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Apicultura II Prof.: Antonio Abreu da Silveira Neto

Manejo para Produção de Geléia Real

“Substância ou produto natural secretado pelas abelhas jovens, de consistência espessa e


cremosa, de pouco odor, translúcida, com relação ácida, de coloração esbranquiçada ou
amarelo claro, parecendo-se com leite condensado.”

(WIESE, 2005)

“O produto que denominamos de geléia real, apresenta consistência cremosa, com coloração
variando de branco a marfim, com sabor característico, ligeiramente ácido e picante”

(NOGUEIRA COUTO, 2006)

Uso Nível de Colônia

Não é armazenado, tem produção constante. Na colônia é produzida pelas operárias nutrizes
quando:

– Para alimentação das larvas;


– Ocorre a substituição de rainhas;
– Quando se preparam para enxameação;
– Na produção de uma nova rainha.

Existem 2 tipos de geléia real, usadas para alimentação de larvas e da rainha, também é
utilizada na alimentação de zangões, mas em níveis protéicos desconhecidos, a geléia real
utilizada para a comercialização é a da larva de rainha e é depositada em “berços” especiais
chamados de realeiras.

Transformação de Pólen em Geléia Real

Nutrição

As necessidades:

– Energia;
– Proteínas;
– Sais minerais e vitaminas;

Variam de acordo com o sexo e a casta.

As fontes básicas destas substâncias

Néctar

5 a 80% de água, fonte de energia, vitaminas, lipídeos


e pigmentos, somente o ácido ascórbico é
encontrado em quantidades apreciáveis, tem teores
menores que 0,2% de proteína.

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Pólen

É o gameta masculino dos vegetais, 5 a 28% de proteínas, contém também lipídios: 1 a 20%,
mas normalmente não passam de 5%.

Passa a ser a única fonte de proteína natural


disponível para as abelhas, é essencial para o
desenvolvimento dos órgãos, glândulas das
abelhas e maturidade sexual das abelhas.

Tanto pólen como néctar quando ingeridos


vão para a vesícula melífera. O néctar pode
ser diretamente absorvido para a ventrículo
onde vai ser digerido, regurgitado e
processado para dar origem ao mel.

O pólen por sua vez tem uma digestão mais complicada por ter uma superfície mais dura e por
esta superfície não ser digerível.

A digestão começa mecanicamente nas partes bucais.

Ao chegar à vesícula melífera o pólen passa rapidamente


para o proventrículo, onde sofrem novamente choques
mecânicos, estes dois processos não são muito eficientes.
Uma vez no ventrículo o bolo de pólen é envolvido por
enzimas que tem a função de protegê-lo.

Isso ocorre porque o pólen tem afiadas que são muito


abrasivas.

A digestão deste pólen pode demorar de 1 a 3 horas. As


proteínas do pólen vão se tornar líquidos nitrogenados e
serão absorvidas pelos tubos de malpighi.

Dos tubos de malpighi os líquidos nitrogenados são lançados na hemolinfa, uma válvula que
faz o papel de coração irá lançar os líquidos para a cabeça da abelha. Na cabeça os líquidos
nitrogenados são absorvidos pelas glândulas cefálicas (glândulas hipofaringeanas e
mandibulares).

Nas glândulas cefálicas, os líquidos nitrogenados serão transformados em aminoácidos


essenciais. Estes aminoácidos serão secretados em ductos localizados nas laterais da cabeça da
abelha, que tem como fim as mandíbulas. Na mandíbula aos líquidos nitrogenados são
adicionados açúcares, vitaminas e sais minerais.

Secreção das glândulas mandibulares:

– Coloração branca;

Secreção das glândulas Hipofaringeana:

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– Coloração clara ou transparente.

Nas abelhas melíferas,tanto as operárias quantos as rainhas se desenvolvem a partir de ovos


fertilizados (totipotencia). O alimento que as larvas recebem determinará o seu destino, rainha
ou operária.

Glândula Hipofaringeana

A secreção das glândulas hipofaringeanas é translucida, formada principalmente por proteínas,


contém vitamina B, particularmente os ácidos pantotênico e nicotínico.

Glândula Mandibular

A secreção das glândulas mandibulares é branca e contém principalmente o ácido-10-hidroxi-


2-decenóico, este ácido funciona preservando contra a deterioração bacteriana.

Geléia real usada na alimentação de abelhas

A comida da larva contém a relação de 2:9:3, de componentes, branco:claro:amarelo, este


último componente é principalmente pólen. Já a comida da larva de rainha e recebe a relação
de 1:1, branco:amarelo.

Geléia Real Usada na Alimentação Humana

Pode ser consumida:

– Fresca – Coletada em estado natural de dentro das realeiras;


– In natura – Consumida diretamente das realeiras;
– Liofilizada.

Viabilidade Econômica da Geléia Real

A produção média por realeira é de 250mg. O preço médio da geléia real é de R$ 500,00 a R$
600,00. A produtividade média por colônia via depender de vários fatores (alimentação,
população, aceitação, etc.).

Geléia real usada na alimentação humana

Características

Dissolve-se em água, álcool e no mel, altera-


se quando exposta ao sol e à luz forte,
conserva-se a temperaturas de 0 a 4°C.

Contém ainda 21 diferentes tipos de


aminoácidos com destaques para:

– Leucina;
– Lisina;
– Arginina;
– Isoleucina;

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– Valina;
– Felina.
Vários elementos minerais como:

– Enxofre, magnésio, ferro, zinco, cobre, arsênio, lítio, cobalto, níquel, manganês
e cromo;

Vitaminas, principalmente as do complexo B:

– Tiamina (B1);
– Piridoxina (B6;)
– Ácido fólico;
– Riboflavina;
– Ácido fólico;
– E vitamina C em pequenas doses.

Estimular o apetite e a digestibilidade, atua nos processos de oxi-redição, sendo importante no


combate a senilidade, pois ajuda na regeneração dos tecidos, eficaz ao tratamento da anemia,
pois ajuda no metabolismo das hemoglobinas (vitamina B6), previne a arterioesclerose,
diminui os níveis de colesterol, ajuda na manutenção da pressão sanguínea e na recuperação
da memória, pois contém acetil-colina, anti-oxidante, defende do ataque de radicais livres
(vitaminas C e E).

Melhora a absorção e utilização de cálcio e potássio (vitamina D), recupera a função


reprodutora, pois previne a atrofia senil das gônadas ( vitamina E), muito eficaz na diminuição
das taxas de glicose no sangue, pois possui insulinóides, material protéico semelhante a
insulina.

Tem ação bactericida, pois possui ácidos orgânicos que diminuem o pH e inibem a ação de
bactérias, aumenta a função protetora do organismo, devido a gama-globulina, que aumenta o
número de anticorpos;

A geléia real é rica em hormônios esteróides como:

– Estradiol;
– Progesterona;
– Testosterona;

Esse hormônios são importantes tanto para homens como para mulheres para prevenir
disfunções hormonais.

Ajuda nos sintomas da andropausa e menopausa, previne a osteoporose, ajuda no


crescimento de crianças, tonificante físico e mental, serve ainda para tratamento de pele para
fins cosméticos.

Métodos de Produção de Geléia Real

Existem três maneiras para se obter geléia real:

– Das realeiras encontradas durante as revisões;

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– Orfanando uma colméia (puxada natural);


– Por métodos industriais (transferência de larvas).

Aproveitamento das Realeiras Encontradas na Revisão

Serve para produção de pequenas quantidades de geléia real, geralmente para uso da família
do próprio apicultor. É coletado geralmente no período de abundância de alimentos, no
momento das revisões pelo apicultor.

É colhida com uma espátula ou colher de chá, deve ser armazenada imediatamente em vidro
de cor âmbar, em seguida deve ser acondicionada na geladeira.

Puxada Natural

É feita para produção em pequena escala, a produção de realeiras é induzida simplesmente


orfanando as colméias por dois a três dias. Esse método não é economicamente viável, pois se
for utilizado por um período prolongado a colméia ficará debilitada.

Produção Comercial

É feita em colméias especiais denominadas de recrias. Esta colméia deve reunir as


características de uma colônia pronta para enxamear (se reproduzir), seu manejo chama-se
reforma, e é feita toda semana.

Enxameação e seus Fatores

Tamanho da Colônia

Congestionamento do Ninho com Crias

Distribuição da Idade das Operárias

Transmissão Reduzida das “Substâncias da Rainha”

Abundância de Recursos

Colméias Recrias

Este método envolve muito conhecimento da biologia da abelha, desta forma este método fica
restrito a poucos produtores e a instituições de pesquisa. Outro fator limitante é a questão
econômica.

Para manter uma recria produzindo bem temos que ter pelo menos quarto colméias apoio,
pois a colméia recria tem que estar sempre com uma alta população, além é claro dos gasto
com alimentação artificial.

São necessárias pelo menos duas fontes de alimentação:

– Energética;
– Protéica;

Sendo aconselhado ainda fontes de vitaminas e minerais, que vão onerar a produção.

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Montagem da Recria

Reforma da Recria

O manejo de reformas de recria é necessário, pois há a necessidade de se manter sempre uma


alta população de abelhas, desta forma as rainhas não conseguem sozinhas, necessitando a
doação de quadros (reforma), deve ser feita semanalmente.

As colméias que doaram estes quadros são chamadas de colméias apoio, a proporção é de 4
apoio para 1 recria. Neste manejo retira-se os quadros de reserva (mel), que estão no sobre
ninho, são colocados quadros com pupa doados pelas colméias apoio em seu lugar.

Os quadros com mel devem ser colhidos e devolvidos para as colméias apoio, para que suas
rainhas possam fazer postura. Para o sobre ninho devem ser levados ainda os quadros com
postura e com larvas feitos pela rainha da recria.

Assim como um quadro de pólen que deve ficar logo após os ovos e as larvas, pois as abelhas
nutrizes não se deslocaram muito para se alimentar de pólen, produzirem geléia real e
alimentar as larvas.

Estes quadros vão atrair as nutrizes para alimentar as realeiras que serão transferidas. Para o
ninho devem ser transferidos quadros do sobre ninho que estejam vazios, para que a rainha da
recria faça postura.

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Montagem e Manejo da Recrias

Reforma da Recria

Nesta reforma a recria vai necessitar ainda mais de reformas pois não há rainha. O manejo é o
mesmo, só que como não há rainhas, também devem ser doados quadros com crias abertas,
para atração das nutrizes. Deve-se também tomar cuidado com a puxada de realeiras, que
devem ser eliminadas se observadas.

Retira-se os quadros com mel e transfere-se quadros com pupas e larvas, estas ultimas devem
ficar ao lado do sarrafo com cúpulas. Deve ser doado para próximo ao quadro de larvas um
quadro de pólen. Não é necessário sobre ninho e tela excluidora.

Cúpulas

São realeiras artificiais, onde será produzida a geléia real, podem ser de cera (naturais),
plástico e acrílico (artificiais).

As cúpulas de cera tem a vantagem de ser mais baratas e podem ser reaproveitadas após a
colheita da geléia, porém tem que ser destruídas para a colheita da geléia real e ainda pode
contaminar a geléia com pedaços de larva,cera, etc.

Transferência de Larvas

É feita em um laboratório, com a transferência de uma larva jovem. A larva deve ter no
máximo 48 horas de vida. Deve ser transferida para uma cúpula. Esta cúpula deve ser
introduzida nas recrias com 48 horas de antecedência.

Na cúpula deve ser colocada previamente uma gota de geléia real diluída em água potável
(destilada de preferência). Essa mistura deve estar a uma temperatura de aproximadamente
35°C.

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Não deve ser adicionado açúcar na mistura, pois isso não aumenta a aceitação. A adição de
antibióticos também reduz a aceitação e contamina a geléia real.

Cuidados com as Larvas

O maior cuidado que se deve ter é com o transporte das mesmas, um transporte errado pode
matar as larvas. A principal causa é a desidratação.

A desidratação pode ser evitada com o transporte das larvas em:

– Panos aquecidos e umedecidos;

– Em isopores;

No local da transferência deve-se tomar os mesmos cuidados em relação a desidratação.


Introduzir as realeiras nas recrias de cabeça para baixo.

Colheita de Geléia Real

Após introduzidas as cúpulas devem permanecer por pelo menos 48 horas. Durante as
primeiras 24 a 72 horas após a transferência a deposição de geléia é maior que o consumo da
larva.

As cúpulas deverão ser retiradas das recrias e levadas para uma sala adequada para proceder a
extração. O transporte deve ser feito em caixas de isopor com gelo. Inicia-se com a retirada do
colarinho de cera que se forma sobre a cúpula.

Retira-se a larva com uma pinça esterilizadas. As larvas podem ser utilizadas como alimentação
das colméias, junto com o xarope. Pode ser homogeneizada e reutilizada para transferência.

Culturalmente em alguns lugares do mundo como alimentação humana, na forma


homogeneizada, liofilizada e defumada, podem ser aproveitadas na industria de cosméticos.

Extração

A extração da geléia real pode ser feita manualmente com uma espátula, por sucção manual
ou a vácuo. Após ser aspirada a geléia deve passar por uma malha para que impurezas sejam
retiradas como fragmentos de cera e casulos.

Armazenamento

Para melhor conservação a geléia real deve ser conservada em frascos de cor âmbar. Deve-se
ter o cuidado de deixar entre a tampa e o conteúdo. As tampas devem ser de plástico, pois de
ferro podem se corroer.

Pode ser estocada por até 5 meses a -16°C ao abrigo da luz, a temperatura de 0 a 4°C, a
conservação é de 24 horas, desta forma o transporte deve ser feito a temperaturas de -16 a
-5°C.

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Embalagens transparentes devem ser revestidas com papel alumínio. Para comercialização
liofilizada com no máximo de 3% de umidade, a conservação é 2 anos se mantida a abrigo da
luz, em local seco e a temperatura ambiente.

Transporte

Deve ser feito em caixas de isopor acondicionadas com gelo seco para manter a temperatura,
devidamente vedada com fitas adesivas.

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