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Hebreus 11:30 - O mundo não era digno

deles
Marcone Bezerra Carvalho

Uma publicação de
Morávios publicações

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moravios
moravios.user@gmail.com Edição e diagramação: moravios publicações
Índice 
Introdução, 5 
David Brainerd, 9 
William Carey, 12 
Adoniran Judson, 15 
David Livingstone, 18 
John Paton, 21 
Hudson Taylor, 24 
Mary Slessor, 27 
Robert Kalley, 30 
Ashbel Green Simonton, 31 
José Manoel da Conceição, 36 
Jim Elliot, 39 
Sophie Muller, 43  
Cooperadores de Deus na Obra Missionária, 46 

 
 
Introdução  

A ​
edição deste e-book requer alguns esclarecimentos e
comentários.
O primeiro deles tem a ver com a origem dos textos. A maioria
dessas mini-biografias apareceu pela primeira vez no boletim da
1ª Igreja Presbiteriana de Itapecerica da Serra, SP, comunidade
onde servi como pastor. Posteriormente, quando criei uma
página virtual, voltei a publicá-las, dessa vez ilustrando cada
texto com a foto do personagem correspondente. Foi dessa
maneira, na internet, que o irmão André Filipe Aefe Noronha,
idealizador e administrador do site ​ morávios.net​ , tomou
conhecimento delas. André propôs, e eu aceitei, a publicação do
material no seu site, o que culminou na série “biografia
missionária das terças”. Mais recentemente, ele me convenceu a
reuni-las em um só lugar para que mais gente pudesse ter acesso
ao conteúdo. Assim surgiu este e-book.
A maioria das informações aqui contidas foi extraída da internet.
Por conta disso, procurei ter o cuidado de não incluir fatos que
aparecem somente em um site ou fonte. Registro isso porque
existe uma tendência de se exagerar os feitos dos missionários
(as) ou de ​ h eroizá-los (as). Outra coisa a ser dita é que
encontramos bastante material sobre a vida dos considerados
grandes personagens; por outro lado, e com frequência, temos
pouca ou nenhuma informação acerca dos não famosos
missionários. Estou convencido da necessidade de reeducarmos
nosso olhar, a fim de que nos lembremos de Paulo, mas também
valorizemos Barnabé, ou Áquila e Priscila, sem deixarmos de
atentar para a importância de cooperadores como Onesíforo (cf.
2 Tm 1.15-17).
A abordagem escolhida para apresentar as mini-biografias foi
descritiva, em vez de analítica ou interpretativa. Em um volume
dessa natureza seria inviável optar por outro caminho. Contudo,
aqui cabe uma observação. Por mais que valorizemos o esforço
e ministérios desses homens e mulheres de Deus, eles, como
nós hoje, eram filhos da sua época. Isso significa dizer que, por
vezes, erraram ou foram silentes quanto a temas que a igreja de
sua época não percebeu ou, eventualmente, não condenou. Para
sermos justos, em alguns casos, eles acertaram quando grande
parte dos cristãos errou. Portanto, creio ser necessário cultivar
esse cuidado na hora de apreciar o trabalho deles: eles (as)
serviram a Deus em seu tempo e em contextos muito diferentes
do nosso.
O leitor mais atento notará que na nossa lista constam (apenas)
duas mulheres e dez homens. Isso se deve por várias razões.
Uma delas, segundo nos parece, é que as mulheres foram
encobertas ou ofuscadas pelo ministério de seus maridos, isto é,
como estiveram por trás ou ao lado deles, nem sempre foram
reconhecidas por aqueles que narraram a vida de seus
companheiros. Em outras palavras: por vezes foram
indevidamente postas à margem da história. Outra razão é que
por muito tempo, na história das missões, a ideia de uma mulher
solteira no campo transcultural não foi bem aceita. De qualquer
maneira, a presença de Mary Slessor e Sophie Muller neste
volume nos alerta que, como elas, muitas outras serviram a Deus
e bem poderiam ter sido biografadas.
Quanto ao título, ​
Hebreus 11:38 – O mundo não era digno
deles​
, julgamos oportuno por expressar o que caracterizou a
vida desses homens e mulheres: renúncia ao mundo, por amor a
Deus e à sua Palavra. Que a leitura desse opúsculo nos inspire a
amar mais ao Senhor. Que o mundo não seja digno de nós.

Santiago, Chile, 22 de agosto de 2015.


Rev. Marcone Bezerra Carvalho
Pastor da Iglesia Presbiteriana de Chile
“Eis me aqui, Senhor, envia-me até os confins da 
terra, longe de tudo o que se chama conforto; 
envia-me mesmo para a morte se for no teu 
serviço e para promover o teu reino”
DAVID BRAINERD [1718–1747] 
Missionário entre os índios pele-vermelhas

M​
issionário americano entre os nativos do seu país. Era
calvinista e pertencia à Igreja Congregacional. Foi
contemporâneo do avivalista Jonathan Edwards, tendo sido
noivo de sua filha. Enfrentou muitas dificuldades: aos 10 anos,
perdeu seu pai; aos 15, a mãe; ainda jovem, contraiu
tuberculose, doença que o castigaria no transcurso dos anos.
Por certo, as lutas contra a depressão se relacionam a essas
duras experiências. Todavia, sua curta vida não impediu que sua
influência fosse perpetuada ao longo das gerações. O ​Diário de
Brainerd tem sido uma fonte de inspiração para muitas gerações
e influenciou, dentre outros, Henry Martin, William Carey, John
Wesley e Adoniram Judson. Convertido em 1739, pouco antes
de ingressar na Universidade de Yale, quando completou 23
anos prometeu “ser totalmente do Senhor, para ser sempre
dedicado ao seu serviço”. Em 1742, ao comentar com seus
colegas que certo “professor era mais sem graça do que uma
cadeira” – comentário que chegou à direção de Yale -, foi
expulso da instituição. Apesar do pedido de perdão e de uma
confissão escrita, a decisão foi mantida. Este episódio o feriu
profundamente. Por isso, passou a dedicar mais tempo à oração
e ao jejum. Nesse processo de amadurecimento, foi ordenado
em 1744, despediu-se da família e, enviado por uma agência
missionária escocesa, foi viver entre os índios pele-vermelhas.
Freqüentemente tinha sérias crises de saúde, pioradas pelos
invernos rigorosos. Viajava por imensas distâncias a pé ou a
cavalo. Além das pregações, dava aulas de inglês para os
aborígenes. Seu ministério, apesar de curto, foi abençoado:
centenas de índios foram convertidos. Faleceu, de tuberculose,
em 1747. Jonathan Edwards, que pregou no seu funeral,
publicou o livro “​ A Vida e o Diário de David Brainerd​ ”.
Tempos depois, em Yale, devido ao seu exemplo ministerial, o
nome de Brainerd foi dado a um prédio – o único da
universidade em homenagem a um aluno que foi expulso dela.
“Onde a paixão por Deus é fraca, 
o zelo por missões será fraco” 
WILLIAM CAREY [1761–1834] 
O sapateiro que se tornou o pai das missões modernas

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asceu na Inglaterra, no seio de uma família pobre. Estudou
várias línguas, geografia, história, Bíblia, biografias missionárias
e as aventuras do Capitão Cook. Convertido na adolescência,
pertencia a um grupo de batistas. Dedicava-se ao estudo nas
horas de folga. Pastoreava uma igreja pequena e, para se
sustentar, fazia sapatos. Em 1792, publicou o livro “​ Uma
inquirição sobre a responsabilidade dos cristãos em usarem
meios para a conversão dos pagãos​ ”, obra de referência na
literatura missionária. Demonstrava grande preocupação
missionária e queria se envolver diretamente na evangelização
dos pagãos. Numa pregação, falou: “Espere grandes coisas de
Deus; tente grandes coisas para Deus”. Após organizar a
Sociedade Missionária Batista, Carey rumou para a Índia (1793).
A estratégia empregada por ele se baseava nos seguintes
princípios: a) conversão individual; b) formação de uma igreja
nacional autônoma; c) uso de leigos bem preparados no estudo
da Bíblia; d) preparo de pastores nacionais; e) tradução da
Bíblia e de literatura cristã; f) participação ativa na sociedade,
influenciando a legislação e o ensino. Carey teve sucesso, mas
também enfrentou grandes dificuldades, começando em seu
próprio lar. Sua esposa não se adaptou à vida longe da pátria. O
relacionamento com a Sociedade Missionária nem sempre foi
harmonioso e os problemas econômicos eram constantes.
Depois de muitos anos de trabalho, pôde colher os resultados
evangelísticos, fundar uma igreja e traduzir a Bíblia para várias
línguas e dialetos. Sofreu, então, um grande abalo, quando um
incêndio destruiu as traduções que tinha feito e todo o material
tipográfico. Começou tudo de novo. Posteriormente agradeceu
a Deus porque sentiu que, na segunda vez, seu trabalho ficou
melhor. Traduziu a Bíblia para 35 línguas e dialetos e outros
livros para a cultura indiana. Influenciou o governo indiano para
a proibição do “sati”, a queima das viúvas junto com o cadáver
do marido. Estabeleceu uma sociedade agrícola para melhorar a
nutrição. Lutou contra o sistema de castas. Estudou e se tornou
mestre dos escritos clássicos em sânscrito. Carey entendia que a
obra missionária incluía a transformação dos paradigmas de uma
nação e, para que isso ocorresse, era preciso conhecer
profundamente a cultura local. Seu ministério na Índia é um
marco na história das missões protestantes.
Muitos crentes consagrados jamais atingirão os 
campos missionários com os seus próprios pés, 
mas poderão alcançá-los com os seus joelhos
ADONIRAM JUDSON [1788–1850] 
Missionário na Birmânia

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issionário americano que atuou na Birmânia, atual Myanmar,
por quase 40 anos. Ajudou na padronização da língua birmanesa
e compilou o primeiro dicionário birmanês-inglês. Era filho de
um pastor congregacional, mas foi ateu por um certo período de
sua vida. Após estudar na atual Universidade Brown, ingressou
no Seminário Teológico de Andover e, em 1812, foi designado
missionário pela Igreja Congregacional.
Casou-se com Ann Hasseltine no dia 5 de fevereiro daquele ano.
Quatorze dias depois, os recém-casados seguiram viagem para a
Índia. Seu filho faleceu ainda no ventre. Após estadia em
Calcutá, decidiu ingressar na Igreja Batista. Adoniram Judson
chegou à Birmânia em 1813. As leis birmanesas proibiam a
conversão, mas mesmo assim Judson batizou seu primeiro
convertido. Durante a guerra entre a Inglaterra e a Birmânia,
Judson ficou aprisionado por 21 meses. Sua esposa faleceu
durante este tempo e, posteriormente, sua filha também. Após
isso, casou-se com Sarah Hall Boardman, viúva de outro
missionário (George Boardman). Após seu falecimento, casou
pela terceira vez com a escritora Emily Chubbuck, a quem pediu
para escrever uma biografia de sua segunda esposa. Para
evangelizar, Adoniram Judson ficava em um pagode (uma
cabana típica para culto religioso). Era um trabalho lento, que
exigia grande persistência. Como dizia Judson: “Conquistar um
convertido, nestas regiões, é como tirar um dente canino de um
tigre vivo”. A igreja pastoreada por Judson chegou a ter 18
membros, porém, na época de sua morte restavam apenas 4.
Com o tempo, o número de birmaneses alcançados direta ou
indiretamente com a sua pregação foi crescendo e hoje Myanmar
tem uma população razoável de cristãos. Adoniram Judson
faleceu em 12 de abril de 1850, durante uma viagem pela Baía de
Bengala (Oceano Índico) e foi lançado ao mar. Na Universidade
de Yangon, em Myanmar, há uma capela chamada de Judson
Church (Igreja de Judson) em sua homenagem.
Deus, envia-me para qualquer lugar, desde que 
vás comigo. Coloca qualquer carga sobre mim, 
desde que me carregues e desates todos os laços 
do meu coração, menos o laço que prende o meu 
coração ao teu
DAVID LIVINGSTONE [1813–1873] 
Missionário que descobriu o interior da África

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issionário escocês. De família pobre, começou a trabalhar
bem cedo. Aos 10 anos já trabalhava na fábrica de algodão e
estudava à noite. Em 1834, ouvindo os apelos da Igreja
Presbiteriana, que queria mandar missionários para a China,
decide preparar-se para assumir a função. Dois anos depois,
começa a estudar grego, teologia e medicina em Glasgow. É
aceito na Sociedade Missionária de Londres em 1838, mas a
China está sacudida pela Guerra do Ópio, o que o impede de
viajar. Os planos mudam e Livingstone é convencido a trabalhar
na África. Casa-se com Mary Moffat (1820-1862). Em 1841,
desembarca na África do Sul. Livingstone não foi o primeiro,
mas com certeza foi o maior explorador da África. Quando
embarcou pela 1ª vez para o continente negro pretendia atuar
principalmente como missionário. Logo constatou que as
missões em território pouco povoado não seriam promissoras,
se não viajasse muito e visitasse os nativos. Ao todo percorreu
48 mil quilômetros em terras africanas. Numa aventura de mais
de 15 anos, atravessou duas vezes o deserto de Kalahari
(localizado entre Botswana, Namíbia e África do Sul), navegou
o rio Zambeze de Angola até Moçambique, procurou as fontes
do Nilo a serviço da Sociedade Geográfica Royal, descobriu as
Cataratas Vitória e foi o primeiro europeu a atravessar o lago
Tanganica (que corta 4 países). Cruzou Uganda, Tanzânia e
Quênia. Andava a pé, em carros de boi e em canoas. Nas
aldeias, tratava dos doentes, conquistando assim a amizade dos
nativos. Suas descobertas foram sendo incorporadas ao
domínio inglês. Quando voltou à Inglaterra em 1856, foi
recebido como herói nacional; publicou “Viagens missionárias e
pesquisas na África do Sul”. Retorna à África dois anos depois.
O objetivo era levar o livre comércio, o cristianismo e a
civilização para o interior da África. Com a saúde debilitada por
doenças tropicais, morreu, durante suas orações, na Zâmbia.
Mas, antes do corpo ser embalsamado e enviado para Abadia de
Westminster (Londres), os africanos tiraram seu coração e o
enterraram debaixo de uma árvore.
Logo serei colocado em uma sepultura para ser 
comido pelos vermes; se eu puder morrer 
servindo o Senhor Jesus, não fará diferença para 
mim se vou ser comido por canibais ou por 
vermes; e, no Grande Dia, meu corpo ressurreto 
se levantará sadio, à semelhança do nosso 
redentor que ressuscitou 
JOHN PATON [1824–1907] 
Missionário nas Ilhas do Pacífico Sul

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s cocês. Missionário presbiteriano nas Ilhas que formam o
país chamado Vanuatu. Paton foi grandemente influenciado pela
piedade de seu pai. Estudou teologia e medicina na Universidade
de Glasgow. Era apaixonado pela pregação do Evangelho. Por
10 anos (1847-1857) serviu como missionário nos subúrbios de
Glasgow. Foi ordenado ao ministério em 1858, casou-se com
Mary Ann Robson e, no mesmo mês, partiram para as Ilhas.
Estabeleceram-se em Tanna, ilha habitada por nativos canibais.
Em 1859, sua esposa faleceu ao dar à luz e, no mês seguinte,
faleceu a criança. Apesar do luto devastador e dos perigos, John
Paton continuou firmemente seu trabalho. Durante um ataque
dos nativos, em 1862, foi resgatado por um navio que chegou a
tempo de levá-lo para outra ilha, Aneityum. De lá partiu para
Austrália, Nova Zelândia e Escócia, a fim de incentivar a obra
missionária nas Ilhas do Pacífico Sul e angariar dinheiro para
construção de um navio a vapor que ajudasse na evangelização
das Ilhas. Na Escócia, além de se tornar moderador do Sínodo
da Igreja Presbiteriana e conseguir 7 novos missionários para as
Ilhas, casou-se com Maggie Whitecross. Em 1866, o novo casal
desembarcou na Ilha Aniwa – a mais próxima de Tanna. Lá,
Paton e Maggie viveram numa cabana enquanto construíam sua
casa. Conseguiram também construir outras duas para crianças
órfãs. Posteriormente, um templo e outras edificações foram
erguidas. Em Aniwa, 6 dos 10 filhos nasceram, mas 4 morreram
ainda pequenos. Seu 3º filho do matrimônio com Maggie,
Francis Paton, tornou-se missionário nas mesmas Ilhas
(1896-1902). As conversões foram acontecendo e a primeira
ceia ocorreu em 1869. John aprendeu a língua e a grafou.
Maggie alfabetizava e evangelizava mulheres e meninas, vindo
também a capacitá-las para que se tornassem especialistas em
costura e confecção de chapéus. Apesar das privações,
ameaças e perigos decorrentes do contato com os nativos, o
casal continuou seu trabalho e, depois de anos de perseverante
ministério, viu todos os habitantes da ilha seguindo a religião
cristã. Em 1899, o Novo Testamento foi impresso na língua
local. Nessa mesma época, havia missionários atuando em 25
das trinta Ilhas do Pacífico Sul. Ao longo dos anos, Paton
visitou e cultivou fortes vínculos com cristãos da Grã-Bretanha,
Nova Zelândia, EUA, Canadá e Austrália – vindo a ser
moderador da Igreja Presbiteriana nesse último país. Sua esposa
Maggie morreu em 1905 e John em 1907. Ambos estão
enterrados em Vitória, Austrália. No Seminário Presbiteriano de
Vitória, a classe de teologia é conhecida como classe John
Paton.
A grande comissão não é uma opção a ser 
considerada, mas uma ordem para ser obedecida
HUDSON TAYLOR [1832–1905] 
Missionário criador da ​
Missão para o Interior da China

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issionário inglês que, com 21 anos, desembarcou na China.
Na época, todos os missionários se alojavam nas colônias
inglesas, nas cidades portuárias. Taylor sentiu que os
missionários precisavam alcançar o interior e, assim, em 1865,
fundou a ​ Missão para o Interior da China (CIM, hoje OMF
International). Taylor viveu na China por 51 anos. A organização
que ele iniciou foi responsável pelo envio de mais de 800
missionários, o que resultou na abertura de 125 escolas e na
conversão de centenas de pessoas, assim como no
estabelecimento de mais de 300 estações de trabalho com mais
de 500 colaboradores locais em todas as dezoito províncias.
Taylor era conhecido por sua sensibilidade à cultura chinesa e
por seu zelo na evangelização. Um exemplo disso foi a prática
por ele adotada de usar roupas nativas mesmo quando isso era
raro entre os missionários da época. Sob a sua liderança, a CIM
era singularmente não-denominacional e aceitava membros de
todos os grupos protestantes, incluindo indivíduos da classe de
trabalho, mulheres solteiras e recrutas multinacionais também.
Em função da campanha da CIM contra o comércio do ópio,
Taylor foi citado como um dos europeus mais significantes a
visitar a China no Século XIX. A missióloga Ruth Tucker
registra: “Nenhum outro missionário nos dezenove séculos
desde o apóstolo Paulo teve uma visão mais ampla e usou um
plano mais sistematizado para evangelizar uma grande área
geográfica como Hudson Taylor”. Ele teve a oportunidade de
pregar em diversos idiomas e dialetos chineses, incluindo o
Mandarin, Teochew, Chaozhou, e os dialetos Wu do Xangai e
Ningbo. Em 1905, Taylor retornou a China pela décima primeira
vez. Lá ele visitou Yangzhou e Zhenjiang e outras cidades, antes
de morrer de repente em casa. Foi enterrado ao lado de sua
primeira esposa, Maria de Zhenjiang, no pequeno Cemitério
Inglês, perto do rio Yangtze.
Sei que vou para o meio de um povo feroz, mas 
eles também precisam ouvir de Jesus. Alegrem-se, 
eu voltarei. Mas, se não voltar, nós nos 
encontraremos nas margens do grande rio, diante 
do Grande Pai
MARY SLESSOR [1848–1915] 
Missionária em Calabar, Nigéria

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s cocesa, de família pobre. Quando menina, costumeiramente
saía de casa e passava a noite na rua para fugir da violência do
pai alcoólatra. A mãe trabalhou duro para sustentar a família e,
apesar das inúmeras dificuldades, criou os filhos no Evangelho e
com visão missionária. Em 1874, aos 26 anos, Mary Slessor foi
pedida em casamento. Mas nesse mesmo ano o Império
Britânico foi sensibilizado pela notícia da morte de David
Livingstone. Fizeram, então, apelos para que voluntários
aceitassem o desafio de servir no continente africano, e Mary,
decidindo entre o trabalho missionário e o casamento, optou
pelo primeiro e ofereceu-se. Nessa época, era aluna da Escola
Normal de Edimburgo e sua coragem em seguir para um lugar
conhecido como “sepultura dos brancos” deixou forte
impressão em todos. Em 1876, enviada pela Igreja Presbiteriana,
Mary embarcou em um navio que a levaria a um lugar em nada
semelhante à sua Escócia: Calabar, na Nigéria. Tornava-se
realidade o sonho da sua mãe: a filha missionária. Mary vivia
com simplicidade e evangelizava com ousadia e coragem. O
povo a chamava de “mãe de todos os povos”. Vivendo no
centro do comércio de escravos, presenciava cenas chocantes
de morte, tortura e angústia humana. Atendia os oprimidos,
cuidava de bebês abandonados, pregava, ensinava, consolava.
Chegou a ter 12 bebês em sua casa. Realizou trabalho tão
relevante que conseguiu a admiração das autoridades. Tinha
grande conhecimento da cultura e das leis do país. Foi criticada,
como outros missionários, porque considerava os africanos
como seres humanos e irmãos, quando muitos os consideravam
seres inferiores. Viveu muitos anos entre as tribos africanas.
Através dela, centenas de africanos tomaram conhecimento de
Cristo e muitos o aceitaram como Salvador. Acredita-se que ela
tenha sido mais usada por Deus na conversão das pessoas que
Livingstone, apesar de ser menos conhecida que ele. Por meio
de seu ministério, muitos negros foram conduzidos ao caminho
da salvação. Em 1915, ainda em plena África, foi recolhida por
Deus. Atualmente, na Escócia, o retrato de Slessor aparece na
cédula de 10 libras esterlinas emitida pelo Clydesdale Bank.
Alma, escuta o bom Senhor,/ a Jesus, o Salvador/ 
Ele diz com terno amor:/ ‘Tu me amas, pecador?/ 
Das prisões te soltarei/ As feridas curarei!/ Vim 
do céu por teu amor:/ Tu me amas, pecador? 
hino 212 Novo Cântico
ROBERT KALLEY [1809–1888] 
Missionário pioneiro no Brasil

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issionário escocês. De família rica e cristã, Kalley perdeu o
pai com 1 ano e a mãe com 7, sendo criado pelo padrasto.
Formou-se em medicina na Universidade de Glasgow. Nessa
fase, jovem, tornou-se ateu. Mas, em 1835, quando visitou uma
velhinha pobre e muito doente, impressionado com seu
testemunho e piedade, foi convertido por Deus. Casou-se com
Margaret Crawford em 1838 e, no mesmo ano, partiram para a
Ilha da Madeira, território português. Sua ordenação ministerial,
mesmo sem estudos teológicos, aconteceu em 1839 pela
Sociedade Missionária de Londres. Sediados em Funchal, o
casal desenvolveu um rico ministério: fundou um hospital que
chegou a atender quase 50 pessoas por dia; 20 escolas em
diferentes lugares da Ilha; distribuição de Bíblias, visitas
médico-pastorais, trabalho filantrópico e outras ações que
fizeram com que Kalley fosse apelidado de “santo inglês”.
Todavia, as autoridades católicas iniciaram a perseguição e
começaram a dificultar sua presença e atuação. Em 1843, Kalley
passou 6 meses no cárcere. Libertado, teve que ser mais
cauteloso e limitado em suas ações. Com a ajuda do Rev. W.
Hewitson, organizou a 1ª Igreja Presbiteriana em solo português
(1845). As perseguições aumentaram: crentes espancados e
presos, casas incendiadas, ataques via imprensa, preconceito
social, até que, em 1846, Kalley teve que fugir disfarçado de
mulher enferma. Sua casa com todos seus pertences foi
destruída, o hospital e as escolas saqueados e a literatura
evangélica queimada. O navio partiu para o Caribe, onde Kalley
reencontrou sua esposa. Estima-se que, somente em 1846, 2000
protestantes fugiram da Ilha (centenas foram para os EUA).
Depois de algum tempo na Escócia e Inglaterra, Kalley foi
missionário na Ilha de Malta (1848-1849) e em Israel
(1850-1852). Sua esposa Margaret faleceu em 1852 e, no mesmo
ano, Kalley se casou com Sarah Poulton. Nos anos 1853-54,
Kalley esteve visitando amigos nos EUA. Lá, em contato com a
Sociedade Bíblica, tomou conhecimento da carta do Rev. James
Fletcher, capelão no Rio de Janeiro, pedindo o envio de alguns
madeirenses para trabalhar como colportores (distribuidores de
Bíblia). Kalley e Sarah decidiram-se, então, pelo Brasil.
Chegaram aqui em 1855 e estabeleceram a Igreja
Congregacional, a mais antiga igreja evangélica fundada por
missionários entre nós. O casal voltou para Escócia em 1876 e
Kalley faleceu em 1888. Na Escócia, após a morte do marido,
Sarah Kalley fundou a missão “Help for Brasil”. Sara faleceu em
1907, mas continua vivíssima entre os evangélicos brasileiros:
seus hinos nunca deixaram de ser cantados.
Se o campo é o mundo, então todas as esferas e 
países precisam ser ocupados, e a recusa de 
alguns em ir para os lugares menos promissores, 
somente torna esse dever mais imperativo para 
outros 
ASHBEL GREEN SIMONTON [1834–1867] 
Pioneiro presbiteriano no Brasil

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mericano da Pensilvânia, de origem escocesa-irlandesa,
Simonton descendia de uma família presbiteriana. Completou os
estudos no College de New Jersey, embrião da Universidade de
Princeton. Em 1852 empreendeu uma viagem pelo sul dos EUA
em busca de experiência profissional e, por 1 ano e meio, dirigiu
uma escola no Mississipi. Voltando a Harrisburg em 1854,
pensou em ser advogado, mas, tendo sido alcançado por um
avivamento religioso que se manifestou na região, Simonton
voltou à igreja, tornou-se membro e começou a sentir-se atraído
pelo ministério. O fato de ter sido dedicado a Deus quando
bebê, por ocasião do seu batizado, para ser um pregador do
evangelho, foi um importante incentivo. Assim, em 1855, ele
ingressou no Seminário de Princeton. Ainda no 1º semestre,
ouviu um sermão do Rev. Charles Hodge que o fez pensar na
obra missionária. Ordenado em 1859, embarcou para o Brasil e
chegou ao Rio de Janeiro em 12 de agosto. Em virtude da
necessidade de aprender a língua local, no início Simonton
limitou-se a pregar em navios ancorados na Baía da Guanabara e
em residências de estrangeiros. Em abril de 1860, ele conseguiu
dirigir o seu 1º culto em português. Meses mais tarde, chegaram
valiosos reforços na pessoa do Rev. Alexander Blackford e sua
esposa Elizabeth, irmã de Simonton. Em viagem para
reconhecimento de campo, ele visitou São Paulo, Sorocaba,
Itapetininga, Itu e Campinas. A partir de 1861, Simonton passou
a pregar regularmente aos brasileiros e, finalmente, em
12/01/1862, foi organizada a IP do Rio de Janeiro. Após isso,
Simonton regressou aos EUA para ver sua mãe enferma. Ao
chegar, soube que ela havia falecido e também afligiu-se com a
Guerra Civil. Falou sobre o seu trabalho em diversas igrejas e,
em março de 1863, Simonton casou-se com Helen Murdoch.
Quatro meses depois, o novo casal chegou ao Rio de Janeiro.
Em fins de junho de 1864, nove dias após o nascimento de sua
filha, Helen faleceu. A criança foi criada por sua irmã e cunhado.
Nesse período difícil, contou com a solidariedade de um casal
amigo: George Chamberlain e Mary Annesley, fundadores da
Escola Americana (atual Mackenzie). No final de 1864, o
ex-padre José Manoel da Conceição foi recebido como membro
da igreja. Dois dias depois, ocorreu o lançamento da Imprensa
Evangélica, o 1º jornal protestante do Brasil. Simonton ainda
participou da organização do Presbitério do Rio de Janeiro
(1865), do Seminário Primitivo (1867) e assistiu o nascimento
das IPs de São Paulo e Brotas. Faleceu em 09/12/1867 e está
enterrado no Cemitério Protestante na Consolação (SP Capital).
Em sua homenagem, o Seminário Presbiteriano do Rio de
Janeiro se chama Seminário Simonton.
Temos esperança e ansiosamente 
desejamos vê-la (a igreja) progredir, 
concorrendo com quanto houver em nossas 
poucas forças para que mais e mais Jesus Cristo 
ganhe almas para sua glória
JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO [1822–1873] 
Primeiro pastor brasileiro

P​
aulistano criado pelo tio-avô, foi, segundo o historiador Émile
Léonard, o “São Francisco de Assis protestante”. Desde os 18
anos travou contato com a Bíblia. Foi ordenado padre aos 22
anos e exerceu o sacerdócio de 1844 a 1864, sempre na
Província de São Paulo: Monte Mor, Piracicaba, Santa Bárbara,
Taubaté, Sorocaba, Limeira, Ubatuba e Brotas. Começou a
pregar mensagens evangélicas e a incentivar o povo a ler a
Bíblia, sendo apelidado de “o padre protestante”. Em 1863,
Conceição escreveu ao bispo D. Sebastião sobre suas lutas
espirituais, sendo, então, nomeado para um cargo
administrativo. Nesse ano recebeu a visita do Rev. Alexander
Blackford, que ouvira falar do “padre protestante”. Devolveu a
visita a Blackford em São Paulo e, depois de várias conversas,
renunciou ao sacerdócio. Em outubro de 1864, fez sua pública
profissão de fé no Rio de Janeiro. Sendo culto e eloquente, esse
fato causou consternação no clero católico. Sua conversão
mudou o quadro e o avanço da obra missionária evangélica no
Brasil. Passou a colaborar com os missionários em várias
frentes: jornal Imprensa Evangélica, tradução de livros e
pregações. Foi ordenado pastor em 17/12/1865. Teve um
ministério itinerante, visitando as cidades onde havia servido
como padre e pregando a fé somente em Cristo. Entre 1867-68,
ficou 1 ano nos EUA para tratar de sua saúde, temporada na
qual pregou para os portugueses que haviam sido expulsos da
Ilha da Madeira com Kalley. A partir de 1869, passou a viver de
maneira solitária e itinerante. Não se sentia interessado pelos
grandes centros, mas pelas vilas e cidades do interior. Viajava a
pé, hospedava-se em qualquer lugar e sofreu perseguições do
clero católico em algumas regiões. Rev. JMC era de uma
simplicidade incrível, não obstante fosse muito culto: lia em
inglês, francês e alemão, e tinha noções de medicina. A herança
que recebeu da família foi distribuída aos necessitados. Do seu
ministério nasceram diversas igrejas protestantes, posto que
depois de sua evangelização os convertidos eram assistidos por
outros pastores. Morreu dormindo, em uma Enfermaria Militar
no Rio, depois de ter sido encontrado enfermo numa estrada de
terra. Seu corpo está sepultado ao lado do pioneiro Simonton,
no Cemitério dos Protestantes. Na lápide do seu túmulo se lê:
“Não me envergonho do Evangelho de Cristo”. Em sua honra,
no estado de São Paulo, existem o Seminário Presbiteriano Rev.
José Manoel da Conceição e a Igreja Presbiteriana JMC.
Não é tolo quem dá o que não pode reter 
em troca daquilo que jamais poderá perder 
JIM ELLIOT [1927-1956] 
Mártir entre os índios equatorianos

A​
mericano, Jim foi criado em um lar cristão. Seu pai era ancião
da ​ P lymouth Brethren (grupo conhecido no Brasil como
“Irmãos Unidos” ou “Casa de Oração”). Esse ambiente piedoso
influenciou a vida de Jim desde cedo. Relatos dão conta que ele
foi convertido na infância, que lia a Bíblia com assiduidade e
que ainda menino já manifestava zelo evangelístico. Após se
formar em arquitetura, em 1945, Jim ingressou no ​ Wheaton
College​ , uma universidade cristã, com a intenção de se preparar
melhor para servir a Deus no ministério. Seu interesse pelas
missões o levou a liderar, nessa instituição, a liga missionária, a
fazer uma viagem de 6 semanas ao México e a se dedicar ao
estudo da língua grega – conhecimento fundamental para os que
almejam o ministério transcultural. No ​ Wheaton College​ , ele
conheceu sua futura esposa, Elisabeth Howard. De 1950 a 1951,
Jim continuou se preparando para o campo. Enquanto fazia um
curso de linguística, conheceu um missionário que se preparava
para o ministério entre os índios quíchuas do Equador. Foi a
partir desse contato que ele teve certeza de que seu campo era o
Equador. No início de 1952, Jim, acompanhado de um amigo,
desembarcou na América do Sul. Em maio, Elisabeth chegou.
Nos primeiros anos, Jim trabalhou entre os quíchuas.
Despertados para trabalhar junto aos índios aucas (hoje
chamados huaoranis) - uma etnia não alcançada, conhecida por
sua ferocidade e reclusão, Jim e Elisabeth - já casados - e outros
casais missionários decidiram estabelecer uma base missionária
que lhes permitisse a aproximação com os selvagens. Animados
com os primeiros contatos, no dia 08 de janeiro de 1956, Jim,
Ed McCully, Roger Youderian, Pete Fleming e o piloto do
pequeno avião, Nate Saint, foram surpreendidos por um grupo
de aucas. Mesmo avistando os índios de longe, os missionários
resolveram não usar suas armas. Foram mortos de maneira
cruel, e seus corpos foram encontrados ao longo do rio,
marcados por golpes de lança e machado. Naquele dia, 5
mulheres ficaram viúvas e 9 crianças órfãs de seus pais. O mais
impressionante estava por vir. Elisabeth e Raquel, viúvas de Jim
e Nate, decidiram continuar vivendo na mesma aldeia, com seus
filhos pequenos. Algum tempo depois, foram substituídas por
outros missionários (as). No transcurso dos anos, a tribo foi
evangelizada, a Bíblia foi traduzida e, aprouve ao Senhor,
converter um dos índios que assassinou os missionários. Esse
homem, pastor da tribo Kimo, batizou Steve e Kathy, filhos de
Nate Saint e Raquel. A morte dos missionários americanos foi
amplamente coberta pela imprensa americana, bem como a
atitude de suas esposas de permanecer na região. “Aquele que
dá o que não pode manter, para ganhar o que não pode perder,
não é um tolo”. Essa frase foi encontrada no diário de Jim Elliot.
A vida dele e dos outros quatro missionários assassinados
exemplificou essa verdade. O livro “Através dos portais do
esplendor”, de Elisabeth Elliot, e o filme “Terra Selvagem”
abordam esses episódios.
 

Eu não tive um chamado. Li uma ordem e a 
obedeci 
SOPHIE MULLER [1910–1995] 
Missionária na selva amazônica

N​
ascida e crescida em New York, Sophie Muller converteu-se
na fase adulta. No início dos anos 40, então estudante na
Academia Nacional de Desenho, ela conheceu um grupo que
cantava e evangelizava nas ruas. O fervor daquelas pessoas
chamou sua atenção. Foi quando ela aceitou o convite delas
para estudar a Bíblia, o que depois a levou a fazer um curso de
três anos no Instituto Nacional da Bíblia. Esse mergulho no
estudo da Palavra de Deus transformou sua vida. Ela decidiu
ensinar a Bíblia a pessoas que nunca tivessem tido contato com
quaisquer missionários. Em 1944, ela se vinculou a ​ New Tribes
Mission (Missão Novas Tribos), dela recebendo treinamento
sobre vida na selva e linguística. No mesmo ano, Sophie
desembarcou na Colômbia. Após alguns meses estudando a
língua espanhola em Pasto, com a missionária Katherine
Morgan, ela, que tinha pressa em iniciar seu trabalho no campo,
partiu em busca de uma tribo inalcançada. Deus a guiou até uma
região da selva amazônica próxima das fronteiras com o Brasil e
a Venezuela. O rio Içana foi seu campo missionário durante 50
anos. O ministério de Sophie Muller tinha como estratégia
alfabetizar os indígenas usando o método ​ L aubach​, que
consistia em ensinar uma letra por vez. Essa estratégia
demonstrou-se eficaz. Por volta de 1965, Sophie já tinha
traduzido o Novo Testamento (ou porções dele) em curipaco,
punaive, piapoc e guahibo, e avançava na tradução para outras
sete línguas. Ela produziu cartilhas de alfabetização para todos
esses grupos. Entre as 200 igrejas por ela fundadas, havia 50
chefes indígenas responsáveis por sua liderança. Ao longo dos
anos, realizou 28 seminários semestrais sobre a Bíblia, voltados
para capacitação dos nativos. Após esses seminários, vários
índios se apresentavam como voluntários para visitar tribos
ainda não alcançadas. E, assim, a semente do evangelho ia se
espalhando pelo interior da selva e cruzando fronteiras
geográficas que só fazem sentido para aqueles que não são
índios. As últimas três décadas de trabalho (1965-1995) foram
as mais complicadas para Sophie Muller. Questões ligadas à
legislação colombiana, ao comércio de madeira, ao
desmatamento da selva e ao surgimento das FARC dificultaram,
em muito, seu ministério junto às comunidades indígenas.
Contudo, seu legado permanece. O Rev. Ronaldo Lidório nos
lembra que ainda “hoje, uma vez por ano, todas as tribos
convertidas se encontram para louvar a Deus por ter levantado
Sofia Muller para lhes trazer o evangelho” e que “a Funai
afirmou recentemente que este é um dos pouquíssimos lugares
na Amazônia onde os indígenas não enfrentam problemas com
alcoolismo, conflitos e guerras.” Sophie faleceu três meses após
seu regresso aos EUA, em 1995, na Carolina do Norte. Sua
autobiografia, já lançada em português, intitula-se ​
S ua voz ecoa
nas selvas​
.

 
Cooperadores de Deus na obra missionária 

O capítulo 3 da 1ª Carta de Paulo à Igreja de Corinto nos


oferece algumas expressões e imagens interessantes acerca do
trabalho missionário.

Os membros da igreja estavam valorizando mais os pregadores


que a mensagem anunciada por eles (cf. 4-5). O escritor corrige
a visão dos crentes: Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o
crescimento. De modo que, nem o que planta é alguma coisa,
nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (6-7). Nas
linhas seguintes, Paulo descreve a igreja como lavoura de Deus e
edifício de Deus (9). E os trabalhadores? São chamados de
cooperadores de Deus (cf. 9).

Não devemos supervalorizar os missionários, muito menos


subestimar sua obra. O ministério por eles desenvolvido é
importante por essa razão: eles edificam sobre o fundamento
que está posto, Jesus Cristo (11). O trabalho deles, como o de
todos os verdadeiros crentes, será recompensado (14). Isso é
absolutamente reconfortante para os filhos de Deus. No Senhor,
nosso trabalho não é vão (15.58).

Nas páginas deste ebook apresentamos informações sobre


servos e servas de Deus. Nossa motivação foi fazê-los (as) mais
conhecidos (as) à igreja dos nossos dias. Que isso nos inspire à
evangelização, começando pelo maior desafio missionário que
temos: nosso lar. Se você tem o privilégio de ter sua família
convertida, esforce-se para que seus parentes escutem a
pregação do evangelho. Envolva-se também com a igreja local.
Trabalhe para que ela seja informada acerca dos desafios e
necessidades que os missionários (as) enfrentam. Estimule seus
irmãos a orar, a se corresponder e a contribuir financeiramente
com os trabalhadores que estão no campo. Incentive e promova
viagens missionárias. Enfim, há muito que ser feito.

Este livreto conta um pedacinho da história de alguns homens e


mulheres de Deus. Mais importante que conhecer sobre a vida
deles, é entender que Deus também pode nos usar no lugar onde
ele nos plantou. É verdade que alguns são chamados para ir bem
longe; contudo, a maioria de nós é chamada para ser sal e luz
dentro do nosso país. Independente do lugar, Deus quer ser
honrado em nossa vida.

Que possamos ser vistos pelo Senhor como seus cooperadores


e dizer, como Livingstone: Eu vou a qualquer lugar, desde que
seja em frente.

Que o Senhor te abençoe!


O autor 

Marcone Bezerra Carvalho ​ é pastor da Iglesia Presbiteriana


de Chile (IPCH), servindo na 6ª IP de Santiago (“Cristo Mi
Pastor”). Publicou “Protestantismo e História” (Editora
Mackenzie), “Histórias da nossa História” (Editora Cultura
Cristã) e editou “O presbiterianismo brasileiro”, de Émile
Léonard (Editora Monergismo). É colaborador regular do jornal
Brasil Presbiteriano.
Morávios 

Este é o ministério Morávios, que busca promover a obra


missionária motivado pela glória de Jesus Cristo em todas as
nações.

Esta é uma iniciativa de voluntários que deseja oferecer


conteúdo para igrejas, líderes de missões, vocacionados e
missionários, através de artigos, reportagens, vídeos e ebooks
sobre teologia de missões, história de missões, desafios
missionários e vida do missionário.

O ministério é inspirado na história do movimento dos irmãos


morávios ocorrido na Alemanha do Século XVIII, e mais
especificamente em uma história de dois jovens desta
comunidade, apresentada no filme​ “ Primeiros Frutos, a história
dos irmãos morávios”​ , e popularizada por ​uma mensagem do
pregador Paul Washer​ e busca promover a Obra Missionária de
forma apaixonada, motivado pela Glória de Jesus Cristo em
todas as nações.

O nosso logotipo é uma estilização de um selo clássico de


cristãos primitivos, muito utilizado pelos irmãos morávios, que
mostra o Cordeiro como porta bandeiras envolto da inscrição
em latim “Vicit Agnus Noster, Eum Sequamur”, “Nosso
Cordeiro Venceu, Vamos Seguí-lo”.

Acesse >> ​
http://moravios.org

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