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Além do ECA, temos as demais legislações, tais como a Convenção Internacional dos
Direitos da Criança, a Constituição Federal brasileira de 1988, o Código Civil brasileiro, o
Código Penal brasileiro etc., além de legislações extravagantes.
Ao longo da história, é possível observar que crianças e adolescentes não possuíam
direitos. A mudança iniciou com caso da menina Mary Ellen em 1874, dando origem ao 1º
Tribunal de Menores. Com a 1ª Guerra Mundial, que deixou muitos órfãos, intensificou-se
uma maior necessidade de proteção em relação à infância.
Declaração dos Direitos da Criança de Genebra em 1924, promovida pela liga das
nações. Declaração Universal dos Direitos das Crianças, ONU em 1959. Convenção dos
Direitos das Crianças, subscrita pelo governo brasileiro e aprovada pelo Congresso
Nacional em 1990 (ECA).
ECA se funda em 6 Princípios norteadores:
•Prioridade Absoluta
•Melhor Interesse
•Municipalização
•Cidadania
•Bem comum
•Desenvolvimento
Artigo 16, I – O direito de liberdade consiste no direito de ir, vir e estar nos logradouros
públicos. Comentário: Este direito encontra limitação no caso de crianças ou adolescentes
em situação de risco e/ou perigo (art. 98 ECA), em que o recolhimento é autorizado e tem
fim assistencial. Nesse caso, não há violação ao direito à liberdade e sim uma proteção.
Art. 16, IV – Brincar, praticar esporte e divertir-se.
Art. 16, V– Participar da vida familiar sem discriminação.
Art. 16, VI – Participar da vida política. Somente a partir dos 16 anos de idade
Art. 16, VII – Buscar refúgio, auxílio e orientação.
Sempre que um menor procurar um adulto como fonte de apoio, inclusive no caso de
violência e de maus tratos, deverá ser ouvido por quem quer que seja. Tal obrigação é
então de todos.
Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Toda criança e adolescente tem direito a ser
criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de drogas
A regra é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta.
A criança ou adolescente deve ser mantido em sua família de origem, em regra. Desta
forma, a condenação criminal do pai ou da mãe nao implicará na destituição do poder
familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão,
contra o próprio filho ou filha.
A Lei 12.010/09, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente,
quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada,
que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.
Acolhimento Institucional: Esta forma se refere ao antigo abrigamento. A permanência da
criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2
(dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse.
Acolhimento Familiar: Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a
receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas
famílias.
A expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”.
A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, nos casos
previstos na lei e na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações.
Família substituta: guarda, tutela ou adoção.
Adoção: É ato jurídico que estabelece o estado de filiação e paternidade, condicionada à
chancela judicial.
Guarda: A guarda destina-se a regularizar a convivência de fato, atribuindo ao guardião
vínculo e representação jurídica em relação a criança ou adolescente.
Tutela: Pressupõe, ao contrário da guarda, a prévia destituição ou suspensão do poder
familiar dos pais (família natural).
Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho: Não vale mais o que está previsto no
art. 60 do ECA. Desta forma, quanto ao trabalho do menor, podemos afirmar que ao menor
de 18 anos é vedado o trabalho noturno, insalubre e perigoso e que ao menor de 16 anos
é vedado qualquer trabalho, salvo a partir dos 14 anos na condição de aprendiz.
Produtos e Serviços: O legislador criou algumas restrições com o objetivo de evitar que
certos produtos considerados perigosos e inadequados possam ser por eles adquiridos.
Política de Atendimento:
I – municipalização do atendimento;
II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do
adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
III – criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização
político-administrativa;
IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais
V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local
VI – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência
social
VII – mobilização da opinião pública para a indispensável participação dos diversos
segmentos
Este processo de construção de participação popular na área da infância e adolescência
deve ser realizado com a colaboração dos Conselhos Tutelares
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: IX – assessorar o Poder Executivo local na
elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos
direitos da criança e do adolescente;
Conselho Tutelar: É um órgão de natureza administrativa, da esfera do Poder Público
Municipal, permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Composição do Conselho: “Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito
Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da
administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população
local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo
processo de escolha.” A nova lei também alterou as prerrogativas e garantias.
Escolha dos Membros – Art. 139: Será estabelecido em lei municipal e realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a
fiscalização do Ministério Público.
Atribuições do Conselho – Artigo 136 do ECA
I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105
II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art.
129, I a VII;
III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
1.a) requisitar serviços nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho
e segurança;
2.b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento de suas
deliberações.
IV – encaminhar ao MP notícia de fato que constitua infração contra os direitos da criança
ou adolescente;
V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária para o adolescente
autor de ato infracional;
VII – expedir notificações;
VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando
necessário;
IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para
planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X – representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos
no art. 220
Competência: É determinada pelo domicílio dos pais ou responsáveis, ou, na falta destes,
pelo local onde se encontre a criança ou o adolescente ou onde houve o ato infracional
XI – representar ao MP para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar,
após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
família natural.
XII – promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de
divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças
e adolescentes.
Dos Direitos Individuais e das Garantias Processuais do Adolescente Infrator: São direitos
fundamentais e as garantias processuais do cidadão comum, acrescidos do status de
prioridade absoluta e adequados à condição de pessoa em desenvolvimento do
adolescente.
Objetivando dar mais visibilidade à apreensão do adolescente, determinou o legislador
que o delegado deverá comunicar a chegada do adolescente à Delegacia Especializada, ao
juiz e também à sua família ou à pessoa por ele indicada. Considerando-se que a privação
da liberdade constitui uma medida excepcional, deverá o Delegado verificar
imediatamente se é ou não cabível a liberação imediata do adolescente. Essa verificação
será feita com base nas regras contidas no art. 122 do ECA.
Previu o legislador a garantia de que nenhum adolescente possa ser apreendido senão em
flagrante delito ou por ordem do Juiz da Infância e da Juventude. É assegurado ainda ao
adolescente infrator, o direito de saber quem são os responsáveis pela sua apreensão, e
determina o ECA que o mesmo seja informado acerca dos seus direitos, inclusive o de
permanecer calado em sede policial.
A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e
cinco dias.
Para concluir o rol das garantias individuais, estende-se ao adolescente infrator o direito
constitucional a não identificação datiloscópica (“dedinhos”) na Delegacia, salvo em caso
de dúvidas decorrentes
O legislador prevê que nenhum adolescente poderá ser privado de sua liberdade, sem o
devido processo legal. Para cada conduta, garantiu ao adolescente infrator, o direito de
citação, igualdade na relação processual, defesa técnica por advogado, assistência
judiciária gratuita, bem como o direito de ser ouvido pessoalmente e de solicitar a
presença de seus pais em qualquer fase do processo.
O legislador garantiu ainda, alguns direitos ao adolescente infrator já privado de sua
liberdade pela medida socioeducativa de internação.