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METODOLOGIAS DE ANÁLISE

BIOCLIMÁTICA DO ESPAÇO URBANO

Profa. Virginia Maria Dantas de Araújo


INTRODUÇÃO
ESPAÇO BIOCLIMÁTICO
q O espaço que se integra na busca por respostas
adequadas a integração do ser humano no meio
ambiente
q Produção dos espaços inspirados pela natureza, os
quais têm uma clara estratégia de minimizar a
degradação ambiental promovendo um senso de bem-
estar
q O urbano pensado com o clima do lugar, o sol, o vento,
a vegetação e a topografia, com um desenho que
permite tirar proveito das condições naturais do lugar,
estabelecendo condições adequadas de conforto
dentro do espaço físico em que se desenvolve.
INTRODUÇÃO
MÉTODOS DE ANÁLISE BIOCLIMÁTICA URBANA
q  Metodologia de KATZSCHNER (1997)
q  Metodologia de OLIVEIRA (1985)
q  Metodologia de BUSTOS ROMERO (2001)

Mapas Atributos da Forma Urbana Espaço Público


KATZSCHNER
O AUTOR
q O prof. Lutz Katzchner é meteorologista
q É professor de climatologia básica, clima urbano, poluição
atmosférica, da Universidade de Kassel, Alemanha
q Coordenou diferentes projetos relativos a clima urbano em conexão
com o planejamento da cidade: em Kassel, Erfurt, Frankfurt,
Wiesbaden, Land Hessen
q Foi consultor sobre aspectos de planejamento urbano em Kassel,
Frankfurt, Erfurt, Bad Hersfeld, Bad Wildungen and the federal-
country of Hessen
q Atualmente trabalha num projeto europeu sobre condições de
conforto térmico em espaços externos
q Consultor Ad Doc em projetos do Labcon/UFRN
KATZSCHNER
ASPECTOS GERAIS
" Estudos de clima urbano como ferramenta para arquitetura
e planejamento urbano
" Aspectos principais a serem considerados no planejamento
Complexo de Poluição do Ar
Complexo do Conforto Térmico
" Métodos de investigação buscam derivar classificações
espaciais de zonas climaticamente caracterizadas, as quais
conduzem a propostas de planejamento específicas
" Método que combina o planejamento e o clima urbano
KATZSCHNER
ASPECTOS GERAIS
q Método introduzido para avaliar as condições de clima
urbano através de uma descrição qualitativa e um sistema
de classificação baseado nos padrões térmicos e
dinâmicos de clima urbano
q É importante ter uma descrição do clima urbano em uma
variação espacial
q Todos os dados meteorológicos devem ser orientados para
uma classificação qualitativa de áreas concretas
KATZSCHNER
ASPECTOS GERAIS
q Os critérios foram desenvolvidos para poluição do ar, através
de uma descrição da possível troca de massas de ar; e para
o aspecto térmico, foi descrito o padrão da ilha de calor
q Os critérios para situação de ventilação são:
correntes de ar para uma troca de massas de ar
a dimensão da produção de ar frio e movimento de descida das massas de ar
sistemas locais de circulação
q Os critérios para a ilha de calor são:
o padrão da ilha de calor (padrão de temperatura do ar), como critério para
tensão frio e quente
a variedade climática urbana em uma faixa de 150m
a variação diária da temperatura do ar
KATZSCHNER
ASPECTOS GERAIS
q Esta descrição qualitativa dos atributos do clima urbano requer que
sejam traduzidos os dados meteorológicos em critérios de
planejamento e combiná-los também com os objetivos do planejamento
q Os objetivos podem ser para melhorar os sistemas de circulação local
dentro da camada de cobertura urbana, tentar aumentar a ventilação
para melhoria da qualidade do ar ou diminuir a ilha de calor urbana e
reduzir a radiação de ondas longas para um melhoramento das
condições térmicas
q Para qualquer sistema de classificação é importante ter um estudo
combinado dos dados meteorológicos em uma área, com os dados
humano-biometeorológicos, definido como um valor complexo
CONEXÃO ENTRE OS ASPECTOS DE PLANEJAMENTO E CLIMA URBANO
Metas de Ferramentas climáticas urbanas Escalas de
planejamento planejamento

redução da poluição análise do padrão de circulação local, planejamento de


do ar análise das correntes de ar e zonas desenvolvimento
de ventilação, localização das zonas urbano 1:25.000 a
de produção de ar frio, localização 1:10.000
dos efeitos de barreiras causados por
prédios ou usinas

desenvolvimento da análise da diversidade do clima planejamento de


vida urbana urbano, localização das áreas com espaços livres 1:2.000 a
tensão fria e quente, extremos 1:500
climáticos

melhorias na criação de condições bioclimáticas planejamento de


qualidade de vida no moderadas com poluição do ar espaços livres 1:2.000 a
entorno das reduzida; análise das condições 1:500
edificações microclimáticas, dependendo do uso
de espaços livres nas quadras;
redução da ilha calor urbana
KATZSCHNER
METODOLOGIA
q Para alcançar as metas propostas, deve ser
desenvolvido um método de análise do clima urbano,
para descrever as características climáticas urbanas
em uma distribuição espacial e colocá-las num certo
sistema de classificação

Roteiro de trabalho para investigações de clima urbano


KATZSCHNER
METODOLOGIA
q A base de análise é a distribuição na área, de diferentes
tipos de uso e ocupação do solo, estruturas urbanas e
situação topográfica. Isto define claramente as
condições de grau de fechamento, altura e densidade
das edificações, bem como a extensão da rugosidade.
Dessa forma, isto leva a uma classificação urbana em
termos da intensidade da ilha de calor, correntes de ar e
as condições micro-climáticas.

Critérios para um sistema de classificação urbano


classificação do situação condições da extensão da grau de estrutura da
clima urbano geográfica superfície rugosidade (zo) fechamento cidade

Máx. da ilha de principalmente em concreto >1,5 60% prédios altos,


calor vales áreas construídas

Intensidade mais indefinido concreto, ruas 1,5 50% áreas


baixa da ilha de com árvores densamente
calor construídas

Intensidade da ilha limites da cidade casas com 0,5-1 40% prédios pequenos
de calor moderada indefinidos jardins

Clima industrial indefinido principalmente 1 60% edifícios públicos


asfalto e de produção

Zonas de ventilação áreas de ventilação asfalto ou <0,5 <10% ruas, espaços


para sistemas de dentro da cidade vegetação livres
circulação regional

Zonas de circunvizinho campos verdes <0,5 <10% parques, áreas


ventilação, trilhas de vegetação ou
de ar, zonas de agriculturais
produção de ar frio
Áreas de sistemas espaços livres superfícies 1 0-60% ocorre em
de circulação local dentro da cidade diferentes diversas
estruturas

Áreas frias, com indefinido vegetação 0,5-1,5 10% parques,


clima moderado cinturões verdes,
florestas
KATZSCHNER
METODOLOGIA

O primeiro passo é uma análise geográfica dos mapas de


uso do solo, das estruturas da cidade, altura dos prédios,
vegetação e sistemas de drenagem

O segundo passo é o desenvolvimento de uma proposta


de planejamento climático orientado com diferentes
categorias, que são:
KATZSCHNER
METODOLOGIA
I) Áreas que devem ser protegidas ou melhoradas
por razões climatológicas:
q áreas que são importantes para ventilação,
áreas com movimento de descida das massas
de ar frio, sistemas de circulação local como
ventos urbano-rural, áreas onde o vento
regional penetra na cidade.
q áreas que são importantes para produção de ar
fresco e frio com as massas de ar influenciando
a vizinhança ou penetrando na cidade.
KATZSCHNER
METODOLOGIA
II) Áreas que são importantes para o micro-clima
urbano e as condições de conforto térmico, e para o
desenvolvimento de circulações térmicas locais
induzidas como estas:
q áreas com alta porcentagem de vegetação como
produção de ar fresco com entrada na cidade.
KATZSCHNER
METODOLOGIA
III) Áreas que têm condições climáticas negativas com
recomendações para melhoramentos, tais como:
q áreas com baixa ventilação e alta poluição do ar
dentro de espaços densamente construídos, ou áreas
com ventilação reduzida devido a diferentes efeitos
de barreira.
q áreas com uma alta intensidade de ilha de calor ou
com temperaturas extremas.
KATZSCHNER
METODOLOGIA
Um passo intermediário pode ser considerado como a
descrição semi-quantitativa dos atributos dos climas
urbanos

q Julgamento das sensações humano-biometeorológico


q Semelhante às descrições qualitativas mencionadas é
importante combinar os dados e valores meteorológicos aos
níveis de planejamento e apresentá-los com uma variação no
tempo e no espaço, pois, tanto a poluição do ar, como o
conforto térmico, tem uma considerável amplitude diária, que
deve ser considerada na utilização dos espaços livres
  ferramentas climatológicas e seus
Julgamento humano-biometeorológico papéis a nível de planejamento

↓ ↓

complexo térmico complexo de poluição do ← apresentação em espaço e tempo


ar

↓ ↓

PMV, PET concentrações de ← avaliação com respeito à saúde e a


valor-tempo-espaço emissões de EEC, WHO, definição de um clima urbano ideal
nacionais
↓ ↓

meso- e micro-escala; meso-escala; ← dados de entrada em processo de


planejamento de espaço livre no planejamento de planejamento urbano
entorno das edificações desenvolvimento urbano

↓ ↓

valoração e designação através do climatologista ← humano-biometeorologia

valoração dos diferentes aspectos de planejamento, corpos administrativos ← plano urbano ambiental geral
e
resultado final
OLIVEIRA
METODOLOGIA
q A metodologia tenta auxiliar o planejador e o
projetista no processo decisório desde o momento
de escolha do sítio urbano; seja para concepção de
uma cidade nova, seja simplesmente para uma
expansão urbana ou para uma intervenção com
objetivo de renovação urbana em áreas degradadas
q Está dividida em duas partes: uma qualitativa e uma
segunda, quantitativa
OLIVEIRA
METODOLOGIA
" Os climas foram classificados resumidamente quanto
ao potencial térmico-energético e quanto ao teor de
umidade, a saber:
" Quente e úmido (QU)

" Quente e seco (QS)

" Tropical de altitude (TA)

" Temperado (TP)

" Frio (FR)


OLIVEIRA
Declividade
Orientação
SÍTIO RELEVO Conformação
geométrica
Altura relativa
SOLO Natureza
Horizontalidade
Verticalidade
Densidade/
Ocupação do solo
FORMA FORMATO Orientação ao sol
URBANA Diversidade de
alturas
RUGOSIDADE Fragmentação
MASSA Tipo de trama
EDIFICADA Orientação aos
POROSIDADE ventos
Continuidade da
trama
PERMEABILIDADE Permeabilidade
VEGETAÇÃO Áreas verdes
BUSTOS ROMERO
BUSTOS ROMERO
METODOLOGIA
q Essa metodologia trata das constantes bioclimáticas
quanto à conjugação dos elementos formais do
edifício e do espaço urbano, sob enfoque do espaço
público
q É uma proposta de concepção bioclimática que, em
escala urbana, visa obter o que a arquitetura
bioclimática consegue com o edifício: transformá-lo
em mediador entre o clima externo e o ambiente no
interior do espaço público emoldurado
BUSTOS ROMERO
METODOLOGIA
q Duas grandes categorias temáticas devem ser
apreciadas neste método, o espaço e o ambiente.
q  No espaço são caracterizadas três partes: o entorno que
compreende o espaço urbano mais imediato do espaço
público em questão; a base que corresponde ao espaço
sobre o qual se assenta o espaço público (escala
horizontal); e a superfície fronteira como o espaço que
forma o limite ou marco do espaço arquitetônico que
interessa (escala vertical)
BUSTOS ROMERO
BUSTOS ROMERO
METODOLOGIA
q Quanto ao ambiente os componentes bioclimáticos
são o entorno climático, a estética da luz, os atributos
da cor e o espaço som.
q Com estes elementos tem-se confeccionada uma ficha
bioclimática do espaço que permite registrar de forma
sistemática os dados empíricos a serem utilizados na
projeção ambiental sensível do espaço
FICHA BIOCLIMÁTICA DO ESPAÇO PÚBLICO

ESPACIAIS AMBIENTAIS

COR
SOL- SENSAÇÃO DE COR-

VENTO- RESSONÂNCIA DO RECINTO-

SOM
ACESSOS
SOMBRA ACÚSTICA-

RADIAÇÃO
ENTORNO
SOM- DIRETA-

DIFUSA-

REFLETIDA-

CONTINUIDADE DA MASSA- UMIDADE RELATIVA-

CLIMA
TEMPERATURA DO AR-

CONDUÇÃO DOS VENTOS- VELOCIDADE DO VENTO-

ÁREA DA BASE- TEMPERATURAS SUPERFICIAIS-

ALBEDO-

PAVIMENTOS-

AMBIENTE SONORO-

SOM
FÍSICAS DOS MATERIAIS

VEGETAÇÃO-
COMPONENTES E PROPRIEDADES
A BASE

VARIAÇÃO SAZONAL-

COR
ÁGUA- CONJUNTO DE CORES-

TONALIDADE-

MOBILIÁRIO URBANO-
MANCHAS DE LUZ-

ESTÉTICA DA LUZ-

CONVEXIDADE LUMINÂNCIA-

LUZ
CONTINUIDADE DA SUPERFÍCIE-
A FRONTEIRA

TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA- INCIDÊNCIA DA LUZ-

DIREÇÃO DO FLUXO-
ABERTURAS-

TENSÃO- ABSORÇÃO-

CLIMA
REFLEXÃO-
DETALHES ARQUITETÔNICOS-
CONCLUSÃO
q Como pode-se perceber, as metodologias se
complementam e abordam o espaço urbano
de maneiras diferentes e em escalas de
configuração do clima urbano paralelas –
nível local.
q É importante estabelecer a aplicação dessas
metodologias de forma a testá-las e poder
propor outras que englobem os atributos
específicos de cada tipo de clima urbano
EXEMPLOS DE ESTUDOS
DE CASO COM APLICAÇÃO
DAS METODOLOGIAS
" Natal/RN
" Praia da Pipa, Natal/RN
" Bairro de Petrópolis, Natal/RN
" Bairro da Ribeira, Natal/RN
" Áreas Centrais em Teresina-PI
" Fração Urbana de João Pessoa/PB
" Centro de Fortaleza/CE
" Campus da UFRN
" Bairro de Lagoa Nova-Natal/RN
" Campus do CERES Caicó e Currais
Novos
" Bairro da Renascença em São Luiz/
MA

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