua boca suculenta entreaberta.
Ela estava excitada e sedenta e isso fez meu pau se
contrair apertado dentro desta calça social. Mas,
por outro lado, fez-me recordar o Dom, fez-me
lembrar do apego que ele tinha por ela, sempre
pensativo na janela. Ele tinha admiração e afeto por
aquela criança que um dia ela já foi. Mas ela deixou
de ser melancólica para se tornar essa mulher direta
e sincera. Recordo em flashes também a vida que
levei até chegar aqui.
“Tenho que parar com isso, é simplesmente
errado.” Foi isso o que pensei quando me afastei.
Para quê? Para depois agarrar ela contra a parede,
mergulhando meus dedos naquela entrada tão
apertada e molhada... Teria fodido aquela boceta
gostosa, ali mesmo, se não tivessem me trazido de
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volta à realidade.
Agora, resta-me ir embora. Ela enfurecida,
meu pau doendo. Mas o trabalho me aguarda.
Suspiro fundo. Pego o meu cartão do chão e
o coloco na mureta. Para que não voe, deixo alí
com ele o meu isqueiro. Olho para cima e vejo uma
luz vermelha. A luz de uma das câmeras de
segurança. Ótimo, mais trabalho para fazer.
Resmungo mentalmente.
Bom, uma única coisa é certa.
Involuntariamente, agi com base em tudo que
aprendi através dos anos, sei que ela virá me
procurar. Enfio a mão no bolso do blazer, pego o
celular e faço alguns contatos, começando por um
velho amigo que dará fim às filmagens que
provavelmente nos flagraram e silenciar quem quer
que possa ter assistido.
Em seguida, digo ao manobrista, que
esperava possíveis novos convidados, que a
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senhorita Safira pediu para buscarem o seu carro e


aguardarem a sua chegada na parte de trás.
Também peço para buscarem o meu carro.
Enquanto o fazem, ligo para Rubi, uma das moças
da LADIES que ainda está dentro da festa, e a
informo que não poderei mais dar-lhe atenção ou
suporte.
Termino a ligação após os resmungos dela,
e o manobrista chega com o meu carro. Entro e sigo
em direção ao meu novo destino.

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CAPÍTULO ANTERIOR POR SAFIRA


Meu peito dói, confuso e indeciso. Estou
perdida entre o meu orgulho, prazer e mágoa diante
de sua mentira profissional. Nunca um mentiroso
foi tão verdadeiro comigo. Ignorei a verdade e o
sentido das suas palavras para somente agora
entender. Fecho os meus olhos e engulo em seco.
Como se não pudesse ficar pior, começo a
pensar... Como irei embora sem que vire um
escândalo?

Imagino que o destino esteja a meu favor,

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pois vejo um dos seguranças fazendo ronda ao


redor do local. Uma ideia simples me passa
rapidamente pela cabeça. O silêncio sempre pode
ser comprado! Se não há imagens é porque nunca
existiu. E é isso que providenciarei agora, uma
forma de dar um sumiço em todas as gravações da
câmera de segurança que provavelmente me
flagraram com Dimitri.
Aquele homem me deixou completamente
aérea. Tirou o meu raciocínio a tal ponto que, por
um momento, esqueci quem sou.
Eu me arrumo, colocando meu vestido no
lugar, assim como os meus cabelos. Os fios
estavam parcialmente presos, então eu os solto para
que caiam pelas minhas costas, mesmo que
bagunçados, assim ninguém poderá notar o
desalinho.
Assim que termino de me arrumar, retomo a
minha postura e respiro fundo. É hora de voltar a
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ser quem sou, quem ele me fez esquecer por alguns


minutos de luxúria. Não sou o que um
acompanhante me inspirou a ser por apenas
momentos, tudo não passou de um curto instante de
lazer. Nada além disso.
Em alguns minutos, o mesmo segurança
retorna de sua vigia. Caminho até ele em passos
ruidosos e largos, para que escute a minha
aproximação. A última coisa que quero hoje, é um
tiro. Assim que me vê, ele toma uma postura em
alerta, mas ao mesmo tempo parece me encarar
tentando compreender o que está havendo.
Possivelmente, o que estou fazendo aqui. Não
posso condená-lo. Pensaria o mesmo.
Assim que me encontro diante dele, exijo
rápido que chame o chefe de segurança. Ele se
surpreende com o meu pedido e continua estático
me olhando como se não soubesse o que fazer.
Encaro-o firme e cruzo os braços enquanto exijo
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mais rapidez em suas providências. Vendo que não


estou para brincadeiras, pelo rádio, ele chama o
chefe de segurança explicando a situação, ou ao
menos é isso que imagino. É difícil compreender,
pois ele fala por meio de códigos.
Em seguida, pede que eu me apresente. Ele
não sabe quem eu sou? Suspiro e digo. Assim que
escuta o nome do meu pai, o rapaz parece ficar
mais desconfortável e pálido, contudo, no exato
momento, é o que menos me incomoda.
Na hora de fazer as coisas erradas, foi muito
bom, mas apagar os rastros de que estive ali é
essencial! Sair daqui é minha segunda prioridade.
Um caminho seguro, obviamente, sem ser vista por
qualquer paparazzi. Pensar nisso me preocupa e
mantenho o meu rosto contra a rua.
— Srta. Rollins, meu chefe não poderá vir,
pois parece que está resolvendo problemas internos.
Tem algo que possa ajudar?
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— Que problemas internos? Quero falar


com ele, agora! — digo já preocupada, perdendo
um pouco do controle. Mas vendo que aumentei o
timbre mais do que deveria, tusso e retomo minha
postura, refletindo sobre um possível vazamento
das filmagens.
No fim, o chefe de segurança aparece e diz
que apenas uma das câmeras teve uma falha por um
período de tempo e não sabem o porquê.
Complementa dizendo que se for erro humano o
responsável será pego, que não existem motivos
para preocupações.
Entretanto, não sou boba, sei o que houve.
Dimitri. Só pode ter sido ele, é muito óbvio! Seria
muita coincidência ou milagre divino a câmera
falhar assim, justo essa. Isso poderia me deixar
imensamente feliz... Contudo não é o que sinto.
Não preciso dele e poderia resolver isso sozinha!
Por que ele, além me de fazer de idiota, tem que me
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salvar como se eu fosse uma menininha indefesa?


Isso é um absurdo beirando ao ridículo! Sei que é
meu orgulho falando, mas...
Olho ao redor tentando me controlar para
não perder as estribeiras novamente, ou fazer algo
mais idiota. Acabo observando uma luz no portão
de trás e dou alguns passos naquela direção ao
mesmo tempo que estreito os olhos. Vejo o meu
carro e fecho com força a minha boca, fazendo
meus dentes rangerem pela pressão do meu
maxilar.
Ótimo! QUAL O PROBLEMA DESSE
HOMEM?
Não cheguei até aqui usufruindo desse tipo
de favor. Na verdade, eu não quero qualquer ajuda
vinda dele. O que eu queria dele, eu descobri que
posso ter quando e onde eu quiser, basta pagar por
isso. Mas quando recordo da oportunidade que
tivemos e mesmo assim ele não prosseguiu, sinto
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meu sangue ferver. O que me faz pensar que não


sou interessante o suficiente para o seu ego
masculino. No máximo, ele sentiu por mim o
mesmo interesse que sentiria por qualquer outra
mulher com dinheiro bastante para pagar-lhe por
algumas horas.
Com pensamentos amargos misturando-se
às minhas lembranças de hoje, vou para o meu
carro, irritada, frustrada e, ironicamente, "puta" da
vida. Sento-me bruscamente no assento traseiro
quando o motorista abre a porta para mim e mordo
o meu lábio com força. Minha vontade atual?
Resume-se em querer estrangulá-lo, ao mesmo
tempo em que uso de mil argumentos do quanto
não preciso dele para nada…. A não ser para
transar … é claro.
Estendo a mão até o telefone do carro e ligo
para a recepção do Royale. Peço ao concierge para
avisar, a quem me procurar, que me senti
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subitamente indisposta. Desligo o telefone e me


inclino em direção ao motorista chamando a sua
atenção. Informo o meu desejo para partirmos o
mais rápido possível para casa.
Quando enfim chego em casa, foco em
minha necessidade de descanso físico e mental.
Subo diretamente para o meu quarto a passos
largos. Tiro os meus saltos assim que abro a porta,
abro o zíper do vestido sem qualquer cuidado e o
jogo no chão.
Devido ao ar-condicionado, sinto o meu
corpo se arrepiar e um espirro me toma, fazendo
com que eu leve minha mão até o meu rosto. Acabo
sentindo o perfume do Dimitri entre meus dedos,
fazendo-me recordar da textura e do toque dos seus
cabelos.
Respiro fundo, agora mais calma, e me
encosto na parede. Pergunto-me como vim parar
nesta situação lastimável? Estou encantada por
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alguém que não fazia nada além de seu trabalho:


mentir, seduzir e agradar... Depois de todos esses
anos, achava que eu não cairia mais em mentiras.
— Não me vejo nem no direito de falar que
ele está errado... — murmuro e começo a rir
sozinha. Ergo a cabeça e olho para o teto. — Ele
fez o que foi contratado para fazer: exibir sua
beleza e ser uma agradável companhia para quem
estivesse solitária na festa. Maldição...
Engulo em seco, puxo o ar para dentro dos
meus pulmões com força em busca do meu orgulho
que ameaça fraquejar. Não vai ser ele quem irá me
derrubar, não me curvo a ninguém. Muito menos a
alguém que só me instigou com sexo. Ele não é
ninguém para mim. Repito isso em um mantra e,
em um impulso, desencosto-me da parede e
caminho para o banheiro.
Coloco a banheira para encher enquanto
observo no espelho o meu reflexo, o que restou de
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Safira Rollins. O dano que esse homem miserável


causou. Não gosto do que vejo, pois percebo
alguém que não reconheço. Pareço acabada e mais
do que nunca meu orgulho é posto na balança. Esse
homem, esse feiticeiro, esse íncubo... Neste
momento, abaixo o olhar e em meu seio vejo a
lembrança dele: a marca sutil de seus dentes em
meu seio. É apenas sexo? Certo. Posso resolver
isso.
Decidida, volto ao meu quarto a passos
decididos e, na gaveta da cabeceira, pego o meu
vibrador. Retorno ao banheiro, sento-me na beira
da banheira e coloco o vibrador perto. Fecho os
meus olhos e me lembro de seu toque, seus beijos,
seu membro pulsante contra mim e sinto que estou
ficando excitada.
Começo a me acariciar segurando o bico
dos meus seios, beliscando-os suavemente. Com a
outra mão, deslizo para o vale entre as minhas
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pernas que já se encontra úmido. Eventualmente,


subo deslizando a mão pela minha pele até a minha
boca, colocando um dos meus dedos em meus
lábios, semelhante ao que ele fez.
Toco-me outras tantas vezes mais tendo
flashes das poucas lembranças que tenho do
homem, do seu sorriso. Do momento em que foi
um insuportável cretino, mas sexy. Do instante
específico em que chupou os dedos com o meu
gozo e manteve seu olhar no meu. Meu sexo pulsa
com as lembranças de todas aquelas sensações.
A forma como maravilhosamente instigou
meu corpo todo a vibrar ansiando-o. Pego meu
vibrador com uma mão e com a outra coloco a
calcinha para o lado para então penetrá-lo em
movimentos lentos e profundos. Contudo minha
ânsia é tanta que não consigo me conter. Aumento
os movimentos até que os sons dos meus gemidos
ecoam por todo o banheiro.
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A falta dos murmúrios dele mexe comigo


provocando uma sensação vazia, mas a necessidade
de gozar é maior. Neste instante, ligo com o
indicador a vibração, o que me leva em pouco
tempo ao ápice do prazer.
Momentaneamente, sinto-me bem, mas, ao
olhar o vibrador e em tudo que fiz, sinto-me oca.
Quão baixo posso ir por causa desse homem sobre
o qual não conheço nada? Frustrada, jogo o
aparelho longe como uma criança birrenta, rasgo as
poucas peças que me sobraram de roupa e passo as
mãos em meus cabelos. Levanto-me e circulo pelo
banheiro até que vejo a banheira cheia.
Desligo a água e me banho esfregando com
força cada lugar que ele tocou. Em seguida, fecho
os meus olhos em busca de relaxar e esquecê-lo,
mas, quanto mais tento apagar o seu rosto da minha
memória, mais ele parece brincar com a minha
mente.
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Seus olhos, seu sorriso, seu cigarro, seu


sarcasmo, sua petulância... sua voz rouca, seu
desejo tão descabido quanto o meu. O calor que seu
corpo emanava... INFERNO!
Abro os olhos e mordo meus próprios
lábios. Já não sei mais o que pensar. Trabalho?
Sou um fracasso. Vê-se pelo exemplo do que
aconteceu com o último: toda glória foi para o meu
pai. Vida pessoal? Eu pergunto se tenho uma de
fato. Amorosa? E isso existe? Suspiro e deixo o
meu corpo escorregar para dentro da banheira até a
água cobrir a minha cabeça.
Ele me despertou vários questionamentos.
O que tem de mim aqui? Ele me desafiou, ele bateu
de frente, ele malditamente NÃO SAI DA MINHA
CABEÇA. Só quero apagar este episódio e tudo
que vem com ele!
Levanto em um impulso só e saio da água,
nervosa. Vou em busca do meu roupão e me cubro.
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Não me visto, apenas seco os meus cabelos na


toalha e me jogo na cama enfiando meu rosto
contra o tecido dos lençóis.
— Por quê? Por que mesmo que eu fui
atrás de alguém que durante toda a festa não me
olhou? Por que insisti quando ele disse que não?
POR QUE EU FUI TÃO IDIOTA? Agora estou me
sentindo assombrada por alguém vivo! — reclamo
em um sussurro.
Não sei bem em que momento, mas
adormeço enquanto resmungo.
Vejo-o de costas para mim, em frente às
enormes janelas que permitiam ver toda a cidade do
alto. Em passos lentos, vou até ele descrente do que
vejo. Ergo a minha mão para tocar o seu ombro,
mas neste instante ele se vira para mim e segura o
meu braço. Dou um sobressalto com a sua ação e
tento dar um passo para trás.
— Safira... — Sua voz profunda faz com
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que meu corpo se arrepie. — Você veio... e agora


quer fugir?
Suas palavras fazem com que me sinta
irritada por estar sendo manipulada. Tento me
afastar novamente e me soltar de sua mão. Contudo
ele não deixa, puxa o meu corpo e isso faz nossos
corpos se colidirem.
— Me solta! — reclamo, irritada, em um
tom mordaz.
— Por que deveria? Você veio aqui e agora
vai ter o que tanto quer. Ser fodida, certo? — diz
com uma confiança petulante.
Sua mão livre toca a minha boca. Com o
seu indicador acariciando suavemente os meus
lábios, ele parece estar com os pensamentos longe e
provoca o mesmo efeito em mim. Ele tem uma
estranha habilidade de levar a minha mente por
caminhos perversos, fazendo-me sabotar o meu
ódio contra ele.
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Ele gosta de provocar e sair, dar o doce e


tirar. Vou retribuir com o mesmo veneno. Abro
meus lábios o suficiente para tomar seu dedo com a
minha boca, chupo lentamente e, então, passo a
ponta da língua da sua base até a ponta.
Despudoradamente, olho em seus olhos. Delicio-
me ao ver suas íris nublarem enquanto ele morde o
lábio.
— Você está brincando com o perigo...
Com o seu dedo ainda na minha boca,
apenas sorrio olhando-o com malícia. Com nossos
corpos próximos, posso sentir sem dificuldade sua
excitação. Levo minhas mãos até sua ereção sob a
calça e acaricio. A respiração dele fica pesada com
a minha ação. Isso me faz querer provocá-lo ainda
mais, porém não chego a ter essa chance. Ele se
afasta de mim apenas o suficiente para levar a mão
à minha saia e a erguer até a minha cintura.
Sou surpreendida quando ele firma suas
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mãos em minha cintura e facilmente me ergue,


jogando-me em seu ombro. Caminha até o sofá,
joga-me no estofado sem qualquer tato e se abaixa
pondo-se entre as minhas pernas. Suspiro alto
quando ele coloca minha calcinha para o lado e
abocanha o meu sexo fazendo-me arfar.
Inebriada, levo a mão aos seus cabelos e o
puxo mais para mim, como se nunca tivesse o
suficiente dele. Mas a verdade é que não quero
apenas a sua boca. Não preciso de preliminares,
não em se tratando dele. Anseio que acabe com esta
tortura, quero ele me preenchendo profundamente
em cada estocada frenética e forte.
O problema é que ele não parece entender
isso, ou apenas finge não compreender, pois
continua lambendo e chupando o meu sexo,
intercalando com leves mordidas. Dimitri leva sua
mão até o meu clitóris, belisca e brinca com meu
nervo enquanto trabalha com a língua apenas em
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minha entrada. Seus movimentos frenéticos fazem


com que eu goze na sua boca, contorcendo-me em
cima do sofá.
— Não me torture, não é o suficiente,
Dimitri. Me foda como deve, quero você duro e
fundo em mim. — reclamo entre as minhas ondas
de prazer.
Ele levanta a cabeça para me olhar ao
mesmo tempo em que limpa o canto dos lábios de
uma forma pecaminosa e deliciosa.
— Para fazer um bom trabalho, não se deve
ter pressa. — diz ele murmurando contra a minha
boca. — Você terá o que tanto almeja.
Acho que já ouvi isso. Penso e neste
instante me dou conta que não lembro como
cheguei aqui. Não lembro nem como passei por
uma porta quanto mais o resto.
Afasto-me dele e o empurro com todas as
forças fazendo-o dar um passo para trás, quase se
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desequilibrando. Levanto-me e começo a andar


pelo ambiente… analisando... tudo parece
estranho...
Sua voz ecoa em minha mente: "Você sabe
quem eu sou?" Paro onde estou e como estou. Viro-
me para olhá-lo e escuto seu riso baixo e rouco,
perverso e irônico. — Agora sabe, não é? Sabe
quem sou. Me diga, my lady. Como chegou aqui?
Seu cartão surge em minha mão como no
momento em que o tirei da sua e o vi pela primeira
vez. Uma dor latente me invade e o sentimento de
traição persiste.
Então acordo. Levanto da cama
rapidamente, suada, excitada e apavorada, sentindo
o meu coração bater como louco. Olho para os
lados e parece que o dia está nascendo. Droga,
sinto-me mais cansada do que quando fui dormir.

Um mês depois...
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Quanto tempo passou desde aquele dia?


Não sei, pois estou enlouquecendo! Já arrumei uns
casos efêmeros em baladas, discretos, claro. Não
consigo focar no meu trabalho. Todas as noites
tenho sonhado com ele e, para piorar, nunca vamos
até o fim. Revivo seu olhar, seu perfume e a sua
voz envolvente. Ouço a música que, ao fundo no
grande salão, parecia dramatizar todo aquele
momento. Relembro sua risada, seus toques, os
seus beijos... até mesmo o seu pouco caso e a sua
preocupação. Recordações que atormentam meu
sono, minha sanidade, minha razão e o meu juízo.
Não sei o que é pior, os sonhos em que ele
parece tão bom comigo escutando-me ou aqueles
em que ele me tira a paz com suas habilidades.
Como uma tormenta, sempre retorna à minha
mente. Não precisei de muita pesquisa na internet
para saber seu nome, seu endereço e principalmente
seu rosto por detrás da máscara.
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O que começou por curiosidade, acabou


virando um vício. Quando menos me dava conta, lá
estava eu, nos intervalos do trabalho, procurando
algo mais sobre ele. Meu orgulho? Deve estar
perdido por alguma vala por aí, pois desisti de
sequer tentar resistir em pensar nele.
Pesquisei sobre o seu passado, mas
encontrei coisas apenas de quando começou nessa
profissão, aos dezoito anos. Boas escolas, algumas
formações importantes na bagagem. Manteve-se
realmente como um acompanhante de luxo por todo
esse tempo. Já tem alguns anos que é o mais
requisitado. Aos vinte e sete anos, mais
especificamente, foi a primeira vez em que tomou o
primeiro lugar no ranking da cidade.
As posses e dinheiro que acumulou durante
todos esses anos asseguram-lhe uma vida de luxo.
Dizem as más línguas que se continuar nesse nível,
tornar-se-á o "herdeiro" da Lordes, pois já era e
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sempre foi o preferido de Abigail Solfir, dona da


empresa que trabalha apenas com os melhores
acompanhantes de luxo do país, acompanhantes de
ambos os sexos.
Graças à minha falta de paz, pesquisei
várias vezes. Nunca soube que nesse ramo haveria
tanto poder, dinheiro e luxo. Mas imagino que,
assim que perdem a aparência, é fim de carreira.
Agora estou me preocupando com a carreira dele
também? Céus! Estou enlouquecendo! O que estou
pensando?
Em meu escritório, pela vigésima vez hoje,
fecho o notebook. Pego a minha bolsa e vou para
casa mais cedo. Mas, sinceramente, já não sei se
me sinto atormentada ou ansiosa quando sei que, no
momento em que deitar a minha cabeça no
travesseiro, encontrarei com ele nos meus sonhos.
O cheiro de cigarro, o gosto da bebida em
sua boca, sua língua quente e invasiva. Sua pegada
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forte em meu braço, a expressão de quem estava


tentando evitar perder a cabeça comigo, fez-me
criar mais que um tipo de vício, fez com que eu me
apaixonasse pelo Dimitri que criei em meus
sonhos, fazendo-me contestar minha sanidade.
Como posso me apaixonar por um desconhecido?
Uma pessoa que mexe comigo assim? Sou algum
tipo de masoquista?!
Nos sonhos, tenho mais das suas palavras.
Sejam elas frias, calorosas, carregadas de tesão ou
apenas brigando comigo. Apenas para, no fim, nos
vermos agarrados um ao outro. O seu beijo vai
além dos meus lábios, sua boca sedenta me devora,
me saboreia e passeia pelo meu corpo. Sua mão,
que deliberadamente toca cada curva, se delicia e
me leva à beira de um orgasmo como naquela
noite, nos entregando ao desejo, com volúpia e total
entrega, ali mesmo no jardim.
Mas antes de consumarmos o prazer, o seu
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cartão aparece subitamente diante dos meus olhos e


acordo. Como sempre, suada, frustrada e
necessitada. Perdi as contas de quantas vezes me
toquei pensando em tudo que sonhei ou quantos
banhos frios tomei.
Anseio pela companhia dele, pelas suas
mãos, pelo seu cheiro e o seu timbre rouco. Minha
boca saliva ao imaginar em tê-lo em meus lábios...
Perco a noção do tempo sempre que me pego
imaginando nossos possíveis momentos. Ele estava
certo... Não deveria ficar perto dele, mas talvez esta
seja a solução dos meus problemas.
Chegando à minha casa, o porteiro abre o
portão assim que me vê. Ao abrir a porta do quarto,
vou direto à cabeceira da minha cama e pego o meu
único consolo nesses momentos de tamanha
necessidade. Deixo o meu corpo cair na cama
enquanto mantenho os olhos fechados. Entrego-me
em total abandono mais uma vez. Quando enfim
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gozo, deixo meu corpo amolecer na cama, no


entanto, ainda assim, choro.
Não é o suficiente, quero mais. No
momento, já não consigo viver mais nessa angústia,
na necessidade de tê-lo. Criá-lo em minha mente,
fantasiar coisas que não existem, nada disso me
serve de consolo. Tudo porque, desde que o
conheci, não consigo deixar de sonhar ou ansiá-lo.
Quer saber? Chega! Ele é um
acompanhante de Luxo e eu tenho dinheiro. Meu
orgulho que vá para o quinto dos infernos.
Levanto-me decidida, vou ao banheiro em
meu quarto, tomo um banho bem caprichado e me
visto com o conjunto de lingerie mais sexy que
encontro. Coloco um fino vestido, um salto preto,
visto um sobretudo também preto, pego a minha
bolsa e retorno ao meu carro.
Entro no carro e jogo a bolsa no banco do
carona, pelo retrovisor, vejo o porteiro claramente
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curioso. Esta noite, o que faço da minha vida,


assim como aonde vou, não é da conta de ninguém.
Sigo para a avenida principal, pego o
celular e o cartão do Dimitri na bolsa. Cartão que
insisti em guardar e agora agradeço a mim mesma
por ter feito isso. Trêmula e ansiosa, ligo para o
homem que me toma o sono e mastigou totalmente
o meu juízo.
Mesmo se for uma mentira, uma noite.
Mesmo que seja apenas um fogo que logo irá se
apagar quando for saciado, quero senti-lo de
verdade, pele com pele, carne com carne. Assim
como nos meus sonhos, só que dessa vez, real.
Mesmo que seja uma farsa, quero matar essa fome
que existe em mim.
A cada toque na chamada, a ansiedade me
toma mais.
— Sim? — Sua voz é forte mesmo ao
telefone e algo semelhante a saudade me invade.
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— Olá, Dimitri. — Dissimulo o quanto


estou abalada usando um tom frio e impessoal...
Posso perceber a sua surpresa através do seu
silêncio. Desconfio que ele não se lembre de mim
ou do som da minha voz.
— Sim?

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— Embora minha memória em sua mente,


muito provavelmente tenha sido apagada entre
tantas clientes que imagino que você possui... —
digo, mas me arrependo. Quer saber? Dane-se.
Minha sinceridade sempre aflora de maneira
indesejada quando estou com ele. — Disse-me que
se me sentisse só... Deveria procurá-lo. Admito que
de fato é um ótimo profissional já que nenhum
outro homem conseguiu aplacar o meu desejo por
você. Você, alguém com tantas palavras sábias, o
que tem a me dizer? — concluo em um tom
sarcástico.
Escuto-o tentando conter uma risada, o que

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me deixa irritada. Passo a ponta da língua em meus


dentes ponderando se o ofendo ou não. Neste
último mês, mesmo que apenas me atormentando
em sonhos, esqueci-me de seu talento natural de me
irritar. Para não correr o risco de jogar o celular
longe, coloco-o no apoio para celular que tenho ao
lado do volante e ligo o viva voz.
— Safira... — sua voz preenche todo o
interior do carro. Seu tom já rouco, baixo e sensual,
provoca um forte arrepio em mim, superando até
mesmo os meus sonhos eróticos. — Se é assim,
apenas venha até mim. — diz ele.
Dimitri se recorda de mim. O conhecimento
deste fato provoca uma sensação de curiosidade:
será que ele sofreu como eu? Mas logo ponho o
pensamento de lado. Seria inocência demais, pensar
que um acompanhante de luxo se encantaria por
mim, assim como eu me encantei por ele, tendo em
vista que é um homem experiente. O mais certo é
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que não se deixa ser fisgado com tão poucos


momentos. Paro em um farol vermelho,
tamborilando o volante impaciente.
— Bom, preciso saber se em sua agenda
existe algum tempo para mim. Ou se terei que
marcar uma hora?
Não o conheço, eu o vi apenas uma vez,
mas neste momento minha mente cria a sua
imagem sorrindo com o telefone na mão. Droga, o
Dimitri dos meus sonhos está deixando a minha
realidade conturbada! Tenho que acabar com esse
tormento, de uma vez por todas!
— Não precisa se preocupar, my lady. Para
você? — Ele se silencia por um segundo para então
prosseguir em um tom mais íntimo. — Estou
disponível a qualquer momento.
— Gosto da sonoridade disso. Soa como
exclusividade, Dimitri. — digo satisfeita e até um
pouco divertida.
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Mas sei que ele está sendo sarcástico. Não


sofro de baixa autoestima, muito pelo contrário,
porém, convenhamos, a profissão dele tem como
ponto essencial cativar as mulheres e eu só estou
aqui dirigindo até sua casa porque ele fez o seu
trabalho com excelência. Sei que não sou especial
para cativar tamanha exclusividade.
— E é. Não gosta? — Sua voz do outro
lado da linha soa curiosa. Enquanto isso, já estou
tomando a avenida principal.
— Óbvio que gosto, inclusive prefiro. —
Admito um pouco mal-humorada. Ele quer manter
esse jogo, nós manteremos e eu finjo que acredito
em suas palavras.
— Noto um traço impaciente ou nervoso em
sua voz, Safira? Ansiosa? Ou novamente deixando
o tempo passar até não suportar mais esperar as
pessoas irem até você? — diz me afrontando.
Pergunto-me se não sou algum tipo de passatempo
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para ele, pois está sempre me provocando. Nunca


um acompanhante de luxo usaria da provocação
como um meio para seduzir alguém! Seria um
absurdo. Isso, sim, deve ser algo que ele faz
exclusivamente comigo.
— Dimitri, meu tempo é precioso — digo
irritada.
— O meu também, princesinha socialite. —
diz ele e desliga na minha cara.
Sabe a vontade de esganar alguém? Tenho-
a neste instante! Por que fui me interessar por esse
homem? Meu fogo ininterrupto... droga.
Logo em seguida, meu celular apita
notificando a chegada de uma nova mensagem.
Abro-a e me vejo presenteada com uma foto dele,
demonstrando que havia acabado de sair do banho.
Seu olhar, como sempre, marcante. Sua boca em
um sorriso maldoso. Desço meu olhar pelo seu
corpo observando a sua musculatura bem definida
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que chama a minha atenção. A toalha enrolada,


bem baixa, ao redor do seu quadril me dá a visão
altamente tentadora da veia que se destaca no
caminho ralo de pelos que vão até a sua virilha.
Observo a veia com desejo, sentindo-me instigada
de uma forma pecaminosa. Atento também para o
volume marcante que nem mesmo o tecido da
toalha esconde.
Logo abaixo da foto consta o seu endereço.
Isso me faz rir.
Ele acha mesmo que não estudei sua vida?
Se bem que, se ele soubesse, seu ego subiria nas
alturas e se tornaria ainda mais irritante. Bom,
independente de tudo, já estou aqui, então vou até o
fim.
O bairro em questão é de classe alta e bem
localizado. Ao me aproximar vejo um dos prédios
mais bonitos que já tive o prazer de conhecer. Todo
preto, de paredes de vidro reflexivo, com um
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letreiro dourado e ornamentado como o do cartão.


Apresento-me na portaria. O porteiro, que
previamente foi avisado da minha chegada, permite
a minha entrada sem problemas. No saguão,
entregam um cartão que deve ser usado no
elevador. Meu coração bate desenfreado e ansioso.
No momento em que as portas se fecham, contesto
se ainda sobrou alguma sanidade em mim e a
resposta é: não. Entretanto chego á conclusão que
já não me importo mais. Respiro fundo e, assim que
as portas se abrem, vejo um corredor com uma
única porta.
Dou risada de mim mesma e da minha
bobagem, ele irá transar comigo, nada além e é isso
que venho desejando dia após dia. Por que então
pararia aqui e agora?
Caminho até a porta e os meus passos
ecoam a cada passo que dou. Bato na porta e sou
surpreendida ao descobrir que ela já está aberta e se
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abre mais com o meu ato. Um perfume gostoso e


sensual exala vindo de dentro do apartamento
instigando ainda mais a minha curiosidade.
Empurro a porta lentamente e me deparo
com um grande apartamento de janelas de vidro ao
fundo tomando toda a parede e dando visão à
cidade. Cores frias reinam em suas paredes e
móveis carregados de uma elegância totalmente
masculina. E é neste momento que meu olhar recai
nele. Sentado em um sofá de frente para a porta,
com os olhos fechados, parecendo refletir.
Está a uns sete metros de distância de mim e
sinto o meu corpo vibrar ao observá-lo. Apenas
com uma calça e sem camisa, deixa à vista seu belo
corpo. Seus cabelos úmidos e em desalinho, caindo
em sua testa, cobrindo parcialmente seus olhos,
dão-lhe um charme a mais. Como se soubesse que
o olho fixamente, Dimitri abre os olhos e os
direciona a mim. Ou no meu corpo. Observa-me
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lentamente dos meus pés até o último fio de cabelo,


fazendo todo o meu corpo se incendiar. Devo ser
muito transparente, pois, assim que ele olha em
meus olhos, sorri perverso.
A sua sensualidade é quase imoral! Um
homem sem defeitos para quem o procura a olhos
nus. Nele vejo a personificação do pecado, da
luxúria. Pois seu olhar em conjunto com o seu
sorriso causa-me uma combustão que não pode ser
contida com nenhum banho frio. Seu olhar me
instiga, desafia e seduz.
Em busca de disfarçar o quanto mexe
comigo, sorrio de volta com um ar de pouco caso,
mantendo o meu olhar diretamente no seu. Dimitri,
com a sua confiança inabalável, não parece se
importar com a minha reação indiferente.
— Não me queria, Safira? Estou diante de
você — diz e sua voz ecoa de forma gradativa em
minha mente, acendendo cada célula de meu corpo
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que queima, desejando-o. — Em vez de ficar na


porta, me olhando tão mortalmente a cada
provocação, entre. Me prove o quanto me quer, é
para isso que estamos aqui.
Ele não cansa das provocações e, mesmo
agora na sua frente, ele me desafia sem pudor ou
objeções. Não sei por que esperava algo diferente.
Estreito os meus olhos para ele, deixando minha
boca em uma fina linha. Ele ri e não sei com o que
se diverte tanto às minhas custas. Isso é só um
divertimento para ele, ver-me irritada.
Dimitri ergue seu corpo, endireita-se e abre
seus braços para apoiá-los no encosto do sofá.
— O que foi? Que cara de poucos amigos.
É este o seu limite de coragem ou orgulho? Se é só
isso que tem para mim, pode ir. Mas, se me quer de
verdade, entre, feche a porta e me mostre isso —
diz firme. Ele mais parece um cafetão do que um
acompanhante de tão abusado e ousado que é. Ele
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se mantém relaxado, embora me olhe fixamente,


analisa cada passo que dou. Passa a ponta da língua
nos lábios enquanto sorri, como o próprio demônio
provocando e induzindo-me ao pecado.
— Não é você o acompanhante de luxo? —
indago sorrindo mordaz. Ainda que o deseje, ainda
que esteja ansiosa para tê-lo — e ele infelizmente
sabe disso —, orgulho é algo complicado. Então eu
o alfineto. — Terei que fazer o seu trabalho… por
você?
— Com raiva, querida? Se lembro bem, não
quer um cavalheiro e sim um homem que te foda
com gosto. Nós dois sabemos o quanto gosta disso,
se não você não estaria aqui — afirma. Desencosta
do sofá, inclina para frente e apoia seus braços em
suas pernas, ganhando assim um ar mais perigoso.
— Para que saiba, não deixarei você fazer o meu
trabalho. Eu sou um profissional, como você bem
disse.
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— Por que ficaria com raiva? — indago


dando um passo em sua direção. — Mesmo agora,
parece que não o inspiro o suficiente nem sequer
para levantar seu traseiro desse sofá e vir
decentemente até mim.
Ele me olha estranhando um pouco o que
acabei de dizer. Observa-me de cima a baixo e
então volta a sorrir, como se fosse uma criança
brigando com um adulto.
— Estamos casados e eu não sabia, Safira?
Repito. Não foi você que disse que não precisava
de um cavalheiro? Não devo obrigações a você.
Fora lhe dar prazer enquanto te fodo com força,
claro. — diz, mas ao ver minha expressão de "Que
bárbaro!" ou "Que afronta!", ele gargalha. Levanta-
se e caminha até mim sem pressa. — Ok, muito
forte minhas palavras para você, my lady. Não é um
pedido impossível, afinal sendo adulta como é,
imagino que tenha usado estes seus delicados dedos
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para se tocar... enquanto pensava em mim. Quero


ver.
— Você... — bufo, estreitando os olhos
para ele.
— O que foi? Ponto para mim? — diz em
um murmúrio, já diante de mim. Forçando-me a
olhar para cima. — Sei o quanto pode ser ousada,
Safira.
Passa uma mão pela minha cintura, colando
o meu corpo no seu. É um canalha... um maldito...
E... Sua ereção contra minha barriga cala os meus
pensamentos e perco a linha de raciocínio, ao
mesmo tempo em que o encaro.
Seus olhos me observam em um silêncio
íntimo, agora mais sérios, sem jogos, sem
provocação. Concentrado, ele olha cada traço da
minha face como se me venerasse. Sua outra mão
vai até o meu rosto, acaricia-o e desliza o polegar
para dentro da minha boca, com suavidade. Logo
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em seguida, ele o tira e aproxima seu rosto do meu,


ficando apenas a alguns centímetros.
Meu coração bate como louco e minha
respiração falha, meus pensamentos ficam
dispersos. Apesar do tempo sem nos vermos, este
traço dele não mudou. Continua brincando comigo.
Mudando drasticamente de personalidade, como se
tivesse mil pessoas dentro de si. Observo-o morder
os próprios lábios, enquanto sinto o hálito quente
batendo em meu rosto.
— Hoje, serei seu, Safira — sussurra,
fazendo-me sentir o peso sensual de suas palavras.
Sua frase me atordoa, trazendo-me a
realidade, provocando uma forte fisgada em meu
peito. Mesmo agora, ele está sendo consciente,
sincero e aparentemente preocupado. Não posso
acreditar na verdade que meus ouvidos ouvem, mas
sou forçada a acreditar na verdade que seus olhos
me passam. Por isso, aceito tudo o que ele tem a me
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oferecer.
— Tudo bem... Não seria idiota de esperar
nada além disso de você, não se preocupe —
Embora minhas palavras estejam soando amargas
ou debochadas, sinto-me tremer por dentro e
apenas uso desse meio numa vã tentativa de
proteger meu coração. Levo a minha mão aos seus
ombros e fico na ponta dos pés para mordiscar os
seus lábios. — Se hoje será meu, então o que
espera para me fazer sua? Ou este pau duro contra a
minha barriga também é uma irremediável mentira?
— Safira, sei que pensa o contrário, mas
nunca menti para você. Como já te disse, tenho que
te relembrar agora. Quando sair por aquela porta, já
não serei mais seu.
— Está falando isso para mim ou para você
mesmo? — rebato firme e ele sorri contra a minha
boca. — Você sabe que tenho dinheiro para pagá-
lo, por que se incomoda?
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— Não é o que fiz com você, é o que não


fiz. Não ainda... — diz enquanto afasta seu corpo
do meu. Mas não antes de murmurar — Vá para
aquele sofá e se toque para mim. Não estou
cobrando nenhum pagamento. Quero-a como um
homem quer uma mulher, não como o
acompanhante Dimitri. É isso que estou dizendo.
Só... faça isso.
De alguma forma, ele parece vulnerável e
por fim concordo.
— Ok...
Vou até o dito sofá e abro o sobretudo com
o qual vim, revelando o meu corpo protegido por
um fino e quase transparente vestido de amarras.
Começo a desamarrá-las uma por uma. Ele quer
assistir, eu lhe darei bons motivos para que, mesmo
que queira, não consiga tirar os olhos de mim.
Fico, no fim, com o vestido aberto na frente,
parecendo não mais que um simples robe, deixando
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à vista o meu sutiã de renda branca, uma cinta liga


do mesmo conjunto e uma pequena peça branca
que cobre o meu sexo. Sento-me no sofá com ele de
frente para mim e lentamente abro as minhas
pernas, enquanto mantenho o meu olhar fixado no
seu.
Levo a mão por um caminho lento através
minha barriga acariciando-a até chegar no limite da
cinta liga. Passo por cima da peça, enquanto
continuo descendo até minha mão cobrir a minha
intimidade. Sobre o fino tecido da calcinha, começo
a me acariciar. Mordo os lábios enquanto mantenho
nosso olhar preso e com a mão livre toco meu seio
e puxo um pouco o sutiã. Revelo e começo brincar
com o bico do meu seio, intercalando com apertos.
Vejo Dimitri engolir em seco, olhando atento a
cada movimento que faço. O fogo que vejo em seus
olhos, e sem dúvidas no volume da sua calça, me
deixa com o ego lá em cima. Porém não quero meu
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ego, e sim ele em cima de mim. Enlouquecido.


Toco-me mais, jogo a cabeça para trás
fechando os olhos, entrego-me às sensações do
toque e do seu olhar que me queima a pele. Coloco
a calcinha para o lado e lentamente penetro apenas
um dedo na entrada úmida. Mantenho o vai e vem
por tempo suficiente para que eu chegue ao ápice.
Neste momento faço questão de abrir os olhos, e
afrontosa o fito.
Percebo sua respiração atordoada como se
seu controle estivesse minando. Ele vem então até a
mim com passos largos e, chegando bem perto,
ajoelha-se e cobre a minha mão com a sua. Arfo ao
sentir seu dedo longo me penetrando junto com o
meu. Neste momento não posso mais me conter e
gemo com o prazer alucinante.
— Não fode comigo, Safira — diz
inclinando-se sobre mim, quase colando nossas
bocas.
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— O que foi? Queria me ver... e viu —


Sorrio, matreira, movendo o meu quadril, buscando
por mais já que obviamente me tocar não é o
suficiente. — A pergunta que eu faço é: quanto
tempo você ainda continuará com as suas roupas?
— Não mastigue o meu raciocínio,
mulher... — reclama, enquanto perde o controle e
me beija profundamente, tomando meu gemido e o
meu ar. Ele retira a mão da minha entrada levando
a minha com a dele e volta a falar: — Abra a minha
calça, pois eu quero foder essa sua boca, nervosa.
Suas palavras sujas e pesadas me
surpreendem, mas não tanto quanto o desejo de
tornar realidade o seu pedido. Passar a língua por
ele nunca me pareceu mais atraente. Assim,
obedeço o seu comando. Abro a sua calça e vejo o
volume contido pela cueca. Com cuidado e medo
de machucá-lo, enfio a mão dentro da sua cueca e
puxo o membro ereto e pulsante para fora.
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Impressiono-me com o seu tamanho e


espessura enquanto ele se levanta novamente me
deixando cara a cara com o seu pênis. Tímida, mas
muito desejosa, me aproximo e seguro a sua base
com a mão. Olho em seus olhos, umedeço os lábios
e passo a língua em sua glande, rodeando e
chupando a ponta enquanto fito os seus olhos.
Sinto-o pulsar mais contra a palma da
minha mão e o corpo do homem diante de mim
estremece. Escuto o seu gemido rouco e,
impulsionada pela sua reação, tomo o seu pênis
todo na boca, levando-o até o fundo da minha
garganta, para logo depois voltar sugando,
arrancando de Dimitri outro rouco e alto gemido.
Ao mesmo tempo em que promovo esses
estímulos com a boca, movimento a sua base,
deixando-o cada vez mais excitado. Delicio-me ao
enlouquecê-lo.
— Ah! Safira... — diz em um baixo
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rosnado. Dando um passo para trás ele afasta-se de


mim, oferece a sua mão e instintivamente a seguro
e então ele faz com que eu fique em pé diante dele.
— Fique de quatro neste sofá...
— Safado... — comento o óbvio e vejo em
sua face um sorriso travesso. Um sorriso que
provavelmente nunca mais vou conseguir esquecer.
Talvez, vir aqui, assim como da primeira vez que
fui atrás dele, não foi a mais genial das minhas
ideias, mas foi completamente irresistível.
Com delicadeza, já que fico parada olhando
para ele, ele guia o meu corpo. Fazendo com que eu
fique de joelhos sobre o sofá, um pouco inclinada
com uma das mãos no encosto. Percebo que meu
traseiro fica parcialmente exposto com o
translúcido vestido. É, aliás, exatamente isso que o
vejo fitar com admiração.
— Claro que sou safado e é por isso que
você está aqui, molhada e sedenta por mim... —
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diz, começando a tirar o vestido do meu corpo.


Primeiro do braço que não uso de apoio e logo
depois mudo o apoio de um para o outro para que
ele possa deslizar o tecido e jogá-lo longe. Assim
que termina, ele faz com que eu apoie as duas mãos
no encosto, deixando-me ansiosa esperando a sua
invasão, mas isso não acontece.
Olho para trás, curiosa, no momento exato
em que ele se inclina e se abaixa para ficar com um
dos joelhos no chão e com a outra perna de apoio.
Morde com força minha nádega e, pela pressão, sei
que é o suficiente para me deixar marcada. Pelo
visto, ele gosta de marcas e, se todas forem com
esse desejo, não me incomoda nem um pouco ser
marcada mais algumas vezes.
Antes que eu possa pensar em mais alguma
coisa, Dimitri passa a língua sobre o tecido de
renda em meu sexo completamente molhado. Seu
movimento, faz todo o meu corpo estremecer.
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Dimitri repete o processo incontáveis vezes até que


arqueio minhas costas e empino a minha intimidade
o máximo que consigo, em busca de mais.
— Dimitri, por favor... — choramingo —
Não me torture mais, não preciso de preliminares.
— Não se preocupe, terá o que quer e não
vamos sair daqui tão cedo, se prepare. — diz
enquanto passa a ponta dos dentes pelo tecido fino
e encharcado que me cobre.

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Dimitri morde o fino tecido com cuidado e


então o puxa para o lado. Com suas mãos, faz-me
abrir as pernas para ter total acesso e, então,
começa a chupar o meu clitóris. Trêmula e
ofegante, seguro com força no sofá. Arfo quando
ele mordisca o meu nervo e em seguida volta a
acariciar com lambidas suaves. A sua tortura se
mantém por minutos, levando-me ao delírio,
brincando com a minha mente e o meu raciocínio.
Em determinado ponto, ele foca apenas na
minha entrada enquanto leva uma de suas mãos até
o meu clitóris. Acaricia e belisca o meu ponto,
enquanto sua língua me penetra incessantemente,
sem descanso. Quase imediatamente, gozo em sua

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boca, arfando e gemendo, sentindo todo o meu


corpo tremer e, desta vez, sem me preocupar com
os gemidos e grunhidos altos que emito.
Ele novamente se afasta e me deixa ali,
confusa e atordoada, querendo-o. No entanto,
quando escuto o som do papel laminado sendo
rasgado, anseio e arfo em expectativa.
Quando ele retorna, sinto suas mãos se
espalmarem em minhas nádegas, segurando e
apertando-as com força um pouco antes de dar um
forte tapa. Certamente ficarei com os seus cinco
dedos marcados em meu bumbum. A penetração
vem logo em seguida, forte e profunda. Seus
movimentos são firmes, saindo quase todo para
novamente entrar de uma vez, permitindo-me sentir
toda a sua extensão.
Uma de suas mãos deixa a minha nádega e
segura os meus cabelos com firmeza, mantendo os
seus movimentos. Quando acho que vou novamente
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gozar, ele diminui as estocadas e eu, em meu desejo


por mais, rebolo loucamente. Sou surpreendida
quando ele deita seu corpo sobre o meu e morde a
curva do meu pescoço.
— É bom que apenas isso não a satisfaça.
Pois somente isso não vai matar a minha fome de
você, my lady. — diz lascivo ao pé do meu ouvido.
Sua voz me faz sentir uma onda de prazer tão
intensa que gozo, emitindo sons e gemidos sem
nenhum resquício de pudor.
Com meu coração batendo forte em meu
peito, tento controlar a minha respiração. Dimitri
saí de mim, segura o meu braço, guia-me para que
saia do sofá e me vira de frente para ele. Ele me
segura pela cintura e desta vez, ao contrário
daquela noite no jardim, passo minhas pernas ao
redor do seu quadril. E então ele dá alguns passos
carregando-me para algum outro cômodo do
apartamento.
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Eu poderia matar a minha curiosidade e


espiar por todo canto, mas, mesmo já tendo gozado
duas vezes, ainda quero mais. É como se nunca
fosse o suficiente. Tomo então este momento para
provocá-lo também, mordendo e lambendo a curva
do seu pescoço, sentindo o seu gosto e a textura de
sua pele. Vou brincando e saboreando até a sua
orelha e então sussurro:
— Me pergunto qual dos dois se dará por
satisfeito primeiro.
Escuto o seu riso baixo. Contudo, em vez de
falar qualquer coisa, ele me surpreende ao me
apoiar em uma pilastra, voltando a me penetrar com
força, tão rijo quanto no início, se não mais. Sinto
um pouco de dor em meio aos seus movimentos
impiedosos e viris. Ele leva uma das mãos até o
meu sutiã e o puxa para baixo, deixando meu seio
exposto para que o abocanhe. Seus lábios sugam o
bico e depois o solta, deixando-me em êxtase
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enquanto me olha fixamente nos olhos.


— O que você esquece, meu a... — Ele
hesita e então continua. — Minha querida... É que
trabalho em algo que me exige ficar duro durante
muito tempo assim... Sem gozar. E você? Já gozou
mais de uma vez. Eu ainda não.
No momento não sei se tomo como uma
afronta e lhe respondo ou se dou risada dele. Mas
nenhuma das duas ações se fazem possíveis quando
ele me preenche novamente, tirando-me as
palavras. Mas, desta vez, mantém o pênis todo
dentro de mim e volta a me segurar com força,
colocando as mãos no meu quadril.
Percebo que me leva em direção à sua
cozinha e me pergunto: qual foi a ideia genial de
me trazer aqui quando deveríamos ir para o quarto?
Mas ele me surpreende ainda mais quando passa
pela cozinha e entra em uma pequena porta que dá
acesso a uma grande sala com um divã e um piano
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de calda. Alguns tapetes muito fofos. Algumas


estantes de livros e outras coisas. Desta vez, não
contenho a curiosidade de olhar já que a situação é
no mínimo diferente.
O cômodo quase não tem janelas se
comparado às que tomavam quase toda a parede da
sala. Dimitri me põe sentada sobre o piano, afasta-
se e vai até a estante. Logo o som de uma música
conhecida ecoa no ambiente, mas, ao invés de criar
um clima íntimo, me faz ficar ainda menos
desinibida.
— Qual a sua ideia, Dimitri? — digo
apoiando meus braços no piano, ficando levemente
inclinada para trás enquanto cruzo as pernas.
Totalmente desinibida, mas curiosa como uma
criança.
— Essa vida me trouxe coisas que viraram
uma paixão... Mas simplesmente pensei que nunca
foi fodida em cima de um piano, princesa. E se foi,
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vou fazer com que se apague esta lembrança, sendo


preenchida por mim. — diz voltando-se para mim.
Sua excitação se destaca, mas não perco o senso de
humor.
— Parece um demônio íncubo caminhando
em meio às sombras... Menos com a parte da
música do Eminem e da Rihanna de fundo — digo,
rindo bem-humorada, enquanto ele descruza as
minhas pernas e se põe entre elas. Desliza
calmamente a mão pelo meu corpo, deixando-me
em chamas, em seguida, ele me dá um meio abraço,
apenas o suficiente para abrir o fecho do meu sutiã.
— E a princesa conhece a música? Isso me
supreende — diz calmo e também divertido,
tirando o meu sutiã pelos meus braços.
— Sou socialite, não uma alienada do
mundo — retruco.
Ele ri, leva a mão ao meio dos meus seios e
me empurra com cuidado para que eu me deite
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sobre a tampa do piano. Ele acaricia meu corpo,


descendo para a minha cintura, corrigindo o meu
corpo para logo depois me penetrar. Desta vez com
cuidado, gentil, mas eu vejo em seus olhos uma
luxúria nem um pouco serena. Movendo-se contra
o meu corpo, suas mãos voltam à curva dos meus
seios massageando e brincando com eles.
Coisa que não se prolonga muito tempo,
pois, nessa serenidade, percebo que sua mão desce
para uma de minhas pernas e a levanta, fazendo-a
ficar apoiada sobre o piano. Dimitri aumenta os
movimentos e as estocadas vão cada vez mais
fundas, chegando ao ritmo em que estávamos no
sofá. Meu gemido ecoa por todo o ambiente e, com
sua mão livre, segura o meu quadril para que não
saia desta posição.
Minutos se passam nestes movimentos
intensos e, mesmo que eu tente evitar, acabo
gozando novamente. No entanto, faço de tudo para
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não demonstrar.
Ele diz que aguenta muito tempo fazendo
sexo e quero saber o quanto. Nesse pensamento,
tenho uma súbita ideia, perversa. Uso do meu pé
que está na tampa do piano e o levanto fingindo
que vou apoiar em seu ombro, em uma nova
posição. Para isso ele diminui os movimentos e dá
chance para a minha pequena travessura.
Apoio o pé no meio do seu peito — com o
detalhe que continuo com o salto alto — e o
empurro com força. Ele, surpreso, perde o
equilíbrio e caí em um dos tapetes olhando-me
intrigado. Ou no mínimo como se eu fosse louca.
Não nego, estou louca para assisti-lo gozar...
— Você já escolheu muito e agora é a
minha vez — digo descendo do piano e indo até
ele. Abaixo-me na beirada do tapete. Meu corpo
dói, minha intimidade está pulsante e sensível ao
toque, minhas pernas um pouco cansadas, mas nada
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que me impeça de continuar.


Engatinho até chegar à sua barriga, passo as
unhas pelas suas coxas fazendo-o se arrepiar.
Brinco com esta sutil carícia até tomar o seu
membro com a mão e colocá-lo todo na boca e
então o chupo mais uma vez. Não vou lhe dar mais
atenção do que isso, mas é sempre tão excitante ver
a entrega, seu arfar e olhar de desejo e expectativa.
Sinto-me cada vez mais maliciosa e perversa a cada
instante. Ver seus músculos se contraírem e o seu
corpo molhado de suor não ajudam nem um pouco
a ponderar-me.
Solto o seu membro e engatinho até ficar
completamente sobre o seu corpo, com as pernas ao
lado do seu quadril e as mãos ao lado de sua
cabeça. E então me sento sobre seu membro, que
entra com facilidade, mas, ao contrário dele e suas
estocadas, começo a rebolar descendo lentamente
para então subir com o mesmo movimento.
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Dimitri geme e leva a mão às minhas


nádegas. Acabo pegando o embalo do seu prazer,
subindo e descendo, sentindo toda a extensão,
vendo-o à beira de um orgasmo. Mas, no instante
em que percebo que ele está tomando o controle,
paro os meus movimentos e me ergo, ficando
sentada sobre ele. Dimitri me olha inebriado pelo
prazer enquanto me assiste voltando a tomar o
domínio da situação. Apoio minha mão sobre a sua
barriga e começo a cavalgar, sentindo-o me
preencher até o fundo. Gemo e ele me acompanha.
Brinco com o seu juízo até o máximo que eu
mesma consigo suportar. E, desta vez, nos
entregamos juntos em abandono ao gozo.
Acabo caindo cansada sobre ele, sentindo
meus braços moles e minhas pernas também. Ele
me abraça e por algum tempo ficamos ali, com ele
ainda dentro de mim, acariciando a minha coluna,
enquanto estou deitada sobre o seu peito, escutando
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o seu coração fora do ritmo. O momento seria


romântico, se não fôssemos nós nesta situação. Se
não fosse nossa história que não tem futuro, uma
noite de prazer e nada mais.
Ficamos na verdade um bom tempo nesta
posição nos negando a nos soltarmos. Descansando
ou pensando, os dois ao mesmo tempo, o que, na
verdade, não importa mais. Este carinho não faz
bem ao meu coração e, quando eu for embora, isso
tudo vai acabar e será só uma lembrança agridoce.
Um sonho a mais para me assombrar, um
sentimento que não devo alimentar em minha
mente e coração.
Ele é um acompanhante de Luxo. Ele vai
dormir com tantas outras mais, vai tratá-las com
carinho e delicadeza, da mesma forma que me trata
agora. Não sou especial, não sou o amor dele. Sou
só mais uma que se entregou de corpo e alma sem
perceber.
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Ele disse que seria ele mesmo hoje. Ele


deve falar isso para todas. Pensar assim nem é
insegurança minha. A questão é que todos gostam
de exclusividade e ele é bom em mentir para
agradar. Reafirmo, eu não sou diferente de qualquer
outra. Eu o vi numa festa, gostei, quis transar com
ele loucamente e consegui. Agora estamos aqui e
eu estou sem coragem de levantar e ir embora.
Se ele não fosse um acompanhante de Luxo.
Se eu pudesse simplesmente saber que ele sente
algo real por mim, eu me permitiria ser egoísta,
sem correr o risco de ser ridícula, e pedir para que
deixe tudo e fique comigo.
— Durma aqui esta noite. É tarde e amanhã
é minha folga — Escuto ele dizer e parece conversa
de filme romântico. Novamente, reafirmo a mim
mesma que nós não combinamos com isso. Mas
passar a noite não seria tão mau. Poderemos
aproveitar o máximo possível, sem
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arrependimentos.
— Dormir? Está cansado? — digo com
humor debochado, dissimulando os meus
pensamentos. — Ah! Senhor acompanhante,
feiticeiro, demônio... Eu esperava mais de você.
Levanto a cabeça sorrindo e apoio meus
braços sobre o seu peito para então apoiar o meu
queixo e não machucá-lo. Ele me olha, ergue uma
sobrancelha e ri, deixando sua cabeça cair e bater
de leve no chão.
Até umas quatro da manhã, falamos a
língua da nossa boca. Entregamo-nos ao desejo de
formas loucas, sem mais desculpas, apenas a
paixão. Marcamos nossos corpos, rimos e nos
entregamos até a exaustão. Quando deitamos muito
cansados em sua cama para enfim descansarmos,
inevitavelmente minha mente voltou a funcionar e,
então, dei-me conta que meu corpo nunca esteve
tão cansado.
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Quando chegar em casa, pensar é o que não


conseguirei deixar de fazer. Recordar esta noite
infinitas vezes. Tendo as marcas de sua mão e boca
e a minha intimidade dolorida como prova. Pensar
vai me torturar, mas por hora vou sentir isso, resta-
me viver esse momento. Pois tudo passa e, mesmo
se não passar, aprendemos a conviver com isso.
Afinal, isso será o mais próximo de algo real que
vou sentir. Imagino que com quem eu vá me casar
algum dia, não sentirei metade das sensações que
ele me provocou. Não me assombrará os sonhos,
não me cativará como Dimitri… Mas é isso. Um
tanto entristecida, adormeço sentindo o seu cheiro.
Contudo, por estar fora de casa,
involuntariamente acabo acordando poucas horas
depois. Seu coração bate mais calmo e imagino que
ele deva estar dormindo profundamente...
Eu devo ir embora, eu já deveria ter ido
embora.
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Levanto-me tateando na cama e sinto a sua


mão segurar o meu braço, viro-me para olhá-lo e
ele tem círculos vermelhos ao redor dos olhos,
como se não tivesse dormido. Sorrio com certa
ternura, aproximo-me para dar-lhe um beijo casto e
ele aceita em silêncio.
— Gostaria que a situação fosse outra, seria
maravilhoso se nos tornássemos um casal. As
noites seriam bem loucas, mas... Acho que para
você todas elas são, não é? Acho que já escutou
isso milhares de vezes, não vou complicar. Apenas
desejo que seu sucesso se mantenha em sua
carreira, Dimitri. Agora, eu vou voltar para a minha
vida. — Sorrio tirando a sua mão do meu braço. —
Quando nos encontrarmos novamente, não serei
mais a sombra do meu pai. Aquela que você chama
de princesinha socialite. Obrigada por tudo.
Levanto-me e vou atrás das minhas vestes,
ele não me impede. Fica em seu quarto e acho bom.
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Assim fica mais fácil ir embora. Mas, seja como


for, não devo olhar para trás. Eu sou a senhorita
Rollins, coração de gelo, não é?! Tudo que fiz foi
porque eu quis e viverei sem arrependimento
algum.

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POR DIMITRI PETROV


Após transarmos, Safira adormeceu
cansada. Nossos corpos colados, suados e juntos.
Em um maldito encaixe perfeito do seu corpo
delicado contra o meu. Não é como se isso me
fosse uma novidade pra mim, mas a sensação que
tenho ao lado dela é inédita e me assusta. Engulo
em seco e o dia está nascendo, não consigo dormir.
Minha mente ficou dando voltas em pensamentos e
todos eles me levavam a ela.
Como gosto de brincar com sua mente,
como gosto da sua reação quando sou um cafajeste,
também a forma clara e límpida com a qual ela
reage a cada provocação minha. O seu jeito e

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cheiro brincam com a minha mente, ela é sempre


tão suscetível a mim. O olhar de Safira durante o
tempo em que passamos juntos nesta cama, ou
mesmo antes disso, fora dela, não era só desejo.
Não é como se apenas eu visse através dela o que
sentia realmente. É como se ela me visse também.
E ela realmente me viu. Viu meu eu verdadeiro,
antes de saber quem eu era.
De alguma forma, uso dos meus
conhecimentos, uso e abuso do meu lado bom e
mau apenas para brincar de irritar a garota que
tanto mexeu e mexe comigo, como um adolescente.
A que ponto chegamos?
Até que, de repente, ela acorda e se levanta.
Deduzo que para ir embora. Neste pensamento, a
minha mão é mais rápida que o meu juízo e, então,
seguro o seu braço.
Meu cérebro diz que já passou da hora de
nos separarmos, que não deveria ter pedido para ela
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passar a noite comigo. Mas pedi e agora estamos


aqui, com meu corpo simplesmente dizendo um
foda-se ao meu lado racional. Para terminar de me
foder, ela me dá um sorriso, aproxima-se e toca os
seus lábios nos meus em uma carícia doce. Tudo
que posso fazer é aceitar e permanecer parado,
tentando não fazer nada do que eu possa me
arrepender depois.
— Gostaria que a situação fosse outra, seria
maravilhoso se nos tornássemos um casal. As
noites seriam bem loucas, mas... — Sua voz está
trêmula, ela está lutando como sempre... tão clara.
Mas não sou alguém para se amar... — Acho que
para você todas elas são, não é? Acho que já
escutou isso milhares de vezes, não vou complicar.
Apenas, desejo que seu sucesso se mantenha em
sua carreira Dimitri. Agora, eu vou voltar para a
minha vida. — Ela sorri e se liberta de mim. —
Quando nos encontrarmos novamente, não serei
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mais a sombra do meu pai. Aquela que você chama


de princesinha socialite. Obrigada por tudo.
Ela se levanta da cama, arruma-se e sai sem
a menor pretensão de olhar para trás e eu sei disso.
Aquele último olhar e sorriso que me dá, já diz
tudo. Não tem piada ou algo a mais que eu possa
dizer assim que confirmo que ela saiu do
apartamento e não irá mais voltar. Há um nó
indigesto em minha garganta.
Levanto-me e vou para a janela, olho a
cidade pensativo.
— É Abygail, você sempre esteve certa. —
murmuro. — Tenho todo o dinheiro e poder, passei
por tudo isso... Eu cheguei aqui. Cresci e não tem
uma pessoa na cidade que me faça baixar a cabeça.
Contudo ver as costas daquela mulher, que
teve a capacidade de fazer tudo que era contra as
normas e ainda ter orgulho suficiente para erguer o
queixo e ir embora sem pestanejar, provoca uma
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revolução em meu interior... Pensar que aquela


garotinha se tornaria essa mulher tão segura de si.
Acho que Dom ficaria orgulhoso.
Não consigo ver mais nada daquela criança,
mas também não existe nada daquele rapaz, não é?
Mas...
Olho para o lado e me deparo com os
mandamentos de Abygail que mantenho à vista,
como uma lembrança de que foi seguindo-os que
me tornei tudo que eu sou. Ou melhor... quem me
tornei. Vou até o quadro e o pego para reler, mas
paro no oitavo mandamento.
Oitavo: se em algum momento você se
apaixonar, pare. Pode ser que isso nunca mais
aconteça. É hora de se aposentar, mas tenha
certeza de não estar sob o mesmo efeito que você
provocou.
Olhando o retrato, sorrio. Abygail pensou
em tudo. Sorrio dando um pequeno tapa no quadro.
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Será que em algum momento minha admiração por


essa mulher genial diminuirá?
Com dinheiro ela me construiu, educou e
fez de mim um novo eu. Usarei dos conhecimentos,
poder e riquezas que reuni para fazer Derek voltar a
existir. Mas não posso e nem vou virar as costas
para Abygail, eu a tenho como mãe. Vou até a
cômoda, pego o telefone e ligo para a Abygail, que
atende com a voz sonolenta:
— Alô, Dimitri? O que você quer?
— Temos que conversar, tenho uma
proposta.
— Imaginei que mais dia ou menos dia isso
aconteceria. Você é como o filho que nunca tive,
Dimitri. E tenho orgulho de você. Venha em uma
hora — diz ela agora mais desperta.
Ela desliga a ligação na minha cara. Admiro
esse talento feminino de jogar frases no ar que
causam um efeito imediato em minha consciência e
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me alertam dos resultados que receio.


Neste encontro com Abygail, ofereço uma
sociedade, uma parceria, ou qualquer coisa que ela
quiser chamar, para que a empresa tenha mais uma
ramificação, focada na moda. Através de fotos e
modelos para o ramo mais sensual. Nada de regras
de magra demais ou gorda demais. O sensual de um
modo integral. No final, não sairia do meio.
Investiria o meu capital, mas Dimitri iria
morrer e voltaria a ser Derek. Ela ficou pensativa e
no fim concordou, pois olhou bem nos meus olhos
confirmando que me apaixonei. Mas acrescentou
que “era bom realmente valer a pena”.
Os meses passaram e durante este tempo
trabalhei como um louco, reerguendo o meu
verdadeiro nome juntamente com essa filial.
Teríamos que fazer um grande evento para
inauguração da filial voltada para alcançar um
público mais extenso. A filial tomou um rumo
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muito maior do que o esperado devido à


empolgação e ao empenho de Abygail com esse
novo empreendimento.
Através da imprensa, vejo que Safira fez o
mesmo nestes mesmos meses em que me
empenhei. Cresceu e saiu da sombra de seu pai,
como disse que faria. Independente e forte, tornou-
se uma promissora promotora de eventos.
Ligo para a empresa e marco uma hora.
Arrumei uma boa secretária para manter o contato
com ela no meu lugar, pois queria causar impacto
no nosso reencontro e nada seria melhor que um
baile de máscaras. Ainda no mesmo local que nos
encontramos a primeira vez.
O tempo passa e, a algumas horas antes do
baile, sinto-me nervoso e ansioso, mas nada me
impedirá de tê-la para mim.
Coloco minha máscara negra e aguardo
impaciente, até que a vejo. Com um vestido branco
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e uma máscara branca com detalhes de cristais


sutis, que brilham dando a ela um destaque
fenomenal.
Desta vez, quando o olhar dela pousa sobre
mim, não saio do seu campo de visão. Apenas
sorrio e vou até ela. Safira me olha surpresa. Seus
olhos estão brilhantes e ela murmura:
— Você…? — ela diz em um fio de voz,
tossindo e retomando a postura. Logo em seguida,
repete. — Você?
Ela me faz sorrir e respiro fundo. Seguro
com gentileza a sua mão e a levo até a minha boca
para depositar um beijo. Queria dizer apenas: eu
senti sua falta. Mas digo:
— Sim, Safira. Eu. E dessa vez não
enrolarei com floreios. Eu me apaixonei por você.
— Olho fixamente em seus olhos para não dar
vazão para dúvidas. — Fica comigo.
Ela sorri, todos olham, os paparazzi terão
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uma bela manchete. Contudo já não me importa o


mínimo. Eu fiz tudo, estou aqui por ela.
Ela se aproxima de mim, corada e um tanto
emocionada.
— Me apaixonei por você também e você
sabe disso — diz ela matreira, estreitando os olhos
para mim. Isso me provoca um riso baixo. —
Agora sou dona de mim. Não sou mais a sombra do
meu pai, não tenho motivos para me lamentar. Sei o
que quero, sei o que sou e principalmente o que não
sou. Orgulhosa e possessiva, Dimitri. Se me quiser
terá que largar tudo sobre ser acompanhante de
luxo. Ser meu, por inteiro e absoluto. Sou egoísta,
não divido o que é meu. Mas se não estiver
disposto, saia de vez da minha vida, mente e
coração.
— Me chame de Derek. — Ela me olha
surpresa ao se dar conta da situação, ligando os
pontos. Passo a mão em sua cintura, puxando-a
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para mim e me abaixo para quase colar os nossos


lábios — Dimitri não existe mais. Eu amo você,
Safira.

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No primeiro livro da Amazon que lancei


(Perfeito Azarado) nos agradecimentos falei sobre
amizade e anjos em minha vida. Reforço as minhas
palavras, pois sem minhas amigas, sem leitoras,
sem minhas parceiras não estaria aqui.
Agradeço ao meu marido, mesmo que neste
livro não tenha feito parte, algumas observações
dele em nossas conversas me inspiraram.
Agradecimento especial as minhas betas e
amigas que ajudaram tanto em todo o processo.
Companheiras para todas as horas. Jéssica Larissa,
Eveline K., Christine King, Letti Oliver e S.A.
Sant'ana.
Por último e não menos importante.
Agradeço à vocês, que leram.
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