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SINOP
2012
SINOP/MT
1
Professora Organizadora:
Drª. Cristinne Leus Tomé
Aluna Organizadora:
Paula Janaina Souza Farto
SINOP
2012
2
EXPEDIENTE
Metodologia Científica
Cristinne Leus Tomé
Editoração Eletrônica
Paula Janaina Souza Farto
Organização do Compêndio
Cristinne Leus Tomé
Paula Janaina Souza Farto
624:504.3(817.2)
T6567e Tomé, Cristinne Leus.
Engenharia civil e sustentabilidade: a construção na cidade de
Sinop / Cristinne Leus Tomé e Paula Janaina Souza Farto (org.). –
Sinop/MT: Ed. UNEMAT, 2012.
150 p.: il.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Luiz Kenji Umeno Alencar – CRB1 2037.
3
Obs. dos Autores: Todos os dados aqui apresentados – entrevistas, fotografias, plantas e
imagens – foram autorizadas por seus proprietários, bem como suas referidas as fontes.
4
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
APRESENTAÇÃO
El abordaje del tema se orienta a faltas éticas generadas desde fuera del investigador
(‗exogeneradas‘), siendo éste conciente o no de ello y prestándose como intermediario en
perjuicio de otros o bien, fallas éticas provocadas por el mismo investigador y dirigidas en
perjuicio de otros o contra sí (‗endogeneradas‘).
Entre las fallas éticas exogeneradas y dirigidas al investigador, se incluyen políticas
generales, declaraciones y acciones de entes gubernamentales o institucionales que estimulan
o desalientan ciertos tipos de investigación, con alto significado antiético o ético; según
corresponda.
El estado y las instituciones están obligados a atender las implicancias éticas a la hora
de fijar prioridades en ciencia y técnica. Es necesario encontrar consensos para establecer
esas prioridades considerando que éstas deben contemplar problemas con ‗alto costo humano,
social y económico‘; es decir que tienen que ser de relevancia social, realizables, viables y
aplicables.
También cabe entre estas fallas éticas el ‗pecado de omisión‘: ocultar resultados. El
investigador tiene éxito en su trabajo cuando responde a un problema de investigación,
independientemente de que esa respuesta coincida o no con sus hipótesis. Puede que el
ocultamiento sea una estrategia legítima para protegerse de quienes busquen apropiarse de su
producción. Si la investigación se realiza con aportes institucionales tales como
infraestructura edilicia, equipos, bienes de consumo y honorarios, el producto resultante es
propiedad de la institución y por lo tanto los derechos de patente le corresponden; salvo que
exista alguna reglamentación que expresamente indique que parte de los beneficios se
destinan a los investigadores. Opinamos que esto último incentivaría la innovación
tecnológica. En este punto, se invita a debatir si es un problema ético, transferir gratuitamente
10
sobre el uso de robots. Más adelante se expone como objetivo prevenir el abuso en la creación
de máquinas que puedan suplantar la actividad humana; en tal sentido, el código planea
establecer las líneas éticas relacionadas a los roles y funciones de los robots.
―Esta iniciativa surgió como consecuencia de un informe del gobierno coreano que
prevé que, a partir de 2018, los robots estén en condiciones de realizar cirugías rutinarias.
También predijo que entre 2015 y 2020, cada hogar de Corea del Sur tendrá su robot‖.
(MINISTERIO DE COMERCIO, 2007, p. 19).
En la investigación científica, lo mismo que en cualquier otra actividad humana, la
conducta ética debe ser una actitud de vida instalada en toda persona, que teniendo conciencia
plena de lo que ésta supone, actúe en consecuencia. Es indudable que se trata de una situación
ideal y es necesaria la existencia de entes que vigilen el cumplimiento de normas y penalicen
actos que las infrinja. Opinamos que todo currículo de formación profesional debiera incluir
una asignatura de ética y deontología y en particular, en la formación de un investigador. Las
ciencias de la salud son las que están al frente en todas estas acciones y los avances en
bioética lo demuestran. (MARINO, 2011, p. 345-361).
Consideramos de interés especial que se encare tarea similar de investigaciones que,
involucrando seres humanos, de modo directo o indirecto, desborden el campo específico de
la medicina. Proponemos concretamente foros y encuentros de pares investigadores para
analizar la problemática ética en un ámbito más amplio que el de las ciencias de la salud e
investigar sobre el estado actual de la legislación que atiende esta temática en otras áreas
disciplinares y en el plano de educación, inculcar el conocimiento y la actitud ética de los
futuros profesionales; aún no existiendo una asignatura específica, todos los que ejercemos la
docencia estamos comprometidos en esa misión. En particular, aquellos que investigamos,
dirigimos equipos o conducimos tesistas; detengámonos en analizar en profundidad las
implicancias éticas de nuestras actividades y producción.
REFERÊNCIAS
MINISTERIO de Comercio, Industria y Energía de Corea del Sur. Código de ética para
prevenir abusos a robots. En Diario El Zonda. 10 mar. 2007. p.19.
INTRODUÇÃO
1
Os anais do III Debate encontram-se aqui:
< http://projetos.unemat-net.br/revistas_eletronicas/index.php/eventos/article/view/632/430>.
15
Giovanni Meneguzzi
Joaci Alexandre da Silva
José Carlos Carolo Filho
Paula Janaina Souza Farto
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Quando perguntamos ao senhor Auro, sobre sua chegada a Sinop, ele nos respondeu
que:
17
(01) Auro: Eu me formei em Porto Alegre no Rio Grande do Sul nos anos 70, e eu sempre
pensei em ser engenheiro, desde pequeno. A gente veio aqui pro Nortão em 1999 [...] por
causa das oportunidades que estavam se formando aqui. [...] As expectativas eram grandes e
ainda são as melhores possíveis, e tenho certeza de que serão superadas se a gente fizer um
trabalho honesto, um trabalho digno.
Seu escritório se encontra na Rua dos Cajueiros nº1366, centro – Sinop/MT, como
mostra a foto abaixo:
A projeção que o senhor Auro de Maman fez sobre este setor, foi se concretizando,
conforme citação abaixo:
Este é um dos setores que mais cresce no município em função do aumento dos
prestadores de serviço e investidores que ao se instalarem na Cidade, necessitam de
abrir seus estabelecimentos comerciais e residenciais. O número de profissionais
liberais também contribui para que estes números só aumentem. (REMADE, 2007,
p. única).
Desde então Sinop não parou de crescer. E esse crescimento desenfreado tem
favorecido em muito a construção civil, que tem encontrado aqui um mercado em crescente
desenvolvimento.
18
O setor da construção civil é visto como um setor que desperdiça os recursos naturais.
Porém pesquisas estão sendo feitas no país para saber o quanto é perdido nos canteiros de
obras através de conceitos e estudos de perdas.
Segundo Formoso (1996, p. 33-34), as perdas a seguir têm como objetivo facilitar a
ação gerencial de redução através da identificação de sua natureza, sendo divididas em sete
tipos:
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Perdas por superprodução: significa que foram produzidas quantidades maiores do que
a necessária. Exemplo: produção de argamassa superior à usada em um dia de
trabalho.
Perdas por espera: podem ocorrer com o fluxo do trabalho, paradas desnecessárias, ou
até falta de materiais.
Perdas por transporte: muitas vezes o local de armazenamento dos materiais fica longe
do canteiro de obra, resultando em perda de tempo, quebra de materiais devido ao uso
excessivo e a utilização de transporte inadequado.
Perdas no processamento em si: são aquelas ocorridas no processamento da atividade,
muitas vezes por falta de uma mão de obra bem treinada, causando ineficiências no
trabalho. Como exemplo: colocar instalações em paredes já rebocadas, refazer algum
serviço que não tenha sido bem feito.
Perdas nos estoques: estoques excessivos, estocagem inadequada de materiais,
ocasionam esse desperdício. Uma programação inadequada ou erros no orçamento são
as principais causas. Como exemplo: falta de lugares para armazenar os materiais.
Perdas no movimento: estão associadas nos movimentos desnecessários realizados
pelos trabalhadores. Falta de equipamentos adequados, difícil acesso às ferramentas ou
ao local de trabalho.
Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: acontecem quando o produto vem
com defeito de fabricação. Geralmente é decorrente da falta de treinamento do
operário, errando na argamassa ou não vendo que um produto pode estar com defeito.
Há também outros tipos de perdas, que segundo os estudos da UFRGS e NORIE são:
perdas na substituição, perdas por roubos, vandalismos, acidentes, etc. (FORMOSO, et. al.,
1996, p. 34).
Quadro 1 - Exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem – Brasil -1996.
Natureza Exemplo Momento de incidência Origem
Superprodução Produção de argamassa Produção Planejamento: falta de
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A classificação dos índices de perdas possibilita a uma empresa ter uma logística
melhor em suas obras, observando o que se pode melhorar para que elas possam ser
reduzidas. Ao longo do tempo os índices podem ser monitorados e ver o que foi corrigido e o
que pode ser melhorado. (FORMOSO, et. al., 1996, p. 36).
Quando se aborda sobre os índices de perdas existentes na construção civil, o senhor
Auro nos fala que:
(02) Auro: Ainda não colhemos dado e não temos registros aqui em Sinop sobre perdas [...]
esses registros teriam que a prefeitura fazer para as empresas se basearem e tomarem como
parâmetros esses registros. [...] estamos ainda engatinhando nesta área.
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(03) Auro: Um bom mestre de obra deixa a obra limpa, ele tem noção de logística também.
Essa noção de logística seria onde colocar os materiais [...] ter um layout na cabeça. [...] para
dar menor perda e trabalho possível dentro da obra. Muitas perdas são pela falta de logística.
Em uma de suas falas o senhor Auro ressalta a importância da limpeza dentro dos
canteiros de obras:
(04) Auro: Deve-se criar um cultura de limpeza dentro da obra como se fosse na casa da
gente. [...] muitas obras são sujas. [...]. Está difícil, mas eu estou tentando implantar. Em
minhas obras eu exijo essa organização.
(05) Auro: A maior perda que pode haver em uma obra é a falta de qualificação da mão-de-
obra. [...] um bom carpinteiro ele não perde madeira, ele já usa a madeira que ele ‗‗ta‘‘
utilizando, ele reutiliza [...] e com isso a madeira não fica perdida. Um bom pedreiro ele não
joga a massa fora, ele aproveita a massa ao máximo. [...] na verdade está se perdendo muito
material hoje por causa da desqualificação da mão de obra.
que permita o desenvolvimento de seus trabalhadores enquanto ser humano integral, por meio
da escolarização e qualificação profissional.
(06) Auro: [...] agora que está tendo cursos de profissionalização pelo SENAI na área da
construção civil. Mas antes não tinha.
O senhor Auro nos informou de que no momento não existem em Sinop obras
planejadas de forma sustentável:
(07) Auro: Ainda não temos esta cultura de trabalhar com um plano de gerenciamento
sustentável, mas acredito que no futuro todas as empresas estarão trabalhando com construção
sustentável. [...] estamos engatinhando ainda nessa área.
(08) Auro: O que todos fazem em Sinop e região e em todo o Brasil, com exceção de São
Paulo e Porto Alegre que começaram agora [...] vai tudo pro entulho.
É possível reciclar qualquer concreto, desde que seja escolhido o uso adequado e se
respeitem as limitações técnicas. As centrais de reciclagem contam com maquinários
semelhantes aos de mineradoras, como esteiras rolantes, britadores, peneiras e classificadores
de granulometria. Apenas os concretos com substâncias contaminantes podem trazer prejuízo
às propriedades do concreto no estado fresco e endurecido, e não devem ser utilizados como
matéria-prima.
Segundo a cartilha Desperdício Zero, elaborada pela Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná (2005), existem diferentes equipamentos que
reciclam o concreto fresco e o endurecido. Para o fresco são usados lavadores que separam
agregados graúdos dos miúdos. Para o endurecido, britadores de mandíbula ou de impacto,
decompõem estes materiais. O entulho é separado, britado, lavado, peneirado e classificado. É
também facilitada a segregação entre resíduos cimentícios e cerâmicos. Devido ao menor
volume de materiais, a técnica de reaproveitamento na própria obra não exige equipamentos
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Este tipo de reciclagem apresenta uma fácil montagem e a um custo bem menor. Os
tijolos ecológicos possuem resistência superior à exigida pelas normas técnicas se comparado
aos tijolos comuns. Apesar da simplicidade dos produtos básicos nele contidos, sua aplicação
é perfeitamente aceitável em qualquer construção de casas, quer popular ou mais sofisticada.
O aproveitamento dos tijolos vai mais além, se for transformado em pó, pode
substituir parcialmente o cimento, que é considerado um material muito poluente. Os tijolos
ecológicos apresentam inúmeras vantagens como, são mais leves que os tijolos comuns,
facilitam a passagem das instalações elétricas e hidráulicas (sem que haja quebra), controla a
temperatura no interior da casa, diminui a poluição sonora, embutimento rápido e fácil das
colunas de sustentação, como informa a cartilha Desperdício Zero elaborada pela Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná (2005).
[...] Por se produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes
técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo
produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida
dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção
local [...]. (ZORDAN, s.d., p. única).
Em muitas cidades brasileiras a deposição dos resíduos gerados pela construção civil é
feita de forma irregular, provocando uma série de custos ambientais. Apesar de não estar
sendo utilizada em todo o Brasil, [...] ―a existência de uma legislação firme e cuja aplicação
seja bem fiscalizada tem trazido benefícios evidentes na gestão de resíduos de algumas
localidades do Brasil‖ (CORRÊA, 2009, p. única), principalmente na região sul e sudeste,
segundo o autor:
5 CONCLUSÃO
sendo feito para a redução ou reutilização de todo esse material. O que ocorre é a deposição
inadequada em lixões.
Acredita-se que em algum momento a sustentabilidade será aplicada em Sinop, em
que medidas de reaproveitamento irão contribuir para a redução de perdas nos canteiros de
obras, diminuindo a quantidade de material residual. Como citado por Auro de Maman, a
melhor maneira de evitar as perdas presentes no município em questão é a adoção de medidas
preventivas que visem principalmente à implantação de uma cultura de limpeza, de logística e
de qualificação profissional dentro dos canteiros, que proporcionem a realização de um bom
trabalho.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, José Soares. Mato Grosso em foco. Cuiabá: Edição Guiapress, 1989. 314p.
CUNHA, José Marcos Pinto da. Dinâmica migratória e o processo de ocupação do centro-
oeste mato-grossense. São Paulo, 2006. 117p.
MAMAN, Auro de. Auro de Maman: depoimento. [30 mar. 2012]. Entrevistadores:
Giovanni Meneguzzi, Joaci Alexandre da Silva, José Carlos Carolo Filho e Paula Janaina
Souza Farto. Sinop, 2012. Gravação Digital (30 min 18 seg). Entrevista concedida para o
trabalho acadêmico sobre Engenharia Civil e Sustentabilidade: a construção na cidade de
Sinop/MT.
REMADE Revista da madeira. Sinop: uma cidade de futuro. ed. 105, p. única, maio 2011.
Disponível em:
<http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=1100&subject=Sinop&tit
le=Sinop: >. Acesso em: 12 abr.. 2012.
SCHORR, Daniele. Um estudo comparativo entre duas obras com níveis distintos de
organização, no município de Sinop/MT. 2011. 89 f. Trabalho de conclusão de curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Ciências Exatas. Universidade do Estado de
Mato Grosso. Sinop. 2011. Disponível em:
< http: //www.unemat-net.br/monografias_busca2.php?npag=2&id_curso=7>. Acesso em: 12
de abr. 2012.
SOUZA, Edison Antonio de. Processo de Colonização da Região Norte de Mato Grosso e
a Construção de suas Práticas Culturais. Sinop, 2002. 84p.
VIEIRA, Hélio Flavio. Logística aplicada à construção civil: como melhorar o fluxo de
produção nas obras. São Paulo: Pini, 2006. 178p.
Gustavo Benetti
Mateus Cella
Matheus Lucas Martins Garcia
Rafaela Sanches Mantovani
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 HISTÓRIA DE SINOP
do estado do Mato Grosso, é hoje caracterizado por uma agricultura e pecuária voltada para o
mercado exterior. É um polo educacional, sendo muito procurado por estudantes das cidades
vizinhas.
A demografia do município tem crescido através das décadas. Segundo sensos
realizados pelo IBGE no ano de 1996, a cidade contava com 53.959 habitantes. Após uma
década sua população praticamente dobrou para 105.762.
Este crescimento da população auxilia no progresso de diversos setores econômicos
para toda a região, um deles é o imobiliário. Como visto na reportagem de Alves (2012),
apareceu na revista Veja (2010) que Sinop cresce cerca de 10% ao ano, o que demonstra que
está sendo um excelente lugar para investimentos econômicos. Segundo ele, de 1990 para cá,
mais de nove mil estudantes de mais de 30 cidades da região se mudaram para Sinop, em
busca de formação superior, aquecendo o setor imobiliário.
Portanto, as perspectivas de crescimento para o mercado de trabalho na área da
construção civil, para os próximos anos, são positivas, devido aos investimentos do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), do ‗Minha Casa, Minha Vida‘ e da preparação das
cidades para os eventos esportivos.
Levando em conta o desenvolvimento e crescimento de Sinop, na opinião de Daniel de
Paula, o setor da engenharia civil no município continuará em alta pelo menos por uns vinte
anos.
Dentre os escritórios de engenharia civil que existem em Sinop, um bastante
conceituado é ‗Daniel de Paula, Projetos e construções‘ onde fizemos uma entrevista com o
proprietário, Daniel de Paula, e o engenheiro civil Rafael Alberto Menon, que trabalha no
local. O escritório se localiza na Avenida Governador Julio Campos, nº 1288, sala 02, como
vemos a baixo:
A palavra perdas pode ser definida como tudo aquilo que consome recursos, mas não
agrega valor. O conceito de perdas na construção civil abrange desde folhas desperdiçadas na
elaboração do projeto, até um erro drástico na obra, ou seja, vai muito além de desperdícios de
materiais.
―Segundo Messeguer (1991 apud. GROHMANN, 1998, p. 2), o desperdício advém, ou
se origina, de todas as etapas do processo de construção civil, que são: planejamento, projeto,
fabricação de materiais e componentes, execução e uso e manutenção‖.
Resíduos de uma obra podem ser desde entulhos a compras excessivas de material, ou
seja, material sobrado. O dono de um conceituado escritório de engenharia de Sinop, afirma:
(01) Daniel: Sobra em algumas obras [os materiais] e em outras estraga e sobra. E quando
sobra, já dá prejuízo, porque isso vai ser difícil de você vender. Terá que vender pela metade
do preço.
Um dos maiores problemas que geram uma grande quantidade de perdas são a mão de
obra não qualificada.
Para reduzir as perdas algumas medidas e cuidados podem ajudar, como por exemplo,
um supervisionamento constante do canteiro de obras. Uma das medidas para diminuir as
perdas, é capacitar melhor a mão de obra na construção civil, visto que muito se perde por
falta de técnica dos funcionários.
(02) Daniel: Mão de obra aqui em Sinop é difícil. Esse é o maior problema. Tem que
qualificar.
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Outra medida importante para reduzir as perdas é integrar o uso de tecnologias novas à
construção civil. Ou seja, uma padronização dos componentes da construção, como blocos,
janelas, portas e entre outros como uma maneira de evitar a falta de ‗encaixe‘ e assim reduzir
as perdas.
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Cerâmicas e Pedras:
a) A compra de cerâmicas deve ser feita com antecedência. Após a compra, deve-se
verificar na caixa ou com o próprio vendedor a estocagem do material. Caso não haja
restrições, procurar um lugar para estocá-lo, sem que haja necessidade de pilhas muito
altas, evitando, assim, quedas.
b) Antes do assentamento da cerâmica, verificar com o vendedor ou com a fornecedora o
tempo necessário que ela precisa ficar submersa em água, a fim de obter a dilatação e
umidade certas.
Madeira para telhado:
a) A madeira para telhado deve ser estocada em lugares secos e de modo que possa ficar
empilhada em números baixos e sempre na horizontal, para não empenar.
b) Após a secagem, a madeira já pode ser usada, pois a dilatação necessária que iria obter
com o tempo já foi concluída. Assim, não correndo o risco de a dilatação quebrar
telhas e até mesmo entortar o telhado.
Portas e Janelas:
a) Ao comprar portas e janelas de madeira, procurar sempre material de boa qualidade.
Estocar em locais seguros e protegidos da chuva.
b) A sugestão para estocar materiais de madeira é que fiquem na horizontal ou na vertical
e sem peso em cima, a fim de conservar todo o material do empeno.
Portas e Janelas de Aço
a) Geralmente são protegidas com materiais anticorrosivos, mas é prudente guardá-las em
local coberto. Muito cuidado ao manusear, pois um tombo pode empená-las. Não
esquecer a pintura: ela é fundamental.
Telhas:
a) A telhas não precisam de muitos cuidados de armazenamento. Afinal, ficam expostas
ao tempo durante sua vida útil. Mas, deve-se cuidar ao manuseá-las, pois são muito
frágeis.
b) Ao estocá-las, deve-se verificar se as pilhas verticais estão bem seguras.
Tubos de PVC:
a) É aconselhável que tubos de PVC não fiquem expostos ao ar livre, pois o sol, o sereno
e a umidade podem ressecá-los, fazendo com que rachem e percam utilidade.
b) Conservar os tubos em local coberto, protegido do sol. Se possível, estocados em
pilhas horizontais, de forma que os tubos possam ficar deitados e retos.
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Fios e Cabos:
a) Os fios e cabos devem ser conservados de preferência em uma caixa que esteja em
local seco e coberto.
b) Deixar os fios em local aberto ou no tempo, pode rachar a proteção que é geralmente
de plástico ou borracha. E um fio sem proteção nunca é uma boa ideia. O condutor
elétrico perde parte do isolamento quando sua camada de plástico ou borracha externa
resseca.
Cimento:
a) Sacos de cimento devem ser mantidos longe da umidade, em local seco e coberto. O
contato do cimento com a umidade por certo tempo faz com que ele endureça,
perdendo sua utilidade.
Areia e Brita:
a) A única restrição é que não se deve deixar areia ou brita exposta ao ar livre por um
longo período de tempo (alguns meses).
b) O vento, além de espalhar a areia, traz consigo uma poeira que contém vários agentes e
vários tipos de sementes. Areia e britas são proibidos quando estocados no passeio ou
na rua.
Fotografia 3- Pilha de tijolos em uma das obra de Daniel de Paula, Projetos e Construções.
4 SUSTENTABILIDADE
44
Alguns materiais que podem ser reutilizados em outra obra são as fôrmas de madeira
às quais, em obras como casas populares, que são todas do mesmo tamanho, podem ser
usadas na construção de até sete casas diferentes.
Muitas pessoas aprovaram a ideia de construção sustentável, e, empresas com esse
novo formato de produção começaram a ser mais bem vistas pela sociedade, isso fez com que
o número desses empreendimentos aumentasse significativamente.
Uma construção sustentável utiliza materiais e tecnologias biocompatíveis, que não
agridem o meio ambiente, seja durante o processo de obtenção, fabricação, aplicação e
durante a sua vida útil. Para tanto, é necessário utilizar produtos á base de água ou 100%
sólidos, pois estes materiais não emitem gases nem odores quando em contato com o
oxigênio.
Contudo, no município de Sinop, este método ainda é pouquíssimo utilizado. Ao
perguntar ao dono do escritório de engenharia, Daniel de Paula, e ao engenheiro Rafael A.
Menom, se em Sinop há como investir em materiais mais sustentáveis eles disseram:
(03) Daniel: Hoje, aqui em Sinop, nós não temos como fazer isso, mas com certeza isso está
vindo e vai ser obrigado, vai ter que ser assim, porque a matéria prima está acabando e aos
poucos, a construção vai ter que ser sustentável.
(04) Rafael: Materiais alternativos, Sinop possui poucos. Materiais sustentáveis, nada. Não
sei se o motivo seria a falta de mão de obra qualificada, ou se não há mão de obra devido a
falta de materiais alternativos. Nunca trabalhei em uma obra sustentável, apenas projetei.
Segundo Daniel de Paula, uma sugestão boa para uma obra mais sustentável é a
diminuição de resíduos na construção, utilizando materiais alternativos mais práticos como a
46
utilização de tijolos com cortes para fiação e encanamento. Ele diz que isso faz com que a
produção de resíduos numa obra diminua bastante e deixe a obra mais resistente, sendo viável
tanto para o construtor, quanto para o proprietário.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
FERREIRA, João Carlos Vicente; SILVA, Pe.José de Moura e. Sinop. In: ______ . Cidades
de Mato Grosso: origem e significado de seus nomes. Cuiabá: J.C.V. Ferreira, 1998. p. 124-
125.
GARCIA, Matheus Lucas Martins. Pilha de tijolos em uma das obra de Daniel de Paula,
Projetos e Construções (02 abr. 2012). 2012. 3 fotografia, color., 7,58 cm x 9,64 cm.
______. Placa da fachada do escritório (02 abr. 2012). 2012. 1 fotografia, color., 3,64 cm x
8,89 cm.
______. Uma das obras de Daniel de Paula, Projetos e Construções (02 abr. 2012). 2012.
2 fotografia, color., 8,08 cm x 9,72 cm.
MENON, Rafael Alberto; Rafael A. Menon: depoimento. [02 abr. 2012]. Entrevistadores:
Matheus Lucas Martins Garcia e Gustavo Benetti. Sinop, 2012. Gravação digital (10min
3seg). Entrevista concedida para o trabalho acadêmico sobre Engenharia Civil e
sustentabilidade: a construção na Cidade de Sinop/MT.
PAULA, Daniel de; Daniel de Paula: depoimento. [02 abr. 2012]. Entrevistadores: Matheus
Lucas Martins Garcia e Gustavo Benetti. Sinop, 2012. Gravação digital (11min 7seg).
Entrevista concedida para o trabalho acadêmico sobre Engenharia Civil e sustentabilidade: a
construção na Cidade de Sinop/MT.
SKOYLES, E.F. & SKOYLES, J.R. Waste prevention on site. London: Mitchell, 1987.
48
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A ‗Marcha para Oeste‘ atraiu muitas pessoas para o Mato Grosso devido ao incentivo
à produção agropecuária e ao povoamento da região. Uma das regiões diretamente atingidas
por esse processo de ocupação foi Sinop, situada no norte de Mato Grosso. O principal
objetivo do povoamento da cidade foi o cultivo agrícola. Com os lucros gerados por este
setor, diversos outros (como o da construção civil) se instalaram em Sinop e aproveitaram a
oportunidade para crescer. Um dos engenheiros atraído por essa possibilidade foi Renato
Curvo Sobrinho, cuja história consta no texto.
Como base de pesquisa utilizamos o artigo As Perdas na Construção Civil:
conceitos, classificações e seu papel na melhoria do setor, do grupo NORIE, a entrevista
concedida pelo engenheiro e outras fontes relacionadas ao assunto, a fim de desenvolvermos
52
2 A HISTÓRIA DE SINOP
Lançada na véspera de 1938, a ‗Marcha para o Oeste‘ foi um projeto dirigido por
Getúlio Vargas, cujo objetivo era estimular os imigrantes para se estabelecerem no Mato
Grosso através de assentamentos de propriedades.
A ocupação dessa região também visava a exploração da Amazônia, já que naquela
época os governantes achavam que essa parte da região estava sendo desperdiçada por não ser
usada, assim incentivaram a produção agropecuária de sustentação e a criação de colônias
agrícolas. Para que esse projeto fosse executado, o governo teve que liberar a exploração da
Amazônia para empresas privadas além de dar incentivos fiscais para as pesquisas.
(SANTIAGO, 2010).
O processo de ocupação de Sinop veio em 1972, quando Ênio Pipino adquiriu terras
do então dono Jorge Martins Phillip. Ênio trouxe consigo a experiência de formação de 18
cidades do Paraná, e logo montou uma estrutura para colonizar a região.
Na implantação e execução do projeto, 400 homens e maquinas atravessaram,
inicialmente, o rio Verde, abrindo as primeiras picadas na selva, para plantar a cidade de
Sinop.
Com este processo, o principal objetivo visado na região de Sinop era a implantação
de uma cultura agrícola, assim, como a região demonstrava um ótimo período climático, esse
objetivo foi expandido e logo a cultura do guaraná, mandioca e cacau começou a se
estabelecer.
Com o passar do tempo, as atividades agrícolas começaram a ser mecanizadas e
passou-se a fazer um uso maior de tecnologia no campo (por exemplo, insumos), além de a
região ter ganhado mais atividades financeiras.
Com uma maior movimentação de capitais, a cidade passou a atrair diferentes
investimentos, como é o caso da construção civil. Entre os engenheiros que vieram atraídos
pela oportunidade de crescimento na região está Renato Curvo, proprietário da RC
CONSTRUTORA LTDA.
Um dos principais motivos que levaram Renato Curvo a instalar-se em Sinop, foi a
grande perspectiva que tinha há 15 anos devido ao estímulo que o norte de Mato Grosso teve
com a ‗Marcha para Oeste‘, imposto por Getúlio Vargas, que se estendeu até meados da
década de 70.
Renato instalou seu primeiro escritório no ano de 1999, era uma sala pequena nos
fundos de casa e como as pessoas não conheciam seu trabalho, era difícil trabalhar, mas,
quando pegou seu primeiro projeto após quatro meses, teve a oportunidade de mostras sua
capacidade profissional, não desperdiçou e, a partir desse projeto apareceram mais 7 e tudo
começou a melhorar. Isso é o que comprova sua afirmação abaixo:
(01) Renato: Apesar das dificuldades enfrentadas, minhas expectativas para Sinop e a mim
mesmo foram superadas, meus objetivos traçados nos 10 anos iniciais foram realizados graças
a Deus [...]. Mesmo com todos os empecilhos, realizei um projeto de pesquisa chamado
‗isopet‘, que seriam blocos feitos de concreto e isopor, [...] e acabei construindo minha casa
com eles.
O Projeto ‗isopet‘ feito pelo engenheiro Renato Curvo, trouxe benefícios para a
população, uma vez que a demanda de isopor para as experiências era muito grande, e a
quantidade desses materiais que eram coletados não davam conta de suprir essa demanda.
(02) Renato: Em 2004 realizei esse projeto e consegui fazer com que esses blocos tivessem o
mesmo traço do bloco convencional, porém, com uma redução de 50% em seu peso.
Infelizmente nesse período, Sinop sofreu uma grave crise financeira impedindo o andamento
do projeto e precisei parar as pesquisas que realizei até então.
Hoje Renato Curvo tem seu escritório situado na Avenida dos Jacarandás, nº 3405,
setor comercial, Sinop/MT, como vemos abaixo:
54
Com base no artigo do grupo NORIE, podemos perceber que o tema ‗perdas na
construção civil‘ se refere a qualquer tipo de ineficiência que resulte no uso de recursos
(equipamentos, materiais, mão de obra, e capital) em quantidades superiores àquelas
necessárias à produção de edificação.
Existem muitas causas para as perdas na construção civil. A maior parte delas é
evitável, mas não se consegue extingui-las (perdas inevitáveis). Para reduzir as perdas,
algumas medidas e cuidados podem ajudar, como por exemplo, a supervisão constante do
canteiro de obras.
Uma das medidas para diminuir as perdas, é capacitar melhor a mão de obra na
construção civil visto que muito se perde por falta de técnica dos funcionários. O profissional
necessita saber como trabalhar com os diferentes materiais e maneiras de assentamento,
revestimento, etc. O desaso da mão de obra com relação aos materiais também é responsável
por uma parte das perdas de material.
A supervisão constante também é necessária para diminuir as perdas por descaso e por
superprodução. Superprodução no sentido de se controlar que seja feita a espessura da
argamassa correta em assentamento de alvenaria, revestimento e assim por diante. E também
56
com relação ao retrabalho. Ainda com relação à mão de obra se faz necessário pensar e
oferecer o máximo de segurança no canteiro de obras, a fim de não ocorrerem perdas por
acidentes de trabalho.
O canteiro de obras deve ser organizado e planejado com o intuito de diminuir ao
mínimo possível a movimentação de funcionários em áreas de risco, como canteiro de aço, e
portão de cargas, para diminuir o risco de acidentes. E também de uma maneira que haja
controle sobre o uso de ferramentas para que seja organizado de forma que não se perca
produtividade.
Exemplos de desperdícios evitáveis:
Resíduos armazenados incorretamente.
Outra medida importante para reduzir as perdas é integrar o uso de novas tecnologias à
construção civil. Há estudos que indicam para a coordenação modular, uma maneira de
diminuir os desperdícios, ou seja, uma padronização dos materiais utilizados na construção,
(como blocos, janelas e portas), a fim de garantir o perfeito encaixe desse componente,e
assim, reduzir as perdas. Outro fator importante é a compatibilização dos projetos para
diminuir o retrabalho.
A construção civil é conhecida por ser um das áreas que mais causam impactos no
meio ambiente.
Apesar dos benefícios acima citados, obras sustentáveis têm um custo geralmente
maior que obras convencionais, e por esse motivo ainda são executadas em menor escala,
conforme afirma o profissional que entrevistamos:
(03) Renato: Uma obra sustentável tem um custo inicial normalmente um pouco maior. Você
vai precisar de um pouco de equipamentos, alguns produtos quem não têm em larga escala no
59
mercado, alguns melhores e com custos mais altos. Porém, a longo e médio prazo você terá
economia, como, por exemplo, na parte elétrica associada à refrigeração.
A comparação entre custos totais das obras demonstra que existe uma tendência de
uma obra idealizada sustentável ser mais cara (11% a 24%) que uma obra com
métodos convencionais [...] este acréscimo de custo torna-se um investimento com o
uso da edificação, justificando-se no momento em que esta atinge seu ponto de
equilíbrio. (NAGALLI; TEIXEIRA; OKRASKA, 2012, p.3-4).
Para uma obra ser considerada sustentável, sua construção deve estar baseada em
quatro grandes princípios:
Redução do impacto da obra e das operações de edificação (fazendo-se o uso racional
dos recursos e de técnicas e materiais menos degradantes);
Adequação da construção às necessidades dos moradores e usuários, visando sempre o
bem estar do ser humano;
Envolvimento da sociedade (emprego de materiais e mão-de-obra local);
Utilização dessas construções como instrumento de educação ambiental e
conscientização. (RIBEIRO, 2004).
Além disso, para que os impactos sociais gerados pelas construções sejam
minimizados, são necessárias ações como melhoria das condições de hospedagem,
alimentação nos canteiros de obras, segurança do trabalho e treinamento dos trabalhadores
(MORETTI, 2005); reparação imediata de danos causados ao bem comum, como calçadas e
vias de circulação de veículos; cuidados para evitar a perfuração de redes enterradas e para
impedir que as rodas de máquinas e equipamentos sujem as vias externas; fornecimento de
equipamentos de proteção adequados ao trabalhador; e busca pela diminuição de incômodos à
vizinhança por ruídos, vibrações e poluição do ar. (ARAÚJO; CARDOSO, 2007).
(05) Renato: Na área da construção não temos uma lei que oriente sobre como agir com
materiais químicos resultantes da construção como na agronomia, por exemplo. Acredito que
a criação de uma lei seria muito importante. Na RC, nós observamos ao máximo o volume de
desperdício, desde a implantação do canteiro de obras, até seu término. Esse gerenciamento
mais técnico, se da na pesagem de madeiras, tijolos e etc. Além disso, buscamos alternativas.
Eu em 2004 estava muito preocupado com o peso e o das construções, então buscamos outros
elementos que deixam a obra mais barata e leve. Depois de visitar congressos e me informar
com profissionais, desenvolvi um bloco de concreto com isopor que tem o peso reduzido em
50% se comparado a um bloco convencional. Esse bloco, além de agir como isolante térmico,
eu retirava uma grande quantidade de isopor que iria para o lixão de Sinop, o que não
beneficia só o setor da construção, mas sim a qualidade de vida no município.
6 CONCLUSÃO
Comparando os dados fornecidos pelo artigo do grupo NORIE e por outras fontes
pesquisadas, juntamente com os dados cedidos pelo engenheiro civil Renato Curvo Sobrinho,
é possível concluir que as principais causas das perdas na construção civil são a falta de mão-
de-obra qualificada, que dificulta o andamento da obra devido ao despreparo para lidar com
os materiais que serão utilizados, fazendo com que estes sejam danificados ou mal utilizados
na construção, além da falta de organização dos canteiros que aumenta a perda de materiais e
aumenta o prazo de entrega.
Contudo, é possível constatar a importância da sustentabilidade na construção civil
(benefícios econômicos e na melhoria da qualidade de vida são alcançados quando uma obra é
tida como sustentável, por exemplo), já que esse setor é um dos que mais poluem atualmente.
Entretanto, devido ao custo adicional desse tipo de construção, esta ainda é pouco utilizada.
É importante destacar o trabalho realizado pelo senhor Renato Curvo Sobrinho na
busca por obras mais ecológicas. O engenheiro desenvolveu blocos de concreto com isopor
62
que seria destinado ao lixão da cidade esses blocos apresentam um peso 50% menor que os
convencionais, reduzindo o peso de toda a estrutura, inclusive no concreto utilizado nas
fundações, além de minimizar a temperatura do ambiente.
Por fim, de acordo com o engenheiro entrevistado, para as obras realizadas no
município atingirem o patamar de ‗sustentáveis‘ é necessário que haja um treinamento de
mão-de-obra (a fim de que as perdas sejam reduzidas), organização dos canteiros e
acompanhamento na execução de cada uma. O engenheiro também chama a atenção para a
criação de uma lei referente ao destino de produtos químicos usados na construção e diz que
se cada vez mais as pessoas buscarem obras ‗verdes‘, o preço delas atingirá o preço das obras
convencionais e assim a sustentabilidade poderá ser implantada de vez na construção civil.
REFERÊNCIAS
RIBEIRO, H.F. O que são construções sustentáveis?. Belo Horizonte: Ambiência soluções
sustentáveis. 2004. 2 p. Disponível em:
<http://www.ambiencia.org/site/aambiencia/publicacoes /construcoes-sustentaveis/o-que-sao-
construcoes-sustentaveis/>. Acesso em 20 abr.2012.
SANTIAGO, E. Marcha para o Oeste. Net, abr.2010. Seção História do Brasil. Disponível
em: <http://www.infoescola.com/historia-do-brasil/marcha-para-o-oeste/. Acesso em: 20 abr.
2012
Bruno Machado
Camila Silva Kloster
Úrsula Maira Maciel Rigon
Yuri Chaim
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 HISTÓRIA
Na década de 70, a população brasileira foi incentivada pelo governo federal a vir para
o norte do Mato Grosso através de projetos como Programa de Redistribuição de Terras e de
Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste (PROTERRA), Programa de Desenvolvimento
do Centro-Oeste (PRODOESTE), Marcha para o Oeste, Expedição Roncador-Xingu,
Programa de Integração Nacional (PIN) e a construção da BR-163, com o objetivo de ocupar
terras ainda inexploradas e baratas, trazer mão-de-obra abundante e ser uma linha de acesso às
demais regiões. (SOUZA, 2004, p. 120 - 145).
A vinda da população trouxe um avanço para o espaço tanto para a economia do
estado, pois foram instaladas madeireiras e cultivadas grandes fazendas, quanto para
urbanização da cidade, com criação de bairros, avenidas, bancos entre outros. Assim em 14 de
setembro de 1974, foi fundada pelo grupo Sinop, a Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná
(SINOP). (SOUZA, 2004, p. 150 - 155).
A princípio o objetivo era criar uma cidade planejada, em um local estratégico, o que
na prática não ocorreu, devido a fatores, como falta de incentivos fiscais para manter os
colonos, assim a ocupação foi sem planejamento.
Hoje, a cidade é considerada a Capital do Nortão, visto que seu crescimento é visível
em todos os setores, se tornando um atrativo para fazendeiros, investidores e até mesmo
jovens universitários.
A PROENG, estabelecimento onde foi realizada a entrevista base desse artigo, surgiu
como uma possibilidade, uma vez que seus fundadores, Vinícius e André vieram à cidade de
Sinop com o intuito de lecionar nas áreas de Engenharia Civil e Arquitetura. Porém, como o
mercado está aquecido perceberam que essa poderia ser a oportunidade de se montar o
escritório, o mesmo entrou em funcionamento em março de 2010, portanto com dois anos de
mercado.
Hoje, é localizado na Rua Amendoeiras, número 357, Setor Comercial. Composto por:
André Luiz Nonato Ferraz (34 anos, Dr. Engenheiro Civil), Vinícius José Santos Lopes (31
68
anos, Me. Eng. Eletricista e de Segurança do trabalho), Phelipe Brustolon Philippsen (24
anos, Engenheiro Civil), Kelvim Antônio Figueiredo Miranda (Cadista), Sabrina de Souza
(Cadista) e Calebe Benjamim (Cadista).
Nas fotografias abaixo é possível ver algumas das obras realizadas pelo escritório na
cidade de Sinop. Na primeira vemos o entrelaçamento de ferros, que ao ser enchido por
concreto, se tornará uma rampa.
Na segunda, observamos o processo chamado de caixaria, onde são feitos moldes com
madeira para ser colocado o concreto, levantar parede de tijolos alinhados e assentar pilares
ou vigas.
Nesta fotografia é possível ver como é feita a laje, com concreto e isopor.
3 CONCEITOS
São ações feitas pelo ser humano para suprir suas necessidades hoje visando o futuro.
Exploração de recursos naturais de forma com que haja menos dano, havendo assim equilíbrio
entre meio ambiente e ser humano. Ações como desmatamento controlado, reciclagem,
consciência na utilização de recursos naturais (água, madeira), evitar desperdícios, e
recuperação de áreas degradadas, proporciona garantia as futuras gerações de bem estar
econômico e social, além da possibilidade da exploração desses recursos para também suprir
suas necessidades, sem esgotá-las.
(01) André: Em nossa região, não têm nenhuma empresa que recolhe os dejetos de materiais
para reutilização, todos eles são jogados nos lixões.
Na região em questão, fatores climáticos são relevantes pois o clima é muito propício
para construções, em apenas três ou quatro meses há uma umidade mais alta devido as
chuvas, nos outros meses do ano a ocorrência delas é muito escassa, tornando assim uma
localidade onde a procura por esse tipo de investimento aumenta gradativamente a cada ano.
Porém o solo de Sinop não é muito bom, então há uma necessidade de se fazer uma melhor
fundação caso se deseje investir em uma construção predial.
A região de Sinop é muito precária na questão mão de obra qualificada, essa é a maior
causa de desperdícios em obras, e ela se enquadra em evitável, uma vez que órgãos como o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), fornecem cursos para pedreiros,
mestre de obras, entre outros que se enquadram no ramo da engenharia. Muitos desses cursos
têm certo custo, que na maioria das vezes são cobertos pelas próprias construtoras.
Porém esses cursos são recusados pelos trabalhadores, segundo o engenheiro André,
muitas vezes por orgulho, pois tudo que eles aprenderam foi-lhes passado por gerações
anteriores. Outros recusam, pois acham que mesmo com o estudo não vão conseguir um
aumento salarial, o que também está errado, pois eles terão um diferencial dos outros
trabalhadores, e assim a procura por eles será maior.
73
Há também o problema com o desperdício de tempo, que pode ser enquadrado como
uma perda evitável, uma vez que pedreiros geralmente recebem por diária, assim eles enrolam
o tempo, colocam o depósito longe da obra, fazem coisas para que demore mais e assim
possam ganhar mais dinheiro, entretanto é um erro fazer isso, porque uma equipe que demora
mais, será menos procurada na realização de uma obra. Isso se enquadra na má qualificação
dos trabalhadores.
Na região sinopense, não há muitas ocorrências de furtos ou roubos a canteiros de
obras, porém não é descartada que essa é uma forma de desperdício também.
(02) André: A média de perda na nossa região é de cerca de 10%, é lógico que isso depende
do pedreiro, pois se ele for mais cuidadoso esse número pode decrescer.
Mais uma vez a qualificação da mão de obra está totalmente relacionada com o
percentual de perda.
As maiores ocorrências de desperdício estão relacionadas a partes como alvenaria e
caixaria, no primeiro há uma grande perda, pois muitas vezes não se compram meios tijolos,
assim tendo a necessidade de quebrar os inteiros, também há o desperdício no reboco, pois se
a parede foi bem feita não há precisão de se fazer um reboco melhor para corrigir o nível. Já
no segundo, o desperdício se dá por ter uso de muita madeira, que é um material de difícil
reutilização.
É fundamental ter o controle de tudo o que acontece na obra, desta forma, são
construídos quadros, para poder controlar o que é e o que pode ser desperdiçado. No quadro
abaixo está representado a possibilidade de desperdiço em cada etapa de uma construção.
Neste, é possível ver a diferença em relação a uma obra bem executada, bem planejada
e outra não.
Este último quadro nos mostra a porcentagem final das perdas, classificando a
qualidade do serviço em relação ao resultado obtido; assim fica evidente que quando bem
realizada, a construção tem um pequeno valor de desperdício, o que melhora a qualidade e
evita gastos desnecessários.
75
4 PROSPERIDADE ENCONTRADA
A região do Mato Grosso inteiro, não apenas Sinop, tem muito a crescer ainda, é um
estado precário de infraestrutura.
(03) André: O estado não tem muitas obras, há uma necessidade de pontes, estradas e
aeroportos, a engenharia civil dentro de alguns anos vai melhorar o estado, pois nele não há
nada.
Como se vê, é um lugar onde se pode construir tudo, começando por obras essenciais
como estradas, moradias de alvenaria, pontes de concreto, aeroportos e hidroelétricas, e ate
obras que são de uso particular como silos, secadores, frigoríficos, tudo que está relacionado
com a principal fonte de renda do estado, que é baseada na agropecuária.
Apesar de ser uma cidade planejada Sinop não é bem estruturada, uma vez que a
implantação de uma rede de esgoto ainda está no papel, alguns dos bairros foram se formando
sem infraestrutura como asfalto e água tratada, isso por conta de políticas anteriores que não
visavam ao bem estar da população e sim ao crescimento da cidade para atrair mais pessoas.
Essa precariedade é evidenciada em bairros mais antigos e afastados do centro da
cidade, pois hoje qualquer projeto de bairro ou loteamento precisa também ter um projeto de
infraestrutura mínima como água tratada, luz e asfalto.
Nessa região ainda não existe nenhum código de leis ambientais, para que a
sustentabilidade seja um fator mais evidenciado, há apenas a preocupação com a
impermeabilidade do solo, nenhum projeto é aprovado se não tiver uma área verde no terreno,
e outra na calçada.
Há também a preocupação com o bem estar da população, há um conjunto de leis
municipais em que pode se usar a calçada para guardar matérias, porém respeitando a faixa de
um metro para que pedestres possam transitar, o horário para obras também deve ser
respeitado, e o barulho é sempre o mínimo possível. Porém há obras e máquinas que não têm
como não fazer barulho, assim precisando da compreensão dos moradores ao redor também.
76
5 CONCLUSÃO
Para ter uma diminuição nas perdas em uma obra, faz-se necessário que se tenha uma
mão de obra mais qualificada, um pedreiro que gasta menos tem mais valor na hora de formar
uma equipe.
Também há a questão ambiental, pois todo lixo produzido é de responsabilidade da
construtora, assim, é necessário que tenha uma usina onde materiais como concreto, tijolos e
madeira possam ser reciclados. Em Cuiabá há uma usina assim, do resto do concreto e dos
tijolos se faz outro tipo de cimento, mais resistente que o convencional, e da madeira se usa as
fibras para fazer tijolos ecológicos.
Somente fazer uso dessas tecnologias não é o ideal, pois para o projeto de reciclagem
ser realizado na área da construção civil, há uma demanda de energia, o certo é procurar
reduzir o consumo dos materiais tirados da natureza, para que também reduza a energia gasta
com a reciclagem.
REFERÊNCIAS
FERRAZ, André Luiz Nonato. André Luiz Nonato Ferraz da Proeng- Engenharia:
depoimento. [23 mar. 2012]. Entrevistadoras: Camila S. Kloster e Úrsula M. M. Rigon. Sinop,
2012. Gravação Digital (40 min 07 seg.). Entrevista concedida para o trabalho acadêmico
sobre sustentabilidade na Engenharia Civil.
KLOSTER, Camila Silva. Fachada da Proeng (23 mar. 2012). 1 fotografia, color., 7,68 cm x
10,2 cm.
PROENG, Escritório. Obras da PROENG – Rampa (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 7,4
cm x 9,98 cm.
______. Obras da PROENG - Caixaria (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 7,3 cm x 10,02
cm.
77
______. Obras da PROENG - Laje (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 7,3 cm x 10,2 cm.
______. Perdas Inevitáveis (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 7,98 cm x 10,76 cm.
______. Perda Evitável – Desperdício de Material (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 7,96
cm x 11,06 cm.
______. Perda Evitável – Falta de Planejamento (08 jun. 2011). 1 fotografia, color., 11,12
cm x 11,06 cm.
SOUZA, Edison Antônio de. Sinop: história, imagens e relatos: um estudo sobre sua
colonização. Cuiabá: Universitária, 2004.
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise prática do tema: Perdas na
Construção Civil e Sustentabilidade. Relacionando estudos de áreas da Engenharia Civil já
produzidos e conhecimentos adquiridos previamente, com o resultado de pesquisas de campo
obtidas em entrevista com a arquiteta Maria Carolina Souza Barreto em seu escritório de
arquitetura Personnalité na cidade de Sinop, o objetivo dessa produção textual de pesquisa
científica foi alcançado e as conclusões devidamente registradas. Aqui serão apresentados
dados adquiridos com materiais já fornecidos por pesquisadores do NORIE/UFRGS e outras
referências de pesquisa, de onde vêm a base para o estudo que se segue.
1 INTRODUÇÃO
Faremos aqui uma breve explicação sobre o começo da colonização do Mato Grosso e
da formação da cidade de Sinop. Citaremos também, como procedeu a instalação da arquiteta
entrevistada na região setentrional mato-grossense, seus motivos de fixação em Sinop e suas
perspectivas para o mercado de trabalho. Ao longo do Artigo, explicaremos sucintamente os
conceitos de perdas na construção civil e noções básicas de sustentabilidade, bem como sua
importância para o mundo da Engenharia Civil e para a sociedade.
O presente artigo foi elaborado com o principal objetivo de conscientizar empregados
e empregadores da construção civil quanto às perdas que ocorrem, reconhecendo assim quais
são evitáveis e inevitáveis.
Em 1971, Enio Pipino adquiriu de Jorge Martins Phillip uma vasta área de terras,
denominada a princípio de Núcleo de Colonização Celeste e posteriormente de Gleba Celeste.
O projeto colonizador teve início a partir de setembro de 1974, quando Enio Pipino e
sua equipe econômica organizaram o planejamento da cidade. Atraiu-se com isso um grande
número de bandeirantes, sulistas, na maioria, todos com o desejo de fundar uma cidade
moderna com plena capacidade de prosperidade e que contasse com um amplo espaço
territorial a ser aproveitado. A construção civil superaquecida na região nesse período foi uma
das causas que mobilizaram a vinda de grandes levas de arquitetos e engenheiros civis para a
cidade.
Sinop foi elevada a município em 17 de dezembro de 1979, pela lei nº 4.156,
sancionada pelo ex-governador Frederico Campos. Hoje é uma das mais populosas cidades do
Estado e considerada a mais viva expressão do desenvolvimento mato-grossense.
(CARDOSO, 1989, p. 165-172).
81
(01) Maria Carolina: [...] podemos considerar perdas tudo aquilo que é energia ou material
que não foi utilizado em uma ação que poderia ter sido evitada, ou seja, que foi usado em
excesso.
Segundo Pinto (1989) os custos com o material representam 70% do gasto total com a
construção. Devido a isso, as perdas deste material são bastante significativas se comparadas
com o custo total do empreendimento.
Várias classificações de perdas foram levantadas pelo grupo NORIE/UFRGS (1996) e
por outros estudiosos da área. Apesar de essas pesquisas serem feitas com afinco ainda é
necessário um estudo mais profundo sobre o tema.
Fotografia 3 – Desperdícios.
acontecimento da perda; e perdas inevitáveis, quando não há como prever a ocorrência de tais
perdas. (FORMOSO, et. al., 1996, p. 31-32).
(02) Maria Carolina: Eu acredito que nessa etapa de material, que perde muito. A falta de
planejamento causa a perca de mão-de-obra, em que muitas vezes o trabalhador fica parado
porque [...] não se planejou que tinha que cumprir determinado material para aquele canteiro
naquele dia.
85
Geralmente, nesses casos, as perdas que ocorrem no canteiro de obras são advindas da
má qualificação e despreparo dos trabalhadores. Muitos dos operários empregados nas
construções não têm uma formação acadêmica no assunto, atuam apenas pela prática
adquirida durante suas vidas.
(03) Maria Carolina: A construção civil é a primeira área que absorve grande parte da mão-
de-obra despreparada.
5 ENGENHARIA SUSTENTÁVEL
(04) Maria Carolina: Quando vamos construir uma casa, pensamos na questão da ventilação
cruzada [...] que é uma questão importante e está ligada à sustentabilidade.
87
Diversas ações sustentáveis podem ser feitas nos canteiros de obras na cidade de
Sinop. A arquiteta entrevistada nos informa sobre sua preocupação em relação a esse tema e
como ela aplica em seus projetos:
(05) Maria Carolina: Há preocupação desde a construção de uma casa até a indústria. [...] Na
indústria, quando fazemos um planejamento, com a reutilização da água, por exemplo,
dependendo da atividade que aquela indústria vai fornecer.
A cidade de Sinop tem um grande problema com a questão de drenagem de água por
ser uma cidade muito plana. Alagamentos são frequentes quando ocorrem chuvas torrenciais.
Um modo de corrigir um pouco esse problema é plantando grama junto ao passeio público,
como meio de tornar o solo mais permeável e capaz de absorver boa parte do volume de água.
O professor pesquisador de matemática Dr. Denizalde Jesiél Rodrigues Pereira,
desenvolveu junto aos acadêmicos da Universidade do Estado de Mato Grosso do campus
universitário de Sinop, um projeto conhecido como Projeto Canteiros, que visa à elaboração
dessas calçadas sustentáveis, entre outras metas.
O projeto tem mobilizado toda comunidade no bairro Jardim das Nações, que é onde
está sendo realizado no momento, mostrando a importância da calçada para a cidade visando a
aspectos de mobilidade e lazer.
6 PRODUTIVIDADE E QUALIDADE
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALMEIDA NETO, Geraldo Caetano de. Desperdícios. 2011. 1 fotografia, color., 8,04 cm x
10,2 cm.
______. Falha na execução de obra. 2011. 1 fotografia, color., 9,8 cm x 10,4 cm.
BARRETO, Maria Carolina Souza. Maria Carolina Souza Barreto: depoimento. [11 abr.
2012]. Entrevistador: Geraldo Caetano de Almeida Neto. Sinop, MT, 2012. 1 gravador de
áudio (20 min 33 seg). Entrevista concedida para o trabalho acadêmico sobre sustentabilidade
na Engenharia Civil.
CARDOSO, José Soares. Mato Grosso em foco. Cuiabá: GUIAPRESS, 1989. p. 165-172.
RESUMO
Palavras-chave: Engenharia Civil. Construção Civil. Perdas. Resíduos sólidos. André Luís
Müller.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Edison Antônio de Souza (2001, p.15) a partir do século XX, principalmente
durante o governo de Getúlio Vargas, o Brasil passou por uma importante fase de seu
processo de povoamento, pois havia duas opções: ocupar os espaços vazios do território
nacional, principalmente na região Centro-Oeste e Norte do país, ou perdê-los para países
vizinhos. Foi neste episódio, conhecido como ‗Marcha para o Oeste‘ que foi criado o estado
do Mato Grosso.
Dentre as cidades do Mato Grosso destaca-se Sinop que teve seu processo de
povoamento iniciado em 1972 pelos colonizadores Enio Pipino, João Pedro Moreira de
Carvalho e a empresa Colonizadora Sinop® que foi responsável pelo planejamento da cidade.
93
Esta empresa teve uma importância tão grande para esta cidade que o próprio nome Sinop é a
sigla da colonizadora - Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná.
Para ter uma visão técnica e prática acerca do assunto apresentado entrevistamos o
Engenheiro Civil André Luíz Muller, inscrito no registro do CREA nº 120.683.490-0. Seu
escritório PROJETA®, localiza-se na Avenida das Sibipirunas nº 953, apartamento 101. A
entrevista ocorreu no dia 25 de março de 2012, com início as19h32min.
Ao ser questionado sobre como surgiu à ideia de montar um escritório de Engenharia
Civil em Sinop nos respondeu:
(01) André: Na verdade foi meio a revelia que comecei a trabalhar com a Engenharia, eu me
formei Engenheiro Civil [...] em 2007 na Universidade Federal de Santa Catarina [...], só que
quando eu vim para o Mato Grosso eu vim para trabalhar com serraria, então na verdade
comecei a trabalhar e lá em Feliz Natal onde eu morava. Eu era o único engenheiro da cidade,
então a prefeitura veio me chamar pra assinar pela prefeitura, porque eles não tinham ninguém
pra administrar as obras [...]. Depois que eu me casei me mudei pra Sinop e parei de trabalhar
com serraria por motivos diversos.
(02) André: Uma das dificuldades que encontrei foi abrir minha empresa, porque hoje pra
você abrir uma empresa aqui no Mato Grosso, vai no mínimo 30 dias, isso se o contador for
bom pra conseguir isso em 30 dias, se não demora ate 60 dias ou mais pra você conseguir seu
número do CNPJ. A partir daí você vai à prefeitura tirar um alvará, no caso da construtora só
o alvará de localização e funcionamento. No meu caso como o meu escritório é em casa
mesmo, eu não preciso de bombeiros, nada nesse sentido, mas se fosse um escritório maior
precisaria de laudo de bombeiros e um monte de outros procedimentos.
(03) André: Um dos maiores entraves hoje em dia, é a legislação da Engenharia Civil que é
bem rigorosa, para se cadastrar no CREA, as reuniões são mensais, então, por exemplo, se
você se cadastra no dia 02 de um mês e a reunião é no dia 02 do próximo mês você tem que
esperar além desses 30 dias mais uns 10, e hoje o sistema é todo interligado, se você faz um
projeto de execução nesse período eles ficam sabendo e notificam você. E todo ano você tem
95
que se recadastrar, é que nem alvará de prefeitura, todo ano você tem que pagar e fazer tudo
de novo.
(04) André: Como engenheiro vejo que o mercado de trabalho em Sinop está muito bom
hoje, eu mesmo recuso bastante serviço porque não tenho equipe pra fazer, porque sou
sozinho, minha esposa que também é Engenheira Civil, me ajuda em algumas coisas, mas ela
já trabalha em outra empresa de engenharia [...]. Sinop tem muito serviço.
Também o questionamos sobre quais são suas perspectivas para o futuro e se ele se
sente realizado profissionalmente:
(05) André: Eu não me sinto totalmente realizado na área de construção civil porque ainda
não consegui atingir o nível de qualidade que gostaria de ter nas minhas obras, não consegui
ainda formar uma equipe de obras que posso largar nas mãos deles e fazer realmente o meu
papel de engenheiro fiscalizando mesmo [...] e uma cadeia de fornecedores leais, que saibam
o tipo de produto que eu quero [...] porque eu prezo muito pela qualidade nas minhas obras.
Acredito que a minha realização está mais na construção das casas que eu faço pra vender do
que na parte de projetos em sim [...] e que vou levar uns 5 anos para alcançar os objetivos que
citei anteriormente.
Essas palavras do engenheiro André nos mostram a importância de uma boa equipe
que o auxiliam nas suas obras, o que inclui desde fornecedores até os operários que
contribuem para a realização de uma construção e que leva algum tempo para alcançar os
objetivos, mas quando realizados são muito gratificantes.
3 CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Para que este conceito seja aplicado na Construção Civil foi criado o Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Este sistema serve como
programa regulamentador de padrões de qualidade e produtividade e, pré-requisito para que as
empresas construtoras aprovem projetos junto a Caixa Econômica Federal e que participem de
licitações públicas. Vejamos seus conceitos e ideologias, segundo o PBQP-H do Governo
Federal:
A partir disso, discutiremos sobre o que é necessário para que a Construção Civil, em
especial no município de Sinop seja político, social e ambientalmente sustentável, atendendo
aos conceitos do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat.
As perdas segundo seu controle pode ser classificadas em duas situações, inevitáveis e
evitáveis.
Perdas inevitáveis: são perdas que possuem um percentual de gasto aceitável, que é
identificada quando o custo para sua redução é maior que a economia gerada. O nível
de perdas inevitáveis é classificado pelo o engenheiro ou pela construtora.
Perdas evitáveis: quando a perda gera um gasto maior que o custo de sua prevenção.
Sendo uma consequência de uma obra de mal planejada.
Durante a entrevista concedida, o engenheiro André Müller também apontou algumas
partes do processo de Construção Civil que mais gera perdas. Vejamos:
(06) André: As perdas ocorrem desde as pequenas coisas. Pregos, por exemplo, em média
50% vão fora [...], os pregos que o cara erra, perde no caminho... Estou falando de pequenas
coisas, mas olha recorte de cerâmica, por exemplo, o rejunte que custa R$ 60,00 uma caixinha
de nada [...], eu fiz agora uma casa inteira de 90m², gastei duas latas, já em outra casa de
150m² foram gastas 15 ou 16 latas, então você vê diferença porque a qualidade do produto e
qualidade da mão-de-obra faz diferença. Ferragens, por exemplo, é um tipo de perda
praticamente inevitável porque as barras são padronizadas em 12 metros [...] então você pensa
em cortes de arame, não tem como você fugir disso [...]. Outros processos que podemos
enumerar que não podemos evitar, por exemplo, é caixaria de laje, porque não é sempre que a
madeira pode ser reutilizada em outras obras, por causa das medidas das caixarias, a não ser
que depois da obra você use a madeira para fazer algum barraco.
Poucas pessoas se preocupam com os pequenos utensílios que são perdidos dentro de
uma obra, sendo estes, um dos responsáveis pelas perdas na construção civil.
Nesta categoria são identificados nove tipos de perda: por superprodução, por
substituição (utilização de tijolos maciços no lugar de blocos cerâmicos furados), por espera
(paradas no serviço por falta de material), por transporte (quebra de materiais devido ao seu
duplo manuseio), no processamento em si (falta de treinamento da mão de obra), nos estoques
(falta de lugar para armazenar os materiais), no movimento (tempo excessivo de
movimentação entre postos de trabalho devido à falta de programação de uma sequência
98
(07) André: Em minha opinião, a parte de alvenaria e reboco são as partes que mais perdem
em uma obra, o reboco é quase que um curativo de caixaria mal feita. Você projeta um reboco
para ter 1,5cm de recobrimento e usualmente tem 3 cm a 4 cm; é o famoso arrumar no
reboco[...]. E o menor desperdício na construção civil hoje é só na parte da pintura, nesta parte
se perde muito pouco [...].
(08) André: Eu até para meu produto ser competitivo sou obrigado a diminuir as perdas, se eu
não diminuir no mínimo 10% das perdas, minha obra que custa 250 mil reais, 25 mil reais são
perdidos, então são 25 mil reais que eu deixo de ganhar por não aplicar uma engenharia boa.
Só que aqui ainda agente tem uma cidade que está começando a ter acesso a alguns tipos de
tecnologia, por exemplo, escoramento metálico, agora que estão começando a usar
escoramento metálico, antes se usava caibros que nem sempre podem ser aproveitados por
causa do tamanho, por exemplo, de um pé direito para outro, então também é algo que se
perde se não tiver tecnologia.
(09) André: Eu estive há quase um ano atrás em Cuiabá e estava tendo uma palestra sobre
reaproveitamento de resíduos, e lá já existe um picador de resíduos de Construção Civil [...].
A palestrante falou que a maior dificuldade deles ali é aproveitar sacos de cimento, e tinha
mais alguma outra coisa que não me recordo agora, mas todo o resto era reaproveitado [...].
Tudo era picado [...] e, por exemplo, [...] para fazer calçadas, meio fio e até concreto para
estruturas simples [...]. Mas já é um começo, porque lembro que foi falado que só em Cuiabá,
fora Várzea Grande, parece que eram 390 caçambas de entulho de Construção Civil por dia,
gerados na cidade, de empresas cadastradas, fora outros meios irregulares que não são
cadastrados na prefeitura.
(10) André: Meu entulho eu recolho ele e coloco em uma empresa cadastrada, na verdade
agora que a prefeitura de Sinop está cadastrando as empresas pra serem legalizadas, então
passará a ser cobrada uma taxa por caçamba que será despejada no lixão, até então era de
graça [...]. Embora sempre vá ter aquelas pessoas que vão continuar usando carroceiros [...]
100
para coletarem entulho, porque sai mais barato pra eles. Mas, já é alguma coisa, quem quer
trabalhar certo, que trabalhe certo, a gente não pode responder pelas outras pessoas, a gente
tem que fazer o certo, mas já é o primeiro passo porque tudo que custa mais a pessoa tende a
querer a consumir menos aquele serviço [...] então vai ser uma maneira das pessoas
diminuírem o entulho das obras.
A prática de reaproveitar o que muitos dizem ser lixo na Construção Civil e em todas
as demais áreas que geram resíduos deve ser algo comum em sociedade, pois os resultados
disso podem se notados nas mais diversas áreas. Vejamos algumas:
6 CONCLUSÃO
Na Constituição Federal, no conjunto das principais leis que regem o Brasil, está
assegurada a necessidade básica de se ter um lugar para morar. É muito comum ao serem
questionadas sobre seus maiores sonhos, uma pessoa responder que é o sonho de ter uma casa
101
REFERÊNCIAS
COLONIZADORA SINOP S.A. Vista aérea da cidade de Sinop. 1974. Fotografia, incolor,
5,2 cm x 10,92 cm.
MÜLLER, André Luíz. André Luíz Müller: depoimento. [25 mar. 2012]. Entrevistadores:
Camila Florêncio de Souza, Marcos da Silva de Oliveira, Katiane Backers e Rafael de Morais
da Silva. Sinop, 1012. Gravação Digital (1h 06min 02seg). Entrevista concedida para o
trabalho acadêmico sobre Engenharia Civil e Sustentabilidade: a construção na cidade de
Sinop/MT.
SOUZA, Edison Antônio de. Sinop: História, imagens e relatos: um estudo sobre a sua
colonização. Cuiabá, UFMT, 2001.
VILLAS BÔAS, Orlando; VILLAS BÔAS, Cláudio. A marcha para o Oeste: A epopéia da
Expedição Roncador – Xingu. 5 ed. São Paulo: Globo, 1994.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Até 1970, a região Sul do Brasil era uma área de atração populacional, devido a
grande oferta de empregos rurais proporcionados pelo cultivo de café e algodão. Entretanto,
com a chegada do cultivo intensivo de soja na região, houve a mecanização e o aumento do
tamanho médio das propriedades, que resultou na expulsão dos pequenos proprietários locais.
Em busca de novas áreas para se estabilizarem economicamente, e impulsionados pela
política expansionista de Getúlio Vargas, milhares de colonos aderiram à chamada ‗Marcha
para o Oeste‘, a qual visava a povoação da região oeste, a integração econômica entre os
centros comerciais e o incentivo a expansão da fronteira agrícola.
105
(01) José Renato: Eu trabalhava em Santa Catarina como arquiteto, vim conhecer Sinop
porque meu sogro veio morar aqui e montou uma madeireira. Quando cheguei aqui, em 1992,
gostei muito da cidade, achei uma cidade muito progressiva, em início de implantação [...] e
achei o local interessante para trabalhar e morar.
A construção civil é uma das áreas em que mais se tem desperdício de recursos que
poderiam ser reaproveitáveis, seja pela falta de consciência ou boa fé, falta de mão de obra
qualificada, a má estocagem e mal uso de materiais.
(02) José Renato: Eu acho que primeiro é o treinamento do pessoal que não está capacitado
para fazer um bom aproveitamento do material. Um projeto com uma boa especificação de
material também seria uma boa forma de economizar. Outra perda seria no uso do material no
lugar errado.
Perdas inevitáveis (ou perda natural): ocorrem quando o investimento necessário para
a redução de materiais é maior que o retorno gerado, este tipo de perda pode variar
entre empresas e obras.
Perdas evitáveis: é quando o investimento de ocorrência são maiores do que os de
prevenção.
Perdas por superprodução: é quando existe uma produção excessiva de materiais.
Perdas por substituição: é quando deixam de usar um material com maior qualidade
para usar um mais barato.
Perdas por transporte: referem-se ao manuseio inadequado dos materiais e estes ficam
danificados, ou quando há um atraso na entrega fazendo com que a obra também
atrase.
Perdas no processamento em si: é quando existe uma execução inadequada na
atividade do processo. As causas são: ineficiência nos métodos de trabalho, falta de
treinamento da mão de obra, deficiência no detalhamento e construtividade.
Perdas nos estoques: ocorre quando existe um estoque excessivo, em função de uma
programação inadequada, nos erros de orçamento, ou falta de cuidado do
armazenamento.
Perdas no movimento: é quando há uma movimentação desnecessária dos materiais.
Perdas pela elaboração de produtos defeituosos: acontece quando os produtos
fabricados não atendem aos requisitos especificados, por exemplo, quando materiais
defeituosos são entregues.
As perdas também podem ocorrer por roubos, vandalismos, acidentes, etc.
(FORMOSO, et. al., 1996).
3.1 CONCEITO
3.2 A SUSTENTABILIDADE
108
(03) José Renato: A parte social também é muito interessante, não adianta fazer uma obra
ecológica e trazer material lá da China, que é feito com mão de obra de baixíssimo custo.
Assim como a preocupação social, o ramo industrial é um dos focos para que haja
progresso sem comprometer a harmonia do meio. Quando uma empresa segue um ideário
sustentável, seu nome é valorizado e ligado à responsabilidade socioambiental.
Um grande incentivo para que as empresas sigam esse pensamento é o Green Building
Council Brasil, criado em março de 2007, e visa oferecer a certificação LEED® (reconhecido
internacionalmente) às construções ecologicamente corretas.
2
Economia e Meio Ambiente. Palestra ministrada por Sergio Margulis no 1º Fórum de Sustentabilidade da
Amazônia Mato-Grossense, Sinop / MT – 27/04/2012.
110
Fotografia 4: Dois dos 23 empreendimentos com selo LEED no Brasil. Da esquerda Edifício Eldorado Business
Tower e da direita Banco Real, ambos em São Paulo.
(04) José Renato: [...] seriam construções que usassem o mínimo possível de materiais que
agridem a natureza, ou seja, que você use o mínimo possível de energia elétrica, de gás, que
você projete obras que a iluminação seja natural, que se faça o reaproveitamento da água, que
você consiga na construção não desperdiçar material e o reaproveitar e principalmente,
sustentabilidade estaria ligada com ecologia, economia e a parte social.
Com a conscientização de empresários, para que suas empresas adquiram esse modelo
de desenvolvimento, pode-se afirmar que nossa sociedade estará na direção certa.
4 CONCLUSÃO
processo cultural brasileiro não dá muita importância para a separação do lixo em casa,
quanto mais na construção civil, sendo que todo o material de um caminhão de resíduos, que
poderiam ser reciclados, basta separá-lo de forma adequada e não misturá-lo outro tipo de
lixo, como o orgânico.
Algumas das formas de se evitar esse tipo de perda, segundo o arquiteto José Renato,
o entrevistado do grupo, é reavaliando o projeto na fase inicial para verificar como vão ser
realmente utilizados os materiais. Fora isso o treinamento de quem trabalha na obra também é
fundamental, conforme o profissional, pois, se o funcionário não estiver capacitado para fazer
um bom aproveitamento do material não será possível a reutilização dos resíduos. Uma
supervisão especializada do começo ao fim da obra é uma solução. E, além disso,
preocupando-nos sempre com o que deixaremos para as gerações futuras, devemos
conscientizar a todos.
REFERÊNCIAS
GAFISA. Dois dos 23 empreendimentos com selo LEED no Brasil. Da esquerda Edifício
Eldorado Business Tower e da direita Banco Real, ambos em São Paulo. 2012. 2
fotografia, color, 15 cm x 15 cm.
GREEN BUILDING COUNCIL BRASIL. Selo Green Building Council Brasil. 2012. 1
fotografia, incolor, 7,24 cm x 7,14 cm.
GROTTO, Rafaela Depiné. Retrato do desperdício de material que poderia ser reciclado.
2012. 1 fotografia, color, 5,91 cm x 9,17 cm.
MAIA NETO, F. Mercado Imobiliário: Edifícios ecológicos. Jornal Estado de Minas. Belo
Horizonte - MG.
113
SOUZA, Edison Antônio de. Sinop: história, imagens e relatos, um estudo sobre a sua
colonização. Cuiabá: Ed UFMT, 2004.
114
Elaise Gabriel
Rick Douglas Rabuske de Andrade
Tamiris Luiza Soares Lanini
Tiago Bernardo dos Santos
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Segundo Paulo Alberto dos Santos Vieira, autor da tese de mestrado Desenvolvimento
Econômico: ordem e progresso, a história do município de Sinop tem início após 1960,
quando o Governo Federal desenvolveu uma política de incentivo às regiões consideradas
distantes e inacessíveis, estimulando a colonização de toda a região do norte do Estado do
Mato Grosso.
Para que fosse possível desenvolver esta região era necessário investir em obras de
infraestrutura, como a rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), que foi inaugurada até Sinop, em
dezembro de 1986. Nas décadas de 70 e 80, o estado do Mato Grosso concentrou mais de 50
116
projetos de colonização feitos pela Colonizadora Sinop, como é o caso específico de Vera e
Sinop. (VIEIRA, 2003, p. 163).
Sinop teve como colonizador Enio Pipino, paulista de Penápolis, que já havia
colonizado várias cidades no estado paranaense. Em 1971, o moderno bandeirante comprou
do Sr. Jorge Martins Phillip uma vasta área de terras com aproximadamente 198.000 hectares
que passou a ser conhecida como Gleba Celeste. O projeto colonizador previa a implantação
de quatro cidades, três delas com nomes de mulheres. (VIEIRA, 2003, p. 163).
A cidade de Sinop, cujo nome corresponde à sigla da empresa presidida pelo Sr. Enio
Pipino - Sociedade Imobiliária do Noroeste do Paraná - se expandiu rapidamente atraindo
brasileiros de diversas regiões do país. O município foi fundado em 14 de setembro de 1974,
data em que foi celebrada a primeira missa pelo padre João Salarini. (VIEIRA, 2003, p. 163).
O município em questão possui ruas e avenidas com nomes de árvores brasileiras –
com exceção da avenida central que se chamava Avenida dos Mognos, mas por questões
políticas passou a se chamar Avenida Júlio Campos. O primeiro morador de Sinop foi o Sr.
João Olímpio Pissinati Guerra, que em 1972 comprou 450 alqueires de terra. Em 1975, Sinop
recebeu o maior número de imigrantes, pois o trabalho de construção era intenso. (VIEIRA,
2003, p. 163).
Entre os anos de 1984-1985, o processo de urbanização prosseguiu a partir da Avenida
Júlio Campos e atualmente Sinop desempenha importante função no contexto econômico-
regional, consolidando-se como prestadora de bens e serviços e como cidade universitária.
(VIEIRA, 2003, p. 164).
A empresa Parthenon Engenharia e Arquitetura – grande representante da
construção civil em Sinop e região - foi criada em 1988 pelo Engenheiro Civil Waldomiro
Teodoro dos Anjos Jr. que até então trabalhava de forma autônoma. Atualmente o escritório
localiza-se na Avenida das Acácias com a Rua das Nogueiras, 1.590, Piso Superior – Centro –
Sinop/MT.
(01) Tiago: Com relação a construção civil, como se vê nos meios de comunicação hoje em
dia, Sinop é uma das cidades que mais cresce na região e no estado também. Hoje Sinop é a
quarta cidade do estado, com isso a tendência é só crescer. Sinop é um pólo tanto de
construção, educação, saúde. Sendo um pólo isso indica que Sinop vai continuar crescendo
por um bom tempo. E o que Sinop tem a oferecer? Tendo o curso de Engenharia Civil os
resultados já estão aparecendo, eu que sou formado na primeira turma já trabalho mesmo
antes de formado aqui em Sinop, campo pra trabalho tem, não só em Sinop, mas há falta de
profissionais, isso é claro, muita gente procurando profissionais e não encontrando. Dentre a
região, que eu também viajo em toda região, eu vejo a realidade em todos os municípios, a
tendência de Sinop é se destacar ainda mais dos outros municípios, e Sinop tem muito mais
estrutura do que todas as outras cidades da região. Acredito que Sinop é o polo e a tendência é
se destacar no estado.
Quadro 1 - Exemplos de perdas segundo sua natureza, momento de incidência e origem – Brasil -1996.
Natureza Exemplo Momento de incidência Origem
A cidade de Sinop se destaca no setor da construção civil, uma vez que está em fase de
crescimento e desenvolvimento.
(02) Tiago: Em questão com relação às perdas, os resíduos que sobram, a empresa tem que
ter uma opção pra utilizar na obra. Isso aqui em Sinop é complicado ainda porque não tem
empresas que fazem esse tipo de coisa, fazem esse estudo pra destinar esses resíduos, por
exemplo, pra reaproveitar esses resíduos. Sinop não tem esse costume, então o custo pra fazer
isso seria elevado, por isso poucas empresas fazem isso. Eu, em Sinop, tenho não conhecido
empresa que utiliza as perdas em outros setores. Reaproveitamento de madeira e caixaria, isso
é normal, geralmente se faz, só que com relação às perdas dos resíduos mesmo, eu não
conheço empresa em Sinop que trabalha com esses resíduos. Eu conheço empresas que
destinam esses resíduos para lugar correto, que a prefeitura que indica, mas que reaproveitam
esses resíduos eu não conheço empresas. [...] em Sinop, hoje, a realidade não permite isso,
não existe isso, esse reaproveitamento.
Segundo o Engenheiro Civil Tiago Cichelero, outro fator que está relacionado às
perdas no município de Sinop é a falta de mão de obra qualificada.
(03) Tiago: Isso com certeza existe, hoje aqui, a procura por mão de obra está muito grande,
existem muitas construções e pouca mão de obra qualificada, que piora ainda um pouco mais
a situação. As empresas deixam de lado porque não sobra tempo pra fazer isso, não tem quem
122
faça, é por isso que isso não é feito hoje, eu não conheço empresas que fazem isso. Nós não
trabalhamos tanto com construção, nós administramos obras, nós temos equipes que
trabalham, diretamente nós não executamos, nós administramos a execução, temos quem
trabalha pra nós pra construir, então nas nossas obras a gente destina pra onde tem que
destinar, só que não tem como reaproveitar esses resíduos, de cerâmica, de tijolo, de concreto,
e o que sobra de uma obra, resíduos.
Diversas obras realizadas no município de Sinop possuem um elevado índice de
perdas devido à deficiência que o setor da construção civil enfrenta quanto ao
reaproveitamento de materiais e ao destino dos resíduos do município e região.
Deste modo, verifica-se a rápida expansão do município de Sinop, que não possibilitou
aos profissionais da construção civil um preparo relacionado aos impactos causados pelo
setor, não viabilizando o reaproveitamento de materiais ditos como perdas.
A redução das perdas de materiais é uma das formas mais eficientes de minimização
de custos. Os custos de materiais que entram na elaboração da edificação correspondem a
cerca de 60% do custo de produção. (FORMOSO, et. al., 1996, p. 36).
Durante uma construção, pode haver perda de material ou de serviço. Porém, existem
parâmetros para que as perdas não influenciem no valor final da obra.
123
(04) Tiago: No orçamento se considera essas perdas de materiais. Verifica o quantitativo pra
fazer o orçamento e considera um percentual a mais, então no orçamento você já prevê essa
perda né. Questão de serviço também né, serviço mal executado, a gente já tem que prever
isso, estrutural, em alvenaria, a gente tem que prever isso, geralmente 10 a 15% do
quantitativo, que a gente considera mais por causa dessa perda. Então influenciar, vai
influenciar no valor se acontecer algum erro, algum erro na execução, ou se o orçamento for
mal feito, não for feito da forma correta.
Sendo assim, a perda de materiais em uma construção pode influenciar o valor final de
uma obra a partir de um projeto mal elaborado ou mal executado.
(05) Tiago: Com certeza a disponibilidade de materiais é um problema pra nós, que não tem
tudo que precisa, questão de quantidade mesmo, de variedade de materiais. Por exemplo, dry-
wall3, ‗pô‘ tem gesso acartonado, só que não é a mesma coisa pra parede divisória, eu não
conheço, que até fiz um trabalho na faculdade sobre isso. Em Sinop são poucos que fazem,
pois não tem material, não tem gente que faz da forma correta isso, não tem gente que saber
fazer. Na semana passada a gente fez um orçamento de piso que não existe em Sinop, que não
tem porcelanato que uma cliente quis, aí tivemos que encomendar e demorou 15 dias pra
chegar.
Além da falta de materiais e disponibilidade, outro fator que agrega custo às obras de
Sinop é a falta de mão de obra qualificada para executar serviços específicos.
3
Dry-wall: é uma tecnologia que substitui as vedações internas convencionais (paredes, tetos e revestimentos) de
edifícios de quaisquer tipos, consistindo de chapas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço
galvanizado.
124
(06) Tiago: a questão de mão de obra também, pra executar um serviço. Por exemplo, a gente
fez uma obra do Machado novo que saiu lá, o ar condicionado, a empresa que veio instalar era
de São Paulo. O ar condicionado tudo bem que são poucas empresas que fazem, porém a
empresa pra instalar o ar condicionado teve que vir de São Paulo, que aquele tipo de ar
condicionado que eles quiseram instalar nenhuma empresa no Mato Grosso faz. Isso foi um
problema, era mais barato, só que é um tipo de sistema que ninguém faz, então eles
forneceram o material e tiveram que vir instalar também, que aqui ninguém sabia instalar, era
um sistema diferente. Isso também influencia no valor final da obra, pois existe esse custo a
mais né, que já não é previsto, se quiser fazer alguma coisa diferente, você tem que ver se tem
essa possibilidade de fazer aqui. Esse é um problema da distância, mas tem que ver a
possibilidade já no projeto né, antes da execução e já considerar isso no valor final da obra.
(08) Tiago: [...] até vi uma reportagem esses dias, que a cada dia pelo menos uma nova
empresa já adere a esse conceito de sustentabilidade, pelo menos uma empresa no Brasil,
adere a esse Selo Verde, então trabalhar com este, que é um bom sinal, sinal que tá crescendo
né. Eu acredito que não vai demorar muito pra ser uma exigência pra todas empresas
trabalharem com isso, dentro da lei, eu acredito que vai ser exigido em lei. Se não for em lei,
pelo menos o mercado vai exigir isso: trabalho com sustentabilidade.
(09) Tiago: [...] na medida do possível a gente tem uma equipe que trabalha, aí os materiais
que a gente utiliza, madeira, caixaria, que é simples de reaproveitamento, isso nós fazemos,
isso é tranquilo, já os restos, as sobras, isso aqui em Sinop a gente destina pro lugar correto,
manda pra um lixão da prefeitura, porque a prefeitura não tem aterro sanitário ainda. [...] no
trabalho que eu presto aqui, é prestação de serviço de engenharia, eu vistorio obras públicas,
obras privadas em toda região norte do Brasil, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Pará, Acre
eu vistorio obras públicas e privadas, o que eu vejo das empresas é que isso, a realidade do
Brasil ainda né, que as empresas não estão preocupadas até mesmo pela possibilidade né,
porque o custo pra manter isso hoje é caro e não é valorizado. Agora que está começando a se
utilizar esse termo né, sustentabilidade, então isso daqui pra gente com certeza vai ser uma
exigência, exigência de qualidade trabalhar com sustentabilidade.
(10) Tiago: Com relação à prefeitura, sim a gente trabalha em toda região norte, a gente
presta serviço pra várias regiões, em Matupá a gente fez projeto urbanístico daquele lago, não
sei se vocês conhecem Matupá sendo a cidade que tem lago, três lagos no centro da cidade. O
projeto de urbanização daquele lago foi a gente que fez, faz uns 4-5 anos mais ou menos que a
gente fez o projeto de urbanização daquele lago.
(11) Tiago: Aqui em Sinop estamos com um projeto, não está nada certo, mas provavelmente
a prefeitura vai conseguir recursos para urbanizar uma reserva [...]. Então, seria no mesmo
estilo, revitalizar e urbanizar. Isso não está concretizado ainda porque depende de recursos
então já começamos a ver possibilidade para isso, e se realmente acontecer, vai ser muito bom
pra Sinop.
129
Sinop, por ser um município ainda muito novo e distante dos grandes centros, encontra
disparidades nos aspectos relacionados à construção sustentável.
(12) Tiago: Então em Sinop não tem muitos, eu sei que tem, por exemplo, eu sei de empresas
que estão fazendo tijolo ecológico, telha ecológica, aqui em Sinop, tive informações né, eu
não vi ainda esse trabalho deles, mas eu sei que tem, tem até uma empresa daqui de Sinop,
dois engenheiros que são responsáveis técnicos por essa empresa de tijolo ecológico. Só que
eu ainda não vi o trabalho deles, não vi as vantagens com relação a custo, com relação à
utilização do material.
O entulho gerado durante uma construção deve ser visto como material de grande
utilidade para a construção civil. O volume de entulho gerado em uma construção pode chegar
até duas vezes o volume de resíduos do sólido urbano.
No município de Sinop, o entulho gerado nas edificações é destinado ao ‗lixão‘, uma
vez que a prefeitura do município não disponibiliza um aterro sanitário.
(13) Tiago: [...] tem o lixão onde leva o lixo das casas e tem o lixão onde leva esses resíduos
da construção, em Si. É os entulhos de toda cidade, quem define isso é a prefeitura né, o único
local que tem pra destinar entulho, resíduo tanto de construção como qualquer outro resíduo
de lixo é o aterro da prefeitura, lixão não tem isso. Não é o local correto né, mas é o único que
a prefeitura disponibiliza, então o único local autorizado pra receber esse tipo de entulho é
130
esse lixão da prefeitura que fica lá indo pro lado da UFMT [Universidade Federal do Mato
Grosso].
Sendo assim, devido a fatores citados anteriormente, Sinop não se encontra neste
estágio. Há muitas dificuldades e a aquisição de recursos torna-se inviável. Até mesmo o
destino dos entulhos gerados nas construções da cidade não é o correto. A Prefeitura
disponibiliza um lixão, para onde estes são direcionados. O local apropriado seria um aterro
sanitário, que não causaria danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os
impactos ambientais.
6 RECICLAGEM
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CARDOSO, José Soares. Mato Grosso em foco. Cuiabá: Guia Press, 1989.
CHAHUD, Eduardo. Reciclagem de resíduos para a construção civil. Belo Horizonte: Ed.
FUMEC/FEA, 2007.
CICHELERO, Thiago. Obra realizada pela empresa Parthenon. 2012. 1 fotografia, color,
6,24 cm x 8,6 cm.
COSTA, Juarez. Sinop: número de alvarás cai, mas área aumenta na construção civil.
Disponível em:< http://www.sonoticias.com.br/noticias/2/143442/sinop-numero-de-alvaras-
cai-mas-area-aumenta-na-construcao-civil>. Acesso em 30 abr. 2012.
LANINI, Tamiris Luiza Soares. Fachada do escritório. 2012. 1 fotografia, color, 3,71 cm x
8,39 cm.
SOUZA, Edison Antônio de. Sinop, história, imagens e relatos: um estudo sobre sua
colonização. Cuiabá: Ed. UFMT, 2004.
VEIGA, José Eli da. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: SENAC
São Paulo, 2012.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
Segundo João Carlos de Castro Silva e Francisco Alves Guimarães (2007, p.15), o
homem, em seu processo de evolução, atuou com o objetivo de obter bem-estar, comodidade
e conforto ao seu redor. Nessa busca, o ambiente onde se desenvolviam suas ações foi se
modificando gradativamente. A análise das mudanças levou à criação do que se conhece hoje
como construção civil. Não há como contestar a importância da engenharia civil para o
desenvolvimento econômico e social, no entanto, não se podem ocultar os impactos
135
ambientais gerados pelos resíduos da construção. Portanto, o grande desafio do século XXI
será conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, ou seja, desenvolver uma
atividade produtiva de acordo com o conceito de sustentabilidade.
2 HISTÓRIA DE SINOP
O município de Sinop foi uma iniciativa do Sr. Ênio Pipino, bandeirante paulista, que,
segundo Natalício Pereira Lacerda (2008), foi estimulado pelos programas governamentais
com o intuito de aproveitar oportunidades de investimento na Colonização do Estado do Mato
Grosso. Pipino começou a comprar terras no Estado em 1969, ―A área adquirida pelo
colonizador foi denominada Gleba Celeste e, posteriormente, deu origem aos Municípios de
Vera, Sinop, Santa Carmen, Cláudia e Feliz Natal [...]‖. (LACERDA, 2008, p. 111).
Fundada em 1948 na cidade de Maringá e sob liderança de Ênio, a Sociedade
Imobiliária do Paraná Ltda., cuja sigla deu origem ao nome da cidade de Sinop, foi a
responsável pela fundação de vários municípios no estado do Mato Grosso.
Os fundamentos históricos de Sinop desenvolveram-se em curto espaço de tempo. Foi
iniciado em 1972, como resultado de um longo e cuidadoso projeto de colonização.
Implantado numa área de 645 mil hectares de terras. Nesta época o colonizador Ênio Pipino, a
frente de 400 homens, topógrafos e trabalhadores, atravessaram o Rio Verde e abriram as
primeiras picadas na Floresta. A inauguração oficial de Sinop, deu-se a 14 de setembro de
1974, tendo como Paraninfo o Ministro do Interior - Rangel Reis.
Outros dados sobre a colonização de Sinop estão relatados no trecho abaixo, que foi
escrito pelo historiador Teixeira (2006, p.43):
No início dos anos 1970, a empresa fundada por Ênio Pipino adquire de terceiros,
uma área de 100.064,896 hectares de terra no município de Chapada dos Guimarães,
estado de Mato Grosso, na altura do quilômetro 500 da rodovia Cuiabá-Santarém, na
margem direita do rio Teles Pires. Posteriormente, novas áreas foram adquiridas e
em 1796, somavam cerca de 370000 hectares de terra, vindo abranger, no total,
cerca de 645000 ha. de terra, aos quais se denominou Gleba Celeste.
Sinop é, atualmente, a quarta maior cidade do estado do Mato Grosso, sua população é
estimada em mais de 110 mil habitantes, o que coloca a cidade em 229º lugar no ranking de
municípios mais populosos do Brasil. Possui uma área de 3.194,339 km² e é conhecida como
a ‗capital do nortão‘.
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De acordo com Becker (apud Panosso, 2000), a Gleba Celeste destacou-se por ser um
processo distinto de colonização à base de pequenas propriedades familiares ocupadas por
colonos de alguma experiência e algum capital.
Segundo José Soares Cardoso (1989), Sinop era a mais importante de todas, devido à
sua estratégica localização, justamente às margens da rodovia BR-163, estrada cuja
construção começou depois da presença do grupo de Ênio Pipino na região. ―Os primeiros a
chegar foram os picadeiros, comandados pelo topógrafo Carlos Benedito Spadoni e o gerente
geral da Colonizadora, Ulrich Grabert, que definiram as primeiras clareiras e o projeto
urbanístico da cidade [...]‖. (CARDOSO, 1989, p.266).
Em 1974, ninguém seria capaz de imaginar que, em menos de três décadas depois,
uma população estimada em mais de 100 mil pessoas habitassem naquele local - uma cidade
que atualmente é polo de referência em todo o Norte mato-grossense, no que diz respeito à
saúde, a educação, indústria, comércio, lazer e outras áreas.
(01) Giselle: [...] quando eu vim ‗pra cá‘, eu estava buscando outra alternativa, porque eu me
formei no Paraná e trabalhei lá durante algum tempo, mas o mercado da construção civil já
está saturado na região Sul e Sudeste do Brasil [...], sem emprego fixo, eu fiquei, dois anos
após formada, ‗fazendo bicos‘ e trabalhei até como vendedora.
Conforme dados disponibilizados pela revista eletrônica Bom Dia Mato Grosso
(2012), a construção civil praticamente dobrou nos últimos doze meses, fomentando a
economia local e empregando trabalhadores. Realidade diferente daquela enfrentada em 2005,
ano da chegada de Giselle.
De acordo com o Departamento de Engenharia da prefeitura, atualmente, Sinop tem
8.251 imóveis registrados na prefeitura desde o ano 2000. O total de área construída, hoje, em
138
Sinop é de 1.437.666,355 metros quadrados, isto sem contar as construções irregulares, que
não são registradas.
O melhor ano para a construção civil em Sinop foi 2001, quando foram edificadas
1.410 residências e 291 estabelecimentos comerciais. De 2000 a 2005, o município totalizou
8.036 construções. Em 2012, até 30 de abril, foram construídas 252 edificações. (Revista
eletrônica Bom Dia Mato Grosso, 2012, p. única)
Em 2005, ano da chegada de Giselle em Sinop, a cidade passava por uma crise
econômica e não havia muitas oportunidades de emprego. Os números de março de 2005 do
SPC (Serviço de Proteção ao Crédito–da CDL) mostravam que as consultas em Sinop
aumentaram 23% em relação ao mesmo período de 2004, ―Com a saca do arroz a 13 reais e a
saca de soja a 20, não tem empresário rural que venda sua produção e, em consequência disso,
o dinheiro deixa de circular e o comércio sente esta escassez‖, disse Afonso Teschima Junior,
presidente da CDL Sinop (Câmara de Dirigentes Lojistas).
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(02) Giselle: [...] com uma semana de chegada, fui procurar emprego e consegui na
construtora Gralha Azul, mas foi bem naquela época de crise e todos diziam que a cidade não
ia mais virar em nada. No entanto, na Gralha Azul me disseram: ―Se você quer trabalhar, traz
seu computador e a gente te paga pelos projetos que você fizer‖. Sendo assim, eu aceitei,
porque para mim qualquer coisa ‗tava‘ bom.
(03) Giselle: Eu sempre falo para os meus colegas do Paraná que a perspectiva de
crescimento aqui no Mato Grosso é bem maior do que na região Sul e Sudeste. Lá, você se
estabiliza logo e chega a um patamar e depois não tem mais como crescer, diferente daqui,
onde o processo de crescimento está começando. Em Sinop, tem campo para todo mundo. Nas
140
obras, faltam pedreiros. O mercado aqui ‗tá‘ aquecido. Sinop ainda comporta muitos
profissionais. Mas a presença das Faculdades de Engenharia Civil e Arquitetura aqui no
município farão com que no futuro haja muitos profissionais recém formados, saturando o
mercado.
Após a Conferência de Estocolmo, foi criado o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), que em 1983, criou através da Assembléia Gral das Nações
Unidas, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Em 1987, a
Comissão apresentou o relatório intitulado ―Nosso Futuro Comum‖, também conhecido como
relatório Brundtland. Esse relatório apresentava oficialmente o conceito de Desenvolvimento
Sustentável: é ―aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades‖. (SILVA;
GUIMARÃES, 2007, p.17).
(04) Giselle: Fazer um projeto sustentável é pensar em um projeto, o mais simples possível,
que economize energia, é tentar aproveitar melhor o vento ou a luz solar, por exemplo. Talvez
esses sejam as melhores alternativas para trabalhar o conceito de sustentabilidade em uma
obra no município de Sinop. Eu, particularmente, trabalho na elaboração de projetos que
aproveitem mais o vento para que haja diminuição do uso de ar-condicionado.
da construção civil produzem perdas, sendo que uma parcela destas é aproveitada na própria
obra como aterro, para o aquecimento de marmitas, etc. Em média, 50% dos resíduos são
transformados em rejeitos. (SCHENINI; BAGNATI; CARDOSO, 2004).
(05) Giselle: [...] em termos de resíduos, o pessoal não economiza em nada em Sinop. Por
exemplo, quando vai rebocar uma parede, é difícil tentar reaproveitar o cimento que caiu no
chão, não dá pra jogar na parede de novo. Outro material bastante desperdiçado é a madeira
usada em caixaria, que normalmente, depois de utilizada, vai ‗pro‘ lixo, vai ser queimada. [...]
e há muito desperdício de água também.
A seguir apresentaremos algumas imagens que retratam os resíduos em uma
construção, cujo projeto pertence a arquiteta entrevistada.
Os dados sobre perdas de materiais disponíveis indicam que elas são bastante
elevadas, existindo uma grande variabilidade nos indicadores de perdas de diferentes obras.
Considerando que uma grande parcela das perdas é previsível e poderia ser evitada através de
medidas de prevenção relativamente simples. É importante que o setor se mobilize também no
sentido de reduzir as perdas existentes, através da introdução de novos métodos e filosofias de
gestão.
Segundo o NORIE, o conceito de perdas na construção civil deve ser entendido como
qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital
em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da edificação.
Relacionando as perdas causadas pela desqualificação dos profissionais que trabalham
nos canteiros de obra, a arquiteta comentou sobre a problemática gerada pela falta de mão-de-
obra especializada.
(06) Giselle: Hoje em Sinop, um dos maiores problemas é a falta de mão-de-obra qualificada,
porque funciona assim: o cara começa trabalhando como servente, logo muda para função de
pedreiro e como têm muitas obras e falta mão-de-obra, esses ‗pedreiros‘ sem experiência
passam a tocar a obra, mas eles não sabem administrar e organizar da maneira correta e ainda
cobram um valor igual a construtores que estão aí há mais de 20 anos no ramo. Falta mão-de-
obra, e hoje, compensa pagar trabalhadores terceirizados como, por exemplo, contratar um
azulejista para colocar azulejos e porcelanato na obra. Empreitar um grupo só para rebocar ou
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só para colocar telhas, compensa, e isso é um dado real, porque contratar aquele pedreiro que
‗diz que faz tudo‘ e cobra mais barato, no final, o ‗barato sai caro‘, porque sempre há
necessidade de retrabalho. Já presenciei um caso em que houve 30% de desperdício em uma
obra por causa de o pedreiro fazer algo errado e ter que refazer o serviço. Cria-se então uma
‗cadeia‘ de problemas, tudo isso, por falta de mão-de-obra qualificada.
A porcentagem de perda por esse tipo de problema é enorme, por isso é necessário o
desenvolvimento de projetos que visem à qualificação daqueles que trabalham nas obras, para
que eles saibam operar da melhor maneira, gerando menos prejuízos econômicos e
ambientais.
A classificação dos Resíduos da Construção Civil foi objeto de análise por parte de
comissão do CONAMA e dela nasceu a Resolução 203/2002 (Quadro 1), amparada na lei
6.938/81 – Lei do Meio Ambiente que, em atendimento à necessidade de implantação de
diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados por esses resíduos, um dos
responsáveis pela degradação da qualidade ambiental quando dispostos em locais
inadequados, além de representarem um significativo percentual dos Resíduos Sólidos
produzidos nas áreas urbanas. (SILVA; GUIMARÃES, 2007, p.27).
Classe B São os Resíduos Recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, metais,
vidros, madeiras e outros.
Classe C São os Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem, tais como os produtos oriundos do
gesso.
Classe D São os Resíduos Perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes,
óleos, produtos químicos, amianto e outros.
Fonte: CONAMA, 2002.
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De acordo com Pólita Gonçalves em sua obra A Reciclagem Integradora dos Aspectos
Ambientais, Sociais e Econômicos (2003, p.3):
(07) Giselle: O que mais se perde em uma construção é a madeira. Acredito que deveria haver
uma maneira de reaproveitar esse material na própria construção, pois é um recurso de difícil
reciclagem e que está ficando cada dia mais caro. Hoje, até tem gente que compra madeira de
demolição, mas não madeira de caixaria, [...]. A alternativa que nós estamos trabalhando é o
uso de chapas metálicas no lugar do uso de madeira para escora. A vantagem é que você aluga
esses metais e não precisa comprar isso porque essas estruturas podem ser usadas novamente.
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Quadro 2 – Redução do impacto ambiental (em %) através da reciclagem de resíduos na produção de alguns
materiais de construção civil (a partir de KANAYAMA, 11997).
Consumo de água 40 50 -
(08) Giselle: Aqui em Sinop, existem apenas algumas empresas que compram madeira de
demolição, pois elas aproveitam algumas vigas e vendem um pouco mais barato. Há, também,
alguns artesãos que usam essa madeira para fazer artesanato, ‗pra‘ fazer bancos. Mas, no
geral, o que sobra vai ‗pro‘ lixão, para um aterro sanitário utilizado só para receber entulho de
obra.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALVES, Alexandre. Construção civil aumenta 50% em um ano na maior cidade do nortão.
OLHAR DIRETO, Sinop, 05 jan. 2011. Notícias / Cidades. Disponível em: <
http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Construcao_civil_aumenta_50_em
_um_ano_na_maior_cidade_do_nortao&id=150986 >. Acesso: 22 maio 2012.
CHILÓ, José Ricardo. Ariany (aluna entrevistadora), Giselle Geraldi (Arquiteta) e Carla
(aluna entrevistadora). 2012. 1 fotografia, color, 7,42 cm x 9,9 cm.
GERALDI, Giselle Cristina. Giselle Cristina Geraldi: depoimento. [16 abr. 2012].
Entrevistadores: Ariany Cardoso Pereira, Carla Regina Neves de Oliveira e José Ricardo
Chiló. Sinop, 2012. Gravação Digital (1 h 34 min 03 seg). Entrevista concedida para o
trabalho acadêmico sobre sustentabilidade na Engenharia Civil.
PINTO, T.P. Resíduos da Construção Civil: nova legislação permite rápido avanço para
normas técnicas e novas soluções. In: Associação Nacional dos Serviços Municipais de
Saneamento Ambiental: a hora da solução. Rio Grande do Sul: ASSEMAE, 2004, p.48.
<http:http://www.geodesia.ufsc.br/geodesiaonline/arquivo/cobrac_2004/092.pdf>. Disponível
em: 24 abr. 2012.