Você está na página 1de 8

Museu de Beja , NÃO CLIK E MARAVILHE-SE

http://chrisogrady.com/pano/museu_regional_de_beja/virtual_tour.html?
base=http://chrisogrady.com/pano/museu_regional_de_beja/

Museu Regional de Beja

O Museu Regional de Beja possui um vasto acervo patrimonial nomeadamente as


coleções de Pintura, Arqueologia, Azulejaria, Escultura, Ourivesaria, Cerâmica
Utilitária, Numismática Metrologia e Ferragens.

Destaca-se o núcleo de pintura que reúne obras produzidas em Portugal, Espanha


e Holanda, entre os séculos XV e XVIII, nomeadamente o Ecce Homo, S. Vicente
(atribuído ao Mestre Vicente Gil, da Escola de Coimbra), A Virgem da Rosa e
quatro trabalhos do pintor português António Nogueira.

O Convento da Conceição foi fundado em 1459 pelos infantes D. Fernando e


D. Brites, pais do rei D. Manuel I. Ao longo do tempo o seu espólio foi
enriquecido com obras de ampliação e beneficiação, oferecendo por isso uma
riquíssima panorâmica acerca da arte gótica, manuelina e barroca, expressa na
arquitetura, na ourivesaria, na azulejaria, na pintura, na estatuária ou na talha. Do
edifício original chegaram aos nossos dias a Igreja, a Sala do Capítulo, e o
Claustro.

O espólio do Museu Regional de Beja, instalado neste local desde 1927, foi
entretanto muito ampliado com coleções provenientes de outros conventos e
palácios da região. Entre o acervo do Museu, realçamos ainda o núcleo de
pintura, composto por obras de mestres portugueses, espanhóis e holandeses, a
secção lapidar, e a secção de Arqueologia, centrada essencialmente no período
romano, muito rico nesta região. Da Coleção de Arqueologia destacamos o núcleo
romano e o conjunto de capitéis clássicos do Fórum da Antiga Pax Júlia (a Beja
romana).

Salienta-se na Coleção de Azulejaria os azulejos hispano-árabes dos séculos


XV e XVI e os andores em prata dedicados a S. João Evangelista e S. João
Baptista, duas importantes obras de referência da Coleção de Ourivesaria do
Museu Regional.

Núcleos

Núcleo Visigótico: A partir de 1991 o Museu passou a integrar a Igreja de Santo


Amaro, antigo templo paleocristão, onde se instalou o Núcleo Visigótico,
considerado um dos mais importantes da Península Ibérica.
O edifício do convento encontra-se classificado como Monumento Nacional
desde 1922.

O Convento foi fundado em 1459 pelo Infante D. Fernando, irmão de Afonso V


de Portugal, e sua esposa, a Infanta D. Beatriz. O convento, primitivamente era
bastante amplo mas, séculos mais tarde, sofreu a demolição de uma parte.

Este museu conheceu três fases distintas enquanto instituição museológica:

 Museu Sisenando-Cenáculo-Pacense, entre os anos de 1791 e 1802


 Museu Archeologico Municipal de Beja, entre os anos de 1892 e 1927
 Museu Rainha Dona Leonor ou Museu Regional de Beja, de 1927 até à
actualidade

O Convento de Nossa Senhora da Conceição de Beja era feminino, e pertencia à


Ordem dos Frades Menores, e à Província dos Algarves.

Em 1459, foi fundado e concedida licença para a sua instituição por dois breves
de Pio II

Foi erigido junto ao Palácio dos Infantes, no centro da cidade, a partir de um


recolhimento de terceiras seculares (mantelatas), ou segundo frei Manuel de São
Caetano Damásio, de um grupo de emparedadas.

O convento começou a ser construído por iniciativa do duque de Beja, o infante


D. Fernando (irmão de D. Afonso V) e de sua mulher D. Beatriz, primeiros
duques de Beja e pais de D. Manuel.

Em 1463, já as terceiras tinham feito profissão na Ordem de Santa Clara.

Parece, contudo, que as obras foram bastante demoradas, sendo a parte


conventual particularmente morosa.
Em 1469, o convento encontrava-se praticamente concluído, recebeu a invocação
de Nossa Senhora da Conceição de Maria Santíssima, e a regra urbanista, como
se mostra na bula de 21 de Dezembro desse ano, concedida pelo papa Paulo II.

A data de entrada das monjas no cenóbio aconteceu em 1473, mas doze anos
depois registou-se a presença do arquitecto João de Arruda como supervisor dos
trabalhos e só nos inícios do século XVI é que se terminou o dormitório das
monjas.

A infanta D. Beatriz iniciaria, simultaneamente, o processo para tentar vincular a


comunidade à direcção dos observantes.

Mas, em 1473, os observantes franciscanos recusaram essa proposta.

Só em 1482, aceitaram o encargo, recebendo da duquesa de Beja, o compromisso


de edificar um oratório para os frades, que incluiria a igreja e outras
dependências.

Em 1483 ou 1484, recebeu a Igreja de Belas, na diocese de Lisboa.

Apenas em 1489, como resultado de uma intervenção pontifícia, começaram os


observantes a habitar o oratório de Santo António de Beja, dando orientação e
assistência espiritual às clarissas. Foi assim a primeira comunidade a passar à
observância, mas não chegou a adoptar a Primeira Regra de Santa Clara, como
tinha sido propósito dos fundadores.

Em 1505, por intervenção da duquesa de Beja levou a que, apesar da direcção


observante, o convento se tenha tornado em panteão da família ducal.

Em 1533, passaram à obediência da Província dos Algarves.

Na segunda metade do século XVII, professou no convento a soror Mariana


Alcoforado, autora das "Cartas portuguesas".

Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e


Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da
Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos
todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas
as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à
morte da última freira, data do encerramento definitivo.

Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional.


Em 1892, foi extinto por falecimento da última religiosa.

Com o fim das ordens religiosas o convento entrou em decadência e esteve à


beira da ruína.

Em 1895, foi demolido o Paço dos Infantes, que se encontrava anexo ao


convento, e parte da área conventual. Nessa ocasião foi possível reconstruir
parcialmente o convento.

Soror Mariana Alcoforado

Soror Mariana Alcoforado nasceu na cidade de Beja em 1640. Ingressou no


Convento de Nossa Senhora da Conceição com apenas 12 anos, determinada a
dedicar a sua vida ao Senhor.

Contudo, a sua vocação religiosa seria posta à prova quando conheceu o cavaleiro
francês Noel Bouton, marquês de Chamilly, que estava em Portugal com as suas
tropas, envolvido na guerra da Restauração. Entre os dois surgiu um amor
impossível, do qual as "Cartas Portuguesas" são um belíssimo testemunho.

Publicadas pela primeira vez em francês, em 1669, pelo escritor Lavergne de


Guilleraggues, as "Cartas" têm sido até hoje alvo de grande controvérsia no que
diz respeito à sua autoria. A existência de Mariana Alcoforado e do Marquês de
Chamilly e o facto de as cartas serem dirigidas a este último são indubitáveis.
Aquilo que se discute é a atribuição da autoria dos textos a Soror Mariana
Alcoforado e a sua autenticidade.
Sóror Mariana Alcoforado (1640-1723) foi uma freira clarissa portuguesa, do
Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja.
É-lhe atribuída a autoria de cinco cartas de amor dirigidas a Noell Bouton de
Chamilly, conde de Saint-Léger, marquês de Chamilly, oficial francês que
lutou em solo português, contra os Espanhóis, na longa Guerra da Restauração
(conflito que os Portugueses sustentaram contra os seus vizinhos ibéricos,
após terem recuperado destes, em 1640, a independência perdida no ano de 1580).

Conta-se que Mariana Alcoforado terá visto Chamilly, pela primeira vez, a
partir do terraço ou de uma janela do convento de Beja de onde assistia às
manobras do exército.
O episódio, se autêntico, terá ocorrido entre 1667 e 1668 – e aí se terá iniciado
uma controversa ligação amorosa.

Chamilly abandonou Portugal a pretexto da enfermidade de um irmão,


prometendo à sua apaixonada freira que a mandaria buscar. Falsa promessa,
pelos vistos. Na longa e baldada espera, Mariana escreveu ao oficial francês as
cinco cartas, que reflectem a dramática evolução dos seus sentimentos: esperança,
incerteza e, finalmente, a convicção do abandono.

As Cartas Portuguesas, publicadas em francês no ano de 1669 (Les Lettres


Portugaises, Paris, Claude Barbin), são cinco curtas missivas de amor.
Transparece nelas o amor incondicional e exacerbado da jovem Mariana, que
afirma sofrer horrores com a distância do amado.
As cartas vão aos poucos perdendo o tom da esperança e transformam-se em
pedidos lancinantes de notícias. Patenteia-se a solidão de Mariana, a intensidade
dos seus sentimentos, a vontade de reter Chamilly a seu lado.
Ao que parece, o destinatário não correspondeu em grau idêntico.
.
O êxito literário das Lettres Portugaises foi enorme, e a figura trágica de Mariana
Alcoforado tornou-se num símbolo do amor-paixão e tema literário universal.
O nome da freira ficou conhecido desde que o erudito Boissonade aceitou como
verdadeira uma nota manuscrita no seu exemplar da primeira edição. Traduzo do
francês: “A religiosa que escreveu estas cartas chamava-se Mariana
Alcoforado, religiosa em Beja, entre a Extremadura e a Andaluzia. O cavaleiro
a quem as cartas foram escritas era o conde de Chamilly, dito então conde de
Saint-Léger”.

A autoria das cartas tem sido muito contestada.


Rousseau, por exemplo, negava-lhes autenticidade.
Em Portugal, Alexandre Herculano e Camilo Castelo Branco seguiram-lhe as
pisadas.
Há quem as atribua a Lavergne de Guilleragues, apresentado desde início como
simples tradutor das mesmas (do português para o francês).
Há, porém, quem defenda convictamente a veracidade das mesmas, como, por
exemplo, Luciano Cordeiro, num estudo muito interessante que dedicou ao
assunto.

O célebre Júlio Dantas, que escreveu uma peça teatral inspirada no caso (Sóror
Mariana) e que a isso ficou a dever, em grande parte, o ferocíssimo ataque que
Almada Negreiros lhe dirigiu no conhecido Manifesto Anti-Dantas, achava as
duas hipóteses possíveis (a verdade ou a falsidade do caso amoroso).

Sobre esta polémica vale a pena transcrever umas palavras do próprio Júlio
Dantas na introdução da 4.ª edição da sua obra (Editora Portugal-Brasil, Lisboa,
1915). Ele dirige-se a uma senhora que se terá manifestado indignada perante a
versão dos amores fornecida na referida peça teatral e que sustentava a
impossibilidade da sua ocorrência para lá dos muros de um convento.
“É mentira! É mentira!”, terá ela bradado em altas vozes durante a primeira
representação da peça.

Resposta de Júlio Dantas:

“ (...) Tenho pena de não poder mostrar-lhe os documentos inéditos cuja cópia
aqui está, diante de mim.
Se soubesse, minha senhora, o que foram durante dois séculos os conventos de
freiras de Portugal, v. ex.ª repetiria, decerto, a frase amarga do Duque de Saint-
Simon a respeito duma casa de capuchas da Bretanha: «religiosa que de lá sai, é
porque quer ser uma mulher honesta».
Mentir — para quê?
Sossegue. Tranquilize o seu espírito, minha senhora.
Houve, evidentemente, um facto de amor, desconhecido e vago, de que as cinco
Cartas foram a consequência literária. A minha peça é apenas a dramatização
conjectural desse facto.
Nada se sabe ao certo.
Tudo pode ser verdade.
Tudo pode ser mentira.

Em volta do fait divers de Sóror Mariana, precisamente porque se ignora tudo,


são legítimas todas as tentativas lógicas de interpretação.
A minha é má?
Dê-me a sua.
Prometo-lhe remodelar a peça — e fazê-la representar outra vez.
Já agora, minha ilustre inimiga, confesso-lhe que me move uma ambição: quero
que as suas pequenas mãos me aplaudam, para que eu possa ter, minha senhora, a
honra de lhas beijar — pelo menos literariamente.”

Você também pode gostar