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Objetivo – descrever brevemente algumas abordagens recentes e atuais para a análise de discurso, como
contexto e base para a elaboração da abordagem proposta pelo autor.
o Dois grupos (diferem na descrição das práticas discursivas e ao mostrarem como o discurso é moldado
por relações de poder e ideologias e os efeitos construtivos que o discurso exerce sobre as identidades
sociais, relações sociais e os sistemas de conhecimento e crença)
Abordagens não críticas
Sinclair e Coulthard
A análise da conversação
Labov e Fanshel
Potter e Wetherell
Abordagens críticas
Linguística crítica
Pechêux (AD)
Sinclair e Couthard
o “tiveram o propósito de elaborar um sistema descritivo geral para a análise de discurso, mas decidiram
focalizar a sala de aula por tratar-se de uma situação formal cuja prática discursiva é passível de ser
governada por regras claras” (p.32)
o “escala hierárquica”
o Aula, transação, troca, lance, ato
o 22 atos para o discurso em sala de aula
o Relação entre os atos e as categorias formais (p.34)
o Ponto forte da teoria: as propriedades organizacionais sistemáticas do diálogo e os modos para sua
descrição (p.34)
o Limites: ausência de desenvolvimento de uma orientação social para o discurso e a insuficiente atenção
à interpretação
as limitações pode estar relacionadas à escolha de dados – concentração de uma modalidade de
discurso de sala de aula tradicional, o que não reflete a diversidade das diferentes práticas de
sala de aula
o “falta na abordagem de Sinclair e Couthard uma orientação desenvolvida, ao deixar de considerar como
as relações de poder moldam as práticas discursivas e ao deixar de situar historicamente o discurso de
sala de aula em processos de luta e mudança social” (p.35)
o Outro ponto problemático: a questão envolvendo análise interpretativa e descrição
AC
o “é uma abordagem da análise do discurso que foi desenvolvida por um grupo de sociólogos que se
autodenominam ‘etnometodologistas’”
o Etnometodologia – ‘abordagem interpretativa da sociologia que focaliza a vida cotidiana como
dependente de habilidades e os métodos que as pessoas usam para produzi-la
o Tendência – evitar a teoria geral e a discussão sobre o uso de conceitos como classe, poder e ideologia
o Contraste entre AC e a abordagem de Sinclair e Couthard
Destaca processos discursivos, consequentemente, contemplando tanto a interpretação como a
produção
o Produzem estudos de vários aspectos da conversação (ver p. 37)
o Implicações
“implicatividade sequencial” da conversação – qualquer enunciado imporá restrições ao que
possa segui-lo (p.38)
“virtualmente todo enunciado ocorre em algum local estruturalmente definido na
conversa” (p.38)
“Posição sequencial de um enunciado é por si só bastante para determinar seu sentido” (p.38)
Embora esse ponto seja questionável
o Limitações: embora tenha feito contribuições importantes para uma nova apreciação da natureza das
estruturas do diálogo, não desenvolve uma orientação social para o discurso e nem fornece uma
explicação satisfatória dos processos discursivos e da interpretação (p.40)
Labov e Fenshel
o Linguista e psicólogo que estudam o discurso da entrevista psicoterapêutica
o Ao contrário dos anteriores, assumem a heterogeneidade do discurso, o que reflete contradições e
pressões da situação da entrevista
o Estilos associados a diferentes “moldura”: estilo da entrevista, estilo do cotidiano, estilo da família
o ENTREVISTAS – seções transversais (descrição das etapas)
o Seção transversal – interação
o Duas percepções de Fairclough
1) “o discurso pode ser estilisticamente heterogêneo por causa de contradições e pressões na
situação de fala” (p.43)
2) “o discurso é construído sobre proposições implícitas que são tomadas como tácitas pelos
participantes e que sustentam sua coerência” (p. 43)
o Segundo Fairclough, Labov e Fenshel aproximam-se de uma análise crítica (p.44)
Potter e Wetherell
o Análise do discurso como um método na psicologia social
A importância
A análise do discurso sendo utilizada para estudar questões que têm sido abordadas
tradicionalmente com outros métodos
Questão: se a análise do discurso concerne, principalmente, à “forma” ou ao
“conteúdo” do discurso (Sinclair e Couthard não consideram o conteúdo do discurso)
o Análise do discurso como método para psicólogos sociais
o “a maneira como as pessoas modificam a fala de acordo com a pessoa a quem falam e assim com a
variabilidade da forma linguística segundo o contexto e a função” (p.45)
o Limitações: ênfase parcial sobre as estratégias retóricas dos falantes.
Linguística Crítica
o Retomam Halliday:
“a linguagem é como é por causa de sua função na estrutura social, e a organização dos
sentidos comportamentais deve propiciar percepção de suas fundações sociais” (p.47), ou seja,
a linguagem à qual as pessoas têm acesso depende de sua posição no sistema social
A gramática de uma língua é entendida como sistemas de opções – os falantes fazem seleções
segundo as circunstâncias sociais, assumindo que opções formais têm significados contrastantes
e que as escolhas de formas são sempre significativas. (p.47)
o Crítica a sociolinguística:
Ela apenas estabelece correlações entre linguagem e sociedade, não buscando entender os
efeitos da linguagem na sociedade
o Toma como objetos de análise textos completos (falados ou escritos)
o Hipótese Sapir-Whorf – a linguagem incorpora visões de mundo particulares a variedade da mesma
língua (p.48)
o A análise textual:
Base no trabalho da gramática sistêmica de Halliday
Difere de outras abordagens na atenção que dedica à gramática e ao vocabulário dos textos
Processos gramaticais da “transformação” examinados no tempo real
Nominalização – conversão de uma oração em nome
Apassivação – oração ativa em oração passiva
Significados interpessoais – o modo como as relações sociais e as identidades sociais são
marcadas na oração
o A linguística crítica
Tendência a enfatizar demais o texto como produto e a relegar a segundo plano os processos de
produção e interpretação dos textos
o Outra limitação:
Ela confere uma ênfase unilateral aos efeitos do discurso na reprodução social de relações e
estruturas sociais existentes, negligenciando tanto o discurso como domínio em que se realizam
as lutas sociais, como a mudança no discurso, uma dimensão da mudança social e cultural mais
ampla
A interface linguagem – ideologia é muito estreita
o Além da gramática e do vocabulário há, por exemplo, a estrutura argumentativa
ou narrativa
o A LC lidam apenas com o monólogo escrito
o Ênfase exagerada na realização de ideologias nos textos – é deixado de lado o
sentido em que os processos de interpretação levam os interpretes a pressupor
coisas que não estão no texto e que podem ser de natureza ideológica
o A LC e a Semiótica Social (revisão das concepções da LC) (p.51)
Pechêux
o Tentativa de combinar, como na LC, uma teoria social do discurso com um método de análise textual,
trabalhando principalmente com o discurso político escrito
o Fonte principal – teoria marxista de ideologia – Althusser
“enfatiza a autonomia relativa da ideologia da base econômica e a contribuição significativa
para a reprodução ou transformação das relações econômicas” (p.51-52)
Ideologia
Ocorre em formas materiais
Funciona pela constituição das pessoas em sujeitos sociais e sua fixação em posições de
sujeito, enquanto ao mesmo tempo lhes dá ilusão de serem agentes livres (p.52)
Esses processos realizam-se no interior de várias instituições e organizações
o Contribuição de Pechêux
A linguagem é uma forma material da ideologia
Um AIE (aparelho ideológico de estado) pode ser concebido com um complexo de “formações
discursivas” inter-relacionadas, cada qual correspondendo aproximadamente a uma posição de
classe no interior do AIE” (p.52)
Cada posição incorpora uma FD
“uma FD é aquilo que em uma dada formação ideológica... determina “o que pode e deve ser
dito”
Ex.: a palavra “militante”
“os sujeitos sociais são constituídos em relação a FD particulares e seus sentidos”
Conclusão
o 8 questões principais
Objeto de análise – textos linguísticos
Análise dos textos como “produtos” de processos de produção e interpretação textual e
também análise dos processos
Os textos podem ser heterogêneos e ambíguos
O discurso é estudado histórica e dinamicamente
O discurso é socialmente construtivo, constituindo os sujeitos sociais, as relações sociais e os
sistemas de conhecimento e crença
A análise do discurso – preocupação com as relações de poder no discurso e com a maneira
como as relações de poder e a luta de poder moldam e transformam as práticas discursivas de
uma sociedade ou instituição
A análise do discurso – funcionamento do discurso na transformação criativa de ideologias e
práticas como também do funcionamento que assegurem sua reprodução
Os textos são analisados em termos de uma gama diversa de aspectos de forma e significado
pertencentes tanto às funções ideacionais da linguagem como às interpessoais
o AD – variabilidade, mudança e luta (p.58)
o Nem a tradição da análise do discurso nem Foucault lidam satisfatoriamente com o ponto 7
(reprodução e transformação das sociedades)
A formação de conceitos
o “bateria de categorias, elementos e tipos que uma disciplina usa como um aparato para tratar seus
campos de interesse” – Ex.: conceitos gramaticais
o Porém, ao tratar de objetos e modalidades enunciativas – conceitos em transformação
“Foucault propõe abordar a formação de conceitos dentro de uma formação discursiva por
meio de uma descrição de como é organizado o ‘campo de enunciados’ a ela associado, dentro
do qual seus conceitos ‘surgiram e circularam’” (p.71) – tipos de relação que podem existir nos
textos e entre eles
o “não pode existir enunciado que de uma forma ou de outra não realize novamente outros enunciados”
(p.72)
o
A formação de estratégias
o As formações – campo de possibilidades para a criação de teorias, temas ou estratégias
Construídas por uma combinação de restrições interdiscursivas e não-discursivas sobre
possíveis estratégias
Da arqueologia á genealogia
o
Foucault e a análise de discurso textualmente orientada