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Rita Faria
António Pedrosa
Este texto tem por base a comunicação apresentada no International Symposium in Land
Degradation and Desertification, organizado pela União Geográfica e COMLAND, que decorreu
em Maio 2005 em Uberlândia (Brasil)
Resumo
“… a distinção entre a hidrologia urbana e a hidrologia rural é cada vez mais difícil de
estabelecer devido à evolução actual da ocupação do solo urbano (desenvolvimento de zonas
peri-urbanas) e à modificação dos modos de vida. A noção de hidrologia urbana poderá evoluir
progressivamente até aquela de hidrologia humana ou de hidrologia de forte impacte antrópico,
intersectando-se pela parte do ciclo da água perturbado pelas actividades humanas ou
susceptíveis de as perturbar ou modificar de acordo com as necessidades da sociedade.”
[TUC04]
1. Introdução
Este diagnóstico reflectirá os alguns dos problemas com que a bacia hidrográfica se
depara e, servirá de base a estudos posteriores, onde serão tidos em conta, de forma
minuciosa, os regimes e os excessos das águas correntes na referida secção do Rio
Uíma.
2. Material e metodologia
AS linhas de água foram geradas com base no cálculo das direcções de escoamento e
das áreas de acumulação, onde cada a célula corresponde o valor do número de
células a montante que escoam na sua direcção.
No cálculo das sub-bacias hidrográficas foram tidos em conta as direcções de
escoamento, a partir de cada célula não vazia, de forma a determinar os seus limites. O
conjunto das várias Sub-bacias contribui para a delimitação de uma bacia hidrográfica.
Esta foi a metodologia utilizada para o cálculo da Sub-bacia do Rio Uíma.
O Rio Uíma é um dos cursos de água mais importantes do Concelho de Santa Maria da
Feira, fazendo parte integrante da Bacia Hidrográfica do Rio Douro. Corre na direcção
Sul/Norte e desagua no Douro.
O Rio atravessa uma das áreas mais importantes do Concelho a nível ambiental,
passando por zonas pressionadas pelo desenvolvimento urbano e industrial, factor que
contribui para a existência de alguns problemas de foro hidrológico e ambiental. A
crescente impermeabilização das vertentes e consequente alteração das direcções de
escoamento das águas pluviais, bem como a falta de limpeza das sarjetas, são factores
expressivos de estrangulamentos em alguns locais.
3.1 Hipsometria: 3.2. Declives
metros graus
3.2 Geologia
3.4 Solos
É uma bacia hidrográfica relativamente pequena (36,2 km2), factor que tem influência
no tipo de resposta da bacia à propagação da onda de chei a, uma vez que é um tipo
bacia mais sensível às condições humanas e acções antrópicas [SAR99]. Em muitos
casos ocorrem cheias repentinas, de origem torrencial, causadas por depressões que
provocam chuvas intensas, dificultando a sua previsibilidade. “Estas cheias são muitas
vezes agravadas pela ocupação urbana da bacia, nomeadamente pela
impermeabilização e obstrução causadas por edificações densas e desordenadas”
[SAR99].
“A questão das cheias nada mais é do que a ocupação irregular do espaço. O rio, na
época das chuvas, dispõe de mais água e necessita, para tal, de espaço para
transportá-la, e se a cidade ocupa esse espaço, o rio o utilizará e invadirá as áreas
urbanizadas” [ALC05].
Evolução Impermeabilização
5000000
4500000
4000000
3500000
existente 75
3000000
existente 83
m2
2500000
existente 93
2000000
existente 01
1500000
1000000
500000
0
impermeabilização 01
impermeabilização 93
impermeabilização 83
impermeabilização 75
4.18
26.98
24.88
Vias
Construção
Floresta
Agricola
44.02
Conclusão
A bacia hidrográfica do Rio Uíma é uma das áreas de maior valor paisagístico e
ambiental do Concelho de Santa Maria da Feira. No entanto, a evolução demográfica,
associada à pressão urbanística que se tem sentido nas últimas décadas, tem alterado
significativamente o normal funcionamento do ciclo hidrológico. O aumento
generalizado de áreas impermeabilizadas, tanto nas vertentes como nas áreas de leito
de cheia, levaram à diminuição de áreas agrícolas e florestais. Estas alterações no uso e
ocupação do solo, levaram à diminuição da infiltração e aumento do escoamento
superficial, factor preponderante na ocorrência de inundações nas áreas a jusante,
devido à maior velocidade das águas.
Algumas apropriações inadequadas do espaço têm efeitos multiplicadores e nefastos
para o ambiente, nomeadamente ao nível da degradação do solo.
Pretende-se então, que o ordenamento do território, em geral, e das bacias
hidrográficas, em particular, se prenda com a articulação de medidas que
contemplem a gestão dos riscos naturais e antrópicos, introduzindo modelos que visem
as fragilidades/potencialidades do solo, bem como a aplicação de estratégias como
de controlo dos problemas na origem, num modelo de gestão integrada do espaço.
Referências Bibliográficas
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