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“Damião”
(Douglas Germano/Everaldo Ferreira da Silva)
Dá neles, Damião!
Dá sem dó nem piedade
E agradece a bondade e o cuidado
De quem te matou
Dá neles, Damião!
E devolve o hematoma.
Bate mesmo, até o coma
Que essa raiva, passa nunca, não
Dá neles, Damião!
Mesmo que peçam clemência
Faz que é tua essa demência
Faz pesar a consciência do plantão
Dá neles, Damião!
Mira no meio da cara
Dá com pé, com pau, com vara
Bate até virar a cara da nação
Dá neles, Damião!
Bate até cansar e quando cansar
Me chama
“João Carranca”
(Kiko Dinucci)
“E o que era belo/ Agora espanta/ E o nome dele hoje é João Carranca”,
fecha-se o ciclo e exibe uma faceta do processo de violência como a construção
de uma nova identidade. O meninão, que antes não tinha nome, agora é
batizado por Guaraci através das cicatrizes no seu rosto. A violência aqui, então,
intervém nas relações de poder como instrumento mantenedor da força
individual e da autoridade. A construção de uma nova identidade, deturpada por
uma visão baseada exclusivamente nas feridas do oprimido é, mais do que tudo,
uma forma de dominação, uma representação eterna da posse de Guaraci,
estampada na cicatriz e no novo nome. João Carranca não causa mais suspiros
nas mocinhas, mas as afasta, através do medo e do asco. Assim, como as
carrancas usadas nas embarcações como forma de afastar maus espíritos, as
marcas da violência aplicada por Guaraci também garantem a distância daquilo
que possa ameaçar o seu poder em relação ao meninão. Por fim, “Guaraci
vadiava e só fazia isso” revela no caráter cíclico da canção o reinado mantido e
uma espécie não tão clara de status quo periférico inabalado.
Conclusão:
Referências