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5 Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira

para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, 6 que retribuirá a cada um
segundo o seu procedimento: 7 a vida eterna aos que, perseverando em fazer o
bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; 8 mas ira e indignação aos
facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.
Já foi dito aqui que os judeus não compreenderam a bondade de Deus – ela tinha
o propósito de leva-los ao arrependimento, mas eles abusaram dela e usaram-na
para justificar seus pecados; também já disse que por causa da dureza dos seus
corações, eles não só não compreenderam como também desprezaram a bondade
divina e como consequência, eles acumularam ira para o dia da ira de Deus,
o dia do julgamento final. Porém, a questão ainda não está esgotada. É
necessário sabermos como será esse julgamento e a qual a consequência dele.
Com relação ao julgamento podemos dizer que será um julgamento universal,
pessoal e individual. Como podemos ter certeza dessa verdade? Vamos
observar o que diz os versículos 6, 9 e 10:
6 o qual recompensará cada um segundo as suas obras;
9 tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente
do judeu e também do grego; 10 glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz
o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego.
Estão aí as expressões utilizadas pelo apóstolo para falar de julgamento
universal, pessoal e individual: cada um; toda alma; qualquer um; judeu e gentio.
Julgamento universal – todas as pessoas, de todas as épocas, desde Adão até o
último ser humano a viver sobre a terra (Na verdade, Deus também julgará todos
os seres espirituais que se rebelaram contra Ele).
Julgamento pessoal – Deus julgará pessoas e não nações. Esta (a ideia de que
Deus julgará nações) parecia ser a posição dos judeus na época de Paulo. Eles
acreditavam que todos aqueles que nasciam em Israel seriam salvos e todos os
gentios (aqueles que não nasceram em Israel) estavam perdidos.
Julgamento individual – Filho de peixe, com certeza, é peixinho, mas filho de
crente nem sempre é crente também. Em outras palavras, não importa em que
nação você tenha nascido, nem tampouco a que família você pertence, o
julgamento de Deus é individual. Naquele dia será só você e Deus.
A segunda questão a respeito do julgamento de Deus tratada por Paulo é
que ele será baseado em nossas obras. (6 o qual recompensará cada um
segundo as suas obras). Ao dizer isso, o apóstolo está citando a própria Escritura
dos judeus e dessa forma, seus oponentes são silenciados.
Sl 62:12 Contigo também, Senhor, está a fidelidade. É certo que retribuirás a
cada um conforme o seu procedimento. (NVI)
Pv 24.11 Liberte os que estão sendo levados para a morte; socorra os que
caminham trêmulos para a matança! 12 Mesmo que você diga: "Não sabíamos o
que estava acontecendo! " Não o perceberia aquele que pesa os corações? Não o
saberia aquele que preserva a sua vida? Não retribuirá ele a cada um segundo o
seu procedimento?
Temos diante de nós uma questão extremamente relevante: o que será
exatamente que o apóstolo quer dizer quando afirma que todo homem vai
ser julgado segundo as suas obras? Estaria ele ensinando que a salvação é
alcançada pela prática das obras? Com certeza, não.
Há muitas explicações para esta questão e algumas delas são bem complexas, no
entanto, vamos tentar simplificar a resposta, sem perder o seu real sentido.
Porém, antes de fazer isso, olharemos como alguns interpretam esse texto
bíblico. O ensino é mais ou menos assim: você se esforça para fazer boas obras,
sempre que puder, pois quando chegar diante de Deus, Ele vai olhar as suas obras
e, dependendo do que tiver feito, você será perdoado e terá um lugar no céu.
É esta a medida do julgamento divino? Não. Nem Paulo e nenhum outro autor
bíblico ensina que obras produzem salvação, na verdade, o que encontramos nas
Escrituras é exatamente o contrário, as obras são consequências da salvação.
Ef 2.8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom
de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie. 10 Pois somos feitura dele,
criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para
que andássemos nelas.
Assim como podemos afirmar que nem todas obras do mundo seriam possíveis
para justificar alguém diante de Deus, também é correto afirmar que aqueles que
professam amarem ao Senhor, se não tiverem obras que evidenciem este amor,
estarão vivendo um engano religioso, um falso cristianismo. Dito de outra
maneira, obras não são a causa da nossa salvação, mas consequência.
Diante de tudo o que foi dito, fica fácil concluir que Paulo não está ensinando
que escaparemos ou seremos salvos do juízo de Deus por causa das nossas obras.
Elas são apenas evidencias da real condição humana. Por elas saberemos quem
pertence a Deus e quem não pertence. Ou, como diria nosso Senhor Jesus Cristo,
conhecemos uma arvore pelo fruto que ela dá.
Mt 7.16 Vocês podem descobri-los pela maneira como agem, assim como podem
identificar uma árvore pelo seu fruto. Vocês nunca confundirão uma videira com
um espinheiro! Ou figos com ervas daninhas! 20 Assim, o meio de identificar
uma árvore ou uma pessoa é pela qualidade dos seus frutos (obras). 21 “Nem
todo aquele que se refere a mim como ‘Senhor’ entrará no Reino dos céus. A
questão decisiva é se a pessoa faz a vontade do meu Pai que está nos céus. 22
“No dia do Juízo muitos me dirão: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos a seu
respeito, e usamos o seu nome para expulsar demônios e para fazer muitos
milagres?’ 23 Mas eu responderei: ‘Vocês nunca foram meus. Vão embora,
porque as suas obras são más’.
Tendo dado uma explicação geral a respeito da natureza do julgamento divino,
vejamos agora como o apóstolo Paulo elabora sua resposta, explicando
exatamente que ele quer dizer quando afirma que todo homem vai ser julgado
segundo as suas obras.
Haverá (há) dois grupos de pessoas, os justos e os injustos, e os seus destinos
serão respectivamente diferentes. Um destino espera os justos; outro destino
espera os injustos. Diz ele depois que cada um destes tipos pode ser descrito em
detalhe, e passa a descrever cada um deles de maneira tríplice. Sabemos que
teremos que comparecer àquele grande julgamento perante Deus, sabemos que
vamos estar num dos dois grupos, e não há no mundo nada que seja mais
importante para nós do que sabermos a qual dos grupos pertencemos.
Primeiro, ele considera a atitude geral dos dois grupos para com Deus, e para
com as coisas de Deus em geral. Em segundo lugar, ele os examina em termos
da tendência ou propensão da sua vida e do seu modo de viver. E, em terceiro
lugar, ele os examina em termos da sua real conduta e do seu comportamento.
1 - Examinemos, pois, em primeiro lugar a atitude geral e a propensão dos
dois grupos - o grupo dos justos e o dos injustos.
A - A atitude geral dos justos.
Qual a atitude do justo para com Deus e para com as coisas de Deus?
A resposta é que o justo é uma pessoa que está em busca da glória, da honra e da
imortalidade.
Rm 2.7 Ele concederá vida eterna aos que perseverando em fazer o bem, buscam
glória, honra e imortalidade.
Essa é a atitude geral dos justos. E a pergunta que eu devo fazer a mim mesmo é:
"Estou procurando estas coisas?"
Com a palavra "glória" Paulo se refere a tudo quanto Deus é e representa, e a
tudo o que Deus tem para o Seu povo. Portanto, o que podemos dizer acerca
destas pessoas é que elas desejam estar com Deus, contemplar a Sua glória e
passar a eternidade em Sua glória (presença).
A segunda coisa que os justos procuram é "honra", e isto significa a honra que
Deus nos dá.
Jo 5.44 Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros e não buscando a
honra que vem só de Deus?
Vocês sabem que o verdadeiro problema dos injustos (ímpios) não é o seu
intelecto, é que eles estão procurando honra uns dos outros. Eles querem ser
grandes neste mundo e querem ter honra dos homens, e a estão conseguindo, e
isso é tudo o que conseguirão; mas, uma vez que eles se dedicam tanto a esse
objetivo, nunca procuram a honra que vem unicamente de Deus, que somente
Deus pode dar". Todavia os justos a estão procurando. Eles não se preocupam
muito com o que o mundo pensa deles.
E então, a terceira coisa é "imortalidade", que também se pode traduzir por
"incorruptibilidade". Significa a ausência de todo e qualquer tipo de
decadência; significa estar numa condição em que nada o pode prejudicar, nada
lhe pode fazer mal - incorruptível. Nada o contaminará.
1 Ped 1.3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a
sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela
ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4 para uma herança incorruptível,
incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós.
Estas pessoas estão à procura disso. Estão procurando a glória; estão procurando
a honra que só Deus pode dar, e estão esperando anelantemente este estado de
incorruptibilidade, esta imortalidade, este estado em que os justos serão perfeitos
e puros, estado que jamais terá fim, fora do pecado, acima do pecado,
eternamente perfeitos na presença de Deus. Essa é a atitude geral destes justos.
A1 - Propensão ou modo de viver dos justos
Já vimos a atitude geral dos justos – eles estão buscando glória, honra e
imortalidade ou incorruptibilidade, agora veremos a tendência ou propensão da
sua vida e do seu modo de viver.
Vamos ler mais uma vez o vs 7 “a vida eterna aos que, perseverando em fazer o
bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade”. Observe que estas pessoas que
estão buscando glória, honra e incorruptibilidade perseveram em fazer o bem.
Sabe o que isso significa? Elas não são perfeitas, são pessoas que decidiram
buscarem servir a Deus e estão labutando com fraquezas e pensamentos
contrários ao que gostariam de ter, no entanto, elas não desistem de continuarem
servindo ao Senhor. Não são pessoas que hoje começam a andarem com Deus e
amanhã desistem por causa de alguma frustação sofrida. Não. Elas permanecem,
são perseverantes, a despeito das circunstâncias.

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