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EM BUSCA DA VERDADEIRA SEGURANÇA ESPIRITUAL

Olhai por Vós Mesmos (Sermão Completo)

Em Jeremias 8:20 o profeta chorão brada um


lamento que a sega tinha passado e o verão
findando e “Nós não estamos salvos”. Essa
percepção espiritual arguta veio de um profeta que
tinha intimidade com Deus, e sabia que a apostasia
do povo de Deus era uma realidade pouco
perceptível para a maioria senão quase todos os
seus contemporâneos. A história do ministério de
Jeremias se caracteriza por essa percepção
profunda da realidade espiritual, mas o povo não
estava inclinado a ouvir uma mensagem de juízo e
advertência. O povo estava propenso a ouvir coisas
mais brandas, e os falsos profetas ofereciam esse
produto no mercado religioso. Essa é a grande
diferença para nossos dias também, aliás sempre
deve haver aquela disponibilidade de ouvir o que
Deus quer falar e não procurar nunca, pregadores
que ofereçam mensagens empacotadas de acordo
com os interesses do nosso egoísmo.
Em Jeremias 29, encontramos uma carta de
consolação enviada aos cativos da babilônia, no
livro de lamentações encontramos o choro
abundante sobre as ruínas de Jerusalém. A questão
crucial para nosso tempo é ouvir com disposição o
que Deus deseja falar, e já é tempo de

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despertarmos do nosso colossal e profundo, pois os
dias de dificuldades chegaram violentamente sobre
nossas vidas, e nos faltam profetas do quilate de
Jeremias. A percepção “Não estamos salvos” é um
confronto, não um confronto ideológico e
materialista, mas decisivamente espiritual, séculos
separam-nos de Jeremias, mas o seu brado é atual.
Precisamos emitir um parecer correto sobre a
nossa própria condição “Tem cuidado de ti mesmo
e da doutrina” (I Timóteo 4:16) e em outra parte
ainda lemos: “Examinai-vos a vós mesmos, se
permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos, ou
não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo
está em vós? Se não é que já estais reprovados.”( II
Coríntios 13:5)
A percepção do profeta é identificativa, ele está
inserido no contexto da apostasia, uma crise moral
e espiritual se abatia sobre o povo de Deus e
Jeremias estava ali no meio dessa crise de
identidade e afastamento dos caminhos do Senhor.
O perceber tarde de mais pode ser uma grande
tragédia, não foi uma ruína completa para o
Profeta porque mesmo diante de toda a extensão
da ruína espiritual do seu povo, ele era um salvo.
Mas a sua identificação com a realidade era severa,
de tal modo que ele mesmo sofre as conseqüências
da tragédia na dimensão física. Jeremias vê
Jerusalém em ruínas! e ele diz que não estavam
salvos. Paz e segurança eram os emblemas
proféticos dos falsos profetas, no brasão do
estandarte dessa estirpe de ministros da mentira,
havia o símbolo da paz e da prosperidade, essa era
a mensagem aceitável, tão estimada eram as vozes

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desses algozes da verdade, que conseguiam
arrancar o dobro de aplausos no que tange a
medida de perseguição que sofreu o profeta
verdadeiro: Jeremias.
Ora, também temos nós sérias advertências sobre
uma vida alienada pelos falsos discursos, a
comichão nos ouvidos nos impele a buscar falsos
doutores que com palavras palatáveis, assumam o
controle de nossos ouvidos e ofereçam satisfação e
o prazer de abrandar a coceira dos ouvidos.
Em I Tessalonicenses 5:4 Paulo fala da necessidade
de estarmos na luz para não cairmos na armadilha
da surpresa relacionada ao dia do Senhor. O fator
surpresa é puramente mundano, ao cristão bíblico,
a posição espiritual é de um soldado no exercício
da militância, é estar preparado para a vinda de
Cristo. No entanto, encontramos alguns exemplos
nobres nos evangelhos que nos remetem para o
confronto, a saber, que devemos ter percepção
espiritual aguçada para que não tenhamos a
indigna noção de perceber uma verdade
fundamental fora do seu tempo adequado, ou seja:
percebê-la pelo meio mais trágico; tarde demais.

E assim, abrindo as páginas do Novo Testamento,


encontramos a história daquele fazendeiro rico em
Lucas 12, que teve um grande êxito no seu
empreendedorismo, ao ser muito bem sucedido na
cultura e sega, colheu de tal modo grãos e frutos,
que os víveres para a sustentação da vida estavam
garantidos por muitos anos. Mas o que não
percebia o pobre fazendeiro insensato, é que a vida

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do homem não pertence ao homem. Enquanto ele
se regalava numa frieza moral, indispostos a
pensar na célebre declaração de Salomão de que há
o tempo de nascer e há o tempo de morrer, naquela
noite fatídica seria a sua vez de ser chamado a
eternidade. Deus declara do seu trono enquanto
aquele homem se ufanava de ter muitos bens para
viver tranqüilo o resto da vida, mas o que ele não
percebia que o resto da sua vida eram apenas mais
algumas horas e nada mais, pois Deus bradou de
cima: “Louco esta noite te pedirão a tua alma ; e o
que tens preparado para quem será?” (Lucas
12:20) não percebia aquele homem a brevidade da
vida, um vapor que aparece e logo desaparece. E
era então suas últimas horas no mundo, breve
seria recolhido á eternidade, mas ele não percebia
isso. Findou a vida, deixou este mundo e não estava
salvo. Seria também esta a condição do dileto
leitor?

Então prosseguimos nas páginas do Santo


evangelho de Lucas, o medico amado, e lá no
capítulo 16 encontramos outra historia, do rico e
do Lazaro. Ambos morrem, são meros mortais,
vapores humanos que chegaram ao mundo e não
podem permanecer senão alguns anos sobre ele.
Aconteceu que Lazaro morreu e foi levado pelos
anjos ao seio de Abraão e o rico também morreu e
quando deu-se por si mesmo estava atormentado
nas chamas do Hades. “E no inferno ergueu os
olhos, estando em tormentos...” (Lucas 16:23)
estava ali um homem que acreditava na morte dos

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outros, talvez você também siga a mesma filosofia
de vida. Ele sabia que a morte existia, Vimos que o
primeiro a morrer foi Lazaro, e o rico viu a morte
ceifando a vida do mendigo que jazia a porta de sua
casa com fome. A morte estava diante de seus
olhos, foi testemunha ocular da brevidade da vida,
mas não percebeu que ele seria o próximo. Quando
se dá conta da sai situação precária e arruinada é
tarde demais, lembrou-se de sues irmãos, e
descobriu que mortal algum merece aquele lugar
de horror e tomento. Ficaram para trás sua
riquezas e posses, aquele que bebia o melhor vinho
agora está mendigando um pingo de água. Que
tragédia! Sua percepção agora estava aguçada, ele
via as profundezas de sua própria alma, a vida para
ele estava desnuda, os pecados expostos, note que
ele não pede para sair dali, por mais pungente que
seja cada minuto de tormentos, esse era um lugar
adequado para um homem que permaneceu
debaixo da impiedade durante toda a vida, o lugar
sombrio é o lar adequado para um coração sinistro,
ele não deseja sair de lá, mas ao mesmo tempo não
quer que seus irmãos tenham o mesmo destino de
pavor. E assim, percebe tarde demais que a
condição de sua alma era de ruína e nunca quis se
arrepender de seus pecados, e ao rico podemos
também concluir: Findou a vida e deixou este
mundo, mas não estava salvo.
Há outra passagem muito interessante, agora no
livro de Mateus, capítulo 24, acerca do sermão
profético proferido por Cristo, nos versículos 37 a
39, nosso santo Salvador faz um paralelo entre os
dias de Noé e os dias da Sua vinda. Nosso bendito

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Salvador explica que assim como foi nos dias de
Noé, também será por ocasião da Sua vinda,
comiam e bebiam, casavam-se de davam-se em
casamento e não perceberam, até que veio o
dilúvio e levou a todos os impenitentes e
insensíveis. Os dias eram terríveis, pois havia uma
sensação de conforto, prazeres e prosperidade que
escondiam os perigos por trás de uma sociedade de
decadência moral excessiva. Não importa o quanto
isso tudo a anestesie uma geração pervertida, mas
a verdade é que o fato de não perceberem a raiz da
iniqüidade que findou no colapso total da
civilização ante-diluviana foi a corrupção moral
extrema que havia naquela época entre os povos.
Note que também eles estavam como que
embriagados, pois tornaram-se insensíveis diante
do conforto materialista e os prazeres da carne que
estabeleciam a civilização contemporânea de Noé.
Então esses prazeres e luxúrias impediram as
pessoas de perceberem com antecedência que o
que semeia na carne colherá a corrupção e era isso
que estava acontecendo naqueles dias. Mesmo
sendo Noé um pregador na função de tábuas, na
construção do navio e depois também pregador
profético, anunciando a chegada de um cataclismo
universal, o povo se encontrava em profundo
torpor. Mas o dilúvio veio e levou a todos. Quando
perceberam, era tarde demais. As mesas fartas
foram levadas pelas águas, o materialismo e as
riquezas foram levados pelas águas, os adúlteros e
os bêbados foram se afogaram nas águas,
orgulhosos, idólatras e avarentos, todos se
afogaram nas águas torrenciais daquela catástrofe.

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Todos esses exemplos que citei são provas do
quanto o homem é propenso à insensibilidade e
dureza do coração. Que trágico saber que aquele
povo tinha testemunhas, Enoque e Noé eram luzes
que brilhavam em meio a escuridão, profetas que
mantinham acesa a mensagem profética da
advertência divina, mas ninguém estava
interessado em ouvi-los, e quando perceberam que
a mensagem era verdadeira, era tarde demais,
assim o vapor da vida se dissipou, a hora do juízo
chegou, para aqueles homens, a vida se findou e
todos deixaram o mundo, e só perceberam o fato
quando era tarde demais. Temo que grandes partes
das pessoas que lêem essa pregação estejam na
mesma situação.

“Por isso estai vós apercebidos também” (Mateus


24:44)

Autor: Clavio J. Jacinto


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UM GRITO NO CALVARIO

I
Há um rio além das montanhas escuras
Um jardim distante das estrelas
O mel do orvalho frio e duro
O muro da madrugada fortalecida

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II
Há um calabouço no coração humano
Uma blindagem na alma faminta
Um antro cavado na turfa negra
Os musgos aglomerados na consciência
III
Há um carvão amolecido na praia
O espaço líquido das lágrimas em cubos
O homem e a espada se beijam ali
Ferindo-se nas batalhas consigo mesmo
IV
Que será do pobre homem sem luz?
Lavado pelos açoites das ondas da vida?
Ferido pelos grilhões das suas próprias ações
Viajando pelos vagões da insana soberba
V
Ainda que a esperança desponta no tempo
Há no Calvário uma luz que brilha mais forte
Mas o homem perdido em seus caminhos
Ainda insiste em buscar a eterna morte...

(CJJ)

As Aflições Produtivas

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O sofrimento às vezes é um flagelo, às
vezes uma dádiva, e sempre podemos
conseguir fazer com que ele siga na direção
certa . ( Nicci French)

Uma das passagens mais magníficas dos escritos de


Paulo, relacionados ao sofrimento, é II Coríntios
4:16. Nessa passagem encontramos o ensino
precioso de que a nossa leve e momentânea
tribulação produz um peso de glória mui excelente.
A bíblia ensina claramente que existe uma
tribulação produtiva. Ela é poderosa para produzir
benefícios para o cristão espiritual. Essas aflições e
tribulações permitidas por Deus tem um valor
incalculável para o desenvolvimento do caráter, o
aprimoramento do nosso relacionamento com
Deus e para enriquecer a nossa experiência
espiritual. O fator principal a determinar o valor da
nossa fé é a firmeza diante das mais severas
tribulações que Deus permite aos seus filhos mias
diletos. Porém, há uma corrente hedonista e
humanista dentro do cristianismo, que promove a
cultura do prazer. É um ensino falso e herético

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acreditar que viver com Cristo é viver sem
sofrimento, as Escrituras nos exortam a viver
sofrendo com Cristo neste mundo para que
possamos experimentar as glórias do mundo
vindouro.(Romanos 8:17) Estamos sendo
bombardeado teologicamente por ensinos
corruptos, de que o crente tem que viver uma vida
paradisíaca aqui nesse mundo, desfrutando de
saúde, longevidade, longe de problemas,
usufruindo de bens matérias e muita fartura. Essa
Essa ideia permeia todo o cristianismo moderno, e
é o motivo que faz tanta gente abraçar o
cristianismo como religião de conforto e não de
confrontos, e mais ainda uma religião de
conformação com este século ao invés de uma
espiritualidade antimundana. Crer num céu
terreno imediato após a conversão é uma heresia.
Jesus advertiu que no mundo teríamos aflições
(João 16:33) abrimos as paginas do Novo
Testamento e as paginas da historia da igreja dos
primeiros séculos e vimos como o sofrimento e a
tribulação moldou a igreja recém formada. A
tribulação produtiva, é algo extraordinário para a
nossa vida cristã. Nunca deveríamos fugir das
coisas que Deus permite que venham até nós, para
promover o crescimento espiritual. E é isso que a
tribulação produtiva faz! Aflições são martelos e
bigornas que as mãos divinas usam para lapidar o

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carater de seus filhos. Quando Deus permite que
passemos por dificuldades Ele deseja nos ensinar
sobre assuntos preciosos. Quando andamos pelo
caminho certo, fazemos as coisas certas, mas as
coisas difíceis vem ao nosso encontro, a dor, o
sofrimento e as tribulações, devemos estar certos
de que o Senhor quer nos dar lições preciosas,
aperfeiçoar o nosso caráter, produzir em nós um
peso de glória mui excelente. Tais coisas não
chegam até nós por vias normais, no conforto e
num estagio de vida livre de problemas. A
tribulação vem como um dínamo que produz
energia para a fé, força para a esperança, e nos
ajuda a incrementar uma vida de intimidade e
devoção a Deus. Para o homem espiritual, a
tribulação não o afasta de Deus. Quantas pessoas
abandonaram a Cristo porque passaram por
momentos difíceis e tribulações intensas em suas
vidas. Elas olharam para a situação e lamentaram
“fiz tudo certo, não mereço passar por essa
tribulação”. Não perceberam, ou ainda não foram
ensinadas desde cedo, que o Senhor muitas vezes
usa a tribulação para alcançarmos um nível de
espiritualidade maior, muitas vezes Deus usa a
tribulação para nos moldar, para lapidar nosso
caráter, para enriquecer a nossa vida com
experiências profundas de consolações espirituais.
Deus usa a escola da aflição, para nos conduzir

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para patamares de vida piedosa mais sofisticada,
porém muitos caem no erro de olharem para si
mesmos e para as adversidades ao invés de
olharem para Cristo, muitos almas sofredoras se
acham injustiçadas por Deus, e então abandonam a
fé. Há quem nutra uma amargura doentia por
Deus. Não percebem a escola do sofrimento e seus
benefícios eternos. Por falta de visão espiritual, e
por promoverem o hedonismo, muita mestres
omitem em falar a verdade sobre o valor das
tribulações, e ensinam uma espécie de triunfalismo
hedonista para os crentes. Podemos perceber isso
na hinologia contemporânea, as igrejas evangélicas
modernas abraçaram uma musica antropocêntrica
que promove a vitoria sobre toda e qualquer
tribulação, como se tudo o que promove a aflição,
sofrimento e dor fosse um fator que devasta a
nossa vida e promove a apostasia, e denota um ar
de derrotismo. Mas quando lemos a historia de
Grandes homens de Deus notamos que esse não era
o caminho que eles trilharam. Leia a história de
Daniel, que foi arrancado da sua família, de seus
amigos, de seu lar e de sua nação, você pensa que
foi fácil viver numa terra pagã, distante e solitário?
Leia a historia de Jose, quando é traído por seus
irmãos, vendido como escravo, separado de seus
pais, pagando por um crime que não cometeu, todo
esse processo, foi uma escola de aprendizado e

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aperfeiçoamento espiritual. José era justo. Ele não
merecia passar pelo que passou, se usarmos os
conceitos de lógica racionalista e humanista, do
ponto de vista religioso e humano, ele nunca
merecia isso! Mas Deus permitiu, e vimos como as
aflições produziram em José um peso de glória mui
excelente!

“Muitas pessoas que sofreram conseguem


transcender essa fragilidade por meio do
altruísmo, do amor ao próximo.” ( Bechir
Houman)

Como já disse, a hinologia moderna rouba de nós,


os propósitos de Deus. Somos chamados a lutar em
oração para nos livrar das aflições, ao invés de
sermos conduzidos aos propósitos que elas nos
conduzem. Queremos nos livrar da prova, e não
tomar posse do que ela pode produzir em nós. Eu
não estou sendo masoquista, tentando promover
uma cultura de prazer na dor. Nem mesmo estou
afirmando que é bom sofrer. Não estou falando
acerca do bem estar e do conforto na dor. Porque
isso não existe nela. Mas estou falando na
tribulação permitida por Deus, exclusivamente
sobre esse tipo de tribulação. Aquela que dentro do

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propósito divino, pela soberania infinita do Senhor
, produz um peso de glória mui excelente. E
sabemos que todas as coisas contribuem para o
bem daqueles que amam a Deus. A escola de Cristo
é uma escola de aflições que produzem glória.
Porém não queremos saber o que Deus tem de
melhor para nossa vida, queremos um cristianismo
hedonista, onde estejamos isentos de todos os
problemas e aflições.

Se há sentido na vida, deve haver sentido no


sofrimento. ( Viktor Frankl)

As aflições do tempo presente muitas vezes são


permitidas por Deus, porque precisamos nos
aperfeiçoar por meio delas. Elas são lições
preciosas que Deus usa, para que tenhamos uma
vida mais rica de significados. Tenhamos
percepção espiritual, principalmente nas coisas
concernentes a eternidade, não devemos atentar
para as coisas que se veem, mas para as invisíveis.
Deus anseia que clamemos pela vinda de Cristo,

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Deus anseia por comunhão intima e profunda com
Ele, Deus anseia por filhos que à semelhança de seu
Filho Jesus Cristo. E isso raramente vem através de
uma vida de conforto, festas, riquezas e bonança.
Então o Senhor usa os meios necessários, para que
o nosso coração não fique completamente apegado
com as coisas terrenas. Precisamos ter um
entendimento equilibrado sobre as aflições que
Deus permite sobre seus Filhos. Elas produzem, são
produtivas. Nosso caráter, nossa espiritualidade,
nossa fé, nossas convicções, nosso amor, nossas
experiências espirituais, tudo se aperfeiçoará
através dessa produção em grande escala na nossa
vida. Sei que essa não é uma visão popular do
sofrimento, mas é bíblica. Para finalizar, necessário
é esclarecer que, as aflições produtivas são
somente aquelas permitidas por Deus com
propósitos definidos por Ele. As tribulações do
tempo presente não podem ser comparadas com as
glórias celestiais. Outros tipos de aflições
produzidas por nossas decisões erradas ou por
nossos atos irresponsáveis, ou ainda por causa de
nossos pecados e desobediência, podem não ser
produtivas, e na maioria das vezes são
consequências. Só quando Deus usa a disciplina
corretiva, pode haver algum beneficio na
tribulação. Quando elas vem até nós por causa de
nossos erros e pecados, então elas são

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consequências, muitas vezes devastadoras na
nossa vida. Essas não produzem excelente peso de
glória, nos trazem dor com angustia, por causa das
consequências de nossas ações.

“Existem bênçãos de Deus, que entram


estilhaçando as vidraças” (L. Veuillot)

Talvez você esteja passando por momentos de


aflições, mesmo não tendo feito nada de errado.
Você simplesmente olha para o alto e diz: “Não
entendo, Senhor, eu estou fazendo tudo certinho,
mas as lutas não vão embora” Elas foram
permitidas por Deus, não para irem embora no seu
desconforto do sofrimento, mas foram permitidas
para serem produtivas em você. Elas certamente
irão embora quando cumpriram os propósitos
divino na sua vida. Não entender isso, gera
incredulidade, rebelião e ódio contra de Deus
(Conheço gente que odeia Deus por causa das
tribulações que tiveram que passar, acreditando
que não mereciam tais coisas!)
Há um hino muito bonito, escrito por Frida
Vingren, que denota o valor das aflições permitidas
por Deus

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...Os mais belos hinos e poesias, foram escritos em
tribulação, e do céu as lindas, se ouviram na
escuridão...
Paulo e Silas presos, com as costas feridas e
sangrando, numa cela escura...cantaram...
O que você faria se estivesse lá sofrendo no lugar
deles? Qual seria a sua reação? Como você
interpretaria toda aquela situação? Se suas costas
estivessem cobertas de chagas produzidas por
açoites, numa prisão desconfortável, cheia de
bandidos, um ambiente cheirando a urina, fezes e
suor, cercado de ratos e insetos, em escuridão e
com os pés amarrados no tronco? O que você diria
nessa situação, como você interpretaria as
circunstancias, sabendo que ali estaria pelo
simples fato de ter cometido o delito de pregar o
Evangelho?
Sugestões para o estudo bíblico: Livro de Jó,
Genesis 37 a 50, Livro de Daniel, Salmos 34:19,
livro de Atos etc.

“A cruz de Cristo derrama uma luz sobre o


mistério do sofrimento” (P Mortier)

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Valores Eternos

Devemos chover lagrimas


Por dentro e por fora
Até transbordar compaixão
Irrigar todas as esperanças dentro de nós
Devemos chorar todas as torrentes
Lavar todas as vidraças das janelas
Lá dentro do nosso coração
Para que possamos ver:
A vida em profundidade da importância
Que existe no valor de cada
Momento...

(Clavio J. Jacinto)

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A ABNEGAÇÃO, O QUE É?

Porque para isto sois chamados, pois também Cristo


padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais
as suas pisadas (I Pedro 2;21)

Jesus Cristo, o Senhor é o modelo de vida perfeita. Por


isso Deus deseja que sejamos parecido com Seu Unigênito
Filho (Romanos 8:29) Não havia nele orgulho ou avareza,
era humilde, completamente desapegado às coisas
materiais e passageiras. O que chama a atenção na vida
do Mestre Salvador é a sua abnegação. O Senhor Jesus
vivia uma vida para fazer a vontade de seu Pai e para
servir seu próximo. A sua vida estava centrada nessas
duas coisas, e por isso, precisava ter uma abnegação
constante aplicada ao cotidiano de sua vida, um pouco
mais de três décadas que viveu aqui nesse mundo, nosso
Salvador foi um exemplo digno de um homem tal como
ele deve ser, um modelo exato do homem santo.
Cristo deixou um legado rico em exemplos, podemos
aprender através dEle como um homem pode conduzir a
sua vida e experimentar o verdadeiro sentido que ela
proporciona, o oposto é uma obscurecido por causa das
nossas paixões e desejos puramente egoístas. Ao declara
que o “Verbo se fez carne” (João 1;14) João nos convida a
refletir, como Cristo, sendo Divino, desce aos recônditos
do vale das sombras, um mundo poluído pelos pecados do
homem desobediente e rebelde, para servi-los e morrer
por eles. A essência da vida espiritual é o amor pela causa
da verdade, sem uma paixão real pelo Evangelho, jamais
podemos experimentar o que é o verdadeiro
cristianismo. Jesus Cristo veio plantar uma semente de
esperança no solo árido da perdição dos homens caídos.
A graça de Deus é a distribuição de infinita misericórdia
para homens que não merecem nada, porém o amor de
Deus tornou-se o motivo pelo qual homens que nada

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merecem recebam a redenção gratuita pela morte de
Cristo e recebam também o perdão divino. Cristo Veio
acender uma luz, onde a escuridão reinava.(João 8:12) Só
alguém com uma abnegação perfeita poderia fazer isso. O
ato do amor mais puro concede a força necessária para
doar vida espiritual para todos os homens que estão
mortos em seus pecados, foi isso que Cristo fez por
nós.(João 14:6) Deixar sua glória, abandonar um mundo
perfeito, cheio de luz onde poderia se exalar os mais
elevados perfumes da santidade, para vir ao mundo
poluído pelas ações infames da humanidade. O sacrifício
de Cristo começa no céu quando deixa a destra de Deus,
prossegue quando se fez carne, continua quando nasceu
numa estrebaria e tem sua completa consumação quando
morre na cruz pelos pecadores. (I Pedro 2:24)
Louvamos ao Senhor por tão digno exemplo, seus passos
podem ser seguidos. Isso é loucura para os homens
perdidos. O homem natural não pode compreender o que
significa misericórdia divina porque ele está alienado ao
egoísmo humano. A sociedade pecadora não vê vantagens
na abnegação porque é escrava dos interesses pessoais.
Somos treinados pelo mundo a amarmos a nós mesmos,
porém Cristo nos convida anegarmos a nós mesmos, a não
amar a nossa vida, mas amar a Deus acima de todas as
coisas. Quando amamos a Deus acima de todas as coisas
passageiras, as coisas que perduram por causa do valor
eterno passam a ser prioridades em nossa vida. O mundo
não é digno de tal doutrina; a abnegação, pois somente
homens que nasceram em verdadeira justiça e santidade
podem viver e pregar a abnegação. Essa virtude só pode
vir de um coração perfeito não contaminado por
conceitos egoístas ou pelo veneno do orgulho. Temos que
rever a nossa vida, nosso estilo de vida espiritual. Jamais
devemos andar pelo caminho de Cristo, pensando em
nossas vantagens pessoais, não podemos encontrar na
vereda dos justos, momentos oportunistas para
promover a nós mesmos, pois isso vai contra as regras e

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os princípios do Reino de Deus. Cristo, nosso exemplo,
não agiu assim! Seguir a Cristo significa desprezar as
coisas mundanas, desejar as coisas celestiais e
permanecer debaixo da graça de Deus como um meio de
alcançar as bênçãos do mundo vindouro
O que você entende por abnegação? Você experimenta
essa virtude em sua vida espiritual? Jesus Cristo, o Senhor
levava a sério esse principio essa virtude, tão rara em
nossos dias. Pouco se fala sobre isso nos púlpitos, as
pessoas não estão interessadas em promover a causa do
próximo, há poucos livros sobre o tema. Mesmo entre os
filantrópicos, a motivação é o reconhecimento e a
exaltação de si mesmos. Buscam o elogio, querem subir o
degrau da fama e esperam os aplausos da turba que
recebe ajuda. Usar uma causa que parece ser boa para
elevar o nosso orgulho e promover nosso egoísmo é
apenas um humanismo aperfeiçoado na falta de caráter.
O que é abnegação? A abnegação é a ação caracterizada
pelo desprendimento das coisas que alimentam nosso
egoísmo, é o desprendimento das coisas passageiras e
supérfluas, para a dedicação completa a uma causa
elevada e de extrema importância. É o sacrifício da
vontade própria, o abandono de todas as coisas egoístas,
para cumprir unicamente a vontade de Deus e do
próximo. Abnegação é dar-se completamente a uma causa
justa sofrendo a ingratidão do mundo
É o cultivo das coisas mais elevadas, pelo caminho da
morte das paixões carnais que nos capacita a ver o valor
das coisas eternas. É importante salientar de forma clara,
que só pode caminhar pelo caminho estreito, que propôs
Jesus o Senhor, nos evangelhos, aqueles que se
desprendem totalmente das vaidades e das coisas que
satisfazem o ego corrompido.

“Estes são os que seguem o cordeiro, para onde quer que


vai” (Apocalipse14:4)

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Conclusão: Na vida espiritual temos escolhas, e escolher a
virtude da abnegação é uma delas. Estejamos cientes do
fato de que uma lâmpada sozinha faz muita diferença em
meio a escuridão, uma flor que desabrocha fora do jardim
faz toda a diferença no lugar ermo, assim também uma
boa opinião faz toda a diferença em meio a ignorância e a
escolha certa em meio a tantos equívocos.

Clavio J. Jacinto
Comunhão Biblica Bereiana
Paulo Lopes SC
(48) 999947392

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ALEGRANDO-SE NAS DIFICULDADES

Você não pode se entristecer quando fez as coisas


certas de maneira justa. Não deve se entristecer
perante um mundo que ama a ruína e festeja o
equívoco, não se entristeça quando você fez parte
dos poucos que desejam de boa vontade tentar
reconstruir um mundo que está em destroços e
cantar uma canção de equilíbrio harmonioso.
Aprendamos com as dificuldades e os desafios da
vida. O casulo que prende a larva, também é o
mesmo que liberta a borboleta, o tempo é o intervalo

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necessário para que a verdadeira transformação
aconteça. A arte de começar de novo é só possível
quando somos longânimos e ousados, alguém que
sonha em ser borboleta precisa de todo o processo de
transformação por apertos e dificuldades que o
casulo oferece, quem não ousa enfrentar as
circunstâncias que a lei divina exige, deve
conformar-se em seu estado larval. O homem só
pode ser chamado de nobre, quando ele é
transformado com as dificuldades, sua sabedoria só
pode tornar-se preciosa quando ele é lapidado pelas
adversidades.
Clavio J. Jacinto

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Princípios para um Estudo Eficaz das Escrituras

Para termos uma leitura produtiva das escrituras, precisamos levar


em conta vários fatores, não desejo fazer aqui uma exposição
exaustiva, mas deixar umas regras fundamentais sobre esse tema.

Primeiro. O leitor e estudante das escrituras deve ter um coração


piedoso, consagrado e sensível. Como a bíblia é um livro que revela
as coisas profundas e espirituais, é necessário que tenhamos um
coração quebrantado diante de seus ensinos.

Segundo. A Fome por mais de Deus, é uma regra indispensável,


porque se tivermos fome espiritual, a Palavra de Deus penetra nas
profundidades de nosso ser, por isso, devemos ir as escrituras para
recebermos alimento espiritual, e alcançar níveis de satisfação
espiritual, que só a sua leitura é capaz de proporcionar

Terceiro: Relacionamento com Deus. O leitor da bíblia deve ter e


desenvolver um relacionamento intimo com o Senhor na medida em
que Le e estuda as escrituras. Se o estuda das escrituras não
produzem um relacionamento mais profundo e mais intimo com
Deus, o estudo nãop está tendo efeito.

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Quarto. A submissão a Palavra. Quando abrimos a bíblia, a vontade
de Deus se revela, devemos ter um interesse puro e uma paixão
declarada em fazer a vontade de Deus, custe o que custar.

Quinto. O fogo da paixão. Ter um amor por Deus, é uma regra


inalterável, quando o assunto é o estudo da bíblia. Esse amor deve
ser fervoroso, ou pelo menos tem que acender o fervor espiritual, na
medida em que lemos mais e mais as escrituras.

Sexto. Oração. Devemos sempre orar antes de começar a ler as


escrituras, e depois de concluir essa leitura. Creio que seria mui
sensato, pedir para que o autor das escrituras nos ajudasse, na
tarefa de entender e obedecer o que está escrito.

Sétimo. O Jejum, também ajuda na nossa leitura e compreensão


das escrituras. Desde que você tenha uma hora reservada a
consagração, então essa hora também seria propicia para a leitura
e meditação das sagradas escrituras.

Oitavo: Solitude. Ou seja: um lugar reservado, silencioso, onde você


possa se sentir com o coração livre das amarras do cotidiano
materialista. Um ambiente quieto, onde sua atenção e sua
concentração esteja completamente voltada para o texto em que
você esta lendo ou estudando.

Nono. Aprender as regras hermenêuticas, para não interpretar de


forma errada, muitas passagens nas escritura.

Décimo. Ajudas adicionais. São muitas, as ferramentas que você


precisa, paras ajuda-lo na compreensão, ou na tarefa de perscrutar
com diligencia as escrituras, um dicionário bíblico, uma versão da

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bíblia diferente da usual para fins comparativos, um léxico do
hebraico e de grego, das escrituras sagradas, também auxiliam
muito, na tarefa de mergulhar mais fundo no texto sagrado. Um
estudo sobre o autor de cada livro das escrituras também seria
interessante, Esse material hoje se torna bem acessível, para quem
faz uso da Internet, facilitando a vida dos estudantes e
pesquisadores do texto sagrado. Por fim, também deve-se ter
sempre em mão um caderno e caneta para fazer anotações e
registrar suas descobertas interessantes.

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