Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
____________
MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE
REPARTIÇÃO DE SAÚDE FAMILIAR
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO
VERTICAL DO HIV
RELATÓRIO ANUAL
2005
I. Introdução
Estima-se que 35% das crianças nascidas de mulheres infectadas pelo HIV irão
contraír a infeção se nenhuma intervenção de prevenção fôr feita, durante a gravidez,
o parto e no periodo de aleitamento materno.
A transmissão vertical do HIV da mãe para o seu filho, é a maior fonte de infecção por
HIV em crianças menores de 15 anos. A maior parte destas crianças, se não tiverem
acesso ao tratamento, vão morrer antes dos cinco anos de vida, minando assim,
todos os esforços levados a cabo, durante décadas, para melhorar a sobrevivência
infantil.
A PTV tem como seu maior objectivo, reduzir o risco de transmissão do HIV à
criança, constituíndo assim, uma porta de entrada para uma série de intervenções
tanto na mãe como na criança. O acesso ao tratamento antiretroviral (TARV) pela
mulher grávida HIV+ é uma dessas intervenções pois, ela permite por um lado,
melhorar o estado de saúde da mãe e por outro, reduzir, de uma forma significativa, o
risco de transmissão do virus à criança.
É dentro deste âmbito que, a OMS desenvolveu uma estratégia integrada, de redução
da infecção nas crianças, assente em 4 pilares, nomeadamente:
1. Prevenção primária da infecção
2. Prevenção da gravidez indesejada em mulheres HIV+
3. Prevenção da transmissão do HIV da mãe para o filho
4. Acesso a cuidadados, tratamento e apoio psico-social às mulheres e
suas famílias
Neste momento, a maior parte dos Países, entre os quais Moçambique, está a dar
maior enfoque ao terceiro pilar. Para tal, pesa o facto de esta intervenção ser aquela
que tem acção directa sobre a mulher grávida e sua criança.
Entre nós, embora as actividades da PTV tenham começado em 2002, com o apoio
directo das ONGs, só em 2004 é que o MISAU assumiu a sua implementação como
um programa nacional.
O presente relatório faz o balanço das actividades desenvolvidas pela PTV, de acordo
com o seu plano anual operacional de 2005. Contudo, como o sector ainda não tem
os dados completos das Províncias relativos ao último trimestre de 2005, ele vai se
basear nos dados de Janeiro a Outubro.
2
II. Situação Actual da Implementação da PTV
Como se pode ver, o grau de cumprimento das metas estabelecidas no PEN –SIDA,
das duas variáveis, isto é, expansão das US com PTV e número de utentes servidas,
é diferente. Passamos, de seguida, à discussão de cada um dos resultados.
3
grávidas, uma vez que elas não chegam a este outro serviço, por razões
ligadas ao estigma.
o Implementação da PTV, nas Províncias, dependente do apoio financeiro das
ONGs e não de outros fundos provinciais. Como consequência, o ritmo de
expansão da PTV fica refém dos planos das ONGs (localização geográfica,
número de US que podem apoiar, ect.);
o Não responsabilização das DPSs na realização das metas do PEN-SIDA.
4
II.b) Indicadores de Implementação da PTV
Devido à necessidade de o nível central ter que, de uma forma sistemática, manter os
dados actualizados, neste momento, estamos a receber directamente da DPS, o
resumo mensal dos dados. Assim que o sistema (SIS) estiver preparado para tal, o
programa passará a receber a informação de acordo com as normas nacionais do
fluxo da informação do distrito para o MISAU.
ANO Atendidas Aconse- HIV+ Recebe- Inicia- Parto Recebe- Testadas HIV
na CPN lhadas e ram ram Institu- ram negativo
(1ª CPN) Testadas NVP TARV cional NVP
5
Figura 1. Oferta de Serviços de PTV às Grávidas na CPN – Comparação entre
2004 e 2005
140000
120000
Número de grávidas
41%
100000
80000 2004
60000 29% 2005
40000
20000 14%
0
Gravidas Gravidas Gravidas HIV +
Atendidas na CPN Aconselhadas e
Testadas
* As setas indicam a percentagem de perdas ocorridas entre uma actividade e outra (CPN e
aconselhamento/testagem).
** Devido à inconsistência da informação (colheita irregular) não são apresentados os dados de
mulheres que, tendo sido aconselhadas, recusaram fazer o teste.
• Por falta de espaço na CPN, parte das US fazem o ATV num outro local, seja
uma sala preparada para o efeito, fora da CPN ou num GATV dentro da
mesmas US. A experiência mostra que, mesmo que estes espaços estejam
dentro do mesmo recinto hospitalar, as mulheres grávidas têm relutância
(estigma) em lá irem e, a maior parte delas, perde-se pelo caminho;
6
No gráfico a seguir, está apresentada a oferta de intervenções mais
específicas para a mulher grávida seropositiva.
12000
10000
Num ero de gravidas
40%
8000
2004
6000
48% 2005
4000 52% 46%
2000 3%
0
Gravidas HIV+ Gravidas que Parto Institucional Gravidas que
Receberam ARVs Iniciaram TARV
Parto institucional
Quanto ao parto institucional, embora de uma forma ligeira, nota-se que, em 2005 há
uma melhoria na proporção de grávidas HIV+ que tiveram parto institucional, tendo
passado de 46% em 2004 para 48% em 2005.
O ideal é que as mulheres em PTV contribuíssem para o aumento do parto
institucional no geral. O aconselhamento durante a CPN, as actividades na
comunidade e a remoção de barreiras da 1ª demora são actividades primordiais que
podem permitir que se atinja aquele objectivo.
7
Acesso ao TARV
Estima-se que 20% das mulheres grávidas HIV+ necesessitam de TARV. O TARV na
mulher grávida permite aumentar a sobrevivência da mãe ao mesmo tempo que
reduz, de uma forma significativa, o risco de transmissão vertical do HIV.
Entre nós, e de acordo com os nossos dados, o acesso da mulher grávida ao TARV,
continua muito pequeno. De uma forma cumulativa os dados indicam que em 2005,
só 3% das mulheres grávidas seropostivas é que estão em TARV. Isto indica que, de
uma forma urgente, devemos criar e implementar estragéias que vão permitir
melhorar a ligação entre os serviços da PTV e o HdD, de modo a que mais mulheres
grávidas tenham acesso ao TARV.
Intervenções na criança
É apresentada, na figura 3, a comparação de alguns dados relativos à intervenções
da PTV na criança exposta, razão principal da existência do programa.
2004
2005
2000
77%
93% 97%
63%
0
* As setas indicam a percentagem de perda de crianças que deveriam ter sido testadas em cada ano
Os dados aqui apresentados mostram que, houve em 2005, maior perda de crianças
expostas, que não chegaram às US para fazer o teste de HIV. Algumas das causas
das perdas de crianças incluem:
8
o Longo período de seguimento da criança, 18 meses, altura em que no nosso
contexto é possível fazer o teste de HIV. É um período longo, o que favorece
perda de crianças ao longo do percurso;
o Ausência de actividades a nível comunitário, para a sensibilização dos pais
sobre a importância do seguimento e da testagem da criança;
o Fraca habilidade em aconselhamento para a aderência ao programa –
consultas de seguimento da criança, durante 18 meses;
o Fraca compreensão, pelos pais, sobre a disponibildade de cuidados para a
criança, tanto de tratamento (TARV), como de prevenção (Infecções
oportunístas).
Nível central
Durante o ano em curso, não recebemos nenhum reforço em pessoal. A PTV,
continuou a funcionar com o mesmo pessoal do ano passado, até Setembro deste
ano, altura em que a assessora técnica contratada pela CDC-Atlanta, terminou o
seu contrato.
Por outro lado, com a abertura de US com PTV apoidas pela Universidade de
Columbia nas Províncias de Nampula e de Maputo Cidade, a técnica desta
instituição que nos apoia, teve que reduzir o seu tempo de trabalho no MISAU,
visto ser ela a responsável, na UC, pela assessoria técnica da implementação da
PTV.
Nível Provincial
A Enfermeira-Chefe Provincial de SMI, é a responsável pela implementação da
PTV a nível da Província. Contudo, devido à sobrecarga de trabalho, é apoiada
por uma enfermeira de SMI, pertencente ao SNS, na implementação das
actividades da PTV.
Todas as Províncias têm este ponto focal.
9
Elaboração de Instrumentos de Trabalho
Em 2003, a equipe da PTV iniciou a desenvolver alguns dos instrumentos chave para
a implementação da PTV, tendo continuado com a actividade em 2004 e 2005. Estes
instrumentos, irão permitir a uniformização da implementação das actividades da PTV
no país. A tabela abaixo, mostra o estado actual do desenvolvimento dos
instrumentos orientadores da implementação da PTV.
10
Participação em Reuniões Internacionais
Reuniões de Trabalho
Participação na reuniões semanais, de trabalho, das componentes do PEN-SIDA
Reuniões do Task-Force
As reuniões do Task-Force da PTV devem acontecer de 3 em 3 meses. Contudo,
durante o ano de 2005, a PTV só realizou 1 reunião do Task-Force , no 1º trimestre,
por falta de matéria que justificasse a realização das reuniões seguintes.
11
Tabela 6. Reuniões realizadas pela PTV, em 2005
Nome da Reunião Número de Local de Data de
Dias Realização efectivação
1 1 Reunião do Task Force da 1 Maputo
PTV
2 Reunião Internacional da 3 Maputo Março
PTV
4. Conclusôes e recomendações
12
PERSPECTIVAS DO PROGRAMA PARA 2006
13