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A constitucionalidade das punições disciplinares da Polícia


Militar da Bahia
A constitucionalidade das punições disciplinares da Polícia Militar da Bahia

Rene Sampaio Medeiros

Publicado em 07/2016. Elaborado em 11/2013.

As punições administrativas disciplinares da Polícia Militar da Bahia


que impõem penas restritivas de liberdade estão de acordo com os
princípios constitucionais?

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, em que se quer uma ampla liberdade e o respeito mútuo aos direitos
humanos, bem como uma concentração de direitos de forma a conquistar a paz social e a
união entre os povos, através de medidas sócio-educativas e da segurança jurídica, cujos
mecanismos abrangem vida social, política e econômica das comunidades, não se admite na
sociedade moderna, em especial na esfera jurídica, a utilização de meios de coação que não
tenha respaldo legal. A legislação penal pátria na eficácia da restrição de direito caminha
para a excepcionalidade das penas restritivas de liberdade, todavia o direito administrativo
militar ainda não se adequou à modernidade legislativa, pugnando pelas penas de restrição
de liberdade de seus integrantes, ainda que no campo das transgressões disciplinares.

Instituiu-se, assim, o assunto: A legalidade das penas de detenção no campo do direito


administrativo militar e a competência de seu aplicador.

Este tema promove discussões acerca da possibilidade do direito constitucional pátrio


amparar as penas restritivas de liberdade, no campo do direito administrativo militar e a
competência de quem a aplica e nos possibilita delimitar o tema: Penas restritivas de
liberdade na área da 71ª CIPM/Canavieiras. Justifica-se devido a incansável busca pela
justiça no Estado Brasileiro e vai abordar temas que influenciam no convívio social do povo
brasileiro, bem como a aplicação dos direitos humanos e a garantia individual, do direito a
liberdade.

O problema persiste, haja vista ter respaldo constitucional que, inclusive, veda o habeas
corpus, nas penas disciplinares militares e pode mostrar a instalação do problema: É
competente o comandante para restringir o direito de ir e vir do policial militar no caso de
transgressão disciplinar? Para essa problemática foi possível criar a hipótese sobre a
legalidade constitucional nas aplicações dessa pena e a competência legal de seu aplicador.
O presente trabalho busca informações a respeito da legalidade quanto à aplicação das
medidas disciplinares através de objetivos específicos de: Registrar a quantidade de policiais
sob as punições administrativas no período de 2010 a 2012, na área da 71ª
CIPM/Canavieiras; Analisar a dosimetria da pena aplicada; Analisar as infrações
administrativas dos punidos; Analisar a competência administrativa do policial sancionador
e Analisar os efeitos e eficácia da punição imposta.

A metodologia aplicada será a de pesquisa documental e bibliográfica a verificar em


documentos os princípios constitucionais e legislações infraconstitucionais e deverá ser
dividido em três capítulos. No primeiro trataremos de registros históricos de criação da
Polícia Militar e seus aspectos, as questões legais, a respeito da aplicação da punição. O
segundo ficará com as informações teóricas e legais da aplicabilidade e a vedação do habeas
corpus na aplicação da punição e o terceiro mostrará a aplicação, as consequências praticas
e os efeitos da punição disciplinar.

Buscaremos informações através do texto constitucional, lei infraconstitucional e supra


constitucional, jurisprudências e doutrinas a respeito do tema para entendermos os pontos
críticos do problema, a saber, qual a eficácia da aplicação de medidas disciplinares de
restrição de liberdade, competência legal do sancionador e a dosimetria aplicada.

1.1 A POLÍCIA MILITAR NA HISTÓRIA DA POLÍTICA NACIONAL DE


SEGURANÇA PÚBLICA

O objetivo deste capítulo é trazer fatores históricos que surgiram durante o país no que se
reporta a sua segurança internas, lideradas pelas, hoje polícia militar, cuja autorização legal
está constando no texto constitucional atual, o qual dedicou um capítulo inteiro para se
reportar a segurança pública interna, e nele consta a polícia militar como instituição a fazer
parte desde contexto. Ademais o texto constitucional, ainda apresenta as competências da
aludida corporação.

A história nos mostra que as força militares foram constituídas desde o período colonial,
onde a Coroa Portuguesa detinha sua autoridade sobre o Brasil Colônia, cujo objetivo das
forças era guardar o território, atualmente papel das forças armadas, e fazer a segurança
pública, cujos modelos eram copiadas das metrópoles portuguesas de outros Estados
Europeus.

Porém, com o crescimento da colônia as preocupações começaram a surgir, pois então


começaram a criar cargos e funções dentro da corporação. Escudeiros, espingardeiro,
mareantes, soldados, besteiros, homens de arma e bombardeiro era algumas das funções
dos militares da época, conforme Patrícia Verônica Pereira dos Santos[1]. E adianta a
pesquisadora que as tropas eram formadas por camponeses e filhos arregimentado na sua
maioria à força nas vilas do interior de Portugal e na Zona portuária de Lisboa.

A chegada da família real em 1808 é o marco de caracterização de uma política nacional de


segurança pública. A criação da Casa Real de Bragança e montagem dos serviços necessário
para o funcionamento da Coroa, houve, portanto, a necessidade de se estudar a montagem
de um grupamento a contento a fim de demandar uma segurança mais complexa ao
imperador.

1.2 A GUARDA NACIONAL


Surge como forma de manutenção da estrutura do poder, pois que o objetivo desta era
proteger as oligarquias agrárias. Inicialmente tinha caráter de força auxiliar do exercito, nos
moldes de “Milícia Cidadã”, com critérios censitários e de recrutamento. Algumas das vezes
a guarda nacional se confundiam com as forças nacionais, devido ao seu papel na Guerra do
Paraguai e a defesa das províncias. O termo “Coronel, muito bem conhecida em nossa
região, surgiu da Guarda Nacional, devido à coerção política de quem detinha o poder. 1910
marcou o fim da Guarda Nacional.

1.3 O SURGIMENTO DA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA

O corpo de polícia surgiu por decreto imperial, datada de 16 de março de 1825, mas que
ganhou força na Constituição de 1824. A Carta trazia distinções de funções: Do Exercito,
defensor das fronteiras; As milícias, auxiliares do Poder Judicial, garantidora da ordem nas
comarcas das províncias e as guardas policiais, que tinha a missão de segurança pessoal,
perseguição e prisão dos criminosos. Para o Coronel Azevedo[2] a criação do corpo de
polícia, no ano de 1825, esteve relacionada ao desempenho dos baianos em relação às
resistências contra os portugueses e o reconhecimento do Imperador do interesse da Bahia
em favor da política do governo central. No seu trabalho o autor destaca a presença da
Polícia Militar em diversas batalhas, principalmente na Guerra do Paraguai e na Guerra de
Canudos.

DECRETO IMPERIAL DE 17.02.1825[3]

Manda organizar na Cidade da Bahia um Corpo de Polícia.

Sendo muito necessário para a tranqüilidade e segurança pública da Cidade


da Bahia, a organização de um corpo, que sendo-lhe incumbido aqueles
deveres responda imediatamente pela sua conservação e estabilidade:

Hei por bem,

Mandar organizar na Cidade da Bahia um Corpo de Polícia, pelo plano que


baixa, assinado por João Vieira de Carvalho, do meu Conselho de Ministros e
Secretário de Estado dos Negócios da Guerra.

O Conselho Supremo Militar o tenha assim entendido e o faça executar.

Paço, 17 de fevereiro de 1825.

Com a rubrica de Sua Majestade Imperial

(a) João Vieira de Carvalho”.

No inicio do Século XX começou a se pensar na mudança estrutural da Polícia Militar,


pensando desta feita, numa profissionalização da estrutura da Polícia Militar, criando a
Escola de Instrução. Em 1922 e em 1926 foi criado a Companhia Escola, destinada à
formação de praças da PM BA. Depois foi criando o Centro de Instrução Militar, cujo
ingresso passou a ser mediante concurso. Em 1935, foi criado o Centro de Instrução, criado
em caráter promissório, no Quartel de S. Lázaro. O ato foi publicado em Boletim Geral da
Corporação 162, de 18 de julho do mesmo ano, mas que foi ratificado por decreto do
Governo do Estado n.º 9.731 de 19 de Agosto de 1935, exigindo curso para ingressar nas
fileiras da corporação. No ano de 1940 o Centro de Instrução Militar (CIM) teve seu nome
substituído por Centro de Instrução Técnico Profissional (CITP). A estrutura do Centro era
dividida em três níveis, formação de Oficiais Combatentes e Administrativos, formação de
praças e formação de especialista da corporação.

Em 1º de setembro de 1948, o Governo do Estado publicou o Decreto nº 14.093,


modificando o CITP para o Centro de Instrução da Polícia Militar (CIPM), entretanto a
Escola de Candidatos a Oficial (ECO) permaneceu com a mesma denominação. Em 1953,
através Decreto nº 15.398, de 28 de fevereiro, o novo Regulamento do CIPM foi aprovado,
quando a denominação de Escolas de Oficiais (EFO).

Surgimento da Academia de Polícia se deu no dia 15 de maio ano de 1972, com a publicação
do Decreto nº 22.902, denominando a Escola de Formação de Oficiais de Academia da
Polícia Militar (APM)[4].

Atualmente a Polícia Militar tem em suas estruturas de Escolas de Formação, a de Praças,


chamada de Escola de Formação de Praças e Academia, que formam Oficiais. NO EFAB são
formados soldados, cabos e sargento, além de promover o Curso de Aperfeiçoamento de
Sargento, que o habilita a promoção de sub tenente e a prestar o concurso para o quadro de
Oficiais do Quadro Auxiliar. Já a Academia de Polícia é onde se realiza o Curso de Oficiais,
Aperfeiçoamento de Oficiais, que habilita o oficial à promoção do posto de oficial superior,
Major; e o Curso Superior de Polícia, que possibilita à promoção de Coronel, último posto
da corporação.

Como estudado acima, podemos ver que a Polícia Militar ganhou destaque no arcabouço
jurídico pátrio desde a Constituição de 1824 e na atual tem aptidões aferidas no art. 144, §
5.º atribuindo-lhes a função de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos
corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução
de atividades de defesa civil. O mesmo texto constitucional dá ao Governo do Estado o
comando sobre a Polícia Militar e a edição de lei que disciplinará a organização e o
funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eficiência de suas atividades. Na Bahia a Constituição, as atribuições da PM BA estão
definidas no artigo 148[5].

2 A FLEXIBILIZAÇÃO JURISDICIONAL AS PENAS NO CASO DE CRIME

Relevante trazermos a definição do tipo penal e suas sanções e autoridade sancionadora,


justamente para contrapor o questionamento a cerca das punições disciplinares, que são
meramente administrativas. Todavia, o seu resultado pode se tornar muito mais gravoso
que aquelas.

Em termos jurídicos, a definição de crime é toda conduta típica, antijurídica e culpável,


praticada por determinado indivíduo da sociedade. Já as transgressões disciplinares, na
esfera da Polícia Militar do Estado da Bahia, vem definida no art. 50, §3.º da Lei Estadual
7.990/2001[6], e ela existe quando: “A responsabilidade administrativa resulta de ato
omissivo ou comissivo, praticado no desempenho de cargo ou função capaz de configurar, à
luz da legislação própria, transgressão disciplinar”.

Ademais, o mesmo diploma, em seu art. 51, traz o rol das ditas transgressões disciplinares,
quais sejam:
I - não levar ao conhecimento da autoridade competente, no mais curto
prazo, falta ou irregularidade que presenciar ou de que tiver ciência e couber
reprimir; II - deixar de punir o transgressor da disciplina; III - retardar a
execução de qualquer ordem, sem justificativa; IV - não cumprir ordem legal
recebida; V - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de qualquer
dever, serviço ou instrução; VI - deixar, imotivadamente, de participar a
tempo à autoridade imediatamente superior, impossibilidade de comparecer
ä OPM ou a qualquer ato de serviço; VII - faltar ou chegar atrasado
injustificadamente qualquer ato de serviço em que deva tomar parte ou
assistir; VIII - permutar serviço sem permissão da autoridade competente;
IX - abandonar serviço para o qual tenha sido designado; X - afastar-se de
qualquer lugar em que deva estar por força de . sido transferido ou
classificado e às autoridades competentes nos casos de comissão ou serviços
extraordinários para os quais tenha sido designado; XII - não se apresentar,
findo qualquer afastamento do serviço ou ainda, logo que souber que o
mesmo foi interrompido; XIII - deixar de providenciar a tempo, na esfera de
suas atribuições, por negligência ou incúria, medidas contra qualquer
irregularidade de que venha a tomar conhecimento; XIV - portar arma sem
registro; XV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não regulamentar,
bem como, indevidamente, distintivo ou condecoração; XVI - sair ou tentar
sair da OPM com tropa ou fração de tropa, sem ordem expressa da
autoridade competente; XVII - abrir ou tentar abrir qualquer dependência
da OPM fora das horas de expediente, desde que não seja o respectivo chefe
ou sem sua ordem escrita com a expressa declaração de motivo, salvo em
situações de emergência; XVIII - deixar de portar o seu documento de
identidade ou de exibi-lo quando solicitado; XIX - deixar deliberadamente
de corresponder a cumprimento de subordinado ou deixar o subordinado,
quer uniformizado, quer em traje civil, de cumprimentar superior,
uniformizado ou não, neste caso desde que o conheça ou prestar-lhe as
homenagens e sinais regulamentares de consideração e respeito; XX - dar,
por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou claramente inexeqüível, que
possa acarretar ao subordinado responsabilidade ainda que não chegue a ser
cumprida; XXI - prestar informação a superior hierárquico induzindo-o a
erro, deliberadamente.

No que concerne às punições penais, não vem com caráter punitivo, mas tem objetivo de
ressocializar o indivíduo infrator, as quais estão capituladas no art. 32 do Código Penal
Pátrio, e se divididas em três espécies: Penas privativas de liberdade, detenção e reclusão e
prisão simples, no caso de contravenção penal; Restritivas de direitos, prestação pecuniária,
perda de bens e valores, prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas,
interdição temporária de direitos, limitação de fim de semana e a pena de multa (de caráter
pecuniária).

No campo administrativo há as punições de advertência, detenção e demissão, cujo respaldo


está contido no art. 51 da Lei Estadual 7.990, o art. 55, deste diploma afirma que o
cumprimento da detenção será aplicada em caso de reincidência em faltas punidas com
advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
demissão, não podendo exceder de trinta dias, devendo ser cumprida em área livre do
quartel.

O Juiz é a autoridade competente para aplicar a sanção penal aos indivíduos que venham a
ferir a lei e está a sua disposição uma série de mecanismos e contraceptivos a serem
aplicados ou convertidos no caso de crime. Todavia, quanto à transgressão disciplinar a
autoridade sancionadora é o comandante direto do transgressor, que não dispõe de outro
mecanismo senão os já definidos em lei, adverte, detém, por até trinta dias, ou demite o
transgressor.

Ao Juiz é dado o direito de substituir a pena aplicável ao caso concreto, por outra pena
menos gravosa ao indivíduo, há possibilidade de redução de pena, suspensão condicional do
processo, progressão de regime e outras ações menos gravosas ao infrator. Entretanto, na
esfera administrativa militar é reservado ao comandante aplicar ao caso concreto a pena
pura e simples, apenas podendo observar os critérios de atenuantes e agravantes.

A decisão de punir é uma decisão vinculante, pois o comandante está vinculado à legislação
disciplinar para aplicar a punição disciplinar ao policial infrator, portanto ele não pode
inovar, como, por exemplo, aplicar uma suspensão do serviço, perda do vencimento e etc.
Mas escolher entre as três descritas na norma castrense, quais sejam a advertência, a
detenção ou a demissão. O professor Carvalho Filho ensina que:

Se a situação de fato já está delineada na norma legal, ao agente nada mais


cabe senão praticar o ato logo seja ela configurada. Atual ele como executor
da lei em virtude do principio da legalidade que norteia a administração.
Caracterizar-se-á, desse modo, a produção de ato vinculado por haver estrita
vinculação do agente à lei.[7]

2.1 PUNIÇÃO DISCIPLINAR COMO CASTIGO

Para a compreensão da aplicabilidade punitiva é necessário que sejam estudados os


princípios da reserva legal e o principio da legalidade, pois este difere daquele. Enquanto o
principio da reserva legal prega que não há crime sem lei anterior que a defina, nem pena
sem prévia cominação legal, por exemplo, ninguém pode ser punido por pena ou crime que
não esteja no ordenamento jurídico pátrio. Já o principio da legalidade diz que todos os atos
da administração pública devem ter respaldo legal. Portanto, com alguma diferença há uma
intimidade na aplicação de ambos os princípios quando se fala em ato punitivo do Estado.
Na Polícia Militar da Bahia, por exemplo, existem três atos de punição disciplinar: a
advertência, a detenção e a demissão, fica desta forma o comandante, restrito em aplicar no
caso concreto a punição devida à qual esteja enquadrado o policial militar transgressor,
obedecendo ao principio da reserva legal. Mas, para que a punição seja aplicada o
comandante deve observar alguns princípios constitucionais, de ampla defesa e do
contraditório o devido processo legal, previstos na Constituição da República Federativa do
Brasil e a na Lei 7.990/2001 - Estatuto dos Policiais Militares da Bahia, este, portanto é o
principio da legalidade.

O professor Alexandre de Moraes nos ensina que:


O principio da legalidade é de abrangência mais ampla do que o princípio da
reserva legal. Por ele fica certo que qualquer comando jurídico impondo
comportamentos forçados há de provir de uma das espécies normativas
devidamente elaboradas conforme as regras de processo legislativo
constitucional. Por outro lado, encontramos o princípio da reserva legal.
Este opera de maneira mais restrita e diversa. Ele não é genérico e abstrato,
mas concreto. Ele incidi tão somente sobre os campos materiais
especificados pela Constituição. Se todos os comportamentos humanos estão
sujeitos ao princípio da legalidade, somente alguns estão submetidos ao da
reserva da lei. Este é, portanto, de menor abrangência, mas de maior
densidade ou conteúdo, visto exigir o tratamento de matéria exclusivamente
pelo Legislativo, sem participação normativa do Executivo.[8]

Acaso, a ação punitiva do Estado não esteja enquadrada nos princípios da reserva legal ou
no principio da legalidade, é possível buscar em medidas jurisdicional a fim de anular o ato
administrativo aplicado, pois o remédio do habeas corpus, por exemplo, não pode ser
enfrentado, apenas, quanto ao mérito do ato punitivo, mas na possibilidade de vício de
forma, é possível a intervenção do judiciário sobre o ato administrativo, quer para anular,
quer para trancar o ato. O remédio constitucional de habeas corpus deve ser impetrado na
justiça comum e não na justiça militar, pois esta é competente para julgar crimes militares
definido em lei, conforme entendimento do STF que julgou HC n.º 88543, relator Ministro
Ricardo Lewandowski.

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL


PENAL. INFRAÇÃO DISCIPLINAR. PUNIÇÃO IMPOSTA A MEMBRO DAS
FORÇAS ARMADAS. CONSTRIÇÃO DA LIBERDADE. HABEAS CORPUS
CONTRA O ATO. JULGAMENTO PELA JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO.
IMPOSSIBILIDADE. INCOMPETÊNCIA. MATÉRIA AFETA À JURISDIÇÃO
DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 109, VII,
e 124, § 2º. I - À Justiça Militar da União compete, apenas, processar e julgar
os crimes militares definidos em lei, não se incluindo em sua jurisdição as
ações contra punições relativas a infrações (art. 124, § 2º, da CF). II - A
legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em
procedimento administrativo castrense, pode ser discutida por meio de
habeas corpus. Precedentes. III - Não estando o ato sujeito à jurisdição
militar, sobressai à competência da Justiça Federal para o julgamento de
ação que busca desconstituí-lo (art. 109, VII, CF). IV - Reprimenda, todavia,
já cumprida na integralidade. V - HC prejudicado. (RHC 88543, Relator (a):
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em
03/04/2007, DJe-004 DIVULG 26-04-2007 PUBLIC 27-04-2007 DJ 27-04-
2007 PP-00070 EMENT VOL-02273-02 PP-00241)

O Policial Militar está sob a égide de sanções administrativas disciplinares, crimes comuns,
crimes militares e responsabilidade civil. Todavia, o nosso trabalho vai esmiuçar os aspectos
das sanções administrativas disciplinares, as quais estão contida na Lei 7.990/2001, o artigo
52, I,II e III, define as punições de advertência, detenção e demissão. A segunda é o
problema onde os estudos serão debruçados, pois que o Brasil, por ser signatários de
diversos tratados internacionais, caminha a uma substituição de penas menos gravosa que
não a de restrição de liberdade.

O Pacto de São José da Costa Rica é o maior exemplo, no que tange a sanção da pena de
restrição de liberdade, no que concerne a prisão civil por infiel depositário, o qual revogou
tacitamente o parágrafo 3º, do artigo 666 do Código de Processo Civil, o qual possibilitava
ao juiz a decretação de prisão. Por outro lado a prisão por pensão alimentícia já é causa de
discussão no parlamento brasileiro, no sentido de que exclua a prisão civil, no caso, de quem
não cumprir com a obrigação de alimentar, mas que seu nome seja inclusos nos cadastros
dos inadimplentes. O projeto foi tombado na Câmara dos deputados sob o número
799/2011, de autoria do deputado Paulo Abi-Ackel.

Todavia, a lei castrense insiste em manter no seu ordenamento jurídico a punição


administrativa restritiva de liberdade, qual seja a detenção por até 30 dias, a depender do
seu grau de violação, a qual é analisada pelo comandante sancionador, artigo 55 do Diploma
Legal, cujo ato tem respaldo pela Carta Magna e não cabe nem habeas corpus, art. 142, §2.º.
O dispositivo constitucional não está inserido no capítulo III, que trata da Segurança
Pública, mas no capítulo II que fala sobre as forças armadas. Há diferença nítida quanto às
instituições das forças armadas, quais sejam: Marinha, Exercito e Aeronáutica e os da
Segurança Pública, dentre eles as Polícias Militares. O artigo 42, §1.º da Carta Magna manda
aplicar a vedação do habeas corpus também as punições disciplinares da Polícia Militar.

A lei castrense não aderiu à rígida tipicidade do direito penal, em que é delineada cada
conduta ilícita e a sanção administrativa. O direito administrativo busca a efetivação da
relação do servidor com a administração pública, ajusta sua conduta aos ditames legais do
órgão público, vejamos o que diz o professor Carvalho Filho (2013), quando fala em direito
penal e direito punitivo funcional.

Cada um desses conjuntos normativos trás preceitos impositivos de conduta


e prevê sanções para as hipóteses de infração. As relações jurídicas por eles
reguladas, no entanto, apresentam perfil diverso. O Direito Penal deriva do
poder punitivo geral atribuído ao Estado na sua relação com os indivíduos
em geral, ainda que no exercício da função pública. Já o Direito punitivo
funcional se enquadra dentro do Direito Administrativo, e emana da relação
entre a Administração Pública e os seus servidores, exatamente para
preservar a disciplina que deve reinar na organização administrativa.

A tramitação do Processo Administrativo Disciplinar ou do Processo Disciplinar Sumário, é


semelhante ao processo judicial, no primeiro há uma comissão formada por três membros,
Presidente, Interrogante-relator e secretário, no segundo há apenas a figura do presidente,
que pode nomear um secretário. Em ambos os casos os membros da comissão devem ser
superiores hierárquico do acusado.

Ao receber a notícia do fato que julgar atentatório ao regime disciplinar, o comandante faz o
juízo de valorações e decide por instaurar o feito investigatório de acordo com a
materialidade do fato, mas acaso não se convença dos requisitos de materialidade e autoria
pode mandar apurar uma sindicância. Preenchidos os requisitos de materialidade e autoria,
é nomeado o presidente ou a comissão, que tem prazo certo para encerrar os trabalhos, no
caso do PDS, 30 dias e do PAD 60.
O presidente cita o acusado e encaminha cópia do termo de acusação o qual conterá os
dispositivos infligidos e as possíveis punições aplicáveis ao caso. È juntado ao processo a
ficha de castigo disciplinar do acusado e todos os meios de provas, por fim acontece a
audiência preliminar, onde o acusado é devidamente acompanhado por advogado, que no
ato pode apresentar defesa previa, ou terá prazo legal para apresentá-la. De todo o ato é
consignado em ata circunstanciada. O acusado que não tiver advogado será concedido uma
defensor dativo ou defensor público.

Existem debates, mas no caso do Estado da Bahia, já consagrada, no que tange à presença
do advogado nos procedimentos administrativos, haja vista que no Estatuto dos Servidores
Públicos Federais, o profissional é dispensável, desde que expressado na vontade do
acusado, conforme entendimento do STF em súmula vinculante de número 5, que diz que:
“a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
constituição”. Ademais os Ministros da Suprema Corte reconheceu em Recurso
Extraordinário de n.º 434059, procedente do Distrito Federal, da desnecessária presença de
advogado em Processo Administrativo Disciplinar.

EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Processo Administrativo Disciplinar. 3.


Cerceamento de defesa. Princípios do contraditório e da ampla defesa.
Ausência de defesa técnica por advogado. 4. A falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
5. Recursos extraordinários conhecidos e providos. (RE 434059, Relator (a):
Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 07/05/2008, DJe-172
DIVULG 11-09-2008 PUBLIC 12-09-2008 EMENT VOL-02332-04 PP-
00736 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 257-279)

No caso da Bahia, o Estatuto dos Policiais Militares da Bahia, ao contrário do art. 156, da Lei
8.112/90, que faculta a presença do advogado, manda que o presidente do processo faça
constar na citação a obrigatoriedade do acusado comparecer acompanhado de advogado
(art. 70, III), cujo dispositivo é referendado pelo mesmo Diploma no artigo 74 de que: “A
defesa do acusado será promovida por advogado por ele constituído ou por defensor público
ou dativo”. Existe, portanto uma exigência legal a presença de defensor técnico junto aos
procedimentos administrativos na esfera da Polícia Militar do Estado da Bahia.
Dispositivos, aliás, reforçado pela Constituição do Estado que em seu art. 4º, inc. VIII, diz
que: “toda pessoa tem direito a advogado para defender-se em processo judicial ou
administrativo, cabendo ao Estado propiciar assistência gratuita aos necessitados, na forma
da lei”. Grifei.

O Juiz de Direito Titular da 2ª Auditoria Judiciária Militar do Estado de Minas Gerais,


Paulo Tadeu Rodrigues Rosa, em artigo publicado no site jusmilitares, defende a tese da
obrigatoriedade da presença de advogado em procedimentos administrativos, conforme
transcrevemos abaixo:

O militar que garante a segurança externa (Forças Armadas) ou a segurança


interna (Forças Auxiliares) deve ter um julgamento justo, onde lhe sejam
assegurados a ampla defesa e o contraditório, o devido processo legal, o
princípio da imparcialidade e o princípio da inocência, além de outras
garantias necessárias à efetiva aplicação da Justiça, que fortalece o Estado
Democrático de Direito.[9]
Antes de ouvir o acusado, o presidente deve abrir prazo de cinco dias para que seja
produzida a defesa prévia, mas esta pode ser apresentada no momento do interrogatório do
policial acusado. O presidente ou a comissão para a instrução do feito, de realizar as
diligências requeridas pelo acusado, juntado às provas, inclusive periciais e oitiva de
testemunhas. Cumprida as diligências, o feito é entregue ao advogado para falar em suas
razões finais de defesa, o qual tem prazo de 10 dias para se pronunciar. Findo o prazo da
defesa, a comissão do PAD ou o presidente do PDS, formaliza relatório do feito e emitirá
parecer, pela punição ou pela absolvição do acusado. No caso do PAD a comissão fará sessão
especial de julgamento e todos os membros proferirão os seus votos, independentes, na
presença do acusado e defensor.

Os autos serão conclusos ao comandante do acusado que proferirá a sua decisão e fará do
conhecimento de todos através de publicação em Boletim Ostensivo, interno, no caso das
Unidades e Geral, no caso da autoridade sancionadora seja o Comandante Geral. Após a
publicação e, no caso, de punição o acusado dispõe do prazo de trinta (30) dias para
apresentar reconsideração de ato a autoridade aplicadora, e no caso de indeferimento, mais
trinta (30) a autoridade superiora a interposição de recurso.

As decisões de todos os procedimentos administrativos de caráter punitivo são publicados


na 4ª parte do Boletim Geral Ostensivo, quando aplicado pelo Comando Geral da Corporal e
no Boletim Interno Ostensivo, quando a sanção imposta por comandante de Unidades
destacadas, Batalhões de Companhias Independentes.

2.2 HABEAS CORPUS COMO GARANTIA CONSTITUCIONAL

O habeas corpus é remédio constitucional que teve sua origem no Direito Romano, onde o
“cidadão podia ingressar para reclamar a exibição de homem livre detido ilegalmente, por
meio de uma ação privilegiada que se chamava interdictum de libero homine
exhiebendo[10]”. Há, também, autores que defendam que a origem desta garantia tenha
surgido na Inglaterra no ano de 1215 e outros que apoiam que o mecanismo surgiu em 1679,
durante o reinado de Carlos II, mas há consenso no que se reporta de que o remédio era
utilizado, apenas, nas questões criminais, não sendo aplicada a outras situações como na
atualidade.

Em 1816, a Carta Inglesa amplia a aplicação desse remédio constitucional a outros


horizontes e já se falam, a partir daquele momento, em sua aplicação como garantia de
defesa rápida e eficaz da liberdade individual. Ou seja, o mecanismo de defesa jurídica já
poderia ser utilizado não meramente contra uma prisão ilegal por parte do Estado, mas
contra atos de particulares, como se aplica, por exemplo, a o direito de um abrigo, que
mantem um idoso internado contra a sua vontade, por exemplo, ou contra um pai, que não
permita que seu filho, sai para ir ás ruas para ir a escola ou para uma interação social, por
exemplo.

O Brasil, este remédio constitucional, foi adotado, em 1821, por um Decreto de D. João VI, o
qual foi referendado pela Carta Magna outorgada em 1824, em que vetava a prisão
arbitrária. O Código de Processo Criminal de 1932, trouxe expressamente em seu texto a
figura do habeas corpus, cuja nomenclatura ganhou destaque na constituição de 1891.

O professor Alcino Pinto Falcão, citado na obra de Alexandre de Moraes diz que:
A garantia do habeas corpus tem um característico que a distingue das
demais, é bem antiga, mas não envelhece. Continua sempre atual e os povos
que a não possuem, a rigor não livres, não gozam de liberdade individual,
que fica dependente do Poder Executivo e não da apreciação obrigatória, nos
casos de prisão, por parte do juiz competente.[11]

O texto da Carta Magna vigente, em seu artigo 5º, inc. LXVIII[12], manda que seja
concedido o ato de liberdade sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, cuja
legitimidade, independe da capacidade postulatória ou da capacidade de estar em juízo,
segundo o Moraes, uma verdadeira ação penal popular. Mas, este mecanismo jurídico,
embora possa ser utilizado contra atos atentatórios ao direito de liberdade individual,
mesmo, sendo o ato praticado na esfera jurisdicional, não avança quando se fala em
transgressão disciplinar de natureza militar, quando se tratar do mérito da punição, ou seja,
o Judiciário não interfere quando a dosimetria da pena aplicada, cujo critério fica a juízo do
comandante sancionado o professor Moraes ensina que a “previsão constitucional deve ser
interpretada no sentido de que não haverá habeas corpus em relação ao mérito das punições
disciplinares”.[13]

A natureza jurídica do habeas corpus é de uma ação constitucional penal, isenta de custas,
cuja legitimidade cabe a qualquer indivíduos, independente de sua capacidade postulatória
de estar em juízo. Por exemplo, um delegado de polícia detém ilegalmente o repórter que
está na delegacia fazendo uma reportagem, nada impede que o seu auxiliar se desloque ao
fórum, rediga a próprio, e até em um papel de padaria, a punho, um pedido de habeas
corpus, narrando o fato, pedindo ao juiz que mande o delegado soltar o repórter,
independente de fundamentação jurídica. Neste exemplo, é possível que o juiz acate a ação e
expeça alvará de soltura imediatamente ao paciente, no caso o repórter. Quanto a natureza
jurídica o professor Moraes ensina que:

A natureza jurídica do habeas corpus é de uma ação constitucional de caráter


penal e de procedimentos especiais, isenta de custas, que visa evitar ou
cessar violência, ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder. Não trata, portanto, de uma espécie de recurso, apesar de
regulamento no capítulo a eles destinado no Código de Processo Penal.[14]

A Constituição, porém não impede o exame da punição a pressupostos da legalidade, a


exemplo da hierarquia do paciente e da autoridade sancionadora, em relação a autoridade
funcional, as penas contidos no ordenamento jurídico dentre outros aspectos formais. Por
exemplo, se o comandante aplicar uma pena de prisão ou de detenção por mais de trinta
dias ao policial militar da Bahia, certamente este poderá ingressar em juízo em busca da
anulação da punição, haja vista que a Lei 7.990/2001, prevê, apenas a punição de detenção
de até 30 (trinta) dias e não há no ordenamento jurídico baiano a previsão da pena de
prisão.

Há diferença entre a detenção e a prisão, antigamente aplicada nas punições


administrativas. Esta, o policial ficava encarregado numa cela, durante o período de punição
e aquela é mais branda, pois restringe a liberdade do policial na área livre do quartel, não
pode se afastar dos olhos do comandante.
As Cortes do país têm quase que por unanimidade negado o remédio constitucional do
habeas corpus, quando este não ensejar ao ferimento da formalidade e da legalidade, senão
vejamos uma decisão a seguir:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PUNIÇÃO DISCIPLINAR.


MILITAR. I - NÃO CABE HABEAS CORPUS CONTRA PUNIÇÃO
DISCIPLINAR MILITAR. II - E DE SE INDEFERIR MANDADO DE
SEGURANÇA QUE ALMEJA OBTER POR VIA TRANSVERSA O
CANCELAMENTO DE PRISÃO DISCIPLINAR. INTELIGENCIA DO ART
142, PAR.2. DA CONSTITUIÇÃO. CONSTITUIÇÃO III - RECURSO
IMPROVIDO. (3360 RJ 1993/0022847-1, Relator: Ministro PEDRO
ACIOLI, Data de Julgamento: 25/04/1994, T6 - SEXTA TURMA, Data de
Publicação: DJ 16.05.1994 p. 11787)[15]

A Carta Política pátria define no artigo 5º os direitos e as garantias individuas, bem como
apresenta ações constitucionais, também conhecidas como “remédios constitucionais”,
lecionado pelo doutor Paulo Bezerra, para serem requisitadas quando esses direitos sofrem
ou estão na eminência de sofrer qualquer rompimento. Outro pressuposto do texto
constitucional é a cidadania e a dignidade da pessoa humana, cujos direitos estão previstos
no art. 1.º da Carta de 88. O Brasil por ser signatário de diversas convenções internacionais,
preza pela respeitabilidade às garantias e aos direitos fundamentais internacionais, com
aplicabilidade rigorosa aos que tentarem tingir esses direitos e garantias, a prova disto é o
rol de crimes hediondos prevista na Lei 8.072/90, tornando-os inafiançáveis e insuscetíveis
de graça ou anistia (art. 5º, inc. XLIII CRFB/88)[16].

Em terras brasileiras ninguém pode ser considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória. Ademais o texto constitucional veda a prisão de indivíduos,
salvo em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei (art. 5º, inc. LXI da CRFB/88). O habeas corpus é remédio constitucional
utilizado por alguém que esteja ameaçado de sofrer violência ou coação da sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

A liberdade é um direito que está intimamente ligado ao comportamento do ser humano e


por essa razão deve ser preservado da mesma forma que o seu direito à vida. Mas o próprio
Estado protetor dessas garantias, abre exceção do direito de liberdade, quanto ao
cometimento de crimes, e, inclusive da vida, quando declarado traidor da pátria, em tempos
de guerra.

O Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia, Lei 7.990/01, prevê em seu art. 52 as
sanções disciplinares das quais estão sujeitos os policiais militares, a advertência, detenção
e demissão. Todavia, a mesma legislação castrense prevê no art. 71, um rito processual
amparado na ampla defesa e no contraditório e autoriza que no prazo de trinta dias,
contados do recebimento do processo, a autoridade que o instaurou, investida no papel de
julgadora, proferirá a sua decisão (art. 86).

A Lei 9.099/95 tem como principais objetivos os critérios da oralidade, simplicidade,


informalidade, economia processual e celeridade e busca sempre que possível à conciliação
ou a transação. Em relação aos crimes puníveis com sanção de até dois anos de detenção, a
qual a lei o define como de menor potencial ofensivo, não caberá à prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança, desde que o acusado se comprometa a comparecer em juízo (art. 69). Na
hipótese de crimes contemplados por esta lei, o magistrado deve atentar ao esclarecimento
sobre a possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
imediata de pena não privativa de liberdade, ou seja, não permite a aplicação da pena
privativa de liberdade. O item 7 do artigo 7º do Pacto de São José da Costa Rica veda a
prisão civil por dívida, salvo nos casos de dívida por inadimplemento de obrigação
alimentar.

É nitidamente notável um paradigma entre princípios fundamentais do direito de liberdade


e a norma jurídica, que abre exceções. O habeas corpus é remédio constitucional que deve
ser impetrado por pessoa humana que se sentir constrangida, ameaçada ou ter a sua
garantia de liberdade afetada, e isso não isenta o militar que sofra abuso de poder ou tenha
sido punido com nódoa na aplicabilidade da norma jurídica vigente no país. O habeas
corpus é apreciado pelo Judiciário na hipótese de equívoco formal do procedimento.
HABEAS CORPUS Nº 211.002 - SP (2011/0147291-7)

RELATOR: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

IMPETRANTE: LINDOMAR MENDONÇA DOS SANTOS

IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DE


SÃO PAULO

PACIENTE ROSANA PETRY SILVA

EMENTA

CONSTITUCIONAL. HABEAS CORPUS. PROCESSO


DISCIPLINAR. MILITAR. TRANCAMENTO. INTERPRETAÇAO DO
ART. 142, 2º, DA CF. CABIMENTO DA AÇAO CONSTITUCIONAL
SOMENTE PARA EXAME PELO PODER JUDICIÁRIO DA
REGULARIDADE FORMAL DO PROCESSO. HIPÓTESE NAO
CONFIGURADA NOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE DE REVISAO
DO MÉRITO DA IMPOSIÇAO DA PUNIÇAO DISCIPLINAR
MILITAR. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. HABEAS CORPUS
NAO CONHECIDO.

1. No caso dos autos, o presente habeas corpus foi impetrado contra acórdão
que afastou o cabimento da ação constitucional com o objetivo de trancar
processo administrativo disciplinar militar.

2. Efetivamente, não obstante o disposto no art. 142, 2º, da Constituição


Federal, os Tribunais Superiores admitem a impetração de habeas
corpus para trancamento de processo administrativo disciplinar militar.
Entretanto, as hipóteses de cabimento estão restritas à regularidade formal
do procedimento administrativo disciplinar militar ou aos casos de
manifesta teratologia.

3. Sobre o tema, os seguintes precedentes: STF - RHC 88.543/SP, 1ª Turma,


Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ de 3.4.2007; STF - RE 338.840/RS, 2ª
Turma, Rel Min. Ellen Gracie, DJ de 12.9.2003; STJ - RHC 27.897/PI, 1ª
Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 8.10.2010; HC 129.466/RO,
5ª Turma, Rel. Min. Felix Fischer, DJe de 1º.2.2010; STJ - HC 80.852/RS,
5ª Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 28.4.2008.

4. Na hipótese examinada, a impetrante não alega qualquer vício formal


no procedimento administrativo disciplinar, mas tão somente irresignação
no tocante à legalidade da imposição da sanção disciplinar militar o que, por
si só, afasta o cabimento de habeas corpus.

5. Habeas corpus não conhecido.


O texto constitucional traz alguns mecanismos de defesa a serem utilizados pelas pessoas
contra ataques ou equívoco do Estado acobertado pelo excesso ou pela ilegalidade, quanto a
aplicação do direito. Existe no ordenamento jurídico constitucional, o mandato de injunção;
mandato de segurança individual ou coletivo; habeas corpus; habeas data; ação popular;
ação civil pública e as reclamações constitucionais. No caso das punições disciplinares é
possível debruçar as analises do ordenamento constitucional no que se reporta ao habeas
data, habeas corpus e mandado de segurança. Pois a cada ataque do Estado existe um
remédio próprio.

O mandado de segurança é remédio constitucional para proteger direito líquido e certo, não
amparado pelo habeas data ou habeas corpus. Este remédio é utilizado contra atos do poder
público ou por pessoas jurídicas de direito no exercício do Poder Público. Deve ser utilizado,
por exemplo, quando um comandante, aplique ou tente aplicar uma punição a um policial
sem está contida no rol das punições contida na Lei 7.990/2001, quais sejam advertência,
detenção ou demissão. Uma transferência arbitraria, caso bastante comum na Corporação,
que alguns chamam de: transferência à bem da disciplina, enseja, desta forma, um mandado
de segurança. O professor Alexandre de Moraes define que o mandado de segurança deve
ser conferido a pessoas para se defenderem de ato ilegal ou na pratica do abuso de poder do
Estado, vejamos, portanto:

O mandado de segurança é conferido aos indivíduos para que eles se


defendam de atos ilegais ou praticados com abuso de poder, constituindo-se
verdadeiro instrumento de liberdade civil e liberdade política. Desta forma
importante ressaltar que o mandato de segurança caberá contra atos
discricionários e os atos vinculados, pois nos primeiros, apesar de não se
poder examinar o mérito do ato, deve-se verificar se ocorreram os
pressupostos autorizadores de sua edição e, nos últimos, as hipóteses
vinculadas da expedição do ato.[17]

O habeas corpus é cabível no caso de alguém sofrer ou estiver ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ato ilegal ou com abuso de poder por parte
do Estado. Malgrado o texto Constitucional vedar a aplicação deste remédio constitucional
nas punições disciplinares, ela se restringe apenas à primeira parte do texto e não quando
fala em ato ilegal ou com abuso de puder. No caso, por exemplo, de um comandante aplicar
uma pena prisão ou, até mesmo, a de detenção sem o devido processo legal, ou exceda na
dosimetria desta pena é possível a análise do Judiciário através do presente remédio
constitucional. Mas é possível que o Estado sinta-se acuado por alguma outra ação e não
queira prestar as informações devidas ou fornecer documentos que comprovem o seu ato
ilegal ou que houve abuso de poder, ou, até mesmo, feriu norma constitucional. Para este
tipo de abuso do Estado existe um remédio constitucional chamado habeas data, que enseja
a busca pelo cidadão junto ao poder jurisdicional o direito a informação, através de
documentos. Nas lições do Professor Paulo Bezerra este remédio serve para assegurar o
direito da informação às pessoas, senão vejamos:
Do texto constitucional, algumas ilações poder ser retiradas de plano.
Primeiro, a de que o instituto serve tanto para assegurar o conhecimento a
informações pessoais constantes em banco de dados, e, depois para
retificação desses dados. Por outro lado, a de que esses dados devem se
referir a pessoa do impetrante, e, ainda que esse banco de dado deverão
estar em poder de entidades governamentais ou de caráter público.[18]

De acordo com as lições é possível, portanto, analisar a diferença entre os três mecanismos
de defesa, um protege a liberdade, o habeas corpus; o outro o direito líquido e certo, que não
afete a liberdade ou a informação, no caso o mandado de segurança e o por fim, o habeas
data que é o direito de acesso a informação. A constituição, veda apenas o habeas corpus na
aplicação da pena de detenção por parte da Polícia Militar da Bahia.

Passadas as informações teóricas, conceituais doutrinárias e jurisprudenciais, é preciso


analisar o motivo da Carta Política permitir a restrição de liberdade do policial militar, como
medida de punição disciplinar, haja vista que todos os caminhos da Constituição Cidadã
estão em direção à liberdade de locomoção, inclusive ao longo de seus quase trinta anos de
existência, as leis infraconstitucionais tem se adequado ao máximo à abolição da pena
restritiva de liberdade, tanto na esfera penal quando na esfera civil, por exemplo, o Pacto de
São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, impõe regras no que tange ao respeito
ao direito da liberdade dos seres humanos, apresenta garantias judiciais a todas às pessoas
naturais que estejam sob a norma jurídica dos países integrantes do pacto. O militar embora
com a suas atividades fechado pelo circuito das especialidades, dentre o quadro de
servidores do Estado, não devem ser tratados como seres humanos especiais, pois apenas a
sua função é especial e não o indivíduo.

A verdade é que se busca neste trabalho não somente a inaplicabilidade das punições
disciplinares, porém o afastamento da impossibilidade do policial militar buscar ajuda no
Judiciário quando a aplicação da punição não estiver viciada ou maculada pelo abuso de
poder, ou por autoridade incompetente. No mérito não cabe o remédio do habeas corpus,
salvo na hipótese de ferimento ao princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade,
quanto à dosimetria da pena.

O direito administrativo disciplinar castrense busca convergência junto às normas jurídicas


exercitadas no cotidiano das varas crimes e civis do Judiciário pátrio. Inclusive, prevê que o
militar acusado seja citado e que tome conhecimento das acusações a ele impostas, com os
dispositivos violados e a possível punição a ser aplicada, bem como a autoridade legalmente
constituída para a instauração do feito e a investigação das acusações. No Processo
Disciplinar Sumário, que será dirigido por um membro superior ao acusado, prevê que a
punição máxima não deva ultrapassar trinta dias de detenção, enquanto o Processo
Administrativo Disciplinar é conduzido por três membros de hierarquia superior ao do
acusado, e engloba, além das punições elencadas no rol do Processo Disciplinar Sumário, a
demissão.

Esse direito autoriza que o presidente do feito, no caso do sumário, e da comissão na


hipótese do Processo Administrativo Disciplinar, emita relatório dos fatos e apresente
proposta de arquivamento, remessa ao Ministério Público, ou aplicação da punibilidade.
Porém, compete exclusivamente ao comandante, que mandou instaurar o feito, a decisão,
inclusive de discordar do parecer, desde que fundamentado. Neste diapasão em comparação
ao judiciário, diríamos que no feito administrativo castrense existe um juízo de instrução e
um juízo sancionador, que também é o juízo de execução, pois, uma vez aplicada à
punibilidade, apenas o próprio comandante ou seu superior em grau de recurso, pode
promover a reforma da decisão.

A propósito, a legislação castrense também compete às análises de recursos impetrados pelo


acusado, por ventura, injustiçado. Há o pedido de reconsideração de ato, o que seria o juízo
de retratação, onde a própria autoridade sancionadora deve analisá-lo e também o recurso
administrativo que é acolhido e analisado pela autoridade superior a que aplicou a punição,
porém o problema é quando o Comandante Geral é o aplicador da sanção disciplinar, já que
não existe autoridade hierarquicamente superior a este. No regulamento disciplinar
também existe a ação rescisória, chamada de pedido de revisão processual, que pode ser
requerido qualquer tempo, quando existam elementos novos, quais sejam a falta de
materialidade ou defeito quanto à autoria, isto é motivo de inovar a decisão.

No direito administrativo disciplinar consiste na aplicação do princípio da autotutela, ou


seja, o art. 100 da Lei Estadual 7.990[19], diz que a administração pode rever seus atos a
qualquer tempo, quando eivado de ilegalidade. O comando de ofício ou a pedido da parte
interessada, pode rever seu ato decisório e anulá-lo de forma atingir efeitos passados, por
exemplo, acaso o comando aplique uma punição de detenção a um subordinado por período
de 15 dias, e este se sentindo prejudicado ingresse com recurso administrativo, devido ter
havido afronto a preceitos constitucionais, da ampla defesa, por exemplo, e o comando
reconhecendo o equívoco pode anular o ato decisório e seus efeitos recuperam a perda de
direitos. Outro exemplo, no caso do fato atribuído a uma transgressão disciplinar também
envolver uma ação penal movida pelo ministério público e o juízo decida de que o fato não
existiu ou negue a sua autoria, conforme o art. 50, §5.º, alínea “a” da Lei Estadual
7.990[20].

A proposito o professor Carvalho Filho, cita em seu livro lição dos Mestres LANDI e
POTENZA, o qual se reporta ao princípio da autotutela no direito administrativo:

Não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o fim de rever


seus atos. Pode fazê-lo de ofício. Aliás, não lhe compete apenas sanar as
irregularidades; é necessário que também as previna, evitando-se reflexos
prejudiciais aos administrados ou ao próprio Estado.

Em relação às punições, estas terão seus registros cancelados dentro do prazo de 05 (cinco)
anos, porém seus efeitos não retroagem. Há também a anulação, esta, com efeitos
retroativos, com base no princípio da autotutela. Esta ocorre quando o comando toma
ciência de que a aplicação da punição ocorreu de forma injusta, enquanto aquela ocorre
automaticamente pelo decurso de prazo.

Desta forma, é preciso que seja esclarecido se a busca pela justiça, pregado pelo
ordenamento jurídico está intimamente ligada ao princípio da legalidade, imposta pela
regra disciplinar militar. É nitidamente observado um conflito aparente entre os direitos e
as garantias fundamentais dos indivíduos, categoricamente expressos na Constituição
Federal e nos Tratados Internacionais, e o princípio da legalidade encontrado em uma lei
infraconstitucional. A Constituição define que os militares são servidores públicos de classe
especial, entretanto não destoa da possibilidade de serem pessoas humanas como outras
pessoas que estão sob a égide da jurisdição pátria.

3 O QUE É A PUNIÇÃO DISCIPLINAR NA PRÁTICA


Os comandantes da Polícia Militar não tem cobertura legal para pura e simplesmente, cessar
a liberdade do policial, que em tese, esteja cometendo uma transgressão disciplinar, para
isso é preciso que o transgressor seja submetido a um ato administrativo, denominado
Processo Administrativo Disciplinar ou Processo Disciplinar Sumário e isso infere ao
comando a cumprir normas contidas na Carta Magna, principalmente no que tange a ampla
defesa e contraditório, princípio da publicidade e da legalidade, a fim de que surja ao final,
configurada a transgressão a aplicação da punição.

O professor Carvalho Filho nos ensina que o ato administrativo é “exteriorização da vontade
de agentes da Administração Pública ou de seus delegatórios, nessa condição, que, sob o
regime de direito público, vise à produção de efeitos jurídicos, com o fim de atender ao
interesse público”. O conceito, portanto, no leva a entender que a exteriorização da vontade
não deve ser confundida com a vida privada do indivíduo, mas a vontade da administração,
ou seja, o indivíduo deve estar investido numa função de autoridade da administração
pública. Não é qualquer indivíduo, por exemplo, que pode instalar um processo
administrativo contra um policial, mas a pessoa que esteja na função de comando,
conforme, para aplicar a legislação castrense.

O ato administrativo devem atender á alguns elementos para que tenha legalidade, quais
sejam: A competência; objeto; a forma; motivo e a finalidade.

A competência deve estar contida na lei, ou seja, não pode, por exemplo, o comandante de
uma unidade aplicar a pena de demissão ao policial que esteja com a sua conduta elencada
dentre as condutas que ensejam este tipo de punição, pois se assim o fizer estaria o ato
aplicado de forma ilegal e certamente caberia recurso administrativo ou pelas vias judiciais.

O objeto consiste segundo Carvalho Filho na:

Alteração no mundo jurídico que o ato administrativo se propõe a processar.


Significa como informa o próprio termo, o objetivo imediato da vontade
exteriorizada pelo ato, a proposta, enfim, do agente que manifestou a
vontade com vistas a determinado alvo.

Como ensina o causídico professor, o objeto, por exemplo, de um processo administrativo é


buscar a veracidade das acusações, afim de que exista uma resposta a sociedade.

A forma por sua vez, consiste no próprio ato contido em lei, a fim de que tenha valoração
jurídica, por exemplo, um processo administrativo, sem atender, por exemplo, a ordem
cronológica da sua formação, no caso da citação ser o último ato processual, conforme
dispõe a Lei 7.990/2001[21], certamente ensejaria uma nulidade absoluta do ato.

O motivo é a situação de fato, por meio de onde se deflagra a manifestação de vontade da


Administração Pública, podendo ele ser discricionário ou vinculante, o primeiro é a
liberdade do administrador que se observa em praticá-lo, como por exemplo, ao
recebimento de uma queixa de particular, o comandante tem a liberdade de analisar dentre
os procedimento aplicáveis ao caso, o de sindicância, processo disciplinar sumário, processo
administrativo disciplinar o inquérito policial militar, mais ele está vinculado a uma norma
a seguir, pois a sua decisão deve ser fundamentada para que seja aplicada. Ademais, ato que
é mais cobrado a sua efetividade, quando do momento da aplicação do ato punitivo, pois
acaso não aplique a punição vinculada aos princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade é possível que o policial militar prejudicado busque no judiciário um remédio
constitucional, a fim de anular o ato punitivo e o procedimento. No ato discricionário o
comando tem a liberdade de escolher, ao contrario do ato vinculante em que o
administrador está obrigado a cumprir a lei, como, por exemplo, ao comandante, cabe
analisar se o fato constitui transgressão disciplinar e nesta hipótese aplicar as sanções
cabíveis ao caso, não pode, portanto, inovar para aplicar uma punição que não contenha na
Lei 7.990/01, pois nesta hipótese está vinculado ao rol das existentes no Estatuto dos
Policiais Militares do Estado da Bahia, advertência, detenção e demissão.

O ato administrativo deve estar sintonizado com o interesse público, isto é atingir a
finalidade de satisfazer a vontade da coletividade. O desvio de finalidade constitui inclusive
abuso de poder, conforme leciona Carvalho Filho. Por exemplo, se o comandante ao analisar
a queixa de um cidadão, de pronto ver que o fato não configura uma transgressão
disciplinar, mas um ilícito civil, e ainda assim abre processo disciplinar, a fim de compelir o
subordinado a vexame de constituir advogado, provas e etc., isso foge a finalidade do
procedimento, o qual enseja, inclusive, ações judiciais, de mandado de segurança, habeas
corpus preventivo ou trancamento do procedimento administrativo. A propósito, o ilícito
civil por inadimplência, interpretado por alguns comandantes como transgressão
disciplinar, o qual tomava por base o artigo 41, III da Lei 7.990, que manda o policial
obedeça aos princípios da legalidade, da probidade, da moralidade e da lealdade a todas as
circunstâncias, foi refutado pelo Ministro Cezar Peluso do STF em seu voto no Recurso
Extraordinário n.º 458555, senão vejamos:
STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 458555 CE

Parte: UNIÃO

Parte: ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

Parte: SINDICATO DOS POLÍCIAIS FEDERAIS NO ESTADO DO CEARÁ –


SINPOF-CE

Parte: BELTON GOMES DA SILVA FILHO

Relator(a): Min. CEZAR PELUSO

Andamento do processo

Decisão

DECISÃO: 1. Trata-se de recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal


e assim ementado: "CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR
PÚBLICO. ESTATUTO DO POLÍCIAL FEDERAL. RECEPÇÃO PARCIAL.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA. INADIMPLÊNCIA.
IMPOSSIBILIDADE.

1. A lei federal nº 4.878/65 não foi recepcionada integralmente na ordem


jurídica posterior à Constituição de 1988.

2. Na aferição da responsabilidade administrativa é de se levar em


consideração os fatos vinculados à atividade funcional do servidor público.

3. A inadimplência em dívidas contraídas na vida privada do Policial não


constitui causa legítima para fundamentar a sua punição disciplinar, não
sendo fato prestante para ser dirimido em Processo Administrativo ou
Sindicância.

4. Apelação e remessa oficial improvidas (fl. 254). Sustenta o recorrente,


com fundamento no art. 102, III, a, violação aos arts. 1º, III e 5º, LV, da
Constituição Federal. Aduz, em síntese, que os incisos V, VI e XXXV, do
artigo 43, da Lei nº 4.878/65, teriam "o condão de assegurar o bom
desempenho da função policial, tendo inclusive, uma função preventiva
quanto à possibilidade de envolvimento criminal do Policial Federal" (fl.
267).

2. Inadmissível o recurso. De fato, merece acolhida a fundamentação do


acórdão recorrido, que conferiu adequada interpretação às normas
constitucionais, nos seguintes termos: "(...) Não obstante, a partir do
advento da Constituição da República de 1988, entendo que a legislação
referenciada não se encontra integralmente recepcionada no ordenamento
jurídico hodierno. Com efeito, no que tange aos dispositivos apontados pela
apelante (art. 43, V, VI, XXXV), não há como harmonizá-los com o disposto
na Magna Carta, que erigiu como dogma inexcedível o princípio da
dignidade do ser humano (art. 1º, III) e o princípio da ampla defesa e do
contraditório, inclusive nos feitos administrativos (art. 5º, LV), que não
podem ser, em hipótese alguma, menoscabados quando da
responsabilização do servidor público. (...) In casu, o fato de o servidor não
saldar as suas dívidas (art. 43, inc. VI), não é causa legítima que autoriza a
sanção administrativa.

Como disse, a imputação de falta disciplinar ao servidor público deve quedar


na sua esfera funcional, para que assim possa o imputado se defender. (...).
De mais a mais, não há de se confundir o dever de probidade no serviço
público, com noções movediças de honra da instituição, ou ‘imagem do
policial federal’, conforme argumenta a apelante. A vingar este
entendimento, sobrepor-se-ia a qualidade do servidor público, de caráter
acidental e transitória, à individualidade do ser humano, perene e
intransponível, ensachando, pois, uma indevida e autoritária intervenção do
Estado na vida do cidadão (...)" (fls. 248-251).

É como bem acentuou o parecer da representante do Ministério Público,


Cláudia Sampaio Marques (fls. 287-291): "(...)

9. A conduta praticada pelo recorrido, consistente especificamente na


ausência de quitação de dívida caráter civil, de natureza exclusivamente
particular, efetivamente não tem o condão de caracterizar infração
disciplinar de modo a trazer-lhe como conseqüência a punição pretendida
pela Recorrente, cujo argumento basilar consiste na incompatibilidade do
comportamento (distorcido) do Recorrido em sua vida privada
(inadimplemento de obrigação de natureza civil) e a condição por ele
ostentada de policial federal.

10. O desvirtuamento na vida particular do Recorrido, ainda que alvo de


severas críticas pela Administração por não se coadunar com postura
exigível do agente público em geral, e ainda que se trate de conduta repulsiva
e certamente passível de repreensão pelo modo e via adequados, não se
mostra apto a lastrear a pretendida punição disciplinar, pois em momento
algum verificou-se que a prática -embora reprovável -ocorrera no exercício
da função pública ou em razão dela. (...)" (fls. 289-290). 3. Ante o exposto,
nego seguimento ao recurso (arts. 21, § 1º, do RISTF, 38 da Lei nº 8.038, de
28.5.90, e 557 do CPC). Publique-se. Int.. Brasília, 9 de julho de 2009.

Ministro CEZAR PELUSO Relator.

Ultrapassado as instruções sobre os atos administrativos passamos a analisá-lo em sua


distinção com a punição penal, pois, esta constitui uma rígida tipicidade, ou seja, exige uma
série de pressupostos para sua aplicação, vejamos o que diz o professor Carvalho Filho.
No Direito Penal, o legislador utilizou o sistema da rígida tipicidade,
delineando cada conduta ilícita e a sanção respectiva. O mesmo não sucede
no campo disciplinar. Aqui a lei limita-se, como regra, a enumerar os
deveres e as obrigações funcionais e, ainda, as sanções, sem contudo, uni-los
de forma descriminada, o que afasta o sistema da rígida tipicidade.[22]

A disciplina funcional é resultado do poder hierárquico, conferidos por Lei que a autoridade
hierarquicamente superior tem sobre seus subordinados, na hipótese de fiscalização de suas
atividades funcionais. Embora, o objeto da punição disciplinar seja alcançar o funcionário
no seu dever funcional, o direito administrativo militar, avança nas questões extrafuncionais
e inclusive pessoais, pois segundo o art. 39 do Estatuto dos Policiais Militar reza que:

O sentimento do dever, a dignidade policial militar e o decoro da classe


impõem a cada um dos integrantes da Polícia Militar conduta moral e
profissional irrepreensíveis, tanto durante o serviço quanto fora dele, com
observância dos seguintes preceitos da ética policial militar.

Outro aspecto que o miliciano pode alcançado por lei castrense, no caso de um desvio de
conduta não funcional, e, por exemplo, se ele estiver de férias em viagem e for parado numa
blitz, sem o documento de identidade, em tese, seria uma infração de trânsito, pois ninguém
não há lei que obrigue o cidadão andar com documentos de identificação, no caso de um
civil. Mas o policial militar pode ser punido disciplinarmente, por isso conforme o art. 51,
inciso XVIII, da Lei 7990/2001, que impõe transgressão disciplinar o ato do policial não
portar a cédula de identidade ou deixar de apresentá-la quando solicitada.

A advertência consiste, segundo o art. 54, da Lei Estadual, na comunicação escrita ao


policial militar que violar ou não observar o dever funcional previstos em Lei, regulamento
ou norma interna, que não justifiquem imposição de penalidade mais grave. Desta punição é
aferida na ficha disciplinar do policial a perda de 1 ponto, previsto no art. 50, inc. I do
Regulamento Disciplinar da Polícia Militar (Decreto Estadual n° 29.535 de 11 de março de
1983)[23].

Conforme o art. 55 do Estatuto dos Policiais Militares, a detenção é a punição aplicada ao


policial insensível à pena de advertência e por violar as demais proibições que não
tipifiquem infração sujeita a demissão, não podendo exceder de trinta dias, devendo ser
cumprida em área livre do quartel. Esta punição faz com que o policial perca 02 pontos na
sua ficha disciplinar. A imposição é o recolhimento do policial militar punido a sede do
quartel ao qual pertença e permanece em seu interior durante os dias em for punido, neste
caso não pode ultrapassar a 30 dias.

A Lei Castrense, também, prevê a pena de demissão a qual há previsão quando além da
transgressão disciplinar o policial militar também tenha cometido crimes comuns e
militares e no caso de algumas reincidências de transgressões disciplinares ou permanência
no mau comportamento, conforme segue rol abaixo:
Art. 57 - A pena de demissão, observada as disposições do art. 53 desta Lei,
será aplicada nos seguintes casos:

I. a prática de violência física ou moral, tortura ou coação contra os


cidadãos, pelos policiais militares, ainda que cometida fora do serviço;

II. a consumação ou tentativa como autor, co-autor ou partícipe em crimes


que o incompatibilizem com o serviço policial militar, especialmente os
tipificados como:

a) de homicídio (art. 121 do Código Penal Brasileiro); quando praticado em


atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só
agente; qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV e V do Código Penal
Brasileiro).

b) de latrocínio (art. 157, § 3º do Código Penal Brasileiro, in fine);

c) de extorsão:

1. qualificado pela morte (art. 158, § 2º do Código Penal Brasileiro);

2. mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput e §§ 1º, 2º e 3º


do Código Penal Brasileiro).

d) de estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
único, ambos do Código Penal Brasileiro);

e) de atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com art. 223,
caput e parágrafo único do Código Penal Brasileiro);

f) de epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º do Código Penal


Brasileiro);

g) contra a fé pública, puníveis com pena de reclusão;

h) contra a administração pública;

i) de deserção.

III. tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins;

IV. prática de terrorismo;

V. integração ou formação de quadrilha;

VI. revelação de segredo apropriado em razão do cargo ou função;

VII. a insubordinação ou desrespeito grave contra superior hierárquico (art.


163 a 166 do CPM);

VIII. improbidade administrativa;


IX. deixar de punir o transgressor da disciplina nos casos previstos neste
artigo;

X. utilizar pessoal ou recurso material da repartição ou sob a guarda desta


em serviço ou em atividades particulares;

XI. fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pessoais de


qualquer natureza ou para encaminhar negócios particulares ou de terceiros;

XII. participar o policial militar da ativa de firma comercial, de emprego


industrial de qualquer natureza, ou nelas exercer função ou emprego
remunerado, exceto como acionista ou quotista em sociedade anônima ou
por quotas de responsabilidade limitada;

XIII. dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou claramente


inexeqüível, que possa acarretar ao subordinado responsabilidade, ainda que
não chegue a ser cumprida;

XIV. permanecer no mau comportamento por período superior a dezoito


meses, caracterizado este pela reincidência de atitudes que importem nas
transgressões previstas nos incisos I a XX, do art. 51, desta Lei.

Portanto, fica nítido que as punições no campo do Direito Penal deve ser adversa ao campo
das punições administrativas, pois segundo Carvalho Filho, “no Direito Penal o juiz aplica a
pena atribuída a conduta tipificada na lei, permitindo ao aplicador somente qualifica-la”. O
direito administrativo corre na veia adversa, vez que o aplicar analise e escolha a pena legal,
que consulte ao interesse do serviço e a que se aproxime ao máximo da repreensão do ato
administrativo violado pelo administrado. Enquanto o direito penal aplica a pena como
forma de ressocialização do indivíduo, o direito administrativo disciplinar encara a punição
com forma de sanção administrativa, ou seja, o sistema dissuasório clássico.

Em razão de um saudável giro humanista, o paradigma ressocializador reclama uma


intervenção positiva no condenado que facilite seu digno retorno à comunidade, isto é, sua
plena reintegração social.[24]

O modelo clássico (e neoclássico) de resposta ao delito confere especial relevância à


pretensão punitiva do Estado, ao justo e necessário castigo cuja satisfação, alguns
acreditam, produz um saudável efeito dissuasório e preventivo na comunidade.[25]

Há, portanto algumas diferenças entre o sistema penal e o sistema administrativo, quanto à
forma de cumprimento, as suas sanções da pena de detenção. No âmbito penal, a aplicação
da pena de detenção pelo juiz, o condenado deve ser encaminhado a uma colônia agrícola,
industrial ou estabelecimento similar, isto no regime semiaberto, enquanto o no regime
aberto a execução da pena se dar em casa de albergado ou estabelecimento adequado (art.
33, alíneas “b” e “c” do Código Penal). No que se refere a punição de detenção na esfera
administrativa militar, a execução da pena, pelo policial militar, se dar em se recolher a área
livre do quartel, conforme o artigo 55 da Lei Estadual 7.990/2001, mas o policial está sujeito
a cumprir algumas exigência de ordem disciplinar, como por exemplo se apresentar para a
revista às 21:00 horas, se recolher ao aposentos às 22:00 horas, se apresentar na hora do
hasteamento e descerramento da bandeira, na passagem de serviço do Oficiais-de-Dia e
outras normas contida no Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG), portaria
ministerial n.º 300/1984.

A aplicação da punição, contudo, deve se aplicar princípios constitucionais da adequação


punitiva e o da proporcionalidade, ou seja, a autoridade sancionadora deve se acercar de
sanções adequadas a conduta do policial infrator, pois se assim não proceder poderá figurar
como autoridade coautora numa ação de habeas corpus. Vejamos o que diz Carvalho Filho a
respeito do tema:

A correta aplicação da sanção deve obedecer ao principio da adequação


punitiva (ou principio da proporcionalidade), vale dizer, o agente aplicador
da penalidade deve impor a sanção perfeitamente adequada à conduta
infratora. Por essa, razão a observância do referido princípio há de ser
verificada caso a caso, de modo a serem analisados todos os elementos que
cercaram o cometimento do ilícito funcional.[26]

No caso concreto de um policial militar violar regra do artigo 51, inc. VIII da Lei 7990/01
(permutar o serviço sem permissão da autoridade competente), a fim de que possa se
divertir em uma festa popular, não sofreria a mesma punição de um policial que infringisse
o mesmo dispositivo, para, por exemplo, acompanhar seus pais ou seu filho em um passeio
cultural ou religioso. Ambos estariam em confronto com disciplinar castrense, mas um
numa proporção de desagrado de bem maior que o outro. Haveria, portanto a autoridade
sancionadora de analisar sobre a proporcionalidade da sanção do castigo disciplinar a ser
aplicado, entre uma detenção àquele e uma repreensão a este, por exemplo. O comando por
sua vez, cabe analisar as circunstancias em que a transgressão foi cometida e as suas
consequências ao serviço público, para assim aplicar a sanção administrativa de forma
proporcional e razoável. Ademais, o comando deve atentar a vida pregressa do policial
militar enquanto profissional de segurança pública e quanto cidadão, cujo comportamento
encontra-se na sua ficha de assentamento e castigos disciplinares, documento que deve ser
obrigatoriamente acostada aos autos do procedimento administrativo. Na hipótese da
autoridade sancionadora não observar os princípios constitucional da proporcionalidade e
da razoabilidade, segundo o Ministro Gilson Dipp, estaria à administração em flagrante e
absoluta ofensa ao direito positivo, assumindo o Poder Judiciário o dever de tutelar o direito
do prejudicado.
Cada atuação infracional está adstrita à proporcional reprimenda. Seja ela
penal ou administrativa, impondo-se, contudo, valorar-se a conduta do
agente e o resultado concreto de sua atuação. Neste diapasão, surge a figura
do responsável pela aplicação da sanção, que deve estar atento à
‘dosimetria’, estribando sua resposta no princípio da proporcionalidade, que
é corolário da necessidade de individualização da reprimenda, sob pena de
quebra de outros dois princípios, quais sejam, o da legalidade e o da
necessidade. (...) Verifica-se, assim, total desrespeito à proporcionalidade da
8sanção administrativa imposta. E mais, ao divorciar-se da conclusão
apresentada no relatório final, deveria a autoridade responsável especificar
em que aspecto a conclusão esteve dissociada das provas colhidas, de modo a
explicar a necessidade da exasperação da punição, tudo em respeito ao
disposto no art. 168, da Lei nº 8.112/90. (...) Desta feita caracterizado o
descumprimento dos aludidos princípios, compete ao Poder Judiciário,
desde que provocado, anular o ato administrativo, por absoluta e flagrante
ofensa ao direito positivo.[27]

Abre, portanto, a possibilidade de utilização do remédio constitucional cabível, no caso da


punição de detenção, de habeas corpus, e nas demais, o mandado de segurança. Na hipótese
em que o comando ao aplicar uma punição exacerbe do direito de punir, e não observe ao
rol das circunstancias agravantes e as atenuantes contidas nos artigos 17 e 18 do Decreto
Estadual n° 29.535 (Regulamento Disciplinar da Polícia Militar da Bahia)[28], no momento
da dosimetria da sanção é possível então que ocorra uma excepcionalidade do Judiciário
invadir o mérito da decisão.
Art.l7 - São circunstâncias atenuantes:

I -bom comportamento,

II - relevância de serviços prestados;

III - ter sido cometida a transgressão para evitar mal maior;

IV - ter sido cometida a transgressão em defesa própria, de seus direitos ou


de outrem, desde que não constitua causa de justificação;

V - falta de prática no serviço;

Art.l8 - São circunstâncias agravantes:

I - mau comportamento;

II - prática simultânea ou conexão de duas ou mais transgressões,

III - reincidência da transgressão, ainda quando punida verbalmente a


anterior;

IV- conluio de duas ou mais pessoas;

V - ser praticada a transgressão durante a execução do serviço;

VI - ser cometida a falta em presença de subordinado;

VII - ter abusado o transgressor de sua autoridade hierárquica;

VIII - ter sido praticada a transgressão com premeditação;

IX - ter sido praticada a transgressão em presença de tropa;

X - ter sido praticada em presença de público;

XI - ser a transgressão ofensiva ao decoro e a dignidade policial-militar.

3.1 EFEITOS DA PUNIÇÃO DE DETENÇÃO.

O policial militar tem seu comportamento analisado a cada ano, a partir do seu ingresso na
corporação, o qual se dar no bom comportamento. Quando no período de um ano o mesmo
venha perder oito pontos, este ingressa no insuficiente comportamento e se ultrapassado
esta quantidade ingressa no mau comportamento e na hipótese de nele permanecer por
período superior a dezoito meses será submetido a Processo Administrativo Disciplinar, que
lhes sujeita a demissão.

A reclassificação do comportamento está contida no artigo 52 do Decreto Estadual n°


29.535 de 11 de março de 1983 e é feita automaticamente e da seguinte forma:

I -do "excepcional" para:

a) "ótimo", quando a praça for punida com repreensão ou detenção;


b) "bom", quando a praça for punida com prisão;

II - do "ótimo" para o "bom", quando a praça for punida, no período de 5 (cinco) anos de
efetivo serviço, com qualquer das punições constantes do artigo 50;

III - do "bom" para o "insuficiente" e deste para o "mau", quando sofrer qualquer das
punições do artigo 50.

§ 1 ° - Para se obter o comportamento da praça, forma-se como base o período de 1 (um)


ano, contando regressivamente, a contar da data em que se esteja efetuando a classificação,
de acordo com o disposto no artigo 50.

Os registros das punições terão seus efeitos cancelados, segundo artigo 56 da Lei
7.990/01[29], no período de dois anos quando da repreensão e de quatro, quanto à de
detenção, porém seus efeitos na retroagirá, nos termos do parágrafo único do citado artigo.

Um dos efeitos da punição de detenção é perda, pelo policial militar, da licença prêmio por
assiduidade, 03 meses a cada 05 anos, preconizado no artigo 146 do Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, conforme o §7.º do mesmo artigo, veda que o policial goze dos
benefícios se no período de cinco anos sofrer uma punição de detenção.

3.2 PUBLICAÇÃO DA INSTALAÇÃO E DA SOLUÇÃO DA TRANSGRESSÃO


DISCIPLINAR

Os atos administrativos devem atender aos princípios expressos e reconhecidos, ensinado


por Carvalho Filho, quais são: os expressos: Legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência; e os reconhecidos na supremacia do interesse público, auto-tutela,
indisponibilidade, continuidade do serviço público, segurança jurídica e o da precaução e no
caso de conflito entre os ditos, deve o administrador aplicar da razoabilidade e da
proporcionalidade, no caso concreto.

Há, portanto, dentre os princípios constitucionais, que a autoridade sancionadora das


punições disciplinares militares se assegure dos ditames da Lei Magna do país, para que a
sua decisão na ganhe destaque negativo no judiciário, quando ao abuso de poder ou pela
ilegalidade. Os atos devem ser publico e o processo esteja acobertado por norma jurídica
prevista no ordenamento jurídico, no caso em estudo, a Lei Estadual 7.990/200. E o
Estatuto prever dois ritos de aplicação de penas, o de advertência e de detenção, que no caso
é um processo disciplinar sumário e as asseguradas por este, mas a demissão, que no caso é
pelo Processo Administrativo Disciplinar, de rito mais complexo.

Malgrado o Estatuto Da Polícia Militar da Bahia (Lei 7.990/2001[30]) prever a punição de


detenção, onde o policial fica com a sua liberdade restrita a área livre do quartel, o Processo
Disciplinar Sumário – PDS, que pode ser aplicado no caso, é um procedimento mais
sintético e cabe a apenas um policial conduzi-lo, deste a instrução e emissão de parecer a ser
julgado pelo comandante sancionador, no caso o comandante direto do policial, que pode
discordar ou concordar com o relatório do presidente, desde que fundamentado. Já no caso
do Processo Administrativo Disciplinar – PAD é mais complexo, pois consiste em uma
comissão de três policiais de hierarquia igual ou superior a do acusado conduzir o processo
e emitir parecer, inclusive pela demissão do policial, que neste caso, cabe ao Comandante
Geral da PM BA analisar o parecer e decidir pelo acolhimento do parecer ou não da
corporação.
O processo deve ser público, devido ao princípio da publicidade, salvo nos casos em que a
Lei vede a publicidade, inclusive o julgamento pela comissão do PAD se realiza em sessão
aberta onde, obrigatoriamente deve estão presentes à comissão o acusado e seu defensor,
para ouvir a leitura do relatório e o voto do interrogante-relator, do secretário e do
presidente. A decisão da autoridade sancionadora é publicada em Boletim Ostensivo e ser
do conhecimento de todos.

Exemplificado os moldes para aplicação das punições disciplinares é momento de


demostrar como se desenvolve as fases de condução dos procedimentos, aos quais se
desenvolvem em quatro momentos distintos. O conhecimento do fato, que, em tese, atinja o
capítulo das transgressões, seria o juízo de admissibilidade; Designação de presidente ou
comissão para conduzir a instrução; Instrução, com citação do acusado para apresentar a
defesa prévia e produzir provas, produção de provas, defesa final; Relatório da comissão
com juízo de mérito e o julgamento por parte do comandante sancionador, que no caso de
aplicação de punição de detenção será também o responsável pela fiscalização da execução
da pena.

A Autoridade Militar ou Comandante que tomar ciência da prática de qualquer transgressão


disciplinar deve imediatamente, instaurar sindicância ou processo disciplinar para apurar
os fatos.

Na sindicância o que se busca é a autoria e a materialidade da denúncia, e não prescinde de


ampla defesa e contraditório, faz comparativos ao Inquérito Policial. Do resultado da
apuração é possível que seja arquivada, instalado o competente processo administrativo
(PDS ou PAD), instauração de Inquérito Policial Militar ou encaminhamento ao Ministério
Público para a propositura de ação pertinente ao caso (Penal ou Civil).

Já, o processo disciplinar sumário ou o processo administrativo disciplinar, a presença de


um advogado é imprescindível e exige-se maior rigor quando a ampla defesa e o
contraditório, onde o acusado deverá tomar ciência das acusações a punições possíveis a
serem impostas e o direito de participar de todos os atos do processo, além de constituir
todos os meios de provas. O processo desenvolve em quatro fases distintas. O primeiro
consiste no recebimento das acusações onde o comandante ou autoridade abrirá
procedimento, cujo fato ganha notoriedade através de Boletim Ostensivo, se praça, ou
Boletim Reservado, se Oficial, acusado. Na citada portaria também consta o nome do
encarregado, o caso do PDS, ou dos encarregados, no caso do PAD, para a apuração. Depois
que receber os autos o presidente deverá citar o acusado, sendo obrigatório o ato acusatório,
após a defesa prévia e o interrogatório, instala-se a instrução do feito, com coleta de provas.
Ultrapassada a fase de instrução, o presidente abre vista ao advogado do acusado para
apresentação da defesa final e por fim é feito o julgamento. Após seguirá ao comando para
referendar o parecer ou contrariar, fazendo seu juízo de valor de forma fundamentada.
Passadas as três fases, o Comando faz-se publicar no competente boletim a solução do feito,
e no caso de punição, o acusado é intimado a comparecer no horário, data e local previsto
para o cumprimento da sanção administrativa, no caso da detenção. De tudo é publicado na
4ª parte boletim concernente, denominado Justiça e Disciplina e lido na parada (reunião
dos militares) subsequente a publicação.

O ato de punir, segundo Carvalho Filho não é um ato discricionário do sancionador, mas um
ato vinculado, pois este embora esteja livre para avaliar os elementos que provocaram a
infração penal, não está livre para aplicar o juízo de conveniência e de oportunidade, e ainda
diz o professor:
Ressalve-se, contudo, que esse poder não vai ao extremo de conduzir o
agente aplicador da sanção ao cometimento de abuso, sobretudo de desvio
de finalidade, caso em que estará configurada hipótese de arbitrariedade,
incompatível com o princípio da legalidade.[31]

A luz do direito administrativo disciplinar castrense existe verdadeiros pressupostos


jurídicos e constitucionais que respaldam a aplicação da pena restritiva de liberdade –
detenção - por parte do comando aos seus subordinados, desde que o ato não esteja eivado
de ilegalidade, nem constitua abuso de poder por parte da autoridade sancionadora, cuja
deformação jurídica acarreta medida judicial cabível ao caso.

Portanto, deve o comandante ao tomar ciência transgressão disciplinar de policial


subordinado, se acercar de mecanismos legais e de princípios constitucionais, da ampla
defesa, do contraditório, da legalidade, da publicidade, do devido processo legal, dentre
outros para que se faça cumprir a Lei Castrense. Ademais, no momento da aplicabilidade da
sanção administrativa, chamada na caserna de Solução, esta deve está em consonância com
os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois se assim não estiver, enseja um
mecanismo de defesa constitucional, cabível ao caso concreto.

3.3 O INSTITUTO DA PRESCRIÇÃO ADMINISTRATIVA

O instituto da prescrição tem respaldo na legislação castrense, ela decorre da data do


conhecimento do fato e do prazo para a conclusão do feito, a prescrição intercorrente, que
confere a data da instalação do feito ao seu termino.

Os prazos previstos, quanto à prescrição pelo conhecimento do fato, ocorre em três


hipóteses: Cinco anos, quando a punição cabe a demissão, três anos no caso de detenção e
cento e oitenta dias para a advertência. O prazo para a abertura do feito investigatório
começa a correr quando o fato se tornou do conhecimento público. O Estatuto da PM BA
avança no sentido de punir aquele, que porventura der causa a prescrição.

Quando o fato na esfera administrativa for também definido como crime, aquela prescreve
juntamente com este.

O prazo prescricional é interrompido após a instalação de qualquer feito administrativo,


sindicância, Processo Disciplinar Sumario ou Processo Administrativo Disciplinar, até a
decisão final da autoridade competente. Este instituto da prescrição intercorrente é
enfatizado pelo professor Carvalho Filho ensina que “quando o processo disciplinar é sujeito
a prazo fixado na lei, e nesse caso está o Estatuto federal, o prazo prescricional volta a correr
após o período conferido à Administração para concluir o processo”.[32]

Há entendimento na Excelsa Suprema Corte no sentido de aplicar a prescrição intercorrente


nos processos administrativos, senão vejamos o que diz o Ministro Marco Aurélio em
decisão proferida em Mandato de Segurança, assim explicou:

Ora, cuida-se de institutos diversos quando se trata da interrupção e da suspensão. A


primeira resulta, uma vez exaurido o ato que a motivou, em novo curso do prazo,
desprezando-se os dias transcorridos. Já a suspensão conduz à permanência no tempo
enquanto não afastada a respectiva causa, computando-se os dias transcorridos até então e
que, assim, devem ser somados aos que sobejarem. Por outro lado, não se coaduna com o
nosso sistema constitucional, especialmente no campo das penas, sejam de índole criminal
ou administrativa, exceto relativamente ao crime revelado pela ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático – inciso XLIV do
art. 5º, da CF/88, a inexistência de prescrição. Inconcebível é que se entenda, interpretando
os preceitos da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que, uma vez aberta a sindicância
ou instaurado o processo disciplinar, não se cogite mais, seja qual foi o tempo que se leve
para a conclusão do feito, da incidência da prescrição. É sabido que dois valores se fazem
presentes: o primeiro, alusivo à Justiça, a direcionar a possibilidade de ter-se o implemento
a qualquer instante; já o segundo está ligado à segurança jurídica, à estabilidade das
relações e, portanto, à própria paz social que deve ser restabelecida num menor tempo
possível. Não é crível que se admita encerrar a ordem jurídica verdadeira espada de
Dâmodes a desabar sobre a cabeça do servidor a qualquer momento.[33]

A autoridade que tomar ciência de fato que constitua infração disciplinar deverá nomear
presidente ou comissão, a fim de dar inicio ao feito investigatório, no caso do processo
disciplinar o prazo para a conclusão é trinta dias, prorrogável por mais quinze dias e no caso
do processo administrativo disciplinar o prazo é de sessenta dias prorrogável por igual
período. Após a instrução será dado prazo de dez dias a defesa para apresentar a alegações
finais.

Com apresentação da defesa a comissão ou presidente terá o prazo de quinze dias para
elaborar relatório com parecer conclusivo do fato, se constitui infração disciplinar e
encaminhará os autos conclusos para a autoridade proferir a decisão no prazo de trinta dias.
Nas hipóteses de avanço aos prazos previstos na Lei Estadual 7.990/2001, é possível arguir
a prescrição intercorrente.

Há portanto, de se interpretar a favor da segurança jurídica, conforme vem se aplicando na


Corte Suprema no entendimento doutrinário a aplicação da prescrição intercorrente nos
procedimento administrativos disciplinares. E, se acaso ocorra a interpretação diversa, é
uma afronta ao Estado Democrático de Direito, pois confrontaria o principio básico do
Estado de Direito e conforme ensina o renomado constitucionalista Canotilho “é o da
eliminação do arbítrio no exercício dos poderes públicos com a conseqüente garantia de
direitos dos indivíduos perante esses poderes”.[34]

2010

RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM

PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ

SINDICÂNCIA

PDS 03 01

PAD

SOLUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM

PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ


SINDICÂNCIA

PDS 01

PAD

2011

RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM

PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ

SINDICÂNCIA 02 02 03

PDS 01 02 01 01 04 01

PAD

SOLUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM

PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ

SINDICÂNCIA 01 02 01

PDS 03 01

PAD

2012

RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM

PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ

SINDICÂNCIA 04 02 02 01 01

PDS 03 01 03 01 01

PAD 01

SOLUÇÃO DOS PROCEDIMENTOS INSTALADOS NA ÁREA DA 71ª CIPM


PROC JAN FEVMAR ABR MAIJUN JULAGO SETOUT NOVDEZ

SINDICÂNCIA 03 04 01 01

PDS 05 02 01

PAD

CONSIDERAÇÕES

A pesquisa jurídica é a uma prática de intercalar e interpretar as mais diversas normas


técnicas a fim de tomar um rumo mais próximo da aplicação da justiça pelos meios
jurisdicional. O Estado brasileiro é uma comunidade a qual o poder é tripartite e cada poder
tem uma função dentro da sociedade, com objetivo primaz de oferecer a tranquilidade,
conforto e segurança a todos. Todavia, para que esses indivíduos possam viver em paz é
preciso que o Estado edite regramento legítimo para que não exista abuso de poder nem que
o Estado possa avançar de forma desnecessária na vida das pessoas e que os indivíduos não
suportem a carga acima do que lhes forem permitidos.

O Brasil é país signatário de tratados internacionais e não permite que indivíduos sofram
ameaça de direito, ou que seja compelido do direito de ir e vir por alguém que não seja
competente para decretar tal restrição. A Constituição Federal permite a prisão apenas em
flagrante delito ou por ordem judicial. Mas o mesmo texto constitucional permite a prisão
administrativa, nos casos de punição disciplinar militar e veda o remédio do habeas corpus,
neste caso.

O país caminha para a que as punições de prisão sejam substituídas por outras, quais sejam
as pecuniárias, ou a restritiva de direito, a exemplo da prestação de serviço à comunidade e
restrições dos finais de semana e, nos dias atuais, os crimes, cujas penas não ultrapassem
quatro anos já devam ser aplicadas essas medidas. Bem assim, a única prisão civil existente
no ordenamento jurídico é a prisão por inadimplência alimentícia, mas já tramita no
Congresso Nacional projeto de lei, em que o encarceramento deva ser substituído ou
amenizado, uns defendem a inclusão dos nomes dos inadimplentes no cadastro dos maus
pagadores e outro a prisão em regime semiaberto, trabalha de dia e se recolhe a noite.
Todavia, quanto ao policial militar baiano, ainda é possível que uma autoridade
administrativa restrinja o direito de ir e vir, mesmo que na área livre do quartel, por até
trinta dias.

A pesquisa desenvolvida buscou a luz do direito constitucional, penal e administrativo, a


explicação para a aplicação da pena privativa de liberdade, no caso da transgressão
disciplinar, não por uma autoridade judiciária, mas por uma autoridade administrativa. E
foi possível concluir que a medida tem respaldo constitucional, deste que coberta por
princípios constitucionais, da reserva legal, da legalidade, da ampla defesa, do contraditório
e a razoabilidade e proporcionalidade na aplicação da pena, pois se assim não proceder cabe
o remédio constitucional do habeas corpus ou mandado de segurança.
REFERÊNCIAS

AZEVEDO. Antonio Medeiros de. Particularidades pitorescas da Polícia Militar da


Bahia. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia, 1975.

BACELLAR FILHO. Romeu Felipe. Processo administrativo disciplinar. São Paulo:


Ed. Max Limonard, 2003.

BAHIA. 29.535 de 11 de março de 1983, Dispõe sobre o Regulamento Disciplinar da


Polícia. Bahia, 1983.

______. Lei nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos


Polícias Militares do Estado da Bahia. Bahia, 2001.

BEZERRA, Paulo César Santos. Lições de Teoria Constitucional e de Direito


Constitucional. 2. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Renovar, 2009.

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NOTAS

[1] SANTOS, Patricia Veronica Pereira. Trabalhar, defender e viver em Salvador no


século XVII. 2004. Dissertação (Mestrado em História). Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas. Universidade Federal da Bahia, Salvador.

[2] AZEVEDO, Antônio Medeiros de. Particularidades Históricas e pitorescas da


Polícia Militar da Bahia. Salvador: EGBA, 1975.

[3] BRASIL. Decreto Imperial de 17.02.1825. Manda organizar na Cidade da Bahia


um corpo de Polícia. Disponível em: <http://homologa.pm.ba.gov.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=533&Itemid=543>.. acesso em 25Abr2013. 04h46.

[4] BAHIA. Decreto 22.902. Cria a Academia a Escola de Formação de Oficiais da Academia
de Polícia Militar da Bahia, Bahia, 1972.

[5] BAHIA. Constituição do Estado da Bahia, Bahia, 1989.

[6] BAHIA. Lei 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[7] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 114.

[8] MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 41

[9] ROSA, Paulo Tadeu Rodrigues. Em defesa das forças armadas. Disponível em:
<http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/emdefesadasforcasarmadas.pdf>. Acesso
em 08abr2013.13h57

[10] MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 129

[11] MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 130.

[12] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasilia, DF: Senado, 1988.

[13] MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 145.
[14] MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 132.

[15] Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/567324/recurso-


ordinario-em-mandado-de-seguranca-rms-3360-rj-1993-0022847-1-stj>. 25mar2013.
09h53.

[16] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasilia, DF: Senado, 1988.

[17] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2013. p. 157.

[18] BEZERRA, Paulo César Santos. Lições de Teoria Constitucional e de Direito


Constitucional. São Paulo: Renovar, 2009. p. 405.

[19] BAHIA. Lei n.º 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[20] BAHIA. Lei n.º 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[21] BAHIA. Lei n.º 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[22] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 72.

[23] BAHIA. Decreto n.º 29.535, de 11 de março de 1983. Dispõe sobre o Regulamento
Disciplinar da Polícia Militar do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[24] GARCÍA, Antonio. MOLINA, Pablo. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012. p. 411.

[25] GARCÍA, Antonio. MOLINA, Pablo. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012. p. 409

[26] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 73.

[27] STJ, Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, MS nº 6673/DF, 3ª S., DJ de 5.6.2000, p. 113

[28] BAHIA. 29.535 de 11 de março de 1983. Dispõe sobre o Regulamento Disciplinar


da Polícia. Bahia, 1983.

[29] BAHIA. Lei n.º 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[30] BAHIA. Lei n.º 7990, de 27 de dezembro de 2001. Dispõe sobre o Estatuto dos Policiais
Militares do Estado da Bahia, Bahia, 2001.

[31] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 73.

[32] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. São
Paulo: Atlas, 2013. p. 998.

[33] STF, RMS nº 23436/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 15.10.1999, p. 28.
[34] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. "Estado de Direito", in Cadernos
Democráticos. Coleção Fundação Mário Soares, Lisboa: ed. gradiva, 1999, p. 2.

Autor
Rene Sampaio Medeiros

Bacharel em Direito pela Faculdade de Ilhéus, Aprovado no XIII Exame


da OAB, 1º Sargento da PM BA, Radialista - DRT 6.319.

Site(s):

www.unanamidia.blogspot.com

Informações sobre o texto


Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT)

MEDEIROS, Rene Sampaio. A constitucionalidade das punições disciplinares da Polícia


Militar da Bahia. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 21, n. 4771, 24
jul. 2016. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/50640>. Acesso em: 2 abr. 2018.

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