Você está na página 1de 63

WBA1353_V1.

RECURSOS TERAPÊUTICOS NA
ESTÉTICA FACIAL
2

Katiane Aparecida Soaigher

RECURSOS TERAPÊUTICOS NA
ESTÉTICA FACIAL
1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2022
3

© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.

Head de Platos Soluções Educacionais S.A


Silvia Rodrigues Cima Bizatto

Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Ana Carolina Gulelmo Staut
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva

Coordenador
Camila Braga de Oliveira Higa

Revisor
Larissa de Cássia Testai
Mariana Prado Bravo

Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_____________________________________________________________________________
Soaigher, Katiane Aparecida
S676r Recursos terapêuticos na estética facial/ Katiane
Aparecida Soaigher. – São Paulo: Platos Soluções
Educacionais S.A., 2022.
34 p.

ISBN 978-65-5356-432-9

1. Estética facial. 2. Recursos terapêuticos. 3. Terapia


facial. I. Título.
CDD 613.7
_____________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 8/10534

2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
4

RECURSOS TERAPÊUTICOS NA ESTÉTICA FACIAL

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina ___________________________________ 05

Recursos Terapêuticos no Envelhecimento Facial _____________ 07

Recursos Terapêuticos nas Discromias _______________________ 26

Recursos Terapêuticos na Flacidez Facial _____________________ 40

Recursos Terapêuticos Faciais no Tratamento da Acne _______ 52


5

Apresentação da disciplina

Olá! Seja bem-vindo à disciplina “Recursos terapêuticos na estética


corporal”!

Dentro da estética, as alterações faciais estão entre aquelas que mais


acometem e incomodam nossos pacientes. Por isso, é tão importante
conhecê-las para utilizarmos terapêuticas adequadas.

O interessante é que, diferente de alterações corporais e capilares,


os resultados são visíveis de maneira mais intensa. Tudo aquilo que
mudamos na face logo é percebido, mesmo que a alteração demore a
se instalar, como é o caso da neocolagênese, e ainda assim podemos
demonstrar uma melhora de viço instantânea, agradando de imediato
nossos pacientes. Por isso, é tão relevante estudarmos as afecções faciais,
dentre elas o envelhecimento precoce, as discromias, a flacidez e a acne.

As discromias talvez sejam as afecções faciais mais difíceis de serem


tratadas, já que após a instalação da hiperpigmentação é necessário
o controle constante da despigmentação. Isso exige uma rotina de
cuidados por parte do paciente. Você terá a oportunidade de entender
neste material como auxiliar seus pacientes para que eles compreendam
esse fato e para que confiem em seu trabalho clínico.

A acne também é uma afecção que exige atenção constante, e,


principalmente, investigação das causas. Por se tratar de uma afecção
multifatorial, o profissional deve estar atento a todas as causas e realizar
uma abordagem que elimine cada uma delas, tendo um raciocínio
lógico e eficaz. Felizmente, contamos atualmente com terapêuticas que
amenizam e tratam esse quadro.
6

De mãos dadas com o envelhecimento está a flacidez facial, que pode


ser tissular ou muscular, ou ainda, apresentar-se ao mesmo tempo no
mesmo paciente. Existem tecnologias capazes de melhorar muito o
aspecto da pele flácida, principalmente na face.

Nesta disciplina você terá a oportunidade de conhecer melhor


os recursos terapêuticos utilizados na estética fácil, bem como
compreender como utilizá-los.

Bons estudos!
7

Recursos Terapêuticos no
Envelhecimento Facial
Autoria: Katiane Aparecida Soaigher
Leitura crítica: Mariana Prado Bravo

Objetivos
• Identificar os tratamentos estéticos para
envelhecimento.

• Conhecer quais tratamentos estéticos são


empregados para o envelhecimento facial.

• Aprender sobre os recursos estéticos que são


usados no tratamento do envelhecimento
8

1. Radiofrequência no tratamento do
envelhecimento

A energia da radiofrequência (RF) é uma corrente alternada que vai


da ponta do eletrodo até o tecido em contato com a ponteira de
tratamento, e o fluxo de elétrons corre em ciclos de ida e volta com uma
determinada frequência. Os equipamentos de RF produzem correntes
eletromagnéticas utilizando a radiação na faixa entre 3 MHz e 100 MHz,
o que gera aquecimento dérmico, desnaturação do colágeno e induz à
remodelação do colágeno (AZULAY; AZULAY; AZULAY, 2017).

A RF utiliza o princípio da diatermia, que promove o aquecimento


volumétrico na derme profunda e no tecido subcutâneo em curtos
períodos. A lesão térmica ocorre no nível da derme e não há injúria
à epiderme, o calor leva ao estímulo e à maior produção de fibras
de colágeno e elastina, contribuindo para melhora do estado geral
da pele, gerando um efeito de rejuvenescimento. Em um primeiro
momento, a RF promove a contração imediata do colágeno e contração
dérmica, por contração do septo fibroso do tecido conjuntivo, causando
remodelamento do contorno. Em seguida, ocorre a resposta cicatricial
secundária, que resulta em deposição do colágeno e remodelação,
responsáveis pela retração ao longo do tempo. Além disso, o aumento
do aporte sanguíneo com consequente aumento da oxigenação e
nutrição tecidual promove uma melhora do estado das camadas
superficiais e profundas da pele.

A seleção do paciente é fundamental para se obter o resultado desejado.


Os pacientes ideais para o tratamento com RF são aqueles entre 35
e 60 anos de idade, com flacidez e rítides faciais e cervicais leves a
moderadas, pele flácida após a gestação ou perda de peso e com
expectativas reais quanto ao resultado do tratamento. Os pacientes com
muita flacidez cutânea e rítides profundas são pobres candidatos para
esse procedimento e se beneficiariam mais do tratamento cirúrgico, da
9

mesma maneira que os pacientes obesos ou com redundância extrema


da pele. Já os pacientes que não são candidatos a uma intervenção
cirúrgica ou que não estão dispostos a se submeter a uma cirurgia
são candidatos ao tratamento com RF por ser este um procedimento
minimamente invasivo (PEREIRA, 2019).

É necessário mencionar que para o tratamento de flacidez e


envelhecimento já instalado são esses os pacientes indicados, porém,
para prevenção do envelhecimento é possível iniciarmos antes o
tratamento, geralmente, a partir dos 25 anos de idade.

O resultado do tratamento pode demorar até seis meses devido à


remodelação de estruturas dérmicas decorrente da proliferação de
colágeno. O ciclo da produção de colágeno gira em torno de 21 dias,
porém, como o tratamento requer algumas sessões, estima-se esse
período de seis meses para visualização completa. O paciente deve
entender que os resultados podem ser notáveis, mas muitas vezes são
sutis, e como as mudanças são graduais é importante fotografar o “antes
e depois” do tratamento. Deve ser informado ao paciente também que,
em alguns casos, pode não haver resultado positivo devido a diversos
fatores como hábitos intrínsecos, por exemplo.

2. Laser de baixa intensidade e LED no


tratamento do envelhecimento

A terapia a laser de baixa intensidade (TLBI), a fototerapia, a


fotobioestimulação ou a fotomodulação por LED referem-se à utilização
de fótons em uma irradiação não térmica de baixa intensidade, cujo
efeito se dá pela modificação da atividade celular, especialmente no
processo cicatricial. Atuando em nível celular, a fotobioestimulação
provoca modificações bioquímicas, bioelétricas e bioenergéticas,
favorecendo a proliferação e maturação celular, a quantidade de tecido
10

de granulação e a diminuição dos mediadores inflamatórios, induzindo


o processo de cicatrização. A absorção molecular da luz permite um
aumento do metabolismo celular, caracterizado pela estimulação de
fotorreceptores na cadeia respiratória mitocondrial, alterações nos
níveis de adenosina trifosfato (ATP) celular, liberação de fatores de
crescimento e síntese de colágeno (AZULAY; AZULAY; AZULAY, 2017).

Todo esse processo contribui para o tratamento e prevenção do


envelhecimento, por favorecer o estado tegumentar superficial e
profundo. É interessante mencionar que dentre as diferenças entre o
LED e o laser está, principalmente, a coloração da transmissão de luz,
que no laser é única e no LED é variável.

Os LEDs não causam danos teciduais baseado na fototermólise,


pelo contrário, eles atuam pela estimulação direta intracelular, mais
especificamente nas mitocôndrias, reorganizando as células, inibindo
ações e estimulando outras. Os diferentes comprimentos de onda
atingem cromóforos específicos e esse processo recebe o nome
de fotomodulação. As principais aplicações médicas dos LEDs são
usadas para reduzir a dor e a inflamação e promover a regeneração
de diferentes tecidos. Nos últimos anos, essa terapia tem sido cada
vez mais usada para o tratamento de reparação de feridas, rugas
finas, pele envelhecida, acne, crescimento capilar, eritema e edema
após procedimento cirúrgico a laser, além de excelente resposta
no tratamento do câncer de pele por meio da terapia fotodinâmica
(TASSINARY et al., 2019).

3. Microcorrentes no tratamento do
envelhecimento

As microcorrentes, ou também chamadas Microcurrent Eletrical


Neuromuscular Stimulation (MENS), são correntes elétricas
11

microamperadas (de baixa frequência e baixa intensidade), que têm


como definição a eletroestimulação tecidual, apresentando correntes
contínuas ou alternadas, pulsadas ou não. A sensação da microcorrente
é subsensorial; com isso, não há desconforto na aplicação do
equipamento, pois o processo é indolor e não invasivo (PEREIRA, 2019).

A microcorrente possui sinais elétricos muito semelhantes aos que


existem no corpo para a reparação tecidual. Por serem correntes muito
pequenas, atuam a nível celular e aceleram a regeneração da pele, ou
seja, as correntes da microcorrente são biologicamente compatíveis
com as correntes endógenas do corpo, e isso leva a vários benefícios
que podem ir além da melhora da cicatrização. Vamos aprender sobre o
mecanismo de ação das microcorrentes.

3.1 Mecanismo de ação fisiológica da microcorrente

O organismo humano possui correntes elétricas de baixa intensidade


que circulam por todo o corpo, elas são chamadas de bioeletricidade.
Esta é responsável pelo crescimento do organismo e pela regeneração
dos tecidos. Como a bioeletricidade do organismo é de baixa
intensidade, a microcorrente seria compatível, pois possui a mesma
intensidade e pode atuar otimizando essas correntes endógenas.

Quando um tecido é lesionado, há uma alteração na corrente endógena


do local, o tecido, para estar saudável, deve ter o fluxo direto das
correntes elétricas, sem interrupções; no caso de uma lesão, isso não
é possível, ocorrendo essa alteração. O objetivo da manipulação da
microcorrente é normalizar, novamente, a bioeletricidade da região
lesionada, o que pode estimular a reparação tecidual (PEREIRA, 2019).

Uma lesão celular pode provocar uma alteração bioelétrica dentro


do tecido, e o potencial elétrico na célula também sofre a alteração
na corrente elétrica que, antes, era constante e organizada
para a realização das funções celulares. O decréscimo do fluxo
12

elétrico ocasionado por um trauma diminui a função da célula e,


consequentemente, reduz a função de cura do tecido. A cicatrização é
mediada, pelo menos em partes, por sinais elétricos.

A microcorrente gera o aumento do fluxo elétrico na lesão, permitindo


que ocorra a normalização da bioeletricidade, o que leva ao aumento
de ATP dentro da célula. Os elétrons da microcorrente reagem com a
água, induzindo à formação de ATP, que é a principal fonte de energia
de uma célula. Segundo Borges (2006), o aumento de ATP dentro da
célula pode ser de até 500% e a ampliação de síntese proteica pode ser
em torno de 30 a 40%.

Além do aumento de ATP e da síntese de proteínas, é possível haver


o estímulo ao sistema linfático, que passa a absorver mais o fluido
intersticial, melhorando a circulação sanguínea, a absorção de
nutrientes e a eliminação de toxinas, além de elevar o transporte de
aminoácidos (PEREIRA, 2019).

3.2 Ações terapêuticas, indicações e contraindicações


da microcorrente

A microcorrente apresenta efeitos fisiológicos e terapêuticos distintos


que estão especificados a seguir:

• Modo de normalização: promove o aumento do metabolismo


celular, melhora o relaxamento muscular facial, aumenta as
circulações cardiovascular e linfática, reduz edemas, elimina
toxinas e aumenta ATP e transporte de aminoácidos. Uma caneta
fica fixa e a outra desliza sobre a face. Intensidade: de 50 a 100
microampères. Polaridade: alternada (TASSINARY et al.; 2019).

• Modo de bioestimulação: promove o encurtamento das


microfibrilas musculares, realizado com movimento de
pinçamento nos sulcos de linhas de expressões e rugas e na
13

musculatura facial de modo geral (segura por 3 segundos cada


ponto por 3 vezes). Os sulcos tornam-se menos evidentes
e há uma melhora na flacidez. Intensidade: de 100 a 200
microampères. Polaridade: alternada (TASSINARY et al.; 2019).

• Modo de nutrição: ao estimular a vascularização,


consequentemente haverá um maior aporte nutricional para as
células, beneficiando a nutrição do sistema tegumentar. Para isso,
o eletrodo deve ser passado por toda a face, com intensidade de
300 a 750 microampères (TASSINARY et al.; 2019).

• Modo de bioinibição: em casos de formação de cicatrizes


queloides é possível realizar a bioinibição com o intuito de que a
proliferação celular exacerbada seja freada. Para isso, aplica-se a
corrente em cima e em volta da região acometida com intensidade
de 750 microampères (TASSINARY et al., 2019).

As indicações, de modo geral, para o envelhecimento facial, seriam:


revitalização cutânea, atenuação de linhas de expressão e rugas, flacidez
e permeação de princípios ativos, por aumentar a permeabilidade
da membrana celular. Como contraindicação da microcorrente,
temos: neoplasias, gestantes, portadores de marca-passo, processos
infecciosos, insuficiências cardíaca e renal, portadores de próteses
metálicas e epilepsia.

Para realizar a aplicação da microcorrente, utilizam-se os eletrodos em


forma de bastões com pontas esféricas de metal ou canetas com porta-
cotonetes, nas pontas das quais se introduzem os cotonetes (precisa
cortar os cotonetes em 2,5 cm de comprimento). São duas canetas, a
profissional segura cada uma em uma mão. Utiliza-se o gel condutor
para conduzir a corrente elétrica e o cosmético (loção, sérum ou gel com
ativos) na etapa de ionização da microcorrente.

É importante sempre umedecer os algodões com o gel condutor ou o


cosmético, eles devem estar constantemente umedecidos. O tempo de
14

aplicação total de cada etapa é de 30 minutos (com média de 10 minutos


por área). A escolha das etapas vai de acordo com o objetivo do tratamento.

A técnica é contraindicada especialmente para pacientes com implantes


metálicos como o marca-passo e próteses e/ou parafusos ósseos. Outras
contraindicações comuns de equipamentos eletroestéticos também se
aplicam, como dermatites locais, neoplasias recentes, gestação e febre.

4. Intradermoterapia pressurizada no
tratamento do envelhecimento

A intradermoterapia pressurizada é uma das inovações em estética que


vem demonstrando resultados satisfatórios. O mais interessante dessa
técnica é que é possível obter bons resultados com um custo-benefício
muito interessante para o paciente, já que não há tecnologia de alto
valor no equipamento, apenas nos ativos cosméticos empregados.

Com a liberação dos ativos cosméticos por meio da pressão de gás,


que gera ondas de choque, é possível atingir as diferentes camadas
da pele, por isso, diferentes afecções podem ser tratadas, inclusive o
envelhecimento facial.

Os ativos cosméticos mais utilizados no tratamento e prevenção do


envelhecimento facial são:

• DMAE (dimetil aminoetanol): É um ativo encontrado em peixes


(salmão e sardinha). Antioxidante, firmador e tensor, potente
no aumento dos níveis de produção de acetilcolina e ajuda
na melhora do tônus muscular. Efeito lifting por estabilizar a
membrana plasmática.

• Collyss: Ativo composto de colágeno marinho hidrolisado tipo I, de


baixo peso molecular. Firmador e aumenta elasticidade da pele.
15

• Raffermine (extrato hidrolisado de soja): Mantém a elasticidade,


tonicidade e firmeza da pele. Possui efeito firmador a curto
e a longo prazo, reorganiza as fibras de elastina e colágeno,
promovendo a contração dessas fibras por dias, além de inibir
elastase (enzima que degrada elastina).

• Biolumen Firm: É uma mistura de aminoácidos derivados de


leveduras e polifenóis de Noni). Estimula fibroblastos, devolvendo
a elasticidade da pele.

• Densiskin: Dermocosmético. Oferece rapidamente maior firmeza à


pele, intensifica o ciclo de reparação celular, aumenta densidade
cutânea e promove hidratação intensa, recompondo elasticidade.

• Pro-collasyl: Estimula biossíntese de colágeno e renovação celular,


auxiliando na regeneração do tecido. Possui efeito tensor e
atividade sobre o tecido conjuntivo.

• Matrixyl: Promove maior recrutamento de fibroblastos e de


proliferação celular e incrementa a produção e a ancoragem
de queratinócitos, estimulando a síntese da matriz extracelular
e a microvascularização. Aumento de colágeno tipo IV e
glicosaminoglicanas.

• Radizen A: Complexo de vitaminas (A, E e C) associado a


bioflavonoides. Antioxidante, estimula síntese de colágeno
(TASSINARY et al., 2019).

Os ativos voltados ao tratamento do envelhecimento facial visam ao


aumento de colágeno e elastina na pele, estimulando fibroblasto na
produção destes assim como ativos hidratantes e com efeito tensor
sobre a pele.
16

5. Microagulhamento no tratamento do
envelhecimento

O microagulhamento é uma terapia conhecida pela indução de colágeno


no tecido cutâneo. Inicialmente, em meados de 1990, foram utilizadas
técnicas de “subcisão” para verificar a resposta nas variedades de
depressões na pele, como alterações cicatriciais e rugas. Nesse contexto,
o estudo foi publicado em formato de artigo científico em 1995. Já
na década de 2000, o cirurgião plástico Desmond Fernands criou um
dispositivo com a ponteira cilíndrica rolante, cravejado de microagulhas
de diferentes tamanhos, cujo objetivo é causar microlesões sobre a pele
de forma mais ampla (LYON; SILVA, 2015).

Além de estimular a produção de colágeno, o microagulhamento


também pode ser empregado como forma de facilitar a permeação
de princípios ativos cosméticos, atuando em diversos tratamentos,
como os de rugas e linhas de expressão, sequelas de acne, cicatrizes
de queimaduras e discromias (LYON; SILVA, 2015). Existem diversas
nomenclaturas para o microagulhamento, sendo comum encontrar
como dermaroller (nome comercial de um microagulhamento), terapia
de indução de colágeno, indução percutânea de colágeno, agulhamento
de superfície, entre outros.

5.1 Mecanismo de ação fisiológica do microagulhamento

Após a lesão no tecido, é iniciado o processo inflamatório: as plaquetas


liberam fatores quimiotáticos, que vão levar à invasão de outras
plaquetas e células de defesa, como neutrófilos e, claro, fibroblastos.
Durante a proliferação dos neutrófilos, estes são substituídos por
monócitos, que vão se transformar em macrófagos e liberar fatores de
crescimento, estimulando, assim, a proliferação de fibroblastos.
17

Os queratinócitos, em seguida, começam a se organizar para cobrir


a lesão, mobilizando-se na produção de componentes para essa
reepitelização, como laminina e colágeno dos tipos IV e VII. Dois dias
após a indução do colágeno (por indução percutânea), os queratinócitos
começam a se proliferar e a liberar mais fatores de crescimento para
promover a deposição de colágeno pelos fibroblastos, o remodelamento
tecidual continua por meses, o colágeno tipo III é depositado na
derme (depois que os fibroblastos atingiram o ápice de produção) e,
gradualmente, vai sendo substituído pelo colágeno tipo I ao longo de um
ano ou mais (TASSINARY et al., 2019).

Toda vez que um tecido é lesionado, há uma alteração na bioeletricidade


celular da região afetada, e isso desencadeia uma cascata de fatores
de crescimento para a reparação da lesão daquele local. Esse processo
é chamado de corrente de demarcação, como se o organismo
delimitasse o local de uma lesão pela concentração de corrente
endógena alterada. Uma membrana celular viva tem potencial elétrico
de repouso de -70 mV, mas, quando entra em contato com uma agulha
de acupuntura, por exemplo, aumenta para -100 mV. Isso explica que
as membranas celulares, quando entram em contato com as agulhas do
microagulhamento, aumentam o potencial elétrico e reagem liberando
íons de potássio, proteínas e fatores de crescimento (TASSINARY, 2019).
Durante o procedimento de microagulhamento, a epiderme fica intacta
por mais que haja as lesões, ou seja, todo o trauma causado pelas
agulhas possui tecido vizinho não lesionado, e isso mantém a epiderme
preservada, pois os orifícios são minúsculos e fecham-se logo. É normal
um leve sangramento, nada muito intenso; a cicatrização da ferida
obedece às três fases do reparo tecidual mencionadas anteriormente.

Após o trauma, o tecido cutâneo entra em processo de autocura, as


células da pele, num raio de 1 mm ao redor do canal da lesão, enviam
sinais de crescimento para as células indiferenciadas; com isso, ocorre
a proliferação de novas células como o fibroblasto para a produção
18

de colágeno e elastina, auxiliando assim na regeneração do tecido


cutâneo (LYON; SILVA, 2015).

Os micro-orifícios criados pelas agulhas facilitam a permeação de ativos


cosméticos, já que são entradas livres, diminuindo a parede de células
mortas da camada córnea. Também há o estímulo à angiogênese
na derme; o microagulhamento estimula as células do interior dos
vasos sanguíneos, principalmente dos capilares, a se proliferarem,
ocorrendo um maior fornecimento de fluxo sanguíneo para a pele.
Com isso, é normal um maior sangramento nas sessões seguintes de
microagulhamento, geralmente, depois da terceira ou da quarta sessão
(AZULAY; AZULAY; AZULAY, 2017).

5.2 Indicações, contraindicações e cuidados importantes


do microagulhamento

As indicações do uso do microagulhamento são: permeação de ativos;


rugas e linhas de expressão; sequelas de acne (hipotróficas); discromias
hipercrômicas; estrias; cicatrizes de queimaduras; queda de cabelo; flacidez
cutânea e rosácea (utilizar agulhas entre 0,5 e 1,0 mm, e não pode ser
aplicada em casos de rosácea nodular ou papulopustulosa) (PEREIRA, 2019).

Já as contraindicações seriam: acne ativa (pustulosa); herpes labial;


doença crônica, como dermatites e psoríase; feridas abertas; pele
bronzeada ou queimada por sol; infecção ou inflamação ativa na pele
(qualquer uma); histórico de má cicatrização de feridas; diabetes;
pacientes em terapia com anticoagulantes; tendência a queloide ou
cicatrizes hipertróficas; síndrome de Cushing; câncer de pele; processos
alérgicos; crianças; rosácea ativa (evitar nas formas pustular e nodular);
gravidez; e pacientes que fazem uso de Roacutan.

No dia do procedimento, não aplicar o protetor solar, pois, como a pele está
com várias perfurações (aberta), corre-se o risco de permeação de ativos
dos fotoprotetores, o que vai levar a algumas reações indesejadas, como
19

ardência. Peça para o paciente seguir algumas recomendações necessárias


para o melhor andamento do tratamento. Confira-as na sequência:

• Evitar a exposição solar contínua de 10 a 28 dias.

• Utilizar o protetor solar diariamente.

• Antes do dia do procedimento, o paciente deve suspender o uso


de cosméticos à base de ácidos.

• Solicitar ao cliente para lavar os cabelos no dia anterior ao


procedimento para evitar a água quente no rosto depois que a
pele estiver sensível.

• Orientar o paciente a evitar passar a mão no rosto microagulhado


para evitar contaminação.

• Não utilizar maquiagem no dia da sessão e nem secador de cabelo


(ar quente), é necessário aguardar 24 horas.

• Instruir o paciente a não entrar em contato com animais no dia da


sessão, principalmente lambidas e toque para evitar contaminação
(PEREIRA, 2019).

5.3 Técnica de aplicação do microagulhamento

Para a aplicação do microagulhamento, é necessária uma higienização


adequada da pele, sendo opcional a aplicação do anestésico. O que vai
determinar a aplicação do anestésico é o tamanho da agulha escolhida
para o tratamento. Geralmente, agulhas que medem acima de 0,5
mm necessitam de uso de anestésico, pois o desconforto é grande ao
paciente; já para agulhas de até 0,3 mm, não há essa necessidade.

O intervalo das sessões também é influenciado pelo tamanho das agulhas,


pois vai de acordo com a lesão formada. Para as agulhas de 1 mm, deve
ser feito um intervalo de 30 dias; para agulhas maiores que 1 mm, de 45 a
20

60 dias, até a completa recuperação da face. Sessões com agulhas de 0,2 a


0,3 mm podem ser realizadas duas vezes na semana; com agulhas de 0,5
mm, as sessões podem ser realizadas a cada três semanas. Não respeitar
o tempo de intervalo é correr riscos desnecessários, devido à indução
de processo inflamatório constante, levando a intercorrências, como
manchas de pele (AZULAY; AZULAY; AZULAY, 2017).

Na preparação da pele, deve-se fazer a higiene com sabonete líquido, de


preferência do profissional de estética e esfoliação física. Com a pele seca,
aplicar álcool 70% ou gluconato de clorexidina 4% para assepsia. Logo após
isso, aplica-se o anestésico, espalhando-o por toda a superfície da pele,
cobrindo-a completamente. O tempo de ação pode variar de acordo com
o tipo de anestésico; geralmente, os manipulados demoram em torno de
40 minutos (com oclusão da área) para fazer efeito, já os industrializados,
como EMLA (lidocaína), demoram em torno de 20 a 30 minutos.

É importante realizar um teste de reação alérgica 30 minutos antes


com uma agulha de acupuntura. Perfure uma região do corpo
(geralmente, antebraço) e aplique o anestésico, espere o tempo de
30 minutos e veja se não ocorre: coceira, vermelhidão, inchaço ou
algo que indique reação. Se nada acontecer, você pode seguir com o
procedimento normalmente (PEREIRA, 2019).

Depois do tempo de ação do anestésico, é importante retirar o excesso


do medicamento para evitar permeação e, com isso, será possível iniciar
as perfurações. Comece dividindo a face em quadrantes, iniciando pela
região frontal; depois, vá para a lateral direita, a lateral esquerda da face,
o buço (se possível) e o mento. O tratamento também pode abranger o
pescoço e o colo.

É possível utilizar as agulhas conforme a disfunção que se deseja tratar:

• Agulhas de 0,2 a 0,3 mm: para permeação de ativos cosméticos.

• Agulhas de 0,5 mm: hipercromias leves, cicatrizes leves, queda


capilar, envelhecimento cutâneo.
21

• Agulhas de 1,0 a 1,5 mm: hipercromias, estrias superficiais,


cicatrizes cirúrgicas, cicatrizes severas e rugas superficiais.

• Agulhas de 2,0 a 3 mm: estrias profundas, rugas profundas,


cicatrizes muito profundas (PEREIRA, 2019).

5.4 Associação do microagulhamento com preenchedores,


bioestimuladores e toxina botulínica

Com a recente popularização de técnicas de preenchimento, que


proporcionam resultados satisfatórios imediatamente, é comum que
nossos pacientes queiram investir logo neste tipo de técnica, mas, como
profissionais que buscam um aspecto estético harmonioso, é de nossa
responsabilidade orientá-los quanto às melhores escolhas.

Há uma tendência, respaldada pela literatura para a associação de


técnicas buscando a otimização dos resultados, a utilização, incialmente,
do microagulhamento, para posterior uso de preenchedores.

Como visto acima, o microagulhamento busca o remodelamento do


colágeno degradado pelo envelhecimento ou cicatricial após o processo
inflamatório. Essa transformação do colágeno tem sido capaz de corrigir
rugas, sulcos, flacidez e cicatrizes. A reflexão proposta aqui é a de
melhorar a qualidade do tecido afetado, antes de planejar a aplicação de
um ativo com potencial volumerizador ou, até mesmo, com potencial de
relaxar a musculatura adjacente.

A indução percutânea de colágeno com agulhas (microagulhamento)


remodela a epiderme e a derme, sem desepitelizá-las, com um curto
período de recuperação. De modo similar age à radiofrequência
pulsada com multiagulhas, ao substituir a pele danificada por uma mais
próxima do padrão fisiológico. O racional é tratar esse envelope de
pele que recobre o arcabouço ósseo, os músculos, os ligamentos e os
22

compartimentos de gordura na face, antes da aplicação de preenchedor


ou toxina botulínica (PARADA, 2016).

A atividade muscular sobre a pele aprofunda depressões, a frouxidão


de estruturas compromete a sustentação e a redistribuição da gordura
adiciona à sobra de pele mais peso, seja no envelhecimento ou no
processo de consumo de uma acne inflamatória. Por isso, é necessário
cuidar da sustentação geral da pele por meio de técnicas como o
microagulhamento para então realizar o preenchimento nos sulcos que
não foram reestabelecidos totalmente (MAGRI; MAIO, 2016).

Quando um paciente apresenta rugas profundas na pele e de cara


inicia a aplicação de preenchedores, sem a devida sustentação cutânea,
poderá apresentar um resultado inestético, o famoso estilo do boneco
“fofão”, em que a face se apresenta preenchida, grande, aparentemente
“gorda”, mas sem sustentação, com as “bolsas de bulldog” evidenciadas.

Figura 1 – Utilização adequada de técnicas para melhora do aspecto


facial

Fonte: Shutterstock.com.

Agora, se o paciente não apresenta envelhecimento cutâneo


considerável, então a utilização do ácido hialurônico poderá acontecer
antes ou depois do procedimento com as agulhas. Se o preenchimento
com ácido hialurônico for ocorrer depois do microagulhamento,
há de se aguardar a remodelação do colágeno para o cálculo da
quantidade de preenchimento. Porém, é possível utilizá-lo 15 a 30 dias
23

após as intervenções, a depender de cada caso, considerando que a


recuperação ocorre em um curto prazo. Vale lembrar que, tratando-se
de cicatrizes, traves fibróticas podem comprometer a uniformização do
preenchedor aplicado, sendo recomendado liberar essas traves (com
microagulhamento ou tunelização dérmica) antes de aplicar o produto.

Quando o paciente apresenta um consumo dérmico após acne grave ou


envelhecimento que resulte em afinamento substancial da pele, o uso de
bioestimuladores pode ser uma opção antes de realizar a liberação das
traves. Nesse caso, propõe-se aguardar pelo menos 45 dias, buscando
um estímulo colagênico (PEREIRA, 2019).

Também pode-se preparar a pele com bioestimulador, como


hidroxiapatita de cálcio ou ácido polilático, antes do microagulhamento.
Quando se opta por essa sequência metodológica, recomenda-se
aguardar pelo menos 60 dias para se conquistar um bom estímulo.

Ao tratar rugas estáticas, como as da fronte ou glabela com o


microagulhamento, orienta-se aguardar a redução do edema e a
absorção, mesmo que parcial, do hematoma, típicos da intervenção,
antes da aplicação da toxina botulínica. Sugere-se esperar 15 dias
após o procedimento; porém, muitas vezes, pretende-se, com mais
precocidade, acomodar o vinco preenchido pelo hematoma, evitando
que o músculo volte a agir naquela região (MAGRI; MAIO, 2016).

A aplicação da toxina botulínica também pode ser útil no tratamento


do pescoço e do colo após a realização do microagulhamento. Nesses
casos, segue as mesmas orientações, e, habitualmente, já pode ser
realizada 7 dias após a intervenção. Se ainda houver resquício de edema,
hematomas ou crostas (injúria profunda), recomenda-se aguardar 15
dias. Caso já tenha sido aplicada, não compromete a realização de
intervenções com microagulhas nos dias seguintes (PARADA, 2016).
Alguns autores mencionam que a realização do microagulhamento
sobre áreas que acabaram de receber a toxina botulínica não é
recomendada, pois poderá comprometer a durabilidade da substância,
por isso, não se recomenda esse tipo de conduta.
24

6. Skinbooster no tratamento do
envelhecimento

O skinbooster é uma técnica que visa à aplicação de uma baixa quantia


de ácido hialurônico isolado ou combinado com outras substâncias
hidratantes que induzem a uma hidratação profunda da pele. A
combinação com outras substâncias varia de acordo com o fabricante,
alguns combinam o ácido hialurônico com vitaminas A e C e com minerais.

Essas substâncias hidratantes atraem moléculas de água no local


onde a técnica foi aplicada, gerando profunda hidratação, aumento do
viço e beleza geral da pele, além de promover uma certa reserva de
hidratação cutânea.

A aplicação é injetável, lembrando a técnica de mesoterapia. São várias


punturas superficias, múltiplas punturas. Não há limitação de fototipo
cutâneo, e a necessidade desse procedimento inicia-se geralmente a
partir dos 30 anos de idade. É interessante iniciar esse procedimento
quando as rugas e manchas da pele já foram tratadas, mas falta o viço, a
melhora do aspecto geral da pele. É como se proporcionasse à superfície
da pele um aspecto saudável.

O procedimento dura de 15 a 20 minutos, e pode gerar algumas


pápulas, uns pequenos nódulos na pele, que logo desaparecerão. O
paciente pode iniciar suas atividades poucos minutos após a aplicação
e deve evitar a exposição solar. Geralmente utiliza-se no mínimo três
sessões com intervalos de 30 dias, e durante esse período ocorrer a
neocolagênese e a readequação dérmica (TASSINARY et al., 2019).

Portanto, o skinbooster é uma excelente estratégia de prevenção do


envelhecimento devido à reserva hídrica gerada, e um excelente
tratamento para as rugas do sorriso, para a região dos “pés de
galinha”, para revitalização do pescoço, do colo e das mãos, além de
25

ser coadjuvante em cicatrizes de acne. É necessário lembrar, que o


skinbooster não visa ao preenchimento facial, pois são utilizadas doses
bem inferiores de ácido hialurônico.

7. Conclusão:

A terapia com LED é uma tecnologia não ablativa, não invasiva, indolor
e que não necessita de tempo de recuperação, podendo ser usada
em todos os fototipos. Pode ser indicada em associação com outras
técnicas existentes, como a microagulhamento, lasers fracionados,
microcorrentes, intradermoterapia pressurizada, preenchedores, toxina
botulínica, entre outros. A tecnologia envolvida nesses procedimentos e
a expertise profissional durante a execução da técnica fazem com que
essas terapias sejam grandes aliadas na prática clínica.

Referências
AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
LYON, S.; SILVA, R. C. Dermatologia Estética–Medicina e Cirurgia Estética. 1. ed.–Rio
de Janeiro: MedBook, 2015.
MAGRI, I. O.; MAIO, M. Remodelamento do terço médio da face com preenchedores.
Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 31, n. 4, p. 573-577, 2016.
PARADA, M. B. et al. Manejo de complicações de preenchedores dérmicos. Surgical
& Cosmetic Dermatology, v. 8, n. 4, p. 342-351, 2016.
PEREIRA, M. de F. L. Recursos técnicos em estética I. 2. ed. São Caetano do Sul, SP:
Difusão editora, 2019
TASSINARY, J. et al. Raciocínio Clínico aplicado à Estética Facial. Porto Alegre:
Estética Experts, 2019.
26

Recursos Terapêuticos nas


Discromias
Autoria: Katiane Aparecida Soaigher
Leitura crítica: Mariana Prado Bravo

Objetivos
• Identificar os tratamentos estéticos para discromias.

• Compreender a característica dos tratamentos


estéticos utilizados para discromias.

• Aprender sobre os recursos estéticos que são


usados no tratamento das discromias
27

1. Tratamento eletroestético em discromias

A constituição genética influencia os distúrbios de pigmentação. A


pigmentação anormal, chamada de discromia, pode ser causada
por vários fatores internos ou externos. A exposição ao sol é a
principal causa externa dos distúrbios de pigmentação e pode
piorar os problemas existentes. Os medicamentos também causam
anormalidades na pigmentação da pele. A hiperpigmentação (produção
excessiva de pigmento) e a hipopigmentação (falta de pigmento)
são dois tipos de distúrbios. Neste material serão exemplificados
tratamentos para hiperpigmentação, que são as queixas de discromias
mais comuns na área da beleza, especificando o uso da eletroterapia,
que, não é tão comentada nessa disfunção se comparada ao uso de
cosméticos, mas que possui papel de grande relevância.

2. Laser de baixa intensidade em discromias

A utilização do laser para benefício da face é de grande importância na


estética por gerar resultados muito significativos logo na primeira sessão.
Os lasers são utilizados para diversas finalidades, como remoção de pelos,
rejuvenescimento, diminuição de melasma e remoção de tatuagens.

É preciso lembrar que os profissionais estetas estão limitados a alguns


tratamentos e, por se tratar de um equipamento que envolve grande
potência, é essencial a realização constante de cursos de atualização
e aprimoramento nessa área (AZULAY; AZULAY; AZULAY, 2017). Os
profissionais estetas podem utilizar os lasers de baixa potência para
a realização de tratamentos faciais e capilares, além de poderem
atuar na fotodepilação. A remoção de tatuagens e a utilização de
laser para peelings (esfoliação profunda) se limita a dermatologistas.
Existem outras especificações para outras classes profissionais, mas
o importante é sabermos até onde podemos chegar e entender que
28

conseguimos resultados extraordinários com as inovações tecnológicas


se soubermos combinar os tratamentos.

O laser é uma fonte de radiação eletromagnética ou de luz, mas com


características próprias que o diferenciam de outras luzes. A palavra
laser é uma abreviação inglesa do termo Light Amplification by Stimulated
Emission of Radioation, que traduzido significa amplificação de luz por
emissão estimulada por radiação (LYON; SILVA, 2015).

O laser possui propriedades físicas de grande emissão de radiação que


são utilizadas nos tratamentos estéticos de acordo com o comprimento
de luz emitida.

Qualquer tipo de laser apresenta quatro componentes básicos: o meio


(sólido, líquido ou gasoso); a cavidade óptica (em que a amplificação é
processada); a fonte de energia (o que estimula os átomos e inverte a
polarização); e o sistema de transmissão de energia (garante a emissão
correta da luz em direção ao alvo).

Existem três propriedades que diferem o laser de outras fontes de energia:

• Propriedade monocromática: possui somente uma cor, isso


significa que a luz só possui um único comprimento de onda e é
absorvida pelos cromóforos (substâncias que absorvem luz/fótons)
de forma seletiva (LYON; SILVA, 2015).

• Propriedade de coerência: as ondas de luz emitidas pelo laser


propagam-se juntas no tempo e no espaço, ou seja, os fótons
gerados agrupam-se e viajam na mesma direção de forma
organizada (LYON; SILVA, 2015).

• Propriedade de colimação: a luz segue uma trajetória sem


desvios, não há divergência. As ondas são paralelas com feixe
estreito, provocam uma onda luminosa concentrada e permitem
29

uma concentração maior da luz em um ponto focal, atingindo


grandes distâncias.

Conhecer as características do laser confere conhecimento dos motivos


de ele emitir somente uma cor de luz e atingir, de forma mais precisa, os
tecidos se comparado à Luz Intensa Pulsada (LIP) e ao LED, que possuem
características inversas, por serem policromáticos, incoerentes e não
colimados (LYON; SILVA, 2015).

A interação tecidual explica como o laser interage com a pele de forma


efetiva. Com isso, é fundamental compreender que o laser precisa que
a luz seja absorvida para produzir efeito no organismo, e essa absorção
ocorre por meio dos cromóforos da pele, porém existem alguns fatores
que podem atuar dispersando ou refletindo a luz, o que não traria efeito
no tecido-alvo. Para ser absorvida com eficácia, a luz precisa de uma
certa quantidade de cromóforos no local, assim como do comprimento
de onda correto para aquele cromóforo específico. Com essa interação
tecidual, alguns efeitos são observados:

• Efeito fototérmico: capacidade do cromóforo de absorver luz e


transformar a energia luminosa em calor, destruindo o alvo por
coagulação ou vaporização.

• Efeito fotomecânico: produção de ondas vibratórias que


destroem o alvo, como no caso de lasers no modo Q-switch.

• Efeito fotoquímico: quebra direta das ligações químicas por


agentes fotossensibilizantes.

• Efeito fotobiomodulação: estímulo de atividades intra e


intercelular. Tem ações anti-inflamatórias, anestésicas e de
regeneração tecidual (BORGES; SCORZA, 2016).

A absorção, como mencionado, ocorre por intermédio de cromóforos


da pele, que são a água, a melanina, a hemoglobina e, externamente, os
30

pigmentos de tatuagem. Quando um cromóforo ou célula-alvo absorve


um fóton de luz, toda a energia do laser é transferida para essa molécula
em forma de calor, produzindo efeito térmico no alvo, destruindo-o. O
comprimento de onda é o que mais influencia essa absorção.

Cada parte do nosso organismo ou da pele, no caso, tem uma afinidade


maior com um determinado comprimento de onda. Alguns tecidos
deixam a luz passar sem haver qualquer interação, já aqueles que
contêm os cromóforos são absorvidos, provocando um efeito térmico
seletivo sem comprometer tecidos vizinhos (SANTANA, 2021).

Na estética, os lasers voltados ao tratamento de lesões pigmentadas


ou depilação são: laser de rubi; Nd: YAG; alexandrita; laser de diodo
(vermelhos). Eles se enquadram nessa categoria porque a luz é muito
atraída pela melanina e pouco pela hemoglobina.

De forma resumida, os dois princípios básicos da fototermólise são o


comprimento da onda ideal para que seja atingindo o alvo (cromóforo,
no caso das discromias, o cromóforo é a melanina) específico e a
duração do pulso, que deve ser longo o suficiente para atuar no alvo,
porém rápido para causar o mínimo de danos nos tecidos vizinhos.

O aumento da temperatura no tecido depende da quantidade de energia


que é ofertada, por isso é importante conhecer o que se refere à energia
(medida em joule — J), à potência (medida em watt — W) e à fluência
(medida por J/cm2). Portanto, a energia (J) é a quantidade de potência
(W) multiplicada pelo tempo (segundos), enquanto a fluência (J/cm2) é a
energia dividida pelo tamanho da área (cm2) a ser tratada. Quanto maior
a fluência (entrega de energia na área selecionada), maior será o aumento
da temperatura, ou seja, maiores a intensidade e o efeito desejado.
Por isso, para escolher os parâmetros adequados é necessário ler
atentamente o manual de cada equipamento adquirido, além de atentar-
se para o fototipo cutâneo do paciente (TASSINARY et al., 2019).
31

2.1 Técnicas de aplicação

Os cuidados para o dia da sessão iniciam-se com a realização da ficha


de anamnese para observar as possíveis contraindicações e os dados
importantes para o andamento do procedimento. A pele deve estar
limpa e higienizada com sabonete neutro. É preciso ter cuidado com o
uso de cosméticos abrasivos ou que contenham álcool, eles não podem
ser usados. Não se esqueça, também, do uso dos óculos protetores para
o profissional e o paciente (BORGES; SCORZA, 2016; LACRIMANTI, 2014).

A ponteira do laser deve estar perpendicular à pele, ela não deve ficar
apoiada sobre a pele, pois há a necessidade de deslizá-la por toda a
área tratada. Para facilitar a aplicação, divida a face em: testa, hemiface
direita e hemiface esquerda. Na finalização do laser, podem ser feitas
compressas geladas para amenizar a sensação de queimação e a
utilização do filtro solar com Fator de Proteção Solar (FPS) acima de 40
diariamente. Indique a utilização de água termal na pele três vezes ao
dia para melhor reepitelização da pele.

É importante sempre aplicar o termo de consentimento livre e esclarecido,


mencionando o objetivo do tratamento, assim como todas as possíveis
intercorrências e complicações que o paciente está suscetível a ter. Ao
assinar o termo, deve haver ciência de todos os riscos e concordância com
a realização do procedimento (BORGES; SCORZA, 2016).

3. LED em discromias

A ação do LED se dá por meio da estimulação direta e intracelular,


especificamente nas mitocôndrias, reorganizando as células e
estimulando outros resultados no chamado efeito de fotobiomodulação.

O LED azul tem comprimento de onda de 405 nm (azul) e possui efeito


hidratante, que pode ser utilizado para tratamentos de hiperpigmentação
orbicular vascular (BORDINI; OLIVERIA; MOREIRA, 2019).
32

A irradiação no fotorreceptor gera uma cascata de respostas das células


que resulta em modulação da função celular, proliferação e reparo
de células comprometidas. O termo que descreve esse processo de
potencialização da função celular é fotobiomodulação (SANTANA, 2021).

Figura 1 – Câmera de LED

Fonte: Shutterstock.com.

O mecanismo de ação da fototerapia em questão necessita da


seleção de um comprimento de onda adequado a fim de estimular
a mitocôndria a produzir mais ATP (energia). A célula, por sua vez,
com mais energia, irá acelerar a troca de nutrientes como também a
eliminação de toxinas do organismo de forma mais eficaz.

De acordo com a luminosidade, cada cor tem seu comprimento:


quanto menor, mais superficial será a terapêutica (BORDINI;
OLIVERIA; MOREIRA, 2019):
33

• Luz violeta (380-450 nm): alcança somente a epiderme, tendo


função bactericida, fungicida e hidratante.

• Luz azul (450-495 nm): alcança somente a epiderme, tendo função


bactericida, clareadora, fungicida e hidratante.

• Luz verde (495-570 nm): alcança toda a epiderme e a derme


superficial, tendo função clareadora e rejuvenescedora.

• Luz amarela e laranja (570-600 nm e 600-650 nm): atuam na


derme, tendo função clareadora e rejuvenescedora.

• Luz vermelha (650-950 nm): atua na derme como ativadora de


fibroblastos e células de reorganização e firmeza da pele, além de
inibir enzimas como colagenase e elastinase.

• Luz infravermelha (maior que 950 nm): age desde a derme


profunda até a camada muscular induzindo a ativação dos
fibroblastos, a degranulação de mastócitos (ação anti-inflamatória)
e a analgesia temporária.

Portanto, as luzes mais indicadas para melhora de hiperpigmentações


são as luzes verde, azul, amarela e laranja. A técnica de aplicação é
simples e se resume a posicionar a manopla do equipamento sobre a
pele, ou, utilizar máscaras faciais com LED. A média de aplicação são
de 15 a 20 minutos, e a frequência de aplicação varia com os objetivos
e com o protocolo de tratamento de maneira geral, mas, em casos de
discromias, indica-se cerca de duas sessões por semana.

A técnica é contraindicada em neoplasias em atividade,


hipersensibilidade cutânea e epilepsia (modo pulsado).

Durante a sessão, o paciente poderá ter sensação de calor, claridade (luz


vermelha) e ardência leve a moderada na região tratada. É necessário
lembrar que é indispensável os óculos de proteção para o paciente e
para o profissional.
34

4. Microdermoabrasão em discromias

O termo microdermoabrasão sugere equipamentos que promovem


uma esfoliação mecânica na pele, conhecidos como peeling de cristal e
peeling de diamante. É um tipo de peeling mecânico que possui níveis de
abrasão distintos, os quais dependem da pressão positiva do esteticista,
do nível de sucção do equipamento, da velocidade das manobras, do
tempo aplicado e do tipo de pele do paciente.

O equipamento é conhecido como um importante recurso esfoliativo


da pele, muito utilizado nos tratamentos de discromias e também
em outros procedimentos, como tratamento de rejuvenescimento
e limpeza de pele profunda. A microdermoabrasão se diferencia
em dois equipamentos. O primeiro é o peeling de cristal, que utiliza
grânulos de alumínio (cristais). Ele é impulsionado para a pele pela
pressão positiva do equipamento, e os resíduos da pele (células
mortas, restos de cristais) são sugados pela pressão negativa também
do equipamento (TASSINARY et al., 2019).

Já o peeling de diamante se utiliza de uma caneta de metal com ponteira


diamantada, com aspecto de uma lixa que possui diversos tamanhos
e granulometrias. Essa caneta é acoplada no equipamento a vácuo,
que faz a pressão negativa. Conforme o esteticista vai realizando os
movimentos com a lixa na pele, esta vai desprendendo as células mortas
que o equipamento vai sugando simultaneamente.

Antes de falar sobre o papel da microdermoabrasão nos tratamentos


de discromias hiperpigmentadas, é importante mencionar que a
hiperpigmentação ocorre quando a enzima tirosina desencadeia a
superprodução de melanina, que é causada por uma variedade de
fatores, especificamente, a exposição prolongada ao sol sem proteção,
pílulas anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, gravidez,
alguns antibióticos e, em determinados indivíduos, até mesmo pela
35

irritação da pele. Muitas vezes, a hiperpigmentação é difícil de tratar,


porque a fonte do problema pode continuar sendo uma constante,
como as pílulas anticoncepcionais.

A microdermoabrasão pode ser uma ferramenta eficaz para o


tratamento de hiperpigmentação. Para o cliente que adere ao
tratamento, um programa de microdermoabrasão associado a uma
terapia complementar adequada, em geral, pode resolver o problema,
dependendo da profundidade do pigmento.

Compreendido isso, é possível mencionar que o uso de


microdermoabrasão nas hiperpigmentações baseia-se na capacidade
de diminuição do estrato córneo, retirando parte dos queratinócitos
hiperpigmentados e promovendo o afinamento da pele, para que
os princípios ativos permeiem com maior facilidade. Por isso, em
casos de manchas superficiais e para o clareamento geral da face
apenas a utilização da microdermoabrasão já trará bons resultados,
mas, em manchas mais profundas, serão necessárias associações
de dermocosméticos despigmentantes e/ou de outros recursos
eletroestéticos, já que a microdermoabrasão visa a retirada apenas
da camada mais superficial da pele. Apenas os profissionais médicos
poderão realizar abrasões mais profundas, sejam elas, mecânicas ou por
meio de peelings e lasers.

Além disso, é possível obter melhora geral do aspecto da pele da


face devido aos outros benefícios da técnica que são a melhora da
neovascularização, regeneração tecidual e estímulo da síntese de
colágeno (TASSINARY et al., 2019).

A pressão ideal para trabalhar é de -200 mmHg a -400 mmHg, podendo


ser alterada. Na face, geralmente inicia-se com uma pressão leve
podendo aumentar aos poucos conforme a necessidade da pele. No
momento da aplicação da microdermoabrasão é recomendado estirar
a pele com uma mão e com a outra realizar os movimentos lineares
36

tanto com o peeling de diamante como o peeling de cristal e, movimentos


circulares apenas para o peeling de cristal (BORGES; SCORZA, 2016).

A microdermoabrasão é um tratamento tão seguro, que raramente se


pensa em precauções. No entanto, todos os procedimentos, incluindo
a microdermoabrasão, têm precauções. Ao tratar os clientes com
microdermoabrasão, o esteticista deve ter maior consciência quando
depara com as seguintes questões: transtorno dismórfico corporal
(TDC), pele sensível, exposição solar frequente, hepatite, síndrome da
imunodeficiência adquirida (Aids) e HIV, gravidez ou lactação e lesões
suspeitas. Em pápulas e pústulas o procedimento não deve ser realizado
devido ao rompimento que poderá levar a infecções. Em cicatrizes de
acne é recomendada a aplicação.

5. Intradermoterapia pressurizada em
discromias

A intradermoterapia pressurizada é a técnica que utiliza uma pistola


eletrônica e mecânica para ativos em região subcutânea superficial.
O fundamento teórico que justifica a intradermoterapia pressurizada
compreende o conceito de que o fármaco injetado na pele é liberado
lentamente, mantendo um microdepósito que torna possível uma ação
prolongada. Isso possibilita o uso de doses menores para alcançar o
efeito terapêutico desejado no tecido-alvo.

Quanto mais superficial a aplicação maior o tempo que a medicação


leva para ser difundida e eliminada. Assim, o conceito principal da
intradermoterapia refere-se ao fato de que a lenta ação local possibilita
doses menores a intervalos maiores para alcançar o efeito terapêutico.
De maneira geral utiliza-se o maior número possível de punturas e
menor dose possível por local da injeção.
37

A seguir, alguns ativos que podem ser utilizados nessa técnica:

• Ácido mandélico: atua na inibição da síntese de melanina e


aumenta o turnover celular, renovando a derme mediante a síntese
de colágeno, por isso contribui para despigmentar a pele como
para auxiliar no rejuvenescimento.

• Gluconato de cobre: o íon cobre desempenha no organismo


um importante papel como cofator para as enzimas superóxido
desmutase (SOD), citocromo oxidase, dopamina-beta-hidroxilase,
lisiloxidase e tirosinase. Normaliza a tonalidade da pele, sendo um
cofator da tirosinase, primeira enzima da cadeia metabólica que
transforma a tirosina em melanina. Melhora a estrutura da pele e
também é cofator da lisil oxidase, responsável pelo crosslinking do
colágeno. Está indicado para o tratamento de estrias brancas.

• Sulfato de condroitina: o sulfato de condroitina A-C é um


mucopolissacarídeo constituído por sequências repetidas e
bem definidas de dissacarídeos, tem a capacidade de reter
grande quantidade de água, por isso é indicado como método
complementar em tratamentos para o melasma, já que essa
hiperpigmentação tem relação com a desidratação tecidual.

• Acetyl glucosamine – acetilglucosamina: amino monossacarídeo


que ocorre naturalmente no corpo como parte de outras
substâncias químicas, como glicoproteínas. Minimiza a
hiperpigmentação por inibir a síntese de tirosinase além de
hidratar a pele, combater o envelhecimento, clarear e iluminar a
pele e evitar a hiperpigmentação pós-inflamatória.

• Idebenone – idebenona: oxidante capaz de proteger a pele de


uma variedade de ataques de radicais livres, incluindo a formação
de substâncias químicas secundárias que afetam negativamente
a fisiologia da pele. Ajuda a melhorar a hiperpigmentação,
porque sua estrutura molecular é semelhante à da hidroquinona.
Embora a maior parte dos benefícios seja vista principalmente na
38

epiderme, também foi confirmado certo aumento do colágeno


dérmico (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

As contraindicações para o uso da intradermoterapia pressurizada são:

• Gestantes e lactantes.

• Colagenoses.

• Doenças relacionadas com o fenômeno de Koebner.

• Pacientes com neoplasias.

• Doenças inflamatórias e/ou infecciosas no local da aplicação.

• História de alergia a algum dos medicamentos ou veículos


utilizados.

• Lesões pré-cancerosas no local (fatores de crescimento).

6. Conclusão:

Desde que os profissionais da beleza passaram a contar com a


tecnologia eletroestética, os protocolos estéticos faciais para melhora
de hiperpigmentações se tornaram cada vez mais promissores, devido
ao fato de esses equipamentos gerarem efeitos fisiológicos tanto na
epiderme como na derme, beneficiando diferentes afecções estéticas
e de maneira profunda. Podemos dizer que, hoje, o profissional esteta
promove resultados tão satisfatórios quanto os dos profissionais que
utilizam técnicas mais invasivas ou mais agressivas.

Referências
39

AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
BORDINI, K.; OLIVEIRA, L.; MOREIRA, J. Efeitos do led azul no tratamento do
melasma: revisão de literatura. Revista Científica da Fundação Hermínio Ometto,
v. 7, n. 1, 2019.
BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São
Paulo: Phorte, 2016.
LYON, Sandra; SILVA, Rozana Castorina. Dermatologia Estética–Medicina e
Cirurgia Estética. 1. ed.–Rio de Janeiro: MedBook, 2015.
SANTANA, Priscila Morais. Melasma: tratamento e suas implicações estéticas.
Medicus, v. 3, n. 2, p. 1-12, 2021.
TASSINARY, J. et al. Raciocínio clínico aplicado à estética facial. Porto Alegre:
Estética Experts, 2019.
40

Recursos Terapêuticos na Flacidez


Facial
Autoria: Katiane Aparecida Soaigher
Leitura crítica: Larissa de Cássia Testai Jacob

Objetivos
• Identificar os tratamentos estéticos para flacidez
facial.

• Conhecer quais tratamentos estéticos são


empregados para flacidez facial.

• Compreender os tratamentos estéticos utilizados


para flacidez facial.

• Aprender sobre os recursos estéticos que são


usados no tratamento da flacidez facial.
41

1. Tratamento eletroestético para flacidez


facial

A flacidez pode ser definida como a qualidade do tecido cutâneo com


aspecto frouxo ou mole, onde a sustentação e tensionamento da pele se
encontram comprometidos.

A flacidez tissular ou também conhecida como a flacidez da pele é


caracterizada pela perda de componentes importantes do tecido
conjuntivo como elastina e colágeno assim como a diminuição
de fibroblastos e suas funções, o que resulta na queda desses
componentes, uma vez que o fibroblasto é a célula responsável pela
produção dessas fibras proteicas.

A falta de colágeno e elastina leva ao “afrouxamento” da pele por


falta de firmeza e sustentação entre as células, ou ainda tracionando
a estrutura acima (epiderme) além de sua capacidade resistiva
(TASSINARY et al., 2019).

Já a flacidez muscular é uma alteração estética e fisiológica que acomete


o tecido muscular esquelético devido à perda ou redução das fibras
musculares e seu tônus. A hipotrofia muscular pode ocorrer por vários
fatores, mas principalmente pela falta de recrutamento constantemente
das fibras musculares. Em consequência disso, os músculos apresentam
contornos não definidos, evidenciando a flacidez desse tecido.

As abordagens terapêuticas para flacidez são diferentes de acordo


com o tipo. A eletroterapia pode atuar tanto na flacidez tissular como
na muscular, e, caso o paciente apresente associação dos dois tipos de
flacidez, será necessária a utilização de equipamentos e outros recursos
que atuem nos dois tipos.
42

2. Radiofrequência para flacidez facial

A radiofrequência (RF) é um equipamento que promove calor intenso no


tecido cutâneo provocando reações bioquímicas, fisiológicas e físicas nos
tecidos. No caso da flacidez tissular, o objetivo é que esse calor atue a
nível dérmico, aumentando a produção de colágeno e elastina na pele.

As melhores manoplas para serem utilizadas na flacidez tissular


são as hexapolar ou octopolar que atuem de modo mais superficial
no tecido cutâneo, visando à derme para o estímulo ao fibroblasto
(TASSINARY et al., 2019).

O uso da radiofrequência na flacidez tissular pode trazer excelentes


respostas fisiológicas como uma maior nutrição tecidual, a diminuição
da distensibilidade e o aumento da densidade do colágeno, além de
estimular a síntese de fibras de elastina.

O mecanismo de ação da radiofrequência na flacidez tissular é baseado


no incremento e substâncias precursoras de colágeno como interleucina
1-beta (IL-1b), TNF-a, MMP-13, MMP-1, proteínas de choque térmico
(HSP47 e HSP72) e fator beta transformador de crescimento (TGF-b) que
se mantêm ativados até 2 dias depois do uso da radiofrequência, por
consequência, por até 28 dias após o tratamento teremos estímulo a
tropoelastina, fibrilinas e procolágeno I e III (TASSINARY et al., 2019).

Alguns autores trazem que a derme logo após aquecida (de forma
uniforme), ocorre a desnaturação do colágeno, o que leva à contração
imediata da fibra, melhorando o aspecto da pele, pelo tensionamento
da fibra, este processo também gera um processo inflamatório que
tardiamente leva à formação de neocolagênese. Lembrando que a
temperatura ideal para trabalhar na flacidez tissular facial é de 38° a 40°
na pele, de 3 a 5 minutos por quadrante (BORGES; SCORZA, 2016).
43

3. Radiofrequência pulsada microagulhada


para flacidez facial

A regeneração dérmica na interface papilar-reticular se deve ao uso


de energia fracionada randômica de alta frequência disparada sobre a
pele, proporcionando estímulo de fibroblastos com consecutiva síntese
de fibras elásticas e colágenas, assim como regeneração epidérmica
devido à migração de queratinócitos. Apresenta-se, dessa maneira, uma
abordagem totalmente inovadora para o rejuvenescimento cutâneo, por
meio da energia sublativa ou ablativa, mediante o uso de eletrodos, com
várias agulhas, conectados a um aparelho de radiofrequência. Realizada
de forma precisa e pontual, essa técnica não implica comprometimento
do tecido adjacente aos micropontos vaporizados e proporciona
significativo impacto no tecido, favorecendo o estímulo para a síntese do
novo colágeno (LYON; SILVA, 2015).

Os eletrodos que contêm as agulhas são compostos, respectivamente,


de duas, quatro ou oito agulhas de tungstênio, com diâmetro de 200
milésimos de milímetro, com peso e comprimentos idênticos e dispostos
de forma paralela, tendo como objetivo atingir o mesmo plano de
profundidade. As agulhas com comprimento de 1,5 mm ultrapassam
a epiderme e agem na derme, estimulando a contração e a renovação
do colágeno. Na figura a seguir, é possível visualizar como é a manopla
desse equipamento (PEREIRA, 2019).
44

Figura 1 – Manopla da radiofrequência pulsada microagulhada

Fonte: Shutterstock (2022).

A radiofrequência fracionada propicia a passagem de corrente entre as


microagulhas, levando à ativação de fibroblastos dérmicos, melhorando
a formação de colágeno (LYON; SILVA, 2015). O método de aplicação se
resume a utilizar a ponteira, preferencialmente, de dentro para fora,
por cerca de 30 minutos em toda a face, e, é claro, sempre trocando a
ponteira a cada paciente, pois é descartável. O intervalo entre as sessões
é de 20 a 30 dias, e geralmente obtém-se um bom resultado a partir da
terceira sessão. Em casos de peles com grau de flacidez maior podem
ser necessárias de 6 a 8 sessões. É importante verificar sempre como
cada paciente responde ao tratamento para prosseguir apenas se os
resultados estiverem sendo satisfatórios. Muitas vezes os resultados
não serão vistos imediatamente a olho nu, mas, com um teste de tração
da pele antes, durante e após o tratamento será possível demonstrar
para o paciente como a qualidade da pele melhorou ou não. No geral, os
resultados são visíveis e satisfatórios, especialmente se o paciente não
fuma, bebe uma quantia de água ideal para seu peso e mantém uma
alimentação balanceada.
45

4. Eletroestimulação muscular para flacidez


facial
Para tratar flacidez muscular o objetivo é diferente da flacidez tissular.
Na área da estética, há algumas tecnologias disponíveis que atuam com
correntes elétricas terapêuticas para estimular o músculo, por meio de
pontos motores, para gerar uma contração muscular e, dessa maneira,
gerar o fortalecimento muscular. Atualmente o equipamento que gera
eletroestimulação muscular facial com contração, com maior efetividade,
é a corrente russa. É necessário lembrar que para que o tratamento seja
efetivo é importante que o profissional de estética saiba da existência
dos pontos motores, bem como de sua localização (PEREIRA, 2019).

Figura 2 – Eletroestimulação muscular com corrente russa

Fonte: Shutterstock.com.

A corrente russa é um equipamento de média frequência (2.500 Hz)


que pode ser modulada por bursts (rajadas) de 50 a 100 Hz. Tem como
objetivo principal a estimulação a contração muscular para fim de
melhorar tônus muscular. A corrente russa é gerada em bursts para ser
mais confortável para o cliente e evitar a fadiga muscular, já que nas
frequências de 50 a 100 Hz se obtém a contração efetiva dos músculos
sem causar lesão (PEREIRA, 2019).
46

A corrente russa consegue promover a contração muscular de todas


as fibras ao mesmo tempo de forma sincronizada. A hipertrofia
muscular ocorre devido ao recrutamento das unidades motoras; os
estímulos elétricos são capazes de alterar as estruturas das fibras
musculares, tornando fibras brancas (de contração rápida) em fibras
vermelhas (de contração lenta).

Além do poder de hipertrofia muscular, a corrente russa também


consegue atuar melhorando a circulação sanguínea e linfática,
favorecendo a eliminação de toxinas e melhorando o retorno venoso. O
equipamento conta com os seguintes parâmetros:

• Regime de emissão da corrente: sincronizada – é a melhor opção


para o recrutamento de todas as fibras ao mesmo tempo.

• Frequência modulada: entre 50 e 80Hz para atuar nas fibras


brancas.

• Rampa de subida e rampa de descida: entre 2 e 5 segundos.

• Tempo ON: é o tempo de contração da corrente, se o paciente


pratica atividade física o tempo ON deve ser maior que o tempo
OFF. Se o paciente é sedentário o tempo ON deve ser menor ou
igual ao tempo OFF. Tempo – entre 4 e 9 segundos de acordo com
o perfil de cada paciente.

• Tempo OFF: é o tempo de descanso/relaxamento, sem a ação da


corrente elétrica. Pessoas que praticam atividade física o tempo
de descanso deve ser menor que o tempo ON, se sedentárias o
tempo de descanso maior que o tempo ON.

• Intensidade: até visualizar a contração muscular.

• Tempo da sessão na face: 20 a 30 minutos (PEREIRA, 2019).


47

A colocação dos eletrodos deve ser sempre respeitando a inserção e a


origem dos músculos, sendo posicionado sempre em pares (eletrodo
positivo e negativo), com gel para condução da corrente elétrica. As
contraindicações são: lesões musculares, lesões nervosas, miopatias
graves, inflamações articulares, fraturas não consolidadas e gestante.

5. Fios de sustentação PDO (polidioxanona)


para flacidez facial

A ideia dos fios de sustentação vem sendo observada ao longo dos


tempos. Existem relatos de fios de ouro encontrados em múmias egípcias.
Há algumas décadas, os fios de sustentação ressurgiram, utilizando-se
fios farpados e não absorvíveis de polipropileno para lifting facial, o que se
popularizou com o apelido de “fio russo”. Desde então, vários fios foram
usados com a promessa de rejuvenescimento sem cirurgia. Entretanto, os
resultados foram, muitas vezes, desapontadores. Os fios não absorvíveis
perdiam o efeito de tração e sustentação e, por vezes, tornavam-se
aparentes (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

As experiências iniciais com os fios de sustentação frutificaram e evoluíram


com a melhora dos efeitos dos fios não absorvíveis e com a nova geração
de fios absorvíveis, que, além da tração inicial, causam neocolagênese
e reduzem efeitos colaterais, mudando a perspectiva do tratamento. É
fundamental entender o que o fio pode oferecer, que tipo de mudança ele
pode induzir e qual a sua real eficácia (BORTOLOZO, 2017).

Os fios de sustentação dividem-se em absorvíveis e não absorvíveis.


Os fios também podem ser classificados quanto à sua constituição,
à existência de estruturas que aumentam a interação tecidual, ao
tipo dessas estruturas (nós, farpas, espículas ou cones) e à forma
de aplicação, com ancoragem tecidual ou não. Estes últimos, os não
ancorados, fazem bioestímulo e sustentação, sem tração ou elevação.
48

• Suturas ancoradas

A ancoragem do fio pode ser feita profundamente na fáscia muscular


ou em tecidos mais fibrosos e resistentes na porção periférica da
face, em sua junção com o couro cabeludo. A ancoragem possibilita a
sustentação tecidual para obter o efeito de elevação desejado. Além do
ponto distal de ancoragem, os fios apresentam múltiplas proeminências,
caracterizadas por nós, farpas ou espículas e cones, que criam zonas de
maior interação entre fio e tecido, promovendo maior distribuição do
peso tecidual ao longo do fio. Isso permite maiores forças de tração e
duração do efeito (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

• Suturas não ancoradas

Fragmentos de polidioxanona (PDO) de comprimento variável e espessura


de 0-0 a 7-0, essas suturas podem ser lisas, espiraladas ou farpadas e
estão introduzidas na luz de agulhas de comprimento variável.

Os mecanismos de ação dos fios não ancorados de PDO são a


neocolagênese e a sustentação mecânica. As suturas lisas são colocadas
em paralelo ou em rede, promovendo zonas de neocolagênese e
sustentação tecidual. Múltiplas suturas lisas, colocadas nas áreas
perioral ou periorbitária, têm efeito interessante, semelhante ao de
preenchedores, isto é, observa-se uma força que se opõe à contração
muscular dos orbiculares como efeito imediato dos fios e, após
algumas semanas, uma melhora das linhas finas e da textura da pele,
secundariamente à neocolagênese. Ainda, essa técnica apresenta como
vantagem a não volumização da região tratada (BORTOLOZO, 2017).

As suturas espiraladas têm efeito semelhante, mas possibilitam uma


maior quantidade de fio por área de tecido e, com isso, apresentam
maior estímulo à neocolagênese.

• Sutura não ancorada (PDO)

A escolha dos fios se relaciona com a área de tratamento. Em áreas de


pele mais fina, como as pálpebras inferiores, utilizam-se fios mais finos;
49

já nas rítides periorbitais e na glabela, fios um pouco mais espessos.


Nessas regiões, preferem-se os fios lisos. Em rítides profundas da
glabela, pode-se utilizar os fios em espiral.

A técnica de aplicação é a seguinte (BORTOLOZO, 2017):

1. Anestesia tópica por 30 min. é suficiente, pois as agulhas que


portam os fios têm, em geral, um bisel bastante afiado, tornando a
aplicação pouco dolorosa.

2. Antissepsia com clorexidina 2% de toda a face.

3. Marcação da área a ser tratada.

4. As agulhas são introduzidas em toda a sua extensão, na região


justadérmica ou no subcutâneo superficial. Deve-se estar atento
ao plano, pois fios colocados muito superficialmente podem ficar
aparentes e os muito profundos têm efeito reduzido.

5. Após a introdução de toda a agulha, certificar-se de que a trava


do fio já foi liberada, pois, do contrário, o fio será removido com a
retirada da agulha.

6. Com o fio totalmente liberado, faz-se pressão leve sobre a ponta da


agulha e retira-se esta, de modo que o fio fique dentro do tecido.

7. Após a colocação dos fios, deve-se fazer o estiramento da pele,


visando à penetração do fio em toda a sua extensão. Evitam-
se, assim, a extrusão do fio e infecção secundária. Pontas de fio
aparentes devem ser cortadas.

Pós-procedimento: aplica-se creme cicatrizante e sem antibiótico, e o


paciente é orientado a manter a área tratada limpa. Não é necessário
curativo e o paciente pode usar tópicos, inclusive maquiagem, no dia
seguinte ao procedimento. Exercícios físicos são desaconselhados por 48
h e não há restrição quanto ao decúbito.
50

Contraindicações: saúde debilitada, doenças autoimunes, herpes


ou infecção bacteriana ativa, gravidez e alergia são contraindicações
à técnica. Além dessas, deve-se evitar situações em que a resposta
terapêutica é limitada, como ptose excessiva dos tecidos, pele muito
fina, incapacidade de ocultar o fio e rítides muito profundas (AZULAY;
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

Complicações: equimoses, edema e hematomas compreendem


complicações comuns e esperadas. O edema tende a resolver-se
espontaneamente em 2 a 3 dias, sem a necessidade de tratamento.
As equimoses evoluem habitualmente em cerca de 7 dias e podem
ser camufladas por bases cosméticas ou filtro solar com cor. Durante
o período de absorção das equimoses, o paciente deve evitar a
exposição solar, pelo risco de pigmentação persistente (AZULAY;
AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

O dolorimento leve por alguns dias é esperado nas áreas de aplicação


dos fios não ancorados. Já os fios ancorados provocam dor constritiva
leve ou moderada que pode persistir por vários dias. A dor é bem
controlada por analgésicos comuns.

Os fios não ancorados de PDO têm efeito variável (6 a 9 meses)


dependendo do número de fios utilizados na região. Fatores que
influenciam a neocolagênese, como tabagismo, restrição nutricional e
prática excessiva de exercícios, devem ser considerados no momento
da escolha da técnica. O tratamento da glabela e da região periorbital
também tem seu resultado e duração otimizados com a associação da
toxina botulínica (BORTOLOZO, 2017).

Todo paciente deve ser avaliado de maneira completa. A harmonia e a


mensagem facial exibidas devem ser observadas e, a partir da avaliação
do todo, cada estrutura (pele, músculos, subcutâneo e ossos) precisa
ser revisada. Após essa análise minuciosa e organizada, o médico terá
condições de enumerar os problemas, identificar em quais estruturas
51

eles encontram e definir quais procedimentos serão necessários. Os


bons resultados advêm dessa avaliação sistematizada que possibilita a
combinação de procedimentos de maneira sinérgica e a elaboração de
planos terapêuticos. Assim, um paciente com ptose de supercílios e perda
volumétrica temporal pode se beneficiar com fios de sustentação, toxina ou
preenchimento isoladamente, mas é na associação dos três procedimentos
que poderá obter os melhores e mais duradouros resultados.

6. Conclusão

Os diferentes tipos de flacidez podem ser encontrados no paciente de


forma individual ou de forma conjunta, cabe ao profissional de estética
avaliar com critério cada condição física do tecido para identificar a
flacidez tissular ou muscular, ou se o paciente apresenta ambas ao
mesmo tempo. Após essa análise será possível obter bons resultados,
pois, como evidenciado, temos uma gama interessante de procedimento
tanto para a flacidez tissular como para a flacidez muscular.

Referências
AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São
Paulo: Phorte, 2016.
BORTOLOZO, F. A-PDO- Técnica de elevação de sobrancelhas com fios de
polidioxanona ancorados–relato de 10 casos. Brazilian Journal of Surgery and
Clinical Research, v. 20, n. 1, p. 76-87, 2017.
LYON, S.; SILVA, R. C. Dermatologia estética–Medicina e cirurgia estética. 1. ed.–
Rio de Janeiro: MedBook, 2015.
PEREIRA, M. de F. L. Recursos técnicos em estética I. 2ª ed. São Caetano do Sul, SP:
Difusão editora, 2019.
TASSINARY, J. et al. Raciocínio clínico aplicado à estética facial. Porto Alegre:
Estética Experts, 2019.
52

Recursos Terapêuticos Faciais no


Tratamento da Acne
Autoria: Katiane Aparecida Soaigher
Leitura crítica: Larissa de Cássia Testai Jacob

Objetivos
• Identificar os tratamentos estéticos para acne.

• Conhecer quais tratamentos estéticos são


empregados no tratamento da acne.

• Compreender os tratamentos estéticos utilizados


para melhora do aspecto facial em pacientes com
acne.

• Aprender sobre os recursos estéticos que são


usados no tratamento da acne.
53

1. Tratamento eletroestético na acne

A acne, vulgarmente conhecida como espinha, é uma das alterações


dermatológicas que mais geram procura por tratamento nas clínicas de
estética. O fator estético conta muito, porém não é o único motivo que
deve ser levado em consideração. A acne, em estágios mais graves, pode
levar à baixa autoestima, e o indivíduo pode desenvolver ansiedade e
depressão, isolando- se da sociedade por vergonha da aparência da pele.

A acne, vale ressaltar, é multifatorial, pois, comumente, não há somente


uma causa para relacionar ao surgimento dela, e sim várias, ao mesmo
tempo. É difícil definir, muitas vezes, quais são as causas que podem
levar o paciente a ter as lesões inflamadas na pele, por isso é importante
investigar as possibilidades e verificar o que está ao alcance do
profissional de estética e o que não está (KAMIZATO; BRITO, 2014).

• Influência hormonal (andrógenos).

• Influência alimentar (consumo excessivo de leite).

• Obstrução mecânica (uso de bonés, chapéus etc.).

• Exposição ocupacional (lugar onde mora ou trabalha; se o


ambiente é quente, oleoso etc.).

• Medicamentos (esteroides anabólicos, corticoides etc.).

• Menstruação (alteração hormonal).

• Cosméticos comedogênicos.

Uma vez reconhecida quais as causas, e, identificado qual é o tipo de


sequela de acne, se faz necessário compreender que os equipamentos
que promovem o estímulo de colágeno (geralmente utilizam fontes
de calor) não são recursos adequados para cicatrizes hipertróficas
54

e atróficas, mas podem ser utilizados nas cicatrizes atróficas para


remodelar e preencher, novamente, o tecido (PEREIRA, 2019).

Os equipamentos de eletroterapia auxiliam muito os tratamentos


estéticos, pois promovem ações que não seriam possíveis somente com
o uso de cosméticos. O LED, a alta frequência, o desincruste, o laser
de baixa intensidade e a luz intensa pulsada são muito eficientes no
tratamento de acne e têm objetivos que podem ser semelhantes ou não,
por isso, ao elaborar um plano de tratamento para pele acneica, utilizando
recursos eletroestéticos, é necessário conhecer a ação de cada um.

2. Alta frequência no tratamento da acne

O equipamento de alta frequência consiste em gerar ondas


eletromagnéticas de alta frequência, com corrente alternada entre
200.000 Hz e intensidade de 100 mA. Quando essas ondas entram em
contato com o ar, ocorre uma reação com o oxigênio atmosférico (O2),
transformando-se em ozônio (O3), o que resulta na ação bactericida
e fungicida, beneficiando quadros de acne (ou outros casos) que
necessitem de assepsia. Essa reação acontece dentro dos eletrodos de
vidro que compõem o aparelho. Os efeitos da alta frequência são:

• Efeito térmico: pela geração de calor, o que promove


vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo e oxigenação celular.

• Efeito bactericida: pela geração de ozônio, eliminando as


bactérias da acne.

• Efeito cicatrizante: quando o ozônio entra em contato com


fluidos orgânicos, promove formação de moléculas reativas
ao oxigênio, as quais influenciam eventos bioquímicos, como
aumento do metabolismo celular, levando a uma recuperação
tecidual mais rápida.
55

• Efeito anti-inflamatório: apesar desse efeito não ser o mais


estudado e comprovado cientificamente, ainda assim é um efeito
visualizado em peles que apresentam inflamação (TASSINARY, 2019).

Esse método é utilizado depois da extração de comedão e de acne


na limpeza de pele, por todos os efeitos já citados. Além disso, o
equipamento também pode ser indicado para acne inflamada, pós-
depilação, para prevenir foliculite e desinfecção do couro cabeludo. É
contraindicado nos casos de marca-passo, em gestantes, em distúrbios
de sensibilidade, com produtos inflamáveis contendo álcool ou éter, em
neoplasias e em implantes metálicos (BORGES; SCORZA, 2016).

Os eletrodos de vidro possuem diversos formatos para determinada


situação ou região. São eles: o formato cebolão ou cebolinha para a pele,
de modo geral; o formato de bico para lesão de extração mais extensa;
eletrodo forquilha para a região de pescoço; o formato de pente para
o couro cabeludo e cabelo; o saturador, que é uma caneta, no qual o
paciente segura e o massoterapeuta massageia o rosto do paciente, é
usado para permeação de ativos (BORGES; SCORZA, 2016).

Existem três modos de aplicação de alta frequência, que são:

• Aplicação direta ou efluviação: é a técnica mais comum de se


utilizar, na qual o eletrodo de vidro (cebolão, cebolinha, pente)
trabalha diretamente na pele do paciente. Geralmente se utiliza
uma gaze sobre a face para um melhor deslizamento do eletrodo.

• Aplicação à distância ou faiscamento: utiliza-se o eletrodo


de forma de bico, o qual não encosta na pele, mas se mantém
uma distância pequena (1 cm aproximadamente) da pele para
promover o faiscamento, melhorando a cicatrização e levando um
tipo de cauterização do tecido lesionado. Ideal para locais da acne
inflamada ou depois da extração com lesão extensa.
56

• Aplicação indireta ou saturação: utiliza-se o eletrodo de saturador


para promover a permeação de ativos. É indicado que o paciente não
esteja com adornos, como brincos, anéis, pulseiras ou correntes. O
paciente que irá receber a corrente elétrica deverá segurar o eletrodo
saturador em uma das mãos, enquanto o terapeuta irá realizar
movimentos leves com os dedos, gerando pequenas faíscas na face
e um aumento da vascularização e oxigenação do tecido, ideal para
massagens com cremes cosméticos (PEREIRA, 2019).

O tempo de aplicação do equipamento de alta frequência gira em


torno de 3 a 5 minutos. Como ele também pode ser utilizado em caso
de ulcerações para cicatrização, nesse caso, pode-se utilizar um tempo
maior de 15 minutos.

A intensidade se dá sempre de acordo com a tolerância da paciente, mas


busca-se o máximo de faiscamento ou luminosidade, visto que a alta
frequência tem colorações laranja ou violeta dentro do eletrodo de vidro
provocado pelo vácuo ou por gás de neon (PEREIRA, 2019).

3. Desincruste no tratamento da acne

O desincruste é um procedimento realizado pelo equipamento de


corrente galvânica, conhecida como sendo uma corrente unidirecional
e monopolar. Isso significa que ela possui dois polos fixos (corrente
polarizada), o positivo e o negativo, que seguem um caminho
unidirecional, ou seja, os elétrons se dirigem do polo positivo em
direção ao polo oposto, fechando o circuito da corrente elétrica. Assim,
a corrente galvânica não é uma corrente alternada, sendo maiores os
riscos de queimaduras na pele.

Na corrente galvânica é possível obter os benefícios dos dois polos.


O polo positivo proporciona: atração dos íons negativos; promove
reação ácida por meio da eletrólise (ácido clorídrico – H+CL-); possui
57

características analgésicas e sedantes; é vasoconstritor e, por


isso, provoca menor hiperemia na pele após sua aplicação; possui
capacidade de drenar os tecidos; é anti-inflamatório e bactericida,
sendo capaz de promover coagulação e endurecimento tecidual; e
pode causar queimadura ácida.

Já o polo negativo atrai íons positivos; promove reação alcalina por


meio da eletrólise (hidróxido de sódio – OH-NA+); possui características
estimulantes e irritantes; é vasodilatador e, por isso, causa maior
hiperemia na pele após sua aplicação; libera hidrogênio; é capaz de
promover liquefação no tecido (amolecer); e pode causar queimadura
alcalina (BORGES; SCORZA, 2016).

Quanto aos parâmetros de aplicação, para garantir a efetividade da


técnica, utiliza-se sempre um eletrodo positivo e um negativo, sendo
um destes ativo, aplicado sobre a região de tratamento, e o outro
dispersivo, apenas para fechar o circuito elétrico, podendo, inclusive,
ficar na mão do cliente ou sobre o músculo trapézio, pois não terá
função de tratamento diretamente. A definição de qual eletrodo será
ativo e qual será dispersivo dependerá da polaridade da solução a ser
aplicada. Soluções com polaridade negativa são aplicadas no eletrodo
negativo (preto) e soluções positivas serão aplicadas no eletrodo positivo
(cabo vermelho/laranja). Esses cabos serão acoplados ao equipamento
gerador da corrente galvânica. Nessa técnica, o eletrodo ativo a ser
utilizado é sempre um eletrodo chamado de gancho ou jacaré, e deverá
ser envolto por uma gaze ou algodão umedecido com o princípio ativo de
saponificação (PEREIRA, 2019).

O tempo de tratamento dependerá da área a ser tratada e também


das condições de oleosidade da pele, mas varia entre 3 e 4 minutos, e a
orientação é que seja realizada, em média, a cada 20 dias para a retirada do
excesso de sebo em peles acneicas que apresentem alta produção sebácea.
58

Se o paciente realiza limpeza de pele semanalmente ou quinzenalmente


também poderá receber o procedimento durante a limpeza de pele
profunda, mas não em todas as sessões. Lembre-se de que o ideal é um
intervalo de 20 dias para evitar o efeito rebote.

4. Laser de baixa intensidade no tratamento


da acne

Os lasers utilizados na Estética correspondem aos de baixa intensidade


ou baixa potência, pois os lasers de alta potência são os equipamentos
utilizados por médicos, por exemplo, para provocar danos mais
intensos na pele, como: destruição de tecidos cancerígenos,
carbonização, retirada total de epiderme e parte da derme, cortes
cirúrgicos, dentre outros. Assim, deixamos claro que os recursos
usados na estética não possuem esses efeitos lesivos. Entenda
agora, como o laser de baixa intensidade é utilizado na estética,
especificamente para a melhora de peles acneicas.

O laser infravermelho (808 nm), que é o laser com emissão de luz


infravermelha, apresenta o aumento da circulação sanguínea, a melhora
do sistema imunológico, a ação anti-inflamatória, a ação analgésica
e o aumento da permeabilidade da membrana celular como efeitos
fisiológicos. O infravermelho é absorvido mais profundamente do que
a luz vermelha, cerca de 1,8 cm dependendo do comprimento de onda
(AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

O laser infravermelho pode ser utilizado em pacientes com acne


visando o estímulo ao sistema imunológico, o aumento de drenagem,
a ação anti-inflamatória e a analgesia. Pode ser usado, ainda, quando
é desejável o aumento da permeabilidade celular, para permeação de
ativos. Devido a esses efeitos é ideal na acne inflamatória.
59

É importante destacar que o laser infravermelho não é indicado nos


casos de pacientes com toxina botulínica, pois, como o efeito visa
promover o relaxamento de musculatura facial, isso diminuiria o tempo
de ação do fármaco. Além disso, é importante evitar o uso desse tipo
de laser em procedimentos em que o objetivo é estimular o processo
inflamatório, como o microagulhamento.

Existe, também, o laser vermelho (660 nm), o qual possui uma


penetração mais superficial na pele (aproximadamente 0,8 cm) em
comparação com o infravermelho. Ele atua no aumento do metabolismo
celular, na síntese de Adenosina Trifosfato (ATP) e amplia a síntese de
fibras de colágeno e elastina, por isso é excelente para cicatrizes de acne,
além de promover reparação de tecidos moles, diminuição de secreção
sebácea e de processo inflamatório. Possui as mesmas contraindicações
do infravermelho (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

Outro tipo de laser utilizado é o laser azul (470 nm), que é comum
estar diretamente ligado a tratamentos para acne devido à atuação na
bactéria da acne Cutibacterium Acnes. (C. Acnes), com o estímulo de
produção de coproporfirina III, produzidas e armazenadas dentro da C.
acnes. Quando em contato com a luz azul, as coproporfirinas liberam
oxigênio e sofrem dizimação, destruindo a C. acnes, além de inibir a
proliferação de queratinócitos (TASSINARY et al., 2019).

5. LED no tratamento da acne


O LED é um tipo especial de diodo semicondutor que emite luz
quando conectado a uma corrente elétrica. É um equipamento de alta
frequência, que produz luz não coerente (a luz não se propaga junta
no tempo e espaço) e não colimada (há divergências na sua trajetória,
não estando alinhadas) nas faixas de ultravioleta (UV) visíveis. Os
comprimentos de onda variam entre 405 nm, por exemplo, na cor azul, e
a 905 nm na cor vermelha (PEREIRA, 2019).
60

Os LEDs possuem a capacidade de provocar alterações na atividade


celular intrínseca de acordo com os princípios de biomodulação. Os
cromóforos da pele (citocromo C), as protoporfirinas endógenas e a
melanina conseguem absorver fótons e, por isso, causam as alterações
nas atividades celulares da pele, podendo ocorrer diminuição ou
incremento celular e migração ou diferenciação celular.

Os LEDs são recursos de luz que não causam danos ao tecido


cutâneo (são seguros e não tóxicos) ou a outros tecidos. Eles atuam
reorganizando as células, estimulando mitocôndrias e promovendo
alterações em níveis de ATP celular, e isso leva uma melhora no tecido
da pele, principalmente nas cicatrizações. Os LEDs têm comprimentos de
luz diferentes, atingindo tecidos distintos da pele.

Figura 1 – LED na estética facial

Fonte: Shutterstock.com.

Na limpeza de pele, os LEDs podem ser utilizados depois da extração,


podendo substituir o equipamento de alta frequência, ou serem
associados à pele justamente por serem cicatrizantes. Além disso, as
cores do LED influenciam também na acne, principalmente a cor azul
e a cor verde, por apresentarem ação bactericida e bacteriostática. As
contraindicações para utilização desse equipamento são: dermatoses por
61

fotossensibilidade, gestação, neoplasias em atividade, uso de tretinoína


ou isotretinoína, epilepsia e fotofobia (BORGES; SCORZA, 2016).

6. Luz intensa pulsada no tratamento da acne

A luz pulsada também é comumente usada na terapia da acne.


Comprimentos de onda de 400 nm a 1.200 nm podem reduzir o eritema
juntamente com a redução das pápulas. Além disso, também podem
produzir efeitos nas glândulas sebáceas reduzindo a formação de
lesões. O Palomar Lux V, com luz pulsada principalmente violeta-azul
e infravermelha, mostrou em 4 semanas de tratamento a capacidade
de eliminar 85% das lesões versus somente 30% de eliminação na área
controle não tratada (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

Figura 2 – Luz intensa pulsada

Fonte: Shutterstock.com.

O Clear Touch da Radiancy é outro sistema de lâmpada de flash que


emprega o espectro verde/amarelo para destruição da bactéria e uma
bomba de calor para reduzir a inflamação. Em estudo realizado em 2007
em 50 pacientes submetidos a dois passos de tratamento, duas vezes
62

por semana, por 4 semanas, os participantes mostraram eliminação de


75% das lesões usando esse dispositivo. Observou‐se somente eritema
como único efeito colateral (AZULAY; AZULAY; AZULAY-ABULAFIA, 2017).

É possível concluir que a utilização de equipamentos eletroestéticos


podem impactar significativamente o aspecto da pele acneica,
proporcionando a melhora da autoestima dos nossos pacientes. Há
que se mencionar que quando esses equipamentos são combinados
com ativos cosméticos adequados, o resultado será potencializado. E,
apesar da acne ser considerada como uma disfunção estética facial que
pode apresentar difícil tratamento, na maior parte dos casos podemos
mostrar bons resultados, respeitando sempre, é claro, a saúde e bem-
estar de nossos pacientes.

Referências
AZULAY, R. D.; AZULAY, D. R.; AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
BORGES, F. S.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São
Paulo: Phorte, 2016.
KAMIZATO, K. K.; BRITO, S. G. Técnicas estéticas faciais. 1. ed. São Paulo: Érica,
2014.
PEREIRA, M. de F. L. Recursos técnicos em estética I. 2. ed. São Caetano do Sul, SP:
Difusão editora, 2019.
TASSINARY, J. et al. Raciocínio clínico aplicado à estética facial. Porto Alegre:
Estética Experts, 2019.
63

Você também pode gostar