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Espiritualidade é algo que não se sabe bem dizer o que é. Este "não saber dizer" não é
ignorância nem indiferença, é antes coisa altamente positiva, pois revela que a
espiritualidade não pode ser explicada a partir de outras áreas do saber, mas somente a
partir de si mesma, como uma experiência originária, algo diante do qual não se é
indiferente porque já se está no seu uso.
Na raiz do que hoje chamamos ciência, havia na antigüidade uma intuição diferente,
anterior a todo sistema moderno de ciências naturais e humanas, uma intuição que
depois foi esquecida. O melhor modo de entender espiritualidade como ciência é
voltarmos para os antigos gregos, um povo tão forte no intelecto que influencia até hoje
nossa civilização.
Deste desespero surge uma outra atitude, uma outra busca que é a radicalização da
caminhada ética, busca que ultrapassa o ético e abre, aponta para uma outra dimensão.
A essa nova dimensão os gregos chamavam de "divino", para o qual urgia um outro
nível de conhecimento: o "conhecimento ou ciência lógica, ou ciência do logos".
Esta atitude humana foi chamada "ciência do espírito" ou espiritualidade pela cultura
ocidental.
Para os gregos essa força, que faz brotar cada vez mais o originário, ocupava o primeiro
lugar e por ela reavivavam o conhecimento ético e científico-físico.
Se, porém, observarmos bem a história, vemos que sempre houve no Ocidente quem
cultivou a espiritualidade como uma "ciência do logos", como bem aparece na
espiritualidade dos grandes santos, como santo Agostinho, são Bento, são Francisco de
Assis e inúmeros outros. Esses mestres são grande fonte de inspiração para o atual
movimento de redescoberta do "logos", isto é, do divino, movimento não exclusivo da
área cristã, pois na arte, na literatura, na filosofia há este mesmo movimento de retorno.
Quando a humanidade hoje se interessa por Jesus Cristo, por que o faz? Não será que
percebe instintivamente que o cristianismo é toda uma "ciência"? Nos meios laicos se
começa a descobrir, por exemplo, que a religião não é coisa de povos primitivos, mas
uma experiência capaz de resolver os problemas radicais do homem mais do que as
ciências.