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Perspectiva Geral do Budismo

Buda e os seus ensinamentos

A religião Budista está firmemente enraízada nos antigos ensinamentos de Gautama Buda também conhecido por
Buda Shakyamuni, oBuda dito histórico, que viveu à volta do séc.VI a.C.. No entanto, o Budismo não é um sistema
unitário de crenças e de práticas, o Budismo evoluiu ao longo do tempo em muitas linhagens diferentes, todas elas
partilhando o mesmo estandarte dos «ensinamentos de Buda». É extremamente difícil determinar quais das
muitas Escrituras dos vários canônes budistas foram genuinamente ditos por Buda. No entanto, é perfeitamente
possível discernir algumas ideias-chave que estão no cerne da mensagem espiritual de Buda. Buda ensinou uma
via para a libertação do sofrimento que envolve a compreensão profunda da natureza da existência.Tendo visto a
condição da existência em termos de um círculo perpétuo de insatisfação, Buda pensou que a chave para acabar
com este círculo sem fim reside na compreensão da sua verdadeira natureza. Para Buda, a compreensão das
dinâmicas de causa, condições e efeitos é essencial para a demanda espiritual de um ndivíduo. Nada vem à
existência sem uma causa e, quando todas as condições estão criadas, nada pode impedir a sua consequência.
Segundo Buda , a principal causa do círculo perpétuo de sofrimento é o nosso apego profundamente enraízado ao
sentimento de um «eu» permanente.

Este apego dá origem a toda uma série de obscurecimentos-particularmente ao apego, ao ódio e à ignorância-
criando a base para uma vida emocional e psicológica confusa. O apego por aqueles que apecebemos como
próximos desse «verdadeiro eu» e a aversão pelos que pensamos ameaçarem o bem estar desse «eu», torna-se o
modo de iteracção com os nossos companheiros na existência, os seres. Por sua vez, isso leva-nos a actos que vão
em detrimento quer de nós quer dos outros. A verdadeira via para a libertação reside no desenvolvimento da
compreensão interior da ausência de um tal «eu» permanente.

Portanto, ao contrário de todos os mestres religiosos do seu tempo, Buda ensinou a via do «não eu»(anatman), na
qual a noção da essência permanente de uma pessoa é vista como a raíz de todo o sofrimento. Os argumentos
filosóficos utilizados para demonstrar a impossibilidade de tal eu permanente, ou essência imutável, são
frequentemente bastante complexos e detalhados, mas muitos desse argumentos concentram-se no estado de
fluxo de que a existência causal necessita. Em resumo, o que quer que tenha nascido de causas é necessariamente
impermanente, em parte porque tal coisa não pode existir antes de ser produzida. Atendendo que também nós
surgimos a partir de causas, também nós devemos ser impermanentes. Portanto, enquanto seres impermanentes,
não podemos ter qualquer eu ou essência imutável e permanente, apesar da nossa injustificada crença em
contrário. Os principios acima esboçados aparecem nos Quatro Axiomas, a fórmula tradicional que é dita resumir o
pensamento budista:

1. Todas as coisas condicionadas são transitórias;


2. Tudo o que é corrompido por um estado mental negativo produz necessariamente sofrimento;
3. Todas as coisas são vazias de qualquer essência permanente ou de um eu;
4. O nirvana é verdadeira paz.
Os mesmos príncipios constituem a base das Quatro Nobres Verdades, uma outra fórmula tradicional que guia a
prática budista:
1. O sofrimento existe;
2. há uma origem para o sofrimento (o apego);
3. há uma cessação para o sofrimento;
4. existe uma via que leva a essa cessação.

A primeira dessas Verdades, o facto de sofrermos, religa-se à noção de impermanência, pois muito do nosso
sofrimento deriva da presunção de que o mundo e as nossas vidas deveriam de certa maneira dar-nos uma
referência permanente, um ponto estático de referência, mesmo se todas as nossas experiências nos apontam para
a inevitabilidade da mudança. A segunda verdade, a origem do sofrimento, religa-se aos estados negativos mentais
ou «obscurecidos», pois esses estados são os que nos empurram a viver de uma maneira que produz sofrimento. A
cessação do sofrimento, a terceira Verdade, é em si nirvana, um estado que é «paz» precisamente porque todo o
sofrimento foi eliminado. Finalmente a quarta Verdade, que existe uma via que conduz ao nirvana, está
intimamente ligada ao príncipio de ausência de ego, uma vez que essa realização permite-nos eliminar os estados
mentais negativos que que causam o sofrimento.

Apesar de os Quatro Axiomas e de as Quatro Nobres Verdades nos darem uma perspectiva concisa do pensamento
e prática budista, há um elemento crucial que deve ser mencionado: a grande compaixão. Desde os primórdios do
budismo o amor e a compaixão figuram com predominância nas práticas budistas, mas a compaixão ganha um
significado particular na prática do Mahayana (o «Grande Veículo»). Sendo que todos os budistas perfilham as
doutrinas acima citadas, essas doutrinas deixam em aberto a questão da finalidade da nossa prática; ou seja, até
que ponto procuramos acabar com o sofrimento dos outros tal como com o nosso? Para os mahayanistas, como sua
santidade o Dalai Lama, o objectivo da prática não é simplesmente acabar com o nosso sofrimento e obter uma
felicidade pessoal, mas sim acabar com o sofrimento de todos os seres e garantir-lhes uma felicidade duradoira.
Uma vez que apenas uma pessoa plenamente iluminada pode esperar realizar tal objectivo, um mahayanista
procura obter a plena iluminação (bodhi) do Estado de Buda.

Na sua forma mais concisa, as práticas do Mahayana consistem em 6 perfeições, que são orientadas para o nosso
próprio desenvolvimento pessoal, e em 4 meios, que são orientados para o desenvolvimento do espírito dos
outros. As seis perfeições são a generosidade, a ética, a paciência, o esforço entusiasta, a concentração e a
sabedoria. Os quatro meios são: dar o que seja urgentemente necessitado; utilizar sempre um discurso gentil; ser o
guia que conduz eticamente os demais; e demonstrar estes princípios através do exemplo da nossa própria vida.
Estes dois conjuntos de práticas, as seis perfeições e os quatro meios, formam o que é conhecido pelo ideal do
bodhisattva.

www.terravista.pt/meiapraia/1556/intr_bud.htm

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