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Depois vem o governo , que está repensando totalmente o seu papel na área de negócios.
Em todo o mundo, vê-se a desregulamentação, a privatização e um livre comércio cada vez
maior. Todas essas medidas do governo estão forçando as empresas a repensarem seus
objetivos, sua organização e sua maneira de gerenciar. E, pela primeira vez, algumas
empresas estão tendo de aprender a concorrer.
Por fim, há o fenômeno da globalização: empresas de todos os cantos do mundo estão
concorrendo para oferecer o mesmo produto ou serviço a qualquer momento, em qualquer
lugar e com preços cada vez mais competitivos. A globalização está forçando as empresas a
se organizarem de formas totalmente diferentes.
Portanto, é inevitável concluir que todas as empresas e instituições (inclusive os governos)
têm de se redefinir. As forças fundamentais que estão agindo são convincentes demais para
que se negue o futuro.
As mudanças podem ser uma grande fonte de energia e uma força criativa, o que é bom.
Mas também envolve riscos. A intenção deste livro é apresentar algumas das melhores
idéias sobre o gerenciamento de mudanças em um ambiente turbulento que apresenta
grandes oportunidades e, ao mesmo tempo, parece estar evoluindo de maneira implacável,
em grande velocidade. As idéias foram organizadas em três seções a fim de responder a
três perguntas consideradas fundamentais para a orientação nessa tempestade:
Para onde estamos indo? Ou seja, como serão as organizações do futuro?
Como chegaremos lá? Ou seja, como gerenciar o processo de mudanças?
Quais as novas habilidades e capacidades pessoais de que precisamos? Ou seja,
como será o trabalho da liderança e da gerência?
A Organização do Futuro: Para Onde Estamos Indo? – A organização dos negócios do
futuro, que ganhou uma nova forma devido à concorrência feroz, às grandes variações de
mercado, e ao progresso tecnológico, está surgindo com características bem definidas. Ela
será:
Baseada em informações.
Descentralizada, porém intimamente ligada através da tecnologia.
Rapidamente adaptável e extremamente ágil.
Criativa e cooperativa, com uma estrutura baseada em equipes.
Formada por uma grande variedade de trabalhadores do conhecimento; e
Autocontrolada, o que só é possível em um ambiente com princípios operacionais
claros, fortes e compartilhados e onde haja muita confiança.
Enquanto a hierarquia do século XIX se combinou com a burocracia para nos dar o modelo
mecânico, as empresas de hoje já não são mais "simplesmente" grandes e complicadas.
Elas têm de operar sob condições extremamente dinâmicas. As empresas de hoje exigem
uma grande troca de informações. A gerência se encontra em uma situação em que precisa
ser criativa e cooperativa. Ela tem de ser ágil e rápida. A obsolescência já não é mais algo
planejado internamente, ela vem de fora.
Se o produto dominante na primeira metade do século XX foi o automóvel, o da segunda
metade é o computador pessoal. A capacidade do computador de realizar tarefas de formas
cada vez mais compactas, baratas e potentes, acessando redes externas de informação,
representa simbolicamente a evolução cada vez mais rápida das nossa organizações de
negócios. A Internet e a "rede neural" são as imagens tecnológicas dominantes na Segunda
metade da década de 90. Tudo isso sugere a metáfora que consideramos ser a amis
adequada para a organização do futuro: a rede adaptativa.
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incremental. Radical não quer dizer violenta, insensata. Ela vez da palavra latina que
significa raiz e, nesse caso, significa abordar as questões essenciais o mais rápido possível.
Há dois problemas no que diz respeito às abordagens incrementais: 1) os participantes se
prendem ao processo e se esquecem dos resultados. O processo de mudança se torna um
fim em si; e 2) as mudanças incrementais em geral se restringem a iniciativas locais. Elas
afetam pequenas partes dos processos que passam por vários departamentos e funções de
negócios. Assim, pode ser que parte de um processo essencial ou de um função seja
melhorada.
Uma abordagem radical corre menos riscos de passar por esses problemas, pois começa
com a definição de metas ambiciosas e aparentemente inatingíveis. O segredo é ter uma
ambição implacável pela melhoria do desempenho.
Depois vem a parte mais difícil, a parte que muitos "artistas da virada" não conseguem
realizar: a tarefa de criar uma cultura que estimule a renovação e o crescimento. A mudança
cultural requer o desafio de crenças, hábitos e práticas profundamente arraigados. Ela
requer um compromisso com relação a alterar ä forma como as coisas são feitas". Sir Collin
Marshall, da British Airways, fez do serviço ao cliente uma luta pessoal. Dedicou toda a sua
energia à criação de uma "cultura capacitadora" em que os funcionários "sentem que podem
expor suas idéias, porque sabem que serão ouvidos, e sentem que têm um papel muito mais
importante no sucesso da empresa. Além de se tornar um exemplo ativo, Marshall investiu
maciçamente em uma série de programas de renovação corporativa. O programa "As
Pessoas em Primeiro Lugar" enfatizava o valor dos relacionamentos positivos com as
pessoas em geral. Também implementou um programa gerencial que enfatizava a
importância da confiança, da liderança, da visão e do feedback.
As Novas Responsabilidades do Executivo: Sob que Aspectos é Preciso Mudar
Pessoalmente – Na nova organização, a gerência deixará de ser a força geradora principal.
Na maioria dos casos, as organizações em rede se mobilizarão sozinhas. Enquanto isso,
cada vez mais a distinção entre gerente e trabalhador irá desaparecendo. O papel da
gerência evoluirá além da funções clássicas de planejamento e elaboração de orçamentos,
organização e contratação, controle e solução de problemas. De forma semelhante, as
funções do executivo irão além das tarefas tradicionais de liderança de hoje, definidas por
John Kotter como definir visões, alinhar e motivar. Nós achamos que os executivos cada vez
mais terão de aceitar três responsabilidades adicionais:
Definir a identidade da empresa, identidade esta que realce o seu propósito: Além de
incluir a definição de uma visão do futuro, a identidade inclui perguntar o que a
empresa representa no sentido mais amplo: de onde viemos? Em que nos
distinguimos? Para onde estamos indo? O núcleo da identidade é entender o que
distingue a organização.
Encorajar a iniciativa a fim de encontrar as nascentes de criatividade da organização:
Isso requer o aumento da capacidade generativa da gerência. Em um mundo onde os
ciclos de produtos duram meses, um dos principais papéis do novo gerente é fazer
com que todos os membros da organização monitorem de perto o mercado. Para
liberar a criatividade em toda a organização, a gerência tem de estar disposta a
semear a discórdia. Os principais inimigos da mudança construtiva são a ortodoxia e
os dogmas. É preciso encorajar o debate – até certo ponto. Depois as decisões têm
de ser tomadas. A nova organização está sempre avançando em um estado de
tensão. Os gerentes que não conseguem conviver com a ambigüidade não
conseguirão trabalhar.
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Informações são dados dotados de relevância e propósito. Por isso, para transformar dados
em informações são necessários conhecimentos. E, por definição, conhecimento é algo
especializado. (Na verdade, as pessoas com verdadeiros conhecimentos tendem a ser
superespecializadas, qualquer que seja a sua área, pois sempre há muito mais para saber).
No geral, a organização baseada na informação precisa de muito mais especialistas do que
a quantidade com que estavam acostumadas as empresas de comando e controle. Além
disso, os especialistas trabalham na área operacional, não na sede da empresa. De fato, a
organização operacional tende a se tornar uma organização de especialistas de todos os
tipos.
As organizações baseadas na informação continuam precisando de trabalhos operacionais
centrais como assistência jurídica, relações públicas e relações trabalhistas. Mas a
necessidade de equipes de serviços, - ou seja, pessoas sem responsabilidades operacionais
que só prestam consultorias, aconselham ou coordenam – é drasticamente reduzida. Na
gerência central, a organização baseada na informação precisa de poucos especialistas, se
é que precisa de algum. Os conhecimentos ficarão essencialmente nas mãos dos níveis
inferiores, nas mentes dos especialistas que têm tarefas diferentes e se autodirigem. Por fim,
grande parte do trabalho será executada de forma diferente. Os departamentos tradicionais
serão os guardiães das normas, servindo de centros de treinamento e nomeação de
especialistas; ele não vão ser os responsáveis pela execução do trabalho. Isso ocorrerá em
equipes focalizadas em tarefas. Porém, o que ainda é preciso descobrir é como as forças-
tarefas irão se desenvolver a fim de abordar outros problemas e oportunidades de negócios.
No entanto, acho que a necessidade de uma força-tarefa, sua responsabilidade, sua
composição e sua liderança terão de ser decididas caso a caso. Portanto, a organização que
será desenvolvida irá além da matriz, podendo ser muito diferente disso. Uma coisa,
entretanto, está clara: ela exigirá muito mais autodisciplina e uma ênfase ainda maior na
responsabilidade individual no que diz respeito aos relacionamentos e à comunicação.
As exigências da organização baseada na informação são: 1) requerem objetivos claros,
simples e comuns traduzidos em ações específicas, mas, ao mesmo tempo, precisam se
concentrar em um objetivo ou no máximo, em uns poucos; 2) seja estruturada em torno de
metas que definam claramente as expectativas de desempenho da gerência para a empresa
e para cada parte e especialista, bem como metas em torno de um feedback organizado
para a comparação dos resultados com as expectativas de desempenho a fim de que todos
os membros possam exercer o autocontrole; 3) todos têm de ser responsáveis por informar.
A chave para um sistema desse tipo é que todos se perguntem: quem, nesta organização,
depende de mim para obter informações e quais são elas? E de quem eu dependo? A lista
de cada uma das pessoas sempre incluirá superiores e subordinados. Mas os nomes mais
importantes serão os de colegas, pessoas com quem o principal relacionamento seja o de
coordenação.
A organização baseada na informação também terá seus próprios problemas de
administração. Os fatores mais críticos serão: 1) desenvolver programas de remuneração,
reconhecimento e oportunidades de carreira para os especialistas; 2) criar uma visão
unificada em uma organização de especialistas; 3) definir a estrutura gerencial para uma
organização de forças-tarefas; e 4) garantir o fornecimento, a preparação e o teste de
pessoas para a alta gerência.
O Uso de Redes para Redefinir as Organizações e Obter Resultados
Ram Charan (consultor e autor de artigos apresentados nas publicações Directorship, The
Corporate Board e Harvard Business Review)
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Há de se destacar também que as redes: 1) não são temporárias; 2) não ficam resolvendo
apenas problemas definidos para elas; 3) são dinâmicas e tomam a iniciativa, tornando-se o
veículo de redirecionamento dos fluxos de informações e decisões, do emprego do poder e
das fontes de feedback na hierarquia; e 4) fazem exigências à alta gerência que as equipes
e forças-tarefas não fazem.
O processo de criar e sustentar redes em grandes organizações começa de cima. Os altos
gerentes operam como agentes de mudança para criar uma nova "arquitetura social" que se
torna a base da rede. Uma vez implementada a rede, eles passam a ter pelo menos três
papéis adicionais: 1) definem de forma clara e específica os resultados de negócios que
esperam da rede e o prazo em que esperam que a rede se apresente; 2) garantem a
visibilidade e o fluxo livre de informações para todos os membros da rede e promovem a
comunicação (diálogo) simultânea entre eles; e 3) desenvolvem novos critérios e processos
para a avaliação do desempenho e a promoção, enfatizando a colaboração horizontal entre
as redes. Eles compartilham abertamente essas medidas de desempenho com todos os
membros da rede, ajustando-as de acordo com a mudança das circunstâncias.
Essas empresas que foram por mim observadas sabem que suas redes estão nos estágios
iniciais de deenvolvimento, mas o sucesso obtido até agora é uma prova do poder dessa
abordagem e de seu impacto sobre o valor econômico real. O desempenho das redes
também tem um longo caminho pela frente para derrubar o modismo (muito conveniente, por
sinal) de que os gerentes de nível médio são obstáculos para a mudança corporativa. Os
gerentes não nasceram com uma postura defensiva e a mente fechada. Eles aprendem a se
comportar assim com seus superiores e colegas. A maioria das pessoas quer cooperar e
colaborar. Elas prefeririam inovar a bloquear. Ao criar um conjunto forte de relacionamentos
e valores, as redes enfatizam os melhores instintos dos gerentes, liberando a energia
emocional e o prazer do trabalho.
PARTE II – O PROCESSO DE MUDANÇA
Como Liderar a Mudança: Por que Os Esforços de Transformação Fracassam
John P. Kotter (professor de liderança da Harvard Business School, autor de "The New
Rules: How to Succeed in Today’s Post-Corporate World" e co-autor de "Corporate Culture
and Performance")
Durante os últimos 10 anos, observei mais de 100 empresas tentando se transformar em
concorrentes melhores, entre as quais a British Airways, Ford, GM, Bristol-Myers Squibb.
Esses esforços se apresentaram sob rótulos: gestão da qualidade total, reengenharia,
rightsizing, reestruturação, mudança cultural e turnaround (reviravolta positiva). Mas, em
quase todos os casos, a meta básica era a mesma: fazer mudanças fundamentais na
maneira de conduzir os negócios a fim de ajudar a lidar com um ambiente de mercado novo
e mais desafiador.
Alguns desses esforços de mudança corporativa foram muito bem-sucedidos. Outros foram
um fracasso total. A maioria fica em algum ponto entre esses extremos, com uma inclinação
distinta para a extremidade inferior. Pode-se aprender lições interessantes que
provavelmente serão relevantes para muitas organizações no ambiente de negócios cada
vez mais competitivo na década que está por vir.
A lição mais geral que se pode aprender com os casos mais bem-sucedidos é que o
processo de mudança passa por uma série de fases que no total, costumam exigir um tempo
considerável.
Oito Etapas para Transformar a sua Organização
1. Estabelecer um Senso de Urgência
Analisar o mercado e as realidades competitivas
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lugar nenhum, a menos que líderes suficientes sejam promovidos ou contratados para
ocupar os cargos dos níveis superiores. Em geral, as transformações começam quando uma
organização tem um novo líder que veja a necessidade de uma grande mudança. Se a meta
da renovação for a empresa inteira, o CEO é a chave. Alguém tem de agir como facilitador.
Erro 2: Não Criar uma Aliança de Orientação Forte o Suficiente – Em transformações bem-
sucedidas, o presidente da empresa ou o gerente geral e outras 5, 15 ou 50 pessoas se
reúnem e desenvolvem um compromisso compartilhado quanto ao desempenho excelente
através da renovação. Esse grupo nunca inclui todos os executivos seniores da empresa,
pois alguns não compram a briga de início. Mas nos casos bem-sucedidos, a aliança é
sempre bastante poderosa – em termos de cargos, informações e habilidades técnicas,
reputações e relacionamentos. Tanto em organizações grandes quanto pequenas, uma
equipe bem sucedida de orientação pode ser formada por apenas 3, 4 ou 5 pessoas durante
o primeiro ano do esforço de renovação. Mas, em grandes empresas, a aliança precisa
chegar à faixa de 20 ou 50 membros antes que se possa obter um bom progresso na fase
três e nas fases posteriores. Os altos gerentes sempre formam o núcleo. Mas às vezes há
membros do conselho administrativo, o representante de um cliente importante ou até
mesmo um líder de sindicato poderoso. Um senso forte de urgência por parte dos níveis
administrativos ajuda muito a formar uma aliança de orientação. Mas em geral é preciso
mais. Alguém reunir essas pessoas, ajudá-las a desenvolver uma avaliação compartilhada
dos problemas e oportunidades da sua empresa e criar um nível mínimo de confiança e
comunicação. Os esforços que não tenham uma aliança de orientação forte o suficiente
podem apresentar um progresso aparente durante um tempo. Mas cedo ou tarde a oposição
se une e acaba com a mudança.
Erro 3: Falta de Visão – A aliança de orientação desenvolve um quadro do futuro
relativamente fácil de divulgar e que tem apelo para os clientes, acionistas e funcionários.
Uma visão sempre vai além das cifras encontradas. A visão diz algo que ajuda a esclarecer
em que direção a organização deve seguir. Às vezes, o primeiro esboço é feito por uma
pessoa só sendo, em geral, um pouco indistinto. Mas, depois que a aliança trabalha nele
durante três a doze meses, surge algo muito melhor através do seu raciocínio analítico e um
pouco de sonho. Depois desenvolve-se também uma estratégia para atingir a visão. Sem
uma visão sensata, o esforço de transformação pode se dissolver facilmente em uma lista de
projetos confusos e incompatíveis que podem levar a empresa para a direção errada. Regra
prática: se você não conseguir comunicar a visão para alguém em cinco minutos ou menos e
a reação dessa pessoa não demonstrar compreensão e interesse, esta fase do processo de
transformação ainda tem de ser trabalhada.
Erro 4: A Visão é Dez Vezes Menos Divulgada do que Deveria – A Quarta fase pode ser
muito desafiadora se entre os sacrifícios de curto prazo estiverem demissões. É difícil
conseguir compreensão e apoio quando o downsizing faz parte da visão. Por isso, as visões
bem-sucedidas em geral incluem novas possibilidades de crescimento e o comprometimento
de tratar de forma justa aqueles que forem demitidos. Em esforços de transformação bem-
sucedidos, os executivos usam todos os canais existentes de comunicação para divulgar a
visão (transformam os boletins enfadonhos em divertidos artigos sobre a visão; transformam
as reuniões trimestrais ritualísticas e entediantes em discussões animadas sobre a
transformação; substituem os treinamentos genéricos por cursos que focalizem os
problemas do negócio e a nova visão). Regra simples: use todos os canais possíveis,
principalmente aqueles que estiverem sendo desperdiçados com informações não-
essenciais. A comunicação se dá através de palavras e atos, sendo que estes em geral são
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a forma mais poderosa. Nada prejudica mais a mudança do que o fato de indivíduos
importantes se comportarem de forma incoerente com aquilo que pregam.
Erro 5: Não retirar os Obstáculos que Atrapalham a Nova Visão – Às vezes, o obstáculo é a
estrutura organizacional: categorias restritas de cargos podem prejudicar seriamente os
esforços de aumentar a produtividade ou dificultar que se pense nos clientes. Às vezes, os
sistemas de compensação ou avaliação do desempenho fazem com que as pessoas tenham
de escolher entre a nova visão e seus interesses pessoais. Talvez o pior de tudo sejam
chefes que se recusam a mudar e fazem exigências incongruentes com o esforço geral. Na
primeira metade de uma transformação, nenhuma empresa tem ímpeto, poder ou tempo
para se livrar de todos os obstáculos. Mas os maiores têm de ser enfrentados e retirados do
caminho. Se o obstáculo for uma pessoa, é importante que ela seja tratada de forma justa e
coerente com a nova visão. Mas o essencial é agir, tanto para investir os outros de
empowerment quanto para manter a credibilidade do esforço de mudança como um todo.
Erro 6: Não Planejar e Criar de Forma Sistemática Vitórias de Curto Prazo – Criar vitórias de
curto prazo é diferente de esperar vitórias de curto prazo. Neste último caso, a ação é
passiva; no primeiro, ativa. Em uma transformação bem-sucedida os gerentes estão sempre
em busca de formas de obter melhorias claras de desempenho, definir metas no sistema
anual de planejamento, atingir os objetivos e recompensar as pessoas envolvidas com
reconhecimento, promoções e até dinheiro. Muitas vezes os gerente reclamam que são
forçados a obter vitórias de curto prazo, mas eu descobri que a pressão pode ser um
elemento útil em um esforço de mudança. Quando fica claro para as pessoas que um grande
mudança levará muito tempo para acontecer, os níveis de urgência podem cair. Os
compromissos com relação às vitórias de curto prazo mantêm o nível de urgência elevado e
forçam um raciocínio analítico detalhado que pode esclarecer ou reconsiderar as visões.
Erro 7: Cantar Vitória Cedo Demais – Depois de alguns anos de trabalho duro, os gerentes
podem ficar tentados a declarar vitória com a primeira melhoria clara no desempenho. Não
há nada de errado em comemorar uma vitória, mas declarar que a guerra foi vencida pode
ser uma catástrofe. Ate que as mudanças criem raízes profundas na cultura da empresa, um
processo que pode levar de 5 a 10 anos, as novas abordagens ficam frágeis e sujeitas à
regressão. Em vez de cantar vitória, os líderes de esforços bem-sucedidos usam a
credibilidade obtida com vitórias de curto prazo para abordar problemas ainda maiores.
Erro 8: Não Embutir as Mudanças na Cultura da Empresa – A mudança fica quando se torna
"a maneira como fazemos as coisas aqui", quando se mistura à corrente sangüínea do corpo
da empresa. Há dois fatores de grande importância na institucionalização da mudança na
cultura corporativa: 1) uma tentativa consciente de mostrar às pessoas como as novas
abordagens, comportamentos e posturas ajudaram a melhorar o desempenho; e 2) garantir
que a geração seguinte da alta gerência realmente personifique a nova abordagem.
As pessoas também cometem outros erros, mas esses oito erros são os piores. Na verdade,
até mesmo os esforços bem-sucedidos de mudança são complicados e cheios de surpresas.
Mas, assim como uma visão relativamente simples é necessária para orientar as pessoas
em um grande mudança, uma visão desse tipo do processo de mudança pode reduzir a taxa
de erros. E uma quantidade menor de erros pode ser a diferença entre o sucesso e o
fracasso.
A Reengenharia do Trabalho: Não Automatize, Destrua
Michael Hammer (presidente da Hammer and Company, Inc e co-autor de "Reengenharia:
Revolucionando a Empresa)
A reengenharia não pode ser planejada meticulosamente e executada em etapas pequenas
e cuidadosas. É tudo ou nada, e seu resultado é incerto. Mesmo assim, as empresas não
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têm escolha a não ser reunir coragem para fazê-la. Para muitas empresas, a reengenharia é
a única esperança de pôr fim nos processos antiquados que ameaçam acabar com elas.
Felizmente, os gerentes não estão sozinhos nessa situação. Um bom número de empresas
já fez a reengenharia de seus processos com êxito, tendo deixado algumas regras práticas
para as outras.
No âmago da reengenharia está a idéia do raciocínio descontínuo, ou seja, reconhecer e
fugir das regras e dos pressupostos fundamentais ultrapassados subjacentes às operações.
A menos que mudemos essas regras, estaremos apenas redispondo as cadeiras no convés
do Titanic. Não se pode atingir grandes progressos em termos de desempenho cortando os
excessos ou automatizando os processos existentes. Em vez disso, temos de desafiar as
antigas pressuposições e acabar com as antigas regras que pioraram o desempenho do
negócio acima de tudo.
As estruturas convencionais de processos são fragmentadas e gradativas, faltando-lhes a
integração necessária para manter a qualidade e o serviço. Elas estão dando lugar a uma
visão mais ampla, pois as pessoas tendem a substituir as metas restritas de seus
departamentos específicos pelas metas mais amplas do processo como um todo. Na
reengenharia, os gerentes se libertam dos processos de negócios ultrapassados e dos
princípios subjacentes e criam novos. A reengenharia requer uma análise dos processos
fundamentais da empresa de um ponto de vista interfuncional. A Ford descobriu que para
fazer a reengenharia só do departamento de contas a pagar seria uma medida fútil. O foco
adequado do esforço foi o que poderia ser chamado de processo de aquisição de
mercadorias, que incluía a compra, o recebimento e contas a pagar.
Uma forma de garantir que a reengenharia tenha uma perspectiva interfuncional é criar uma
equipe que represente as unidades funcionais envolvidas no processo do qual está sendo
feita a reengenharia e todas as unidades que dependam dele. A equipe tem de analisar e
estudar minuciosamente o processo atual até entender de verdade qual o objetivo do
processo. A questão não é descobrir o que acontece com o formulário 73B em suas
peregrinações pela empresa, mas entender o propósito da existência do formulário 73B. Em
vez de procurar oportunidades para melhorar o processo atual, a equipe deve determinar
quais as etapas que realmente agregam valor e buscar novas formas de atingir o resultado.
A equipe de reengenharia tem de estar sempre se perguntando: por quê? E se fosse assim?
Por que precisamos da assinatura do gerente na requisição? É um mecanismo de controle
ou uma questão de decisão? E se elas nem tivessem de passar por ele? Levantar e
solucionar questões heréticas pode definir o que é fundamental para o processo e o que é
superficial.
Em suma, um esforço de reengenharia procura obter níveis drásticos de melhoria. É preciso
que ele se liberte dos conceitos e restrições convencionais das fronteiras organizacionais e
tenha um escopo amplo e interfuncional. Ele deve usar a tecnologia da informação não para
automatizar um processo existente, mas para criar um novo.
Princípios da Reengenharia - Criar novas regras feitas sob medida para o ambiente moderno
requer uma nova conceitualização do processo de negócios – ou seja, que alguém tenha
uma grande idéia. Mas a reengenharia não precisa ser uma casualidade. Na verdade, alguns
dos princípios que as empresas já descobriram ao fazer a reengenharia dos seus processos
de negócios pode ajudar outras a iniciarem seus processos. Esses princípios são:
Organize-se em torno de resultados, não tarefas.
Coloque as pessoas que usam o resultado do processo para executá-lo.
Coloque a responsabilidade pelo processamento das informações nas mãos de quem
as produz.
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pela frente e os próprios resultados muitas vezes são imprevisíveis, muitos executivos
acham que a coisa mais responsável a se fazer é colocar as coisas de novo na linha. Não é
de surpreender que tantos altos executivos recusem convites para se reinventarem e
reinventarem suas empresas. É como envelhecer: os especialistas nos dizem que é difícil,
no entanto a maioria de nós espera passar por essa fase sem sofrer.
Há outra opção, mas ela requer que o executivo se reinvente, faça uma análise séria de si
mesmo como líder. Não é um processo psicológico para consertar algo que está errado, mas
uma análise que revela o contexto a partir do qual um executivo toma decisões. Assim como
as organizações, as pessoas têm contextos. Nosso contexto individual é nossa estratégia
oculta para lidar com a vida; ele determina todas as escolhas que fazemos. De um ponto de
vista superficial, o nosso contexto é a nossa fórmula para vencer, a fonte do nosso sucesso.
Mas em uma análise mais minuciosa, esse contexto é o espaço em que a pessoa opera e
determina o que é possível e impossível para ela na qualidade de líder e, por extensão, para
a organização.
Gerenciar o Presente a Partir do Futuro – Uma organização que entende claramente quais
são seus pressupostos com respeito ao passado tem motivação para alterar o contexto em
que a empresa se encontra. Isso, por sua vez, requer uma mudança do modo de ser da
organização e uma grande visão do futuro. As atividades envolvidas na reinvenção de uma
organização exigem persistência e flexibilidade. Algumas se estendem durante todo o
esforço, outras são etapas pelas quais se passa no caminho. Elas são:
Reunir as principais partes interessadas
Fazer uma auditoria organizacional
Criar urgência, discutir o indiscutível
Tirar proveito das controvérsias, pois o conflito aciona o processo criativo
Forjar panes organizacionais, a fim de dar oportunidades para que a organização e
seus executivos possam operar a partir do novo contexto.
Aqueles que resolvem andar na montanha-russa da reinvenção estão aceitando um desafio.
A organização passa por pontos altos e baixos no moral, quando a euforia inicial é
amortecida pelo conflito e um trabalho obstinado de forças-tarefas. O moral torna a levantar
quando há acordo entre os envolvidos – depois volta a cair durante a tarefa longa e exigente
de conseguir a participação dos céticos dos níveis inferiores. A reinvenção é uma jornada
exigente de altos e baixos – uma aventura, com certeza. E é assim que tem de ser.
PARTE III – O NOVO PAPEL DA GERÊNCIA
A Nova Atividade Gerencial
Rosabeth Moss Kanter (professora da Harvard Business School e autora de "Classe
Mundial", "When Giants Learn to Dance" e "The Change Masters")
A atividade gerencial está passando por mudanças tão grandes e rápidas que muitos
gerentes estão reinventando a sua profissão no caminho. Com poucos precedentes para
orientá-los, eles estão vendo a hierarquia desaparecer e as distinções claras de cargo,
tarefa, departamento e até mesmo empresa tornarem-se confusas. Em face de níveis
extraordinários de complexidade e interdependência, eles estão vendo as fontes tradicionais
de poder se desgastarem e as antigas ferramentas motivacionais perderem a sua magia.
A causa disso é óbvia. As pressões competitivas estão forçando as empresas a adotarem
novas estratégias e estruturas flexíveis. Essas mudanças surgem altamente recomendadas
pelos especialistas que insistem que as organizações se tornem mais enxutas, menos
burocráticas, mais empreendedoras. Alguns gerentes vêem a nova atividade gerencial como
uma perda de poder, pois grande parte da sua autoridade vinha da posição hierárquica.
Agora que tudo parece poder ser negociado por todos, eles estão confusos quanto a como
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mobilizar e motivar os funcionários. Para outros gerentes, a mudança dos papéis e tarefas
proporciona mais poder pessoal.
Para ajudar as empresas a implementarem suas estratégias organizacionais competitivas, os
gerentes têm de aprender novas formas de gerenciar, enfrentando as mudanças em suas
bases de poder e reconhecendo a necessidade de novas maneiras de motivar as pessoas.
As Bases do Poder – Não há mais regras. Na nova empresa, os gerentes só podem contar
consigo mesmos para serem bem-sucedidos. Posição, cargo e autoridade não são mais
ferramentas adequadas, não em um mundo em que os subordinados são encorajados a
pensar sozinhos e em que os gerentes têm de trabalhar de maneira sinérgica com outros
departamentos e até mesmo com outras empresas. Cada vez mais, o sucesso depende de
explorar fontes de boas idéias, definir quem precisa colaborar para que se aja sobre essas
idéias, trabalhar com isso para produzir resultados. Em suma, nova atividade gerencial
implica formas muito diferentes de obter e usar o poder.
A organização pós-empresarial não é só mais enxuta, tendo uma estrutura mais horizontal,
mas ela também tem muitos canais de ação. Projetos interfuncionais, joint-ventures entre
unidades de negócios, fóruns de gerenciamento da mão-de-obra, fundos de inovação que
abrangem atividades situadas fora do fluxo principal de orçamentos e das linhas de
prestação de contas, parceiras estratégicas com fornecedores ou clientes – tudo isso se
sobrepõe ao organograma tradicional, são caminhos estratégicos que ignoram a cadeia de
comando.
A sua existência tem várias implicações importantes. Um dos motivos é que elas criam mais
centros potenciais de poder. Com cada vez mais formas de combinar os recursos, a
capacidade de comando diminui. Caminhos alternativos de comunicação, acesso a recursos
e execução desgastos a autoridade daqueles que fazem parte da cadeia formal de comando.
Em outras palavras, a oportunidade de mais velocidade e flexibilidade corrói a hierarquia.
Conseqüentemente, a capacidade dos gerentes de fazer as coisas depende mais do número
de redes de que eles participam de maneira central do que da sua posição hierárquica.
Na organização que está surgindo, os gerentes agregam valor através de acordos e
negociações junto às interfaces, não através do comando de seus impérios individuais; e têm
de pensar de maneira interfuncional, pois cada departamento tem de ter um papel
estratégico, compreendendo e contribuindo para outras facetas do negócio. A busca de
sinergias internas, o desenvolvimento de alianças estratégicas e o impulso para novos
empreendimentos enfatizam o lado político do trabalho de um líder. Os executivos têm de
ser capazes de convencer um grupo de "fregueses" em vez de controlar um grupo de
subordinados. Eles têm de barganhar, negociar e vender em vez de tomar decisões
unilaterais e dar ordens.
A ausência das restrições do dia-a-dia, o aviso para que se assuma responsabilidades, a
falsa igualdade, a eliminação de indicadores visíveis de status, o domínio dos diálogos
francos entre os níveis hierárquicos – tudo isso pode dar aos funcionários uma sensação de
que toda a hierarquia é coisa do passado. No entanto, ao mesmo tempo, os funcionários
ainda contam com a hierarquia para protegê-los quando algo dá errado. Essa combinação
resultaria no casamento perfeito, em que há liberdade e apoio – liberdade quando as
pessoas querem correr riscos e apoio quando as coisas dão errado. Essas realidades de
poder, mudança e segurança no emprego são importantes porque afetam a maneira como
as pessoas vêem seus líderes. Quando a ilusão de liberdade e da proteção simultâneas
acaba, o resultado pode ser a perda de motivação.
Fontes de Motivação – Como se não bastasse perder o poder, muitos gerentes já não
podem mais oferecer aos seus funcionários padrões claros de trabalho e regras de
AVANÇO RÁPIDO
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