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Meio: Imprensa Pág: 58

País: Portugal Cores: Cor

Period.: Mensal Área: 19,00 x 27,50 cm²

ID: 75533256 01-07-2018 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 1 de 2

O CONDUÇÃO
ALPINE A110 vs A110 BERLINETTE 1972

INSPIRAÇÃO
FRANCESA
Ressuscitar uma marca ausente do
mercado há décadas e que teve o seu
apogeu há quase cinquenta anos não
é tarefa fácil. Para ver de onde vem o
ADN do novo A110, nada melhor do que
o comparar com um dos originais A110
Berlinette. que lhe serviu de inspiração
Francisco Mota Fozogro b Paulo Calisto

ara quem gosta de automóveis, de ralis e tem ida-


de para ter memórias dos anos setenta, a Alpine
diz muito. Mas talvez sejam muitos "ses" para as
gerações recentes. Para ver se a inspiração no anti-
goAlio tem legitimidade, ou se não passa de marke-
pting nostálgico, é preciso ter os dois lado a lado .
A Berlinette já era um carro pequeno em 1961, mas ao lado do
novo Ano, parece um brinquedo: mede 3851 mm de compri-
mento, contra os 4180 mm do novo e só tem n30 mm de altura,
contra 1252 m. Alinha original foi bem traduzida para o presen-
te, com o fundo plano e o extrator a evitar a necessidades de
uma asa. Tudo parece feito à escala, no original, até as jantes
Gotti de 13" com pneus de largura 165 (235/40 Ri8 nas rodas de
trás do novo Mio) com o desconcertante camber das rodas
traseiras a mostrar que estava preparado para as curvas. Tal-
vez mais incrível seja o peso de 625 kg, contra os 1103 kg do Ano.
Première Edition. Isto porque a Berlinette tinha estrutura dor-
sal em caixa de aço, que suportava toda a mecânica e onde era
montada a estrutura em fibra de vidro, que incluía a carroçaria
e o fundo. Muitos componentes vinham do Renault R8, o mais
importante era o motor de quatro cilindros, colocado atrás do
eixo traseiro, tal como a caixa manual que transmitia a potên-
cia às rodas traseiras. O Ano atual tem o motor numa posição
mais equlibrada, central, à frente do eixo traseiro.
Entrar no cockpit da Berlinette é uma viagem ao passado. As
portas são leves como penas, o teto é tão baixo que quase obri-
ga a ajoelhar no asfalto antes de aceder ao banco desportivo, tabilidade e unia atitude muito neutra. Experiências anteriores
que tem muito apoio nas ancas, mas nenhum nos ombros. com outras Berlinettes mostraram-me que a transição para a
A posição de condução é ainda mais baixa que no novo Ano, sobreviragem pode não ser muito suave, mas isso fazia parte
o volante "cai" bem nas mãos e o painel tem dois gigantescos das exigências de guiar um carro como este nos anos sessenta e
mostradores, com três mais pequenos no meio. Falar de quali- setenta. O que sempre encontrei nas várias Berlinette que guiei
dade de construção não fará sentido, mas há uma placa a imitar até hoje foi uma caixa de velocidades díficil de operar, lenta,
madeira no tablier. Atrás dos bancos há espaço para bagagem imprecisa, como "H" mal definido, o que se percebe quando se
pequena, viajar não era a prioridade. pensa que a caixa está "lá atrás" junto ao motor.
O travão de mão é de bengala, por cima da consola central e o Passar para o novo Mio serve para perceber o quanto a indús-
motor pega rodando a chave. Tosse e "embrulha-se" ao ralenti tria evoluiu em cinquenta anos. O novo modelo pode hoje ser
e a frio, mas quando aquece e se acelera com vontade, deixa-se considerado quase um carro de luxo, face à rudeza artesanal
disso. O som dos quatro cilindros com carburador não se con- da Berlinette. A certeza clínica da direção, a incisão cirúrgica
segue copiar, é genuíno, visceral. da caixa Getrag de dupla embraiagem, o total mutismo de sons
Há vibrações na estrutura, há cheiros da mecânica, há um "ser parasitas. Mas também é uma oportunidade para perceber
quase vivo" nas mãos de quem o conduz e uma direção que, que os engenheiros que fizeram o novo modelo mergulharam
sem assistência, é pesada nas manobras do paddock, mas fica realmente no passado e conseguiram identificar os traços de
leve e precisa assim que o largo na pista. Nunca há dúvidas so- ADN da Alpine, transpondo-os para a modernidade da melhor
bre aquilo que o eixo da frente está a fazer, tal é a fiabilidade maneira. Não é só a leveza e a agilidade que os dois carros têm
da comunicação que ovolante passa ao condutor. A velocidade em comum, nem o estilo. É uni espírito desalinhado com a con-
ganha-se pelo baixo peso, não pela potência e a agilidade de en- corrência, que fazia da Berlinette um caso à parte no panorama
trada em curva é extraordinária. Neste piso com muita aderên- dos desportivos da sua época. O mesmo que hoje se pode con-
cia, com este motor 1300 cc e com uma afinação de suspensão tinuar a dizer do novo Ano, olhando para a sua concorrência.
que dá prioridade à eficácia, a Berlinette mostra excelente es- Não é só marketing, é mesmo genuíno. O
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ID: 75533256 01-07-2018 Âmbito: Desporto e Veículos Corte: 2 de 2

1298 CC E 90 CV
Este A110 Berlinette é um 1300 de 90 cv. Com uma
estrutura em fibra de vidro, assente num chassis
dorsal em aço. não preciso de mais poro dor
sensações de condução únicos. O estilo teima em
nõo envelhecer. mesmo ao lado do sucessor

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