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Resenha do terceiro capítulo do livro "Desvendando máscaras sociais" de William Foote-Whyte.

Maria Luisa Lira Cavalcante - 1º período Ciências Sociais UFPE.

O terceiro capítulo do livro "Desvendando máscaras sociais" de William Foote-Whyte com o

nome "Treinando a observação participante", discorre sobre um trabalho de campo na vida

urbana. A pesquisa acontece em Corneville um - aparentemente - pequeno bairro. O texto é a

rotina e percepções do observador participante, contando experiências e frustrações, e todo o

avanço do seu trabalho de campo. O texto se inicia com o autor relatando o começo do seu

trabalho, sendo acompanhado por um rapaz local, Doc. A ajuda de Doc na pesquisa mostrou-se

bastante necessária ao mostrar que um pesquisador ao ir em trabalho de campo necessita de uma

pessoa comum ao espaço. Em pouco tempo, William Foote-Whyte já havia obtido algumas

conclusões sobre a sociedade que investigava. Percebeu que a vida das mulheres, por exemplo,

era muito menos agradável em Corneville comparado a vida dos homens. (Dito por FOOTE-

WHYTE, p. 78) Esse fato apontado pelo autor também é um fato em muitas realidades no mundo,

onde as mulheres vivem pra servir os homens e devem se guardar no lar, pela noite. "As moças

não podiam ficar pelas esquinas " (FOOTE-WHYTE, 1975 p. 78). As mulheres, em Corneville,

eram tratadas pelos homens como pertencimento: "Evidentemente, se algum dos rapazes tivesse

namorando uma das garotas, nenhum comentário poderia ser feito." (idem, p.81). William Foote

Whyte mostra ao longo do texto que estabeleceu alguns métodos prévios antes de partir em

trabalho de campo. Primeiramente, ele mostra que procurou, durante sua pesquisa, não julgar ou

discutir com as pessoas em Corneville. " Eu havia sido treinado nos métodos de entrevista a não

discutir com as pessoas ou julgá-las. Estava disposto a aceitar as pessoas e ser aceito por elas"

(idem, p, 80). Em outro momento, mostra e ressalta a importância de o observador participante

procurar não influenciar o ambiente que pesquisa. "Ao mesmo tempo, tentei não influenciar o

grupo, uma vez que desejava estudar a situação afentando-a o menos possível com minha

presença." (idem, p, 83). Esses dois métodos citados pelo autor, são de extrema importância para

trabalho de campo ocorrer como o esperado. Isso porque a presença de uma pessoa não comum
em qualquer lugar altera, ao menos um pouco, as relações do lugar pesquisado. Ás vezes, para

fazer parte dos costumes, é natural que o pesquisador tente se enquadrar no modo de se vestir e

falar dos nativos. Se sentir parte do grupo torna a pesquisa mais fácil e corriqueira. Apesar disso,

no momento em que Foote-Whyte tentou se comunicar com os rapazes do bairro de Corneville da

mesma maneira que eles falavam, não pareceu muito natural ou agradável. "Descobri que as

pessoas não esperavam que eu fosse igual a elas; na verdade, sentiam-se atraídas e satisfeitas pelo

fato de me acharem diferente. Em consequência, parei de esforçar-me por uma integração

completa." (Idem, p, 82). Outra dificuldade encontrada pelo autor foi quando se deparou com sua

participação em mais de um grupo, isso se deve ao fato de que quando os dois grupos entram em

conflito, o trabalho de campo do pesquisador complica, já que cada grupo espera um

posicionamento do pesquisador - que agora já é um membro do grupo. Durante sua pesquisa, um

colaborador de Harvard foi a Corneville contribuir com a pesquisa de William Foote-Whyte. Ao

chegar la, o contribuidor John Howard percebeu que William se expressava de forma diferente

em Corneville comparando com como ele se expressava em Harvard. "Eu me expressava de um

modo que me parecia natural. Mas o que era natural em Corneville não era o natural em

Harvard." (idem, p, 82) Esse ponto acrescentado pelo autor é de grande importância para se

compreender o que é estar dentro de uma cultura que não é a que pertence. Mostra o quanto existe

uma troca entre o pesquisador e o ambiente, o quanto o pesquisador se adéqua ao ambiente que

está inserido. A partir de todo o texto resta a conclusão da importância da realização de um

trabalho de campo e, a partir da experiência do autor, pode-se entender e aprender métodos e

formas de realizar uma pesquisa acerca de uma cultura. O texto foi de fácil entendimento, o que

contribuiu para um aprendizado mais completo.

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