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A Expansão da Mente
cultrix
Tarthang TLilku
Leia também:
REFLEXÕES SOBRE
A MENTE
A EXPANSÃO DA MENTE
Tradução
MANOEL VID A L
Revisão técnica
I NSTI TUTO N Y I N G M A DO B R A S I L
EDITORA CULTRIX
São Paulo
008585
A EXPANSÃO DA MENTE
E7AP4
O primeiro número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra A pnmeira
dezena à direita indica o ano em que esta cdiçflo, ou reediçfto foi publicada
Edição Ano
5-6-7-8-9-10-11-12-13 03-04-05-06-07-08-09
Prefácio 9
Introdução 13
PARTE I: A B E R T U R A
Realidade e ilusão 76
A trama móvel dos sonhos 80
O lótus do sonho 91
A base primordial do ser 95
PARU IV: A L É M DOS SI GNIFI CADOS
PARTE V : O D H A R M A V I VO
9
cadora, ao passo que o que se pretende é exatamente o oposto.
A meditação é, em prim eiro lugar, um processo de aprendiza
gem, de concentração atenta sobre uma situação ou objeto, a
fim de ganharmos entendim ento acerca de sua natureza única e,
assim, capacitarmo-nos a lidar com ele de modo eficiente. Nós,
como seres vivos, estamos sempre dentro de uma situação, não
tanto no sentido de sermos entes isolados dentro de um re cip i
ente, sem que ambas as "entidades" tenham relação entre si,
mas no sentido de estarmos espraiados por toda a situação. Em
outras palavras, p o r.m e io de uma concentração atenta sobre
um objeto ou situação, aprendemos a discernir e a apreciar as
possibilidades desta situação.
Aprendemos, então, com base nesta atenção plena, a agir
de forma apropriada, o que significa não violentar a tessitura
delicada das situações da vida. Neste sentido, "m e d ita çã o " é
um meio de experienciar, de modo bastante concreto, qualquer
situação de vida em que porventura nos encontremos. Não é, de
maneira alguma, algo transcendental ou "a b stra to ", mas, sim,
eminentemente "p rá tic o ", na medida em que nos auxilia a nos
tornarmos vivos novamente, restabelecendo o livre curso da
corrente da vida. No Budismo, "m editação", como já deve estar
claro a esta altura, não im plica fugir do pensar, mas se trata da
aplicabilidade e da aplicação deste tipo de "pensam ento" na v i
da cotidiana. Este é o tema condutor deste livro.
Na medida em que o le ito r se sinta atraído pelo que se po
de chamar de "B udism o aplicado", notará que o livro, em sua
progressão, ca pítu lo a ca p ítu lo , é um "guia do cam inho". O te r:
reno através do qual ele aponta a direção é a natureza rica e
complexa do homem. Sob este aspecto de ser um guia, o livro é
m uito tradicional, no sentido em que reafirma o fato de ser o
homem capaz de crescimento e de ser o crescimento um proces
so contínuo de expansão para horizontes cada vez mais amplos.
é também semelhante à escalada do pico de uma montanha, o n
de temos que atentar para cada passo na subida, ao mesmo te m
po em que somos tomados p or vistas que nos tiram o fôlego. No
Tibete, estes "guias" ficaram conhecidos como lam-rim (Etapas
do Caminho), tendo sido preservada uma extensa literatura
sobre o assunto.
10
A obra mais antiga deste tip o é atribuída ao Guru Padma-
sambhava, uma pessoa cuja historicidade ficou sombreada por
lendas e mitos que atestam, todos, o impacto que a sua apresen
tação das idéias budistas teve sobre aqueles que tomaram con
tato com a força atrativa delas. O que distingue sua obra (bem
como as obras que se desenvolveram na tradição por ele inicia
da, conhecida como a ordem Nyingma) de obras da mesma na
tureza de outras escolas de pensamento é a vividez da apresen
tação. Temos uma apresentação de experiências vivenciadas por
inteiro, e não uma coletânea rançosa de textos canônicos. Esta
mesma vividez e abordagem direta, o leitor encontrará neste li
vro, cujo autor é um dos mais destacados estudiosos Nyingma.
A expansão da mente fo i escrito para aqueles que ousam
form ular perguntas que tocam o sentido da vida, e o livro to
mou forma a partir da colocação de tais perguntas. É desneces
sário salientar que o próprio títu lo representa um desafio —
abrirmo-nos significa re stitu ir a mente à sua abertura criativa.
A expansão da mente, sem dúvida, sinaliza o caminho nesta d i
reção.
Herbert V. Guenther
Universidade de Saskatchewan
11
INTRODUÇÃO
14
mento de compaixão e abertura; e do método Vajrayana de
transcender tanto o positivo quanto o negativo, de modo que
tudo o que fazemos se transforma no material com o qual cria
mos uma vida benéfica e equilibrada. O Vajrayana parece espe
cialmente moldado às pessoas no Ocidente, que estão constante
mente enredadas nas preocupações e interesses do mundo co
tidiano.
Minha esperança é de que este livro venha a ajudar as pes
soas no caminho do crescimento e da autodescoberta, de modo
15
Dssam, em melhores Condições, fazer face a estes tempos
bados. 0 que temos aqui está longe de ser uma apresen-
com pleta dos ensinamentos Nyingm a, más procurei trans
as muitas facetas destes ensinamentos e sua visão aberta,
ite é tão vasta quanto o espaço to d o , e o enfoque para sua
compreensão deve ser igualmente am plo.
»
PARTE I
ABERTURA
APRENDENDO POR MEIO D A EXPERIÊNCIA
li)
der, quando enxergamos as possibilidades de crescimento ineren
tes em tu do aquilo que fazemos.
À medida que aprendemos com nossa experiência, nossa
apreciação da vida aumenta; nossos sentidos se tornam mais agu
çados; nossa mente se torna mais clara e perceptiva. 0 desenvol
vim ento da atenção pura, concentração, honestidade, cuidado e
abertura, peide vir a ser uma experiência ilum inadora que irá não
só nos beneficiar, como também edificar qualidades que podem
servir de parâmetro para os que estão à nossa volta.
Conform e nossa atenção pura se desenvolve, todo o nos
so quadro de referência lentamente se transforma. Vemos as in-
ter-relações entre pensamento e ação, e, como conseqüência,
passamos a ser mais sensíveis em nossa comunicação com os ou
tros. Nossas observações penetram níveis mais profundos — des
cobrimos como os sentimentos são produzidos e como os pensa
mentos funcionam . Quando nossa atenção pura se aprofunda
ainda mais, podemos até mesmo perceber o elo de ligação entre
passado, presente e fu tu ro , e, portanto, aprender a ordenar nos
sas ações de modo que nossas vidas contenham satisfação e rea
lização.
No p rin cíp io , todavia, nossa visão é lim itada: não é fácil
determ inar quais serão os resultados dos nossos atos. Podemos
seguir os parâmetros da sociedade, mas poucos deles foram cria
dos com algo mais do que uma meta ou resultado imediatista
em vista. Assim, embora os resultados das nossas ações pareçam
bons no mom erito, a longo prazo podem se revelar nocivos. Frus
trados, talvez tentemos im por nossa vontade à situação, to rna n
do as perspectivas ainda piores.
A presença mental, por contraste, abre nossa visão para
ações mais construtivas. E a paciência cria espaço para que a
nossa nova visão aconteça. Como um agente secreto, a paciên
cia trabalha em silêncio para nos proteger, impedindo que seja
mos envolvidos por ações sem sentido ou pelo desespero. Quan
do desenvoívèmos conscientemente a paciência, ela pode se to r
nar uma resposta natural e adequada para cada nova situação;
fortalecemo-nos até mesmo para as ocasiões mais d if ícies.
.•n
Quando o desenvolvimento da paciênci é vigoroso, a
atenção plena brota até mesmo de dentro das nossas negativida-
des, e desta atenção vem a nossa meditação. Vemos que tudo o
que ocorre é uma manifestação de energia, o que, em si, é uma
form a da nossa atenção pura, e nos damos conta de que toda a
experiência, cada uma das vinte e quatro horas do dia, faz parte
da natureza da iluminação • •• %
# Rinpoche é um títu lo tibetano que significa "o mais precioso". Aqui se refere a
Tarthang Tulku. IN .T.)
21
Hinpoche: Isto é verdade, desde que estejamos mais atentos,
desde que estejamos fortes o suficiente para reconhecer as con-
seqüências das nossas ações. Primeiro, porém, precisamos apren
der como o samsara opera, com o acumulamos d or e frustração.
Começamos a ver que não há nenhuma paz, nenhum prazer, na
da desejável no modo em que estamos vivendo, e que nossa ex
periência, de algum je ito , sempre é estragada por preocupação,
culpa ou ansiedade. Uma vez que entendamos isso, vemos que
não há outra alternativa a não ser nos tornarm os iluminados,
nos tornarm os livres do samsara. Não podemos mais retornar à
nossa ignorância.
Aluno: Mesmo assim, não vejo uma ponte que possa u n ir posi
ções separadas com o: de um lado, ignorar ou rejeitar o mundo e,
de o utro , tornar o nosso caminho espiritual parte do mundo e
ajudar as outras pessoas — o ideal do Bodhisattva.
fíinpoche: Precisamos ser capazes de pôr nossas teorias em prá
tica; precisamos ser capazes de ir além do ego. No entanto, é
m uito d ifíc il a b rir mão do ego. Pode ser que consigamos fazê-lo
por alguns m inutos, mas como poderemos funcio n ar por toda
uma vida, ou mesmo apenas por um dia in te iro sem o ego!
O Buda tinha grande compreensão da mente, em todos os
seus diferentes níveis e estágios de desenvolvimento. Seus ensi
namentos, portanto, não são lim itados a um único m odo; têm
muitos aspectos diferentes. Um mesmo ensinamento pode ser
uma prática elementar para uma pessoa e, no entanto, uma ins-
truçãOfc.mais adiantada para outra. Há também m uitos ensina
mentos “ interiores" que são compreendidos de acordo com a
experiência e o entendim ento de cada indivíduo.
/.
Aluno: Quando resolvo olhar o m ündo do ponto de vista do meu
ego e da minha identidade, consigo ver que fu i eu que criei as
situações que me cercam.
fíinpoche: Bom. Mas, aí, qual é a sua situação e o que você faz
com ela?
23
Aluno: 0 tem po todo.
Rinpoche: Sim, mas isto é uma grande tarefa. Somente uma pes
soa m uito desperta consegue praticar a ação correta em relação
a cada pensamento, sem exceção. Não são muitas as pessoas que
conseguem isto. Podemos estar crescendo em sabedoria e conhe
cim ento a cada dia, mas o processo ainda requer um espaço de
tem po m u ito grande e é m uito trabalhoso. É preciso que ele seja
mais im portante para nós do que todas as outras coisas.
Sua atitude é m uito positiva e não quero desencorajá-lo,
mas mesmo o Mahayana diz que se leva trinta e três kalpas —
muitas e muitas vidas — para se chegar à iluminação. Podemos
ver a im portância de agir sempre com sabedoria e, até mesmo,
tentar fazer isto, mas nossos apegos ainda se interpõem em nos
so caminho. Às vezes a nossa boca é mais rápida do que o nosso
coração.
25
podermos acordar e ver claramente a natureza da nossa condição
samsárica. Quanto mais prontos estivermos para a d m itira reali
dade do sofrimento em nossas vidas, tanto mais necessário se
torna fazer algo sobre esta questão.
Aluno: Parece que estou estudando a mim mesmo, não uma re
ligião.
Rinpoche: Esta é a razão pela qual o Budadharma pode ser a p li
cável a todas as pessoas. Todos os seres vivos têm a oportunida
de de experimentar, por si próprios, a verdade do que o Buda
descobriu.
A A U T O -IM A G E M
y/
a estes conflitos, e estes co nflitos, por sua vez, alim entam a au
to-imagem. Deste modo, a auto-imagem perpetua-se a si mesma,
tendendo a filtra r as experiências de form a a só p e rm itir espaço
para que as suas próprias estruturas rígidas funcionem . Desprovi
da de abertura e de aceitação, a auto-imagem nos aprisiona em b lo
queios e limitações. O flu x o natural da nossa energia fica in te r
rom pido, e a nossa sensibilidade de resposta, bem como a p ro
fundidade da nossa experiência, ficam com sua am plitude seria
mente tolhida.
A fim de nos libertarm os da interferência da auto-imagem,
e para que o nosso e q u ilíb rio natural tenha espaço para atuar,
precisamos prim eiro ver que a auto-imagem não é uma parte au
têntica de nós mesmos, que nós não precisamos dela, e que, de
fa to , ela obscurece o nosso verdadeiro ser. Uma form a de conse
guir isto é dar um passo atrás e observar nossos pensamentos,
sempre que estivermos em meio a fermentação emocional.
Vtí
riências dolorosas. Pode ser que não queiramos realmente mudar.
0 apego a uma auto-imagem é poderoso: talvez não queiramos
buscar novas alternativas porque pressentimos uma possível
perda da nossa “ identidade".
Com frequência, nós realmente nos agarramos ao nosso so
frim e n to , pois o sofrim ento parece oferecer mais segurança do
que uma abertura para mudanças efetivas. C ontudo, para expe
rim entar felicidade verdadeira e equilíbrio em nossas vidas, te
mos que a b rir mão da causa que está na raiz do nosso so frim e n
to : a auto-imagem.
No m om ento em que deixamos de servir a auto-imagem e
suas necessidades, todas as nossas dificuldades desaparecem, e
nossa energia é liberada para flu ir sem empecilhos. Esta energia
pode então ser utilizada para incrementar, ainda mais, a com
preensão de nós mesmos.
29
Esta mudança é possível porque nossa consciência, por natureza,
não é fix a , mas flexível.
31
c
A AUTOTRANSFORMAÇÃO
32
de consistir simplesmente em viver segundo padrões que não
têm nenhum propósito real.
Esta perda de co ntro le ocorre de formas sutis, mas d e fin i
das. Por exemplo, deixar de fazer aquilo que sabemos que deve
mos fazer reforça um padrão de nos esquivar. Esta relutância
se torna um hábito. Começamos autom aticam ente a evitar qual
quer coisa que seja, mesmo ligeiram ente,-difícil ou desagradável
— oportunidades produtivas e desafiadoras podem ficar perdi
das, pois o padrão de esquiva tom a as decisões por nós. À me
dida que o padrão se fortalece, nós nos enfraquecemos ainda
mais.
Conform e o tem po passa, estes padrões ficam mais e mais
fortes, e continuam até mesmo ao longo de outras vidas, quer
nos recordemos delas ou não. Isso é o carma, e ele faz parte do
processo da vida. Devido ao carma, é cada vez mais d ifíc il al
cançarmos nossos objetivos, encontrarm os preenchimento ou
progredirmos espiritualm ente. Nossas vidas não são verdadeira
mente saudáveis; no entanto, temos estes padrões tão introjeta-
dos — por menos saudáveis que sejam — que não é fácil mudar.
Sem que nos déssemos conta, esta estruturação de padrões pas
sou a fazer parte de nós.
33
Fique com uma destas emoções; sinta seu sabor por meio
da meditação. Pratique até que um sentimento surja por trás da
emoção original, um sentim ento que se manifesta, a p rin c íp io ,
como um aperto físico ou tensão. À medida que você continua
a penetrar em sua resistência, talvez o sentimento se in te n s ifi
que. Por fim , você reconhecerá o sentimento com o sendo medo.
O medo é fugidio. A maioria de nós não aceita de p ro n to
que o medo dirija as nossas escolhas e as nossas ações. A sensa
ção de estarmos no controle da nossa vida faz parte da nossa tão
querida auto-imagem, uma auto-imagem que queremos proteger.
Nós nos sentimos seguros com nossos padrões estabelecidos; te
memos o incerto e o desconhecido como ameaças a estes pa
drões. Quando cedemos a este medo, mesmo sem estar ciente
dele, nós o reforçamos. Assim, o medo cria mais medo e se trans
forma numa sutil força propulsora. 0 que talvez nos pareça
uma situação sobre a qual não tenhamos nenhum controle pode,
na verdade, ser o nosso medo de nos pormos diante do que está
dentro de nós. Este medo pode permear toda a nossa vida.
Quando entramos em co nta to com o nosso medo e o reco
nhecemos, podemos ver que a maioria das nossas racionaliza
ções, os nossos insignificantes gostos e aversões, mesmo as pe
culiaridades de personalidade que tanto apreciamos, são simples
mente esquemas de sustentação do ego que servem para escon
der o fato de que cedemos ao medo. Estas propensões, aparente
mente inofensivas, mostram seu real poder como padrões cárm i-
cos em ação — padrões que encobriram tão astutamente nossa
verdadeira motivação que perdemos a capacidade de ser efetiva
mente honestos com nós mesmos. Quando adquirimos essa co m
preensão, precisamos põ-la em prática, pois é a esta altura que
temos conhecimento e oportunidade para romper nossas lim i
tações.
34
simplesmente energia. A tensão circundante então se parte, per
m itindo-nos relaxar e liberar essa energia. Essa liberação nos dei
xa calmos e em paz conosco.
Quando atravessamos o medo na meditaçãc, podemos
aprender a ser eficazes em situações nas quais, antes, não conse
guíamos sequer agir. Podemos rom per com o nosso "não querer
fazer". Precisamos apenas contatar a sensação destas situações
de forma dire ta : com paciência, tranqüilidade, confiança. Este
padrão é genuinamente sadio e nos capacita, de fa to , a determ i
narmos as nossas ações e as nossas vidas.
Ao compreender os padrões do carma, fazemos da vida
uma enorme oportunidade. A existência humana é preciosa;
quando nos libertam os das nossas respostas automáticas, pode
mos entender o potencial ilim itado dela. É apenas uma questão
de encontrarm os os locais de silêncio que estão além dos pa
drões, de entrarm os em contato com a nossa verdadeira nature
za e, então, n utrirm os seu crescimento. Realizamos isto apren
dendo a ser honestos conosco. Embora este rom pim ento de ve
lhos padrões não aconteça em um dia, ele virá quando, m om en
to a m om ento, aprendermos a manter e q u ilíb rio em nossas
vidas.
35
TRANSFORMANDO O MEDO
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acreditamos nele, damos ao conceito poder sobre nós, quer ele
seja real ou não.
A sombra do medo está sempre escondida no vão que exis
te entre os nossos mundos subjetivo e objetivo. Temos medo de
nos perder, de perder nossa identidade. Somos tão apegados aos
nossos conceitos de quem e do que somos que temos medo de
sua possível ruptura.
37
Ver que os nossos medos nada fazem, a não ser restringir
nossa energia, pode nos dar um poder e uma força fantásticos,
possibilitando-nos descobrir o verdadeiro dinamismo da nossa
consciência. Nada no mundo físico pode nos proteger dos obje
tos do medo; transcender o próprio medo por meio da m edita
ção é a nossa verdadeira proteção.
38
vindo até ele e como os subjugara. Era um homem m u ito orgu
lhoso, mas m uitos o respeitavam porque tinha poderes de cura.
Na últim a noite de sua semana no cemitério, um grupo de jo
vens lamas, que não gostavam dele, decidiu espiar e ver exata
mente como ele executava sua prática.
39
perguntaram onde estava seu belo damaru, com o qual havia re
zado pela manhã. Nas manhãs de todos os dias anteriores, ele
havia contado como conversara com demónios e com que es
perteza os havia subjugado. Mas, desta vez, nada disse. Mais
tarde, desistiu da prática do chod por com pleto.
40
0 medo da m orte é extremamente poderoso; é, de longe,
mais intenso do que qualquer outra emoção. Quando estamos
frente à morte, podemos tentar ignorá-la ou rezar, mas, de fato,
nada ajuda. Ainda mais potente do que a dor física é a dor do
medo. Até a palavra "m o rte " nos parece assustadora, visto que
denota um fim . Podemos acreditar que a consciência e o corpo
são a mesma coisa e que, se o corpo morre, então a consciência
deve cessar também. Mesmo se acreditamos que a nossa consci
ência sobrevive depois que o corpo morre, sabemos que na m o r
te eles têm que se separar, e a idéia de abrir mão do nosso corpo
nos faz sentir m uito perdidos e amedrontados.
Todavia, à medida que aumenta nosso entendimento do
significado da existência humana, é possível ver que a m orte não
é uma separação mas, sim, uma transformação. Quando conse
guimos ampliar nossa perspectiva, podemos ver que a vida não
pode ser perdida e não pode desaparecer. Conforme o entendi
mento cresce, o medo declina. A morte se torna um excelente
mestre.
4 I
Infelizm ente, nos Estados Unidos, a m orte é um assunto
tabu. Seria de ajuda para nós se a m orte fosse reconhecida mais
abertamente como parte natural da existência, e não com o uma
grande tragédia. Ao entender a impermanência da vida, pode
mos valorizar plenamente cada momento. A consciência da m o r
te nos ensina a desfrutar a vida, não possessiva ou em ocional
mente, mas com simplicidade, preenchida pela beleza e c ria tiv i
dade de um viver pleno.
43
[iá nada a fazer; não há m otivo algum para produzir alguma co i
sa ou parar alguma coisa. Apenas deixe tudo ser.
Quando meditamos deste modo simples e receptivo, a qua
lidade meditativa gradualmente se torna mais pronunciada e sua
experiência, mais imediata. Após cada meditação, a luz desta
experiência permanecerá e se fortalecerá com a prática. A m edi
tação simplesmente vem por si própria, como o Sol da manhã; a
atenção interior, uma vez tocada, irradia-se naturalmente. T oda
via, encontrar esta atenção in te rio r requer prática diária, de m o
do que é im portante reservar tem po para a meditação.
'1'»
vel progredir. O pesado é querer que alguma coisa seja de um
certo modo. Queremos uma determinada condição, sentimento,
bem material, identidade — um pequeno ninho. Queremos estar
em um certo lugar, e este querer tem uma qualidade pesada. É
limitado, estreito, específico; ele é confinado por identidades e,
conseqüentemente, o ego tam bém está envolvido nisso.
A leveza é transparente, com o um cristal. Não tem um lu
gar particular, não pertence a lugar algum. A leveza é livre, co
mo o Sol. Na meditação, não há ciência de sujeito nem de ob
jeto. Não pode haver vontade, pois não há mais ninguém para se
gurar-se a coisa alguma. Não há orientação subjetiva. O sujeito
e transcendido; tudo o que sobra é a meditação; apenas a expe
riência. Tente desenvolver este tip o de atitude.
47
0 tem po não se move em apenas duas direções. O tem po li
near é uma relação entre dois pontos, mas, no nível experiencial
da consciência interior, o tem po se torna m ultidim ensional: pa
ra frente, para trás, para cima e para baixo. O tempo, na form a
que comumente pensamos nele, implica os conceitos relativos
de passado, presente e fu tu ro . Acreditam os que, enquanto esti
vermos vivendo o presente, o fu tu ro não pode ainda ser, e que,
tão logo o presente passa, o fu tu ro vem tom ar o seu lugar. Mas,
dentro da meditação, nós efetivam ente nos tornamos a experiên
cia, e estes aspectos relativos do tem po deixam de existir.
Geralmente, vemos a memória do mesmo modo que vemos
o tem po comum — acreditamos que a memória seja linear. Acha
mos que podemos te r lembranças apenas uma após a outra. Mas,
quando nossa experiência se alarga, nos damos conta de que es
távamos vendo apenas em uma dimensão. De uma perspectiva
mais sensível e completa, as dimensões da experiência se m u lti
plicam.
APR O FU N D A N D O A M E D IT A Ç Ã O
A CORRENTE QUE SE APROFUNDA
51
padrão circular. Mesmo quando tentamos rom per o c írc u lo , ca
da novo cam inho parece term inar onde havíamos começado. Ao
tentar escapar, permanecemos aprisionados dentro do cicio, ce
gos às oportunidades ao nosso redor.
Quando estamos neste ciclo, somos como um botão de flo r
fechado, com a riqueza, cor e perfume trancados do lado de den
tro. No m om ento em que aprendemos a nos desapegar, a rom
per com esses padrões de excitação e desejo intenso, há uma vas
ta abertura, um espaço ilim itado em que todas as possibilidades
nos esperam. Mas não é fácil nos abrirmos para novos com porta
mentos, e para muitos de nós o próprio esforço pode conter
uma qualidade voraz que somente fortalece os padrões mentais
que nos confinam .
Como é que quebramos esse ciclo de desejo ansioso e frus
tração? Uma maneira é fazer uso dos próprios hábitos que esta
beleceram o ciclo. Por exemplo, podemos usar nossas lembran
ças. Viver no passado, basicamente, reforça esses padrões, mas,
ao mesmo tem po, as experiências passadas muitas vezes reúnem
ao seu redor sentimentos profundos e genuínos. E estes senti
mentos profundos ajudam a nos abrir para todas as demais
experiências e situações.
1)2
compreender com o nossa maneira habitual de ve ra experiência
distorce e lim ita as nossas vidas, isolando-nos de um contato d i
reto com o meio que nos cerca e com as nossas possibilidades.
Nossa percepção, ela própria, se transforma. Desenvolvemos
uma nova qualidade de visão e uma m aior am plitude e p ro fu n d i
dade de sentim ento.
53
ABRINDO-NOS PARA OS SENTIMENTOS
64
A ponte entre o corpo e a mente é feita pelos sentidos, sen
do que alguns estão relacionados mais de perto com o corpo, e
alguns com a mente. Por causa dessa sobreposição, os sentidos
têm o potencial de auxiliar o corpo e a mente a trabalharem ju n
tos, de forma natural. Primeiro, porém, precisamos reconhecer
nossos sentidos e vivenciá-los de form a mais profunda.
Os prazeres externos que pensávamos fossem desenvolver
nossos sentidos, na verdade, os amorteceram, pois não fizemos
pleno uso deles. De modo geral, passamos de uma experiência
para outra antes de conhecermos as nossas sensações e sentimen
tos; mal somos capazes de sentir o que experienciamos. Não
damos tempo aos nossos sentidos para desenvolver, uma expe
riência, nem perm itim os que a mente e o corpo integrem
nossas sensações e sentimentos.
Nossos sentidos são filtro s através dos quais percebemos
nosso m undo; quando estão amortecidos, não conseguimos ex
perimentar a riqueza da vida, nem nos aproximar de uma verda
deira felicidade. A fim de tocar nossos sentidos, temos que en
trar em contato com as sensações e sentimentos da nossa expe
riência. Precisamos d im in u ir o ritm o, escutar e sentir os tons e
vibrações que nossas sensações e sentimentos estão tentando
nos com unicar; então, poderemos aprender como tocar — tocar
grosseiramente, tocar delicadamente. Cada sentido é dotado de
qualidades físicas mas, com freqüência, não estamos plenamente
cientes delas. Podemos começar a aumentar nossa atenção pura
em relação aos sentidos, aprendendo a relaxar e a ser mais aber
tos.
Nossos sentidos são alimentados quando ficamos tra n q u i
los e relaxados. Podemos vivenciar cada sentido, saboreando sua
essência. Para fazer isto, toque um dos aspectos dos sentidos e,
então, deixe a sensação se ampliar. À medida que passamos para
um nível ainda mais profundo, podemos intensificar e fru ir os
valores e a satisfação que a í encontramos. Assim como organis
mos diferentes têm estruturas diferentes, o mesmo acontece
com os sentidos. Há várias camadas em nossa experiência dos
sentidos, camadas que são reveladas quando estamos relaxados,
não apressados, atentos.
A meditação, que nos encoraja a desenvolver uma q u a li
dade viva de escuta, nos fornece um meio de explorar estas ca
madas. Usando os instrum entos da presença mental e da concen
tração, podemos aprender a remover a tensão e deixar nossa
energia flu ir por todo o corpo. O verdadeiro relaxamento é mais
do que um momento agradável ou um simples repouso; s ig n ifi
ca ir além da form a física e a b rir completamente todos os sen
tidos. Ter esta experiência é com o tom ar um banho refrescan
te dentro dos nossos corações.
hl»
que o seu coração; abra todo o seu corpo, cada átomo dele. En
tão, pode brotar uma experiência bonita que tem uma qualidade
para a qual você pode voltar muitas e muitas vezes, uma q uali
dade que irá regenerá-lo e sustentá-lo.
Quando você toca sua natureza in te rio r desta maneira, tu
do se torna silencioso. Seu corpo e mente fundem-se em pura
energia; você se torna realmente integrado. Benefícios enormes
decorrem desta união, inclusive grande alegria e sensibilidade. A
energia que flu i dessa abertura cura e nutre os sentidos: eies se
preenchem de sensações, abrindo-se como flores.
Quando nossa mente e nosso corpo se tornam unos, pode
mos entender o silêncio e o vazio; conhecemos satisfação p o r
que nossas vidas estão equilibradas. As raízes de nossa tensão
são cortadas, de m odo que nosso c o n flito interno cessa; nós nos
tornamos m u ito serenos e preenchidos.
liifl
TRANSCENDENDO AS EMOÇÕES
60
real. Mas podemos acordar. Quando percebemos que nossas
idéias de bem ou mal, branco ou preto, são apenas rótulos — que
a existência em si é neutra e que é apenas o nosso ponto de vista
que a colore de positiva ou negativa — então sabemos que a res
posta verdadeira encontra-se dentro de nós mesmos. Temos que
mudar nossos padrões de reação à experiência, pois nossos p ro
blemas não estão nas experiências p or nós vividas, mas, sim, em
nossa atitude para com elas.
Aluno: Quando você diz aceitem-se como são, você quer dizer
que não devemos tentar mudar?
Rinpoche: Estamos sempre nos rejeitando, nos culpando por
uma coisa ou outra. Pode ser também que estejamos aceitando
negatividades em nossa pessoa que na realidade não existem. Em
vez de nos rejeitarmos, seria mais útil compreender que nossas
negatividades, quer sejam verdadeiras ou falsas, não têm solidez
alguma. Quando nossos pensamentos e conceitos se modificam,
nossas atitudes se m odificam , e uma energia de curso livre é li
berada. Essa energia encontra-se bloqueada por nossas negativi
dades, que têm uma qualidade fixa. Quanto mais soltamos nos
sos conceitos e contrações, tanto mais essa energia flu i.
61
meditação. Seu senso de tem po pode ficar d istorcido: um m inu
to pode parecer meia hora. Há uma certa energia de medo que
se amplia e interfere com certas experiências. E certos estados
m editativos são tão altamente sensíveis que qualqúer perturba
ção aumenta de form a exponencial.
Por exem plo, quando você usa todos os seus esforços para
contro la r seus pensamentos, é exatamente a í que os pensamen
tos ficam mais incômodos. Não é que você tenha escolhido o
m om ento errado; é apenas que a mente se torna m u ito sensível
quando tentamos trabalhar com ela. Nessas ocasiões, nossa cons
ciência não é mais bi mas, sim, tridim ensional. Quando olhamos
por uma lente de certo modo, tudo fica maior ou menor. Quan
do você se encontra em uma certa sintonia, coisas incomuns
acontecem. Você pode se sentir totalm ente feliz ou péssimo,
por um período que pode parecer um dia todo, quando, na ver
dade, trata-se apenas de meia hora.
Na meditação, como na vida, muitas coisas acontecem,
-tanto bonitas quanto dolorosas. Precisamos permanecer atentos.
f i‘ frustração está sempre por perto, tentando-nos e jogando co
nosco. Precisamos aprender a esperar por ela. Quanto mais de
pressa nossos olhos se abrirem, mais cedo poderemos nos con
trapor a quaisquer negatividades que surjam.
G3
Aluno: Como podemos ajudar uma pessoa que está atravessando
uma experiência emocional dolorosa?
Rinpoche: Lidar com emoções intensas não é fá c il; as emoções
projetam uma forma de energia que torna d ifíc il, para qualquer
pessoa que esteja por perto, manter uma perspectiva equilibra
da. Então, antes de tentar ajudar, é im portante saber como man
ter uma atitude suave, uma atitude de compaixão. Quando as
pessoas ficam presas em meio a agitação emocional, são m uito
sensíveis e vulneráveis; podem facilmente pressentir emoções
que estejam abaixo da superfície, e podem também facilm ente
ser machucadas por mal-entendidos. Portanto, quando quere
mos ajudar, devemos estar especialmente alertas para a energia
que nós mesmos estamos projetando. Nossa responsabilidade é
manter um estado de atenção plena que possa proteger a nós
mesmos e aos outros.
Se não form os cuidadosos, em vez de ajudar, podemos fa
zer o desequii íbrio emocional ficar ainda pior. Como as emoções
são, em sua substância, energia pura, tendem a "sugar" qualquer
energia que seja direcionada para elas. Isto funciona nos dois
sentidos: enquanto nossa energia pode mexer com a emoção,
podemos também ficar "contagiados" pela energia negativa. A
energia parece intensificar-se a si mesma, como se tivesse vida
jrópria.
O ego tem m uito a ver com este processo. As emoções são
Jefesas montadas pelo ego para desviar a atenção de si mesmo;
acobertado pelas emoções, o ego pode então entregar-se a seus
ogos e subterfúgios. Assim, quando o ego é posto em cheque,
3S emoções se movimentam como o m ercúrio para construir
jm a defesa.
é preciso, portanto, tocar as emoções com habilidade, de
modo que elas não sintam necessidade de fugir. Podemos ir por
trás delas com suavidade, e liberar sua energia, transformando-as
com amor e compreensão. Mas, a menos que sejamos hábeis em
expor as raízes da emoção, até mesmo um simples ato de dar
"apoio em ocional" pode ser prejudicial. Emoções alimentadas
por emoções e compartilhadas com outras pessoas emotivas,
nu pessoas susceptíveis a emoções, não podem jamais criar uma
nituíiçffo saudável.
M
Aluno: Então, o que devemos fazer?
Rinpoche: Simplesmente deixar que a situação percorra seu c u r
so natural e deixar que as emoções gastem seu gás pode ser uma
solução criativa. Depois disso, talvez você possa sugerir às pes
soas em questão que respirem fundo e olhem para a situação de
forma mais profunda. Às vezes, este constitui o melhor, senão
o único, conselho ou a u xílio que devemos dar.*
Dentre os m uitos elementos que compõem a nossa existên
cia, as emoções têm vida bastante curta. Porém, no momento
certo, o co n fo rto da nossa experiência pode ser um presente
verdadeiramente precioso.
Aluno: O sr. pode dizer alguma coisa sobre o que fazer quando
se é interrom pido? Quando sento em meditação durante o dia,
se tudo está totalm ente em silêncio, fico calmo. A í, quando m i
nha filha entra e quebra o silêncio, tenho muita dificuldade em
voltar para o meu sentar.
Rinpoche: Sempre que somos interrom pidos e somos atrapalha
dos por um barulho, imediatamente nos concentramos no obje
to que provocou a interrupção. Ao invés de olhar para o objeto,
olhe de volta para a experiência, e entre em contato com ela. E,
de novo, entre em sua meditação. Deixe que a meditação o con
vide a voltar. Mais tarde, na sua prática, até mesmo o barulho
não perturbará, porque não haverá mais um lugar "de onde".
Em vez de ser uma interrupção, o ruído é meramente um acon
tecimento interessante. Mesmo os fatos que ocorrem norm al
mente se tornam interessantes, porque constituem uma surpre
sa; o que não existia passa a existir.
Aluno: Rinpoche, quando se tem uma fam ília e crianças peque
nas, quase todo o tempo disponível é tomado por elas. É d ifíc il
encontrar uma hora para meditar.
Rinpoche: Tente ver seus filhos como a meditação. Tudo com o
que estiver envolvido na sua vida — faça disto a sua meditação.
A meditação não precisa de um lugar ou de um momento espe
cífico . Qualquer lugar, qualquer hora pode se tornar a sua m edi
tação. Isto é consciência superior. Fique apenas dentrò da si
tuação sem qualquer apego, sem envolvimento de ego, sem que
rer se agarrar. Sua vida se tornará fácil e agradável, porque não
haverá lugar para negatividades.
(>(>
Aluno: É possível nos observarmos a nós mesmos reagindo à dor?
Rinpoche: Apenas pergunte: "Quem está vivendo a d or?" Tal
vez os sentidos, os sentimentos, os hábitos ou os conceitos. Co
loque-se acima de todos eles: apenas observe, sem participar.
Aluno: Isto faz com que a dor desapareça, ou não im porta mais
se ela desaparece ou não?
Rinpoche: Certo. Não im porta. Quando toda a nossa atitude
passa a ser diferente, nossa consciência também passa a ser d ife
rente. Pode ser possível que a dor desapareça, mas devemos ter
a atitude de que não im porta se a dor desaparece ou não. Não
tenha desejo de que desapareça. Somente a observe.
67
Aluno: Então, se sentimos que uma emoção está vindo à tona, o
adequado é deixar que saia, mantendo-nos, porém, atentos ao
que estamos fazendo?
Rinpoche: E mais do que ficar atento. Você tem de saber como
fazer.
69
mente de suas tendências "o u /o u ", ta nto mais podemos sentir
amor e compaixão pelas outras pessoas. Este é um passo m uito
im portante, pois a abertura é o m elhor alicerce para o cresci
mento espiritual. Se soubermos com o trabalhar com todas as
nossas aparentes negatividades, poderemos aprender como nos
so ambiente interior trabalha com a natureza do nosso ser.
à medida que a experiência passa a te r mais significado,
sabemos como ensinar a nós mesmos, como cuidar de nós mes
mos. Sabendo que a liberdade decorre da aceitação da nossa
própria natureza, da nossa própria compreensão, da nossa pró
pria mente iluminada, poderemos encontrar sempre o caminho
do meio. Quando transcendemos os apegos e as aversões da
mente, todas as aparentes negatividades tornam-se veículos po
derosos de iluminação.
FASCINAÇAO e a n s ie d a d e
71
cas. Ficamos presos nesta progressão porque nossos pensamen
tos, nossas fascinações, não podem nos preencher; não têm su
bstância real. Não podemos segurá-los. Seguidamente nos colo
camos numa situação de correr atrás do arco-íris. E, quanto mais
o perseguimos, mais ansiosos e frustrados ficamos.
n
ceitos, self ou objetos. Esta necessidade torna-se mais fo rte e f i
xa o padrão ainda mais. As coisas todas acontecem tão rapida
mente que não temos tempo para pensar sobre elas. A velocida
de deve-se à energia poderosa que está por debaixo de nossas
expectativas e ansiedades.
73
PARTE I I I
R E A L ID A D E E ILUSÃO
REALIDADE E ILUSÃO
76
— física ou mentalmente — os mesmos que éramos antes. No
entanto, ainda consideramos aquela criança como sendo nós.
77
fim , a rã desmaiou: era apavorante até mesmo tentar pensar em
um lugar assim.
78
da perspectiva da mudança, abrimo-nos para uma nova liberdade
e atenção plena.
Obstáculos ao nosso progresso ainda surgem, mas somos
capazes de contorná-los; aprender a " f lu ir " com a experiência
nos dá verdadeira estabilidade e liberdade. Quando descobrimos
a mudança como a natureza real da existência, nossa velha con
cepção de mundo parece dim inuta e limitada. Nosso mundo
acorda para a vida; somos inteiros novamente. Uma nova reali
dade emerge da antiga, como uma fênix do fogo.
79
A luno: As vezes, tenho consciência de que meu corpo está dei
tado na cama e, no entanto, sei que estou sonhando. Como ou
p o r que isto acontece?
Rinpoche: No estado de sonho, é possível ver de várias maneiras
ou em várias dimensões ao mesmo tem po. Enquanto o estado
acordado é lim itado por conceitos do que é “ real" e "possível",
o estado do sono é naturalm ente mais aberto; ele cria padrões
espontaneamente, e não de maneira forçada. E por isto que os
sonhos podem ser im portantes para o desenvolvimento da aten
ção plena. Perceber, durante o sonho, que o sonho é um sonho,
pode ser um grande benefício; podemos utilizar este conheci
m ento para moldar nossos sonhos.
Podemos até mesmo aprender a moidar nossos sonhos a
p a rtir do nosso estado de vig ília , loguins adiantados são capazes
de fazer praticamente qualquer coisa em seus sonhos. Podem se
transform ar em dragões ou pássaros m íticos; ficar maiores, me
nores ou desaparecer; vo lta r à infância e reviver experiências;
ou mesmo voar através do espaço.
No final do século X havia um mestre hindu chamado
Atisha que fo i convidado a ir ao Tibete para ensinar. Seus a lu
nos perguntaram como ele ia fazer isto sem conhecera língua, e
ele respondeu que iria se manifestar aos tibetanos e ensiná-los
por meio de seus sonhos. A linguagem dos sonhos é a mesma
em todas as culturas.
Geralmente, comparamos o estado de vigília ao conscien
te, e o estado de sonho ao inconsciente. Mas em ambos os esta
dos utilizamos o mesmo processo de raciocínio. Os estados de
sonho e de vigília não são tão diferentes assim um do o u tro .
Quando nos damos conta de que toda a existência é como um
sonho, o hiato entre o sono e a vida acordada deixa de existir.
As experiências que adquirim os com práticas executadas duran
te nosso período de sonho podem então ser trazidas para nos
sa experiência durante o dia. Por exem plo, podemos aprender
a transformar as imagens assustadoras que vemos nos nossos
sonhos em formas pacíficas. Empregando o mesmo processo,
podemos transmutar as emoções negativas que sentimos durante
o dia em uma atenção mais plena. Assim, podemos usar nossas
experiências nos sonhos para desenvolver uma atitude mais fle
xível.
Aluno: Rinpoche, vejo que quanto mais eu m edito, cada vez mais
consigo lembrar das experiências nos meus sonhos.
Rinpoche: Isto é porque na meditação sua mente fica calma e si
lenciosa. Nossas lembranças estão sempre conosco e a calma per
mite-nos ver um maior número delas. Quando meditamos, pode
mos pensar que a mente está vazia, mas nossas mentes estão ape
nas mais claras do que de costume. Quando nossa mente se as
senta, conseguimos ver mais claramente o que está debaixo da
superfície.
M
Rinpoche: Nós temos a mesma mente, tanto acordados como
dorm indo.
8b
Rinpoche: Para entender a natureza da realidade é preciso um
número m uito grande de explicações. Pode ser confuso. O que é
verdade para mim, pode não ser verdade para uma outra pessoa.
Porém, todos concordamos quanto à realidade convencional. Is
to é uma mesa. Conceitualmente, não temos nenhum problema
em aceitar que isto é uma mesa. Estamos todos de acordo.
Aluno: Se eu pensasse que talvez isto não fosse uma mesa, isto
alteraria a percepção que as outras pessoas têm do objeto?
Rinpoche: Enquanto nós todos acreditarmos na mesa, não.
87
Tanto o estado de vigília quanto o estado de sono são com o es
pelhos. Você estava olhando para o seu rosto no espelho, que
nesse caso era o sonho. 0 sonho em si mesmo não tem funda
mento algum. É como uma bolha; a imagem não tem uma se
mente. Onde estão as imagens do sonho de ontem à noite?
Para onde elas desapareceram?
HM
Aluno: Há algum modo de nos livrarmos desse medo?
Rinpoche: O medo faz parte do vão, da separação que vemos
entre o sonho e a realidade do estado de vigília. Mas, na verda
de, a natureza de toda a nossa experiência é a de um sonho. D i
gamos que eu tenha um sonho em que um tigre, um cachorro e
uma cobra estão todos me atacando, e eu sinta medo. É apenas
quando acordo de manhã que percebo que todo o programa do
sonho fazia parte de mim. A mesma coisa acontece quando você
se torna ilum inado: nesse momento, você se dá conta de que t o
do o samsara faz parte da sua própria criação. Você está criando
toda a sua experiência.
Quando temos experiências com sonhos à noite, podemos
aplicar o que aprendemos nesses sonhos para tornar as nossas
vidas mais fáceis e sadias. Passar do estado de sonho para o es
tado de vigília é como cruzar uma ponte, de um nível de consci
ência para o u tro . Com atenção plena e prática, podemos fazer
uma viagem divertida.
<)()
O LÓTUS DO SONHO
91
pire de forma muito lenta e suave. Deixe seu corpo e sua mente
sentirem a qualidade leve e reconfortante do relaxamento.
Em seguida, conduza a mente da maneira delicada como
você, talvez, conduziria uma criança pequena. A mente gosta
muitíssimo de sentimentos; por isso, faça-a assentar-se com sen
timentos calorosos, alegres e tranqüilos. A mente pára de ficar
pulando de um lugar para outro; suas preocupações e conceitos
vão desaparecendo e você será capaz de relaxar profundamente.
Agora, você está em condição de visualizar de modo eficaz.
04
A BASE PRIMORDIAL DO SER
95
quando estamos m uito felizes; quando estamos à beira da mor
te; quando estamos gravemente feridos ou talvez inconscientes
em virtude de um acidente. Este nível aparece instantaneamen
te. Não há preparação para essa experiência pois, nessas ocasiões,
não há qualquer noção de tem po, qualquer noção de passado ou
futuro. O nível desta base é como um espaço aberto; não há ne
nhum senso específico de consciência. A mente se apresenta co
mo se todas as percepções sensoriais estivessem encerradas den
tro do que foi descrito como um buraco negro — uma negritu
de que não é opressiva mas, sim, um tipo de abertura.
97
PARTE IV
V'
'■ >■
DIMENSÕES DA MEDITAÇÃO
100
Rinpoche: É possível alguém gastar muitos anos praticando, sem
fazer progressos substanciais. Mas podemos distinguir quando es
tamos meditando bem, pois nos níveis mais elevados de m edita
ção não temos ciência de que estamos fazendo coisa alguma —
não há movimento reflexivo. Enquanto houver paredes, enquan
to houver parâmetros, vamos questionar e tentar medir o espa
ço. Mas, desde que entremos no espaço aberto da meditação,
não podemos dividi-lo deste ou daquele modo. As perguntas já
não se aplicam mais.
Quando começamos a meditar, é importante abrir mão de
todos os pensamentos; libertarmo-nos do seu passado e do seu
futuro. No espaço entre eles, encontramos a meditação. Mas,
conforme nossa meditação se torna mais desenvolvida, uma qua
lidade meditativa pode ser descoberta intrinsecamente dentro de
cada pensamento e de cada emoção. A meditação, então, passa a
ser uma parte natural de nós mesmos — uma experiência que p o
demos sustentar ao longo da nossa vida diária.
101
Rinpoche: A meditação é uma concentração não rígida. Para o
principiante, a concentração requer esforço. Mas, embora haja
volição, não deve haver força.
m m meditação.
A luno: Freqüentemente, quando tento me concentrar ou quan
do tento meditar, fico com d o r de cabeça.
Rinpoche: Então sua meditação está sendo rígida ou dura de
mais. Esqueça o conceito de meditação; sclte-se do sentimento
de posse. Quando você tem uma experiência boa ou má, você
sente que é o dono dela. Este segurar gera contração. Quando
conseguir abrir mão da experiência, suas dores de cabeça irão
desaparecer. Muitas vezes, somos cuidadosos demais com a me
ditação, e agimos como se estivéssemos num quarto com um be
bê d orm indo: qualquer barulho fará o bebê acordar. Precisamos
relaxar e soltar esta atitude.
Seja gentil com o seu corpo. Massageie com delicadeza os
músculos do pescoço para que ali a energia se movimente livre
mente. Solte todas as suas tensões e resistências. Você não pre
cisa fazer nada em particular. Seus olhos, mãos, estômago, os
sos e músculos estão todos tom ando conta de si mesmos. Deixe
sua atenção pura flu ir pelo seu corpo e mente.
103
Aluno: Ela pode se transform ar num apego?
Rinpoche: Sim. Vocé pode se to rna r apegado ao ouro ou à m edi
tação, à sua casa ou a pessoas. Você pode se apegar a qualquer
coisa. Não há diferença: um apego é, ainda, um apego.
Aluno: E a filosofia?
Rinpoche: A filosofia, antes de mais nada, se ocupa de pensa
mentos e conceitos. Os pensamentos e conceitos vão se refinan
do e, então, ganham uma direção. Essa direção chega a um pon
to em que se torna uma regra e, depois, um sistema. 0 sistema
cresce e, pouco a pouco, uma consciência ética se forma — certo
e errado, positivo e negativo, virtude e mérito, carma ruim — ,
coisas dessa natureza. Gradualmente, então, à medida que a filo
sofia se torna um modelo, passa a ser restrita e amarrada a m u i
tos detalhes complexos.
Quanto mais perguntas form ulam os, mais perguntas pas
sam a existir. Por fim , percebemos que não precisamos fazer per
guntas, pois não há respostas definitivas. Mas, se não começar
mos fazendo as perguntas, talvez nunca iremos nos dar conta dis
to. Em certo sentido, nosso conhecimento comum não é in ú til,
porque nos ajuda a aprender como dar respostas... mas ele ta m
bém nos mostra que as perguntas não têm fim . É como esfregar
dois pedaços de madeira um no outro. Eles se aquecem e aca
bam consumidos pelo fogo. Assim é o conhecimento intelectual.
O único modo de não dar respostas é perceber, defin itiva
mente, que não há respostas. Dar respostas não é a resposta. Dar
respostas contribui para as perguntas, e elas meramente repetem
o ciclo. As perguntas e respostas não levam a lugar algum; elas
se reaümentam umas às outras.
105
PENSAMENTOS
10(3
mães dos nossos pensamentos; na realidade, porém, isto é uma
peça que a mente nos prega. De fato, se observarmos com cuida
do e tentarmos permanecer desapegados, poderemos ver que
cada pensamento surge e se vai sem uma ligação efetiva com o
subseqüente. Os pensamentos tendem a ser erráticos, a pular de
uma coisa para outra, como cangurus. Cada pensamento tem sua
própria natureza. Alguns são lentos e outros rápidos; um pensa
mento pode ser muito positivo, e o próxim o, m uito negativo. Os
pensamentos estão só de passagem, como os carros que passam
por uma estrada. Em sucessão muito rápida, um pensamento
aparece à medida que o últim o some de vista.
À medida que um pensamento leva ao próxim o, parece que
eles têm uma certa direção; mas, apesar da sensação de movi
mento, não há uma progressão verdadeira. Os eventos mentais —
os pensamentos — são como um film e: embora exista uma sensa
ção de continuidade, a continuidade, em si, é uma ilusão criada
pela projeção de uma série de imagens semelhantes mas, na ver
dade, distintas.
107
do apenas pela metade com um pensamento, um outro já surge,
e depois outro. Para evitar isto, é importante conduzira mente
delicadamente para uma unidirecionaiidade que possa se con
centrar plenamente dentro da experiência in te rio r de cada pen
samento. Por meio de uma autodisciplina branda, podemos gra
dualmente desenvolver e expandir esta concentração.
10H
demos a sustentar esta atenção pura por períodos cada vez mais
prolongados, ela se torna como uma luz interior, sempre radian
te. Esta é a atenção pura intrínseca. Ela nos liberta da confusão
e da seqüência habitual e aparentemente infindável dos pensa
mentos.
Podemos expandir essa calma para além do nosso corpo,
para além, mesmo, deste mundo, e podemos sentir a amplidão
do espaço aberto, a sua ausência de centro. Nossa experiência
se torna viva, fresca, clara e positiva. Quanto mais profundam en
te entramos neste espaço entre os pensamentos, mais poderosa
passa a ser a nossa experiência.
Dentro do espaço entre os pensamentos, vemos que a men
te, em si, é espaço, que é transparente e sem form a. Vemos que
os nossos pensamentos, também, são abertos e desprovidos de
forma. Quando vivenciamos diretamente essa sensação de espa
ço aberto, não ficamos mais confinados dentro das caixas dos
conceitos, palavras e imagens que, anteriorm ente, restringiam
nossa experiência.
No espaço que há entre os pensamentos existe apenas a qua
lidade cristalina da atenção plena e pura. O passado e o fu tu ro
se dissolvem, porque esse espaço está além da esfera dos concei
tos... vasto, aberto, não se prendendo a nada, embora p e rm itin
do tudo.
110
contatar esta atenção ou energia, expanda-a tanto quanto puder.
Faça desta expansão do pensamento um exercício.
Ou, então, veja por este ângulo: um pensamento está aqui
e o p róxim o pensamento ainda não veio; no exato m om ento
que o atual pensamento se vai, fique neste espaço antes que o
próxim o chegue. Isto é que é expandir. Tão logo um conceito se
fo i, este é o lugar onde você permanece.
112
A LÉ M DOS SIG NIFICADO S
113
ta atração sobre a nossa mente conceituai que é fácil ficarmos
presos neles — ficarmos emaranhados nas palavras e perdermos
de vista as mensagens que carregam. As formas externas de to
dos os tipos, quer as do estudioso, quer as do monje, podem ser
armadilhas: podemos, com facilidade, pegar a forma e perder o
significado que está por trás dela. Podemos facilmente c o n fu n
dir o dedo que aponta com a Lua. O caminho espiritual não sig
nifica necessariamente passar a vida estudando filosofia e faian
do sobre ensinamentos espirituais. A fim de que o caminho espi
ritual tenha valor real para nós, precisamos compreender suas
verdades diretamente.
115
centramo-nos em saber se estamos seguindo as instruções d ire i
to, se a nossa meditação é boa ou má, clara ou confusa... embo
ra tudo isto nada tenha a ver com a meditação em si.
117
ATENÇAO PURA*
118
A atenção comum é fechada e unidimensional — nesse n í
vel mais baixo de atenção, embora possam não nos parecer as
sim, nossas ações são extraordinariam ente previsíveis. Este é um
nível de jogos programados, onde nossa atenção fica com prim i
da dentro de um labirinto de pensamentos e imagens que con
tinuam ente sustentam os mesmos jogos e padrões. Somente com
uma mente quieta, uma mente atenta, podemos ver estes pa
drões em ação e fazê-los cessar. Esta é a prática da presença
m ental,* de estarmos, a cada momento, m uito conscientes do
que exatamente está acontecendo em todos os aspectos da nos
sa vida.
119
minada coisa, mas que é a abertura total. No entanto, passar
além do conceito para a experiência em si mesma, é um salto
d ifíc il. O prim eiro obstáculo é a orientação subjetiva da mente
— o espectador, o observador autônom o. Raramente transcen
demos esta parte da nossa mente egóica, porque é o espectador
que nos dá o sentido de sermos "reais". Mesmo em nossa medita
ção, somos segurados por este senso de identidade, pela parte
conceituai da nossa mente que diz "este sou eu", aquele "fa z " a
meditação, aquele "te m " uma experiência.
Quando buscamos ou enfatizamos experiências na medi
tação, despertamos uma qualidade possessiva que traz nossa
mente samsárica para dentro da própria meditação. Nós a trib u í
mos significados a um insight , e o destruím os ao transformá-lo
num objeto dentro de uma estrutura dualista. Ao tentar nos se
gurar à experiência, nós a cortamos.
Mesmo os sentimentos elevados de felicidade que podemos
ter na meditação, embora possam ser positivos e trazer abertura,
facilmente se tornam empecilhos, quando passamos a considerá-
los como "o b je tivo s" da nossa meditação. Quando isto ocorre,
tendemos a passar por cima da totalidade da experiência, d iv i
dindo-a em pormenores com os quais nossa mente se sente fam i
liarizada. Nós nos centramos na imagem, nas cores, nos pontos
altos emocionais. Mas essas manifestações são apenas as sobras
ilusórias, o "e fe ito incidental" da experiência. Por fim , perce
bemos que, quando prendemos nossa visão às formas conhecidas
do nosso mundo samsárico, tudo o que encontrarmos ou realizar
mos poderá tão-somente repetir as nossas experiências anterio
res. Estamos nos isolando de qualquer coisa maior, mais p ro fu n
da, mais aberta.
É ú til lembrar que a atenção pura que buscamos acabará
por vir; tudo o que temos a fazer é deixar de segurar e perm itir
que até mesmo as experiências belas passem. Não pense sobre
elas; não espere nada. Apenas deixe que sejam — observe-as nas
cer, manifestar-se e desaparecer. Seu nível de concentração irá
aprofundar-se, à medida que sua necessidade de agarrar e de
discriminar começar a declinar.
Há vários exercícios que ajudam a aumentar a atenção pu
iu Essas técnicas, porém, são apenas instrumentos. Ajudam a
torna r possíveis certas experiências, mas as experiências não de
pendem dessas técnicas. As técnicas funcionam porque as expe
riências já estão conosco, permanentemente acessíveis.
121
mais uma divisão entre sujeito e objeto; não pode haver in im i
go; não pode haver nada do que se ter medo.
vn
Nesse mom ento de "visão", é im portante também ouvir. Quando
vemos desse modo, sentimos com o se estivéssemos ouvindo com
nossos olhos; a qualidade de visão passa a ser uma qualidade de
audição, quando mantemos os olhos soltos e relaxados. Então,
fique nesse lugar. No instante em que os pensamentos e concei
tos vierem, tente ver a sua qualidade e vivacidade.
123
nossas energias flu íre m livre e serenamente. Nesse estado m edi
tativo relaxado, nós penetramos em toda a riqueza e p ro fu n
didade da experiência. Essa é a beleza e a potencialidade do ser.
■i<\
A ILUSÃO DO AGORA
125
ponto essa consciência é estável? Drogas, doenças, febre, calor,
fadiga, podem todos afetar profundamente nossa mente. Pode
mos ver dragões ou figuras coloridas, ou a sala se mexendo. Sa
bemos que essas experiências não são reais... mas o que é real?
1?(5
a realidade da experiência, mas apenas um conjunto de concei
tos que formamos sobre a nossa experiência. Quando tentamos
viver no "presente", partim os para ir além dos conceitos, além
do tempo, além das nossas experiências habituais; mas tudo o
que fazemos com nossa zelosa antecipação é reforçar nossa
mente dualista.
127
Somente a experiência pode nos levar além das imagens, além
dos conceitos e palavras, além do tempo. Mas isso não é a nossa
idéia habitual de experiência... é atenção pura.
A meditação nos ajuda a deixar que os nossos conceitos e
idéias cedam lugar a essa atenção pura e aberta. Na meditação,
fazemos nosso contato mais íntim o com o nosso lado experien-
ciai, onde se encontra a iluminação, a consciência superior. Quan
do passamos diretamente para dentro de um momento qual
quer, quando dissolvemos as formas ou "nuvens" dos conceitos
e cedemos lugar à experiência pura, descobrimos nosso grande
recurso — o espaço iluminado. Podemos garimpar nossa expe
riência para encontrar esse grande tesouro que se encontra den
tro de cada pensamento.
Quando essa compreensão emerge, tudc passa a fazer parte
da meditação. Nós nos centramos no momento imediato da ex
periência e, no entanto, ainda participamos de suas formas exter
nas, usando conceitos, gestos etc., para manifestar nossa expe
riência interior. Essa compreensão é uma verdadeira integração,
uma ligação autêntica de todo o nosso ser com a realidade da
experiência, com o "agora" que não é limitado pelo tempo ou
pelo espaço.
É possível descobrir essa "realidade", esse "agora", duran
te a meditação. Nós a encontramos no espaço que há tanto den
tro dos pensamentos como entre eles; esse espaço é um "te r
reno" silencioso e sereno que constitui a base da consciência.
Esse "te rre n o " é totalmente receptivo; todas as informações
provenientes dos nossos sentidos se assentam aí, como sementes
semeadas num campo. As "sementes" incluem todas as expe
riências e toda a atividade mental, positiva e negativa; todas são
plantadas nesse "terreno". Quando as condições estão propícias,
as "sementes" brotam. Esse brotar, esse ganhar vida é a ação do
carma. O "terreno"' para cada um de nós é o mesmo. O carma,
então, é o impulso que transforma esse terreno da consciência
na consciência singular de cada indivíduo, dando lugar à cons
ciência individualizada do samsara.
A consciência, quando tomada isoladamente, não possui
quaisquer características determinantes. Podemos dizer que este
ó o sou aspecto "nirvânico". No entanto, podemos dizer o mes-
mo com relação à consciência "sam sárica"... a única diferença é
que, no plano samsárico, os pensamentos criam um dualismo,
um senso de sujeito e objeto, e um senso de separação entre eles.
Nosso "agora" convencional discrim ina entre "esta" pre
sença do agora e "aquela" presença do agora. Portanto, antes
que possamos de fato vivenciar a "presença da atenção pura", é
necessário transcender esses conceitos e esse processo de discri
minação. Até lá, não poderemos nunca saber, com certeza, se
a nossa consciência está revelando a realidade ou a ilusão.
129
PARTE V
O D H A R M A V IV O
O DHARMA INTERIOR
132
fortalecer a nossa prática. Por essa razão, quando encontramos
um ensinamento que possa nos ajudar, é im portante ficar com ele,
mergulhar no Dharma tanto quanto pudermos. Ao fazer isto,
passamos a compreender a verdadeira natureza dos ensinamen
tos, e verificamos que o Dharma é um modo de vida em que de
sejos egoístas não têm atração ou significado algum.
133
Como nós, Nanda, de início, não se sentia atraído pelo
Dharma em si mesmo; .seu interesse estava naquilo que pudesse
tornar sua vida mais agradável. Mais tarde, porém, à medida que
desenvolveu sua prática, descobriu que a profundidade e a bele
za do Dharma ultrapassavam a glória dos reinos celestiais. Depois
de haver transmudado seus apegos mundanos, ele se ilum inou.
13!)
Havia uma vez um jovem monge chamado Paka Trubangwa.
Ele não sabia ler ef por isso, seu mestre lhe disse para passar os
dias limpando o tem plo. Em vez de estudar os textos, ele passou
anos limpando e limpando e lim pando. Haviam-lhe d ito para re
petir, enquanto limpava: " o pó se vai; o cheiro se vai./# Um dia,
pensou: "O que é o pó?" Naquele momento, compreendeu que
o pó verdadeiro são as emoções que nos agrilhoam. Quanto mais
repetia estas palavras, mais compreendia a natureza da exis
tência.
É a nossa motivação, a nossa concentração, a nossa presen
ça mental que é im portante; podemos transmutar tudo o que fa
zemos; transformar o pó em ouro. Na maioria dos casos, se al
guém nos dissesse para não fazer nada, exceto limpar um te m
plo, iríamos nos ressentir. Porém, quando aceitamos todos os
aspectos da vida, vemos que podemos aprender com qualquer si
tuação. O Dharma, na verdade, se torna uma parte nossa, e nós
nos tornamos uma parte do Dharma. Força vem, então, seguida
de encorajamento e de confiança.
136
ração, onde reside nossa energia essencial ou atenção plena, ma
nifestando-se como nosso guia interno. Devoção significa entre
garmo-nos a esta energia superior, a esta atenção plena e pura.
A entrega requer abertura, para p erm itir que o Dharma alcance
os nossos corações. A compaixão serve de porta.
Uma vez que consigamos nos abrir, todos os conceitos dua
listas se dissolvem, como nuvens. Aceitamos cada parte de nossa
experiência, porque tudo é visto como adequado e harmônico.
Pode ser que ainda tenhamos que enfrentar m uitos obstáculos,
mas aprendemos a aceitar nossas deficiências com docilidade.
Quando aprendemos a nos abrir por meio do Dharma, vemos
que o Dharma, ele próprio, é o guia em quem podemos confiar,
nosso amigo e companheiro de todas as horas. Ao nos abrirmos,
reconhecemos os ensinamentos do Buda em toda a nossa expe
riência.
Tudo, então, faz parte do Dharma. Quando o Dharma entra
em nossa mente, em nosso coração e nossos sentimentos, e c ir
cula por nossa corrente sangüínea, nós somos o Dharma vivo.
Esta compreensão é o Dharma in te rio r; não há paredes entre nós
e o Dharma. Isto, descobrimos, é uma entrega à nossa própria e
verdadeira natureza.
137
REFÜGIO
138
As ações "e sp iritu a is" são aquelas que acontecem natural
mente, quando agimos com um coração aberto. No entanto, os
ensinamentos apenas apontam a direção para essa abertura, e
não é fácil viajar para onde os ensinamentos apontam. Muitos
aprendem a "a tu a r" de acordo com os ensinamentos; nem tan
tos aprendem a vivê-los de fato.
Por exem plo, os ensinamentos dizem para abrirmos mão
do ego. Talvez possamos tentar abrir mão dos nossos "interesses
egocêntricos" juntando-nos a um grupo espiritual, ou passando
nosso tem po a estudar as escrituras; o ego, todavia, se põe tão
à vontade — talvez até mesmo mais — numa biblioteca ou mes
mo num monastério, quanto num cinema. Há m uitos que se
orgulham demais de seus conhecimentos, de suas visualizações,
meditações, iniciações, sadhanas e mandalas. E há até mesmo
os que se orgulham de suas experiências religiosas.
A ilum inação, no entanto, nada tem a ver com conceitos
ou aquisições. A verdadeira renúncia do ego ocorre quando ve
mos que não há diferença alguma entre o "in te r io r " e o "e x te
rio r", quando encontramos a sabedoria do Buda dentro de nós
mesmos. Em nosso nível samsárico, podemos supor que o Buda
descobriu alguma sabedoria extraordinária que podemos reco
lher dos ensinamentos que deixou. 0 Budadharma não é um en
sinamento deste tipo . O que o Buda compreendeu séculos atrás
encontfa-se dentro da própria consciência; não há nada em sua
compreensão que pertencesse a ele. A qualidade da iluminação
está sempre presente, sempre acessível.
139
demos encontrar essa força deixando que o Buda e o Dharma
ganhem vida dentro de nós. Todavia, a maioria de nós ainda não
é capaz de vivenciar essa verdade interior. Podemos tentar, mas,
por ora, parece que temos que viver num nível mais superficial,
voltado para sujeitos e objetos.
Essa é a razão pela qual a meditação é im portante. Na me
ditação, podemos ter compreensões experienciais que rompem o
nosso modo conceituai de lidar com as experiências, e estas
compreensões nos ajudam a enxergar de um p onto de vista mais
ilum inado. Nós entramos em contato com acalma ea clareza que
se encontram por debaixo do nível conceituai. A meditação, en
tão, passa a ser o nosso refúgio, pois, sempre que precisamos,
podemos apelar para ela para nos dar e q u ilíb rio . Buscar refúgio
em nós mesmos, dessa maneira, nos proporciona uma base mais
sólida, e uma maior confiança para fazer face à vida cotidiana.
Isto é refúgio num nível mais elevado.
O refúgio definitivo consiste num contato constante com
o estado m editativo, dentro do qual descobrimos a qualidade
imediata do Ser, onde não existem distinções artificiais. Nesse,
que é o mais alto dos níveis, vemos toda a experiência como a
atenção pura que alcançamos por meio da meditação. Não há
Buda, nem Dharma, nem Sangha. Não há sujeito nem objeto,
nenhum "e u " para buscar refúgio em coisa alguma; o conceito
de buscar refúgio cai por terra.
141
AMOR E COMPAIXÃO
142
sensibilidade às necessidades dos outros, e isso, então, nos leva a
desenvolver a capacidade de, efetivamente, servir de ajuda. Por
fim , podemos aprender a amar sem qualquer motivo u lterior ou
qualquer sentido de ego. Esse sentimento de amor altruísta es
tim ula uma abertura que permite à compaixão surgir natural
mente. Podemos, então, agir com habilidade e compaixão em
toaas as circunstâncias.
145
problemas dos outros, sente sua dor, sua mágoa, seu sofrim ento.
Seu desejo de ajudar se torna mais forte, conforme você se abre
mais e sente com maior profundidade.
147
Os mestres da linhagem, trabalhando em níveis internos,
podem transm itir a linhagem da iluminação diretamente — sem
palavras ou conceitos, sem mesmo o uso de expressões ou gestos
simbólicos. Todavia, não é fácil receber esta transmissão; nossa
mente conceituai, nosso ego que julga e interpreta toda a nossa
experiência, se põem no meio do caminho.
Naquilo que geralmente chamamos de ensino, o aprendiza
do é uma questão de filtra r palavras e significados através da
nossa compreensão conceituai. Mas, nos ensinamentos do cami
nho, como cada palavra é uma porta direta para a iluminação,
precisamos compreender os significados internos, por meio da
nossa experiência direta. Quando nossos corações e mentes se
abrem para estes significados mais profundos, um mestre pode,
então, nos ajudar a transcender as limitações que a nossa mente
conceituai impõe à nossa compreensão.
MM
me e fluente. Gradualmente, tornamo-nos cientes da nossa na
tureza in te rio r e aprofundamos nossa autocompreensão, nossa
força interior.
A b e rtu ra , 56, 60, 70, 96, 108, 111, Base do ser, 95 segs.
1 1 6 , 12 0 , 1 3 7 , 1 4 3 , 145 Bodhisattva, 23
A çã o c o rre ta , 2 3 Buda. 22, 23, 26. 96, 133, 138 segs.,
A g a r r a r . 5 4 , 6 6 , 7 1, 1 2 6 145, 147, 150
e a u to -im a g e m , 2 9 Budismo, 14, 16, 25. 43, 69, 1 13, 132
e p e n s a m e n t o s e im a g e n s , 4 3
A n s i e d a d e , 4 7 , 71 segs.
A p e g o , 5 1 , 6 3 , 7 0 , 1 0 4 , 106 Caminho, 43, 60, 147, 148
A t e n ç ã o ( p u r a ) , ( p l e n a ) , 19, 4 4 , 5 1 , 5 5 , Caminho do meio, 59, 70, 133
5 8 . 6 3 . 6 7 , 6 8 , 7 8 , 108, 109, 110, Caminho espirituai, 60, 70, 103, 113,
114
1 1 3 segs., 1 4 0
Carma, 21, 22, 33, 35, 41, 81, 128
c o m o base d o ser, 9 5
Chod, 38-40
c o m o e n e r g ia . 21
Ciúme, 144
com o e x p e riê n c ia p o s itiv a e nega
Compaixão, 15, 62, 69, 136, 137, 142
tiv a , 3 0 segs.
d e n tr o d o s p e n s a m e n to s , 1 0 0 , 108- Comunicação, 20, 54, 55, 69, 85, 143
109 dos sentidos, 55
d is c rim in a d o ra , 110 Compreensão experiencial, 53, 57, 60,
na m e d i t a ç ã o , 6 3 78. 79, 101, 107, 117, 147, 148
na v i s u a l i z a ç ã o d o ló tu s d o s o n h o , Conceitos, 76, 78, 91, 95, 104, 111,
9 2 -4
113, 114, 122, 127
Concentração, 101-03, 107, 108, 111,
s a m s á r ic a , 1 1 8 - 1 9
115,116
A tis h a , 8 2
Confiança, 135, 136, 149
A titu d e , 46-7, 5 6 , 6 0
Consciência, 27, 30, 38, 41, 48, 51.
A tra ç ã o , 7 1
61-3, 66, 67, 78, 81, 82, 91, 93 5.
A u to c o n fia n ç a , 5 4 , 148 108, 122, 126. 128
A u t o - i m a g e m , 2 7 segs., 3 4 , 8 1 , 8 3 , 1 0 0 , níveis da, 89, 108
14 7 pura, 117, 139
A u to -s u fic ié n c ia , 5 3 , 58 Criatividade, 29, 69,89
Demónios, 38-40 Hinayana, 14
Devoção, 103, 135, 136, 137 Honestidade. 32 segs., 58
Dharma, 26, 44, 114, 132, 133 segs.,
138 segs.
Dor, 2 8 .4 1 ,4 5 ,6 1 ,6 6 -6 7 Iluminação. 69, 89, 117, 132, 134,
Dualismo, 117, 119, 121, 126, 127 135, 136, 138. 139. 147 segs.
desejo pela. 24
Ilusão, 37, 76 segs., 88, 107, 129
Ego, 23, 34, 46, 48, 64, 66, 83, 84, Impermanéncia. 22, 42 Wer também
102, 120, 121, 132, 139, 148, 149 T ransitoriedade)
Emoções, 40, 59 segs., 84, 117 Integração, 56, 57, 118, 128
como energia, 60 segs., 64
como manifestação do ego, 64
Jigmay Lingpa. 136
lidando com as, 64-5
transmudando as, 21, 28, 29, 30,
33. 34, 59 segs., 82. 116-17,
Lembranças, 48, 52 segs.
136 Linhagem. 147 segs.
Energia, 21, 28, 29, 35, 36, 42, 51 ,56 ,
Ludismo, 4 1 ,6 3
57, 59, 61. 68. 69. 73, 84, 93. 122
como medo, 36-7, 62
Ensinamentos Nyingma, 11, 13, 14 Mahayana. 14, 24
E quilíbrio interior, 54, 57, 69, 94
Esforço, 45, 46, 52, 62, 101, 102
Espaço, 56, 93, 111, 122, 127 Meditação, 42, 43 segs., 63. 65, 66, 84,
como nível básico, 96 86. 100 segs., 114, 115. 116, 123,
da meditação, 101 129, 140. 146
Existência humana (importância da), ansiedade na, 72-3
41 ,42 atenção pura na, 114, 146
Experiência, 29. 55, 84, 95, 96. 97, desejo de experiências na, 48, 72,
106, 125, 126 120
caráter imediato da, 19 segs., 71, experiencial. 19 segs., 127, 128
78, 1 14, 117, 149 exploração dos sentioos na. 56
níveis da, 97, 114 natureza da mente e, 14
positiva e negativa, 30, 59, 60, 67 níveis da. 96, 97, 106
realidade da. 85-6 penetrando o medo na. 34, 37. 38
Experiência mística, 93 pensamentos na, 106 segs., 110
relaxamento e, 43 segs., 53, 102
tempo em relação à. 47.48
Fantasia. 28 terreno da, 96
Fascinação, 71 segs. transformação de emoções negati
Filosofia, 25, 85, 104, 105, 113, 114 vas na, 60 segs., 65
Força. 145, 146 transitoriedade e. 78
da energia, 61 Meao, 34-5, 36 segs., 53. 61, 62, 67,
Frustração, 23, 26, 28-9, 32, 52, 62. 7 8 ,8 8 .8 9 , 121
132 como criação da mente. 36, 37
152
Mente. 14, 24. 56, 62, 72. 77, 85, 95, Religião, 103
96. 106, 108, 121, 126, 153 Renúncia, 24
meditação e a, 84. 114 Respiração, 56, 116
natureza da, 14 Rotulação (da experiência), 37, 41, 60.
padrões da. 5 1 80-1, 120
Mestres. 41, 103. 134, 147 segs.
Morte, 22, 40-2. 89
Sangha, 133 segs.
Mudança, 29, 32 segs., 41, 44, 76 (ver
Samsara. 21, 22, 25, 89, 90, 96. 115.
:3mhóm impermanència)
1 2 8 ,1 2 9 , 1 3 9
Saúde, 44
N agarjuna. 129. 135 efeito da mente sobre a, 14
Negatividades. 53, 59, 144 Sentidos, 19, 54 segs., 7 1 , 9 6
transform ação. 60 segs., 69 camadas dos, 55
Nirvana. 2 1 , 9 0 . 9 6 , 128, 129 Sentimentos. 37, 52, 53, 54 segs., 61,
7 1 ,9 2 .1 4 3
Sentimentos positivos, 56, 145
Orientação sujeito-objeto, 27, 36. 37, S e r , 9 5 . 9 6 . 123, 124, 140
46. 116, 118. 120, 140. 145 Significados, 68. 113 segs.
Sistemas de ccnviccões, 78
Sociedade, 20, 26
Paciência, 20, 2 1 ,6 2 S o frim e n to , 24, 25, 29, 61 segs., 86,
Padrões. 32 segs., 51 segs., 60, 73, 126 89, 117
Wer tombem Carma) Sonhos, 40, 59, 80 segs., 93
do medo, 37 atenção plena nos. 92 segs.
rompendo os. 33-4, 73 como exemplo da transitoriedade,
Pensamentos. 37. 61, 62, 72. 73, 84, 77
92. 104, 106 segs.. 121 segs., 126 uso dos, na exoloração da realidade.
atenção p u ra e , 100, 101 80 segs.
espaço entre, 108 segs., 122 segs., visualização nos, 92 segs.
128
natureza dos. 107
o observador e, 121 segs. Tem po, 20, 24, 46-48. 62, 93, 122.
Poder, 134, 135 1 2 6 ,1 2 7
Prazeres, 54, 55, 71, 132, 134 T e n s ã o ,14
Presença mental, 20. 4 7 , 5 6 , 119 Tibete. 82
meditação e, 19 Transitoriedade. 24, 40. 77
GESTOS DE E Q U IL ÍB R IO
Tarthang Tulku
Lama-Chefe do Centro Tibetano
de Meditação Nyingma e do
Nyingma Institute
E D IT O R A PENSAM ENTO
KUM NYE
TÉCNICAS DE RELAXAMENTO
Tarthang T ulku
ED ITO R A PEN SA M EN TO
A MENTE OCULTA DA LIBERDADE
Tarthang T nlku
EDIT O R A PENSAMENT O
O L IV R O T IB E T A N O DOS M O R T O S
C om pilação e coordenação
W. Y. Evans-W entz
C. G. Jung
“Comentário Psicológico”
E D IT O R A P E N S A M E N T O
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A ESSÊNCIA DA
MEDITAÇÃO BUDISTA
Bhikkhn Mangalo
T a r t h a n g T u l k u
ISBN 85-316-0163-0