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Universidade Federal de Santa Catarina

Departamento de Engenharia Mecânica


Grupo de Análise e Projeto Mecânico

CURSO DE MECÂNICA DOS SÓLIDOS B

Prof. José Carlos Pereira

Agosto de 2003
SUMÁRIO

9 – TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO ....................................................................... 1


9.1 – Introdução.......................................................................................................... 1
9.2 – Equações gerais para transformação de tensão plana ..................................... 5
9.3 – Círculo de tensões de Mohr............................................................................... 7
9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr ....................................................... 9
9.4 – Importante transformação de tensão ............................................................... 14
9.6 – Tensões principais para o estado geral de tensões ........................................ 16
9.7 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões ............................................. 17
9.7 – Critérios de escoamento e de fratura .............................................................. 19
9.7.1 – Observações preliminares ..................................................................... 19
9.7.2 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis) ...... 19
9.7.3 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis) ...... 22
9.7.4 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis) .................................... 26
10 – VASOS DE PRESSÃO ..................................................................................... 29
10.1 – Vasos cilíndricos ............................................................................................ 29
10.2 – Vasos esféricos ............................................................................................. 31
11 – DEFLEXÃO DE VIGAS..................................................................................... 39
11.1 – Introdução...................................................................................................... 39
11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura ......................... 39
11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas ................................... 41
11.4 – Condições de contorno .................................................................................. 42
11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta .. 43
11.6 – Introdução ao método de área de momento .................................................. 49
11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento................................................ 49
11.8 – Método da superposição ............................................................................... 56
11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração ........................ 60
11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento .......... 64
11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição ................. 69
12 – MÉTODOS DE ENERGIA ................................................................................ 73
12.1 – Introdução...................................................................................................... 73
12.2 – Energia de deformação elástica .................................................................... 73
Curso de Mecânica dos Sólidos B 3

12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia .................................................... 77


12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação
complementar ........................................................................................................... 83
12.5 – Teorema de Castigliano para deflexão .......................................................... 87
12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas ........................................... 90
12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas .............. 93
12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões ..................................................... 97
12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos ................................... 99
13 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ..........................................................108
13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra ..................................................108
13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário ..............111
13.3 – Força axial nos elementos ............................................................................112
13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global .......................................113
13.5 – Matriz de rigidez de um elemento de viga ....................................................124
13.6 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga .........................128
13.7 – Vigas com carga distribuida..........................................................................132
14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS ..........................................................................146
14.1 – Introdução.....................................................................................................146
14.2 – Carga crítica .................................................................................................146
14.3 – Equações diferenciais para colunas .............................................................148
14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas .................151
14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas extremidades154
14.5.1 – Coluna engastada-livre.......................................................................155
14.5.2 – Coluna engastada-apoiada ................................................................157
14.5.3 – Coluna engastada-engastada ............................................................157
14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica ............................................162
14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler ..............................163
14.8 – Colunas com carregamento excêntrico ........................................................165
14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas ...........................................168
Curso de Mecânica dos Sólidos B 1

9 – TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO

9.1 – Introdução

Considere o estado triaxial de tensões em um ponto obtido no sistema de


eixos x, y e z, Figura 9.1. Estes eixos, por conveniência, são normalmente adotados
sendo paralelos às cargas externas às quais estão submetidas as estruturas. No
entanto, é necessário conhecer o estado de tensão deste ponto num sistema de
eixos qualquer, de forma à se conhecer as máximas tensões atuantes, normal e
cisalhante.
y
σy

σz

τy
ττyz
y ττxy
σx τz
x
σx

τzx τxz
x
σz ∆z
∆y

∆x σy
z

Figura 9.1 – Estado triaxial de tensões em um elemento infinitesimal

Por conveniência e para a facilidade do entendimento, será inicialmente


tratado a transformação de tensão para o estado plano de tensões, para finalmente
ser tratado o estado triaxial de tensões. Dessa forma, considere o estado plano de
tensões obtido em dois sistema de eixos diferentes:
Transformação de tensão 2

σy σy’

τx’y’ σx’
τxy
y
σx =
y’

x’
x

Figura 9.2 – Estado plano de tensões em dois sistema de eixos diferentes

Os estados de tensão mostrados na Figura 9.2 representam o mesmo estado


de solicitação em um ponto. O que é equivalente à dizer que, as forças Fx e Fy são
as componentes de uma força resultante F nas direções x e y, enquanto que, as
forças Fx’ e Fy’ são as componentes da mesma força resultante F nas direções x’ e
y’.
A relação entre as tensões medidas nos diferentes sistema de eixos é feita
seccionando-se um elemento infinitesimal de forma que a face seccionada seja
paralela aos eixos x’ ou y’, Figura 9.3. Sobre o elemento resultante é imposto o
equilíbrio de forças nas direções x’ e y’.

σy’
τx’y’ σx’
τx’y’ τxy
σx
dA σx

τxy
dA
y τyx τyx
y’

x’ σy σy

Figura 9.3 – Relação entre as tensões nos dois sistema de eixos diferentes
Curso de Mecânica dos Sólidos B 3

Através do exemplo numérico abaixo é possível identificar a relação entre as


tensões obtidas em diferentes sistema de eixos.

Exemplo 9.1 – Considere uma barra de aço de 150 mm de largura e 10 mm de


espessura sendo solicitada por uma força axial de 600 N. Determine as
componentes das tensões atuantes sobre o plano definido pela seção a-a.

b 30° a
y 30° y’
10 mm
600 N
x 150 mm 600 N

x’
a b
No sistema de eixos x-y, a única tensão atuante no plano definido pela seção
b-b é a tensão normal na direção x:
600 N
σx = = 0,4 MPa = 400kPa
150 mm 10 mm
a

y
400 kPa

x a

Se considerarmos que a seção seccionada tem área de seção transversal ∆A,


as seções paralelas aos eixos x e y são ∆A sen 30 e ∆A cos 30, respectivamente.
Utilizando estas áreas, o diagrama de corpo livre do elemento infinitesimal
seccionado é:

∆Fx’
∆A
∆A cos 30 ∆Fx’
30° ∆Fy’ 30° 30°
∆A sen 30

onde ∆Fx = 400 kPa (∆A cos 30) = 346,4 ∆A kN.


Transformação de tensão 4

Impondo o equilíbrio de forças nas direções x’ e y’, as componentes ∆Fx’ e


∆Fy’ são:
∆Fx’ = 346,4 ∆A cos 30 = 300 ∆A
∆Fy’ = 346,4 ∆A sen 30 = 173 ∆A

Assim, as tensões normal e de cisalhamento à seção a-a são:


∆Fx '
σx ' = = 300 kPa
∆A 300 kPa
∆Fy '
τx 'y ' = = 173 kPa 600 N
∆A

173 kPa

Estas mesmas tensões podem ser obtidas de uma outra forma, considerando
a barra seccionada da seguinte forma:

Fx’

600 N

Fy’

Impondo o equilíbrio de forças no diagrama de corpo livre acima, as forças


atuantes na seção a-a são:
Fx’ = 600 cos 30 = 519,6 N
Fy’ = 600 sen 30 = 300 N

A área da seção a-a vale:


150 mm 10 mm
A a −a = = 1732,05 mm2
cos 30

Assim, as tensões normal e de cisalhamento à seção a-a são:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 5

Fx ' 519,6 N
σx ' = = = 300 kPa
A a−a 1732 mm2
Fy ' 300 N
τx 'y ' = = = 173 kPa
A a−a 1732 mm2

9.2 – Equações gerais para transformação de tensão plana

Uma vez determinado as tensões normais σx e σy, e a tensão de cisalhamento


τxy num ponto de um corpo solicitado no plano x-y, é possível determinar as tensões
normais e de cisalhamento em qualquer plano inclinado x’-y’.

y
y’ σy

τyx
B τxy

θ σx
+θ C x’
A


x
y’ y’

x’
τx’y’ σx’ x’ τx’y’ dA σx’ dA

θ σx dA cosθ θ
σx

τxy dA τyx dA cosθ

τyx τyx dA senθ

σy dA senθ
σy

Figura 9.4 – Tensões e forças em diferentes eixos em um elemento seccionado

Impondo o equilíbrio de forças na direção x’, temos:


Transformação de tensão 6

σ x' dA − σ x dA cos θ cos θ − τ xy dA cos θ sen θ −


→ ∑ F x' = 0 , (9.1)
σ y dA sen θ sen θ − τ xy dA sen θ cos θ = 0

Simplificando a eq. (9.1):

σ x' = σ x cos 2 θ + σ y sen 2 θ + 2 τ xy cos θ sen θ (9.2)

Sabendo-se que:
sen 2 θ = 2 sen θ cos θ
cos 2 θ = cos 2 θ − sen 2 θ (9.3)
1 = cos 2 θ + sen 2 θ

Trabalhando com as eqs. (9.3), tem-se:


1 + cos 2θ
cos 2 θ =
2 (9.4)
1 − cos 2θ
sen 2 θ =
2

Substituindo a eqs. (9.4) e a expressão de sen 2θ da eq. (9.3) na eq. (9.2),


temos;
1 + cos 2θ 1 − cos 2θ
σ x' = σ x + σy + τ xy sen 2 θ (9.5)
2 2

Reagrupando a eq. (9.5):


σx + σy σx − σy
σ x' = + cos 2θ + τ xy sen 2 θ (9.6)
2 2

τ x' y' dA + σ x dA cos θ sen θ − τ xy dA cos θ cos θ −


↑ ∑ F y' = 0 , σ y dA sen θ cos θ + τ xy dA sen θ sen θ = 0
(9.7)

Simplificando a eq. (9.7):


 σx − σy 
τ x' y' = −   sen 2θ + τ xy cos 2 θ
 (9.8)
 2 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 7

As eqs (9.6) e (9.8) são as equações de transformação de tensão de um


sistema de coordenadas a outro.

9.3 – Círculo de tensões de Mohr

Sejam as equações de transformação de tensão (9.6) e (9.8) onde a eq. (9.6)


é colocada da seguinte forma:
σx + σy σx − σy
σ x' − = cos 2θ + τ xy sen 2 θ (9.9)
2 2

Elevando ao quadrado as eqs. (9.8) e (9.9) e somando-as, tem-se:


2 2
 σ + σy   σ − σy 
 σ x' − x  + τ x'y' 2 =  x  + τ xy 2 (9.10)
 2   2 
   

A eq. (10) pode ser colocada de maneira mais compacta:

(σ x' − σ m )2 + τ xy 2 = R 2 (9.11)

A eq. (9.11) é a equação de um círculo de raio:


2
 σx − σy 
R=   + τ xy 2 (9.12)
 2 
 

e centro:
σx + σy
σm =
2 (9.13)
τm = 0

O círculo construído desta maneira é chamado círculo de tensões de Mohr,


onde a ordenada de um ponto sobre o círculo é a tensão de cisalhamento τ e a
abcissa é a tensão normal σ.
Transformação de tensão 8

τ
τmax θ = 0°

A(σx, τxy)

2 θ1’
σ
σ2 σ1

B(σx, -τxy)

|τmin|=τmax

σx + σy σx − σy
σm =
2 2

Figura 9.5 – Círculo de tensões de Mohr

Conclusões importantes:
A maior tensão normal possível é σ1 e a menor é σ2. Nestes planos não existem
tensões de cisalhamento.
A maior tensão de cisalhamento τmax é igual ao raio do círculo e uma tensão
σx + σy
normal de atua em cada um dos planos de máxima e mínima tensão de
2
cisalhamento.
Se σ1 = σ2, o círculo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem
tensões de cisalhamento no plano xy.
Se σx + σy = 0, o centro do círculo de Mohr coincide com a origem das
coordenadas σ - τ, e existe o estado de cisalhamento puro.
Se soma das tensões normais em quaisquer dos planos mutuamente
perpendiculares é constante: σx + σy = σ1 + σ2 = σx´ + σy´ = constante.
Os planos de tensão máxima ou mínima formam ângulos de 45° com os planos
das tensões principais.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 9

9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr

Exemplo 9.2: Com o estado de tensão no ponto apresentado abaixo, determine as


tensões principais e suas orientações e a máxima tensão de cisalhamento e sua
orientação.
y

90 MPa

60 MPa
20 MPa
x

Ponto A

As tensões no sistema de eixos x-y são:


σx = - 20 MPa , σy = 90 MPa , τxy = 60 MPa

Procedimento de análise:
a – Determinar o centro (σm, τm) do círculo de tensões de Mohr:
σx + σy − 20 + 90
σm = = = 35 MPa
2 2
τm = 0

b – Determinar o raio R do círculo de tensões de Mohr:


2 2
 σx − σy   − 20 − 90 
R =   + τ xy 2 = 
2
 + 60 = 81,4 MPa
2   2 
 

c – Localizar o ponto A(-20,60) no círculo de tensões de Mohr:


Transformação de tensão 10

τ (Mpa)

τmax = 81,4

A(-20,60)
2 θ2’
60
2 θ1’’ 2 θ1’ σ1 = 35+81,4 = 116,4
σ (Mpa)
σ2 = 35-81,4 = -46,4 2 θ2’’

20 35
B(90, -60)

d – Calcular as tensões principais (maior e menor tensões normais):


σ1 = 35 + 81,4 = 116,4 MPa , σ2 = 35 - 81,4 = -46,4 MPa

e – Determinar a orientação das tensões principais.


 60 
2θ1'' = arc tg 2   = 47,7° ⇒ θ1’’ = 23,85°
 20 + 35 
2 θ1’’ + 2 θ1’ = 180° ⇒ θ1’ = 66,15°
y 1

2 σ1 = 116,4 MPa

θ1’ = 66,15°

σ2 = 46,4 MPa

f – Tensão máxima de cisalhamento:


τmax = R = 81,4 MPa

g – Orientação da tensão máxima de cisalhamento:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 11

2 θ1’’ + 2 θ2’ = 90° ⇒ θ2’ = 21,15°

y
y’

x’
τmax = 81,4 MPa

θ2 = 21,25°
x

σm = 35 MPa

Exemplo 9.3: Para o estado de tensão abaixo, achar a) as tensões normais e de


cisalhamento para θ = 22,5°, b) as tensões principais e suas orientações, c) as
tensões máxima e mínima de cisalhamento com as tensões associadas e suas
orientações.

1 kgf/mm2

x’
2 kgf/mm2
22,5°
3 kgf/mm2 x

Ponto A

As tensões no sistema de coordenadas x,y são:


σx = 3 kgf/mm2 , σy = 1 kgf/mm2 , τxy = 2 kgf/mm2

Procedimento de análise:
a – Determinar o centro (σm, τm) do círculo de tensões de Mohr:
σx + σy 3+1
σm = = = 2 kgf / mm 2
2 2
τm = 0
Transformação de tensão 12

b – Determinar o raio R do círculo de tensões de Mohr:


2 2
 σx − σy   3 − 1
R=   + τ xy 2 = 
2
 + 2 = 2,24 kgf / mm
2
 2   2 
 

c – Localizar o ponto A de coordenadas (3,2) no círculo de tensões de Mohr:


τ (kgf/mm2)

τmax = 2,24 45°


A(3,2)
2 θ2’

2
2 θ1’ A’
σ1 = 2+2,24 = 4,24
σ (kgf/mm2)
σ2 = 2-2,24 = -0,24
2
B’
3

B(1, -2)

No ponto A’, representando o estado de tensão na face cuja normal é paralela


ao eixo x’, temos:
 2 
2 θ1 ' = arc tg   = 63,4
3 − 2
σx’ = 2 + 2,24 cos(63,4 - 45) , σx’ = 4,13 kgf/mm2
τx´y´ = 2,24 sen(63,4 - 45) , τx´y´ = 0,71 kgf/mm2

e no ponto B’, representando o estado de tensão na face cuja normal é paralela ao


eixo y’, temos:
σy’ = 2 - 2,24 cos(63,4 - 45) ⇒ σy’ = - 0,13 kgf/mm2
Curso de Mecânica dos Sólidos B 13

y’ y

x’
0,13 kgf/mm2

0,71 kgf/mm2 4,13 kgf/mm2


θ = 22,5°
x
Ponto A’

d – Tensões principais:
σ1 = 4,24 kgf/mm2 (tração) , σ2 = -0,24 kgf/mm2 (compressão)
2
tg 2 θ1 = =2
1
2 θ1´ = 63,4° ⇒ θ1´ = 31,7°
2 θ1´´ = 2 θ1´ + 180° ⇒ θ1´´ = 121,7°

y
2

1
-0,24 kgf/mm 2 θ1’’ = 121,7°
4,24 kgf/mm2
θ1’ = 31,7°
x

e – Máxima tensão de cisalhamento:


τmax = R = 2,24 kgf/mm2
2 θ2´ + 2 θ1´ = 90° ⇒ θ2´ = 13,3°
2 θ2´´ = 2 θ2´ + 180° ⇒ θ2´´ = 76,7°
Transformação de tensão 14

y

2 kgf/mm2

2,24 kgf/mm2
θ2´´ = 76,7°
x
θ2´ = 13,3°

Observe que: θ1’ - θ2’ = 31.7 – (-13.3) = 45° e θ1’’ - θ2’’ = 121.7 – 76.7 = 45°

9.4 – Importante transformação de tensão

Seja um elemento sujeito à um estado de tensão de cisalhamento puro (caso


de um eixo em torção).

T y τxy

τxy

Figura 9.6 – Estado de tensões de um elemento infinitesimal num eixo em torção


pura

Para este caso, tem-se que σx = 0 e σy = 0. Logo o centro do círculo de Mohr


está na origem do sistema de coordenadas σ-τ, e o raio do círculo é R = τxy.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 15

τmax = τxy

2 θ1’’ 2 θ1’ σ1 = τxy


σ
σ2 = -τxy

Figura 9.7 – Círculo de tensões de Mohr em um ponto de um eixo em torção pura

As tensões principais são neste caso:


σ1 = + τ xy
(9.14)
σ 2 = −τ xy

As orientações das tensões principais são:


 θ1´= 45° ( tração)
tg 2 θ1 = ∞ ⇒  (9.15)
θ1´´= 135° = −45° (compressão )

Assim, a representação gráfica das tensões principais e suas orientações é


da seguinte forma, Fig. 9.8:

y
2 1

θ2’ = 135°
σ1=|τxy|
θ1’ = 45°
x

σ2=|τxy|

Figura 9.8 – Representação gráfica das tensões principais em um ponto de um eixo


em torção pura
Transformação de tensão 16

9.6 – Tensões principais para o estado geral de tensões

Considere um elemento infinitesimal sob um estado de tensão tridimensional


e um elemento infinitesimal tetraédrico sobre o qual atua uma tensão principal σn no
plano obliquo ABC, paralela ao vetor normal unitário, Fig. 9.9.

y y
σy

σz σn
B τzy
σz
τy τxy
ττyz
y ττxy
σx x σx τzx
τz σx
x
τzx τxz A
x τxz τyx
C τyz
σz
σy
z σy
z

Figura 9.9 – Tensão principal σn num plano oblíquo de um elemento infinitesimal


tetraédrico

O vetor normal unitário é identificado pelos seus cosenos diretores l, m e n,


onde cos α = l, cos β = m, cos γ = n. Da Fig. 9.10, nota-se que:
l2 + m2 + n2 = 1 (9.16)
y

Vetor normal
β
m
α
γ
l
n x

Figura 9.10 – Vetor normal e seus cossenos diretores

O plano oblíquo tem área dA e as projeções desta área nas direções x, y e z


Curso de Mecânica dos Sólidos B 17

são dA.l, dA.m e dA.n. Impondo o equilíbrio estático nas direções x, y e z, temos:

∑ Fx = (σ n dA ) l − σ x dA l − τ xy dA m − τ xz dA n = 0
∑ Fy = (σ n dA ) m − σ y dA m − τ yz dA n − τ xy dA l = 0 (9.17)

∑ Fz = (σ n dA ) n − σ z dA n − τ xz dA l − τ yz dA m = 0

Simplificando e reagrupando a eq. (9.17) em forma matricial, temos:


σ x − σ n τ xy τ xz  l 0
     
 τ xy σ y − σn τ yz  m = 0 (9.18)
 τ xz τ yz σ z − σ n  n  0
    

Como visto anteriormente, l2 + m2 + n2 = 1, os cosenos diretores são


diferentes de zero. Logo, o sistema terá uma solução não trivial quando o
determinante da matriz de coeficientes de l, m e n for nulo.
σ x − σn τ xy τ xz
τ xy σ y − σn τ yz =0 (9.19)
τ xz τ yz σ z − σn

A expansão do determinante fornece um poninômio característico do tipo:

σ n3 − Iσ σ n2 + IIσ σ n − IIIσ = 0 (9.20)

onde:
Iσ = σ x + σ y + σ z
IIσ = (σ x σ y + σ y σ z + σ z σ x ) − ( τ 2xy + τ 2yz + τ 2xz ) (9.21)
IIIσ = σ x σ y σ z + 2 τ xy τ yz τ xz − (σ x τ 2yz + σ y τ 2xz + σ z τ 2xy )

As eqs (9.20) e (9.21) são invariantes, independentemente do plano oblíquo


que é tomado no tetraedro. Logo, as raízes do polinômio característico já são as
tensões principais.

9.7 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões

Qualquer estado de tensão tridimensional pode ser transformado em três


Transformação de tensão 18

tensões principais que atuam em três direções ortogonais, Fig. 9.11.

y 2
σy
σ2

σxy 1
σzy σxy
σ1
σzy σx ⇒

σzx x

σz σ3
3
z

Figura 9.11 – Tensões principais num elemento solicitado triaxialmente

Admitindo que σ1 > σ2 > σ3 > 0, temos:

σ3 σ2 σ2

σ1 σ3 σ1

σ2 σ1 σ3

τ τmax

σ
σ3 σ2 σ1

Figura 9.12 – Círculo de tensões de Mohr para num elemento solicitado triaxialmente
Curso de Mecânica dos Sólidos B 19

9.7 – Critérios de escoamento e de fratura

9.7.1 – Observações preliminares

A resposta de um material à tensão axial ou tensão de cisalhamento puro,


pode ser convenientemente mostrada em diagramas de tensão-deformação. Tal
aproximação direta não é possível, entretanto, para um estado complexo de tensões
que é característico de muitos elementos de máquina e de estruturas. Desta forma,
é importante estabelecer critérios para o comportamento dos materiais com estados
de tensão combinados.
Nesta parte do estudo serão discutidos dois critérios para análise do
comportamento das tensões combinadas em materiais dúcteis, e em seguida será
apresentado um critério de fratura para materiais frágeis.

σ material dúctil σ material frágil

σesc σrup

ε ε

Figura 9.13 – Diagramas tensão/deformação para materiais dúcteis e frágeis

9.7.2 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis)

A teoria da máxima tensão de cisalhamento, resulta da observação de que,


num material dúctil, ocorre deslizamento durante o escoamento ao longo dos planos
criticamente orientados. Isso sugere que a tensão de cisalhamento máxima executa
o papel principal no escoamento do material.
Para um teste simples de tração onde σ1 = σesc, σ2 = σ3 = 0, tem-se:
Transformação de tensão 20

τ
τmax = (σ1)/2

σ
σ2 = σ3 σ1

Figura 9.14 – Círculos Tensões de Mohr para um ensaio de tração simples

Observa-se que dois círculos são concêntricos, (σ1, σ2) e (σ1, σ3) e o terceiro
resulta num ponto (σ2, σ3).
Do círculo de tensões de Mohr neste caso, a tensão de cisalhamento máxima
é:
σesc
τmax ≡ τcrítico = (9.22)
2

Para aplicar o critério da máxima tensão de cisalhamento para um estado de


tensão biaxial devem ser considerados dois casos:

Caso 1: Os sinais de σ1 e σ2 são iguais.

τ
τmax = (σ1)/2

σ2

σ1
σ
σ3 σ2 σ1

Figura 9.15 – Círculos tensões de Mohr para um estado de tensão biaxial - σ1 e σ2


têm sinais iguais
Curso de Mecânica dos Sólidos B 21

onde, para:
σ1 > σ 2 ⇒ σ1 ≤ σ esc
(9.23)
σ 2 > σ1 ⇒ σ 2 ≤ σ esc

Caso 2: Os sinais de σ1 e σ2 são diferentes.


τ
τmax = (σ1- σ2)/2

σ2

σ1
σ
σ2 σ σ1

τmax = -(σ1- σ2)/2

Figura 9.16 – Círculos Tensões de Mohr para um estado de tensão biaxial - σ1 e σ2


têm sinais diferentes

Para este caso, a tensão de cisalhamento máxima no ponto analisado não


deve exceder a máxima tensão de cisalhamento do material (ver Fig. 9.17).
σ1 − σ 2 σ esc
± ≤ (9.24)
2 2

Na iminência de ocorrer o escoamento, tem-se:


σ1 σ
− 2 = ±1 (9.25)
σesc σesc

A eq. (9.25) pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig. 9.17:
Transformação de tensão 22

σ2/σesc

1.0 A( 1.0, 1.0)

-1.0
σ1/σesc
1.0

B( -1.0, 1.0) -1.0

Figura 9.17 – Representação gráfica de um ponto na iminência de escoar - Tresca

9.7.3 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis)

A expressão de energia de deformação elástica total por unidade de volume


(densidade de energia de deformação elástica) em um material isotrópico para um
estado triaxial de tensões considerada num sistema de coordenadas arbitrário x, y e
z é da seguinte forma:

Utotal =
1
2E
(σ x
2
+ σy + σz
2 2
) −
ν
E
( σ x σy + σyσz + σzσx )"
(9.26)
"+
1
2G
(τ 2
xz +τ 2
yz +τ 2
xz )

Esta energia de deformação elástica total, considerada nos eixos principais é


da forma:

U total =
1
2E
( ν
σ12 + σ 2 2 + σ 3 2 − (σ1σ 2 + σ 2 σ 3 + σ 3 σ1 )
E
) (9.27)

A energia de deformação elástica total acima, é dividida em duas partes: uma


causando dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando
distorsões de cisalhamento. É interessante lembrar que em um material dúctil,
admite-se que o escoamento do material depende apenas da máxima tensão de
cisalhamento.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 23

σ2 σ σ2 − σ

σ1 = +
σ σ1 − σ

σ3
σ σ3 − σ
Energia de deformação Energia de Energia de
elástica total dilatação distorção

Figura 9.18 – Energias de dilatação e de distorção num elemento

A fim de facilitar a compreensão, somente oestado de tensão uniaxial será


considerado. A passagem para um estado de tensão triaxial é automática. Desta
forma, para um estado de tensão uniaxial, as energias de dilatação e de distorção
são representada da seguinte forma:

σ1/3 σ1/3

σ1/3 σ1/3
= + +
σ1 σ1 σ1/3

σ1/3 σ1/3

Energia de deformação Energia de Energia de


elástica total dilatação distorção

Figura 9.19 – Energias de dilatação e de distorção num elemento solicitado


axialmente

Os círculos de tensão de Mohr para os estados de tensão com somente


energia de distorção são, Fig. 9.20.
Transformação de tensão 24

τ τ

τmax = σ1/3 τmax = σ1/3

0 0
σ σ
σ1/3 σ1/3 σ1/3 σ1/3

Figura 9.20 – Círculos de tensão de Mohr para o cisalhamento puro

No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são


definidos como sendo a tensão “hidrostática” média:
σ1 + σ 2 + σ 3
σ= (9.28)
3

onde:
σ1 = σ2 = σ3 = p = σ (9.29)

A energia de dilatação é obtida substituindo a eq.(9.29) na eq. (9.27), e em


seguida substituindo a eq. (9.28) na equação resultante. Assim:
1 − 2ν
( σ1 + σ2 + σ3 )
2
Udilatação = (9.30)
6 E

A energia de distorção é obtida sustraindo da energia de deformação elástica


total, eq. (9.27) a energia de dilatação, eq.(9.30):

U distorção =
1
12 G
[
(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 ] (9.31)

A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso σ1 =


σesc e σ2 = σ3 = 0 é da forma:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 25

2
2 σesc
Udistorção = (9.32)
12 G

Igualando a energia de distorção do ponto em análise, eq. (9.31), com a


energia de distorção num ensaio à tração simples, (9.32), estabelece-se o critério de
escoamento para tensão combinada, eq. (9.33).

(σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 = 2 σ 2esc (9.33)

Freqüentemente a eq. (9.33) pode ser rearranjada, sendo a expressão


resultante chamada de tensão equivalente.

1
( σ1 − σ 2 ) + ( σ2 − σ3 ) + ( σ3 − σ1 ) 
2 2 2
σequ = (9.34)
2 

A eq. (9.33) pode também ser apresentada da forma:


2 2 2
 σ1   σ2   σ3   σ1 σ 2   σ 2 σ3   σ3 σ1 
  +  +  − − −  =1 (9.35)
 esc   esc   esc   σesc σesc
σ σ σ   σesc σesc σ σ
  esc esc 

A eq. (9.36) é conhecida como sendo o critério de von Mises para um estado
triaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de tensão, σ3 =
0, tem-se:
2 2
 σ1   σ σ2   σ2 
  −  1  +   = 1 (9.36)
 σ esc   σ esc σ esc   σ esc 

A eq. (9.36) pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig. 9.21:
Transformação de tensão 26

σ2/σesc
1.0
A( 1.0, 1.0)

-1.0
σ1/σesc
1.0

B( -1.0, 1.0) -1.0

Figura 9.21 – Representação gráfica de um ponto na iminência de escoar – von


Mises

9.7.4 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis)

A teoria da máxima tensão normal estabelece que a falha ou fratura de um


material ocorre quando a máxima tensão normal em um ponto atinge um valor
crítico, independentemente das outras tensões. Dessa forma, apenas a maior tensão
principal deve ser considerada para aplicar esse critério.
σ1 ou σ 2 ou σ 3 ≤ σ rup (9.37)

A eq. (9.36) também pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig.
9.22.

σ2/σrup

1.0 A( 1.0, 1.0)

-1.0
σ1/σrup
1.0

B( -1.0, 1.0) -1.0

Figura 9.22 – Representação gráfica de um ponto na iminência de romper


Curso de Mecânica dos Sólidos B 27

Exemplo 9.6: As tensões calculadas sobre o ski são como mostrada na figura
abaixo. Utilizando critérios de ruptura adequados, verifique se os pontos mostrados
sobre a seção transversal do ski suportam o carregamento abaixo. Tome σesc aço =
250 Mpa, σrup mad = 26 MPa e τrup mad = 6,2 Mpa com um fator de segurança de 2.
P
1m

C D E
A B

w w

0,5 m 1m 0,5 m
y
A
B
aço
z madeira
aço
C D

Estado de tensão nos pontos da seção transversal:


Ponto A (aço):
σA = 24,05 Mpa , τA = 0
Ponto B (aço):
σB = 18,99 Mpa , τB = 0,11 MPa
Ponto C (madeira):
σC = 1,14 Mpa , τC = 0,11 Mpa
Ponto D (madeira):
σD = 0 , τD = 0,12 MPa

Ponto A (aço – material dútil):


σx = σA = 24,05 Mpa , σy = 0 , τxy = 0
σ1 = σx = 24,05 Mpa
Pelo critério de máxima tensão de cisalhamento:
σ1 = 24,05 Mpa < σesc = 250/2 Mpa (ok)
Transformação de tensão 28

Ponto B (aço – material dútil):


σx = σB = 18,99 Mpa , σy = 0 , τxy = τB = 0,11 MPa
σ1 = 18,99 Mpa
Pelo critério de máxima tensão de cisalhamento:
σ1 = 18,99 Mpa < σesc = 250/2 Mpa (ok)

Ponto C (madeira – material frágil):


σx = σC = 1,14 Mpa , σy = 0 , τxy = τC = 0,11 MPa
Pelo critério de máxima tensão normal:
σ1 = 1,15 Mpa < σrup = 26/2 Mpa (ok)
τmax = 0,11 Mpa < τrup = 6,2/2 Mpa (ok)

Ponto D (madeira – material frágil):


σx = σD = 0 , σy = 0 , τxy = τD = 0,12 MPa
Pelo critério de máxima tensão normal:
τmax = 0,12 Mpa < τrup = 6,2/2 Mpa (ok)
Curso de Mecânica dos Sólidos B 29

10 – VASOS DE PRESSÃO

Vasos cilíndricos e esféricos são comumente utilizados na indústria para


servir como caldeiras, tanques, etc. Quando os vasos são submetidos à uma
pressão interna, o material com o qual são feitos estes vasos, é submetido à
esforços em todas as direções. Normalmente a relação raio/espessura do vaso é r/t
≥ 10, podendo assim ser considerado de parede fina. Neste caso a distribuição de
tensão normal à parede do vaso pode ser desprezível.

10.1 – Vasos cilíndricos

Considere um vaso de pressão cilíndrico de espessura t e raio interno r


submetido à uma pressão interna p devido a um gás ou a um fluido considerado de
peso desprezível, Fig. 10.1.
z
t

σ1
y
σ2
x

Figura 10.1 – Vaso de pressão cilíndrico

onde:
σ1 = tensão circunferencial (hoop)
σ2 = tensão longitudinal (axial)

A magnitude da tensão circunferencial σ1, é determinada a partir de um


elemento infinitesimal de comprimento dy, longe o suficiente das extremidades do
vaso, Fig.10.2.
30 Vasos de pressão

dy
t
σ1

2r
p

σ1 t

Figura 10.2 – Elemento infinitesimal de vaso cilíndrico

Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção x, temos:

∑Fx = 0 , 2[σ1(t dy)] – p (2r dy) = 0 (10.1)

Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso cilíndrico é


da forma:
pr
σ1 = (10.2)
t

A magnitude da tensão longitudinal σ2, é determinada a partir de um corte do


vaso cilíndrico na direção circunferencial, Fig. 10.3.

σ2

Figura 10.3 – Corte circunferencial de um vaso cilíndrico

Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção y, temos:

∑Fy = 0 , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 (10.3)


Curso de Mecânica dos Sólidos B 31

Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso cilíndrico é


da forma:
pr
σ2 = (10.4)
2t

Observe que se a tensão normal à parede do vaso no seu lado interno é σ3 =


-p e a tensão normal à parede do vaso no seu lado externo é σ3 = 0. Logo, se a
relação raio/espessura do vaso é r/t ≥ 10, a tensão circunferencial é σ1 ≥ 10.σ3 e σ2
≥ 5.σ3. Assim, o Círculo de Tensões de Mohr para um vaso de pressão cilíndrico em
um ponto situado no lado externo da parede é:

τ
τmax = σ1/2

σ
σ3 σ2
σ1

Figura 10.4 – Círculo de Tensões de Mohr em um vaso cilíndrico

10.2 – Vasos esféricos

Considere um vaso de pressão esférico de espessura t e raio interno r


submetido à uma pressão interna p devido a um gás ou a um fluido considerado de
peso desprezível, Fig. 10.5.
32 Vasos de pressão

σ1
y
σ2 r
x t

Figura 10.5 – Vaso de pressão esférico

Devido a simetria σ1 = σ2. A magnitude da tensão circunferencial σ2 é


determinada a partir de um corte do vaso na direção circunferencial, Fig. 10.6.

σ2

t r

Figura 10.6 – Corte circunferencial de um vaso esférico

Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção y, temos:

∑Fy = 0 , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 (10.5)

Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso esférico é


da forma:
pr
σ2 = (10.6)
2t
Curso de Mecânica dos Sólidos B 33

Com estas considerações, a tensão radial σ3 é considerada desprezível em


relação a σ1 e σ2, pois σ3 = -p no lado interno da parede do vaso, e σ3 = 0 no lado
externo da parede do vaso. Assim, o Círculo de Tensões de Mohr para um vaso de
pressão esférico em um ponto situado no lado externo da parede é:

τ
τmax = σ1/2

σ
σ3 σ1=σ2

Figura 10.4 – Círculo de Tensões de Mohr em um vaso cilíndrico

Exemplo 10.1: Um vaso de pressão cilíndrico tem raio r = 1000 mm e espessura t =


10 mm. Calcule as tensões circunferencial e longitudinal e a variação de diâmetro do
cilindro causados por uma pressão interna de 0,80 MPa. Considere E = 200 Gpa e ν
= 0,25.

a – Cálculo das tensões


p r 0,80 1000
σ1 = = = 80 MPa
t 10
p r 0,80 .1000
σ2 = = = 40 MPa
2t 2 .10

b – Cálculo da deformação circunferencial


1
ε1 = [σ1 − ν(σ 2 + σ 3 )]
E
Considerando a tensão radial σ3 = 0.
1
ε1 =
3
[80 − 0,25 .40] = 0,35 .10 -3 mm/mm
200.10
∆L 2π (r + ∆r ) − 2π r ∆r ∆r
ε1 = = = ⇒ 0,35.10 − 3 =
Lo 2π r r 1000

∆r = 0,35 mm
34 Vasos de pressão

Exemplo 10.2: Um vaso de pressão cilíndrico de 3 m de diâmetro externo, usado no


processamento de borracha, tem 10 m de comprimento. Se a parte cilíndrica do
vaso é feita de chapa de aço de 25 mm de espessura e o vaso opera a pressão
interna é de 0,1 kgf/mm2, determinar o alongamento total da circunferência e o
aumento de diâmetro provocados pela pressão de operação. E = 20 000 kgf/mm2 e ν
= 0,3.

a – Cálculo das tensões

p r 0,1. 1,5.10 3
σ1 = = = 6 kgf/mm 2
t 25
σ1
σ2 = = 3 kgf/mm 2
2

b – Cálculo da deformação circunferencial


∆L 1
ε1 =
1
(σ1 − νσ 2 ) = ∆L1 ⇒ 1
(6 − 0,3 .3) =
E L1 20 000 π 3.10 3

∆L1 = 2,4 mm
∆L 1 π(d + ∆d) − πd ∆d
ε1 = = = ⇒
1
(6 − 0,3 .3) = ∆d 3
L1 πd d 20 000 3.10
∆d = 0,765 mm

Exemplo 10.3: Um vaso de pressão de aço, cilíndrico fechado, de 2,5 m de diâmetro


médio, com espessura de parede de 12,5 mm, tem costura soldada topo a topo ao
longo de um ângulo de hélice α = 30°. Durante a pressurização, a medida de
deformação através da solda, isto é, em uma linha medida de α + 90°, é de 430x10-6
mm/mm. (a) Qual a pressão no vaso? (b) Qual era a tensão de cisalhamento ao
longo da costura? Considerar E = 20 000 kgf/mm2, G = 8 000 kgf/mm2.

longitudinal
σ1
σ1 30° 30°
σ2
σ2

transversal
Curso de Mecânica dos Sólidos B 35

a – Cálculo do coeficiente de poisson


E
G= ⇒ ν = 0,25
2(1 + ν )

b – Cálculo da deformação transversal


1
εT = (σ T − νσ L ) ⇒ 430.10 −6 = 1 (σ T − 0,25σ L )
E 20 000

8,6 = σ T − 0,25σ L (10.7)

c – Cálculo das tensões

p r p 1,25.10 3
σ1 = = = 100 p
t 12,5
pr
σ2 = = 50 p
2t

d – Círculo de tensões de Mohr

τ
τmax = (σ1-σ2)/2

60°
σT
σ
σ2 σL σm σ1

e – Tensão de cisalhamento máxima


(σ1 − σ 2 ) 100p − 50p
τ max = = = 25 p
2 2

f – Tensão normal média


(σ1 + σ 2 ) 100p + 50p
σm = = = 75 p
2 2

g – Tensões transversal e longitudinal


36 Vasos de pressão

σ T = 75p + 25p. cos 60 D = 87,5 p (10.8)

σ L = 75p − 25p. cos 60 D = 62,5 p (10.9)

Substituindo as eqs. (10.8) e (10.9) na eq. (10.7), determina-se a pressão


interna p:
8,6 = 87,5 p – 0,25.62,6 p ⇒ p = 0,12 kgf/mm2

e consequentemente a tensão de cisalhamento atuante na solda:


τ = τmax sen 60° = 25 . 0,12 . sen 60° ⇒ τ = 2,59 kgf/mm2

Exemplo 10.4: Uma caldeira é construída com placas de aço de 8 mm de espessura


que são rebitadas nas extremidades juntamente com duas contra-placas de 8 mm
de espessura. Os rebites tem diâmetro de 10 mm e são espaçados de 50 mm. Se a
caldeira tem diâmetro interno de 0,75 m e a pressão é de 1,35 MPa, determine (a) a
tensão circunferencial na parede da caldeira numa posição distante da união entre
elas, (b) a tensão circunferencial na contra-placas e (c) a tensão de cisalhamento em
cada rebite.

8 mm

750 mm

50 mm

a – Cálculo da tensão circunferencial na parede da caldeira

dy
t
σ1

2r
p

σ1 t
Curso de Mecânica dos Sólidos B 37

p r 1,35 .0,75.10 3
σ1 = = = 126,6 MPa
t 8

b – Cálculo da tensão circunferencial das contra placas

dy tcp
t
(σ1)cp

2r
p

σ1 t

Do equilíbrio estático:

∑Fx = 0 , 2[(σ1)cp (tcp dy)] +σ1 (t dy) – p (2r dy) = 0

pr 1,35 .0,75.10 3
(σ1 ) cp = = = 63,3 MPa
2 t cp 2 .8

c – Cálculo da tensão de cisalhamento em cada rebite

dy tcp
t
(σ1)cp

2r
p

σ1 t
τ
tcp

(σ1)cp dy b
38 Vasos de pressão

∑ Fcircunf = 0 , (σ1)cp.tcp.dy - τ b dy = 0 ⇒ (σ1)cp.tcp.dy = τ.b.dy = dF

dF
(σ1 ) cp t cp = = q ( fluxo de cisalhamen to)
dy
N dF
63,3 8 mm = =q
mm 2 dy
q = 506,4 N/mm

A força cortante que deve resistir cada rebite= fluxo de cisalhamento x


espaçamento entre os rebites é:
V = q.e = V = q.e = 506,4 . 50 = 25320 N

A tensão de cisalhamento em cada rebite é:


V 25320
τ= = ⇒ τ = 322,4 MPa
2
πd π 10 2
4 4
Curso de Mecânica dos Sólidos B 39

11 – DEFLEXÃO DE VIGAS

11.1 – Introdução

A ação de forças aplicadas provoca deflexão do eixo de uma viga em relação


a sua posição inicial. Devido a isto, deve-se frequentemente limitar os valores de
deflexão de maneira a impedir desalinhamentos em elementos de máquinas, e
deflexões excessivas de vigas em prédios na construção civil. Neste contexto, serão
discutidos métodos de determinação de deflexão e inclinações em pontos
específicos da viga.

11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura

No desenvolvimento da teoria de deflexão de vigas, deve-se considerar a


hipótese fundamental da teoria da flexão na qual as seções planas de uma viga,
tomadas normalmente a seu eixo, permanecem planas após a viga ser submetida à
flexão, Figs. 11.1 e 11.2. O

ρ = raio de curvatura
ρ

centróide y
M ∆θ M
A D A D’
z
∆s
B C C’
B
x ∆x

Figura 11.1 – Viga em flexão pura


40 Deflexão de vigas

A D’ D
superfície
ρ
b neutra
a ∆s ∆u
-y f
c

B C’
∆x C
∆θ

Figura 11.2 – Rotação da seção

A variação de comprimento ∆u das fibras pode ser expressa por:


∆u = − y∆θ (11.1)

Dividindo a eq. (11.1) por ∆s, comprimento das fibras sobre a superfície
neutra, e levando ao limite, tem-se:
∆u ∆θ
lim = − y lim
∆s→0 ∆s ∆s→0 ∆s

ou (11.2)
du dθ
= −y
ds ds

onde du/ds é a deformação linear de uma fibra da viga a uma distância y do eixo
neutro. Assim:
du
ε= (11.3)
ds

Da Fig. 11.2, tem-se a relação:


∆s = ρ∆θ
ou (11.4)
∆θ 1
=
∆s ρ

Analisando a eq. (11.4) no limite quando ∆s→0:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 41

∆θ dθ 1
lim = = (11.5)
∆s→0 ∆s ds ρ

Substituindo as eqs. (11.3) e (11.5) na eq. (11.2), tem-se:


1 ε
=κ=− (11.6)
ρ y

onde κ é definido como sendo a curvatura.


A eq. (11.6) pode ser usada tanto em problemas elásticos como em
problemas inelásticos, já que na sua dedução não foram utilizadas as propriedades
do material. Para o caso elástico, sabe-se que:
σx
εx = (11.7)
E
M y
σx = − (11.8)
I

Substituindo as eqs. (11.7) e (11.8) na eq. (11.6), temos:


1 M
= (11.9)
ρ EI

11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas

A curva elástica da viga pode ser expressa matematicamente por v = f(x).


Para obter esta equação, é preciso representar a curvatura (1/ρ) em termos da
deflexão v e x que é da forma:

d2 v d2 v
2
1
= dx ⇒
1
= dx 2 =
M
(11.10)
ρ 
( ) ρ 
( )
3/2 3 / 2 EI
2 2
dv dv
1 + dx  1 +
dx 

A eq. (11.10) é chamada de elástica, cuja solução dá a solução exata da


curva elástica. Como para a maioria das vigas usadas em engenharia a curva
elástica a deflexão é pequena, a inclinação dv/dx também é pequena, podendo ser
42 Deflexão de vigas

considerada desprezível comparada com a unidade. Com esta simplificação, a


equação da curva elástica pode ser expressa por:
d2 v M
2
=
dx E I
ou (11.11)
d2 v
E I =M
dx 2

Substituindo a eq. (11.11) na eq. (11.8), uma nova expressão para se


determinar a tensão pode ser determinada:

d2 v
σ x = −E y (11.12)
dx 2
dM dV
Considerando que = − V( x ) e = − w( x ) , temos:
dx dx

d  d 2 v 
EI = − V( x )
dx  dx 2 
(11.13)
d  d 2 v 
2
EI = w( x )
dx 2  dx 2 

Para o caso da rigidez em flexão EI ser constante:

d3 v
EI = − V( x )
dx 3
(11.14)
d4 v
EI = w( x )
dx 4

11.4 – Condições de contorno

Para a solução dos problemas de deflexão de vigas, além das equações


diferenciais, devem ser prescritas as condições de contorno. Alguns tipos de
condições de contorno são as seguintes:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 43

v=0 Rolete (extremidade da viga)


M=0

v=0 Pino (extremidade da viga)


M=0

v=0 Rolete (posição qualquer ao longo da viga)

v=0 Pino (posição qualquer ao longo da viga)

v=0 Suporte fixo ou engastado


dv/dx=0

V=0 Extremidade livre


M=0

M=0 Articulação

onde v = deflexão, M = momento fletor e V = cortante.

MÉTODOS DA INTEGRAÇÃO DIRETA

11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta

Como um exemplo geral de cálculo de deflexão de vigas, pode-se considerar


uma viga com carga distribuida. A deflexão neste caso é obtida após quatro
integrações sucessivas.
44 Deflexão de vigas

d4 v
E I = w(x)
dx 4
x
d3 v
dx 3 ∫0
E I = w(x) dx + C1

x x
d2 v
dx 2 ∫0 ∫0
E I = dx w(x) dx + C1x + C2 (11.15)

x x x
dv x2
E I = ∫ dx ∫ dx ∫ w(x) dx + C1 + C2 x + C3
dx 0 0 0 2
x x x x
x3 x2
E I v = ∫ dx ∫ dx ∫ dx ∫ w(x) dx + C1 + C2 + C3 x + C4
o 0 0 0
6 2

As constantes C1, C2, C3 e C4 são determinadas impondo as condições de


contorno. Para o caso de w(x), V(x) e M(x) discontínuos, a solução pode ser achada
para cada segmento da viga onde as funções são contínuas, impondo a
continuidade de deflexão nos contornos comuns de cada segmento da viga.

Exemplo 11.1: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente
apoiada de comprimento L e de constante EI, com um carregamento uniforme wo. (a)
determinar a deflexão a partir da equação de segunda ordem. (b) determinar a
deflexão a partir da equação de quarta ordem.
y,v
w = - wo
v(0)=0 v(L)=0
M(0)=0 M(L)=0
x

Caso (a):
1 – Determinar as reações de apoio e a função de momento M(x).
wo L

RA L RB
Curso de Mecânica dos Sólidos B 45

L w oL
∑ MA = 0 , RBL − ( w oL )
2
=0 , RB =
2
w oL w oL
↑ ∑ Fy = 0 , R A − ( w oL ) +
2
=0 , RA =
2

wo x
M

V
RA x

x w L x w o x2
∑ M = 0 , −RA x + ( w o x ) 2
+M = 0 , M = o
2

2

2 – Partindo da equação da curva elástica, e integrando duas vezes e aplicando as


condições de contorno:
d2 v w oL x w o x 2
E I = M = −
dx 2 2 2
2 3
dv w oL x w x
E I = − o + C3
dx 4 6
w L x3 w o x 4
E I v(x) = o − + C3 x + C4
12 24

Para x = 0, v(0) = 0 , C4 = 0
w oL L3 w o L4 w o L3
Para x = L, v(L) = 0, E I v(L) = − + C3L = 0 , C3 = −
12 24 24

v(x) = −
wo
24 E I
(
L3 x − 2Lx 3 + x 4 )
v
L/2

0 vmax x

Devido a simetria, a maior deflexão ocorre em x = L/2. Para casos mais


dv
gerais, = 0 . Assim, vmax é:
dx
46 Deflexão de vigas

5 w oL4
v max =−
384 E I
dv
A inclinação da curva elástica, θ = , é da forma:
dx

dv 1  w oL x 2 w o x 3 w o L3 
θ(x) = =  − − 
dx E I  4 6 24 

w o L3
Para x = 0, θ(0) = −
24E I

w o L3
Para x = L, θ(L) =
24E I

θ woL3/24EI

0 x

-woL3/24EI

Caso (b):

d4 v
E I = w(x) = − w o
dx 4

d3 v
E I = − w o x + C1
dx 3

d2 v x2
E I = −wo + C1x + C2 = M
dx 2 2

Para x = 0, M(0) = 0, C2 = 0
L2 L
Para x = L, M(L) = 0, M(L) = − w o + C1L = 0 , C1 = w o
2 2
d2 v w oL x w o x 2
E I =M= −
dx 2 2 2
Curso de Mecânica dos Sólidos B 47

O restante do problema é o mesmo que no caso (a). Neste caso nenhum


cálculo preliminar das reações e da equação de momento é necessário. Este
método pode ser vantajoso para alguns problemas estaticamente indeterminados.

Exemplo 11.2: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente
apoiada suporta uma força concentrada P, a uma distância a da extremidade A
como mostra a figura abaixo. A rigidez em flexão E I é constante.
y,v
v(0)=0 P v(L)=0

M(0)=0 M(L)=0
A x
D B
a b
RA = Pb/L
L RB = Pa/L

Para o segmento AD (0 < x < a):


M

V
Pb/L x

d2 v P b
E I 2
=M= x
dx L

d2 v P b
2
= x
dx E I L
dv P b x2
= + A1
dx E I L 2
P b x3
v= + A1x + A 2
E I L 6

Condições de contorno:

P b x3
Para x = 0, v(0) = 0, A2 = 0, v = + A1x
E I L 6
48 Deflexão de vigas

Para o segmento DB (a < x < L):

x
Pa/L

d2 v P a
E I 2 =M= (L − x)
dx L

d2 v P a P a
= − x
dx 2 E I E I L
dv P a P a x2
= x− + B1
dx E I E I L 2
P a x2 P a x3
v= − + B1x + B2
E I 2 E I L 6

Condições de contorno:

P a L2
Para x = L, v(L) = 0, v(L) = + B1L + B2 = 0
E I 3
Para x = a, v(segmento AD) = v(segmento DB)
P b a3 P a a2 P a a3
+ A1a = − + B1a + B2
E I L 6 E I 2 E I L 6

dv dv
Para x = a, ( θ = (segmento AD)) = ( θ = (segmento DB))
dx dx
P b a2 P a P a a2
+ A1 = a− + B1
E I L 2 E I E I L 2

Solução:
P a3
A1 = −
P b
6 E I L
(
L2 − b2 , B1 = − ) P b
6 E I L
(
2L2 + a2 , B2 =
6 E I
)

Equação da curva elástica para o segmento AD:

v=
P b  3
6 E I L  (
x − L2 − b2 x 
 )
Equação da curva elástica para o segmento DB:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 49

P a x2 P a x3 P a3
v= − −
P b
E I 2 E I L 6 6 E I L
2 2
2L + a x + (
6 E I
)

Se a > b, a maior deflexão se dará no segmento AD, logo:

dv
= 0 (segmento AD) ⇒ x=
(L
2
− b2 )
dx 3

A maior deflexão será então:

( )
3/2
P b L2 − b2
v max =
(9 3 ) E I L

Se a força P fosse aplicada no centro do vão onde a = b = L/2, a maior


deflexão seria:
P L3
v max =
48 E I

MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO

11.6 – Introdução ao método de área de momento

O método de área de momento é um método alternativo para a solução do


problema da deflexão, onde o carregamento é complexo e as áreas das seções
transversais da viga variam. O método é usualmente empregado para obter apenas
o deslocamento e a rotação num único ponto da viga. Ele possui as mesmas
aproximações e limitações discutidas anteriormente, com a determinação da
deflexão apenas devido à flexão, a deflexão devido ao cortante é desprezada.

11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento

Os teoremas necessários se baseiam na geometria da curva elástica e no


diagrama associado (M/EI). Para a dedução dos teoremas, a equação diferencial da
curva elástica deve ser reescrita como:
50 Deflexão de vigas

d2 v d  dv  dθ M
2
=  = =
dx dx  dx  dx E I
ou (11.16)
M
dθ = dx
E I

A dx B

A B

Tan θB/A

Tan A
curva elástica
M
M

dx

M/EI
M/EI

x
A dx B

Figura. 11.3 – Representação gráfica do Teorema de área de momento

Se o diagrama de momento fletor da viga é dividido pelo momento de inércia I


e pelo módulo de elasticidade E, então dθ é igual a área sob a curva M/EI para o
segmento dx. Integrando do ponto A até o ponto B tem-se:
B
M
θB / A = ∫E I
dx (11.17)
A
Curso de Mecânica dos Sólidos B 51

A eq. (11.17) representa o primeiro teorema de área de momento, que diz: o


ângulo entre as tangentes em dois pontos sobre a curva elástica é igual a área sob a
curva M/EI entre estes dois pontos.

A dx B

Tan A
x dx
A B

tA/B
dθ Tan B
dt ds

Figura. 11.4 – Tangentes em pontos da viga

Se o desvio vertical da tangente de um elemento dx medido a partir de uma


linha vertical passando por A é dt, então, como é assumido que as deflexões são
pequenas, tem-se que ds’ = dt, logo:
dt = x dθ (11.18)

Integrando esta expressão de A até B, o desvio vertical da tangente de A com


relação a tangente B é determinada por:
B
M
tA /B = ∫ x dx (11.19)
A
E I

Da equação que fornece o centróide de uma área temos:


x ∫ dA = ∫ x dA (11.20)
52 Deflexão de vigas

M
Como a integral, ∫E I
dx , representa a área sob a curva M/EI, pode-se

escrever:
B
M
tA /B = x ∫ dx (11.21)
A
E I

A distância x é a distância do ponto A até o centróide da área sob a curva


M/EI de A até B. A equação acima representa o segundo teorema de área de
momento.
M/EI

x
A B
x

Figura 11.5 – Centróide de uma área de momento

O desvio vertical da tangente de B com relação a tangente A pode ser


determinada de maneira análoga e é dada por:
B
M
tB / A = x ' ∫ dx (11.22)
A
E I

A distância x ' é a distância do ponto B até o centróide da área sob a curva


M/EI de A até B.

Exemplo 11.3: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. EI é constante.


P

A
D C B
L/2 L/4 L/4
Curso de Mecânica dos Sólidos B 53

M/EI
PL/4EI
PL/8EI

x
D L/4 C

θC

D C

Tan C θC/D Tan D

C 2
M  PL   L  1  PL PL   L  3 PL
θC = θC / D = ∫ dx =  + − =
EI 8EI   4  2  4EI 8EI   4  64 EI

D


área R área T

Exemplo 11.4: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. Tome Eaço = 200
Gpa, I = 17.10 6 mm4.

16

A B
C
2m 4m 2

M/EI
24/EI

8/EI

x
C
2m 4m 2m
54 Deflexão de vigas

Tan B
θA
C
Tan tB/A

θC/A
Tan A

Para pequenas deflexões, podemos considerar:


tB / A
| θC | =| θA | − | θC / A |= − | θC / A |
8

Pelo primeiro teorema de área de momento:

1  8 kNm  8 kNm2
θC / A = (2m)  =
2  E I  E I


área do T

Pelo segundo teorema de área de momento:


 1 1  24kNm    2 1  24kNm  
tB / A =  2m + 6m   6m   +  2m   2m 
 3 2 
EI    3 2 EI  

  

 

cent.T área T cent. T área T

320 kN m2
tB / A =
E I

tB / A 320 kN m2 8 kN m2 32 kN m2
| θC | = − | θC / A |= − =
8 8 E I E I E I

32 kN m2
| θC | = = 0,00941 rad
200.106 kN / m2 17.10−6 m4

Exemplo 11.5: Determine o deslocamento do ponto C da viga abaixo se EI é


constante.

Mo A
B
C

RA L/2 L/2
RB
Curso de Mecânica dos Sólidos B 55

Tan A C Tan B

vC

tA/B Tan C
tC/B

Mo
∑ MA = 0 , RBL − Mo = 0 , RB =
L
Mo
↑ ∑ Fy = 0 , RA = −
L

Mo V

x M
Mo/L

Mo Mo
∑M = 0 ,
L
x − Mo + M = 0 , M = Mo −
L
x

M/EI

Mo/EI

Mo/2EI
x
L 2L

tA /B
vc = − tC / B
2
2
 1   1 Mo  MoL
tA /B =  L   L =
 3   2 EI  6EI
2
 1 L   1 Mo L  MoL
tC / B =    =
 3 2   2 2EI 2  48EI

MoL2 MoL2
vc = −
12EI 48EI
56 Deflexão de vigas

MoL2
vc =
16EI

tB / A
O mesmo resultado pode ser obtido a partir de v c = − tC / A
2

11.8 – Método da superposição

d4 v
A equação diferencial E I = w(x) satisfaz duas condições necessárias
dx 4
para aplicar o princípio da superposição, isto é, w(x) é linear com relação a v(x) e o
carregamento é assumido não mudar a geometria original da viga. Logo, as
deflexões devido a uma série de carregamento atuando na viga, podem ser
superpostas.

Exemplo 11.6: Determine o deslocamento no ponto C e a inclinação no suporte A da


viga apresentada abaixo. EI é constante.

2 kN/m 8 kN

A B =
θA vC
4m 4m

2 kN/m

A B +
(θA)1 (vC)1

4m 4m
Curso de Mecânica dos Sólidos B 57

8 kN

A B
(θA)2 (vC)2

4m 4m

A partir de tabelas (ver Hibbeler), o deslocamento no ponto C e a inclinação


no ponto A são:

a) Para a carga distribuida:

3 w L3 3 (2 kN / m) (8 m)3 24 kNm2
( θA )1 = = =
128 E I 128 E I E I

5 w L4 5 (2 kN / m) (8 m)4 53,33 kNm3


( v C )1 = = = ↓
768 E I 768 E I E I

b) Para a carga concentrada:


P L2 (8 kN) (8 m)2 32 kNm2
( θ A )2 = = =
16 E I 16 E I E I

P L3 (8 kN) (8 m)3 85,33 kNm3


( v C )1 = = = ↓
48 E I 48 E I E I

O deslocamento total no ponto C e a inclinação no pontoA é a soma algébrica


de cada carregamento calculado separadamente:
56 kNm2
θA = ( θA )1 + ( θA )2 =
E I

139 kNm3
v C = ( v C )1 + ( v C )2 = ↓
E I

Exemplo 11.7: Determine o deslocamento na extremidade C da viga apresentada


abaixo. EI é constante.
58 Deflexão de vigas

5 kN/m 10 kN

A C =
B

4m 2m

Como tabelas não incluem vigas com extremidades em balanço, a viga pode
ser separada numa viga simplesmente apoiada e em outra engastada-livre.
Viga simplesmente apoiada com carga distribuida:

5 kN/m C

(θB)1 (vC)1
A +
(θB)1 B

4m 2m

w L3 (5 kN / m) (4 m)3 13,33 kNm2


( θB )1 = = =
24 E I 24 E I E I

Como o ângulo é pequeno, (θB)1 ≈ tan (θB)1, o deslocamento no ponto C é:


 13,33 kNm2  26,67 kNm3
( C )1
v = (2m)  = ↑
 E I  E I

A força concentrada aplicada no ponto C pode ser aplicada no ponto B além


de um binário:
10 kN
(θB)2 20 kN/m
A
(θB)2
+
B (vC)2

4m 2m
Curso de Mecânica dos Sólidos B 59

Mo L (20 kN.m) (4 m) 26,67 kN.m2


( θB )2 = = =
3 E I 3 E I E I

Considerando o ângulo pequeno, (θB)2 ≈ tan (θB)2, o deslocamento no ponto C é:


 26,67 kN.m2  53,33 kNm3
( C )2
v = (2m)  = ↓
 E I  E I

A força concentrada aplicada no ponto C para uma viga engastada-livre:

10

C
B
(vC)

2m

P L3 (10 kN.m) (2 m)3 26,67 kN.m3


( v C )3 = = = ↓
3 E I 3 E I E I

O deslocamento total no ponto C é a soma algébrica de cada carregamento


calculado separadamente:
26,7 53,3 26,7 53,3 kN.m3
v C = ( v C )1 + ( v C )2 + ( v C )3 = − + + = ↓
E I E I E I E I

Exemplo 11.8: Determine a rigidez K da mola de maneira que não haja deflexão no
Ponto C. EI é constante.

w
B
A C
K
L b
RB

a) Deflexão do Ponto C considerando a viga rígida:


60 Deflexão de vigas

w
B C

A vC1
K
L b
RB

w L
∑ MA = 0 , RB =
2
w L
RB = K . vB , vB =
2 K
(L + b) w
Por semelhança de triangulos: v C1 = vB , v C1 = (L + b)
L 2 K
b) Deflexão do Ponto C considerando a viga deformável:

w C

B vC2
A
K
L b
RB

w L3 w L3b
Da tabela: θB = , v C2 = θB b =
24 EI 24 EI

w w L3b 12 EI
Vc1 – Vc2 = 0 , (L + b) − = 0, K= (L + b)
2 K 24 EI L3b

11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração

Vigas estaticamente indeterminadas são aquelas que apresentam um número


de reações incógnitas maior doque o número de equações de equilíbrio. As reações
excedentes são chamadas de redundantes e não são necessárias para manter o
equilíbrio estático. O número de reações redundantes classifica o grau de
redundância da viga.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 61

Para determinar as reações nas vigas estaticamente indeterminadas, é


preciso especificar as reações redundantes e determina-las a partir das condições
de compatibilidade da viga. Feito isto, as reações restantes são determinadas pelo
equilíbrio estático.
d2 v M
O método da integração parte da equação diferencial: 2
= , onde M
dx E I
pode ser expresso em termos das redundantes. Após a integração, as constantes de
integração e as redundantes podem ser determinadas pelas condições de contorno
e continuidade do problema.

Exemplo 11.9: Determine a reação em A para a viga estaticamente indeterminada


como apresentada abaixo. EI é constante.

wo

A B

Diagrama de corpo livre:


woL/2

RBx B
A
MB
RAy 2L/3 L/3
RBy

A reação no ponto A pode ser considerada redundante e o momento interno


pode ser expresso em função desta reação:
62 Deflexão de vigas

wox2/2L

V
A
M
RAy x

w o x2 x w o x3
∑M = 0 , M+
2L 3
. − R Ay .x = 0 , M = R Ay .x −
6L

Aplicando a equação do momento interno na equação diferencial da curva


elástica:

d2 v w o x3
E I 2 = R Ay .x −
dx 6L

dv x2 w x 4
E I = R Ay . − o + C1
dx 2 6L 4
x3 w o x5
E I v = R Ay . − + C1x + C2
6 24L 5

As incógnitas RAy, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de


contorno:
Para x = 0, v = 0; C2 = 0
dv dv L2 w L4
Para x = L, =0; E I (x = L) = R Ay . − o + C1 = 0
dx dx 2 6L 4
L3 w o L5
Para x = L, v = 0; E I v = R Ay . − + C1L = 0
6 24L 5

A solução é:
w oL w oL3
R Ay = , C1 = −
10 120

Aplicando as equações de equilíbrio estático, as reações restantes são:


4 w oL w oL2
RBx = 0 , RBy = , MB =
10 15
Curso de Mecânica dos Sólidos B 63

Exemplo 11.10: Determine as reações nos suportes para a viga estaticamente


indeterminada como apresentada abaixo. EI é constante.

A B

Diagrama de corpo livre:

wL

MA=M’ MB=M’
RA RB

Devido a simetria, da equação de equilíbrio ∑ Fy = 0 tem-se que:

w L
R A = RB =
2

A única redundante é M’, a qual pode ser expressa em função do momento


interno M:

wx

V
A
MA=M’
M
RAy=wL/2 x

x w L w L w x2
∑M = 0 , M+ w x
2

2
x + M' = 0 , M=
2
x−
2
− M'

Substituindo na equação diferencial da curva elástica:

d2 v w L w x2
E I = x − − M'
dx 2 2 2
64 Deflexão de vigas

dv w L x 2 w x 3
E I = − − M' x + C1
dx 2 2 2 3
w L x3 w x 4 x2
E I v= − − M' + C1x + C2
4 3 6 4 2

As incógnitas M’, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de


contorno:
Para x = 0, v = 0; C2 = 0
dv
Para x = 0, =0; C1 = 0
dx
w L L3 w L4 L2 w L2
Para x = L, v = 0; E I v= − − M' = 0 , M' =
4 3 6 4 2 12

dv
A condição = 0 para x = L pode ser verificada substituindo o valor de M’
dx
na curva de inclinação da viga.

11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento

Se o método de área de momento é usado para determinar as redundantes


em uma viga estaticamente indeterminada, o diagrama M/EI deve ser representado
pelas redundantes que são incógnitas do problema. Como no método de área de
momento é necessário calcular a área sob a curva M/EI e o centróide da área, o
método é mais convenientemente utilizado quando aplicado juntamente com o
método da superposição, onde as áreas e os centróides das áreas são facilmente
determinados.

Exemplo 11.11: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é


constante.
P

B
A

L L
Curso de Mecânica dos Sólidos B 65

Diagrama de corpo livre devido a força P:

P
MA
B

RAx

RAy L L

Diagrama M/EI devido a força P é:

M/EI

L 2L
x
-PL/EI

-2PL/EI

Diagrama de corpo livre devido a redundante RBy:

MA
B

RAx RBy
RAy L L

Diagrama M/EI devido a redundante RBy:

M/EI

RByL/EI
L 2L
x

A curva elástica da viga é da forma:


66 Deflexão de vigas

tB/A = 0
A Tan A

B
Tan B

Como ∆B = 0 ; tB/A = 0:

 2   1  RBy   L   −PL   2   1  −PL  


tB / A =  L    L + 2  EI (L) +  3 L   2  EI  (L) = 0
N3   2  EI   N 


 N    

cent. T área T cent.R área R cent. T área T

RBy = 2,5 P

Das equações de equilíbrio, temos:


RAx = 0 , RAy = 1,5 P , MA = 0,5 P L

Exemplo 11.12: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é


constante.

Mo
A
B C

L L

Diagrama de corpo livre:

Mo
RAx
RAy L L
RBy RCy

O diagrama M/EI devido a redundante RBy e o momento Mo é construido da


seguinte maneira.
a) Devido a redundante RBy:

∑ MB = 0 , RCy L – RAy L = 0 , RCy = RAy


Curso de Mecânica dos Sólidos B 67

↑ ∑ Fy = 0 , RAy – RBy + RCy = 0 , RAy = RBy /2

A
M
RBy/2 x

RBy RBy
∑M = 0 , M−
2
x=0 , M=
2
x

M/EI
RByL/2EI

x
L 2L

b) Devido ao momento Mo:

↑ ∑ Fy = 0 , RAy + RCy = 0 , RAy = - RCy

∑ MA = 0 , - Mo + RCy 2L = 0 , RCy = Mo/2L , RAy = - Mo/2L

A
M
-Mo/2L x

Mo Mo
∑M = 0 , M+
2L
x=0 , M=−
2L
x

M/EI
L 2L
x

-Mo/2EI

-Mo/EI

A curva elástica da viga é da forma:


68 Deflexão de vigas

tA/C Tan B
tB/C
A L
B L C
Tan C
Tan A

Da figura acima, temos:


1
∆A = ∆B = ∆C = 0 e tB / C = tA / C
2

 1   1  RByL    2   1  −Mo    1   1  −Mo  


tB / C =  L     (L) + L    (L) + L    (L)
N3   2  2EI   N 3   2  2EI   N
2   2  2EI  




cent.T área T cent.T área T cent.Q área Q

 2   1  RByL    1   1  RBy    2   1  −Mo  


tA / C =  L     (L) +  L + L     (L) +  2L     (2L)
N3   2  2EI    3   2  2EI    3   2  EI  






cent.T áreaT cent.T áreaT cent.T áreaT

A solução é:
3Mo
RBy =
2L

Aplicando as equações de equilíbrio, determina-se as reações restantes:


Mo 5Mo
RAx = 0 , R Ay = , RCy =
4L 4L

O problema pode também ser resolvido da seguinte maneira:

Tan C Tan B
A L
B L C
tB/A
tC/A

Tan A
Curso de Mecânica dos Sólidos B 69

De onde, tem-se:
1
tB / A = tC / A
2

11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição

Para a aplicação do método da superposição é necessário identificar as


redundantes e aplicar as forças externas separadamente. As redundantes são
determinadas impondo as condições de compatibilidade nos apoios.

Exemplo 11.13: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo RBy como
sendo redundante. EI é constante.

B
A =

L/2 L/2

a) Removendo RBy:

A +
vB

L/2 L/2 B

5 P L
vB =
48 E I

b) Removendo a força P:

B
vB’
A

L/2 L/2 RBy


70 Deflexão de vigas

RBy L3
vB ' =
3 E I

Condições de compatibilidade
3
5 P L RBy L 5
0 = - vB + vB’ , 0 = − + , RBy = P
48 E I 3 E I 16

Aplicando as equações de equilíbrio estático, determina-se as reações


restantes:
11 3
R Ax = 0 , R Ay = P , MA = P L
16 16

Exemplo 11.14: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo MA como


sendo redundante. EI é constante.

B
A =

L/2 L/2

a) Removendo MA:
P

A B
θA

L/2 L/2

P L2
θA =
16 E I

b) Removendo a força P:

A θA’
MA B

L/2 L/2
Curso de Mecânica dos Sólidos B 71

MA L
θA ' =
3 E I

Condições de compatibilidade
P L2 M L 3
0 = - θA + θA’ , 0 = − + A , MA = P L
16 E I 3 E I 16

Exemplo 11.15: Determine para a viga abaixo as reações de apoio.

6 000 kgf/m

C D B
A
MA MB
1,8 m 1,8 m 1,8 m
RA
RB

Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB.

a)
6 000 kgf/m

D B
A
vB1
1,8 m 1,8 m 1,8 m

w L3 6000 .3,63 w L4 6000 .3,64


θD = = , vD = =
6 EI 6 EI 8 EI 8 EI

6000 .3,64 6000 .3,63


vB = vD + θD. 1,8 , vB = + .1,8
8 EI 6 EI

6 000 kgf/m
b)
C B vB2
A

1,8 m 1,8 m 1,8 m


72 Deflexão de vigas

w L3 6000 .1,83 w L4 6000 .1,84


θC = = , vC = =
6 EI 6 EI 8 EI 8 EI

6000 .1,84 6000 .1,83


vB = vC + θC. 3,6 , vB = + .3,6
8 EI 6 EI

c) B vb3
A

1,8 m 1,8 m 1,8 m


RB

RB L3 5400 .5,43
vB = =
3 EI 3 EI

d)

B MB
A
vB4
1,8 m 1,8 m 1,8 m

MB L2 MB 5,42
vB = =
2 EI 2 EI
vB1 – vB3 – vB3 + vB4 = 0

MA = MB = 7020 kgf m
Curso de Mecânica dos Sólidos B 73

12 – MÉTODOS DE ENERGIA

12.1 – Introdução

Nos capítulos anteriores, as formulações se apoiam no método newtoniano da


mecânica dentro do qual o equilíbrio estático é representado de maneira vetorial.
Uma outra alternativa, é utilizar o método lagrangeano que usa funções escalares,
baseados em conceitos de trabalho e energia.

12.2 – Energia de deformação elástica

O trabalho interno armazenado em um corpo deformável como energia


elástica de deformação ou energia de deformação elástica é o produto da força
média que atua sobre o corpo enquanto ocorre a deformação, multiplicada pela
distância na qual ela age. Seja então o elemento de volume dx, dy, dz solicitado
axialmente na direção x, Fig, 12.1:

x
σx dy σx
z
dz
dx

Figura 12.1 – Elemento solicitado axialmente na direção x

A energia de deformação elástica para esta solicitação é da forma:


1  1
dU =  σ x dy. dz  . ( ε x .dx ) = σ x ε x dV (12.1)
2  2

A densidade de energia de deformação Uo é interpretada graficamente como


sendo a área sob a linha inclinada do diagrama tensão deformação, Fig. 12.2.
74 Métodos de Energia

σx

E
εx

Figura 12.2 – Densidade de energia de deformação elástica

dU σ ε
= Uo = x x (12.2)
dV 2

No caso de um elemento de volume dx, dy, e dz submetido a um


cisalhamento no plano xy, a energia de deformação é do tipo:
1  1
dU =  τ xy dx. dz  . ( γ xy .dy ) = τ xy γ xy dV
2  2
ou (12.3)
 dU  τ xy γ xy
 dV  = Uocis = 2
 cis

Para o caso de um corpo submetido à tensões normais σx, σy e σz e à tensões


de cisalhamento τxy, τxz e τyz, a energia de deformação total é da forma:
dU 1 1 1 1 1 1
= dUo = σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ xz γ xz (12.4)
dV 2 2 2 2 2 2

Substituindo a lei de Hooke que relaciona deformação com tensão na eq.


(12.4), temos:

Uo =
1
2E
( 2 2 2
σx + σ y + σz −
ν
E
) ( τ xz + τ2yz + τ2xz )
1 2
( σx σy + σyσz + σzσx ) + 2G (12.5)

De uma forma mais ampla, para um corpo elástico sob tensão, a energia de
deformação total é obtida pela integração volumétrica:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 75

U= ∫∫∫V Uo dx dy dz
ou (12.6)
1
U=
2 ∫∫∫V
( σx ε x + σy ε y + σz εz + τxy γ xy + τyz γ yz + τzx γ zx ) dx dy dz

A equação acima pode ser simplicada, se somente as energias de


deformação de barras axialmente carregadas, vigas fletidas e cisalhadas forem
consideradas:
1
U=
2 ∫∫∫V
( σx εx + τxy γ xy ) dx dy dz (12.7)

Para materiais linearmente elásticos, com tensão uniaxial, ε x = σ x / E e no


cisalhamento puro, γ xy = τ xy / G . Assim a equação anterior pode ser reordenada da

sequinte maneira:

σ2x τ2xy
U = ∫∫∫ dx dy dz + ∫∫∫ dx dy dz (12.8)
V 2 E V2 G

Energia de deformação para barras axialmente carregadas:

Para este caso, σ x = P e ∫∫A dy dz = A . Desta forma, P e A são funções


A
somente de x, logo:
2
σx P2
U = ∫∫∫ dV = ∫∫∫ dx dy dz
V2 E V 2 A 2E
(12.9)
P2   P2
U= ∫
 ∫∫ ∫ 2 AE dx
2 
dy dz  dx =
L 2 A E A  L

Se P, A e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se:


P2L
U= (12.10)
2 E A

Energia de deformação na flexão:


M y
∫∫A y
2
Para este caso, σ x = − e dy dz = I . Como, M e I são funções
I
somente de x, logo:
76 Métodos de Energia

2 2
σ 1  M 
U = ∫∫∫ x dV = ∫∫∫ − y dx dy dz
V2 E V 2 E
 I 
(12.11)
M2   M2
U= ∫ 2  ∫∫
 y 2
dy dz  dx = ∫ 2 E I dx

L2 E I  A  L

Se M, I e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se:


M2L
U= (12.12)
2 E I

Energia de deformação para tubos circulares em torção:


T ρ
∫∫A ρ
2
Para este caso, τ = e dy dz = J . Como, T e J são funções
J
somente de x, logo:
2
τ2 1 T 
U = ∫∫∫ dV = ∫∫∫ ρ dx dy dz
V2 G V 2 G J 
 
(12.13)
T2   T2
U= ∫
 ∫∫
2 
ρ dy dz  dx = ∫
2
dx
 2 G J
L2 G J  A  L

Se T, J e G são constantes ao longo do comprimento L do tubo, tem-se:


T 2L
U= (12.14)
2 G J

Exemplo 12.1: Achar a energia de deformação elástica absorvida por uma viga
retangular de comprimento L, altura h e largura b em flexão pura, em termos da
máxima tensão e do volume do material.

Sabe-se que:
M c M h/2 6 M
σmax = = = (a)
I b h3 b h2
12
Substituindo a eq. (a) na eq. (12.12), temos:
2 2
σ  b h L  σmax  V 
U = max  = (b)
2 E  3  2 E  3 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 77

Com relação a energia absorvida por uma barra axialmente carregada onde a
energia é:
2
P2L P2 A L σmax
U= = 2 = (V) (c)
2 E A A 2 E 2 E

Observa-se que a viga absorve somente 1/3 da energia absorvida pela barra.
Isto é devido ao fato de que as tensões são variáveis ao longo da seção.

12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia

O princípio da conservação da energia, no qual assume-se que nenhuma


energia é perdida ou criada, pode ser adotado para a determinação dos
deslocamentos de sistemas elásticos devido as forças aplicadas. Partindo deste
princípio, supõe–se que o trabalho realizado pelas forças externas é igual a energia
absorvida pelo corpo. Logo.
We = U (12.15)

Alternativamente, pode-se dizer que a soma dos trabalhos das forças


externas e das forças internas é nulo.
We − Wi = 0
ou (12.16)
U = − Wi

O trabalho interno é negativo porque as deformações sofrem oposição das


forças internas. O trabalho das forças externas é o trabalho da força média, partindo
de zero até seu valor máximo, multiplicada pelo deslocamento na direção de sua
ação.

Exemplo 12.2: Achar a deflexão da extremidade livre de uma barra elástica de seção
transversal A e comprimento L, devido a uma força axial P aplicada na extremidade
livre.
78 Métodos de Energia

L ∆

O trabalho externo realizado pela força externa P é:


1
We = P.∆ (a)
2

Igualando a eq. (a) com a eq. (12.10), temos:


1 P2L
P.∆ = (b)
2 2 E A

Reagrupando os termos, a deflexão ∆ é:


P L
∆= (c)
E A

Exemplo 12.3: Achar a rotação da extremidade de um eixo circular elástico de


comprimento L e momento polar de inércia J, em relação ao extremo engastado,
quando este é submetido à um torque T na extremidade livre.

O trabalho externo realizado pelo torque T é:


1
We = T.ϕ (a)
2

Igualando a eq. (a) com a eq. (12.14), temos:


1 T 2L
T.ϕ = (b)
2 2 G J

Reagrupando os termos, a rotação ϕ é:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 79

T L
ϕ= (c)
G J

Exemplo 12.4: Achar a máxima deflexão devido a uma força P aplicada na


extremidade de uma viga elástica em balanço, tendo seção transversal retangular,
como mostrado abaixo. Considerar os efeitos das deformações de flexão e angular.

P
γ
V=P
h M=-Px
b
x
L
L

A energia de deformação devido ao momento é da forma:


L L
M2 ( −P.x)2 P2 .L3
U= ∫ dx = ∫ dx = (a)
0
2 E I 0
2 E I 6 E I

A energia de deformação devido ao cortante pode ser obtida com o segundo


termo da eq. (12.8). Como a tensão de cisalhamento é constante ao longo da
direção x, já que o cortante V é constante e igual a P, e constante ao longo da
largura da viga, a expressão da tensão de cisalhamento é da forma:

V Q P  h  
2
2
τ= =   − y  (b)
It 2 I  2  

Substituindo a eq. (b) na eq. (12.8), e considerando que a integral pode se


transformar numa integral simples, onde o volume infinitesimal dV é igual a Lbdy,
temos:
2
+h / 2  
 P  h 
2
1 2 
2 G −h∫/ 2  2 I  2 
U=     − y   Lbdy (c)
  

Desenvolvendo a eq. (c), tem-se:


80 Métodos de Energia

2
P2L b h5 P2L b h5  12  3 P2L
U= =   = (d)
8 G I2 30 240 G  b h3  5 A G

onde A = b h, é a área da seção transversal da viga.


Igualando o trabalho externo realizado pela força P com a energia de
deformação devido a flexão e ao cisalhamento, temos:
We = U = Uflexão + Ucis
1 P2L3 3 P2L (e)
P.∆ = +
2 6 E I 5 A G

Assim, a deflexão da viga pode ser determinada pela expressão:


P L3 6 P L
∆= + (f)
3 E I 5 A G

O primeiro termo da deflexão, é devido à flexão e o segundo devido ao


cisalhamento. No segundo termo, a relação P/A pode ser interpretada como sendo a
V
tensão de cisalhamento média sobre a seção transversal, τmed = . Esta quantidade
A
τmed V
dividida pelo módulo de cisalhamento G é a deformação angular, γ = = ,
G A G
que multiplicada pelo comprimento L fornece a deflexão na extremidade da barra. O
número 6/5, que aparece no termo da deflexão devido ao cisalhamento, pode então
ser interpretado como um fator de correção utilizado quando considera-se a tensão
de cisalhamento constante sobre toda a seção.
Reagrupando a eq. (f), a expressão de deflexão fica:

P L3  3 E h2 
∆= 1+  (g)
3 E I  10 G L2 

Na eq. (g), se a relação for E/G = 2,5 para aços mais comumente utilizados,
ela pode ser reescrita da forma:
 h2 
∆ =  1 + 0,75 2  ∆ flexão (h)
 L 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 81

Para vigas curtas, onde por exemplo L = h, a deflexão total é igual a 1,75
vezes a deflexão devido a flexão, enquanto que para vigas longas, L >> h, a
deflexão devido ao cisalhamento é praticamente nula.

Exemplo 12.5: Determine o deslocamento horizontal da treliça no ponto D.


Considere AE constante.

P D C

L
0.6 L

B
A

0.8 L

P D C

L
0.6 L

B
A
RB
RA 0.8 L RB

3
∑ MA = 0 , RBy . 0,8 L – P . 0,6 L = 0 , RBy =
4
P

3 3
↑ ∑ Fy = 0 , R Ay − P = 0 ,
4
R Ay =
4
P

→ ∑ Fx = 0 , RBx − P = 0 , RBx = P

Cálculo dos esforços internos de cada membro.


Ponto D:
P D PDC

PAD
82 Métodos de Energia

↑ ∑ Fy = 0 , PAD = 0

→ ∑ Fx = 0 , – P + PDC = 0 , PDC = P (tração)

4 3
Ponto C: ( cos θ = , sen θ = )
5 5

PDC C

θ
PBC
PAC

5
→ ∑ Fx = 0 , – PDC + PAC cosθ = 0 , PAC =
4
P (compressão)

3
↑ ∑ Fy = 0 , PAC senθ + PBC = 0, PBC = − P (tração)
4

Ponto A:

PAD PAC

θ
A
PAB
RAy

→ ∑ Fx = 0 , - PAC cosθ + PAB = 0 , PAB = P (tração)

3
↑ ∑ Fy = 0 , RAy - PAC senθ + PAD = 0, R Ay =
4
P (Ok)

Igualando o trabalho realizado pela força externa P com a energia absorvida


pela barras, temos:
1 P2 L
∆ P=∑ k ,
2 2 A E

 P2 0,8L   P2 0,8L   ( 3 / 4P )2 0,6L   ( −5 / 4P )2 L 


∆ P=  +  +  + 
 AE  AB  AE DC  AE  
BC 
AE 
 AC
Curso de Mecânica dos Sólidos B 83

Eliminando a força P, a deflexão da treliça no ponto D é:


PL
∆ = 3,5
AE

O método discutido até o momento, só pode ser utilizado para a determinação


de uma incógnita, como por exemplo uma deflexão. Para a determinação de duas ou
mais incógnitas é necessário o desenvolvimento de métodos mais gerais.

12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação


complementar

No cálculo das deflexões de sistemas elásticos, o seguinte teorema pode ser


frequentemente aplicado com vantagem: A derivada parcial da energia de
deformação de um sistema elástico linear em relação a qualquer força selecionada
que age sobre o sistema, fornece o deslocamento daquela força na direção de sua
linha de ação. As palavras força e deslocamento têm sentido generalizado e
incluem, respectivamente, momento e deslocamento angular. Esse é o segundo
teorema de Castigliano.
Para a interpretação do teorema de Castigliano, considere um caso de uma
barra carregada axialmente. Para um caso mais geral, onde a barra é elástica mas
não linear, o diagrama tensão-deformação é da forma.

dσ1

σ1

ε
0 ε1 dε1

Figura 12.3 – Diagrama tensão-deformação de um material elástico


84 Métodos de Energia

Multiplicando a tensão pela área da seção transversal A, obtêm-se a força P,


e multiplicando a deformação pelo comprimento L obtêm-se a elongação ∆. O
diagrama força-elongação (P-∆) corresponde ao diagrama tensão-deformação (σ-ε).
P

dP We*=U*

P1 We=U


0 ∆1 d∆1

Figura 12.4 – Diagrama força-elongação de um material elástico

De acordo com a Fig. 12.4, quando a força P1 é acrescida de dP1, a barra se


alonga de d∆1, logo o trabalho incremental produzido é:
dWe = (P1 + dP1 ) d∆1 = P1 d∆1 + dP1 d∆1 (12.17)

Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1, trabalho incremental


produzido é:
dWe = P1 d∆1 (12.18)

Partindo do princípio da conservação da energia, We = U, o incremento de


energia de deformação é:
dU = P1 d∆1 (12.19)

Assim, a energia de deformação elástica absorvida quando a barra se alonga


de ∆ é:

U = ∫ P1 d∆1 (12.20)
0
Curso de Mecânica dos Sólidos B 85

A eq. (12.20) pode ser interpretada geométricamente como sendo a área sob
a curva força-deslocamento na Fig. 12.4. A derivada com relação ao limite superior
fornece:
dU
=P (primeiro Teorema de Castigliano) (12.21)
d∆

Uma expressão análoga pode ser obtida quando a elongação ∆1, é acrescida
de d∆1, causando um aumento da força dP1, logo o trabalho incremental produzido,
definido como trabalho complementar, é:
*
dWe = dP1 ( ∆1 + d∆1 ) = dP1 ∆1 + dP1 d∆1 (12.22)

Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1 e partindo do princípio da


conservação da energia, We* = U* , o incremento de energia de deformação
complementar é:
dU* = ∆1 dP1 (12.23)

Assim, a energia de deformação complementar elástica absorvida quando a


barra é submetida à uma força P é:
P
We = U = ∫ ∆1 dP1
* *
(12.24)
0

A eq.(12.24) pode ser interpretada geométricamente como sendo a área


sobre a curva força-deslocamento na direção da força P, Fig. 12.4. A derivada com
relação ao limite superior fornece:
dU*
=∆ (segundo Teorema de Castigliano) (12.25)
dP

Generalizando para o caso de várias forças externas sendo aplicadas num


corpo estáticamente determinado, a energia de deformação complementar U* é
definida como sendo função destas forças:
U* = U* (P1, P2 , ",Pk , ",Pn ; M1, M2 , ",Mj , ",Mp ) (12.26)

Logo, um incremento infinitesimal na energia δU* é dada pelo diferencial:


86 Métodos de Energia

∂U*
* ∂U* ∂U* ∂U*
δU = δP1 + δP2 + " + δPk + " + δMj + " (12.27)
∂P1 ∂P2 ∂Pk ∂Mj

Se for considerado que somente a força Pk é incrementada de δPk, a energia


de deformação complementar será incrementada de:
∂U*
δU* = δPk (12.28)
∂Pk

A energia de deformação complementar total é a energia de deformação


complementar inicial mais os incrementos devidos a diferentes forças:
∂U*
U*total =U + *
δPk (12.29)
∂Pk

Considerando que somente a força Pk é incrementada de δPk, o trabalho


complementar total devido a este incremento é:
* *
We total = We + δPk ∆k (12.30)

Do princípio de conservação de energia, δU* = δWe*, temos:

∂U*
δPk ∆k = δPk (12.31)
∂Pk

Eliminando δPk dos dois lado da eq. (12.31), a expressão que fornece o
deslocamento do ponto onde é aplicado a força Pk é da forma:
∂U*
∆k = (12.32)
∂Pk

Generalizando a eq. (12.33), a inclinação (ou rotação) da seção θj no ponto


onde é aplicado um momento Mj é:
∂U*
θj = (12.33)
∂Mj
Curso de Mecânica dos Sólidos B 87

12.5 – Teorema de Castigliano para deflexão

O teorema de Castigliano é aplicado em sistemas elásticos lineares com


pequenas deformações. Neste caso, a energia de deformação é igual a energia de
deformação complementar, U = U*.

Energia de deformação
Pk
complementar U*=U

Energia de
deformação U

∆k
0

Figura 12.5 – Diagrama força-elongação de um material elástico linear

O segundo teorema de Castigliano é a consequência desta igualdade, onde


temos:
∂U* ∂U
∆k = =
∂Pk ∂Pk
(12.34)
∂U* ∂U
θj = =
∂Mj ∂Mj

Como anteriormente, U é função das forças externas aplicadas, e ∆k é a


deflexão (ou θk é a rotação) na direção da força Pk (ou momento Mk).
O primeiro teorema de Castigliano, permanece o mesmo como visto
anteriormente considerando a não linearidade do material. Neste caso, U é função
dos deslocamentos, e Pk é a força (ou Mk é o momento) aplicada na direção da
deflexão ∆k (ou rotação θk).
∂U
Pk =
∂∆k
(12.35)
∂U
Mk =
∂θk
88 Métodos de Energia

Exemplo 12.6: Aplicando o teorema de Castigliano, determinar os deslocamentos e


as rotações obtidas para uma barra carregada axialmente, um eixo circular em
torção e uma viga engastada livre com uma carga na extremidade livre.

Barra carregada axialmente (P=constante):


Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.10), o deslocamento da barra é:
∂U P L
∆= =
∂P A E

Eixo circular em torção (T=constante):


Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.14), a rotação da barra é:
∂U T L
ϕ=θ= =
∂T G J

Viga engastada livre com uma carga na extremidade livre:


Aplicando a eq. (12.34) na eq. (e) do exemplo 12.4, a deflexão da viga é:
∂U P L3 6 P L
∆= = +
∂P 3 E I 5 A G

Exemplo 12.7: Determine a deflexão vertical do ponto B na estrutura abaixo,


causada pela aplicação da força P = 3 N usando o segundo teorema de Castigliano.
Assumir que cada barra tem seção transversal constante, com AAB = A1 = 0,125 mm2
e ABC = A2 = 0,219 mm2. Tome E = 2.1 1011 N/m2.

P=3N
100 mm
B

200 mm

C
200 mm
Curso de Mecânica dos Sólidos B 89

2 1 2
Do equilíbrio estático no ponto B, temos: cos θ = , sen θ = , cos α = ,
5 5 2

2
sen α =
2
PAB P

θ B

PBC

2 2 2 5
→ ∑ Fx = 0 , - PAB cosθ + PBC cosα = 0 , −PAB
5
+ PBC
2
= 0 , PAB = PBC
2 2

1 2 2 2
↑ ∑ Fy = 0 , PAB senθ + PBC senα - P = 0 , PAB
5
+ PBC
2
=P, PBC =
3
P,

5
PAB = P
3

A energia de deformação elástica do sistema é:


2 2 2 2
Pk Lk P1 L1 P2 L 2
U = U* = ∑ = +
k =1 2 A k Ek 2 A1 E1 2 A 2 E2

Derivando a expressão de energia com relação a P, força atuante em B,


temos a deflexão vertical no ponto B.
∂U P L ∂P1 P L ∂P2 ∂P1 5 ∂P2 2 2
∆B = = 1 1 + 2 2 , com = e =
∂P A1 E1 ∂P A 2 E2 ∂P ∂P 3 ∂P 3

Substituindo os valores na expressão acima, com L1 = 100√5 mm e L2 =


200√2 mm.

5P / 3 .100 5 5 2 2P / 3 . 200 2 2 2
∆B = +
0,125 . 210.103 3 0,219 . 210.103 3

Assim, o deslocamento vertical do ponto B é:


∆B = 0,0306 mm
90 Métodos de Energia

12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas

Exemplo 12.8: Usando o teorema de Castigliano, determine a deflexão e a rotação


da extremidade livre da viga em balanço com carregamento uniformente, com EI =
constante.

wo

A
L

Como nenhuma força é aplicada onde deve ser determinada a deflexão, para
a utilização do teorema de Castigliano, uma força fictícia RA = 0 deve ser aplicada
∂U
neste ponto, o que permite determinar . Logo.
∂R A

wo

M
x
RA

A equação de momento e sua derivada com relação à uma força fictícia RA na


extremidade da viga é da forma:
wo x2
M=− + RA x
2
e (a)
∂M
=x
∂R A
Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a deflexão na extremidade da viga é:
L
∂U M ∂M
∆A = =∫ dx (b)
∂R A 0 E I ∂R A

Substituindo a eq. (a) na eq. (b), temos:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 91

L
∂U 1  w o x2 
∆A = = ∫ −
∂R A E I 0  2
+ R A x  ( + x) dx

(c)

Integrando a eq. (c), a deflexão no ponto A da viga é:


w oL4
∆A = − (direção contrária a direção da aplicação da força RA) (d)
8 E I

Como nenhum momento é aplicado onde deve ser achada a rotação, para a
utilização do teorema de Castigliano, um momento fictício MA = 0 deve ser aplicado
∂U
neste ponto, o que permite determinar . Logo.
∂MA

wo

MA
M
x

A equação de momento e sua derivada com relação à um momento fictício MA


na extremidade da viga é da forma:
wo x2
M=− − MA
2
e (e)
∂M
= −1
∂MA

Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a deflexão na extremidade da viga é:


L
∂U M ∂M
θ= =∫ dx (f)
∂M 0 E I ∂MA

Substituindo a eq. (e) na eq. (f), temos:


L
∂U 1  w o x2 
∂MA E I ∫0 
θA = =  − − MA  ( −1) dx (g)
2 
92 Métodos de Energia

Integrando a eq. (g), a rotação no ponto A da viga é:


w oL3
θA = (mesma direção que o momento fictício MA) (h)
6 E I

Exemplo 12.9: Determine o deslocamento vertical do ponto C para a viga mostrada


abaixo. EI é constante.

6 kN/m

A C

4m B 2m
RA RC
RB

Neste caso, nos dois trechos da viga, as equações de momento devem ficar
em função da força fictícia RC:
RC
∑ MB = 0 , RA =
2
+9 (a)

TRECHO AB (0 < x < 4):


R 
M = −3x 2 +  C + 9  x
 2 
e (b)
∂M x
=
∂RC 2

TRECHO BC (0 < x < 2):

M = RC (2 − x) − 3 (2 − x)2
e (c)
∂M
= (2 − x)
∂RC

Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a deflexão no ponto C da viga é:


L
∂U M ∂M
∆C = =∫ dx (d)
∂RC 0 E I ∂RC
Curso de Mecânica dos Sólidos B 93

Substituindo as eqs. (b) e (c) na eq. (d), temos:


4 2
∆C =
1 

E I0
R
2
 x
−3x 2 + C x + 9x  ( ) dx +
 2 E
1
I ∫ (
RC (2 − x) − 3 (2 − x)2 ) (2 − x) dx (e)
0

Integrando a eq. (e), a deflexão no ponto C pode ser determinada e é da


forma:
12
∆C = − (direção contrária a direção da aplicação da força RC) (f)
EI

12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas

Exemplo 12.10: Considere a viga uniformemente carregada, fixa numa extremidade


e apoiada na outra, como mostrado abaixo. Determine a reação em A.

wo

A
M
x
RA

A equação de momento e sua derivada com relação à reação RA é:


wo x2
M=− + RA x
2
e (a)
∂M
= +x
∂R A

Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a deflexão no ponto A da viga é:


L
∂U M ∂M
∆A = =∫ dx (b)
∂R A 0 E I ∂R A

Como no ponto A há um apoio, temos:


94 Métodos de Energia

L
∂U 1  w o x2 
∆A = = ∫ −
∂R A E I 0  2
+ R A x  ( + x) dx = 0

(c)

Resolvendo a integral da eq. (c):


w oL4 R AL3
− + =0 (d)
8 E I 3 E I

Logo, a reação no ponto A é:


3 w oL
RA = + (e)
8

Exemplo 12.11: Determine para a viga apresentada abaixo as reações de apoio.

6 kN/m
B
A C

RA 2m 2m
RC
RB

Determinação das reações de apoio em função de uma única incógnita, RB:


RB
∑ MA = 0 , RC = −
2
+3 (a)

RB
↑ ∑ Fy = 0 , RA = −
2
+9 (b)

Trecho AB (0 < x < 2):


RB
M = −3x 2 + 9x − x
2
e (c)
∂M x
=−
∂RB 2

Trecho BC (0 < x < 2):


Curso de Mecânica dos Sólidos B 95

RB
M= x − 3x − RB + 6
2
e (d)
∂M x
= −1
∂RB 2

Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a deflexão no ponto B da viga é:


L
∂U M ∂M
∆B = =∫ dx = 0 (e)
∂RB 0 E I ∂RB

Substituindo as eqs. (c) e (d) na eq. (e), temos:


2 2
1  R  x 1  RB  x
0= ∫
E I0 −3x 2 + 9x − B
2
x  ( − ) dx +
 2 ∫ 
E I0 2
x − 3x − RB + 6  ( − 1) dx
 2
(f)

Resolvendo a eq. (f), a reação em B é:


RB = 7,5 kN (g)

Substituindo o resultado da reação em B nas eqs. (a) e (b), as reações


restantes são:
RA = 5,25 kN , RC = - 0,75 kN (h)

Exemplo 12.12: Determine para a viga abaixo as reações de apoio.

6 000 kgf/m

C D B
A
MA MB
1,8 m 1,8 m 1,8 m
RA
RB

Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB.

Trecho AC (0 < x < 1,8m):


96 Métodos de Energia

M = −MA + 5400 x
e (a)
∂M
= −1
∂MA

Trecho CD (0 < x < 1,8m):


x2
M = −MA + 5400 (1,8 + x) − 6000
2
e (b)
∂M
= −1
∂MA

Trecho DB (0 < x < 1,8m):


M = −MA + 5400 (1,8 − x)
e (c)
∂M
= −1
∂MA

Aplicando a eq. (12.34) na eq. (12.11), a rotação no ponto A da viga é,


considerando o engaste:
L
∂U M ∂M
θA = =∫ dx = 0 (d)
∂MA 0 E I ∂MA

Substituindo as eqs. (b) e (c) na eq. (d), temos:


1,8 1,8

∫ ( −MA + 5400 (1,8 + x ) − 3000x )


1 1
∫ ( −MA + 5400x ) (−1) dx + E I
2
0= ( −1) dx +
E I 0 0
(e)
1,8
1
E I ∫ ( −MA + 5400 (1,8 − x ) ) ( −1) dx
0

Resolvendo a eq. (e), os momentos nos pontos A e B são:


MA = MB = 7020 kgf m (f)
Curso de Mecânica dos Sólidos B 97

12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões

É possivel imaginar que um sistema mecânico real ou estrutural em equilíbrio


estático seja deslocado arbitrariamente de forma coerente com suas condições de
contorno ou vínculos. Durante esse processo, as forças reais que atuam sobre o
sistema se movem em deslocamentos imaginários ou virtuais. Alternativamente,
forças virtuais ou imaginárias, em equilíbrio com o sistema dado, podem provocar
deslocamentos reais cinematicamente admissíveis. Em qualquer dos casos pode-se
formular o trabalho imaginário ou virtual realizado. Aqui, a discusão ficará limitada à
consideração de forças virtuais com deslocamentos reais.
Para forças e deslocamentos que ocorrem da maneira acima, o princípio da
conservação da energia permanece válido. A variação no trabalho total devido a
essas perturbações deve ser nula. Logo:
δWe + δWi = 0
ou (12.36)
δWe = −δWi

onde δWe e δWi são as variações dos trabalhos virtuais externos e internos.
É mais conveniente substituir a variação do trabalho virtual interno δWi pela
variação do trabalho virtual externo nos elementos internos δWei. As quantidades
são numericamente iguais porém de sinais opostos. Logo:
δWe = δWei (12.37)

A relação acima exprime o princípio do trabalho virtual. Para sistemas de


corpo rígido, o termo δWei é igual a zero, enquanto que nos sistemas elásticos δWei =
δU.
Para a determinação da deflexão de qualquer ponto do corpo, devido a
deformações quaisquer que ocorram em um corpo, a equação acima pode ser
colocada de forma mais adequada. Para isto, considere um corpo como mostrado
abaixo, no qual é procurada a deflexão de um ponto A, na direção A-B, causada pela
deformação do corpo. A equação do trabalho virtual pode ser formulada pelo
emprego da seguinte sequência de argumentos:
Primeiro, aplicar ao corpo sem carga uma força imaginária ou virtual
δF, atuando na direção A-B, a qual causa forças internas através do corpo. Essas
98 Métodos de Energia

forças internas, indicadas por δf, podem ser achadas nos sistemas estaticamente
determinados.
A deformação em
um elemento típico
devido às forças
A força em um
reais é ∆L P
elemento típico é δf
P
∆L

A A

B
B
δ
δF
Posição final
do ponto A O deslocamento
do ponto A na
direção A-B é ∆

Figura 12.6 – Esforços virtuais e deslocamentos reais

Em seguida, com a força virtual sobre o corpo, aplicar as forças reais, ou


introduzir as deformações especificadas, tal como devido à uma variação na
temperatura. Isso causa deformações internas reais ∆L, que podem ser calculadas.
Devido a essas deformações, o sistema de força virtual realiza trabalho.
Desta forma, como o trabalho externo realizado pela força virtual δF,
movendo-se de ∆ na direção dessa força é igual ao trabalho total realizado nos
elementos internos pelas forças virtuais internas δf, movendo-se das distâncias reais
respectivas ∆L, a forma especial da equação do trabalho virtual se torna:
δF ∆ = ∑ δf ∆L (12.38)

Como todas as forças virtuais alcançam seus valores completos antes de


impostas as deformações reais, nenhum fator metade (1/2) aparece na equação. A
soma, ou em geral, a integral é necessária no segundo membro da equação acima
para indicar que todo o trabalho interno deve ser incluido. É particularmente
interessante escolher δF igual a unidade:
1 . ∆ = ∑ f ∆L (12.39)

onde:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 99

∆ = deflexão real de um ponto na direção da força virtual unitária aplicada,


f = forças internas causadas pela força virtual unitária,
∆L = deformações internas reais de um corpo.
As deformações reais podem decorrer de qualquer causa, com as
deformações elásticas sendo um caso especial. As forças de tração e os
alongamentos dos membros são considerados positivos. Um resultado positivo
indica que a deflexão ocorre na mesma direção que a força virtual aplicada.
Na determinação das relações angulares de um membro, é usado um
conjugado unitário no lugar da força unitária. Na prática, o procedimento do uso da
força unitária ou do conjugado unitário, juntamente com o trabalho virtual, denomina-
se método da carga unitária fictícia.

12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos

A equação do trabalho virtual pode ser específica para cada tipo de problema,
tanto para membros com cargas axiais como para membros em flexão.

Treliças:
Uma força unitária virtual deve ser aplicada em um ponto, na direção da
deflexão a ser determinada.
Se as deformações reais são elásticas lineares e decorrem apenas de deformações
P L
axiais, ∆L = , logo a equação do trabalho virtual para este caso é:
A E
n
Pi Li
1 . ∆ = ∑ pi (12.40)
i=1 A i Ei
onde:
pi = força axial em um membro devido à força unitária virtual
Pi = força no mesmo membro devido aos carregamentos reais.
A soma extende-se a todos os membros da treliça.

Vigas:
Da aplicação de uma força unitária virtual na direção da deflexão desejada,
surgirão momentos fletores internos nas várias seções designados por m. Ao se
100 Métodos de Energia

aplicar as forças reais, os momentos fletores giram as seções da viga de dθ =


Mdx/(EI) radianos. Assim, o trabalho realizado em um elemento da viga pelos
momentos virtuais m é mMdx/(EI). Integrando essa equação ao longo do
comprimento da viga, obtemos o trabalho externo nos elementos internos. Logo a
equação do trabalho virtual para este caso é:
L
m M dx
1 . ∆=∫ (12.41)
0
E I

m m M M

dx dx
Mdx/EI
Uma expressão análoga pode ser usada para achar a rotação angular de uma
seção particular. Para esse caso, no lugar de se aplicar uma força unitária virtual,
aplica-se um conjugado unitário virtual na seção investigada.
L
m M dx
1 . θ=∫ (12.42)
0
E I

Exemplo 12.13: Achar a deflexão vertical do ponto B da treliça de aço com juntas de
pino, como mostrado abaixo, devido às seguintes causas: (a) deformação elástica
dos membros, (b) encurtamento de 3 mm do membro AB por meio de um tensor, e
(c) queda na temperatura de 60°C, ocorrendo no membro BC. O coeficiente de
expansão térmica do aço é α = 0,000012 mm/mm/°C. Desprezar a possibilidade de
flambagem lateral do membro em compressão. Tome E = 21.103 kgf/mm2.

1,25 m

A A = 100 mm2
L = 1,60m

1m
B

1m 1500 kgf

A = 160 mm2
C L = 1,60m
Curso de Mecânica dos Sólidos B 101

1 – Determinar os esforços internos virtuais, pi:

RAy
A
pAB
RAx
1 kgf

Carregamento
B
virtual

RCx pBC
C
RCy

1,25 1
Equilíbrio estático no ponto B: cos θ = , sen θ =
1,6 1,6
pAB 1 kgf
θ

θ B

pBC

1,25 1,25
→ ∑ Fx = 0 , p AB .
1,6
− pBC
1,6
=0, pAB = pBC

1 1
↑ ∑ Fy = 0 , −p AB .
1,6
− pBC
1,6
+1= 0, pAB = 0,8 (compressão), pBC = 0,8 (tração)

2 – Determinar os esforços internos reais, Pi:

RAy
A
RAx PAB

B Carregamento
real

1500 kgf
RCx
PBC
C
RCy
102 Métodos de Energia

Equilíbrio estático no ponto B:


PA
θ B

θ 1500 kgf
PB

1,25 1,25
→ ∑ Fx = 0 , PAB .
1,6
− PBC
1,6
=0, PAB = PBC

1 1
↑ ∑ Fy = 0 , −PAB . 1,6 − PBC 1,6 − 1500 = 0 , PAB = -1200 (tração) , PBC = -1200 (compr.)

Caso (a):
Membro p (kgf) P (kgf) L (mm) E A (mm2) p PL/EA
2
(kgf/mm )
AB - 0,8 + 1200 1600 21000 100 - 0,7314
BC + 0,8 - 1200 1600 21000 160 - 0,4571
Σ - 1,1886

∆ = - 1,1886 mm (sentido contrário a força unitária)


Caso (b):
1 x ∆ = (- 0,8)(- 3) + (+ 0,8)(0)
∆ = + 2,4 mm (mesmo sentido que a força unitária)
Caso (c):
∆LBC = α L ∆T = 0,000012 . 1600 . (-60) = - 1,152 mm
1 x ∆ = (- 0,8)(0) + (+ 0,8)(-1,152)
∆ = - 0,9216 mm (sentido contrário a força unitária)

Exemplo 12.14: Determine o deslocamento vertical do ponto C da treliça de aço


abaixo. Considere as seções transversais de cada membro A = 400 mm2 e E = 200
GPa.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 103

D C

2m

A
2m 2m B

100 kN

1- Determinação dos esforços internos virtuais devido a uma força virtual vertical no
ponto C:

1 kN
rDx D C

rDy
2m

rAx A

2m 2m B

rAy

∑ MA = 0 , rDx . 2 – 1 . 2 = 0 , rDx = 1 kN

→ ∑ Fx = 0 , rAx – rDx = 0 , rAx = 1 kN

Equilíbrio estático no ponto D:

rDx D pDC

rDy

→ ∑ Fx = 0 , - rDx + pDC = 0 , pDC = 1 kN (tração)

↑ ∑ Fy = 0 , rDy = 0 , rAy = 1 kN
104 Métodos de Energia

2 2
Equilíbrio estático no ponto A: cos θ = , sen θ =
2 2
pAC
RAx A
θ

pAB
RAy

2
↑ ∑ Fy = 0 , R Ay − p AC .
2
= 0, p AC = 2 kN (compressão)

2
→ ∑ Fx = 0 , R Ax − p AC .
2
+ p AB = 0 , pAB = 0

Equilíbrio estático no ponto C:


1 kN
pDC C

θ θ

pAC pBC

2 2
→ ∑ Fx = 0 , −pDC + p AC .
2
+ pBC
2
= 0 , pBC = 0

2- Determinação dos esforços internos reais devido à força real vertical no ponto B:

RDx D C

0.6 L 2m

RAx A

2m 2m B

RAy
100

∑ MA = 0 , RDx . 2 – 10 . 4 = 0 , RDx = 200 kN

→ ∑ Fx = 0 , RAx – 200 = 0 , RAx = 200 kN


Curso de Mecânica dos Sólidos B 105

↑ ∑ Fy = 0 , rAy – 100 = 0 , rAy = 100 kN

Equilíbrio estático no ponto A:

PAC
rAx A
θ

PAB
rAy

2
↑ ∑ Fy = 0 , R Ay − PAC .
2
= 0, PAC = 100 2 kN (compressão)

2
→ ∑ Fx = 0 , R Ax − PAC . + PAB = 0 , PAB = - 100 kN (compressão)
2

Equilíbrio estático no ponto C:

PDC C

θ θ

PAC PBC

2 2
↑ ∑ Fy = 0 , PAC . 2
− PBC .
2
=0, PBC = 100 2 kN (tração)

2 2
→ ∑ Fx = 0 , −PDC + PAC .
2
+ PBC
2
=0 , PDC = 200 kN (tração)

Membro p P (N) L (mm) A (m2) E (N/mm2) p.PL/AE


AB 0 -100.103 4.103 400 200.103 0
BC 0 100 2 .103 2 2 .103 400 200.103 0

AC - 2 - 100 2 .103 2 2 .103 400 200.103 7,07

CD 1 200.103 2.103 400 200.103 5


Σ 12,07

∆Cv = 12,07 mm
106 Métodos de Energia

Exemplo 12.15: Achar a deflexão no meio do vão de uma viga em balanço,


carregada como mostrado abaixo. O produto EI da viga é constante.

Carregamento real
Carregamento virtual
wox/L
wo L/2 L/2
A

x
1 kgf

- -
Diagrama de Diagrama de

A equação de momento real é:


x wox x w x3
M=− =− o (0 ≤ x ≤ L) (a)
2 L 3 6 L

E as equações de momento virtual são:


m=0 (0 ≤ x ≤ L/2) (b)
 L
m = −1  x −  (L/2 ≤ x ≤ L) (c)
 2

Substituindo as eqs. (a), (b) e (c) na eq. (12.41), temos:


L L/2 L
m M dx 1  w x3  1  L   w 0 x3 
1 . ∆=∫ = ∫ (0)  − 0  dx + ∫  − x +   − 6 L  dx (d)
0
E I E I 0  6 L  E I l/2  2   

Resolvendo a eq. (d), a deflexão no ponto A é:


49 w o L4
∆A = (e)
3480 E I

Observação: Este mesmo resultado pode ser obtido com o teorema de Castigliano,
onde uma força fictícia P deve ser aplicada em A. Logo a equação de momento
seria:
w o x3  L
M=− − P  x −  para (x ≥ L/2) (f)
6 L  2
Curso de Mecânica dos Sólidos B 107

A derivada da eq. (f) com relação à P é:


∂M  L
= − x −  (g)
∂P  2
onde a eq. (g) é o momento virtual m para (x ≥ L/2).

Exemplo 12.16: Achar a deflexão horizontal provocada pela força concentrada P, da


extremidade da barra curva mostrada abaixo. A rigidez EI da barra é constante.
Desprezar o efeito da força cortante sobre a deflexão.

Rsenθ
1 kgf
m=-R(1-cosθ) M=-PRsenθ

P R(1-cosθ)
P
R θ θ

Se o raio de curvatura de uma barra é grande em comparação com as


dimensões da seção transversal, as fórmulas comuns de deflexão de vigas podem
ser usadas, e dx pode ser substituido por ds. Neste caso, ds = R dθ.
L
m M dx
π/2
 −R (1 − cos θ )  ( −PR sen θ ) R dθ
1 . ∆=∫ = ∫ (a)
0
E I 0
E I

Resolvendo a eq. (a), a deflexão encontrada é:


P R3
∆=+ (b)
2 E I
108 Método dos Elementos Finitos

13 – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

ELEMENTOS FINITOS PARA TRELIÇAS

13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra

Considere um elemento de barra de comprimento L, módulo de elasticidade


E, e seção transversal A, Fig. 13.1. As duas extremidades são denotadas pontos
nodais ( ou simplesmente nós) 1 e 2. Sobre estes nós estão atuando as forças
(externas ao elemento) P1 e P2, respectivamente. Correspondendo a estas duas
forças, há dois deslocamentos u1 e u2 chamados graus de liberdade.

1 E, A 2

P1, u1 P2, u2
L
x

Figura 13.1 – Elemento finito de barra

Para um elemento de barra com tensão axial constante ou deformação axial


constante, o deslocamento axial pode ser assumido variar linearmente em x:
u( x ) = a1 + a 2 x (13.1)

com a1 e a2 constantes à serem determinadas pela imposição das condições de


contorno:
p / x = 0, u( x ) = u(0) = u1 = a1
u 2 − u1 (13.2)
p / x = L, u( x ) = u(L ) = u 2 = a1 + a 2L ⇒ a2 =
L

Substituindo os resultados de a1 e a2 da eq. (13.2)na eq. (13.1), temos:


u( x ) = f1( x ) u1 + f 2 ( x ) u 2 (13.3)

onde f1(x) e f2(x) são ditas funções de forma e são como:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 109

x
f1( x ) = 1 −
L (13.4)
x
f2 ( x) =
L

Para o caso de tensões e deformações uniaxiais, a deformação é definida


como:
∂u
ε= (13.5)
∂x

Substituindo as eqs. (13.3) e (13.4) na eq. (13.5), temos:


∂f1( x ) ∂f ( x )
ε= u1 + 2 u 2 = f1' ( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 (13.6)
∂x ∂x

A força axial atuando ao longo do elemento é obtida da forma:


∂u
P=σA =Eε A =EA (13.7)
∂x

Substituindo as eqs. (13.3) e (13.4) na eq. (13.7), temos:

[
P = E A f1' ( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 ] (13.8)

A expressão de energia de deformação para o caso de barras solicitadas


axialmente é da forma:
L
P2
U= ∫ 2 E A dx (13.9)
0

Substituindo eq. (13.8) na eq. (13.9), temos:

[ ]
L
EA ' 2

2 0∫
U= f1( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 dx (13.10)

∂U
Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, = P , derivando a energia
∂u
com relação ao deslocamento u1, temos:
110 Método dos Elementos Finitos

[ ]
L
∂U 2 E A '
P1 =
∂u1
= ∫
2 0
f1( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 f1' ( x ) dx (13.11)

Desenvolvendo a eq. (13.11), temos:


 L   L 
P1 = E A ∫ f1' ( x ).f1' ( x ) dx  u1 + E A ∫ f1' ( x ).f 2' ( x ) dx  u 2 (13.12)
 0   0 

E, aplicando o primeiro teorema de Castigliano, derivando a energia com


relação ao deslocamento u2, temos:

[ ]
L
∂U 2 E A '
2 0∫
P2 = = f1( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 f 2' ( x ) dx (13.13)
∂u 2

Desenvolvendo a eq. (13.13), temos:


 L   L 
P2 = E A ∫ f 2 ( x ).f1( x ) dx  u1 + E A ∫ f 2' ( x ).f 2' ( x ) dx  u 2
' '
(13.14)
 0   0 

Colocando as eqs. (13.12) e (13.14) na forma matricial:


P1  k 11 k 12   u1 
 = k    ou {P} = [k ] {u} (13.15)
P2   21 k 22  u 2 

onde [k] é a matriz de rigidez do elemento de barra com seus coeficientes definidos
da seguinte maneira:
L
K ij = E A ∫ fi' ( x ).f j' ( x ) dx (13.16)
0

Aplicando a eq. (13.4) na eq. (13.16), a matriz de rigidez elementar é:

1 − 1
[k ] = E A  (13.17)
L − 1 1 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 111

13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário

A matriz de rigidez de um elemento de barra dada pela eq. (13.17) é obtida


quando o elemento está disposto paralelamente ao sistema de eixos x-y. Para os
casos mais gerais de treliças, as barras estão dispostas aleatoriamente no plano x-y.
Assim, é necessário determinar uma matriz de rigidez genérica, fazendo um ângulo
φ com o eixo x, Fig. 13.2:

v2 P2y, v2

P2 , u2
2
P2x, u2

u1 v1
v1 E, A, L φ
y y
u1
x P1x, u1 1 u1
φ
x φ
v1
v1
P1, u1 P1y, v1

Figura 13.2 – Elemento de barra no plano

A relação entre os deslocamentos u e v medidos no sistema de coordenadas


x-y com u e v medidos no sistema de coordenadas x − y para cada nó é:
u1 = u1 cos φ + v 1 sen φ
u2 = u 2 cos φ + v 2 sen φ
(13.18)
v 1 = −u1 sen φ + v 1 cos φ
v 2 = −u 2 sen φ + v 2 cos φ

Colocando a eq. (13.18) na forma matricial:


 u1  c s 0 0  u1 
v  − s c 0 0
v 
 1  1
 =    ou {q} = [T] {q} (13.19)
 u2  0 0 c s u 2 
v 2    v 2 
0 0 − s c
112 Método dos Elementos Finitos

com c = cos φ, s = sen φ e [T] é a matriz de transformação.

Uma mesma relação pode ser obtida considerando forças não existentes na
direção y , P1y e P2y :

 P1x  c s 0 0 P1x 
  − s P 
0
 P1y 
 = 
0
c 0
s
 1y 
  ou {P} = [T] {P} (13.20)
P2 x  0 c P2 x 
P2 y    P2 y 
  0 0 −s c  

A matriz de rigidez dada pela eq. (13.17) pode ser expandida considerando os
deslocamentos v1 e v 2 , e forças inexixtentes, P1y e P2y :

 P1x  1 0 −1 0  u1 
   v 
0
 P1y  E A  0
 =
L − 1
0 0
0
 1
  ou {P} = [k ] {q} (13.21)
P2 x  0 1  u2 
P2 y    v 2 
  0 0 0 0

Substituindo as eqs. (13.19) e (13.20) na eq. (13.21), temos:


[T] {P} = [k ] [T] {q} (13.22)
ou:

{P} = [T ]−1 [k ] [T ] {q} = [T]t [k ] [T] {q} (13.23)

Logo, a matriz de rigidez de um elemento de barra obtida em um sistema de


coordenadas arbitrário é:
 c2 cs − c2 − cs 
 
[]
[k ] = [T] k [T] =
t E A  cs
L − c 2
s2 − cs − s2 
(13.24)
− cs c2 cs 
 
 − cs − s2 cs s 2 

13.3 – Força axial nos elementos

É possível verificar que o elemento está em equilíbrio fazendo:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 113

P1x cos φ + P1y sen φ + P2x cos φ + P2y sen φ = 0


ou:
P1 + P2 = 0 (13.25)

Portanto, determinando P1 ou P2 é possível verificar se o elemento está


sendo tracionado ou comprimido através da Eq. (13.25):

P1x   c2 cs − c2 − cs   u1 
P    v 
 1y  E A  cs s2 − cs − s2   1
 = − c 2   (13.26)
P2 x  L − cs c2 cs  u 2 
 
P2 y  − s2 s 2  v 2 
   − cs cs

ou:

P1x =
EA 2
L
[
c (u1 − u 2 ) + cs (v 1 − v 2 ) ]
(13.27)
P1y =
EA 2
L
[
s (v 1 − v 2 ) + cs (u1 − u 2 ) ]

Da eq. (22) tem-se que:


P1 = P1x c + P1y s

ou:
E A E A
P1 = c c 2 ( u1 − u2 ) + c 2s ( v1 − v 2 )  +  s s2 ( v1 − v 2 ) + c s2 ( u1 − u2 ) 
L   L  
(13.28)
P1 =
E A 2
L
( )
c + s2 c ( u1 − u2 ) + s ( v1 − v 2 )  =
E A
L 
c ( u1 − u2 ) + s ( v1 − v 2 ) 

Determinados os deslocamentos nodais u1, v1, u2 e v2, é possível verificar se


o elemento de barra está sendo tracionado ou comprimido usando a eq. (13.25).

13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global

Para demostrar como as matrizes elementares são montadas, considere a


treliça com barras de comprimento L e rigidez axial EA.
114 Método dos Elementos Finitos

R3y
R3x
3

y
120°
1 60°
2
x
R1x

R2y

As condições de contorno do problema são: u1 = 0, v2 = 0, u3 = 0 e v3 = 0, e as


matrizes elementares são:

Elemento 1-2:
P1x  1 0 −1 0  u1   4 0 −4 0  u1 
P   v  v 
 1y  E A  0 0 0 0 
 1 E A  0 0 0 0  1
  =   =  
P2 x  L − 1 0 1 0 u 2  4 L − 4 0 4 0 u 2 
P2 y    v 2    v 2 
  0 0 0 0 0 0 0 0

Elemento 2-3:
P2 x   1 − 3 −1 3  u 2 
P    v 
 2 y  E A − 3 3 3 −3   2
 =   
P3 x  4 L  −1 3 1 − 3 u 3 

P3 y   3 −3 − 3 3  v 3 
 
Elemento 1-3:
P1x   1 3 −1 − 3  u1 
P    v 
 1y  E A  3 3 − 3 −3   1
 =   
P3 x  4 L  −1 − 3 1 3  u 3 

P3 y  − 3 −3 3 3  v 3 
 

com:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 115

Elemento φ c s c2 cs s2
1-2 0° 1 0 1 0 0
2-3 120° −1 3 1 3
2 4 − 3 4
2 4
1-3 60° 1 3 1 3 3
2 2 4 4 4

Impondo o equilíbrio estático nos nós, tem-se:


Nó 1:
R1x – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0
0 – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0
Nó 2:
P – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0
R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0
Nó 3:
R3x – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) = 0
R3y – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) = 0

Fazendo uso das matrizes elementares, é possível obter a matriz de rigidez


global da treliça da forma:

R1x = ?  4 + 1 3 −4 0 −1 − 3  u = 0 
 0    1
 3 3 0 0 − 3 −3   v1 = ? 
     
 P  E A  −4 0 4 +1 − 3 −1 3  u2 = ? 
R = ?  =   
 2y  4 L 0 0 − 3 3 3 −3  v 2 = 0 

R3x = ?   
 
 −1 − 3 −1 3 1+ 1 3 − 3  u3 = 0 
  v = 0 
R3y = ?   − 3 −3 3 −3 3− 3 3 + 3   3 

Da segunda e terceira equações, é possível determinar os deslocamentos


restantes:
EA
0= (3.v 1 + 0.u 2 ) ⇒ v1 = 0
4L

EA
P= (0.v 1 + 5.u 2 ) ⇒ u 2 = 4 P L
4L 5E A
116 Método dos Elementos Finitos

E da primeira, quarta, quinta e sexta equações, é possível determinar as


forças aplicadas nos nós:

R1x =
EA
4L
( 3.v 1 − 4.u 2 ) ⇒ R1x = −
4P
5

R 2y =
EA
4L
(
0.v 1 − 3.u 2 ) ⇒ R 2y = −
3P
5

R 3x =
EA
4L
(
− 3.v 1 − 1.u 2 ) ⇒ R 3x = −
P
5

R 3y =
EA
4L
(
− 3.v 1 + 3.u 2 ) ⇒ R 3y =
3P
5

Para verificar se os valores das reações estão corretos, basta verificar se a


treliça está em equilíbrio:
3P 3P
↑ ∑ Fy = 0 , R2y + R3y = −
5
+
5
=0 (ok)

4P P
→ ∑ Fx = 0 , R1x + R3x + P = 0 , −
5

5
+ P (ok)

3 P 3 P 1 P 3
∑ M1 = 0 , R2y.L + R3y.L.cos 60 – R3x.L.sen 60 = −
5
L+
5
L + L
2 5 2
=0

(ok)
Os esforços internos nas barras são encontrados usando a eq. (25):
EA
P1(1−2) = [c. (u1 − u 2 ) + s. (v 1 − v 2 )]
L

EA   4PL  4P
P1(1−2) = 1.  0 −  + 0. (0 − 0 ) ⇒ P1(1−2) = − (tração)
L   5E A  5

EA
P1( 2−3 ) = [c. (u 2 − u 3 ) + s. (v 2 − v 3 )]
L

EA  4PL   2P
P1( 2−3 ) = − 12 .  − 0  + 3 . (0 − 0 ) ⇒ P1( 2−3 ) = − (tração)
L 5 E A  2 5
 
EA
P1(1−3 ) = [c. (u1 − u 3 ) + s. (v 1 − v 3 )]
L
E A 1 
P1(1−3) =  . ( 0 − 0 ) + 3 . ( 0 − 0 ) , P1(1−3) = 0
L  2 2 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 117

Exemplo 13.1 - Considere a treliça articulada abaixo com E = 200 GPa e A = 600
mm2. Determine pelo método dos elementos finitos os deslocamentos dos nós e os
esforços internos das barras.

5 kN
3
4 R4x

2m R4y
y φ2
φ1 R2x
2
x
1 1,5 m 1,5 m
R2y

As condições de contorno são: u2 = 0, v2 = 0, u4 = 0, v4 = 0, e as matrizes


elementares são:

Elemento 1-2:
P1x   25 0 − 25 0  u1 
P   v 
 1y  E A  0 0 0 0  1
  =  
P2 x  25 L − 25 0 25 0 u 2 
P2 y    v 2 
   0 0 0 0

Elemento 1-3:
P1x   9 12 − 9 − 12  u1 
P   12  
 1y  E A  16 − 12 − 16  v 1 
 =  
P3 x  25 L  − 9 − 12 9 12  u 3 
P3 y   
  − 12 − 16 12 16  v 3 

Elemento 2-3:
P2 x   9 − 12 − 9 12  u 2 
P  − 12 16  
 2y  E A  12 − 16 v 2 
 =  
P3 x  25 L  − 9 12 9 − 12 u 3 
P3 y   
   12 − 16 − 12 16  v 3 
118 Método dos Elementos Finitos

Elemento 3-4:
P3 x   25 0 − 25 0 u 3 
P   v 
 3y  E A  0 0 0 0  3
 =  
P4 x  25 L − 25 0 25 0 u 4 
P4 y    v 4 
   0 0 0 0

com:
Elemento φ c s c2 cs s2
1-2 0° 1 0 1 0 0
1-3 φ1 3 4 9 12 16
5 5 25 25 25
2-3 φ2 −3 4 9 − 12 16
5 5 25 25 25
3-4 0° 1 0 1 0 0

Impondo o equilíbrio estático nos nós, temos:


Nó 1:
0 – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0
0 – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0
Nó 2:
R2x – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0
R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0
Nó 3:
0 – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) – P3x (elemento 3-4) = 0
– 5000 – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) – P3y (elemento 3-4) = 0
Nó 4:
R4x – P4x (elemento 3-4) = 0
R4y – P4y (elemento 3-4) = 0

Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares,


obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 119

25 + 9 12 − 25 0 −9 − 12 0 0
 3 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 
 R1x = 0   16 

12 0 0 − 12 − 16 0 0  u1 = ? 
  2,5 2,5 2,5 2,5  
 R1y = 0   
 v1 = ? 
 R =?   − 25 2,5 0 25 + 9
3 2,5
− 12
2,5
−9
2,5
12
2,5
0 0
 2x    u2 = 0 
 R2y = ?  E A   
0 0 − 12 16 12 − 16 0 0 v2 = 0 
 =  2,5 2,5 2,5 2,5   
 R3x = 0  25 L  −9 − 12 − 9 12 9 +9 + 25 12 − 12 −25 0
 u3 = ? 
R3y = −5000   2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 1,5 2,5 2,5 2,5 v3 = ? 
     
 − 12 − 16 12 − 16 12 − 12 16 + 16 0 0
 R4x = ?  2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 u 4 = 0 
    v = 0 
R = ?  −25 25 0  4 
 4y  
0 0 0 0
1,5
0
2,5 
 0 
 0 0 0 0 0 0 0

Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 1,


2, 5 e 6 e considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se:
25 + 12 12 −9 − 12 
 3 2,5 2,5 2,5 2,5  u = ? 
 R1x = 0 
 R =0   12 16 12 16   1 
− −
 1y  E A  2,5 2,5 2,5 2,5  v1 = ? 

  =    
 R3x = 0  25 L  −9 2,5 − 12 18 + 25 0  u3 = ? 
2,5 2,5 1,5
R3y = −5000    v 3 = ? 
   − 12 16 32 
− 0
 2,5 2,5 2,5 

Invertendo o sistema acima, temos:

 u1 = ?   0,12 −0,09 0 0   R1x = 0 


v = ?    
 1  25  −0,09 0,515 0,09 0,224   R1y = 0 
 =  
u3 = ?  EA  0 0,09 0,06 0,045   R3x = 0 
v 3 = ?   
 0 0,224 0,045 0,19  R3y = −5000 

Resolvendo o sistema obtem-se que u1 = 0, v1 = –0,23 mm, u3 = – 0,047 mm


e v3 = –0,198 mm.
Voltando ao sistema de equações original e tomando as linhas 3, 4, 7 e 8,
obtem-se as reações de apoio R2x = – 3749,76 N, R2y = 4999,68 N, R4x = 3760 N e
R4y = 0.

Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos


com os valores obtidos analiticamente:

∑ M4 = 0 , 5000 . 1,5 + R2x . 2 = 0 , R2x = – 3750 N

↑ ∑ Fy = 0 , – 5000 + R2y = 0 , R2y = 5000 N

→ ∑ Fx = 0 , R2x + R4x = 0 , R4x = 3750 N


120 Método dos Elementos Finitos

Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25):


E A
P1(1−2) = c. ( u1 − u2 ) + s. ( v1 − v 2 )  , P1(1−2) = 0
L 
E A
P1(1−3) = c. ( u1 − u3 ) + s. ( v1 − v 3 )  , P1(1−3) ≈ 0
L 
E A
P1(2−3) = c. ( u2 − u3 ) + s. ( v 2 − v 3 )  , P1(2−3) = 6250 N (compressão)
L 
E A
P1(3−4) = c. ( u3 − u4 ) + s. ( v 3 − v 4 )  , P1(3− 4) = −3750 N (tração)
L 

Exemplo 13.2 - Considere a treliça articulada simétrica com sete barras de


comprimento L e rigidez axial EA.

2 4

y 60
60 60 60 60 5
x
1 3
P
R5y
R1y

Devido a simetria da treliça e do carregamento, as condições de contorno


são: v1 = 0, v5 = 0, u3 = 0, u1 = - u5, u2 = - u4 e v2 = v4. As matrizes elementares são:
Elemento 1-2 e elemento 3-4:

 P1x   1 3 −1 − 3  u1 
P     
 1y  E A  3 3 − 3 −3   v1 
 =    
P2x  4 L  −1 − 3 1 3  u2 
    v 2 
P2y  − 3 −3 3 3 

P3x   1 3 −1 − 3 u3 
     
P3y  E A  3 3 − 3 −3  v3 
 =    
P4x  4 L  −1 − 3 1 3  u 4 
    v 4 
P4y  − 3 −3 3 3 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 121

Elemento 2-3 e elemento 4-5:

P2x   1 − 3 −1 3  u2 
P   
 2y  E A  − 3 3 3 −3  v 2 
 =    
P3x  4 L  −1 3 1 − 3  u3 
     
P3y   3 −3 − 3 3  v 3 

P4x   1 − 3 −1 3  u 4 
P   
 4y  E A  − 3 3 3 −3  v 4 
 =    
P5x  4 L  −1 3 1 − 3  u5 
     
P5y   3 −3 − 3 3  v5 

Elemento 1-3, elemento 2-4 e elemento 3-5:


 P1x  4 0 −4 0  u1 
P  0 v 
 1y  E A  0 0 0   1
 =  
P3x  4 L  −4 0 4 0 u3 
P3y    v 3 
  0 0 0 0

P2x  4 0 −4 0 u2 
P  0  
 2y  E A  0 0 0  v 2 
 =  
P4x  4 L  −4 0 4 0 u 4 
P4y     v 4 
  0 0 0 0

P3x  4 0 −4 0 u3 
P    
 3y  E A  0 0 0 0  v 3 
 =  
P5x  4 L  −4 0 4 0 u5 
P5y    v 5 
  0 0 0 0

com:
Elemento φ c s c2 cs s2
1-2, 3-4 60° 1 3 1 3 3
2 2 4 4 4
2-3, 4-5 -60° 1 − 3 1 3
2 4 4 − 3
2 4
1-3, 2-4, 3-5 0° 1 0 1 0 0
122 Método dos Elementos Finitos

Impondo o equilíbrio nos nós, temos:


Nó 1:
0 – P1x (elem. 1-2) – P1x (elem. 1-3) = 0
R1y – P1y (elem. 1-2) – P1y (elem. 1-3) = 0
Nó 2:
0 – P2x (elem. 1-2) – P2x (elem. 2-3) – P2x (elem. 2-4) = 0
0 – P2y (elem. 1-2) – P2y (elem. 2-3) – P2y (elem. 2-4) = 0
Nó 3:
0 – P3x (elem. 1-3) – P3x (elem. 2-3) – P3x (elem. 3-4) – P3x (elem. 3-5) = 0
– P – P3y (elem. 1-3) – P3y (elem. 2-3) – P3y (elem. 3-4) – P3y (elem. 3-5)=0
Nó 4:
0 – P4x (elem. 2-4) – P4x (elem. 3-4) – P4x (elem. 4-5) = 0
0 – P4y (elem. 2-4) – P4y (elem. 3-4) – P4y (elem. 4-5) = 0
Nó 5:
0 – P5x (elem. 3-5) – P5x (elem. 4-5) = 0
R5y – P5y (elem. 3-5) – P5y (elem. 4-5) = 0

Fazendo a soma das forças em cada um dos nós usando as matrizes


elementares, obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça:
 R1x = 0  1 + 4 3 −1 − 3 −4 0 0 0 0 0 
     u1 = ? 
 R1y = ?   3 3 − 3 −3 0 0 0 0 0 0   
R =0     v1 = 0 
 −1 − 3 1+ 1+ 4 3− 3 −1 3 −4 0 0 0  u2 = ? 
 2x   
 R2y = 0   
   − 3 −3 3− 3 3+3 3 −3 0 0 0 0  v2 = ?
 0  u = 0 
 R3x = 0  E A  −4 0 −1 3 −4 + 1 + 1 + 4 − 3 + 3 −1 − 3 −4 3
R = −P  =  
 3y  4 L  0 0 3 −3 − 3+ 3 3−3 − 3 −3 0 0   v3 = ? 
R  
=0   0 3 
u = ? 
 4x  0 −4 0 −1 − 3 −4 + 1 + 1 3− 3 −1  4 
 R4y = 0    v 4 = ? 
   0 0 0 0 − 3 −3 3− 3 3+3 3 −3  u = ? 
 R5x = 0     5 
 0 0 0 0 −4 0 −1 3 −4 + 1 − 3 
R =?   v5 = 0 
 5y   
 0 0 0 0 0 0 3 −3 − 3 3 

Tomando as equações onde as forças externas são conhecidas, 1, 3, 4, 5, 6,


7, 8 e 9 e considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 123

 R1x = 0   5 −1 − 3 0 
R =0   
 2x   −1 10 0 3 
 R2y = 0     u1 
− 3 0 6 −3 
  E A  
 
u2 
R3y = −P  =  0 2 3 −6 6   
R =0  4 L  v 2 
 4x  1 −10 0 − 3 v 3 
 
 R 4y = 0  − 3
  0 6 −3 
 R5x = 0   
 −5 1 3 0 

Tomando somente as quatro primeiras equações ou as quatro últimas


equações:

 R1x = 0   5 −1 − 3 0   u1 
R =0   
 2x  E A  −1 10 0 3  u2 
R =0 =   
 2y  4 L − 3 0 6 −3  v 2 
R3y = −P    
   0 2 3 −6 6  v 3 

Das duas primeiras equações, temos:


v 2  3 5 −1   u1 
 =  
v 3  3  1 −10  u2 

E, das duas últimas equações, temos:


 u1  3 P L −1
 =  
u2  6 E A 1

Logo:
v 2  P L  −6 
 =  
v 3  6 E A −11

Das equações 2 e 10 é possível constatar que R1y = R5y = P/2. Os esforços


internos nas barras são encontrados usando a Eq. (13.26):
E A
P1(1−2) = c. ( u1 − u2 ) + s. ( v1 − v 2 ) 
L 

E A 1  3 P L 3 P L 3  P L  3 P
P1(1−2) =  .  − −  + . 0 +   , P1(1−2) = (compr.)
L  2  6 E A 6 E A 2  E A   3
124 Método dos Elementos Finitos

E A
P1(2−3) = c. ( u2 − u3 ) + s. ( v 2 − v 3 ) 
L 
E A 1  3 P L  3  P L 11 P L   3 P
P1(2−3) =  .  − 0 − . − +   , P1(2−3) = − (tração)
L  2  6 E A 
 2  E A 6 E A   3

E A
P1(1−3) = c. ( u1 − u3 ) + s. ( v1 − v 3 ) 
L 

E A  3 P L   11 P L   3 P
P1(1−3) = 1.  − − 0  − 0.  0 +   , P1(1−3) = − (tração)
L  
 6 E A   6 E A   6

E A
P1(2−4) = c. ( u2 − u4 ) + s. ( v 2 − v 4 ) 
L 

E A  3 P L 3 P L  P L P L  3 P
P1(2−4) = 1.  +  + 0  − +−   , P1(2− 4) = (comp)
L   6 E A 6 E A   E A E A  
 3

Devido a simetria da treliça:


3 P
P1(4−5) = P1(1−2) = (compressão)
3
3 P
P1(3−5) = P1(1−3) = − (tração)
6
3 P
P1(3−4) = P1(2−3) = − (tração)
3

ELEMENTOS FINITOS PARA VIGAS

13.5 – Matriz de rigidez de um elemento de viga

Considere um elemento de viga de comprimento L, módulo de elasticidade E,


e momento de inércia I. As duas extremidades são denotadas pontos nodais (ou
simplesmente nós) 1 e 2. Em cada nó há uma deflexão v e uma rotação θ (∂v/∂x),
chamados graus de liberdade. Correspondendo a estes dois graus de liberdade v e θ
há dois esforços internos, uma força cortante F e um momento M, respectivamente.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 125

y, v
1 E, I 2
x
M1, θ1 M2, θ2
L
F1, v1 F2, v2

A deflexão v é assumida ser uma função polinomial cúbica em x:


v(x) = a1 + a2 x + a3 x 2 + a 4 x 3 (13.29)

Considerando que:
d4 v 1
= w(x)
dx 4 EI
d3 v 1
= w x + c1
dx 3 EI
d2 v 1 w 2
= x + c1 x + c 2 (13.30)
dx 2 EI 2!
dv 1 w 3 c1 2
= x + x + c2 x + c3
dx EI 3! 2!
1 w 4 c1 3 c 2 2
v(x) = x + x + x + c3 x + c 4
EI 4! 3! 2!

Portanto, a eq. (13.29) é exata quando a carga distribuída w(x) é nula.

As constantes a1, a2, a3 e a4 da eq. (13.29) são determinadas pela imposição


das condições de contorno:
∂v
p / x = 0, v(0) = v1, (0) = θ1
∂x
(13.31)
∂v
p / x = L, v(L) = v 2 , (L) = θ2
∂x

Aplicando as condições de contorno, eq. (13.31), na eq. (13.29), temos:

 v1   1 0 00   a1 
 θ  0 1 00  a2 
 1 
 =   (13.32)
v 2   1 L L2 L3  a3 

 θ2  0 1 2L 3L2  a4 

126 Método dos Elementos Finitos

A matriz inversa da eq. (13.32) fornece as constantes a1, a2, a3 e a4:

 a1   L 0   v1 
3
0 0
a    
 2  0 L3 0 0   θ1 
   =   (13.33)
a3   −3L −2L 3L −L2   v 2 
2

a4   2 L −2 L   θ2 

Substituindo a eq. (13.33) na eq. (13.28) e reagrupando, obtemos a forma


final da função deflexão:
v(x) = f1(x) v1 + f2 (x) θ1 + f3 (x) v 2 + f4 (x) θ2 (13.34)

onde f1(x), f2(x), f3(x) e f4(x) são funções de forma dadas por:
2 3
x x
f1(x) = 1 − 3   + 2  
L L
 x 2   x3 
f2 (x) = x − 2   +  2 
 L  L 
(13.35)
2 3
x x
f3 (x) = 3   − 2  
L L
 x 2   x3 
f4 (x) = −   +  2 
 L  L 

A expressão de energia de deformação para o caso de vigas solicitadas em


flexão é (a energia devido ao cortante é desprezível):
L
M2
U= ∫ dx (13.36)
0
2 E I

∂2v
Sabe-se que M = E I e considerando EI constante ao longo da viga,
∂x 2
temos:
L 2
E I  ∂2v 
2 ∫0  ∂x 2 
U=   dx (13.37)

A segunda derivada da deflexão é:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 127

∂2v
2
= f1'' (x) v1 + f2'' (x) θ1 + f3'' (x) v 2 + f4'' (x) θ2 (13.38)
∂x

onde:
6 x
f1'' (x) = − 2
+ 12 3
L L
4 x
f2'' (x) = − + 6 2
L L (13.39)
6 x
f3'' (x) = 2 − 12 3
L L
2 x
f4'' (x) = − + 6 2
L L

∂U
Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, = F , temos:
∂v
L
∂U 2 E I
2 ∫0 
F1 = =  f1'' (x) v1 + f2'' (x) θ1 + f1'' (x) v 2 + f4'' (x) θ2  f1'' (x) dx
∂v1 
ou (13.40)
F1 = k11 v1 + k12 θ1 + k13 v 2 + k14 θ1

onde:
L

∫ f1 (x).f1 (x) dx
'' ''
k11 = E I
0
L

∫ f1 (x).f2 (x)
'' ''
k12 = E I dx
0
(13.41)
L

∫ f1 (x).f3 (x) dx
'' ''
k13 = E I
0
L

∫ f1 (x).f2 (x)
'' ''
k14 = E I dx
0

∂U
Considerando que = M , e generalizando para os graus de liberdade θ1, v2
∂θ
e θ2, tem-se a forma generalizada para os termos da matriz de rigidez:
L

∫ fi (x).fj (x) dx
'' ''
k ij = E I (13.42)
0
128 Método dos Elementos Finitos

Colocando em forma matricial o resultado das integrais, obtem-se a matriz de


rigidez elementar para um elemento de viga:
 12 6 12 6 
 L2 −
L L2 L 
 
 F1   6 6  v1 
M  4 − 2  θ 
 1 E I  L L   1
 =    
 F2  L  − 12 −
6 12

6 v 2 
M2   L2 L L2 L  θ2 
 6 6 
 2 − 4 
 L L 
ou (13.43)
{F} = [k ] {q}

13.6 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga

O elemento está em equilíbrio:


 12 6 12 6   12 6 12 6 
∑ Fy , F1 + F2 =  L2 v1 + L θ1 − L2 v 2 + L θ2  + − L2 v1 − L θ1 + L2 v 2 − L θ2  = 0
∑ M2 = 0, F1.L – M1 – M2

 12 6 12 6  6 6  6 6 
=  2 v1 + θ1 − 2 v 2 + θ2  L −  v1 + 4θ1 − v 2 + 2θ2  −  v1 + 2θ1 − v 2 + 4θ2  = 0
L L L L  L L  L L 

A matriz elementar é singular:


Como as linhas 1 e 3 da matriz elementar são iguais com exceção do sinal, a
matriz é singular. Ou seja, a matriz elementar não tem inversa, logo não há solução.
A interpretação física dada a este fato é que não há nenhuma condição de contorno
(v1, θ1, v2, θ2 são desconhecidos), logo o elemento estaria instável. Impondo uma
condição qualquer ao elemento, como por exemplo um engaste no nó 1 (v1 = 0, θ1 =
0), a matriz resultante seria não mais singular:
 12 6
− 
 2  E I  L2
F L v 2 
 =   
M2  L  − 6  θ
4  2
 L 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 129

Exemplo 13.3: Usando dois elementos do tipo viga, determine a forma das
deflexões, as reações de apoio e traçe os diagramas de força cortante e de
momento fletor.

y, v
P
PL
1 2EI 3
EI
MA x
L 2 2L
R1y
R3y

As condições de contorno são: v1 = 0, θ1 = 0, v3 = 0, e as matrizes


elementares são:
Elemento 1-2:
 12 6 12 6 
 L2 −
L L2 L 
 
 F1   6 6  v1 
M  4 − 2  θ 
 1 E I  L L   1
 =    
 F2  L  − 12 −
6 12 6
−  v 2 
M2   L2 L L2 L  θ2 
 6 6 
 2 − 4 
 L L 

Elemento 2-3:
 12 6 12 6 
 (2L)2 −
2L (2L)2 2L 
 
 F2   6 6  v 2 
M  4 − 2  
 2  2 E I  2L 2L θ 
 =   2
 F3  2 L  12 6 12 6 v
−   3 
M3   − (2L)2 −
2L (2L)2 2L  θ3 
 
 6 6 
 2L 2 − 4 
2L 

Impondo o equilíbrio nos nós, tem-se que:


Nó 1:
R1y - F1 = 0
130 Método dos Elementos Finitos

MA - M2 = 0
Nó 2:
P - F2 (elemento 1-2) - F2 (elemento 2-3) = 0
PL - M2 (elemento 1-2) - M2 (elemento 2-3) = 0
Nó 3:
R3y - F3 = 0
0 - M3 = 0

Assim, a matriz de rigidez global da treliça pode ser obtida:


12 6 12 6 
 L2 0 0
L L2 L
 
6 6
0 v = 0
R1y = ?  L
4 2 0
 1
  L
  
 A M = ?  12 6 12 3 6 3 3 3   θ1 = 0 
 −P  E I  L2 − + − + −
L L2 L2 L L L2 L  v 2 = ? 
 =   θ = ? 
 PL  L  6 2
6 3
− + 4+4 −
3
2  2 
R3y = ?  L L L L  v3 = 0

   3 3 3  
 0  0 0 − 2 − 2   θ3 = ? 
 L L L2 
 3 3 
 0 0 2 − 4
L L 

Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 3,


4, e 6 e considerando as condições de contorno, tem-se:
 15 3 3
 L2 −
L L v = ?
 −P    2 
  E I 3   
PL  = −
 L
8 2  θ2 = ? 

0 L
     θ3 = ? 
 3 2 4
 L 

A matriz inversa do sistema acima é:


 18 30   
 28 −
v 2  L L  −P  v  −10 
  2  
  L3  18 51 39      P L3  33 
 θ2  = 
− 2 PL  ⇒  θ2  =  
 θ  276 E I  L L2 L      276 E I L 
 3  0 θ
 − 30 39 15     3   9
− 2 −
 L L L2   L 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 131

A deflexão em qualquer ponto de coordenada x dentro do elemento é


determinada pela eq. (13.34). As inclinações também em qualquer ponto são obtidas
pela derivada da eq. (13.34).
Retornando ao sistema original, obtem-se as reações de apoio:
 53P 
 
 R1y   46 
   21PL 
 MA  =  
R   46 
 3y   7P 
 − 46 
 

Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos


com os valores obtidos analiticamente:
7P 21PL
∑ M1 , R3y . 3L – P . L + P . L + MA = −
46
.3L +
46
= 0 (ok)

53PL 7P
↑ ∑ Fy , R1y – P + R3y =
46
−P +
46
= 0 (ok)

Os diagramas de força cortante e de momento fletor são obtidos substituindo


os graus de liberdade obtidos anteriormente nas matrizes elementares:
Elemento 1-2:
 12 6 12 6   53 P 
 L2 −   0   46 
L L2 L
   0   
 F1   6 6     21 PL 
M  4 − 2 
 1 E I  L L   10 PL3   46 
 =   − = 
 F2  L  − 12 −
6 12

6   276 E I   53 P 

M2   L2 L L2 L   33 PL2   46 
     16 PL 
 6 2 −
6
4  
 276 E I 
  
 L L   46 
Elemento 2-3:
132 Método dos Elementos Finitos

 12 6 12 6   10 PL3 
 (2L)2 −  7 P 
2L (2L)2 2L  − 276 E I  
 F2 
   46 
 6 6   
  4 − 2  33 PL2   7 PL 
M2  2 E I  2L 2L    
 =    276 E I  =  23 
 F3  2 L  12 6 12 6
−     7 P
M3   − (2L)2 −
2L (2L)2 2L 
0
 − 
   9 PL2   46 
 6 6 
 2L 2 − 4  − 276 E I   0 
2L  

P
PL

53/46 P
Força P
7/46 P
cortante

16/23 PL
Momento
PL
fletor

21/46 PL 7/23 PL

Observação: A força cortante é considerada positiva quando gira a seção no sentido


anti-horário e o momento fletor é considerado positivo quando traciona as fibras
inferiores. As equações de força cortante e de momento fletor podem ser obtidas

∂ 2v dM
através das equações diferenciais EI 2
=M e = − V , uma vez determinada a
∂x dx
equação de v(x) para cada elemento.

13.7 – Vigas com carga distribuida

Nos casos onde as cargas não são concentradas nos nós como
anteriormente mas distribuidas ao longo de um trecho da viga, estas cargas devem
Curso de Mecânica dos Sólidos B 133

ser transformadas em cargas concentradas de maneira a poderem ser aplicadas nos


nós.
Um método frequentemente utilizado para esta finalidade é o método do
trabalho da carga equivalente. O método consiste em transformar o trabalho
produzido por uma carga distribuida em um trabalho produzido por forças
concentradas desconhecidas nos nós do elemento.
Assim, o trabalho produzido por concentradas desconhecidas nos nós do
elemento é da forma:
 v1 
 
1 '
F M1' F2' '   θ1 
W= M2    (13.44)
2 1 v 2 
 θ2 

E o trabalho realizado pela carga distribuida é da forma:


L
1
W=
2 ∫ w(x).v(x) dx (13.45)
0

onde a deflexão é da forma:


 v1 
 
θ 
v(x) = [ f1(x) f2 (x) f3 (x) f4 (x)]  1  (13.46)
v 2 
 θ2 

Como o trabalho realizado em (13.44) deve ser igual ao trabalho realizado em


(13.45), tem-se que:
L 
 ∫ w(x).f1(x)dx 
0 
 F1  
'  L 
 '   ∫ w(x).f2 (x)dx 
 M1   0 
 '  = L  (13.47)
 F2   
 '   ∫ w(x).f3 (x)dx 
M2   0 
L 
 ∫ w(x).f4 (x)dx 
 0 
134 Método dos Elementos Finitos

Exemplo 13.4: Considere a viga com carregamento linearmente distribuido como


mostrado abaixo. Determine a inclinação e a deflexão no nó 1. O carregamento é do
x
tipo w(x) = − w o   e E I é constante.
L

wo

1
MB
x 2
L
R2y

Os esforços nodais devido ao carregamento são calculados da seguinte


maneira:

F1’ F2’
M1’ M2’

1 2

M2 F2
M1 F1

x x 
L 2 3
x 3w oL
F1' = ∫ − w o 1 − 3   + 2    dx = −
0
L  L  L   20

x  x2   x3 
L
w oL2
M'1 = ∫ −w o  x − 2   +  2   dx = −
0
L   L   L   30

x x x 
L 2 3
7w oL
F2' = ∫ − w o 3   − 2    dx = −
0
L   L   L   20

x   x 2   x3  
L
w oL2
M'2 = ∫ − w o − +
     dx =
0
L   L   L2   20

As condições de contorno para este caso são, v2 = 0 e θ2 = 0. Impondo o


equilíbrio em cada nó e considerando a matriz de rigidez do elemento 1-2, tem-se:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 135

 12 6 12 6 
 L2 −
L L2 L 
 F1'     v1 = ? 
 '
  6 4 −
6
2  θ = ?
 M1  E I  L L   1 
 ' 
=    
R +
 2y 2  L  − 12
F

6 12 6
−  v 2 = 0 
 '   L2 L L2 L  θ2 = 0 
MB + M2   6 
6
 2 − 4 
 L L 

Tomando somente as duas primeiras linhas do sistema acima e considerando


as condições de contorno, temos:
 3w oL  12 6
− 20  E I  2 L   v1 = ? 
= L
 2 
   
 − w oL  L  6   θ1 = ? 
4
 30   L 

A inversão o sistema fornece os graus de liberdade no nó 1:


 6   3w oL   L 
 4 −  −  3 −
L  20  w oL  30 
3
 v1  L
 =    =  
 θ1  12 E I  − 6 12   w oL2  E I  1 

 L L2   30   24 

As reações de apoio são determinadas tomando as duas últimas linhas do


sistema inicial:
 7w oL   12 6
R2y − 20  E I  − 2 − 
L  v1 
= L
 2 
   
 M + w oL  L  − 6 θ
2  1

 B 20   L 

 7w oL   12 w oL3  L  6 w oL3 1 
R2y − 20  E I − 2 − − 
 L E I  30  L E I 24 
 2 
=  
M + o  L
3 3
w L  6 w oL  − L  + 2 w oL 1 

B
20   L E I  30  E I 24 

 w oL 
R2y   2 
 =  2
 MB   − w oL 
 6 
136 Método dos Elementos Finitos

Estes resultados podem ser confirmados através das equações de equilíbrio


estático, ∑ Fy = 0 e ∑ M2 = 0 .

Exemplo 13.5: Considere a viga com carregamento distribuido como mostrado


abaixo. Determine a inclinação no nó 1 e a deflexão no nó 2. E I é constante.
y

w
1 3
2
L/2 L/2
R1y R3y

Por causa da simetria, pode-se modelar somente metade da viga através de


um único elemento, sabendo-se que no nó 2 a força cortante é nula e o momento
fletor é máximo. Para este caso, as condições de contorno são, v1 = 0 e θ2 = 0.

y
w
V
Mmax
1
2
L/2
R1y

Impondo o equilíbrio nos nós e considerando que o comprimento do elemento


1-2 é L/2, temos:
 12 6 12 6 
 (L )2 −
L (L )2 L 
 2 2 2 2 
 R1y + F1 
'  6 6 
   4 − 2   v1 = 0 
 M1'  E I
L
2
L
2   θ1 = ? 
 = L   
12 6 12 6  v 2 = ? 
2 −
'
 F2  − −
 '   (L )2 L (L )2 L   θ2 = 0 
Mmax + M2   2 2 2 2
 6 6 
 2 − 4 
 L 2 L
2 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 137

De acordo com a eq. (13.47), os esforços externos são:


L/2
  x 2   x3   wL2
M1' = ∫ −w x − 2 

+
  2 
 L / 2   (L / 2)  
dx = −
48
0

L/2   x 2  x  
3
wL
F2' = ∫ − w 3   − 2    dx = −
0   L / 2   L / 2   4

Substituindo M1 e F2 na matriz elementar e considerando os graus de


liberdade conhecidos, temos:
 6 
 wL2   4 −
−  E I  L 
48 = 2   θ1 
    
 − wL  L 2  − 6 12  v 2 

 4   L (2L)2 
 2 

A inversa do sistema acima fornece a solução do sistema:


12 3   wL2 
− 1
 θ1   L   48 
3
L L2 wL3  
 =   =−  5L 
v 2  24 E I  3 1  −
wL  24 E I 
 L   4  16 

Exemplo 13.6: Usando o método dos elementos finitos, determine as reações de


apoio na viga abaixo. Considere EI constante.

w0 =6 kN/m

MA MB
1 2 3
1,5 m 1,5 m
R1y R3y

Elemento 1-2:
F1’ F2’
M2’
M1’
1 2

M2 F2
M1 F1
138 Método dos Elementos Finitos

 12 6 12 6 
 L2 −
L L2 L 
 
 F1   6 6  v1 
M  4 − 2   
 1 E I  L L   θ1 
 =    
 F2  L  − 12 −
6 12 6
−  v 2 
M2   L2 L L2 L  θ2 
 6 6 
 2 − 4 
 L L 

x
Os esforços nodais devido ao carregamento w(x) = − w o são calculados da
L
seguinte maneira:

x x 
L 2 3
x 3w oL
F1' = ∫ − w o 1 − 3   + 2    dx = −
0
L  L  L   20

x  x 2   x3  
L
w oL2
M1' = ∫ −w o  x − 2   +  2   dx = −
0
L   L   L   30

x x
L 2 3
x 7w oL
F2' = ∫ − w o 3   − 2    dx = −
0
L   L  L  20

x   x 2   x3  
L
w oL2
M'2 = ∫ − w o − +
     dx =
0
L   L   L2   20

Elemento 2-3:
F2’ F3’
M2’ M3’

2 3

M3 F3
M2 F2

 12 6 12 6 
 L2 −
L L2 L 
 
 F2   6 6 v 2 
M  4 − 2  θ 
 2 E I L L   2
 =    
 F3  L  − 12 −
6 12 6
−  v 3 
M3   L2 L L2 L  θ3 
 6 6 
 2 − 4 
 L L 
Curso de Mecânica dos Sólidos B 139

 x
Os esforços nodais devido ao carregamento w(x) = − w o  1 −  são
 L
calculados da seguinte maneira:

 x  x 
L 2 3
x 7w oL
F2' = ∫ − w o  1 −  1 − 3   + 2    dx = −
0  L   L  L   20

 x   x 2   x3  
L
w L2
M'2 = ∫ − w o  1 −   x − 2   +  2   dx = − o
0  L    L   L   20

L
 x   x 2 x 
3
3w oL
F3' = ∫ −w o 1−  3   − 2    dx = −
0  L   L   L   20

L
 x   x 2   x3   w oL2
M'3 = ∫ − w o  1 −  − +
    2  dx =
0  L   L   L   30

Impondo o equilíbrio estático nos nós, temos:


Nó 1:
R1y + F’1 (elemento 1-2) – F1 (elemento 1-2) = 0
MA + M’1 (elemento 1-2) – M1 (elemento 1-2) = 0

Nó 2:
0 + F’2 (elemento 1-2) – F2 (elemento 1-2) + F’2 (elemento 2-3) – F2 (elem.o 2-3) = 0
0 + M’2 (elemento 1-2) – M2 (elemento 1-2) + M’2 (elemento 1-2) – M2 (elem. 1-2) = 0

Nó 3:
R2y + F’3 (elemento 2-3) – F3 (elemento 2-3) = 0
MB + M’3 (elemento 2-3) – M3 (elemento 2-3) = 0

Colocando na forma matricial e impondo as condições de contorno:


140 Método dos Elementos Finitos

v1 θ1 v2 θ2 v3 θ3
 3w 0L   12 6 12 6 
 R1y − 20   L2 − 0 0 
  L L2 L
2  
 w 0L   6 6
 MA − 30  4 − 2 0 0   v1 = 0 
 L L 
    θ = 0
− 7w 0L − 7w 0L   − 12 6 12 12 6 6 12 6   1 
 20  − + − + −
20  E I  L2 L L2 L2 L L L2 L   v 2 
 2 
=    
 θ2 
2
 w 0L − w 0L  L  6 2
6 6
− + 4+4 −
6
2 
 20 20   L L L L  v 3 = 0 
   12 6 12 6  
 R 4y − 3w 0L   0 0 − 2 − −   θ3 = 0 
 20   L L L2 L
 2   6 6 
 MB + w 0L   0 0 2 − 4 
 30   L L 

Tomando as equações 3 e 4, temos:


14w 0L E I 24 7w 0L4
− = v 2 ⇒ v 2 = −
20 L L2 240EI
E I
0= 8 θ2 ⇒ θ 2 = 0
L

Substituindo os valores encontrados nas equações 1, 2, 5 e 6, temos:

3w 0L E I  12   7w 0L4  w 0L
R1y − =  − 2  −  ⇒ R1y = = 4,5 kN
20 L  L   240EI  2
w 0L2 E I  6   7w 0L4  w 0L2
MA − = −  −  ⇒ M = 25 = 2,8125 kN.m
L  L   240EI 
A
30 120
3w 0L E I  12   7w 0L4  w 0L
R 4y − =  − 2  −  ⇒ R 4y = = 4,5 kN
20 L  L   240EI  2
w 0L2 E I  6   7 w 0L4  w 0L2
MB + =  −  ⇒ M = −25 = −2,8125 kN.m
L  L   240EI 
B
30 120

Exemplo 13.7: Achar pelo método dos elementos finitos as deflexões e inclinações
dos nós devido a força F = 6 000 kgf, para a estrutura mostrada na figura. Para o
membro AB, a área A = 320 mm2, e E = 21 000 kgf/mm2. Para o membro BC, a área
A = 2 560 mm2, EI = 2,8 x 1011 kgfmm2, e E = 21 000 kgf/mm2.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 141

R4x
4

R4y
0,9 m

1 2 3
R1x
0,6 m 0,6 m
R1y
F

Elemento 1-2 (como viga):


M2, θ2
M1, θ1

F2, v2
F1, v1

 12 6 12 6   12 6 12 6 
 L2 − −
L L2 L   L2 L L2 L 
   
 F1   6 6  v1   6 6  v1 
M  4 − 2  θ  4 − 2   
 1 E I  L L   1  L L   θ1 
 =     = C1    
 F2  L  − 12 −
6 12 6
−  v 2   − 12 −
6 12 6
−  v 2 
M2   L2 L L2 L  θ2   L2 L L2 L  θ2 
 6 6   6 6 
 2 − 4   2 − 4 
 L L   L L 

Elemento 1-2 (como barra):

P1x, u1 P2x, u2

P2y, v2
P1y, v1

 P1x  1 0 −1 0  u1  1 0 −1 0  u1 
P   v   
 1y  E A  0 0 0 0   1
0
 0 0 0   v1 
  =   = C 2  
P2x  L  −1 0 1 0 u
 2  −1 0 1 0 u2 
P2y     v 2     v 2 
  0 0 0 0 0 0 0 0

Elemento 2-3 (como viga):


142 Método dos Elementos Finitos

M3, θ3
M2, θ2

F3, v3
F2, v2

 12 6 12 6   12 6 12 6 
 L2 − −
L L2 L   L2 L L2 L 
   
 F2   6 6 v 2   6 6 v 2 
M  4 − 2  θ  4 − 2  θ 
 2 E I  L L   2  L L   2
 =     = C1    
 F3  L  − 12 −
6 12

6 v 3   − 12 −
6 12

6 v 3 
M3   L2 L L2 L  θ3   L2 L L2 L  θ3 
 6 6   6 6 
 2 − 4   2 − 4 
 L L   L L 

Elemento 2-3 (como barra):

P2x, u2 P3x, u3

P3y, v3
P2y, v2

P2x  1 0 −1 0 u2  1 0 −1 0 u2 


P   v   
 2y  E A  0 0 0 0   2
0 0 0 0  v 2 
 =   = C2   
P3x  L  −1 0 1 0 u3   −1 0 1 0 u3 
P3y     v 3     v 3 
  0 0 0 0 0 0 0 0

4 3
Elemento 3-4: cos φ = − , sen φ =
5 5
P4x, u4

P4y, v4

P3x, u3

P3y, v3
Curso de Mecânica dos Sólidos B 143

P3x   16 12 −16 −12  u3   16 12 −16 −12 u3 


P   
 12
 3y  E A 1  9 
−12 −9   v 3   12
 9 −12 −9   v 3 
 =   = C3  
P4x  L 25  −16 −12 16 12  u4   −16 −12 16 12  u4 
P4y     
   −12 −9 12 9  v 4   −12 −9 12 9  v 4 

Impondo o equilíbrio estático nos nós:


Nó 1:
R1x – P1x (elemento 1-2) = 0
R1y – P1y (elemento 1-2) – F1 (elemento 1-2) = 0
0 – M1 (elemento 1-2) = 0

Nó 2:
0 – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0
– F – P2y (elemento 1-2) – F2 (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) – F2 (elem. 2-3) = 0
0 – M2 (elemento 1-2) – M2 (elemento 2-3) = 0

Nó 3:
0 – P3x (elemento 2-3) – P3x (elemento 3-4) = 0
0 – P3y (elemento 2-3) – F3 (elemento 2-3) – P3y (elemento 3-4) = 0
0 – M3 (elemento 2-3) = 0

Nó 4:
R4x – P4x (elemento 3-4) = 0
R4y – P4y (elemento 3-4) = 0

Colocando as equações na forma matricial, temos:


144 Método dos Elementos Finitos

u1 v1 θ1 u2 v2 θ2 u3 v3 θ3 u4 v4
 C2 0 0 −C2 0 0 0 0 0 0 0 
 
 0 12 6 12 6
C1 C1 0 − C1 C1 0 0 0 0 0 
 L2 L L2 L 
 R1x     u1 = 0 
   0 6 6 
C1 4C1 0 − C1 2C1 0 0 0 0 0  
 R1y   L L   v1 = 0 
 0     θ1 
   −C2 0 0 C2 + C2 0 0 −C2 0 0 0 0 
 
 0   12 6 12 12 6 6 12 6   u2 
   0 − C1 − C1 0 C1 + C1 − C1 + C1 0 − C1 C1 0 0   v 
 −F   L2 L L2 L2 L L L2 L   2 
 
 0 = 6 6 6 6   θ2 
 0   0 L
C1 2C1 0 − C1 + C1
L L
4C1 + 4C1 0 − C1
L
2C1 0 0   u 
     3 
 0   0 0 0 −C2 0 0 C2 + 16C3 12C3 0 −16C3 12C3   v3 
   12 6 12 6
  
 0   0 0 0 0 − C1 − C1 12C3 C1 + 9C3 − C1 −12C3 −9C3   θ3 
R4x   L2 L L2 L u 4 = 0 
     
R4y   0 0 0 0
6
C1 2C1 0
6
− C1 4C1 0 0 
 v 4 = 0 
 L L
 
 0 0 0 0 0 0 −16C3 −12C3 0 16C3 12C3 
 0 −12C3 −9C3 9C3 
 0 0 0 0 0 0 12C3

Tomando as equações 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, e considerando as condições de


contorno u1 = v1 = u4 = v4 = 0, temos:
θ1 u2 v2 θ2 u3 v3 θ3
 6 
 4C1 0 − C1 2C1 0 0 0
L
 
 0   0 2C2 0 0 −C2 0 0   θ1 
 0   6 24 12 6  u 
   − C1 0 C1 0 0 − 2 C1 C1   2
−6000   L L2 L L  v 2 
   6   
 0  =  2C1 0 0 8C1 0 − C1 2C1   θ2 
 0   L  u 
   0 −C2 0 0 (C2 + 16C3 ) 12C3 0   3
 0    v 3 
   12 6 12 6  
 0   0 0 − 2 C1 − C1 12C3 ( 2 C1 + 9C3 ) − C1 
L L L L   θ3 
 6 6 
 0 0 C1 2C1 0 − C1 4C1 
 L L 

Considerando que C1 = 4,67 105 kgf.m, C2 = 8,96 107 kgf/m e C3 = 4,48 106
kgf/m e L = 0,6 m, os deslocamentos nodais são:
 θ1  −3,57e − 3 rad
   
u2   −4,46e − 5 m 
v 2   −1,76e − 3 m 
   
 θ2  =  −1,65e − 3 rad 
u   −8,93e − 5 m 
 3  
v 3   −1,98e − 3 m 
   
 θ3   2,78e − 4 rad 

Substituindo os deslocamentos nodais nas equações 1, 2, 10 e 11, obtêm-se


as reações nos apoios:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 145

R1x = −C2 u2 = 3996,16 kgf


6 12 6
R1y = C1 θ1 − 2 C1 v 2 + C1 θ2 = 3019,9 kgf
L L L
R 4x = −16C3 u3 + 12C3 v 3 = 4001,8 kgf

R 4y = 12C3 u3 − 9C3 v 3 = 3001,3 kgf


Flambagem de Colunas 146

14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS

14.1 – Introdução

O projeto de elementos estruturais e de máquimas é baseado em três


características: resistência, rigidez e estabilidade. No estudo da flambagem de
colunas, onde se analisa a possibilidade de instabilidade dos sistemas estruturais,
deve-se obter parâmetros críticos adicionais que determinam se uma dada
configuração ou deformação em um dado sistema é permitido.
Para o estudo da flambagem de vigas, utilizar-se-a barras delgadas,
denominadas colunas, com carregamento axial, submetidas simultameamente à
flexão. O problema consiste portanto em determinar as magnitudes das cargas
axiais críticas nas quais ocorre flambagem e as correspondentes formas das colunas
flambadas.

14.2 – Carga crítica

A máxima carga que uma coluna pode suportar é chamada carga crítica Pcr.
Qualquer carga acima de Pcr pode causar a ruptura da estrutura ou do mecanismo.

Pc P > Pcr

Pc
P > Pcr

Figura 14.1 – Colunas submetida à cargas de compressão

De maneira a entender a natureza da instabilidade, considere um mecanismo


com duas barras rígidas sem peso e articuladas em suas extremidades. Quando as
Curso de Mecânica dos Sólidos B 147

barras estão na posição vertical, a mola de rigidez k está distentida.


P
P

L/2
θ L/2
k ∆=θ (L/2)
A k

A
L/2 θ L/2

Figura 14.2 – Exemplo de instabilidade

Diagrama de corpo livre das barras:

P tanθ

P
θ

F=k∆ x

θ P

P tanθ

Considerando θ pequeno, tem-se: ∆ = θ (L/2) e tan θ ≈ θ. Enquanto as


componentes de P na direção x, P tan θ, tendem a causar uma instabilidade, a
força F = k ∆ tenta restaurar o equilíbrio. Assim, o equilíbrio será restabelecido
quando:
L
k θ >2 P θ (14.1)
2
Desta forma, a situação de equilíbrio estável ocorrerá quando:
Flambagem de Colunas 148

k L
P< (14.2)
4

Por outro lado, a situação de equilíbrio instável ocorrerá quando:


k L
P> (14.3)
4

O valor intermediário entre as duas situações corresponde a carga crítica:


k L
Pcr = (14.4)
4

14.3 – Equações diferenciais para colunas

Para a obtenção das diversas relações diferenciais entre as variáveis do


problema da flambagem de colunas, considere um elemento isolado de uma coluna
mostrada na sua posição defletida. Para isto, considere as seguintes aproximações:
dv
= tan θ ≈ sen θ ≈ θ , cos θ ≈ 1 e ds ≈ dx
dx
+w

P P

dx
dv/ds
ds
y, v +w

V+∆V
dv M P dv/ds
A M+∆M
P
V
v
x
dx

dv/ds

Figura 14.3 – Esforços internos sobre um elemento de viga infinitesimal


Curso de Mecânica dos Sólidos B 149

As equações de equilíbrio aplicadas sobre o elemento, fornecem duas


equações diferenciais:
↑ ∑ Fy = 0 , w dx − V + (V + dV) = 0

dV
= −w (14.5)
dx
dx
∑ MA = 0 , M − P dv − V dx + w dx
2
−(M + dM) = 0

dM dv
V=− −P (14.6)
dx dx

Na segunda equação diferencial, os termos de ordem infinitesimais de ordem


superior são desprezados. Da teoria de flexão de vigas, sabe-se que para a
curvatura, tem-se a seguinte relação:
d2 v M
2
= (14.7)
dx E I

Fazendo uso da eq. (14.7) na eq. (14.6) e substituindo esta última na eq.
(14.5), temos:
d4 v 2
2 d v w
4
+ λ 2
= (14.8)
dx dx E I

com:
P
λ2 = (14.9)
E I

Neste caso, por simplicidade, E I é considerado constante. Se a carga axial P


for nula, as equações diferenciais acima revertem para o caso de vigas com
carregamento transversal.
A solução da equação diferencial para colunas é do tipo:
v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3 (14.10)

As constantes C1, C2 e C3 são obtidas aplicando as condições de contorno do


problema.
Flambagem de Colunas 150

Exemplo 14.1: Uma barra fina, de EI constante, é submetida à ação simultânea de


momentos Mo nas extremidades, e de uma força axial P, como mostrado abaixo.
Determinar a máxima deflexão e o maior momento fletor.

Mo Mo
P P

A solução completa é da forma da eq. (14.10) e as condições de contorno do


problema são do tipo:
d2 v
P / x = 0 ⇒ v(0) = 0 e M(0) = E I 2 (0) = −M0
dx
d2 v
P / x = L ⇒ v(L) = 0 e M(L) = E I 2 (L) = −M0
dx

Para x = 0,
v(0) = C2 + C3 = 0
d2 v Mo
M(0) = E I 2
(0) = −C2EIλ 2 = −M0 ⇒ C2 = −C3 =
dx P
Para x = L,
Mo 1 − cos λL
v(L) = C1 sen λ L + C2 cos λ L + C3 = 0 ⇒ C1 = ( )
P sen λL
verificação:

d2 v
M(L) = E I (L) = −C1 E I λ 2 sen λ L - C2 E I λ 2 cos λ L
dx 2
Mo 1 − cos λL P M P
M(L) = − ( )E I sen λL − o E I cos λL = −Mo (OK)
P sen λL E I P E I

Portanto, a equação da curva elástica é:


Mo 1 − cos λL
v(x) = ( sen λx + cos λx − 1)
P sen λL

A máxima deflexão ocorre em x = L/2 que é obtida fazendo-se:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 151

dv Mo 1 − cos λL
= ( cos λx − sen λx) = 0
dx P sen λL

Sabemos que:
λL λL
sen λL = 2 sen cos
2 2
λL λL
cos λL = cos2 − sen2
2 2
λL λL
1 = cos2 + sen2
2 2

Logo:
Mo sen2 λ(L / 2) L M λL
v max = ( + cos λ − 1) = o (sec − 1)
P cos λ(L / 2) 2 P 2

O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é:

M P
P v

Mo

∑M = 0 , Mo + P.v + M = 0 , M = |- Mo - P.v |

Mmax = |- Mo - P.vmax | = Mo secλL/2

Observa-se que o momento é multiplicado por secλL/2, um número maior que


1, quando uma força de compressão axial é aplicada. Porém o momento é reduzido
quando uma força de tração é aplicada. A mesma observação pode ser feita com
relação a deflexão.

14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas

Considere uma coluna ideal; perfeitamente reta antes do carregamento, feita


de material homogêneo e sobre a qual a carga é aplicada no centróide da seção
transversal, articulada nas suas extremidades.
Flambagem de Colunas 152

P P

y, v
x

L M
v P

Figura 14.4 – Coluna bi-articulada submetida à carga de compressão

Da equação de equilíbrio estático do trecho superior da coluna, tem-se:

∑M = 0 , P.v + M = 0

M = - P.v (14.11)

Substituindo a equação de momento fletor na equação diferencial da curva


elástica, temos:
d2 v M P v
2
= =−
dx E I E I
ou (14.12)
2
dv
2
+ λ2v = 0
dx

A solução da equação diferencial, eq. (14.12) é da forma dada pela eq.


(14.10), onde as constantes C1, C2 e C3 são determinadas pela imposição das
condições de contorno:
d2 v
P / x = 0 ⇒ v(0) = 0 e M(0) = E I 2 (0) = 0
dx
(14.13)
d2 v
P / x = L ⇒ v(L) = 0 e M(L) = E I 2 (L) = 0
dx
Para x = 0:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 153

v(0) = C1 sen 0 + C2 cos 0 + C3 = 0 ⇒ C2 + C3 = 0 (14.14)

d2 v
M(0) = E I 2
(0) = - C1 λ 2 sen λ 0 - C2 λ 2 cos λ 0 = 0 ⇒ C2 = - C3 = 0 (14.15)
dx

Para x = L:
v(L) = C1 sen λ L = 0 (14.16)

Como a solução trivial C1 = 0 não nos interessa, pela inexistência de


flambagem, a solução não-trivial procurada vem de:
sen λ L = 0 ⇒ λL=nπ (14.17)

Substitundo o valor de λ na eq. (14.17), elevando ao quadrado e isolando a


carga Pn:

n2 π2E I
Pn = (14.18)
L2

Como a carga crítica procurada é o menor valor na qual a coluna flamba, n =


1. Assim, a carga crítica para uma coluna biapoiada tem a expressão, denominada
carga de flambagem de Euler:

π2E I
Pcr = (14.19)
L2

Substituindo a relação λ L = n π na expressão de deflexão tem-se o modo


com que a coluna irá deformar, ou a forma flambada da coluna:
n π
v(x) = C1 sen x (14.20)
L

Os modos ou formas em que a columa irá flambar depende de n, como é visto


na Fig. 14.5:
Flambagem de Colunas 154

n=1 n=2 n=3

Figura 14.5 – Modos de flambagem de uma coluna bi-articulada

Os modos onde n > 1 não tem significado físico, porque a carga crítica ocorre
para n = 1. Uma solução alternativa deste problema pode ser obtida pelo uso da
equação diferencial de quarta ordem para colunas, com carregamento transversal
nulo.

d4 v 2
2 d v
+λ =0 (14.21)
dx 4 dx 2

A solução da equação diferencial, eq. (14.21) e as condições de contorno do


problema são como apresentados pelas eqs. (14.10) e (14.13). Este método é
vantajoso nos problemas de colunas com diferentes condições de contorno, onde a
força axial e EI permanecem constantes ao longo do comprimento da coluna. O
método não pode ser aplicado se a força axial atua em parte do membro.

14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas extremidades

As cargas críticas e os modos de flambagem podem ser determinados para


diferentes condições de contorno.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 155

14.5.1 – Coluna engastada-livre

P P
δ

y, v
x

L v M
P

x
Figura 14.6 – Coluna engastada-livre submetida à carga de compressão

∑M = 0 , - P.( δ - v) + M = 0

M = P.(δ - v) (14.22)

Substituindo a eq. (14.22) na equação elástica da coluna, eq. (14.7), temos:


d2 v M P (δ − v)
2
= =
dx E I E I
ou
d2 v P P
2
+ v= δ (14.23)
dx E I E I
ou
d2 v
2
+ λ2v = λ2 δ
dx

A solução do problema é da forma dada pela eq. (14.10) e as condições de


contorno são do tipo:
d2 v
P / x = 0 ⇒ v(0) = δ e M(0) = E I (0) = 0
dx 2
(14.24)
d2 v dv
P / x = L ⇒ v(L) = 0 , M(L) = E I 2 (L) = P δ e (L) = 0
dx dx
Flambagem de Colunas 156

Para x = 0:
v(0) = C2+ C3 = δ (14.25)

d2 v
M(0) = E I 2
(0) = - C1 λ 2 sen λ.0 - C2 λ 2 cos λ.0 = 0 ⇒ C2 = 0 ⇒ C3 = δ (14.26)
dx
Para x = L:
δ
v(L) = C1 sen λ L + δ = 0 ⇒ C1 = − (14.27)
sen λ L

verificação:

d2 v
M(L) = E I 2 (L) = - E I C1 λ 2 sen λ.L (14.28)
dx

Substituindo a eq. (14.27) na eq. (14.28):


 δ  P 
M(L) = −E I  −   sen λ L = P δ (OK) (14.29)
 sen λ L   E I 

dv
(L) = C1 λ cos λL − C2λ sen λL = 0 (14.30)
dx

Como C2 = 0:
C1 λ cos λ L = 0 (14.31)

Como C1 ≠ 0 e λ ≠ 0:
n π
cos λ L = 0 ⇒ λ L = (14.32)
2

Substituindo o valor de λ, elevando ao quadrado e isolando a carga P:

n2 π2E I
P= (14.33)
4 L2

Como procura-se a menor carga crítica, n = 1. Logo a carga crítica para uma
coluna engastada-livre é:
Curso de Mecânica dos Sólidos B 157

π2E I π2E I
Pcr = = (14.34)
( 2 L )2 Le
2

com o comprimento efetivo Le = 2 L ( comprimento efetivo corresponde à distância


entre dois pontos de momento nulo).

14.5.2 – Coluna engastada-apoiada

P P

y, v

Le=0,7L
L

Ponto de inflexão

x
Figura 14.7 – Coluna engastada-apoiada submetida à carga de compressão

π2E I π2E I
Pcr = = (14.35)
( 0,7 L ) 2
Le
2

com o comprimento efetivo Le = 0,7 L.

14.5.3 – Coluna engastada-engastada

π2E I π2E I
Pcr = = (14.36)
( 0,5 L ) 2
Le
2

com o comprimento efetivo Le = 0,5 L


Flambagem de Colunas 158

P P

y, v

Ponto de inflexão
L Le=0,5L
Ponto de inflexão

x
Figura 14.8 – Coluna bi-engastada submetida à carga de compressão

Exemplo 14.2: Uma coluna de alumínio está engastada em uma extremidade e


amarrada por um cabo na outra como mostrado abaixo, de maneira a impedir o
deslocamento na direção x. Determine a maior carga possível P que pode ser
aplicada na coluna sabendo-se que: Eal = 70 GPa, σesc = 215 Mpa, A = 7,5 .10-3 m2,
Ix = 61,3.10-6 m4, Iy = 23,2.10-6 m4-. Use um fator de segurança F.S. = 3.

5m

Flambagem no plaxo x-z:


Curso de Mecânica dos Sólidos B 159

x π2E Iy
Pcr =
( 0.7 L )2

Le = 0,7.5 = 3,5 m
π2 70.109 23,2.10−6
Pcr =
( 3,5 )2

Pcr = 1310 kN

Flambagem no plaxo y-z:


z
y
π2E Ix
Pcr =
( 2 L )2

L= 5 m π2 70.109 61,3.10−6
Pcr =
(10 )2

Pcr = 424 kN

Portanto, a coluna irá flambar primeiro com relação ao eixo x. A carga


permissível é:
Pcr 424
Pperm = = = 141 kN
3 3

A tensão devido a carga crítica é:


Pcr 424
σcr = = = 56,5 MPa < 215 MPa
A 7,5.10−3

Exemplo 14.3: Determine a máxima carga P que a estrutura pode suportar sem
flambar o membro AB. Assumir que o membro AB é feito de aço e está articulado
nas suas extremidades para o eixo de flambagem y e engastado em B para o eixo
de flambagem x. Tome Eaço = 200 GPa e σadm = 360 MPa.
Flambagem de Colunas 160

3m
A P
y

θ 50 mm
4m x
50 mm
6m
50 mm
z
C

B x
4 3
cos θ = , sen θ =
5 5
(4/5)RAC
P

RA

6m

y x
B

3 5
∑ MB = 0 , R AC . .6 − P.6 = 0 ,
5
R AC =
3
P

Flambagem no plano xz (biarticulada):


 100.503 
π2 200.103  
π2E Iy  12 
Pcr y = , Pcr y = , Pcr y = 57,1 kN
( )
2
L2e 6.10 3

4 45
R AC = Pcr y , P = 57,1 kN , P = 42,8 kN
5 53
P 42,8
σ= = , σ = 8,56 Mpa < σadm
A 100.50

Flambagem no plano yz (engastada-livre):


Curso de Mecânica dos Sólidos B 161

 50.1003 
π2 200.103  
π2E Ix  12 
Pcr x = , Pcr x = , Pcr x = 57,1 kN
( )
2
L2e 2 . 6.10 3

4 45
R AC = Pcr x , P = 57,1 kN , P = 42,8 kN
5 53
P 42,8
σ= = , σ = 8,56 Mpa < σadm
A 100.50

Exemplo 14.4: Determine se a estrutura abaixo pode suportar a carga de w = 6


kN/m, considerando um fator de segurança com relação a flambagem do membro
AB de 3. Assumir que o membro AB é de aço e é articulado nas suas extremidades
com relação ao eixo de flambagem x e engastado-libre com relação ao eixo de
flambagem y. Eaço = 200 GPa e σadm = 360 Mpa.
w = 6 kN/m

C B
1,5 m 0,5 m

2m
30 mm
z
y A
20 mm y
x

Diagrama de corpo livre da viga BC:

w = 6 kN/m 12 kN

RCx

C B RAB
RCy 1,5 m 0,5 m

∑ MC = 0 , RAB . 1,5 – 12 . 1 = 0, RAB = 8 kN


Flambagem de Colunas 162

Flambagem no plano yz (biarticulada):


 20.303 
π2 200.103  
π2E Ix  12 
Pcr x = , Pcr x = , Pcr x = 22,2 kN
( )
2
L2e 2.103

Pcr x 22,2
R AB = 8 kN > = = 7,4 kN
3 3

Flambagem no plano xz (engastada-livre):


 30.203 
π2 200.103  
π2E Iy  12 
Pcr y = , Pcr y = , Pcr y = 2,5 kN
( )
2
L2e 2 . 2.103

Pcr y 2,5
R AB = 8 kN > = = 0,8 kN
3 3

Conclusão: A coluna AB não suportará a carga de 6 kN/m pois flambará nos dois
planos de flambagem.

14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica

Nas deduções das fórmulas de flambagem de colunas, admite-se que o


material tem comportamento elástico. Para ressaltar a limitação deste fato, as
fórmulas podem ser escritas de maneira diferente. Introduzindo a definição de raio
de giração1, I = A r2, na fórmula de flambagem, temos:
π2E A r2
Pcr = 2
(14.37)
Le

A tensão crítica para coluna é definida como a tensão média na área da


seção transversal A de uma coluna com carga crítica Pcr.

1
O raio de giração de uma área pode ser considerado como a distância do eixo no
qual toda área pode ser concentrada e ainda ter o mesmo momento de inércia que a
área original.
Curso de Mecânica dos Sólidos B 163

Pcr π2E
σcr = = (14.38)
A  L e 2
 r 
 

A relação (Le/r), comprimento efetivo da coluna e o menor raio de giração é


definida como índice de esbeltez. A tensão crítica σcr deve ser o limite superior de
tensão, a partir da qual a coluna flamba plásticamente.

Exemplo 14.5: Achar o menor comprimento Le, para uma coluna de aço
simplesmente apoiada na extremidade, com seção transversal de 50mm x 75 mm,
para a qual a fórmula elástica de Euler se aplica. Considerar E = 21 000 kgf/mm2 e
admitir que o limite de proporcionalidade seja 25 kgf/mm2.
75 . 502
Imin = = 781250 mm4
12
Imin 781250
r= = = 14,434 mm
A 50 . 75

π2E π2 21000
σcr = 2
, 25 = 2
, Le = L = 1314 mm
 Le   Le 
 r   14,434 
   

Conclusão: Para um comprimento menor que 1314 mm a coluna flambará


plásticamente.

14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler

Um diagrama de tensão-deformação na compressão, para um espécime


impedido de flambar, pode ser representado pela Fig. 14.9.
Flambagem de Colunas 164

Et
σ σcr Hipérbole de
Et
Euler

C R Limite de
B proporcionalidade

A S

E intermediária
T
curta colunas
ε L/r
0 0
flambagem
elástica
flambagem praticamente
elástica sem flambagem

Figura 14.9 – Diagrama tensão-deformação / Diagrama tensão-índice de esbeltez

Resumo:
região ST (colunas longas): infinito número de colunas ideais de diferentes
comprimento que flambam elásticamente.
ponto S: menor coluna de um dado material e tamanho que flambará elásticamente.
Ponto A do diagrama tensão-deformação.
região RS (intermediária): A rigidez do material é dada instantâneamente pela
tangente à curva tensão-deformação, Et. A fórmula generalizada de Euler para
carga de flambagem fica:
π2Et
σcr = 2
 Le 
 r 
 
região R (colunas curtas): Região onde praticamente não há flambagem.

Comparação entre colunas biapoiadas e engastadas nas extremidades.


Curso de Mecânica dos Sólidos B 165

Tensão de
σ σcr Hipérboles
escoamento
de Euler

Limite de
proporcionalidade

A
colunas com
colunas com extremidades
extremidades fixas
com pinos
ε Le/r
0 0 (Le/r)1

Figura 14.10 – Diagrama tensão-índice de esbeltez para diferentes colunas

Conclusão: Para índices de esbeltez menores que (Le/r)1, a relação de 4 para 1 em


termos de capacidade de carga vai decrescendo até o momento em que para um
“bloco curto” não há diferença se ele está articulado ou engastado, sendo a
resistência, e não mais a flambagem, que determinará o comportamento da coluna.

14.8 – Colunas com carregamento excêntrico

A fórmula de Euler é obtida assumindo que a carga P é aplicada no centróide


da seção transversal da coluna e que a coluna é reta. Normalmente estas
considerações são irrealistas, pois as colunas nem sempre são retas e a posição de
aplicação da carga nem sempre é conhecida com exatidão.
Para estudar este efeito, considera-se uma coluna com um carregamento
excêntrico como mostrado abaixo.
Flambagem de Colunas 166

P e Mo= P e P P
Mo= P e

y, v
x x
v

v M
vmax L L

P P
x

∑M = 0 , P.v + P.e + M = 0

M = - P.(e + v) (14.39)

Substituindo a eq. (14.39) na eq. (14.7), tem-se:


d2 v M P(e + v)
2
= =−
dx E I E I
ou (14.40)
2
dv P P
2
+ v=− e
dx E I E I

Esta equação diferencial é similar ao caso de uma coluna biapoiada, tendo


uma solução a eq. (14.10) e condições de contorno do tipo:
d2 v
P / x = 0 ⇒ v(0) = δ e M(0) = E I (0) = −P e
dx 2 (14.41)
P / x = L ⇒ v(L) = 0

Para x = 0:
v(0) = C2 + C3 = 0 (14.42)

d2 v
M(0) = E I 2
(0) = E I (- C2 λ 2 ) = - P e
dx

P
Como λ 2 = :
E I
Curso de Mecânica dos Sólidos B 167

C2 = e , C3 = - e (14.43)

Para x = L
e (1 − cos λL)
v(L) = C1 sen λL + e cos λL – e = 0 ⇒ C1 = (14.44)
sen λL

A curva de deflexão é portanto escrita da forma:


e (1 − cos λL)
v(x) = sen λx + e cos λx − e (14.45)
sen λL

A máxima deflexão ocorre em x = L/2, logo:


λL
v max = e (sec − 1) (14.46)
2

O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é:


λL λL
Mmax = | P.(e + v max ) | = P e sec = Mo sec | (14.47)
2 2

A máxima tensão que ocorre no lado côncavo da coluna a meia altura da


coluna é:
P M c
σ max = + (14.48)
A I

P
Como λ 2 = e I = A r2:
E I

P e c λL  P  e c L P 
σ max =  1 + 2 sec  =  1 + 2 sec  (14.49)
A r 2  A r r 4 E A 

A eq. (14.49) é frequentemente denominada fórmula da secante para colunas


e é válida somente se a máxima tensão permanecer dentro da região elástica. A Fig.
14.10 descreve a evolução da tensão em função do índice de esbeltez para colunas
em aço (σesc=24 kgf/mm2, E = 20.103 kgf/mm2). Como verifica-se que a relação
tensão-carga é não linear, a superposição de efeitos devido à diferentes cargas não
pode ser feita.
Flambagem de Colunas 168

ec/r2

hipérbole
de Euler

Figura 14.11 – Diagrama tensão-índice de esbeltez para o aço

14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas

De maneira a compensar o fato de as colunas não serem perfeitamente retas,


o material não ser totalmente homogêneo e a posição das cargas não ser
perfeitamente conhecida, é necessário compensar estes efeitos através de fórmulas
empíricas testadas experimentalmente, como mostra a Fig. 14.12.

σe hipérbole
de Euler

KL/r
colunas curtas colunas intermediárias colunas longas

Figura 14.12 – Resultados experimentais de colunas com carga concêntrica


Curso de Mecânica dos Sólidos B 169

Estas fórmulas empíricas são utilizadas no projeto de colunas de aço,


alumínio e madeira.

Fórmulas para colunas de aço:


Para colunas longas, a fórmula de Euler pode ser utilizada.

π2E
σmax = 2
(14.50)
 Le 
 r 
 

A aplicação desta fórmula exige que um fator de segurança de 1.92 seja


aplicado.

π2E
σadm = 2
(14.51)
1,92  e 
L
 r 

Esta equação pode ser aplicada na faixa de esbeltez de:


 Le  ≤ Le ≤ 200 (14.52)
 r  r
 c

A relação (Le/r)c é obtida quando da utilização da fórmula de Euler até que a


tensão atingida seja a metade da tensão de escoamento σesc/2. Consequentemente,
se a tensão na fórmula de Euler for superior que este valor, ela não pode ser
aplicada.
σesc π2E
= (14.53)
2  Le  2
 r 
 c

O que dá o índice de esbeltez no limite da utilização da fórmula de Euler:

 Le  = 2π2E
 r  (14.54)
 c σesc

Colunas com um índice de esbeltez menor que (Le/r)c são projetas com base
numa fórmula empírica que é parabólica e tem a forma:
Flambagem de Colunas 170

 (L e / r)2 
 1 − 2
 (L e / r)c 
σadm = σesc (14.55)
F.S.

O fator de segurança é, para este caso, definido como:

5 3 ( L e / r ) 1 (L e / r )
3
F.S. = + − (14.56)
3 8 ( L e / r )c 8 ( L e / r ) 3
c

Fórmulas para colunas de alumínio:


Para colunas longas a tensão admissível é de:
71700
σadm = 2
(kgf / mm2 ) (14.57)
F.S.  e 
L
 r 

Para colunas intermediárias e curtas, baixo valor de (Le/r), usa-se a seguinte


expressão de tensão admissível (para liga 2024-T4, ALCOA):

1   Le  
2
2
σadm =  31,5 − 0,22  r   (kgf / mm ) para (0 ≤ (Le/r) ≤ 64) (14.58)
F.S.    

Fórmulas para colunas de madeira:


Para colunas maciças de madeira com extremidades articuladas ou
engastadas e carga paralela as fibras, a tensão admissível é:

π2 E 3,619 E
σadm = = (14.59)
( r) ( r)
2 2
2,727 L L

Para colunas de seção transversal quadrada ou retangular, a equação


anterior fica:
0,30 E
σadm = (14.60)
( d)
2
L

Onde d é a menor dimensão lateral de um membro.

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