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TOLERÂNCIA À SECA EM

PESQUISA
PLANTAS
Mecanismos fisiológicos e moleculares

stresses abióticos, como a tica simples, mas uma característica onde


seca, podem reduzir signifi- mecanismos trabalham isoladamente ou
cativamente os rendimentos em conjunto para evitar ou tolerar perí-
das lavouras e restringir as odos de déficit hídrico. Todas as mu-
latitudes e os solos onde danças fisiológicas, morfológicas e de
espécies comercialmente im- desenvolvimento em plantas têm uma
portantes podem ser cultiva- base molecular/genética. Portanto, ge-
das. As implicações são enormes, uma nótipos que diferem em tolerância ao
vez que não somente produtores mas déficit hídrico devem apresentar dife-
toda a sociedade é afetada. Desempre- renças qualitativas e quantitativas em
go, aumento no preço de alimentos e expressão gênica. Uma resposta fisioló-
instabilidade no mercado financeiro são gica específica ao déficit hídrico repre-
somente algumas das conseqüências. senta, na realidade, a combinação de
Previsões ambientais sinalizam para o eventos moleculares prévios, que fo-
aumento do aquecimento global nas ram ativados pela percepção do sinal de
próximas décadas. Um aumento dos estresse. Compreender como esses even-
períodos de seca certamente acompa- tos são ativados/desativados e como
nharão esse fenômeno. O desenvolvi- interagem entre si será essencial no
mento de cultivares mais tolerantes a desenvolvimento de novas variedades
períodos de déficit hídrico, bem como mais tolerantes a períodos de seca.
o desenvolvimento de tecnologias que
auxiliem as plantas a tolerar períodos Evolução: da água para a terra
prolongados de estiagem, serão essen-
ciais na manutenção da produção agrí- No início da sua evolução, há cerca
cola brasileira e mundial em níveis que de 1,5 bilhão de anos (Lehninger et al.,
possam alimentar uma população em 1993), as plantas passaram por inúme-
constante crescimento. ras mudanças na sua estrutura e no
Alexandre Lima A fisiologia das plantas e a biologia processo fisiológico, que as capacita-
Nepomuceno molecular desempenharão um papel ram para sobreviver em ambientes rela-
Pesquisador da Embrapa Soja
Ph.D. pela University of Arkansas
chave nesse processo. Portanto, enten- tivamente secos. Essas mudanças resul-
em Biologia Molecular e Fisiologia der a tolerância das plantas à seca e taram de mutações genéticas e recom-
Vegetal como explorá-las, devem ser julgados binações, que, através da seleção natu-
anepo@cnpso.embrapa.br
não só como problemas de ordem agro- ral, permitiram às plantas sobreviverem
Norman Neumaier nômica, fisiológica ou ecológica, mas e a se reproduzirem em ambientes com
Pesquisador da Embrapa Soja também como importante meta interna- limitação de água. Evidências baseadas
Ph.D., pela University of Missouri em
Fisiologia Vegetal
cional de significância humanitária, eco- em microfósseis mostram que plantas
nômica e política (van Rensburg, 1994). adaptadas à terra originaram-se no iní-
José Renato Bouças Farias A identificação e a compreensão cio da era Paleozóica, possivelmente
Pesquisador da Embrapa Soja dos mecanismos de tolerância à seca cerca de 450 a 470 milhões de anos
Doutorado Pela Universidade Fede-
ral do Rio Grande do Sul em são fundamentais no desenvolvimento (Pearson, 1995). É interessante mencio-
Agrometeorologia de novas cultivares comerciais mais nar que, das primeiras plantas terrestres
tolerantes ao déficit hídrico. A expres- às primeiras plantas com flores, trans-
Tetsuji Oya
Pesquisador do Jircas (Japan
são de genes (ainda não caracterizados) correram mais de 450 milhões de anos
International Research Center for em genótipos tolerantes a esse fator (Ingrouille, 1992). Isso é um exemplo
Agricultural Sciences) pode ser usada no estudo de mecanis- dos imensos intervalos de tempo que
Doutorado pela University of Tokyo
em Agronomy mos de tolerância à seca e para identi- separam os grandes passos de diferen-
ficar outros genótipos com característi- ciação. Esses intervalos possibilitaram a
cas similares. Tolerância das plantas à atuação conjunta das mutações genô-
seca, claramente, não é uma caracterís- micas e da seleção natural na constru-

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ção da atual diversidade da flora.
Modificações drásticas no clima da
terra dirigiram a seleção de plantas para
uma maior tolerância à deficiência hí-
drica. Com o clima da terra tornando-se
mais severo à medida que os continen-
tes se moviam e que grandes massas de
terra se tornavam expostas, desenvol-
veram-se adaptações estruturais e fun-
cionais entre as plantas. Essas adapta-
ções incluíram raízes, que permitiam a
absorção de água e de minerais a partir
de grandes volumes de solo; um siste-
ma vascular, que permitia um rápido
transporte da água e de produtos da
fotossíntese; e uma cutícula bem desen-
volvida, com estômatos, que permitia a
entrada de dióxido de carbono, mas
controlava a perda de água dos tecidos
(Kramer e Boyer, 1995). O desenvolvi-
mento de folhas, raízes e de outras
Figura 1. A perda de água pela célula altera o potencial de pressão
estruturas adaptadas ajudou a aumen-
tar a diversidade florística em diferentes (tensão física; turgor) e o potencial osmótico (concentração) dessas
ambientes terrestres. Plantas que mos- células. Isso provoca alterações na membrana celular e em vários de
tram crescimento continuado ou me- seus componentes assim como na concentração celular de
lhorado sob condições hídricas limita- metabólitos. Alterações na conformação da membrana celular
das são consideradas tolerantes à seca. provocam mudanças em canais de transporte ativados por pressão,
Algumas espécies podem evitar a seca modificam a conformação ou a justaposição de proteínas sensoriais
amadurecendo rapidamente antes que críticas embebidas nas membranas celulares, e alteram a continuidade
ela se inicie ou reproduzindo-se somen- entre a parede celular e membrana celular. Estas modificações ativam
te após a chuva (Alvim, 1985). Outras complexos enzimáticos, que iniciam uma cascata de eventos
plantas toleram a desidratação, adian- moleculares que levam à indução da expressão de várias categorias de
do-a através do desenvolvimento de genes
raízes profundas ou fechando-se forte-
mente contra a transpiração ou acumu- do crescimento e de parâmetros fisioló- antese, ou escape ao estresse de seca no
lando grandes reservas de água em gicos raramente têm sido usados para enchimento dos grãos, combinado com
tecidos carnosos (Ingrouille, 1992). Ain- selecionar plantas mais produtivas em tolerância a períodos curtos de estresse
da, outras espécies permitem a desidra- ambientes com déficit hídrico (Bas- de pequena magnitude, podem ser per-
tação dos tecidos e toleram a falta de nayake et al., 1995). Melhoristas de didas (Simpson, 1981). Um enfoque
água, apresentando crescimento conti- plantas têm tentado selecionar plantas reducionista terá sucesso limitado por-
nuado mesmo quando desidratadas ou com tolerância à seca a partir de gran- que o balanço ótimo da conservação de
sobrevivendo a desidratações severas. des populações, entretanto, altos rendi- água e a absorção de carbono são
Durante períodos de déficit hídrico, mentos e resistência a doenças têm sido alcançados, não pela variação de uma
muitas mudanças ocorrem na planta. os alvos finais das análises. Esse enfo- única resposta, mas pela combinação
Essas mudanças dependem da severi- que experimental na seleção de plantas de diversas respostas diferentes a um
dade e da duração do estresse, do para tolerância ao estresse hídrico tem nível que equivale à severidade e à
genótipo, do estádio de desenvolvi- sido o método escolhido na quase tota- duração do déficit hídrico (McCree e
mento e da natureza do estresse (Kra- lidade dos casos (Simpson, 1981). A Fernandez, 1989). A maior limitação
mer, 1983). A maioria dessas modifica- maioria dos enfoques, meramente iden- para o melhoramento genético da tole-
ções visa a manter o crescimento e a tifica plantas com altos ou baixos rendi- rância ao déficit hídrico em plantas é o
reprodução da planta em ambientes mentos, porque o critério final de sele- conhecimento insuficiente sobre as ba-
com limitações na disponibilidade de ção é um simples índice, tal como ses fisiológicas, moleculares e genéticas
água. rendimento de grãos ou produção de das respostas das plantas ao déficit.
biomassa na época da colheita. Essas considerações reforçam a neces-
Melhoramento Genético Tais enfoques geralmente têm fa- sidade de um enfoque sistemático nos
lhado em revelar as características ge- estudos de estresse hídrico, com maior
Do ponto de vista prático é muito néticas individuais que afetam a tole- ênfase nas diferenças genéticas entre os
difícil a imposição de estresse de seca, rância à seca e que poderiam ser seleti- genótipos (van Rensburg, 1994).
de forma controlada e reproduzível, às vamente orientadas para recombinação
grandes populações de plantas normal- adicional. Características genômicas de Respostas Moleculares
mente usadas em programas de melho- uma planta que apresenta, por exem-
ramento. Monitoramentos abrangentes plo, tolerância ao estresse de seca na As plantas contêm cerca de 1010 a

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1011 pares de bases de nucleotídeos nas mecanismos de percepção que estão algumas espécies de ajustar osmotica-
suas moléculas de ADN, os quais po- sendo estudados hoje em plantas são: a mente suas células. Durante a seca,
dem representar de 50.000 a 100.000 atividade de kinases de histidina, envol- plantas superiores ativamente acumu-
genes (Lehninger et al., 1993). Entretan- vendo a proteína sensora EnvZ e o fator lam açúcares, ácidos orgânicos e íons
to, assim como em outros organismos de transcrição OmpR (Shinozaki e Ya- no citosol para diminuir o potencial
superiores, somente uma pequena por- maguchi-Shinozaki, 1999); as kinases osmótico e, conseqüentemente, manter
ção desses genes é expressa, num dado ativadas por Mitogen, MAPK – Mitogen- o potencial hídrico e o turgor de suas
momento, pelas células da planta. É a Activated Protein Kinase (Jonak et al., células próximo do nível ótimo (Bray,
escolha de quais genes serão expressos 1996); as kinases dependentes de cálcio 1993, 1997). Quando o turgor é manti-
que determina todos os processos vi- (Urao et al., 1994); a Fosfolipase C, do, processos como condutância esto-
tais. A comparação da expressão gênica atuando no metabolismo de produção mática, taxa de assimilação de CO2 e
em diferentes células e organismos po- de Inositol di e tri-fosfato e sua função expansão dos tecidos são total ou par-
deria fornecer a informação básica ne- nas liberações de cálcio no citoplasma, cialmente mantidos (Ludlow, 1987; Ne-
cessária para a análise dos processos onde cálcio e calmodulin funcionariam pomuceno et al., 1998).
biológicos que controlam a maneira como uma chave molecular na rota de Mudanças no potencial osmótico
como os organismos respondem a dife- transmissão do sinal de estresse (Mun- causado pela concentração de solutos,
rentes situações (Liang e Pardee, 1992). nik, et al., 1998); as proteínas DREB, resultante da perda de água e aquelas
O déficit hídrico em plantas inicia que aderem a seqüências de ADN pre- causadas pela acumulação ativa de so-
um complexo de respostas, começando sentes em regiões promotoras de genes lutos são distintas. Na ausência de acu-
com a percepção do estresse, o qual expressos durante a desidratação, as mulação de solutos o potencial osmóti-
desencadeia uma cascata de eventos Dehydration Responsive Elements Bin- co é inversamente relacionado com o
moleculares que é finalizada em vários ding proteins – DREB proteins (Kasuga volume osmótico. Reduções no poten-
níveis de respostas fisiológicas, meta- et al., 1999); as seqüências promotoras cial osmótico ocorrem pelo aumento na
bólicas e de desenvolvimento (Bray, responsivas ao ácido abscísico (Abscisic concentração de solutos presentes na
1993). As rotas de transmissão dos sinais Acid - ABA)(Abe et al., 1997); etc. célula túrgida. O ajuste osmótico, por-
moleculares de percepção do estresse Genes induzidos pelo déficit hídrico tanto, ocorrerá somente se ocorrer a
(signal-transduction pathways) em plan- promovem: tolerância da célula à desi- acumulação ativa de solutos, propician-
tas não têm sido muito estudadas. En- dratação; funções de proteção no cito- do, em várias espécies (Guo e Oos-
tretanto, os modelos propostos para plasma; alterações no potencial osmóti- terhuis, 1997), o aumento na capacida-
animais, leveduras e bactérias asseme- co celular para aumentar a absorção de de de tolerar períodos curtos de seca.
lham-se entre si, sugerindo que, prova- água; controle da acumulação de íons; Existe considerável variação, entre dife-
velmente, os sistemas vegetais de per- regulação adicional de expressão gêni- rentes culturas, na capacidade de ajuste
cepção de estresse também sejam se- ca; metabolização de compostos degra- osmótico e isso deve ser considerado ao
melhantes aos da maioria dos seres dados pelo estresse; etc (Bray, 1993; se medir a habilidade da cultura em
vivos (Shinozaki e Yamaguchi-Shino- Bray, 1997; Nepomuceno et al., 2000). suportar a seca. Tem sido observada
zaki, 1999). Acredita-se que muitos dos produtos de alta capacidade de ajuste osmótico em
Os modelos de percepção do estres- genes induzidos pelo déficit hídrico espécies como o sorgo e o algodão;
se sendo estabelecidos para vegetais possam proteger as estruturas celulares ajustes mais moderados são observados
superiores mostram que a mudança no dos efeitos da perda de água (Boyer, em girassol, enquanto o trigo e a soja
volume de células individuais de uma 1996; Alvin et al., 2001). Entretanto, a normalmente apresentam baixa capaci-
raiz ou outro órgão submetido à desi- expressão dos genes durante o estresse dade de ajuste (Oosterhuis e Wullschle-
dratação altera o potencial de pressão não garante que um produto gênico ger, 1988).
(tensão física; turgor) e o potencial promova a habilidade da planta em A capacidade de aumentar a tole-
osmótico (concentração) dessas célu- sobreviver ao estresse (Bray, 1993). A rância à seca ocasionada pelo ajuste
las. Isso provoca alterações na membra- expressão de alguns genes pode resul- osmótico em algumas espécies tem sido
na celular e em vários de seus compo- tar de ferimento ou dano que tenha relacionada com a diminuição do po-
nentes, assim como na concentração ocorrido durante o estresse. No entan- tencial osmótico e com a retenção de
celular de metabólitos. Alterações na to, alguns genes são necessários para a água dela decorrente (Jamaux et al.,
conformação da membrana celular pro- tolerância ao estresse, e a acumulação 1997). Entretanto, a geração de molécu-
voca mudanças em canais de transporte dos produtos da expressão desses ge- las que buscam e destroem (scaven-
ativados por pressão, modifica a con- nes pode tornar-se uma resposta adap- ging) radicais livres pode, também, ser
formação ou a justaposição de proteí- tativa (Bray, 1993; Bray, 1997), assim uma das causas da redução do potenci-
nas sensoriais críticas embebidas nas como a desativação da expressão de um al. O estresse hídrico quebra o equilí-
membranas celulares, e altera a conti- gene pode também estar ligada ao au- brio oxidativo/redutivo (redox) em vá-
nuidade entre a parede celular e a mento da tolerância ao estresse (Nepo- rias organelas celulares, como os cloro-
membrana celular. Essas modificações muceno et al., 2000). plastos. O declínio na funcionalidade
ativam complexos enzimáticos, que ini- dos cloroplastos, inevitavelmente, leva
ciam uma cascata de eventos molecula- Ajuste Osmótico à geração de espécies com radicais de
res e que levam à indução da expressão oxigênio altamente reativos (Hare et al.,
de várias categorias de genes (Hare et Uma das mais bem documentadas 1996). Assim, a real função do ajuste
al., 1996; Shinozaki e Yamaguchi-Shi- respostas fisiológicas/moleculares ao dé- osmótico poderia estar potencialmente
nozaki, 1996, 1997, 1999). Alguns dos ficit hídrico em plantas é a habilidade de ligada à eliminação de radicais livres,

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mas gerando, como função adicional, a de HSP, dentro de duas horas do cho- plasma (Williamson e Slocum 1992).
retenção de água (Hare e Cress, 1997). que, é uma resposta geral que tem sido Um decréscimo no potencial osmótico
também observada em micróbios, em da célula leva a um aumento na síntese
Proteínas Lea animais e em plantas submetidas ao de P5C e, conseqüentemente, a um
(Late embryogenesis abundant) déficit hídrico (Harborne, 1997). O tra- aumento na síntese de prolina. A acu-
tamento de plantas de soja por duas mulação de prolina em células vegetais
Um grupo de genes que têm sido horas a 40 0C faz com que tolerem submetidas a estresse hídrico tem sido
considerados como adaptativo à seca e temperaturas de 45 0C por outras duas sugerida como um mecanismo de ajuste
que tem sido identificado em vários horas. Tipicamente, sem esse pré-trata- osmótico (Delauney e Verma, 1993).
trabalhos que analisam respostas de mento, plantas de soja não sobrevivem Entretanto, alguns autores sugerem
plantas à falta de água, codifica as a uma exposição direta a 45 0C (Harbor- outras funções para o acúmulo de pro-
proteínas Lea. Essas proteínas foram ne, 1997). lina, como: estabilizador de estruturas
identificadas, pela primeira vez, como As HSP são altamente conservadas e sub-celulares (Schobert e Tschesche,
genes expressos durante as fases de diversas classes têm sido descritas em 1978); scavenger de radicais livres (Sa-
maturação e dessecação do desenvolvi- eucariotos, inclusive em plantas. Elas radhi et al., 1995); depósito de energia
mento de sementes (Bray, 1993; Boh- são designadas pelos seus pesos mole- (Hare e Cress, 1997); componente da
nert et al., 1995; Zhu et al., 1997). A culares aproximados em KDa (e.g., cascata de sinalização molecular do
maioria dos produtos dos genes Lea é HSP110, HSP90, HSP70, HSP60) (Coo- estresse (Werner e Finkelstein, 1995); e
predominantemente hidrofílica, básica per, 1997). As famílias de HSP70 e constituinte principal de proteínas da
na composição de aminoácidos, sem HSP60 parecem ser particularmente parede celular de plantas (Nanjo et al.,
Cys e Trp e com localização no citoplas- importantes nas rotas gerais de dobra- 1999). Enquanto vários trabalhos indi-
ma (Dure, 1993). Proteínas Lea podem mento (naturação) de proteínas em cé- cam uma alta correlação entre o acúmu-
ser categorizadas em, no mínimo, seis lulas de eucariotos e procariotos. Am- lo de prolina e o aumento da tolerância
subgrupos, baseados na seqüência de bas as famílias funcionam ligando-se às à seca, outros sugerem que o acúmulo
aminoácidos e na sua cinética da ex- regiões não dobradas das cadeias pep- é simplesmente um efeito do estresse
pressão (Dure, 1993). Muitos estudos tídicas, sugerindo que sua função possa (Delauney e Verma, 1993; Madan et al.
sobre Lea e outras proteínas relaciona- estar relacionada com a manutenção da 1995).
das com a desidratação mostram que correta estrutura terciária de certas pro- Assim como o acúmulo de prolina,
proteínas similares se acumulam quan- teínas (Cooper, 1997). o acúmulo de polióis, tais como mani-
do o sinal do ambiente é déficit hídrico, A maior parte das HSP provavel- tol, sorbitol, inositol, mio-inositol e pini-
baixas temperaturas, pressão osmótica mente funcione como chaperones, que tol (e seus derivados), também tem sido
externa aumentada, dessecação do ajudam no correto dobramento ou na correlacionado com a tolerância à seca
embrião ou aplicação do hormônio prevenção da desnaturação das proteí- e/ou à salinidade (Bohnert et al., 1995;
vegetal ABA (Shinozaki e Yamaguishi- nas (Zhu et al., 1993). Apesar de algu- Guo e Oosterhuis, 1997).
Shinozaki, 1996). As prováveis funções mas HSP ser normalmente produzidas
dos genes Lea são relacionadas com pela célula, durante situações de estres- Aquaporinas
seqüestro de íons, proteção de mem- se há um aumento na produção de HSP. (Water Channel proteins)
branas e naturação de proteínas (cha- Como o estresse promove a desnatura-
peronas) e retenção de água (Bray, ção e a agregação de proteínas, uma A regulação do potencial osmótico e
1993; Dure, 1993; Zhu et al., 1997). maior síntese de HSP ajudaria a prote- a compartimentalização de íons ocorre
Possivelmente, esse grupo diverso de ger essas proteínas durante o estresse à custa do gradiente eletroquímico de
proteínas serve a mais de uma simples osmótico que ocorre após a desidrata- H+ e do controle integrado de diferen-
função (Zhu et al., 1997). Entretanto, a ção da célula (Zhu et al., 1997). tes ATPases e de outros transportadores
extrema hidrofilia apresentada por qua- associados com membranas celulares
se todas as proteínas Lea e sua expres- Prolina (Bray, 1993). Alguns desses transporta-
são abundante durante a maturação e o dores são proteínas de estrutura seme-
estresse de dessecação celular (Dure, Uma das mais bem estudadas res- lhante à tubular, que atravessam as
1993), certamente implica na função de postas das plantas ao déficit hídrico é a membranas celulares. Membros dessa
proteção das estruturas celulares. acumulação de prolina nas células. A família de proteínas, também chamadas
acumulação desse aminoácido é resul- de Aquaporinas, formam canais água-
Proteínas de Choque Térmico tado do aumento no fluxo de glutama- específicos para íons ou solutos (Bray,
to, que é metabolizado pela Pirrolina-5- 1993), como observado com a proteína
Proteínas de choque térmico (Heat- Carboxilato Sintetase (P5CS), enzima y-TIP (Tonoplast Intrinsic Protein), que
Shock Proteins – HSP) são outro grupo que regula a taxa de biossíntese de forma canais água-específicos quando
de produtos de genes usualmente en- prolina (Hare e Cress, 1997), bem como expressa em células modelo de Xeno-
contrados em plantas submetidas ao de um decréscimo no catabolismo da pus oocytes. À medida que as proteínas
déficit hídrico (Joshi e Nguyen, 1996). prolina (Stewart et al., 1977). A enzima canal acumulam-se no tonoplasto (mem-
Como o nome sugere, HSP foram iden- Pirrolina-5-Carboxilato Redutase (P5CR), brana do vacúolo) durante o estresse, o
tificadas pela primeira vez como res- responsável pela transformação da Pir- movimento da água e dos solutos do
postas ao estresse de calor. Entretanto, rolina-5-Carboxilato (P5C) em prolina, vacúolo para o citoplasma é promovido
a habilidade de responder ao choque tem sua expressão regulada por mu- alterando tanto o teor de água quanto o
de temperatura moderada pela síntese danças no potencial osmótico do cito- potencial osmótico do citoplasma (Mau-

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rel et al., 1993). Yamada et al. (1995) sido encontrada na região promotora Outros Genes Expressos
identificaram transcritos (ARNm) de pro- de genes induzidos pelo ABA (Ingram e Durante o Déficit Hídrico
teínas, major intrinsic proteínas (MIP), Bartels, 1996). Shinozaki e Yamaguchi-
cuja abundância muda sob estresse de Shinozaki (1999) sugerem que genes Ubiquitina é um polipeptídio com
salinidade em plantas de gelo (Mesem- induzidos por deficiência hídrica são 76 aminoácidos e tem sido encontrado
bryanthemum crystallinum) que são ativados por duas rotas de percepção e em todos os eucariotos. Sua seqüência
adaptadas ao crescimento em altos ní- transmissão do sinal de estresse: uma de aminoácido é uma das mais bem
veis de sódio, sob seca e baixas tempe- ABA-dependente e outra ABA-indepen- conservadas na natureza. O seu papel
raturas. Essas MIP’s mostram homolo- dente. é o de “etiquetar” proteínas que estão
gia com aquaporinas de plantas que destinadas a ser rapidamente proteoli-
foram encontradas, principalmente, em Açúcares zadas no citosol (Lam, 1997). Assim,
células envolvidas no fluxo hídrico, tais sua expressão é usualmente observada
como as da epiderme da raiz, as de Açúcares solúveis têm sido também durante o déficit hídrico (Bray, 1993;
pontas de raiz, e as de áreas circundan- relatados como agentes protetores du- Zhu et al., 1997).
tes às células do xilema em raízes (Bo- rante a desidratação celular (Leprince et Como a degradação de proteínas é
hnert et al., 1995). Canais de água al., 1993; Boyer, 1996). A trehalose é um geralmente alta durante a desidratação
facilitam o fluxo hídrico ao longo do dos mais efetivos osmoprotetores, em celular, seria de se esperar que sistemas
gradiente osmótico existente. A expres- termos de concentração mínima reque- de reparo sejam normalmente expres-
são de aquaporinas do tonoplasto e da rida. É um disacarídio que, por várias sos durante situações de estresse. Um
membrana celular (plasmalema) tem décadas, tem sido relatado em bactéri- exemplo que ilustra essa situação é a
sido correlacionada também com a elon- as, fungos e leveduras como um dos observação de que a produção da en-
gação celular (Yamaguchi-Shinozaki et responsáveis pela capacidade desses zima L-Isoaspartil metiltransferase é in-
al., 1992; Daniels et al., 1994). organismos de tolerar altos níveis de duzida durante a desidratação celular.
desidratação (Müller et al., 1995). So- Essa enzima converte resíduos modifi-
Ácido Abscísico mente no final da década passada foi cados de L-isoaspartil em proteínas
identificado em plantas superiores (Go- danificadas, transformando-os nova-
Os genes induzidos pela deficiência ddijn et al., 1997). A dificuldade na mente em resíduos de L-aspartil e,
hídrica estudados até hoje, na sua mai- identificação de trehalose, provavel- assim, restabelecendo a atividade da
oria, são também induzidos pelo fito- mente, foi devido à alta atividade da proteína que estava danificada (Mud-
hormônio ácido abscísico (Abscisic Acid enzima trehalase em plantas superiores. gett e Clarke, 1994).
- ABA) (Bray, 1993; Wu et al., 1997). Trehalose liga-se às membranas celula-
Com base nessa informação, ABA é o res e diminui sua temperatura de fusão, Considerações Finais
melhor candidato a ser visto como um mantendo-as, assim, na sua fase líqui-
segundo mensageiro na mediação en- do-cristalina. (Crowe et al., 1993). Além Previsões ambientais sinalizam para
tre o sinal ambiental indutivo e a respos- disso, age como estabilizador de enzi- um recrudescimento do aquecimento
ta molecular, fisiológica e/ou morfoló- mas (Carpenter et al., 1987) e vesículas global nas próximas décadas e situa-
gica (Bray, 1993). Além das evidências (Crowe et al., 1983) durante a desidra- ções de secas, muito provavelmente,
de que o ABA afeta as respostas à seca, tação, o que permite que a célula man- acompanharão esse evento. O desen-
à salinidade e ao estresse de frio, tam- tenha suas funções por períodos maio- volvimento de novos genótipos de plan-
bém foi demonstrado que está envolvi- res. tas, mais tolerantes a períodos prolon-
do na embriogênese, na indução de Durante déficit hídrico moderado, o gados de déficit hídrico, será essencial
proteínas de reserva da semente, na potencial hídrico pode ser mantido pelo para que a agricultura continue alimen-
dormência, na abscisão, na germinação ajuste osmótico e os açúcares podem tando e vestindo a crescente população
das sementes, no crescimento, no con- servir como solutos compatíveis bai- mundial, assim como, gerando empre-
trole da abertura estomática e no geo- xando o potencial. Exemplos disso es- gos e movimentando a economia mun-
tropismo (Arteca, 1996). tão em plantas ressurectas, como Crate- dial. O uso de técnicas agronômicas
Muitas as mudanças nos níveis de rostigma plantagineum e plantas sensí- novas e tradicionais, que reduzam as
ARNm observadas durante a seca refle- veis à seca, como espinafre (Spinacea perdas na agricultura e aumentem a
tem ativação transcripcional (Ingram e oleracea), que aumentam a síntese de produtividade deverá ter prioridade
Bartels, 1996). Tratamento com ABA sacarose durante o déficit hídrico (In- entre as estratégias governamentais das
pode, também, induzir essas mudanças. gram e Bartels, 1996). nações. Nesse contexto, a biotecnolo-
Assim, seqüências de ADN atuando em Outra interessante forma dos açúca- gia, em especial a biologia molecular,
cis ou trans (cis- / trans-acting ele- res protegerem as células durante a terá papel fundamental no futuro da
ments) envolvidos na expressão gênica desidratação é pela formação de estru- agricultura mundial. O conhecimento
induzida pelo ABA podem agora ser turas vítreas. Ao invés da cristalização nessa área ainda é incipiente. A evolu-
estudadas (Ingram e Bartels, 1996). O de solutos, através da presença de açú- ção do conhecimento sobre os meca-
elemento cis- mais bem caracterizado cares, um líquido supersaturado é pro- nismos de tolerância à seca em várias
no contexto de resposta à aplicação de duzido com propriedades mecânicas espécies, através do estudo de geno-
ABA é o elemento ABRE (ABA Respon- de um sólido (Koster, 1991). Esse tipo mas funcionais e proteomas, fornecerá
sive Element), que contém a seqüência de estrutura tem sido associado com a informações preciosas para o desen-
palindrômica conservada ACGTGGC manutenção da viabilidade de semen- volvimento de genótipos capazes de
(Abe et al., 1997). Essa seqüência tem tes de milho (Williams e Leopold, 1989). tolerar períodos de déficit hídrico sem

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que a produtividade seja prejudicada subs- ology, 126:1042-1054. Plant Physiol., Rockville, MD.
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ADN (DNA Microarrays), está permitindo Chapman & Hall, New York, NY. H. H., GRAAF, P. T. H. M., POELS, J.,
a identificação de rotas metabólicas ativa- BASNAYAKE, J., COOPER, M., LU- van DUN, K., PONSTEIN, A. S.,
das ou desativadas, assim como, a visua- DLOW, M. M., HENZELL, R. G., DAMM, B., PEN, J. 1997. Inhibition
lização das centenas de interações que SNELL, P. J. 1995. Inheritance of of Trehalase Activity Enhances Treha-
ocorrem, em âmbito transcripcional e pro- osmotic adjustment to water stress lose Accumulation in Transgenic
teômico, em resposta a eventos de estres- in three grain sorghum crosses. TAG Plants. Plant Physiol. 113:181-190.
se. Com isso, está sendo possível delinear 90:675-682. GUO, C., OOSTERHUIS, D. M. 1997.
estratégias que visem a aumentar a tole- BOHNERT, H. J., D. E. NELSON, R. G. Effect of water-deficit stress and
rância às condições de estresse ambiental. JENSEN. 1995. Adaptations to envi- genotypes on pinitol occurrence in
Essas estratégias vêm através de métodos ronmental stresses. Plant Cell. 7:1099- soybean plants. Environ. Exp. Bot.
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facilitadas pelo uso de marcadores mole- BOYER, J. S. 1996. Advances in drought HARBORNE, J. B. 1997. Biochemical
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ficadas para tolerância à seca já estão CARPENTER, J. F., CROWE, L. M., CRO- HARE, P. D., CRESS, W. A. 1997. Meta-
sendo desenvolvidas com sucesso em WE, J. H. 1987. Stabilization of phos- bolic implications of stress-induced
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componentes celulares durante a desidra- enhanced protection in the presen- INGRAM, J., BARTELS, D. 1996. The
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realidade. Entretanto, ainda devem ser CROWE, J. H., CROWE, L. M., JACK- & Hall, London, UK.
testados quanto à produtividade nos cam- SON, S. A. 1983. Preservation of JAMAUX, I., STEINMETZ, A., BELHAS-
pos de produção agrícola. Alcançar esse functional activity in lyophilized sar- SEN, E. 1997. Looking for molecular
tipo de resultado e obter plantas cada vez coplasmic reticulum. Arch. Biochem. and physiological markers of osmo-
mais eficientes na tolerância aos estresses Biophys. 220:477-84. tic adjustment in sunflower. New
do ambiente somente está sendo possível CROWE, J. H., CROWE, L. M., LESLIE, S. Phytol. 137:117-127.
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