Aula 4 - o Homem Como Ser Criado - Power Point PDF

Antropologia Bíblica
O homem como ser criado

AULA 4
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© 2017 - Prof. Alexandre Ribeiro Lessa

INTRODUZINDO O
ASSUNTO
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INTRODUÇÃO
 A evolução faz do homem um ser auto-existente sem
propósito. É na criação que encontramos o verdadeiro sentido
e o valor do ser humano. A criação é a chave para
entendermos o homem. Quando as pessoas começam a
apresentação do Evangelho a partir da queda, quase que
podem dizer: “Errar é humano”, como Shakespeare costumava
dizer. Mas errar não é humano, ou seja, não é algo próprio da
humanidade por criação, é algo que sobreveio com a entrada
do pecado no mundo.
 Por isso, o problema não está no criador da humanidade, nem
na criação em si, mas no que a criatura decidiu fazer com a
liberdade que o criador soberanamente lhe concedeu. É muito
importante estudar a criação, pois somente assim poderemos
entender o homem, e a própria redenção.
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INTRODUÇÃO
 Um filósofo chamado Protágoras no 50 século a.C. disse que
o “homem é a medida de todas as coisas”. De lá para cá, o
humanismo, uma corrente filosófica, que como o próprio
nome sugere, coloca o homem no centro das atenções, tem
fomentado o pensamento da humanidade com a noção de
que tudo existe por causa do homem.
 No humanismo o homem aparece como a base de todos os
valores e de toda excelência. Uma palavra que pode ser
sinônima de “humanismo” é “egocentrismo”. Ou seja, tudo
deve ser centralizado no homem e em seus desejos. É nossa
opinião que o humanismo tem causado mais problemas para
o homem do que qualquer outro sistema filosófico. O
humanismo tenta fazer do homem o que ele não é.
O HOMEM COMO
CRIATURA
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O HOMEM COMO CRIATURA
 Como vimos, o homem não é o resultado de algum processo
evolutivo. Deus criou o homem do “pó da terra” (Gn 2.7). Deus
usou um material já existente para formar o homem. Aqui não
temos um exemplo direto de criação “do nada”. Ainda assim, é a
mão do criador a responsável pela formação do ser humano. O
profeta disse: “Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos
o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Is
64.8).
 Se Deus é o oleiro e nós somos o barro, então isto demonstra
nossa absoluta dependência de Deus. Paulo usa esta imagem do
oleiro modelando o barro para explicar por que Deus tem o
direito de predestinar as pessoas: “Ou não tem o oleiro direito
sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e
outro, para desonra?” (Rm 9.21).
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O HOMEM COMO CRIATURA
 Aqui percebemos que, uma vez que somos criaturas, somos
absolutamente dependentes da vontade de Deus. Paulo disse isto
aos atenienses: “Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e
tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre
toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente
estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a
Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não
está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos
movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito:
Porque dele também somos geração” (At 17.25-28).
 Cada atitude nossa durante toda a nossa existência é, de algum
modo maravilhoso, “em Deus”.
A PERSONALIDADE
DO HOMEM
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A PERSONALIDADE DO HOMEM
 O Gênesis destaca isso quando revela que Deus colocou
algo dentro do homem que não foi posto nos animais, ou
seja, o “sopro” de Deus, e a consequência é que o homem
passou a ser “alma vivente”. É preciso destacar a atitude
íntima de Deus ao se aproximar e soprar nos lábios do
homem. Ele infunde no homem algo especial.
 A expressão “alma vivente” é um equivalente de
“pessoa”. Isso destaca a singularidade do homem como
criação de Deus. Ele é mais do que uma simples criatura,
ele recebe o dom da personalidade. Por que Deus fez isso?
Porque Deus queria um relacionamento pessoal com o
homem.
O propósito da criação
AULA 4
 Agora isso nos leva a uma implicação ainda maior. Como
pessoa, o homem tem liberdade para agir. Se como criatura
ele é totalmente dependente de Deus, como pessoa ele é
livre. Aqui chegamos mais uma vez no paradoxo. Precisamos
nos acostumar a isso, pois a teologia bíblica é toda ela
paradoxal. Paradoxo significa que há duas verdades que
podem parecer contraditórias, sendo difíceis de serem
reconciliadas em nossa mente finita.
 Ainda neste curso veremos sobre o paradoxo da soberania de
Deus e da responsabilidade humana conjuntamente. Vemos
claramente na Bíblia que Deus determinou todas as coisas
que acontecem e tudo segue um plano pré-estabelecido, no
qual estão inclusive nominados aqueles que serão salvos.
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 Por outro lado, a Bíblia ensina igualmente que cada
homem é absolutamente responsável por seus atos e
jamais poderá atribuir a Deus uma parcela da culpa que
lhe pertence por não ser salvo. Hoekema vê o paradoxo
aqui também, na constituição do homem como criatura e
pessoa.
 Aliás, ele vê aqui a base de todo o paradoxo da vida
humana: “Este é o mistério fundamental do homem: como
pode o ser humano ser igualmente uma criatura e uma
pessoa? Ser uma criatura, como já vimos, significa
dependência absoluta de Deus; ser uma pessoa significa
independência relativa”.
AULA 4
 De fato, aqui temos a chave para compreender o homem
em seu relacionamento com Deus. Devemos sempre
lembrar que ele é ao mesmo tempo uma criatura, ou seja,
que está totalmente debaixo da direção de Deus; e que é
uma pessoa, ou seja, Deus lhe concedeu uma certa
liberdade para agir e tem toda a responsabilidade por seus
atos.
MARCA
REGISTRADA
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MARCA REGISTRADA
 Gênesis 1.26-31 é um dos textos mais conhecidos da
Escritura. É a narrativa histórica do sexto dia da Criação,
quando Deus criou o ser humano. Até então, Deus já havia
criado todas as outras coisas, mas somente do homem ele
disse “façamos a nossa imagem e semelhança”.
 Hoekema expõe esse assunto do seguinte modo: “Deve-se
notar também que a criação do homem foi precedida por
uma deliberação ou conselho divino: 'Façamos o homem...'
Isso demonstra novamente a ideia da singularidade da
criação do homem. Esse conselho divino não é
mencionado com relação a nenhuma outra criatura”.
AULA 4
MARCA REGISTRADA
 Como diz Bavinck: “Ao chamar à existência as outras
criaturas, nós lemos simplesmente que Deus falou e essa
fala de Deus trouxe-as à existência. Mas quando Deus está
prestes a criar o homem Ele primeiro conferencia consigo
mesmo e decide fazer o homem à Sua imagem e
semelhança. Isso indica que, especialmente a criação do
homem, repousa sobre a deliberação, sobre a sabedoria,
bondade e onipotência de Deus. (...) O conselho e a
decisão de Deus são mais claramente manifestos na
criação do homem do que na criação de todas as outras
criaturas”.
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MARCA REGISTRADA
 A imagem divina, portanto, é uma característica exclusiva
da humanidade. O que torna o homem tão especial? Num
certo sentido nós somos iguais a tantas espécies de seres
vivos. Os pássaros voam em bandos, as bestas viajam em
manadas e nós vivemos em tribos. Mas, há algo que nos
torna diferentes de todas as demais criaturas de Deus. Nós
sabemos e sentimos isso.
 A Bíblia explica o que é: Deus nos criou à sua imagem e
semelhança.
ASPECTOS DA
IMAGEM DIVINA
AULA 4
ASPECTOS DA IMAGEM DIVINA
 A primeira ideia é a de personalidade. Deus é um ser pessoal,
e o homem feito à sua imagem dispõe dessa mesma
personalidade. Isso não faz o homem ser “algo mais” que os
animais, mas faz o homem ser “ímpar. A personalidade
pressupõe consciência, conhecimento e responsabilidade.
 A segunda ideia é a da espiritualidade. Deus é um ser
espiritual, e os seres humanos também são personalidades
espirituais. Apesar de ser criatura num sentido material, pois faz
parte da matéria criada, o homem é também extra material, pois
tem em si o elemento espiritual, que o impele a viver uma vida
além da matéria. Quando Deus fez o homem à sua imagem,
colocou nele um senso insuperável da eternidade (Ec 3.11). É
aquilo que Paulo fala aos atenienses: “Pois nele vivemos, nos
movemos e existimos” (At 17.28).
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ASPECTOS DA IMAGEM DIVINA
 A terceira ideia que a imagem de Deus delega ao ser humano é
a da liberdade. Como ser pessoal e espiritual Deus é um ser livre.
Deus criou o homem com liberdade para amar, conhecer, confiar,
desejar, obedecer e também para se recusar a fazer essas coisas.
 A quarta característica pode ser chamada de expressividade.
Deus tem a capacidade de se expressar, de fazer sua vontade
conhecida e de executá-la. Deus expressa sua personalidade
porque tem capacidade para isso. A Bíblia diz que Deus tem olhos,
nariz, boca, ouvidos, mãos, cabelo, etc. Evidentemente que esse
é um linguajar antropomórfico, pois são qualidades humanas
aplicadas à divindade, para sugerir que ele consegue se expressar.
O ser humano se expressa igualmente através de partes de seu
corpo, e pode transmitir sua personalidade, espiritualidade,
virtudes, etc.
O QUE É O
HOMEM?
AULA 4
O QUE É O HOMEM?
 Nada melhor para entender o homem do que ouvir o que o seu
criador tem para dizer a respeito dele. A Escritura nos ensina o que
o criador tem a dizer sobre o homem. No Salmo 8, há uma pergunta
que o homem tem tentado responder desde o começo do mundo. É
uma pergunta que diz respeito à identidade, e à razão de existir da
humanidade. O salmista pergunta: “Quando contemplo os teus céus,
obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é
o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites?”
(SI 8.4).
 O que é o homem? O mundo tem oferecido muitas respostas, mas
todas têm se demonstrado insatisfatórias, porque analisam o
homem como se ele fosse independente de Deus. O Salmo 8 não faz
isso. Ele analisa o homem em sua relação com o criador. E este é o
único modo confiável para se entender realmente quem ou o que é
o homem.
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O QUE É O HOMEM? – A INSIGNIFICÂNCIA HUMANA
 A primeira conclusão que o salmista chegou a respeito do
homem nos parece a princípio muito negativa: o homem é
insignificante diante da grandeza da criação. O autor, Davi,
muito antes de ser rei em Israel, era pastor de ovelhas nas
regiões montanhosas de Belém. E, como pastor, muitas noites
dormiu ao relento, tendo apenas o céu estrelado como
cobertura. Lá, no céu límpido do Oriente, Davi podia
contemplar a Lua e as estrelas, criadas por Deus, e se admirar
diante da grandeza das obras do criador.
 Diante da imensidão das coisas que foram criadas, o homem é
insignificante. E quanto mais o homem tem progresso em seu
conhecimento da criação, mais motivo tem para sentir-se
pequenino.
AULA 4
O QUE É O HOMEM? – A INSIGNIFICÂNCIA HUMANA
 Porém o motivo maior que torna o homem insignificante não é
a grandeza da criação, mas a grandeza do seu criador. Esta
criação tão grande e majestosa possui um criador ainda maior
e muito mais majestoso. Aquele que criou todas as estrelas
dos céus e é o criador do próprio homem é o único realmente
grandioso, e diante dele, o homem não passa de uma sombra.
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O QUE É O HOMEM? – A GRANDEZA HUMANA
 A partir do verso 5, entretanto, parece que o autor começa a
desfazer tudo o que disse. Ele passa a falar o quanto o homem é
grande e importante. Mas se olharmos atentamente veremos que
não há contradição alguma. O Salmo nos mostra duas verdades
com respeito ao homem. Por um lado sua insignificância diante de
Deus e de tudo o que Ele é e faz. Por outro, sua grandeza, por ter
sido feito à imagem de Deus e por ter recebido uma função de
suma importância das mãos do próprio Deus.
 “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de
glória e de honra o coroaste” (SI 8.5). A maior de todas as
qualidades do homem é ser criatura de Deus, feito à sua imagem.
Isso não quer dizer que o homem é divino, mas antes que foi
criado para refletir perfeitamente o caráter de Deus. Com a queda
no pecado, essa imagem se distorceu, mas não deixou de existir.
AULA 4
 O Salmista continua: “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua
mão e sob seus pés tudo lhe puseste” (SI 8.6). Quando Deus
criou o homem, determinou que ele tivesse domínio sobre
todas as coisas criadas, referindo-se principalmente ao reino
animal e vegetal. O homem deveria ser o administrador de
Deus neste mundo. Nem é preciso dizer que esta função
satisfazia plenamente, tanto a Deus, que se deleitava em seu
“administrador”, quanto ao próprio homem, que se sentia
completamente útil e integrado com a obra de Deus.
 Deus criou o homem com a função de representá-lo perante a
criação, nisso está a grande dignidade do ser humano. A
criação, portanto, dá toda a dignidade ao homem.
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 O Salmista continua: “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua
mão e sob seus pés tudo lhe puseste” (SI 8.6). Quando Deus
criou o homem, determinou que ele tivesse domínio sobre
todas as coisas criadas, referindo-se principalmente ao reino
animal e vegetal. O homem deveria ser o administrador de
Deus neste mundo. Nem é preciso dizer que esta função
satisfazia plenamente, tanto a Deus, que se deleitava em seu
“administrador”, quanto ao próprio homem, que se sentia
completamente útil e integrado com a obra de Deus.
 Deus criou o homem com a função de representá-lo perante a
criação, nisso está a grande dignidade do ser humano. A
criação, portanto, dá toda a dignidade ao homem.
AULA 4
 O homem somente tem importância porque Deus existe e tem
um plano para o homem. Somente quando o homem reconhece
sua pequenez diante de Deus e reconhece que Deus é gracioso
por se relacionar com o homem, é que ele vai se sentir humano
de verdade. O humanismo moderno ou antigo é anti-humano,
porque sempre tentou fazer do homem aquilo que ele não é, e
nem foi planejado para ser.
 A Bíblia é um livro humanista no verdadeiro sentido da palavra,
pois coloca o homem no seu verdadeiro lugar: Criatura de Deus,
criado para o louvor de Deus, e importante por causa disso. O
homem não é o centro do universo, Deus é. O homem não se
sentirá satisfeito enquanto quiser ser mais do que é. Nunca se
realizará tentando ocupar o lugar que é de Deus.
AULA 4
 É interessante que, na estrutura da Reforma, nunca sobrou
espaço para glorificar o homem, pois toda a glória devia ser
rendida a Deus. A Reforma pôde proclamar Soli Deo Gloria,
porque, mais do que ninguém, entendeu o ser humano.
Quando temos uma visão melhor de nós mesmos e de Deus,
diminuímos a nossa importância e aumentamos a dele.
 É interessante que a Reforma tenha produzido uma era de
grandes pensadores e artistas, mas nunca exaltou o ser
humano, antes prostrou o orgulho humano diante da
majestade de Deus. Mas, hoje as coisas estão muito
mudadas. O homem é exaltado e Deus diminuído.
AULA 4
 Nossos cultos e serviços são frequentemente celebrações de
nós mesmos mais do que de Deus, há mais entretenimento
neles do que adoração. Nunca antes, nem mesmo na era
medieval, os cristãos tinham sido tão obsessivos consigo
mesmos. Nunca antes, Deus foi tão totalmente esquecido.
Gastamos a maior parte do tempo, como Narciso,
contemplando nossa própria imagem distorcida na água.
 Desse modo o homem jamais se entenderá, pois fomos criados
a imagem de Deus, mas como a nossa própria imagem foi
distorcida pelo pecado, o melhor lugar para nos entendermos
é olhar não para nós mesmos, mas para o criador, no qual não
há qualquer distorção.

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