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Vícios do consentimento:

Lesão e seu elementos subjetivos artigo 157 do Código Civil


Art. 157 Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
O instituto da Lesão serve para proteger a pessoa que realiza um negócio jurídico em
estado de inferioridade em relação a outra pessoa (desigualdade), e esse negócio lhe
traz um prejuízo patrimonial excessivo por haver a excessiva desproporção em relação
à prestação oposta.

O artigo 157 deixa bem claro que a lesão tem dois elementos.
A Lesão apresenta dois elementos:
1. Elemento Subjetivo = Premente Necessidade ou Inexperiência.
2. Elemento Objetivo = Desproporção entre as Prestações Recíprocas.
1. Elementos Subjetivos.
A Lesão pode ocorrer por dois motivos:
A. Premente Necessidade; ou
B. Inexperiência
A. Premente Necessidade
A Premente Necessidade está relacionada com a necessidade econômica que
a pessoa tem em realizar o negócio jurídico.
Não importa a condição social da pessoa, se ela é rica ou pobre, mas sim se ela está
em um estado de necessidade no momento em que realizou o negócio jurídico.

Exemplo de Lesão por premente necessidade


Exemplo:
A pessoa vende um imóvel muito abaixo do valor de mercado pois precisa de
dinheiro urgente para pagar uma dívida de pensão alimentícia sob pena de ser presa.
Não importa se a pessoa é rico ou tem propriedades, naquele momento ela não tem
dinheiro para pagar a pensão alimentícia. Sendo assim isso caracteriza a lesão.
A pessoa vente todas a suas joias por 20% do valor de mercado, pois precisa de
dinheiro para pagar o aluguel sob pena de ser despejada.
Então essa pessoa este sob premente necessidade, fazendo assim que ela seja
forçada a realizar a venda das joias por um valor bem a abaixo do valor do mercado, o
que caracteriza a lesão.

B. Inexperiência
O segundo critério previsto no artigo 157 é a inexperiência.
A inexperiência não está relacionada ao grau de instrução (acadêmico) de uma
pessoa. Por exemplo: uma pessoa que somente tenha o ensino fundamental pode ter
muita experiência em contratos comerciais.
A inexperiência na verdade está relacionada a falta de conhecimento técnico
quando ao negócio jurídico. Por exemplo: um médico pode ser inexperiente em relação
a um contrato imobiliário; enquanto a um corretor de imóveis pode ser inexperiente em
relação a um contrato de serviços médicos.
Mas também pode ser considerado Inexperiência a falta de experiência de vida,
como por exemplo; uma pessoa muito jovem sem experiência, ou uma pessoa idosa
que nunca trabalhou; uma pessoa analfabeta etc.

Exemplo de lesão por inexperiência


Ana tem 70 anos, e ficou viúva. Seu marido sempre cuidou dos negócios da
família. Depois que seu marido morreu, Ana por inexperiência, vendeu um imóvel, para
seu vizinho, que era avaliado pelo valor de mercado em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais)
pelo valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Então por inexperiência Ana vendeu um imóvel com o valor muito abaixo do valor
de mercado.

2. Elemento Objetivo
Desproporção entre as prestações
Em um contrato comutativo (contrato de prestações certas e determinadas) deve
haver um equilíbrio entre as prestações das partes.
A desproporção entre as prestações ocorre quando uma das partes do negócio
tem excessivo prejuízo, enquanto a outra parte obtém excessiva vantagem
Não se pode admitir que uma parte obtenha exagerado proveito à custa do
prejuízo da outra parte, quando isso ocorre fica caracterizado a Lesão.
A Lesão baseia-se no Princípio da Equidade, pois em um contrato comutativo
deve haver a equivalência entre as prestações.
Mas devemos ficar bem atentos para que se caracterize a Lesão, a desproporção
entre as prestações deve ser considerável; acentuada; excessiva. No Código Civil não
se estipulou uma percentagem para que se configure a Lesão, sendo que a análise de
desproporção entre as prestações deverá ficar ao critério do Juiz.

Exemplo de Desproporção entre as Prestações:


Tício estava devendo uma pensão alimentícia e foi citado para pagar o valor sob
pena de prisão. Desesperado, com medo de ser preso, Tício vendeu seu carro que valia
R$ 50.000,00 pelo valor de R$ 20.000,00 para poder quitar a dívida de pensão
alimentícia. Ficou caracterizada a desproporção entre as prestações, sendo que Tício
teve um excessivo prejuízo ao realizar o negócio jurídico, e o comprador teve uma
excessiva vantagem.

A desproporção entre as prestações deve ser analisada no momento da


celebração do negócio jurídico como determina o § 1° do artigo 157 do Código Civil
Art 157 do CC
§ 1° Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que
foi celebrado o negócio jurídico.

No momento em que as partes celebram o contrato havia necessidade desproporção entra as


prestações?

Por exemplo: Se uma pessoa vendeu um imóvel no ano de 2016, pelo preço de mercado,
e em 2017 o imóvel veio a sofrer uma excelente valorização (200%), não se pode alegar
desproporção entre as prestações, pois no momento da celebração do contrato as prestações
estavam equivalentes, tendo em vista o imóvel foi vendido pelo valor de mercado.

Da anulação do negócio jurídico

A pessoa que sofreu um excessivo prejuízo, em razão da desproporção entre as


prestações, poderá alegar a Lesão para anular o negócio jurídico.
Mas se a outra parte se oferecer para equilibrar as prestações, mesmo assim o negócio
jurídico vai ser anulado?

Da suplementação do valor ou da redução do proveito

Art. 157 do CC

§ 2° Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente,


ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

Isso quer dizer que se a parte excessivamente beneficiada com o negócio


jurídico pode se oferecer para complementar (suplementar) o valor ou reduzir o seu
proveito para equilibrar as prestações do negócio jurídico.
Exemplo de suplementação de valor
Se uma pessoa comprou um imóvel que valia R$ 100.000,00 pelo valor de R$
40.000,00 para não anular o negócio jurídico ela poderá se oferecer para pagar
(suplementar) a diferença do valor, pagando mais R$ 60.000,00
Assim, não haverá mias desproporção ao entre as prestações e o negócio
deverá ser mantido.

Exemplo de redução do proveito


Rose, uma senhora idosa, comprou de seu vizinho João uma joia que valia R$
2.000,00 pelo valor de R$ 20.000,00. Posteriormente Rose ajuizou uma ação para
anular o negócio jurídico alegando Lesão por inexperiência. Ocorre, que João
prontificou-se a reduzir o seu proveito modificando o valor da venda da joia de R$
20.000,00 para R$ 2.000,00. Sendo assim, como não há mais desproporção entre as
prestações e o negócio deverá ser mantido

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