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Com base nos arquivos encaminhando em anexo (Denúncia, Certidão de Antecedentes e Sentença),
analise a dosimetria da pena realizada pelo Juiz de Direito da 2ª Vara de Delitos de Trânsito e
promova as correções que julgar necessária. Para tanto, aponte e fundamente cada equívoco no qual
incorreu o juízo e, na sequência, realize a dosimetria de forma correta.
O trabalho poderá ser entregue manuscrito ou digitalizado – desde que impresso – até o dia 28 de
novembro de 2017.
Réu Paulo, crime embriaguez ao volante (artigo 306, do código de Trânsito Brasileiro).
Condenação. Aplicada pena de 08 (oito) meses de detenção, 23 (vinte e três) dias-multa e 03 (três)
meses de suspensão do direito de dirigir. Regime ABERTO para início do cumprimento da pena
privativa de liberdade. Réu reincidente. Não substituição por penas restritivas de direito. Réu
mantido em liberdade.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
b) Antecedentes do réu: refere-se à vida pregressa do agente, anterior ao crime. Inquérito policial
arquivado, ou em andamento, ação penal em andamento, processo penal com absolvição, processo
penal em andamento com decreto condenatório, passagem por atos infracionais, não geram maus
antecedentes.
Ainda, não basta que o réu pratique nova infração penal após o trânsito em julgado da primeira
condenação. Para a incidência da presente agravante, faz-se necessário o respeito ao prazo previsto
no art. 64, inciso I, do Código Penal, ao qual a doutrina convencionou denominar de período
depurador da reincidência:
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
c) Conduta Social: refere-se ao comportamento do réu em seu meio familiar, social, profissional. É
a relação e convivência perante a sociedade. Este quesito também não foi analisado pelo
magistrado, pois nos autos não consta elementos suficientes para sua avaliação.
d) Personalidade do agente: É o caráter do delinqüente, o retrato psíquico deste. Está mais afeto à
psicologia do que às Ciências Jurídicas, sendo assim o juiz não efetuou sua analise, tendo em vista
não possuir elementos e nem formação para fundamentar um parecer.
e) Motivos do crime: É o porquê, o motivo pelo qual, a razão do agente ter praticado o delito. Em
tese, todo crime possui um motivo. Foi também um quesito não analisado pelo magistrado, haja
vista que em todo processo não se evidencia nenhum motivo fora da elementar do tipo.
g) Consequências do crime: são as consequências do crime, efeitos deste para a vítima, familiares e
a sociedade. Entende-se no mesmo sentido do juiz.
Levando em conta o exposto, chega-se ao mesmo entendimento do magistrado, o qual fixou a pena
base em seu mínimo, ou seja, 06 (seis) meses de detenção e 10 (dez) dias-multa.
Segunda Fase:
Art. 61 do CP c/c Art. 65 do CP. Agravantes e atenuantes genéricos, o primeiro sempre agravam a
pena, não podendo o juiz deixar de levá-las em consideração. A enumeração é taxativa, de modo
que, se não estiver expressamente previsto, poderá ser considerada conforme o caso como
circunstância judicial. São as seguintes:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - a reincidência;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que
podia resultar perigo comum;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
Das agravantes.
As circunstâncias genéricas atenuantes sempre atenuam a pena. Sua aplicação é obrigatória. Nunca
podem reduzir a pena aquém do mínimo legal. São as seguintes:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data
da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Sendo assim, o aumento de pena de 02 meses considerando a reincidência tem sua aplicação de
forma correta chegando-se a pena a um total de 08 (oito) meses de detenção e 23 (vinte e três) dias-
multa.
Terceira Fase:
Causas de aumento ou diminuição de pena: são assim chamadas porque são causas que aumentam
ou diminuem as penas em porções fixas (1/2, 1/3, 1/6, 2/3 etc.).
Circunstâncias legais e especiais ou específicas são aquelas que se situam na Parte Especial do CP.
a) Qualificadoras: só estão previstas na Parte Especial. Sua função é a de alterar os limites mínimos
ou máximo da pena.
Na avaliação do juiz não foi considerada nenhuma hipótese constante da terceira fase. Assim
também entendo.
Contudo na fixação de regime inicial de cumprimento de pena privativa de liberdade ( art 59,
insciso III, do código Penal), nota-se que houve a aplicação da súmula 269/stj, In verbis :
«É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual
ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.»
Contudo.
Entende-se que para o regime semi-aberto não seria necessário a aplicação da súmula ora citada,
tendo em vista que não há o que se falar em regime FECHADO para crimes apenados com
DETENÇÃO. Isto é, reincidente: deve iniciar no regime semiaberto, uma vez que é o mais rigoroso
nesse caso;
Obs. 1: não existe o regime inicial fechado nos casos de crimes apenados com detenção. Porém,
nada impede que seja aplicado em face de regressão (STJ, REsp 493.846/DF, DJ 01/09/2003).
Por fim, entende-se que a quantidade de pena e o seu regime foram aplicados de forma correta pelo
magistrado.