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4ª.

Aula Teórica
TAXONOMIA DE FUNGOS
Os taxonomistas têm procurado ordenar as espécies, de acordo com o conhecimento do maior
número de caracteres, dentro de um sistema que permita evidenciar não só as afinidades naturais
e relação de parentesco como também sua ordem filogenética, possibilitando uma rápida e correta
classificação das espécies.
Assim temos, Espécies rigorosamente relacionadas, são agrupadas em Gênero; gêneros
relacionados são agrupados em uma mesma Família; família em Ordem; ordem em Classe;
classe em Filo; filo em Reino.
Os primeiros Reinos incorporados na classificação formal de Linnaeus e outros, foram aqueles
dois considerados distintos:
1) As plantas – organismos fotossintéticos e fixos;
Este Reino compreendia quatro divisões: Tallophyta (bactérias, algas e fungos); Bryophyta;
Pteridophyta e Spermatophyta.
2) Os animais – organismos heterotróficos e móveis.
Os fungos, embora não fotossintetizassem, foram considerados como planta, por serem imóveis e
por possuírem o que se pensava na época serem raízes.
As bactérias sendo móveis, tendo forma fotossintética, consideradas plantas.
Os protozoários por serem heterotróficos e móveis, poderiam ser classificados como animal.
No sistema de dois reinos, havia a dificuldade de enquadramento dos organismos unicelulares,
uma vez que alguns grupos são colocados tanto no reino Plantae pelos Botânicos, como no reino
Animália pelos zoólogos.

A possibilidade de um terceiro reino para os organismos inferiores foi proposta por Haeckel e
outros. Há dois conceitos para o terceiro reino:
a) Protista (Haeckel) – onde são incluídos só organismos unicelulares, isolados ou coloniais. Estes
organismos que como regra, permanecem unicelulares durante toda vida ou raramente formam
colônias frouxas por repetidas clivagens, mas nunca formam tecidos. Exemplo: Esponjas, fungos e
ou algas inferiores.
b) Protoctista (Hoog e Copeland) – pode incluir organismos unicelulares e organismos que não
possuem diferenciação de tecido (multicelulares e multinucleados). Exemplos: Fungos e Algas
superiores.

Copeland, mais tarde, propôs o sistema de quatro reinos, baseando-se no caráter de procariota e
eucariota.

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1) Reino Mychota ou Monera – incluía os procariotas, organismos sem núcleo definido. As
bactérias e cianofíceas.
2) Reino Protoctista – organismos nucleados. Os protozoários, algas vermelhas e pardas e os
fungos.
3) Reino Plantae – eucariontes clorofilados (cloroplastos).
4) Reino Animália – eucariontes multicelulares, que passam durante seu desenvolvimento, pelos
estágios de blástula e gastrula.
Levando em consideração o nível de diferenciação dos tecidos, o sistema de Copeland foi
modificado por outros autores. Em virtude do aumento de conhecimento e lacunas que as
classificações antigas apresentavam Whittaker apresentou em 1969 um sistema de cinco reinos,
levando-se em consideração a condição de unicelular – multicelular – multinucleado, além do modo
de nutrição dos seres vivos.
1) Monera – para os procariotas;
2) Protistas – eucariotas unicelulares;
3) Plantae – eucariotas multicelulares fotossintéticos ( os produtores);
4) Fungi – eucariotas multicelulares redutores;
5) Animalia – eucariotas multicelulares consumidores.
O sistema foi contestado por outros autores com a argumentação de que os organismos
classificados entre os protistas eucariontes unicelulares havia alguns polifiléticos (derivados de
diferentes ancestrais flagelados), sugerindo-se desde a extinção do reino protista, transformando-o
em nível, a criação de outros reinos para acomodar desde os mais simples aos mais complexos
organismos.
Dentro do Reino Fungi também foram elaboradas classificações para acomodar os organismos
que se acreditava serem fungos. Uma classificação bastante utilizada por ser considerada didática
foi a de AINSWORTH (1973):
Reino: FUNGI
Divisão: Myxomycota (organismos que possuíam plasmódio em uma fase da vida). Este
grupo subdivide-se em Classes;
Eumycota (fungos verdadeiros), com cinco subdivisões:
Mastigomycotina (fungos inferiores, aquáticos em sua maioria, terrestres, micélio
contínuo ou cenocítico limitado, esporos (planosporos) denominados zoósporos, com um ou dois
flagelos);
Zygomycotina (fungos inferiores, terrestres, micélio contínuo ou cenocítico bem
desenvolvido, esporos (aplanósporos), sendo os assexuados esporangiosporos e os sexuados
zigosporos);
Ascomycotina (fungos superiores, perfeitos, terrestres, micélio septado bem
desenvolvido, esporos (aplanósporos) sexuados denominados ascósporos);

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Basidiomycotina (fungos superiores, perfeitos, terrestres, micélio septado bem
desenvolvido, esporos (aplanósporos) sexuados denominados basidiosporos);
Deuteromycotina (fungos superiores, imperfeitos, terrestres, micélio septado bem
desenvolvido, esporos (aplanósporos) assexuados denominados conídeos);

Estudos posteriores (análise genética, composição de parede celular, flagelos, etc.) demonstraram
que nem todos os organismos classificados anteriormente como fungos deveriam continuar no
Reino. Os taxonomistas procuraram alternativas e atualmente uma das classificações taxonômicas
empregadas é a aceita por ALEXOPOULOS et al, 1996, que redistribuiu os organismos em:
Reino FUNGI
Filo Chytridiomycota
Filo Zygomycota
Filo Ascomycota
Filo Basidiomycota
Obs.: A subdivisão Deuteromycotina anteriormente aceita, que engloba os fungos imperfeitos ou
mitospóricos hoje só é aceita por alguns autores (Moore-Landecker, 1996) como Filo-forma
Deuteromycota.
Reino STRAMENOPILA
Filo Oomycota
Filo Hyphochytridiomycota
Filo Labyrinthulomycota
Grupo PROTISTA
Filo Plasmodiophoromycota
Filo Dictiosteliomycota
Filo Acrasiomycota
Filo Myxomycota

Descrições das características básicas dos filos pertencentes ao Reino FUNGI.


Filo Chytridiomycota
Caracteres gerais:
1. Micelio contínuo ausente ou pouco desenvolvido (rizomicelio);
2. Parede celular: quitina e ou glicana;
3. Podem ser holocárpicos (endobióticos) ou eucárpicos (epibióticos);
4. São fungos normalmente aquáticos;
5. Estrutura de reprodução: zoosporângio que pode ser operculado ou não, mono ou
policêntrico;
6. Esporo flagelado (móvel) denominado zoósporo com um flagelo posterior do tipo chicote;
7. São decompositores de matéria orgânica.

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Exemplos de gêneros: Catenaria, Gonapodya, Cladochytrium, Nowakowskiella, Karlingia, etc.

Filo Zygomycota
Caracteres gerais:
1. São quase estritamente terrestres, geralmente no solo, matéria orgânica em
decomposição, ar, esterco, parasitando outros fungos, etc.;
2. Micelio contínuo ou cenocítico bem desenvolvido, de crescimento invasivo e rápido;
3. Ausência de células flageladas (aplanósporos) ou melhor os esporos são imóveis;
4. São eucárpicos, onde apenas parte do micelio se transforma em estruturas reprodutivas;
5. Estrutura de reprodução assexuada: esporângios típicos (formados de perídio, columela e
esporangiosporos), merosporângios e esporangíolos;
6. Esporos de origem assexuada, denominados esporangiosporos e os de origem sexuada
zigosporo;
7. Parede celular formada de quitina, quitosano;
8. Algumas espécies podem ser patogênicas ao homem, produzindo Zigomicoses.
Exemplos de gêneros: Rhizopus, Absidia, Mucor, Syncephalastrum, etc. pertencentes a classe
Zygomycetes.
Filo-forma Deuteromycota
Neste grupo estão enquadrados os fungos com micelio septado bem desenvolvido,hialino ou
pigmentado, que se reproduzem apenas assexuadamente por isto podem ser denominados de
imperfeitos ou mitospóricos.
Caracteres gerais:
1. Maioria dos fungos deste grupo artificial é terrestre, podendo ser encontrados no solo,
vegetais vivos e mortos, homem e animais, fazendo parte da cadeia ecológica na ciclagem
de nutrientes;
2. Micelio septado bem desenvolvido, sendo que em algumas famílias podem ser hialinos e
em outras pigmentado (coloração amarronzada), porém há um grupo, das Leveduras
(classe Blastomycetes), que normalmente não forma micelio verdadeiro e sim
pseudomicelio;
3. Ausência de células flageladas, sendo os esporos imóveis (aplanósporos);
4. São eucárpicos na sua grande maioria;
5. Estrutura de reprodução assexuada denominada de conidióforos, que podem ser simples
(como em Aspergillus ou Penicillium) ou complexos (esporodóquio formado pelo gênero
Fusarium, além de picnídio, acérvulo e sinêmio);
6. Só apresenta esporos de origem assexuada, denominados de conídios, sendo estes de
forma, tamanho, coloração e septação variada. Os conídios pequenos são denominados
de microconídios (sem septos ou com até um septo) e os grandes de macroconídios (além

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de dois septos, que podem ser dependendo da espécie transversais e também
horizontais);
7. Parede celular: quitina, celulose, glicana, manana.
8. A maioria das espécies patogênicas ao homem está dentro deste grupo, causando
micoses tanto micoses superficiais como profundas, dependendo das circunstâncias (fator
predisponente, localização da micose no organismo). Exemplos de agentes de micoses:
(espécies pertencentes aos gêneros) Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Candida,
Trichosporon, Cryptoccocus, Histoplama, etc.
9. Alem da importância médica (micose e micotoxicose), alguns representantes deste filo
podem ser utilizados para fins benéficos como produção de antibióticos (penicilina por
Penicillium notatum), panificação e indústria de bebidas fermentadas como vinho e cerveja
(Saccharomyces cerevisiae).
Filo Ascomycota
Caracteres gerais:
1. São considerados fungos superiores, devido complexidade de suas estruturas
reprodutivas e tipos de reprodução sexuada;
2. São terrestres, geralmente encontrados no solo, matéria orgânica em decomposição,
plantas vivas, etc.
3. Micelio septado bem desenvolvido, formando em alguns grupos pseudotecido
(ascocarpo);
4. Possuem estruturas complexas de reprodução sexuada, denominadas de ascocarpos, que
por sua origem, formato e complexidade dividem-se em: cleistotécio, ascostroma, peritécio
e apotécio.
5. Esporos imóveis (aplanósporos), de origem sexuada, denominados ascósporos,
formados dentro de pequenos sacos (ascos) de tamanho e formato variado; dentro dos
ascos podem conter entre 4 a 32 ascosporos ou mais;
6. Parede celular: mais freqüente é a quitina, porem pode ser encontrado também celulose,
glicana, manana;
7. Possuem himênio, que é considerado um camada (coxim) de hifas férteis, onde são
formados os ascósporos;
8. Importância econômica mais voltada para doenças em plantas e por alguns serem
comestíveis (trufas). Causando algum tipo de lesão no homem está Piedraia hortai, que
causa piedra negra ou quirana (nódulo no pelo - ascostroma).
Filo Basidiomycota
Caracteres gerais:
1. São terrestres, encontrados geralmente no solo, matéria orgânica em decomposição e em
vegetais vivos, sendo muitos macroscópicos (cogumelos e orelhas de pau);

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2. Considerados fungos superiores, devido complexidade de suas estruturas reprodutivas e
tipos de reprodução sexuada;
3. Micélio septado (septo pode ser simples ou complexo do tipo doliporo) bem desenvolvido,
com hifas de três tipos (generativa, conjuntiva e esquelétea), formando pseudotecido
(basidiocarpo);
4. Parede celular: pode apresentar quitina ou outros;
5. Possuem himênio, localizado em lamelas ou poros dos basidiocarpos;
6. Basidiocarpo de tamanho, formato, consistência variada;
7. Esporos imóveis (aplanósporos) de origem sexuada os basidiosporos, normalmente em
número de 04, formados em estruturas com formato de clava denominadas de basídias;
8. Importância econômica: causam bastante doenças em vegetais (ferrugens e carvões),
podem ser comestíveis (cogumelos)

Reino Stramenopila
Este reino é composto de organismos que anteriormente estavam enquadrados dentro do
reino Fungi, na subdivisão Mastigomycotina.
Os organismos são em maioria aquáticos, porem algumas espécies podem ser terrestres.
Os que vivem em meio aquático são decompositores de matéria orgânica (sapróbios),porem
alguns são parasitas de peixes (Saprolegnia), algas e animais (cavalos), até mesmo do ser
humano (Pythium insidiosus). Alguns representantes são terrestres, e quase sempre patógenos de
plantas de interesse econômico (Pythium).
Micelio contínuo bem desenvolvido, com parede celular composta de celulose e glicana,
com ausência de quitina.
Reprodução assexuada produzindo zoosporângios, estruturas que produzem esporos
assexuais móveis denominados zoósporos, que podem apresentar um flagelo do tipo penado
(ornamentado) ou dois, um liso e outro penado.
Reprodução sexuada formando estruturas reprodutivas denominadas oogônio, que produz
esporos sexuados denominados oósporos.

Grupo Protista
Os organismos hoje enquadrados neste grupo pertenciam na antiga taxonomia ao reino
Fungi, divisão Myxomycota.
A característica mais importante que os distingue dos fungos verdadeiros é que em uma
parte do ciclo de vida, estes organismos produzem plasmódios sem parede celular ou mixamebas
de vida livre, que se alimentam por fagocitose.

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