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Estamos vivendo em tempos apocalípticos?

A geração menos alerta, menos capaz de reconhecer o que está


acontecendo, talvez até a geração mais confortável e confiante, será
aquela em que o espírito do Anticristo se manifestará plenamente. É
a nossa, então, a geração predita há tanto tempo?
Michael D. O’Brien
A pergunta é volátil e dá muita margem para uma grande quantidade
de comentários e interpretações. De fato, nossa época parece estar
repleta de interpretações extremamente diferentes sobre o
significado do livro do Apocalipse. Ao abordar o tema, espero dar
uma contribuição para o que deveria ser sempre uma discussão
sóbria, embora muitas vezes ela ocorra de outra forma. Mesmo
assim, creio que tudo o que direi sobre o assunto poderia ser
resumido em uma única palavra: Sim.

Sim, estamos vivendo em tempos apocalípticos. Mas essa


afirmação precisa de qualificação. A Igreja, a Sagrada Escritura, os
santos, as aparições místicas aprovadas, todos falam do fim dos
tempos dentro do contexto que eu gostaria de apresentar.
O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte numa seção que trata
do retorno glorioso do Senhor:

A provação derradeira da Igreja

675. Antes do advento de Cristo, a Igreja deverá passar por uma


prova final, que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que
acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o “mistério de
iniquidade” sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer
aos homens uma solução aparente a seus problemas, à custa
da apostasia da verdade. A impostura religiosa suprema é a
do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem
glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na
carne.

676. Esta impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que


se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode
realizar-se para além dela, por meio do juízo escatológico: mesmo
em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta falsificação do Reino
vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a forma política
de um messianismo secularizado, “intrinsecamente perverso”.

677. A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira


Páscoa, em que seguirá seu Senhor em sua Morte e Ressurreição.
Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da Igreja
segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus
sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua Esposa
descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal tomará a
forma do Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste
mundo que passa [i].
Observando o mundo contemporâneo, inclusive o nosso mundo
“democrático”, não poderíamos dizer que estamos vivendo
exatamente em meio a esse espírito de messianismo secular? E
esse espírito não se manifesta especialmente em sua forma política,
que o Catecismo chama (com a linguagem mais forte possível) de
“intrinsecamente perverso”? Em nossa época, quantas pessoas já
acreditam que o triunfo do bem sobre o mal no mundo será
alcançado através da revolução ou da evolução social? Quantos
sucumbiram à crença de que o homem salvará a si mesmo quando o
conhecimento e a energia suficientes forem aplicados à condição
humana? Creio que hoje essa perversidade intrínseca domina
o mundo ocidental inteiro.

O Catecismo extrai da própria Sagrada Escritura a sua autoridade


para nos ensinar sobre esses assuntos. Voltando aos nossos
fundamentos, então, o que a revelação divina nos diz sobre o
misterioso apogeu da história, o grande clímax chamado Apocalipse,
que é profetizado no último livro da Bíblia e em outros livros do Novo
e do Antigo Testamento?

Em sua primeira carta, o Apóstolo São João diz, simplesmente, sem


as nuances teológicas a que nos acostumamos nos últimos anos:
“Filhinhos, é a última hora”, e em outra tradução: “Filhinhos, são os
últimos dias” (1Jo 2, 18).

Esse é o nosso contexto, a estrutura conceitual na qual o período do


fim deve ser analisado por cada geração de cristãos. Estamos
vivendo a hora final e temos vivido nessa hora desde o momento em
que Nosso Senhor ascendeu ao céu. Toda a história subsequente é
uma espera pelo retorno dele. Os últimos dois mil anos são os
últimos dias. Em sua segunda carta, o Apóstolo Pedro escreve: “Um
dia, diante do Senhor, é como mil anos (diante dos homens), e mil
anos (diante dos homens) como um dia (diante do Senhor)” (2Pd 3,
8).
O próprio Jesus nos fala sobre o período culminante no futuro
indefinido em que toda a humanidade será submetida a uma
provação final. O capítulo 24 do Evangelho de São Mateus é a seção
mais extensa dos Evangelhos na qual Ele fala sobre o que há de vir.
Nesse trecho Ele nos apresenta mais do que uma descrição
simbólica e, alternadamente, mais do que um modelo unidimensional,
uma mera predição linear-histórica do futuro próximo. Trata-se antes
de uma visão que contém elementos de ambas as perspectivas, mas
que penetra a própria época de Jesus, o período das perseguições
nos primeiros três séculos da Igreja e toda a história subsequente até
a segunda vinda dele. Ele não é um pensador linear. Ele não é um
homem unidimensional. Ele é Deus e homem.

Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do


céu, nem o Filho, mas só o Pai. Assim como foi nos dias de Noé,
assim será também a (segunda) vinda do Filho do Homem. Nos dias
que precederam o dilúvio (os homens) estavam comendo e bebendo,
casando-se e casando seus filhos, até ao dia em que Noé entrou na
arca, e não souberam nada até que veio o dilúvio, e se levou a todos.
Assim será também na vinda do Filho do Homem (Mt 24, 36-39) [ii].
Essa passagem, inserida nas páginas do
ensinamento apocalíptico de Jesus, é o núcleo do que Ele deseja
comunicar a todos aqueles que procuram segui-lo. Ele quer que
vamos mais fundo do que a nossa tendência humana habitual de
desejar conhecimento per se do futuro, mais fundo do que uma
espécie de previsão do futuro “batizada”. Jesus deseja nos levar
ao manancial da sabedoria, não ao conhecimento em si, porque
este não pode nos salvar. Ele sempre atrai os Apóstolos para
águas profundas, em certos momentos até à beira do afogamento
literal. Nessa imersão está o início da sabedoria, pois ela nos tira de
uma perspectiva meramente horizontal e nos insere numa vertical,
que oferece uma perspectiva verdadeiramente cósmica — muito mais
elevada do que ampla.

Ele prossegue, dizendo: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora
virá o vosso Senhor” (Mt 24, 42).

Este diálogo com os Apóstolos é repetido no Evangelho de São


Lucas, com algumas palavras adicionais de Cristo. Ele começa
falando da natureza de seu retorno glorioso depois
das convulsões que estão por vir:
Porque, assim como o clarão brilhante de um relâmpago ilumina o
céu de uma extremidade à outra, assim será o Filho do Homem no
seu dia. Mas primeiro é necessário que ele sofra muito, e seja
rejeitado por esta geração (Lc 17, 24-25).
Essa frase, “rejeitado por esta geração”, é altamente significativa,
pois implica que há idades que virão depois de sua vida na terra. Em
outra passagem, Ele diz que algumas pessoas que vivem agora em
sua geração verão a chegada de seu Reino (cf. Mt 16, 28). Assim,
nesses trechos aparentemente contraditórios, somos levados a
entender que Ele está transmitindo uma visão multidimensional,
transcendendo uma cronologia puramente linear.

Como sucedeu nos dias de Noé, assim sucederá também quando


vier o Filho do Homem. Comiam, bebiam, tomavam mulher e marido,
até ao dia em que Noé entrou na arca; e veio o dilúvio, que
exterminou a todos. Como sucedeu também no tempo de Lot;
comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
mas, no dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do
céu, que exterminou a todos.

Assim será no dia em que se manifestar o Filho do


Homem [...]. Lembrai-vos da mulher de Lot. O que procurar salvar a
sua vida, perdê-la-á; o que a perder, salvá-la-á (Lc 17, 26-33).
Aqui, se me permitem, está o verdadeiro “manual de sobrevivência”
para o apocalipse, aqui está o fundamento espiritual dos
ensinamentos de nosso Salvador sobre o que devemos fazer e onde
devemos estar, espiritual e mentalmente, enquanto passamos por
tempos obscuros. É evidente que existem miniapocalipses para cada
indivíduo, além de apocalipses prefigurativos que ocorreram em
certos momentos da história da Igreja. O grande Apocalipse será
aquele período da história em que tudo é posto à prova, quando a
própria Igreja será crucificada em todo o mundo. Onde estarão,
então, os nossos recursos? Será que nós, como a esposa de Lot,
olharemos para Sodoma, ansiando por seu conforto e
minimizando sua terrível corrupção? Talvez ela soubesse que não
era a melhor cidade para se viver, mas disse a si mesma que, no
final das contas, era um lugar que oferecia segurança material —
comiam, bebiam, construíam e plantavam. Era óbvio que podiam ter
uma boa vida lá. Sempre há argumentos razoáveis para uma
concessão, para não ir para o deserto em obediência à palavra de
Deus, e sem dúvida a senhora tinha alguns bons argumentos. É
preciso repetir: quem tentar preservar sua vida, perdê-la-á; e quem
perder sua vida por causa de Cristo, salvá-la-á para a eternidade.
A respeito, porém, desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os
anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai. Estai de sobreaviso, vigiai,
porque não sabeis quando será o momento. Será como um homem
que, empreendendo uma viagem, deixou a sua casa, deu autoridade
aos seus servos, indicando a cada um a sua tarefa, e ordenou ao
porteiro que estivesse vigilante. Vigiai, pois, visto que não sabeis
quando virá o senhor da casa, se de tarde, se à meia-noite, se ao
cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de repente, vos não
encontre dormindo. O que eu, pois, digo a vós, o digo a todos: Vigiai!
(Mc 13, 32-37)
Escutamos essas passagens nas leituras da liturgia uma e outra vez,
e ficamos cada vez mais acostumados com elas à medida que
envelhecemos. É claro que são sempre interessantes, mas a
familiaridade pode fazer com que a urgência das admoestações do
Senhor se desvaneça em nossas mentes. Podemos dar um
consentimento intelectual a elas, reconhecendo que são verdadeiras,
mas subliminarmente podemos sentir (“sentir” é de fato o termo exato
neste caso) que elas não são aplicáveis a nossas próprias vidas. Os
alertas se misturam ao pano de fundo, tornam-se parte do grande
corpo dos ensinamentos de Cristo, a maioria dos quais são menos
obscuros, menos cheios de incógnitas. Assim, tendemos a deixar de
lado o tema da reflexão apocalíptica, descartando-a completamente
como se fosse uma representação simbólica de eventos que
ocorreram há muito tempo, ou, alternativamente, de eventos que
ocorrerão num futuro muito distante. Assim, vivemos como se não
estivéssemos sob ameaça alguma, convencidos, em alguma medida,
de que nenhuma Besta vai nos encarar e nos devorar — nem
alguma besta em nível pessoal, nem
alguma besta “mitológica” apocalíptica de grandes dimensões
cósmicas. Nenhuma dessas abordagens é fiel ao que Cristo nos diz.

Há sempre uma batalha por cada alma. Mesmo que a nossa época
não seja aquela à qual se refere o Apocalipse de São João, cada um
de nós deve passar por uma espécie de pequeno apocalipse com
“a” minúsculo. Cada um de nós certamente experimentará um
apocalipse com “A” maiúsculo quando morrermos e passarmos por
nosso julgamento pessoal, quando tudo o que somos, tudo o que
fizemos ou deixamos de fazer for revelado. A
palavra grega apokalypsis significa revelação ou desvelamento.
Durante as nossas vidas neste mundo, cada um de nós realmente
enfrentará a besta, que é o diabo, nosso antigo adversário, o inimigo
de nossas almas individuais e da humanidade como um todo. De
uma forma ou de outra, devemos aprender a resistir pessoalmente a
ele e a superá-lo em Cristo.
Ao mesmo tempo, devemos entender que chegará um momento na
história em que toda a malícia dele, todos os seus dispositivos, toda
a sua raiva serão liberados em um último ataque brutal contra todo
o Corpo de Cristo. Será intenso; será breve. Se nos encontrarmos no
meio desses três anos e meio de perseguição total, não será tão
breve. No entanto, devemos ter sempre em mente que o tempo dele
está terminando; de fato, o inimigo já está derrotado pelo sacrifício
de Jesus na Cruz. A guerra cósmica está ganha, e resta apenas a
batalha final pela qual a Igreja e o mundo devem passar, já que a
vitória de Cristo se manifesta na dimensão temporal.

Nós estamos na batalha final, no apocalipse, no livro do Apocalipse,


que, de acordo com a Igreja — a começar pela maioria dos Padres
da Igreja —, é uma visão de todo o desdobramento da história da
salvação após a Encarnação, culminando na vitória total
de Cristo sobre todo o cosmos e sua restauração ao Pai. O livro do
Apocalipse não é um diagrama esquemático, uma planta nem uma
cronologia puramente linear. É uma misteriosa visão
multidimensional, que certamente contém aspectos cronológicos
lineares, mas isso não é o todo. De fato, não é o elemento principal.

A principal graça do livro do Apocalipse é a exortação do Senhor a


cada geração para que se mantenha alerta, em espírito de vigilância,
a fim de abrir os olhos dos nossos corações, mentes e espíritos para
a própria natureza da Realidade. As várias manifestações bizarras
de apocalipticismo em nossa época — de determinados cenários
selvagens em alguns círculos protestantes aos seus equivalentes em
alguns círculos católicos — distorcem a intenção do Apocalipse.
Sempre que não estiverem enraizadas na profunda reverência ao
mistério e à sabedoria de Deus, sempre que falharem na absoluta
confiança na vitória vindoura de Deus, sempre que não estiverem
enraizadas na obediência e na docilidade ao Espírito
Santo, invariavelmente elas se apegarão ao conhecimento como o
fator salvador. Essa “salvação pelo conhecimento” é uma variação
moderna do antigo gnosticismo, e embora o neognosticismo de
nosso tempo não tenha uma expressão ritual, sua forma de pensar e
de se comportar é um sintoma de um problema persistente
na natureza humana — mesmo para os cristãos. Por que tantas
pessoas correm até as livrarias para comprar os últimos cenários
especulativos? Por que depositamos tanto interesse e confiança
neles, e tão pouco na vida interior de união com Cristo, precisamente
aquele que nos salvará? Neste ponto, convém lembrar que Ele não
promete salvar as nossas vidas neste mundo em termos estritamente
humanos, mas salvá-las para a eternidade, desde que confiemos
nele e nos apeguemos a Ele de todo o coração. Estaríamos sendo,
involuntariamente, vítimas de uma forma religiosa de salvação
de nós mesmos? Será que depositamos a nossa fé em informações
secretas “internas”, em técnicas de autopreservação, em manuais de
sobrevivência e revistas de combate que enfatizam fortemente a
preservação de nossas vidas e minimizam a nossa saúde espiritual?
Se sim, é hora de fazermos uma autoavaliação. Uma atitude que dá
consentimento mental a Deus enquanto em outros níveis procede
como se Ele não estivesse de fato cuidando de seu rebanho é malsã
em todos os aspectos.

Teto da Capela Sistina.


Por causa da nossa natureza humana decaída, mesmo da
nossa natureza humana batizada, tendemos a nos enxergar e a agir
como se fôssemos unidades autônomas no controle de nossas
próprias vidas. Sim, nós queremos a salvação, queremos as
consolações de Deus, mas as queremos do nosso jeito. Tal atitude
pode até não ser consciente, mas deve ser humildemente
reconhecida se quisermos ir além do gueto do eu. Sempre que
dissermos a nós mesmos: “Eu decidirei o significado da Sagrada
Escritura. Não me submeterei a nenhuma Igreja que me diga o que
ela significa!”, adentramos o reino do eu. Estas atitudes se infiltram
sutilmente em nosso pensamento e sentimento. Elas saturam a
atmosfera da nossa época, especialmente na cultura ocidental. Em
uma época da história dominada pelo medo e pela desconfiança, a
submissão do coração e das almas à mente de Cristo e de sua Igreja
é mal interpretada como contrária ao indivíduo, quando de fato a
Igreja é anti-isolacionista e profundamente personalista — ou seja,
ela respeita a personalidade única de cada alma, dentro de uma
comunidade de pessoas no contexto da ordem divina, com os direitos
e responsabilidades que isso implica. Por outro lado, o novo
herói mitológico é o indivíduo autônomo que só presta contas a seu
eu soberano, e o espírito da época nos encoraja a cada momento a
imitá-lo e, ao fazê-lo, a nos tornarmos deuses mesquinhos.

Deve-se notar que a exaltação de uma criatura acima da autoridade


de Deus é o espírito do Anticristo. Poucos devotos do eu — ou
nenhum deles — imaginaria que está a serviço desse espírito
diabólico, mas a verdade é que aquele que nega que Jesus é o
Senhor de sua vida se torna vulnerável ao zeitgeist, o espírito dos
tempos, o spiritus mundi. À medida que esse espírito é cada vez
mais dominado pelas ideias do Anticristo, o eu soberano faria bem
em olhar além das fronteiras de seu pequeno reino, para que não se
encontre um dia, sem saber como chegou lá, numa condição
de escravidão. Pois o homem se torna facilmente escravo dos
impulsos de sua própria natureza caída, de seu orgulho
e subjetividade e, finalmente, da manipulação de forças que
estão além de sua compreensão.

O spiritus mundi de nossa época apresenta algumas características


únicas, que só se tornam compreensíveis à luz das visões
de Daniel, Isaías, Ezequiel, Sofonias, Malaquias e uma hoste de
outros profetas, e pelas passagens escatológicas do Novo
Testamento, principalmente as advertências de Cristo e a grande
visão do livro do Apocalipse. Basta ler a Sagrada Escritura para
constatar que a nossa época está presente nesses textos.

Em cada época, esse espírito trabalha contra a soberania absoluta


de Deus. No entanto, sabemos por revelação divina que chegará um
período definitivo na história em que ele se espalhará pelo mundo e,
no auge de sua influência, tomará a totalidade do poder mundial por
meio de mentiras, lisonjas e sedução sutil, e então lançará uma
perseguição sem precedentes contra os seguidores de Cristo.

Em 1948, Étienne Gilson, um dos grandes filósofos tomistas


do século XX, deu uma palestra aos bispos da França sobre a
natureza do mundo que emergiu no pós-guerra. Em
seu profético ensaio de 1949, “Os terrores do ano 2000”, baseado
naquela palestra, ele argumentou que o homem da nova era é
dominado pelo espírito do Anti-Christus. Tendo abandonado a crença
ou confiança no Deus que se fez homem e sofre conosco para nos
elevar, tentamos nos transformar em Deus, pois o homem não pode
viver muito tempo sem um deus e uma espiritualidade. Postulando a
“grandeza demoníaca de Nietzsche” como precursora e articuladora
dessa condição espiritual, Gilson adverte que a influência
do Anticristo é grande porque em nosso tempo ele não tem nenhuma
semelhança com a fantástica besta do Apocalipse.

A ordem humana está cambaleando. O fato de o Anticristo ser ainda


o único que sabe isso, o único que pode prever o
terrível cataclismo da “inversão de valores” que está sendo
preparado, não o torna menos fatal, pois se a totalidade do passado
humano dependia da certeza de que Deus existe, a totalidade do seu
futuro dependerá necessariamente da certeza oposta, de que Deus
não existe [...].
Será que finalmente compreendemos isso? Não temos certeza, pois
o anúncio de um cataclismo dessa magnitude deixa geralmente
apenas uma defesa: não acreditar nele e, para não acreditar,
recusar-se a compreendê-lo. Se Nietzsche estiver certo, os próprios
fundamentos da civilização devem ser demolidos [...].

“Quem quiser ser um criador, para o bem e para o mal, deve primeiro
saber destruir e aniquilar valores”, diz Nietzsche. Eles estão de
fato sendo aniquilados à nossa volta e diante dos nossos próprios
olhos, por todos os lados. Já não podemos contar as mensagens
inauditas que nos são enviadas sob os mais diversos nomes por
tantas escolas de pensamento, cada uma das quais, como arauto de
uma nova verdade que promete criar em breve, preparando
o admirável mundo novo de amanhã por meio da destruição do
mundo atual [...].

Uma vez que os homens se recusaram a servir a Deus, já não


existe um árbitro entre eles e o Estado que os domina. Já não é
Deus, mas o Estado que os julga; mas quem irá julgar o
Estado? [iii]
Se já não existe uma ordem moral absoluta, nenhum conjunto de
absolutos exteriores à subjetividade do homem, nenhum padrão
inabalável do bem e do mal pelo qual possamos medir a retidão ou o
erro de nossos atos pessoais, nacionais e internacionais, o que nos
impede de simplesmente remodelar a humanidade de acordo com
caprichos e teorias estimuladas por um misto de impulsos e
impressões, utopias vagas e ideologias mais específicas? O que nos
impediria de redefinir uma certa parcela da humanidade e considerá-
la menos humana do que outras porções da humanidade — e,
portanto, indigna da vida? Isso já aconteceu, e o aborto é um
exemplo óbvio. Mas nos acostumamos a isso. Sabemos que é
errado, mas essa situação se normalizou em toda parte. Embora
continuemos a resistir a ela, a completa institucionalização do mal em
nossa sociedade foi absorvida em nossa consciência como algo
corriqueiro.

Josef Pieper apresenta em seu ensaio “A arte de não sucumbir ao


desespero” [iv] um argumento semelhante, citando fontes muito
diversas, como São João em Patmos, Nietzsche e Marx, Thomas
Mann e Robert Oppenheimer, e muito particularmente a obra
“Retorno ao Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. “Admirável
Mundo Novo”, a distopia de Huxley publicada em 1931, tinha
advertido que a era da organização mundial se aproximava (embora
ainda estivesse distante), e que tal era aboliria a vida privada e a
responsabilidade pessoal. Trinta anos mais tarde, revisitando sua
obra, Huxley se mostrou muito menos otimista e expressou sua
convicção de que as previsões que havia feito em 1931 estavam se
materializando em um ritmo muito mais rápido do que julgara
possível. No futuro próximo, advertiu, veríamos o surgimento de uma
“ditadura científica” na qual haverá menos violência do que
sob Hitler e Stalin, “e na qual seremos controlados sem dor por um
corpo de engenheiros sociais altamente treinados”, e na qual
“democracia e liberdade serão o tema de cada transmissão e
editorial”, mas “a substância subjacente será um novo tipo
de totalitarismo não violento”. Pieper ressalta que esta é a forma
mais desumana de totalitarismo, quase impossível de ser eliminada,
porque sempre pode citar argumentos aparentemente válidos para
provar que não é, de fato, o que é.

Em “O Julgamento das Nações”, obra publicada em 1942, o


historiador Christopher Dawson apresenta uma reflexão sobre o
mundo que começava a surgir no pós-guerra e compara o colapso
do Império Romano ao colapso de uma civilização cristã. Ele
acreditava que algo muito mais ameaçador estava acontecendo com
o colapso da civilização cristã:

Pois a civilização que foi abalada e que agora está ameaçada


pela subversão total, é uma civilização cristã, construída sobre os
valores espirituais e ideais religiosos de Santo Agostinho e seus
semelhantes; e seu adversário não é o simples barbarismo de povos
estrangeiros que se encontram em um nível cultural inferior, mas
novos Poderes armados com todos os recursos da técnica científica
e inspirados por uma vontade implacável de poder, que não
reconhece nenhuma lei a não ser a de sua própria força.
Aqui Dawson está se referindo às tiranias ostensivas. No entanto, ele
prossegue e apresenta mais alguns alertas a todos nós:

Assim, a situação que os cristãos precisam enfrentar hoje tem mais


em comum com aquela descrita pelo autor do Apocalipse do que com
a época de Santo Agostinho. O mundo é forte e tem seus mestres do
mal. Mas esses mestres não são autocratas cruéis
como Nero e Domiciano. São os engenheiros do mecanismo do
poder mundial: um mecanismo mais formidável do que qualquer
coisa que o mundo antigo conhecia, porque não está confinado a
meios externos, como o despotismo do passado, mas usa todos os
recursos da psicologia moderna para fazer da alma humana o motor
de seu propósito dinâmico.
Dawson está descrevendo a configuração de um futuro possível,
um totalitarismo global que, do ponto de vista cristão, é o mais grave
de todos, porque nele o mal se torna despersonalizado, “separado
do apetite e da paixão individuais, e exaltado [...] numa esfera na
qual todos os valores morais são confundidos e transformados. Os
grandes terroristas [...] não foram homens imorais,
mas puritanos rígidos que fizeram o mal friamente, por princípio”.

Se pensadores serenos e lúcidos


como Gilson, Pieper e Dawson (poder-se-ia facilmente acrescentar
uma longa lista de nomes admiráveis para acompanhá-los) falaram
com certa urgência sobre o significado do caráter único de nosso
tempo, certamente nós, que vivemos numa geração posterior,
podemos nos dar ao luxo de uma pequena reflexão sobre a
possibilidade de que a história possa estar se aproximando de sua
crise definitiva. A relutância generalizada de muitos pensadores
católicos em realizar uma análise profunda dos
elementos apocalípticos da vida contemporânea é, creio eu, parte do
próprio problema que eles procuram evitar. Se o pensamento
apocalíptico é deixado em grande medida para aqueles que foram
tomados pelo subjetivismo ou que se tornaram vítimas das fantasias
de terror cósmico, então a comunidade cristã, ou mesmo toda a
comunidade humana, fica radicalmente desfavorecida. E isso pode
ser medido em termos de almas humanas perdidas.

Boa parte dos comentários apocalípticos realizados hoje em dia


pelos círculos acadêmicos se limita ao boato do primeiro milênio. “Ah,
sim”, dizem-nos repetidamente, “no século X houve
uma histeria coletiva em relação à proximidade do fim do primeiro
milênio, e vejam só, a data passou e o mundo recuperou seu
equilíbrio”. Ao se preparar para seu discurso aos bispos
da França, Gilson estudou cuidadosamente esse período e encontrou
poucas evidências para sustentar a teoria da febre em relação à
virada do milênio no século X. A tradição relativa a uma
suposta histeria generalizada era tão grosseiramente inflada a ponto
de ser ridícula, e na verdade se devia em grande parte aos escritos
de um único clérigo. Embora houvesse incidentes isolados,
reconhece Gilson, a histeria coletiva definitivamente não era a
tendência daqueles tempos.

Então, o que devemos fazer em relação à repulsa generalizada


existente entre os intelectuais quando se trata de realizar uma
reflexão séria a respeito de temas apocalípticos? Medo do irracional?
Sim, há algo disso — aversão a um tema que está cheio de
incógnitas e pronto para conjecturas provocativas. Claramente, é
saudável sentir alguma aversão ao risco de alguém projetar os seus
temores vagos sobre um mundo grande e perigoso. Contudo, não
devemos permitir que esse receio paralise a faculdade crítica, bem
como o carisma do discernimento espiritual que os cristãos devem
exercer sempre que procuram compreender o mundo. Ficamos tão
preocupados com o perigo da paranoia que não somos mais
capazes de considerar a possibilidade de que algo da magnitude
de um apocalipse possa ocorrer em nossos tempos? Não será a
psicologia da negação tão perigosa quanto a psicologia da histeria —
e mais ainda, uma vez que a histeria não pode ser mantida por muito
tempo, mas a negação fomenta uma profunda indiferença? Como é
fácil rejeitar todo o debate numa só tacada em razão do estilo pobre
e dos excessos óbvios de muitos autores que tratam do “fim dos
tempos”, com os seus vários cenários conflituosos ou as manchetes
apocalípticas e sensacionalistas dos tabloides. Por sua própria
natureza, o tema da catástrofe mundial evoca respostas irrefletidas;
portanto, para muitos membros da academia, especialmente os
habituados à hiperespecialização, existe uma forte tentação de se
afastarem tanto do problema que praticamente rejeitam
completamente o tema.

A psicologia humana é tal que temos a tendência de perceber nosso


próprio tempo como normal. Nascemos e somos criados numa
determinada cultura com certas realidades espirituais e materiais ao
nosso redor. As pessoas de cada geração experimentam o mundo
como um ambiente imperfeito, mas esse ainda é o mundo delas. Em
algum momento da história, porém, uma geração vai passar pela
fase final do apocalipse, mas para ela parecerá um mundo normal.
Ela terá problemas, e seus cidadãos poderão até admitir que são
graves, mas a maioria terá dificuldade em compreendê-los em sua
relação com a crise absoluta apresentada no livro do Apocalipse.
Essa é precisamente a condição sobre a qual Jesus nos adverte
em Mateus 24. A geração menos alerta, menos capaz de
reconhecer o que está acontecendo, talvez até a geração mais
confortável e confiante, será aquela em que o espírito
do Anticristo se manifestará plenamente. É a nossa a geração
predita há tanto tempo?

E, se assim for, como será consumada a nossa escravidão? Será


implementada por meio do aumento do poder estatal aliado a uma
diminuição gradual dos direitos civis; a abolição de responsabilidades
onerosas que recaem sobre nós aliada ao aumento de recompensas
agradáveis; o crescimento de uma classe de poder formada por
“conhecedores”, que consagram nos órgãos de governança
institucional um neognosticismo multifacetado. Se, ao mesmo tempo,
a capacidade do homem de exercitar seu intelecto — especialmente
no que diz respeito às faculdades analíticas e contemplativas — for
limitada pela educação corrompida, pela doutrinação da mídia e por
uma perda generalizada do significado e do valor da pessoa humana,
a nova ordem mundial poderá ser alcançada. Deve-se notar, além
disso, que ela poderá ser alcançada de forma mais eficaz na
medida em que for entendida como uma causa “moral”,
um grande salto adiante em nome da humanidade.

Esse processo já está em andamento em várias nações do Ocidente.


Num futuro próximo, ele poderá ser completamente bem-sucedido. O
que lhe serve de obstáculo? Somente a Igreja Católica. O Papa João
Paulo II, em várias de suas conferências públicas e em
suas encíclicas, notadamente na Centesimus Annus e na Evangelium
Vitae, diz que não devemos concluir que a humanidade se emendará
e todos nós prosseguiremos em direção ao novo e glorioso futuro
somente porque as formas mais brutais de totalitarismo — como o
fascismo e o marxismo — parecem ter sido derrubadas e
porque governos democráticos têm surgido nesses antigos
Estados tirânicos. João Paulo II ensinava continuamente que um
futuro definido como uma restauração do mundo por meio de
processos evolutivos inevitáveis é um falso pressuposto, e de fato ele
chega a advertir que nós das democracias liberais ocidentais
podemos, a longo prazo, correr um risco maior do que os povos
da Europa Oriental e de outras partes do mundo que sofreram
sob a tirania ostensiva. Seus sofrimentos foram catastróficos;
nações, povos e igrejas particulares foram crucificados. Mas
naquelas terras a besta foi desmascarada, revelou-se em sua
essência.

O Papa São João Paulo II, em visita a Nova Iorque, em 1979.


A besta que agora está ao nosso redor devora os inocentes em
muitos níveis de nossa sociedade. Mais obviamente, devora os
inocentes no útero em grande número, através de assassinatos
sancionados e financiados pelo Estado. A eutanásia está agora se
disseminando. Há dez anos, um parente meu quase foi assassinado
em uma instituição católica. Tais incidentes estão se tornando mais
frequentes. Por que, então, o impensável está se normalizando ao
nosso redor? Ele se espalhou, e continuará a se espalhar, porque o
pensamento está se tornando confuso dentro e fora da Igreja, e
embora às vezes recorramos à consciência com fervor, ela está cada
vez mais entorpecida. Infelizmente, essa anestesia da consciência é
sustentada pela matização teológica da Verdade, transformando-a
em abstrações ambíguas que começam criando confusão moral e
terminam levando muitas pessoas a presumirem que a verdade não é
aplicável à realidade prática.

O Papa Leão XIII escreveu o seguinte em sua encíclica sobre


o Espírito Santo, Divinum Illud Munus, de 1897:

…porque, se é verdade que a ingratidão fecha a mão do benfeitor, o


reconhecimento ao contrário abre-a amplamente. Há de se cuidar,
porém, diligentemente que tal amor não se limite a umas áridas
noções teóricas e a uma homenagem puramente exterior, mas que
se distinga pela pronta ação, principalmente pela fuga do pecado, o
qual de modo muito particular ofende o Espírito Santo. Com efeito,
tudo o que somos, devemo-lo à divina bondade, atribuída que é
preponderantemente ao mesmo Espírito: a
este benigno benfeitor injuria aquele que peca, que, abusando de
suas dádivas e de sua bondade, torna-se dia a dia mais insolente.
Quanto a isso, um reparo: visto que o Espírito é o Espírito da
verdade, se alguém se tornar culpado por fraqueza ou ignorância,
poderá talvez ter algum motivo que o escuse aos olhos de Deus; mas
o que por malícia resiste à verdade e lhe volve as costas, comete um
gravíssimo pecado contra o Espírito Santo.

Esse pecado assumiu tais proporções na presente época, que


parecem chegados aqueles perversos tempos anunciados por Paulo,
nos quais os homens, obcecados por uma sentença muito justa de
Deus, tomarão por verdadeiro o que é falso e darão crédito ao
“príncipe deste mundo”, que é mentiroso e o pai da mentira, como se
fosse mestre da verdade: “Por isso Deus lhes envia um poder
de sedução, de tal modo que creiam na mentira” (2Ts 2, 11); “Ora, o
Espírito diz formalmente que nos últimos tempos alguns apostatarão
da fé, dando ouvido a espíritos enganadores e a doutrinas de
demônios” (1Tm 4, 1). Habitando, pois, como acima referimos,
o Espírito Santo em nós como se residisse em seu templo, importa
refletir no preceito do Apóstolo: “Não entristeçais (com vossos
pecados) o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes marcados com
um selo para o dia da redenção” (Ef 4, 30).
O Papa São Pio X escreveu em sua encíclica E Supremi
Apostolatus (sobre a restauração de todas as coisas em Cristo),
de 1903:
Quem considera tudo isso tem razão em temer que tal perversidade
da mente seja uma espécie de amostra e talvez o início dos males
reservados para os últimos tempos; que já esteja no mundo “o filho
da perdição”, do qual fala o Apóstolo (2Ts 2, 3). Afinal é com muita
audácia e ira que se persegue por toda a parte a religião, combatem-
se os dogmas da fé, procura-se descaradamente extirpar e aniquilar
todo tipo de relação do homem com a Divindade! Nisso reside,
segundo diz o mesmo Apóstolo, o caráter próprio do Anticristo; o
próprio homem, com infinita temeridade, pôs-se no lugar de Deus,
elevando-se sobre tudo o que se denomina Deus, de modo que,
embora não consiga apagar completamente de si próprio o
conhecimento de Deus, condenou sua majestade e, por assim dizer,
fez do universo um templo no qual ele mesmo deve ser adorado:
“...se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse
Deus” (2Ts 2, 4).
Cinco anos depois, na beatificação de Santa Joana d’Arc, ele disse:

No nosso tempo, mais do que nunca, a principal força dos maus é a


covardia e fraqueza dos bons, e toda a espinha dorsal do reinado
de Satanás reside na fraqueza dos cristãos. Oh, se fosse possível
para mim, como o profeta Zacarias fez em espírito, perguntar ao
divino Redentor: “Que ferimentos são esses em tuas mãos?”, não
haveria dúvida sobre a resposta: “Recebi estes ferimentos na casa
dos meus amigos. Fui ferido por meus amigos, que não fizeram
nada para me defender e que, em todas as ocasiões, fizeram-se
cúmplices dos meus adversário”. Essa repreensão pode ser
dirigida aos cristãos fracos e covardes de todos os países.
Falando como um católico débil e covarde, criatura caída que precisa
de salvação, em meu próprio exame de consciência contínuo tenho
enxergado cada vez mais as áreas onde não consigo resistir ao
espírito do mundo. Eu me pergunto: onde falhei em me tornar mais
corajoso? Onde fiz concessões? Embora me considere um bom
católico, que se esforça para permanecer em estado de graça,
assistir à Missa diariamente e fazer minhas orações pessoais, estou
sinceramente disposto a entregar tudo a Jesus? Estou disposto a
dizer a cada momento: “Tomai minha vida, fazei com ela o que
quiserdes”? Isso pode assumir inúmeras formas. É possível que Ele
queira que você troque fraldas pelos próximos dez anos e associe
essa humilde tarefa aos próprios sacrifícios dele; talvez você tenha
de falar a verdade corajosamente quando se deparar com mentiras
que dominam a consciência moderna. Independentemente de seu
estado de vida, você deve estar disposto a se submeter a muitos
tipos de provações, inclusive a alguns que poderiam impedir o
progresso na sua carreira, atrasar ou frustrar seus próprios planos de
fazer o bem no mundo.

Se você permanecer firme, se permanecer fiel, quer sua tarefa seja


“pequena” ou “grande”, dará muitos bons frutos no mundo, embora
não do seu jeito. Os conceitos de pequeno e grande, relevante e
insignificante, geralmente são distorcidos no pensamento moderno, e
temos de admitir que essas medidas frequentemente contaminam
tanto os que têm fé como os que não a têm. No cântico do capítulo
11 do Apocalipse, todos aqueles que estão no Paraíso glorificam
a Santíssima Trindade. A passagem diz que “pequenos e grandes”
estão louvando a Deus (Ap 11, 15-18). Mas quem são eles? Se
prestarmos atenção a tudo o que Cristo nos ensinou, o grande não é
necessariamente o que nós consideramos grande segundo padrões
humanos, tampouco o pequeno. Grandeza não tem nada a ver com
ter o nome impresso na capa de um livro, nem com o
reconhecimento nos fóruns do mundo. A grandeza genuína pode ser
trabalhar em tarefas humildes e humilhantes sem ser notado por
ninguém, exceto pelo próprio Deus. Tais tarefas matam em nós o
núcleo do egoísmo na natureza humana. De fato, uma vida oculta e
anônima, na qual temos pouca ou nenhuma relevância, se vivida em
união com Cristo, nos conduzirá a um momento em que passaremos
pelos portões do Paraíso e descobriremos, para nosso espanto, que
somos grandes aos olhos do Pai. Pois o Pai nos ama com um amor
que hoje não podemos começar a compreender, e em cada um de
nós Ele vê a imagem de seu Filho.

Se estamos vivendo nos estágios definitivos do Apocalipse, nosso


caminho em meio a essa escuridão radical não dependerá da
“grandeza” do status ou das forças humanas, nem de mapas, planos
de ação e equipamentos de sobrevivência. Nunca poderá depender
de qualquer tentativa de nos salvarmos a nós mesmos. Nossa
salvação no tempo do ataque final contra o Corpo de Cristo não
poderá se limitar apenas ao consentimento racional a um conjunto de
doutrinas — embora, naturalmente, esta seja uma parte essencial de
nossa fé. Poderíamos memorizar o Catecismo e concordar
intelectualmente com cada item dele, mas por mais louvável que isso
seja, não é suficiente. Nossa fé é a união com Jesus Cristo, aqui
neste mundo e por toda a eternidade. Se somos batizados, já
estamos vivendo nessa comunhão, que a Igreja chama de comunhão
dos santos.

O espírito terrível do Anticristo se esforça para desintegrar essa


comunhão. Ele procura criar um isolamento terrível, tenta nos
separar de outras almas, nos tirar do rebanho, nos impor cada vez
mais um sentimento de abandono profano onde é muito mais fácil ser
confundido, desencorajado e neutralizado. E sempre que somos
dominados por sentimentos que nos dizem que estamos sozinhos e
desprotegidos, instintivamente nos voltamos para os recursos
humanos naturais: agarramos qualquer senso de controle que nos é
acessível e tentamos criar um mundo isolado e seguro para nós.
Dizemos a nós mesmos: “Ah, se ao menos eu conseguir dinheiro ou
conhecimento, influência ou poder suficientes…” A lista de recursos
continua, as muitas maneiras pelas quais tentamos nos sentir
seguros. Podem não ser coisas ruins em si mesmas, mas muito
facilmente a questão essencial é esquecida, minimizada ou ignorada
e, no final, nunca enfrentada. A pergunta que cada um de nós deve
fazer agora, neste tempo de grande graça e misericórdia, é: “Em que
depositei toda a minha confiança? Onde estou me enganando
em relação à segurança? Onde, talvez, estou me curvando
perante ídolos e nem mesmo me dando conta disso?”

Na medida em que depositarmos nossas esperanças em qualquer


outra coisa que não seja o próprio Cristo, ficaremos confusos e
exaustos: hesitaremos, cometeremos erros, ficaremos com medo e
nos desviaremos para ainda mais longe do rebanho e, muito
possivelmente, seremos tomados pelo desânimo e, finalmente, pelo
desespero. Não é esta a prova a que o povo de Deus foi submetido
durante a Páscoa e o Êxodo? Também nós podemos encontrar
argumentos convincentes para não seguir a Cristo no caminho da
Cruz, que é a nova coluna de fogo sagrado. Os ensinamentos da
Igreja se referem à época do fim como uma “Páscoa final”. À medida
que nos dirigimos para a eterna Terra Prometida, por que
devemos supor que jamais seremos testados como nossos
ancestrais no deserto? Por que, além disso, devemos presumir que
nos comportaremos de maneira diferente? Depois dos milagres
incríveis testemunhados pelos hebreus, como os castigos
dos egípcios e a abertura do Mar Vermelho, depois a coluna de fogo
e os dons dos alimentos milagrosos, eles ainda foram tentados, ainda
caíram na descrença. E qual foi o grito de angústia deles no deserto?
“Por isso nos tirastes de lá, para morrermos no deserto!” Este não é
já o nosso clamor quando nossas situações pessoais se
desestabilizam e prometem se tornar radicalmente inseguras?
Protestamos: “Onde estais, Deus? Vós nos abandonastes?!” Essa
será a nossa resposta se depositarmos as nossas esperanças
somente nas consolações e bênçãos de Deus, e não na união com
Ele, incluindo a união com Ele na Cruz. Se desejarmos apenas
suas garantias, o que faremos quando elas forem
removidas? Cederemos ao desânimo e, em seguida, o trairemos?
Rejeitaremos o que Ele deseja nos ensinar e o destino aonde deseja
nos conduzir, bem como o que Ele deseja fazer através de nós?
Essa é a nossa provação. Ninguém está livre dela. Pois é o único
caminho para a verdadeira e eterna liberdade.

Mas o que devemos fazer se nos encontrarmos no deserto, numa


situação em que todas as seguranças estão desmoronando e
ficamos expostos aos perigos da existência humana? A resposta
pode ser encontrada em numerosas passagens da Sagrada
Escritura, mas um trecho que leio e rezo com frequência é
do Salmo 56: “Ó Altíssimo, quando o temor me invadir, eu porei a
minha confiança em vós”. Vale a pena meditar sobre o Salmo inteiro,
pois seu autor, o rei Davi, compreendeu o que é ser humano, o que
significa tremer diante do poder aparentemente esmagador de um
adversário; sentir, em cada aspecto do ser, a sua fragilidade como
criatura. Ele havia enfrentado Golias com nada mais que uma
pequena funda, cinco pedras lisas e sua fé. Mais tarde, enfrentou
inúmeros outros inimigos, sobretudo sua própria vulnerabilidade ao
pecado. No entanto, sempre se voltou para o Senhor, buscando-o
uma e outra vez, e aprendeu no processo que nunca devemos perder
a coragem.

A confiança não nos vem automaticamente. Ela cresce à medida que


a exercemos. Podemos começar a fazer isso agora, em quaisquer
circunstâncias em que nos encontremos, nas provações normais e às
vezes extraordinárias da vida. Cada um de nós as tem, e cada um de
nós, ao invocar o Senhor para se fortalecer, pode encontrar nelas a
oportunidade de reeducar os próprios pensamentos e movimentos do
coração.

Em situações impossíveis, descobri que é muito útil fazer orações a


Deus glorificando-o antecipadamente por seja qual for o caminho,
desconhecido para mim, através do qual Ele me fará passar pela
próxima provação. Também gosto de rezar o cântico dos três jovens
na fornalha ardente na Babilônia (cf. Dn 3, 56-88). É uma canção de
grande beleza, mais ainda por ser um hino cantado exatamente
no lugar onde é menos provável que ele seja cantado. Tais
orações proferidas em um lugar “sem esperança” são muito
apreciadas por Deus, e Ele não decepcionará aqueles que as rezam.
Mas devemos decidir rezá-las e fazer disso uma prática. Os atletas
fortalecem seus músculos e sua resistência por meio do treinamento,
e nós também podemos treinar para aumentar a nossa confiança em
Deus. Devemos nos lembrar com frequência que Ele deseja nos
inundar com toda a graça de que precisamos para esse tipo de
crescimento, para o trabalho profundo de amadurecimento nele. As
dificuldades particulares da vida comum e as grandes provações da
vida são exatamente as situações em que aprendemos melhor. Ele
nos ama, e jamais devemos nos esquecer disso. Todos os
santos nos amam também, e intercedem constantemente por nós.
A intercessão deles e a ajuda dos santos anjos aumentará conforme
precisarmos deles. Mas eles não nos obrigarão a nada, e assim
devemos desenvolver o hábito de pedir e confiar na graça. Vivemos
atualmente num período da história em que é possível — para
aqueles de nós que não vivem sob tiranias — aprender, sem
oposição extrema, essas profundas lições no coração, na mente e na
alma. O céu está derramando graças particulares para os cristãos
perseguidos, mas há também muitos caminhos de graça para nós
que ainda não fomos postos à prova. Muito especialmente devemos
nos voltar para a Santa Eucaristia com renovado foco e fervor.
Podemos também pedir a Nossa Senhora para desempenhar um
papel maior em nossas vidas, consagrando a nós e a nossas famílias
a seus cuidados maternais. E podemos desenvolver o hábito de ler
a Sagrada Escritura regularmente e de modo orante.

Também podemos buscar formas de contribuir para a nova


evangelização, pois até o fim (seja daqui a mil anos ou apenas a
alguns anos) o desejo de Deus é trazer todas as almas para si. Este
não é o momento de desistir do mundo, mas de renovar nossos
esforços para trazer esperança a ele. Como o Papa João Paulo
II afirmou em sua encíclica sobre a Divina Misericórdia, ainda que os
pecados da humanidade mereçam hoje um segundo dilúvio, somos
chamados a implorar pela misericórdia dele por cada alma no mundo.
Temos de evitar as tentações alternativas do falso otimismo e do
terrível pessimismo. Os cristãos são os principais realistas. Somos
pessoas que podem olhar para a realidade de uma era sombria e
encontrar aí a próxima vitória de Cristo. E isso também requer
prática.

Retornemos às palavras dos nossos Santos Padres sobre as


características apocalípticas da nossa época.

Numa homilia de Missa em 29 de junho de 1972, o Papa Paulo


VI disse que “através de alguma fenda a fumaça de Satanás entrou
no templo de Deus”. Numa alocução de 1977, ele chegou ao ponto
de dizer:
A cauda do diabo está operando na desintegração do mundo
católico. A escuridão de Satanás penetrou e se espalhou em toda
a Igreja Católica até o seu ápice. A apostasia, a perda da fé, está se
disseminando em todo o mundo e nos mais altos níveis dentro da
Igreja (Discurso no 60.º Aniversário das Aparições de Fátima, 13 de
outubro de 1977).
A escolha dessa descrição incomum é significativa, pois “a cauda do
diabo” alude a uma passagem do livro do Apocalipse:

Depois apareceu no céu um grande sinal: Uma mulher vestida de sol,


e a lua debaixo de seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a
sua cabeça; e, estando grávida, clamava com dores de parto, e sofria
tormentos para dar à luz. E foi visto um outro sinal no céu: era um
grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez pontas, e nas
suas cabeças sete diademas; e a sua cauda arrastava a terça parte
das estrelas, e as precipitou na terra; e o dragão parou diante da
mulher, que estava para dar à luz, a fim de devorar o seu filho, logo
que ela o tivesse dado à luz (Ap 12, 1-4).
A mulher vestida com o sol é um tipo ou símbolo de Nossa Senhora e
da Igreja e, portanto, a passagem é multidimensional. A tentativa
de Satanás de destruir o Menino Jesus por meio do Rei Herodes é
seu significado literal-histórico; o papel da Mãe de Deus no final dos
tempos é outro nível de significado, alegórico e profético, que se
desdobrará como literal-histórico em algum momento no futuro.
Nesse sinal também pode ser visto o papel da Igreja em cada época,
seu trabalho para gerar o fruto da salvação no mundo. Cada criança,
em certo sentido, é filha dela. Nesse sentido, a frase usada no
contexto da “desintegração do mundo católico” é uma linguagem
muito forte de um Papa.

Naquele mesmo ano, um cardeal polonês chamado Karol


Wojtyla proferiu um discurso durante uma visita aos Estados Unidos:

Estamos agora diante do maior confronto histórico pelo qual a


humanidade já passou. Não creio que círculos amplos da
sociedade americana ou da comunidade cristã tenham se dado conta
disso plenamente. Estamos agora diante do confronto final entre
a Igreja e a anti-Igreja, o Evangelho e o anti-evangelho. Esse
confronto está nos planos da Divina Providência. É uma provação
que toda a Igreja [...] deve assumir [v].

O Cardeal Karol Wojtyla.


É altamente significativo que o homem que o Espírito Santo colocou
na Cátedra de Pedro apenas um ano depois tenha falado do
confronto “final” como uma realidade atual. É uma palavra pequena,
mas um mundo de significado está embutido nela.

Numa conferência proferida em Palermo, Sicília, em março de 2000,


o Cardeal Joseph Ratzinger falou sobre a destruição
da paternidade espiritual na modernidade: “A crise
da paternidade que enfrentamos hoje é um elemento — talvez o mais
importante — que ameaça a humanidade em sua essência. A
dissolução da paternidade e da maternidade está relacionada à
dissolução da nossa condição de filhos e filhas.”

Mais adiante na conferência, o cardeal refletiu sobre


a paternidade de Deus. Ele chamou a atenção para o fato de que
o livro do Apocalipse fala do eterno e primordial antagonista do Pai:
“a Besta”, ou seja, o demônio. Tal como está descrita no Apocalipse,
a Besta não tem nome; tem número. Em seguida, o Cardeal
Ratzinger se referiu ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial e
estabeleceu uma conexão entre os campos de
concentração/extermínio e a nossa época, particularmente no que diz
respeito ao elemento que define a nova civilização global: a presença
esmagadora da tecnologia e todo o potencial subsequente para a
corrupção e desumanização das almas:

Em seu terror, [os campos de concentração] eliminaram rostos e


história, transformando o homem em um número e reduzindo-o a
uma engrenagem numa enorme máquina. O homem não passa de
uma função [...].

Hoje não deveríamos nos esquecer de que eles prefiguraram o


destino de um mundo que corre o risco de adotar a mesma estrutura
dos campos de concentração, caso a lei universal da máquina seja
aceita. As máquinas que foram construídas impõem a mesma lei.
Segundo essa lógica, o homem deve ser interpretado por um
computador, e isso só é possível se for traduzido em números.
A besta é um número e transforma [as pessoas] em números. Deus,
no entanto, tem nome e chama pelo nome. Ele é pessoa e procura
pela pessoa [vi].
O Cardeal Ratzinger não se referia aos horrores evidentes de tais
campos, mas à essência deles. Esses campos prefiguraram o que
o mundo se tornará se a lei universal da máquina for aceita. Os
seres eternos amados por Deus serão reduzidos ao nível de objetos
que podem ser usados ou descartados por capricho de governos
irresponsáveis e das forças sociais controladas por tais governos.
Seguir-se-á, inevitavelmente, a desumanização radical da
humanidade. Nesse “admirável mundo novo”, quaisquer vestígios de
“espiritualidade” serão falsos, levando não ao nosso Pai, mas ao
próprio Satanás.

Eu gostaria de concluir com uma citação de um famoso autor


espiritual, que comenta o cântico de louvor no capítulo 15 do
Apocalipse:

De fato, a história não está nas mãos de poderes obscuros, deixada


ao acaso ou unicamente às opções humanas. Contra o desencadear-
se de energias malévolas que vemos, contra a irrupção veemente
de Satanás, contra o surgir de tantos flagelos e males, eleva-se o
Senhor, árbitro supremo da vicissitude histórica. Ele a conduz
sabiamente para o alvorecer dos novos céus e da nova terra,
cantados na parte final do livro sob a imagem da nova
Jerusalém (cf. Ap 21, 22).
O orador é o Papa Bento XVI, o discurso é de sua audiência geral
de 11 de maio de 2005, proferido alguns dias depois de sua eleição
ao papado. Eis a nossa primeira e última palavra. A vitória de Cristo é
o primeiro e o último tema do livro do Apocalipse e, portanto, também
deve ser a primeira e a última palavra em nossas próprias vidas. Não
estamos sozinhos, não fomos abandonados à malícia dos
poderes das trevas nem às energias malignas de seus agentes
humanos. Jesus Cristo é o Senhor da história. É aquele a quem
devemos nos apegar enquanto trilhamos o nosso caminho num
período de trevas. Devemos fazê-lo como criancinhas, com o espírito
da criança que se agarra à mão do pai. Ainda que tenhamos mais mil
anos de história, ou cem, ou dez, ou mesmo uns poucos anos, a
verdade permanece a mesma: “Se não vos tornardes como
criancinhas, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 18, 3).

Representação de Apocalipse 4 na Catedral de la Purísima Concepción,


em Tepic, no México.
A perda do senso de paternidade espiritual e, portanto, a perda da
infância espiritual, são os principais vácuos do mundo moderno; eles
também podem afetar nossas vidas como fiéis. Aqui está, então, a
tarefa que cada um de nós tem pela frente, o “manual de
sobrevivência” para o Apocalipse.
O Senhor está sempre pronto para nos receber, nos alimentar,
guardar e guiar. Abram e leiam, tomem e comam, venham e bebam.
A vida brota das páginas impressas da Escritura. Não são letras
mortas, nem mesmo verdadeiras letras mortas, pois são palavras
vivas. Nelas o Senhor diz à Igreja em Sardes: “Sê vigilante e
confirma (na fé) os restos (do teu rebanho) que estão para morrer”
(Ap 3, 2). Cada uma das igrejas particulares deve estar atenta a essa
afirmação, pois ela contém uma exortação e uma admoestação.

O livro do Apocalipse chega ao seu clímax com as palavras finais


de Cristo: “E eis que venho (diz o Senhor) sem demora” (Ap 22, 7).
A Sagrada Escritura termina com a resposta de São João, sua voz
clamando por toda a Igreja: “Vinde, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20).

O Senhor brada também aos nossos ouvidos as palavras que, no


Apocalipse, dirigiu à Igreja de Éfeso: “Se não te arrependeres, virei
ter contigo e retirarei o teu candelabro da sua posição” (2, 5).
Também de nós pode ser tirada a luz, e agimos bem se deixarmos
ressoar esta admoestação em toda a sua seriedade na nossa alma,
bradando ao mesmo tempo ao Senhor: “Ajuda-nos a converter-nos!
Concede-nos a todos a graça de uma verdadeira renovação! Não
permitas que se apague a tua luz no meio de nós! Reforça a nossa
fé, a nossa esperança e o nosso amor, para podermos produzir bons
frutos!” (Papa Bento XVI, Homilia, 2 de outubro de 2005)

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