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Malária chegou à América do Sul com os

navios negreiros, diz estudo


 3 janeiro 2012

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Direito de imagem SPL Image caption A malária infecta meio bilhão de pessoas por ano
nas regiões tropicais e mata mais de um milhão

Uma pesquisa feita da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriu que a
malária chegou à América do Sul no porão dos navios negreiros, durante o tráfico de
escravos africanos para as plantações no Brasil e em outros países do continente.

A disseminação da doença, que afeta meio bilhão de pessoas em todo mundo a cada
ano, era objeto de debate entre os pesquisadores.

A propagação da doença nas Américas por meio dos escravos africanos ou dos
colonizadores europeus já era uma possibilidade aventada. Até agora, no entanto, hão
havia evidências científicas sobre a chegada da malária ao continente.

A descoberta feita pela equipe do professor Francisco Ayala, que colheu amostras de
sangue humano infectado em 24 regiões afetadas, na África, no Oriente Médio, no
Sudeste Asiático e na América do Sul.

Os detalhes do estudo estão na publicação Proceedings of the National Academy of


Science (PNAS).

Diferença genética
Até o momento, são conhecidas cinco espécies de parasitas causadores da doença. O
mais letal e presente na maioria das regiões afetadas é o Plasmodium falciparum.
A análise de DNA mostrou que na América do Sul existem duas subdivisões do
parasita. Uma delas presente na selva colombiana. A outra afeta populações da Guiana
Francesa, Brasil e Bolívia.

Os exames mostraram que os dois tipos genéticos do Plasmodium falciparumforam


introduzidos nessas regiões de forma independente, entre os séculos 16 e 19, durante o
período do tráfico negreiro.

O professor Ayala diz que "algumas pessoas argumentam que a doença existia na região
há milhares de anos".

"O que mostramos, claramente, é que a malária maligna está na América do Sul há uns
300 ou 500 anos", diz.

Implicação para a saúde


Para o pesquisador, mais do que interesse histórico a descoberta pode ter “implicações
importantes para a saúde”.

"A descoberta revela a influência da migração humana na diversidade genética do


Plasmodium falciparum", diz.

A doença é endêmica em regiões tropicais, sobretudo na África, na Ásia e em partes das


Américas, atingindo sobretudo populações mais pobres. Mais de um milhão de pessoas
morrem a cada ano vítimas da malária.

Segundo Ayala, os resultados "podem explicar a resistência da malária aos


medicamentos".

Os cientistas já apontavam que o parasita Plasmodium falciparum tivera origem na


África. Alguns estudos sugeriram que a doença se espalhou junto com o Homo sapiens.

Uma das teorias levantadas era a de que o Plasmodium falciparumteria se alastrado


pelas regiões tropicais e subtropicais há 6 mil anos.

O surgimento das sociedades agrícolas, então estabelecidas em um local determinado,


fizeram aumentar a propagação de mosquitos e, consequentemente, da malária.

Direito de imagem BBC World Service Image caption Mapa desenvolvido durante a
pesquisa mostra a diisseminação da doença
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