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WBA0255_V1.

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Legislação Trabalhista
Legislação Trabalhista
Autoria: Fabiana Larissa Kamada
Como citar este documento: KAMADA, Fabiana Larissa. Legislação Trabalhista. Valinhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico 06
Assista a suas aulas 25
Unidade 2: Remuneração e Salário 33
Assista a suas aulas 47
Unidade 3: Jornada de Trabalho 55
Assista a suas aulas 73
Unidade 4: Intervalos e Descanso Semanal 81
Assista a suas aulas 93

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Legislação Trabalhista
Autoria: Fabiana Larissa Kamada
Como citar este documento: KAMADA, Fabiana Larissa. Legislação Trabalhista. Valinhos: 2016.

Sumário
Unidade 5: Férias 100
Assista a suas aulas 112
Unidade 6: Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias 119
Assista a suas aulas 132
Unidade 7: FGTS 139
Assista a suas aulas 148
Unidade 8: Direito Coletivo do Trabalho 155
Assista a suas aulas 170

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Apresentação da Disciplina
Conhecer o Direito do Trabalho e a legislação lei específica assim determinar. Isto ocorre,
trabalhista é fundamental para o sucesso em por exemplo, com a regulamentação do tra-
diversas carreiras como em administração, balhador rural, Lei nº 5.889/73 e o trabalho
contabilidade, gestão de pessoas, segurança doméstico, Lei Complementar 150/15.
do trabalho, recursos humanos entre tantos Como norte dos direitos trabalhistas há a
outros cursos. Constituição Federal de 1988, que no art. 7º,
O profissional que busca estudar a legislação estabelece os direitos mínimos existenciais
trabalhista conseguirá prevenir situações de dos trabalhadores urbanos e rurais.
descumprimento da legislação trabalhista A legislação trabalhista, além da CLT e da
por descuido ou desconhecimento e, assim, CF/88, é composta por diversas leis esparsas
evitar demandas trabalhistas. e específicas, de Súmulas dos Tribunais Re-
É importante salientar que no Brasil a legis- gionais de cada região e de Súmulas do Tri-
lação principal que regulamenta as questões bunal Superior do Trabalho. As súmulas de-
trabalhistas é a Consolidação das Leis do monstram o entendimento sedimentado dos
Trabalho (CLT), de 1943, criada no governo tribunais após reiteradas decisões sobre um
de Getúlio Vargas. No entanto, essa legisla- determinado tema.
ção só se aplica aos trabalhadores urbanos e O grande desafio desta disciplina é levar o
avulsos, podendo ser aplicada de forma sub- máximo de conhecimento sobre as regras
sidiária para outros trabalhadores quando a
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trabalhistas, de forma simplificada e atuali-
zada, para que no seu dia a dia haja a aplica-
ção da lei sem qualquer dúvida ou temor.

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Unidade 1
Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico

Objetivos

1. Compreender os requisitos para ca-


racterização do contrato de trabalho
e os princípios que regem as relações
laborais.
2. Conhecer as espécies de contrato in-
dividual do trabalho.
3. Entender as regras do trabalho do-
méstico.

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Introdução

O trabalho e as formas de regulamentação por uma relação duradoura, possibilitando


e contratação foram diferentes ao longo o contratante estabelecer regras e condutas
da história. É inegável que o homem sem- necessárias ao empreendimento industrial.
pre trabalhou. No entanto, as sociedades O contrato de trabalho, dessa forma, é o
foram caracterizadas pela forma de divisão elemento central de toda a legislação tra-
do trabalho, formando-se ao longo do tem- balhista. Para a análise de todos os direitos
po, regimes de trabalho como a escravidão, trabalhistas é preciso se identificar os ele-
a servidão, o trabalho livre e o trabalho as- mentos e os sujeitos que compõem o con-
salariado. trato laboral.
É justamente o trabalho assalariado que
repousa o objeto do Direito do Trabalho na 1. Contrato de Trabalho: Requi-
sociedade capitalista. Isto porque embora sitos para a sua Caracterização
já existisse desde a Antiguidade o trabalho
livre, aquele que trabalhava em troca de um A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
pagamento, o chamado salário, somente em seu artigo 442, conceitua o contrato de
com a Revolução Industrial, no final do sé- trabalho ao estabelecer que: “Contrato in-
culo XVIII, é que surge a figura do trabalha- dividual de trabalho é o acordo tácito ou
dor assalariado e que se vincula ao trabalho expresso, correspondente à relação de em-
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prego”.
Para Arnaldo Süssekind, levando-se em Para saber mais
consideração o disposto nos artigos 2º e Arnaldo Lopes Süssenkid foi um jurista trabalhis-
3º da CLT, o contrato individual do trabalho ta muito importante. É conhecido como o “cons-
pode ser definido como o negócio jurídico trutor do Direito do Trabalho”. Süssekind, com
“em virtude do qual um trabalhador obri- apenas 29 anos, integrou a comissão nomeada
ga-se a prestar pessoalmente serviços não por Getúlio Vargas para elaboração da Consolida-
eventuais a uma pessoa física ou jurídica, ção das Leis do Trabalho (CLT), em 1942. (GOMES,
subordinando ao seu poder de comando, A. C. de.; PESANHA, E. G. F. da.; MOREL, R. M. de.
dele recebendo os salários ajustados”.1 (Orgs.) Arnaldo Sïssekind, um construtor do direi-
to do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 2004).

Assim, pode-se extrair dos artigos 2º e 3º da


CLT que para um trabalhador urbano ou rural
seja considerado empregado é obrigatório
que estejam presentes os seguintes requisi-
tos: pessoalidade, subordinação, onerosida-
1 SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de direito do trabalho. Rio de Ja-
neiro/São Paulo: Renovar, 2002. p. 209.
de, não-eventualidade ealteridade.
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Para a caracterização do vínculo de empre- ráter intuitu personae), apenas com relação
go é preciso se observar a onerosidade do ao empregado. Isto porque o indivíduo con-
contrato, ou seja, as vantagens recíprocas. tratado foi escolhido por suas qualifica-
O objetivo do contrato laboral é constituir ções pessoais e habilidades técnicas. A ele
uma obrigação. O empregado possui a obri- é depositada a confiança do empregador
gação de fazer, ou seja, prestar o trabalho. para a realização das atividades contrata-
Já para o empregador nasce a obrigação de das. Dessa forma, o empregado não poderá
dar, o que significa, pagar o salário, manter ser substituído por outro de sua escolha, ou
o ambiente de trabalho equilibrado e res- seja, não poderá mandar o amigo, o irmão, o
peitar as regras trabalhistas. vizinho, ou qualquer outra pessoa por mais
qualificado que seja para trabalhar em seu
A toda prestação de trabalho deverá haver lugar.
uma contraprestação pecuniária ou in na-
tura. O trabalho fornecido gratuitamente Na relação de emprego também deverá es-
será considerado voluntário, sem repercus- tar presente o requisito da subordinação
são trabalhista. jurídica. Isto quer dizer que o empregador
possui o poder diretivo de comandar, esco-
O contrato de emprego deverá ser presta- lher, controlar e fiscalizar os fatores de pro-
do por pessoa física, de forma pessoal (ca- dução e os seus trabalhadores.
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O poder diretivo pode ser desmembrado balho. Isto significa dizer que quem corre o
em: poder de direção, aquele que constitui risco do negócio é sempre o empregador e
a capacidade do empregador em comandar não o empregado.
as atividades do trabalhador, visando atin-
gir os objetivos da empresa; poder discipli- 2. Princípios que Regem os Con-
nar, impondo punições aos empregadores tratos de Trabalho
e o poder hierárquico ou de organização
compreendendo a hierarquia dos cargos e Para o Direito, de forma geral, os princípios
funções, bem como de escolher as estraté- são proposições genéricas importantes que
gias e rumos da empresa. servem de fundamento, inspiração e inter-
Além disso, a prestação de trabalho deverá pretação para todos os juristas e legislado-
ser habitual, não eventual. A mão de obra res, na elaboração das normas. Nem todos
será permanente e contínua, em regra. os fatos jurídicos são previstos em leis e
regras. Assim, os princípios são essenciais
E por fim, alguns doutrinadores2 conside- para resolver situações e problemas não
ram ainda, o Princípio da Alteridade, um observados pelos legisladores, em caso de
requisito caracterizador do contrato de tra- lacuna e omissão, ou ainda, como baliza
2 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Ja- orientadora na interpretação de determi-
neiro: Elsevier/Método, 2016.
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nado dispositivo pelos juristas, visando so- nalidade de diminuir as desigualdades pre-
lucionar casos da melhor maneira possível. sentes no contrato de trabalho.
Dessa forma, é necessário o conhecimen- O princípio da irrenunciabilidade de direi-
to dos princípios elementares do direito do tos, disposto no artigo 9º da CLT, torna os
trabalho. Quais sejam: Princípio da prote- direitos trabalhistas indisponíveis. Tal me-
ção; Princípio da irrenunciabilidade; Princí- canismo é fundamental diante da pressão
pio da continuidade da relação de emprego; dos empregadores, que por vezes, querem
Princípio da primazia da realidade; Princípio retirar direitos trabalhistas.
da inalterabilidade contratual; Princípio da
irredutibilidade salarial.
O princípio da proteção, o de maior impor-
tância para o direito do trabalho, consiste
Para saber mais
em equilibrar a relação trabalhista, entre o Art. 9º da CLT - Serão nulos de pleno direito os atos
empregado, o polo mais fraco e hipossufi- praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou
ciente, e o empregador. Ao empregado é fraudar a aplicação dos preceitos contidos na pre-
garantido mecanismos destinados a tutelar sente Consolidação.
os direitos mínimos trabalhistas com a fi-

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O princípio da continuidade da relação de prejuízo, direta ou indiretamente, ao em-
emprego é a regra no direito do trabalho. pregado.
Sempre haverá a presunção de que os con- E por fim, o princípio da irredutibilidade sa-
tratos de trabalho são por prazo indetermi- larial visa proteger a estabilidade financei-
nado. Caso haja um contrato por prazo de- ra, proibindo a redução do salário, em regra.
terminado, este deverá ser provado. A Constituição Federal de 1988, flexibilizou
O Princípio da primazia da realidade es- esse entendimento ao permitir a diminui-
tabelece que, o que importa, é a realidade ção salarial por meio de convenção ou acor-
dos fatos em detrimento da verdade formal. do coletivo de trabalho.
Esse procedimento visa coibir as fraudes
trabalhistas. 3. Espécies de Contrato de Tra-
O Princípio da inalterabilidade contratual balho
em prejuízo ao trabalhador estabelece que
Para que o contrato de trabalho seja válido
é vedado a alteração que objetiva lesionar
é preciso observar, primeiramente, os ele-
os interesses do empregado. O artigo 468,
mentos essenciais do contrato. Conforme
da CLT, permite a alteração das cláusulas
dispõe o artigo 104 do Código Civil (CC),
contratuais somente quando houver mútuo
para a validade do negócio jurídico, e des-
consentimento e desde que não acarrete
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sa forma, do contrato, é imprescindível que
haja: agente capaz, objeto lícito, possível, Para saber mais
determinado ou determinável e forma pres- Em 2009, foi editado o Decreto nº 6.481 estabe-
crita ou não defesa em lei. lecendo a proibição das piores formas de traba-
Somente poderá ser realizado contrato de lho infantil e ação imediata para sua eliminação.
trabalho com maiores de dezesseis anos, Foi aprovada a Lista das Piores Formas de Traba-
idade mínima para o trabalho, salvo para a lho Infantil (Lista TIP), proibindo o exercício de al-
aprendizagem com idade a partir dos qua- gumas atividades aos trabalhadores menores de
torze anos. Não será, ainda, permitido o dezoito anos.
trabalho de atividades proibidas, como por
exemplo, o trabalho de menor de idade en- Para a validação do contrato é essencial a
tre dezesseis e dezoito anos para trabalhos observância das espécies permitidas de
insalubres e perigosos. contrato de trabalho. O artigo 443, da CLT
dispõe que: “o contrato individual de traba-
lho poderá ser acordado tácita ou expres-
samente, verbalmente ou por escrito e por
prazo determinado ou indeterminado”.

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O contrato de trabalho poderá ser expres- da CLT, gera um ilícito administrativo não
so ou tácito. Aquele será ajustado entre as impedindo o pacto verbal com todas as re-
partes de forma clara e precisa as cláusu- percussões trabalhistas. Todavia, algumas
las do pacto laboral. Atenção que o contra- espécies de contrato devem ser obrigato-
to expresso poderá ser escrito ou verbal. O riamente realizadas de forma expressa, por
contrato tácito é a prestação habitual do escrito, como o contrato do menor apren-
empregado, sem a oposição do empregador diz (artigo 428, CLT), o contrato de trabalho
sem o ajuste expresso das cláusulas contra- temporário (Lei nº 6.019/74, artigo 11), en-
tuais. tre outros.
O trabalhador poderá firmar um contra- A regra dos contratos trabalhistas é que
to escrito caracterizado pela assinatura da sejam pactuados de forma indeterminada,
Carteira de Trabalho e Previdência Social passando o empregado a integrar perma-
(CTPS) ou pela assinatura de um pacto con- nentemente a atividade empresarial. De
tendo todos os detalhes da contratação. forma excepcional é permitida a contrata-
Mas em função da informalidade, admite- ção por prazo determinado, os chamados
-se a contratação verbal, A não assinatura contratos a termo. Nesta situação, as partes
da CTPS, em 48 horas, contado da admis- já têm conhecimento do início e do fim do
são, conforme prevê o artigo 29 e 39, § 1º contrato. No entanto, em virtude do princí-
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pio da continuidade da relação trabalhista, é temporária, como ocorre na produção de
o contrato a termo somente poderá ser ce- ovos de páscoa e o funcionamento de hotel
lebrado nos casos permitidos por lei. São di- que só abre na temporada. Nas duas situ-
versas normas que permitem o contrato por ações acima o prazo máximo é de 2 anos.
prazo determinado, a saber as principais: E por último, o contrato de experiência no
CLT, Lei nº 9.601/98 e Lei nº 6.019/74. qual ambas as partes irão se testar mutual-
De acordo com a CLT, é possível a contra- mente, tendo como prazo máximo 90 dias,
tação por prazo determinado, artigo 443, admitindo-se, dentro do prazo máximo de
de serviço cuja natureza ou transitoriedade validade, uma única prorrogação (artigos
justifique a predeterminação do prazo;  de 445 e 451 da CLT).
atividades empresariais de caráter transi-
tório e de contrato de experiência. Na pri-
meira hipótese, o que importa é a natureza
Link
TRT3. Contratos de trabalho por tempo determi-
ou periodicidade do serviço. Podemos iden-
nado, previstos na CLT. Disponível em: < https://
tificar essa situação na contratação tempo-
www.trt3.jus.br/download/trabalho_tem-
rária de um funcionário para a montagem
po_determinado_banner.pdf>. Acesso em: 18
de uma máquina e excesso de demanda. No
set. 2016.
segundo caso, a atividade da empresa é que
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 O contrato por prazo determinado previsto 4. Trabalho Doméstico
na Lei nº 9.601/98, flexibilizando os direitos
trabalhistas na tentativa de estimular novos No Direito de Trabalho, a CLT é a norma apli-
empregos, prevê a contratação a termo em cada para os trabalhadores urbanos. Para
qualquer situação, sem as restrições da CLT outras relações trabalhistas a lei será outra
exigindo apenas a negociação coletiva. O como se verifica, por exemplo, no trabalho
prazo máximo é de 2 anos. rural, Lei nº 5.889/73; no trabalho avulso
Lei nº 12.023/09; no trabalho portuário Lei
Pela Lei nº 6.019/74 o trabalho temporário,
nº 9.719/98.
apenas nas empresas urbanas, visa atender
à necessidade transitória de substituição O trabalho doméstico é um desses traba-
de um pessoal regular e permanente ou o lhos que não são regulados pela CLT, mas
acréscimo extraordinário de serviço. Nesta pela Constituição Federal de 1988 e por
modalidade haverá uma empresa interme- normas específicas.
diadora da mão de obra. O prazo máximo é O trabalho doméstico é uma das ativida-
de 3 meses. des mais antigas do mundo, por sua forte
relação com a organização social e familiar.
Desde o período da escravidão havia a figu-
ra da escrava doméstica que com o fim da
16/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico
escravatura foram incorporadas ao trabalho Constitucional 72, de 2013 e pela Lei Com-
doméstico. Em verdade, nos “anos finais do plementar 150, de 2015.
século XIX e início do XX mais de 70% da po- A atual redação do parágrafo único, do ar-
pulação economicamente ativa ex-escrava tigo 7º, da Constituição Federal, com a al-
estava inserida no trabalho doméstico”.3
teração da EC 72/13 disciplina os novos di-
Dessa forma, as primeiras legislações sobre reitos dos trabalhadores domésticos. Como
o trabalho doméstico refletiam o conceito novidade destaca-se: controle de jornada
histórico de atividade subalterna, desvalo- de trabalho, pagamento de horas extras,
rizada e desqualificada. possibilidade de banco de horas, obrigato-
A CLT expressamente excluiu a regulação da riedade do FGTS que antes era facultativo,
atividade doméstica em seu artigo 7º. intervalo para descanso (que poderá ser re-
duzido para 30 minutos), seguro desempre-
Anteriormente o emprego doméstico era
go (direito a três parcelas no valor de um sa-
regulado pela Lei nº 5.859/72 revogada
lário mínimo, quando houver dispensa sem
pela Constituição Federal, com a Emenda
justa causa).
3 PEREIRA, Bergman de Paula. De escravas a empregadas
domésticas – a dimensão social e o “lugar” das mulheres negras O empregado doméstico terá direito ao
no pós-abolição. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh. FGTS correspondente a um depósito mensal
org/resources/anais/14/1308183602_ARQUIVO_ArtigoAN-
PUH-Bergman.pdf<. Acesso em: 1 out.2016. de 8% com base em sua remuneração. Além
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disso, o empregador deverá recolher men- previdenciários que deverão ser recolhidos
salmente o percentual de 3,2% a título de pelos empregadores domésticos em função
indenização compensatória (multa rescisó- dos trabalhadores a eles vinculados, todo
ria) que será revertido ao empregado ou ao trabalhador doméstico deverá ser cadas-
empregador no fim do contrato de trabalho trado no E-social, sistema de escrituração
de acordo com o tipo de rescisão. digital das obrigações fiscais, previdenciá-
Alguns direitos já tinham aplicação imedia- rias e trabalhistas, que visa unificar a pres-
ta, outros foram regulamentados pela Lei tação de informações pelo empregador em
Complementar 150/15 que conceitua, no relação aos seus trabalhadores.
artigo 1º, o trabalhador doméstico sendo
“aquele que presta serviços de forma contí-
nua, subordinada, onerosa e pessoal, de fi-
nalidade não lucrativa à pessoa ou à família,
Link
no âmbito residencial destas, por mais de 2 BRASIL. ESocial. Disponível em: <http://www.
(dois) dias por semana”. esocial.gov.br/>. Acesso em: 21 out.2016.

Com a instituição, pela LC 150/15, do sim-


ples doméstico, que unificou o pagamento
dos tributos e dos encargos trabalhistas e
18/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico
Glossário
Trabalho: sua origem vem da palavra “tripalium” que significa instrumento feito de três paus
que tinha a finalidade de debulhar o trigo ou milho. Essa ferramenta era utilizada também
como método de tortura. Hoje o conceito é entendido como o conjunto de atividades realizadas
com o objetivo de se atingir uma meta.
Empregador: conceito disposto no artigo 2º da CLT: Considera-se empregador a empresa, indivi-
dual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a pres-
tação pessoal de serviço.
Empregado: conceito disciplinado pelo artigo 3º da CLT: Considera-se empregado toda pessoa
física que prestar serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e me-
diante salário.

19/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico


?
Questão
para
reflexão

Analise a antiga legislação do trabalhador doméstico,


antiga redação do parágrafo único do artigo 7º, CF/88
c/c Lei 5.859/72, e compare com a nova regulamenta-
ção estabelecida no parágrafo único do artigo 7º, da
CF/88 e a LC 150/15 e verifique quais foram os direitos
ampliados aos trabalhadores domésticos que não eram
assegurados anteriormente.

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Considerações Finais
• Para a caracterização do contrato de trabalho é preciso estar presente a pes-
soalidade (pessoa física); a subordinação; a não-eventualidade; a onerosida-
de e a alteridade (risco da atividade pelo empregador).
• O contrato de trabalho poderá ser tácito ou expresso; verbal ou escrito e in-
determinado ou determinado.
• São elementos essenciais à validade do contrato de trabalho (artigo 104,
CC): agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; for-
ma prescrita ou não defesa em lei.
• São princípios do direito do trabalho: Princípio da proteção; Princípio da con-
tinuidade da relação trabalhista; Princípio da primazia da realidade; Princípio
da irrenunciabilidade; Princípio da inalterabilidade contratual lesiva; Princí-
pio da irredutibilidade salarial; Princípio da alteridade.
• A EC 72/13 garantiu diversos direitos aos trabalhadores domésticos não as-
segurados anteriormente. Alguns direitos tiveram aplicação imediata, ou-
tros foram regulamentados pela LC 150, de 2015.
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Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Sena-


do. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 2 dez.2016.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez.2016.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF, Senado. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 2dez.2016.
BRASIL. Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973. Estatui normas reguladoras do trabalho rural. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5889.htm>. Acesso
em: 2 dez. 2016.
BRASIL. Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o trabalho domésti-
co. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp150.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 5.859, de 11 de dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado do-
méstico. Alterado pela Lei Complementar nº 150, de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L5859.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.
22/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico
BRASIL. Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008. Regulamenta a Convenção 182 da Organiza-
ção Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibição das piores formas de trabalho infantil
e ação imediata para sua eliminação. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6481.htm>. Acesso em: 2 dez.2016.

BRASIL. Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas
urbanas. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6019.
htm>. Acesso em: 2 dez.2016.

BRASIL. Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998. Dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo
determinado. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L9601.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 9.719, de 27 de novembro de 1998. Dispõe sobre normas e condições gerais de
proteção ao trabalho portuário. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L9719.htm>. Acesso em: 2 dez.2016.

CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.


DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.

23/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico


GOMES, A C. de; PESANHA, E. G. F. das; MOREL, R. M. de. (Orgs.) Arnaldo Sïssekind, um construtor
do direito do trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
PEREIRA, B. P. De. De escravas a empregadas domésticas – a dimensão social e o “lugar” das
mulheres negras no pós-abolição. Disponível em: <http://www.snh2011.anpuh.org/resources/
anais/14/1308183602_ARQUIVO_ArtigoANPUH-Bergman.pdf>. Acesso em: 1 out. 2016.

SUSSEKIND, A. Curso de direito do trabalho. Rio de Janeiro/São Paulo: Renovar, 2002.

24/177 Unidade 1 • Contrato de Trabalho e Trabalho Doméstico


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Contrato de Trabalho e Trabalho Aula 1 - Tema: Contrato de Trabalho e Trabalho
Doméstico. Bloco I Doméstico. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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d47a/0bd8f26e329152e0f7ffd4039e89d604>. d47a/df9cabe903fbbc707b62f425cb9e2677>.

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Questão 1
1. São princípios do Direito do Trabalho:

a) Princípio da legalidade, princípio da impessoalidade e princípio da publicidade.


b) Princípio da primazia da realidade, princípio da continuidade da relação de emprego e prin-
cípio da legalidade.
c) Princípio da irredutibilidade salarial, princípio da primazia da realidade e princípio da prote-
ção.
d) Princípio da primazia da realidade, princípio da continuidade da relação de emprego e prin-
cípio da publicidade.
e) Princípio da legalidade, princípio da irrenunciabilidade de direitos e princípio da publicidade.

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Questão 2
2. São requisitos caracterizadores da relação de emprego:

a) Pessoalidade e subordinação.
b) Pessoalidade e eventualidade.
c) Onerosidade e impessoalidade.
d) Subordinação e eventualidade.
e) Impessoalidade e eventualidade.

27/177
Questão 3
3. Sobre o contrato de trabalho é correto a afirmação:

a) O contrato de trabalho, em qualquer situação, poderá ser de forma expressa ou tácita; ver-
bal ou escrito e determinado ou indeterminado.
b) O contrato de trabalho, em regra, é informal, podendo ser de forma expressa ou tácita; verbal
ou escrito e determinado ou indeterminado. As normas trabalhistas, no entanto, trazem re-
gras especiais para a contratação por tempo determinado, devendo ser o contrato realizado
de forma expressa e escrita, caso contrário haverá a presunção de continuidade contratual.
c) O contrato de trabalho deverá ser sempre expresso, escrito, tanto para os contratos por pra-
zo indeterminado quanto para os a termo.
d) O contrato de trabalho deverá ser expresso, ou seja, aquele que é escrito ou tácito.
e) É proibido o contrato de trabalho realizado de forma verbal.

28/177
Questão 4
4. Para o contrato de trabalho ser válido é preciso se observar:

a) A capacidade do agente. É permitido o trabalho a partir dos 14 anos.


b) A capacidade do agente. É permitido o trabalho a partir dos 18 anos, salvo a partir dos 16
como aprendiz.
c) A capacidade do agente. O trabalho, em qualquer situação, somente será permitido para os
maiores de 16 anos, sendo autorizados aos maiores de 14 anos a aprendizagem.
d) A capacidade do agente. O trabalho será permitido a partir dos 16 anos, ressalvados alguns
trabalhos considerados prejudiciais aos menores de 18 anos, que só poderão exercer certas
funções ao completarem os 18 anos.
e) A capacidade do agente. É permitido a aprendizagem a partir dos 14 anos até os 21 anos.

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Questão 5
5. São elementos de validade dos contratos, inclusive os trabalhistas:

a) Agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não
defesa em lei.
b) Agente capaz; objeto explícito é lícito; forma escrita.
c) Agente capaz; objeto lícito e possível, não precisa ser determinado; forma expressa.
d) Agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma não prescrita ou
não defesa em lei.

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Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: B.

São princípios do direito do trabalho: da Para o direito do trabalho o princípio da


proteção, da continuidade da relação de continuidade da relação trabalhista rege as
emprego, da primazia da realidade, da al- relações contratuais. Dessa forma, a legis-
teridade da irrenunciabilidade dos direitos lação permite que o contrato seja de forma
trabalhistas, da irredutibilidade salarial, da expressa ou tácita; verbal ou escrito e de-
vedação de alteração contratual em prejuí- terminado ou indeterminado, sendo obri-
zo ao trabalhador. gatório a forma escrita e expressa para os
contratos determinados, caso contrário ha-
verá a presunção da continuidade da rela-
2. Resposta: A.
ção trabalhista.
São elementos caracterizadores da relação
de emprego: a pessoalidade, a subordina- 4. Resposta: D.
ção, a não-eventualidade e a onerosidade.
É permitido o trabalho a partir dos 16 anos,
salvo as atividades previstas na Lista das
Piores Formas de Trabalho Infantil (TIP) que
proíbe o trabalho do menor de 18 anos. O
31/177
Gabarito
aprendiz deverá ter de 14 a 24 anos. Para os
aprendizes com deficiência, não se aplica a
idade máxima.

5. Resposta: A.

Conforme o artigo 104 do Código Civil, são


elementos obrigatórios para a validade dos
negócios jurídicos, ou seja, os contratos de
forma geral: o agente capaz; objeto líci-
to, possível, determinado ou determinável;
forma prescrita ou não defesa em lei.

32/177
Unidade 2
Remuneração e Salário

Objetivos

1. Compreender os conceitos de remu-


neração e salário.
2. Analisar as possibilidades de descon-
tos salariais e as normas de proteção
do salário.
3. Estudar a gratificação natalina.

33/177
Introdução

Entender a composição e a forma de cálculo nia também deriva do latim pecus que sig-
da remuneração não é uma tarefa fácil. Pri- nifica boi, pois, assim como o sal, o boi era
meiramente, é preciso compreender o que moeda de troca na antiguidade.
significa remuneração, salário, salário bá- As nomenclaturas, para salário, são diferen-
sico, salário utilidade, salário complessivo, tes dependendo da categoria. Os funcioná-
além de outros tipos de salários e possíveis rios públicos recebem vencimentos; os ma-
descontos, para que seja possível praticar gistrados os subsídios; o profissional liberal
os cálculos trabalhistas e realizar os paga- o honorário; o militar o soldo; o aposentado
mentos de forma correta. o provento, o chefe religioso a côngrua.
A legislação trabalhista protege o salário do
trabalhador contra os abusos do emprega- 1. Remuneração
dor. Assim, é preciso compreender as nor- De acordo com o artigo 457 da CLT a remu-
mas e princípios de proteção ao salário. neração consiste para todos os efeitos le-
É interessante notar que a palavra salário gais, além do salário devido e pago direta-
deriva do latim salis que significa sal, justa- mente pelo empregador, como contrapres-
mente por ter sido o sal a moeda de paga- tação do serviço, as gorjetas que receber.
mento oferecida pelos romanos para pagar Assim, podemos dizer que a remuneração
seus domésticos e soldados. O termo pecú- equivale a soma do salário mais a gorjeta.
34/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário
REMUNERAÇÃO = salário + gorjeta A gorjeta, conforme o § 3º do artigo 457
da CLT, é não só a importância esponta-
2. Gorjeta neamente dada pelo cliente ao emprega-
do, como também aquela que for cobrada
pela empresa ao cliente, como adicional nas
Para saber mais contas, a qualquer título, e destinada a dis-
A gorjeta é o hábito de retribuir quem prestou al- tribuição aos empregados.
gum serviço de forma satisfatória. Uma das hipó-
O trabalhador poderá receber a gorjeta di-
teses do surgimento da gorjeta atribui a origem
retamente do cliente ou através dos 10%
aos costumes na Europa. Quando alguém soli-
cobrados sobre a conta. No Brasil a gorjeta
citava um serviço dava a quem o realizava uma
é facultativa.
bebida ou um dinheiro para comprá-la. Assim, o
termo utilizado em diversos países remete a “be- A gorjeta integra a remuneração do empre-
bida”: em inglês “tip” (derivado da palavra “ti- gado não servindo de base de cálculo para
pple” sinônimo de bebida); na Alemanha “trink- as parcelas de aviso-prévio, adicional no-
geld” (dinheiro para bebida); na França “pourboi- turno, horas extras e repouso semanal re-
re” (para beber). No Brasil, é comum as pessoas se munerado, conforme entendimento do TST
referirem a gorjeta como “um cafezinho”. na súmula 354.

35/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário


o pagamento integral, de forma irredutível
Para saber mais e intangível.
Não se pode confundir gorjeta com guelta. Esta é O pagamento, que deverá ser em moeda
uma gratificação, um incentivo oferecido por ter- corrente do país, caso contrário será con-
ceiros (fornecedor, produtor ou distribuidor) aos siderado como não realizado, não deverá
empregados pela promoção do produto ou marca. ser estabelecido por período superior a um
Ocorre muito com a promoção de medicamentos. mês, devendo ser pago até o 5º dia útil sub-
O TST entende ser aplicável, por analogia, a sú- sequente ao mês vencido, salvo às comis-
mula 354 para as gueltas. sões, percentagens ou gratificações, artigo
459 da CLT.
3. Salário A fixação do salário levará em conta a) o
tempo trabalhado ou à disposição do em-
O salário é a contraprestação paga direta-
pregador; b) o resultado obtido em função
mente pelo empregador ao empregado pe-
da produção; c) a tarefa realizada em deter-
los serviços prestados, em dinheiro ou em
minado tempo. Na primeira hipótese o sa-
utilidade, § 2º do artigo 458 da CLT. As nor-
lário será estabelecido por hora, dia, sema-
mas e os princípios trabalhistas visam pro-
na, quinzena ou por mês, não se vinculando
teger o salário do empregado, objetivando
com o resultado, mas com o tempo despen-
36/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário
dido do empregado. Na segunda modalida- parte em utilidade. É preciso destacar que o
de, a aferição do salário não está vinculado salário não poderá ser pago integralmente
com o tempo gasto na execução do serviço, em utilidade, é preciso que o pagamento de
mas, com o próprio serviço realizado, como 30% seja realizado em dinheiro.
por exemplo o número de peças produzidas. SALÁRIO = salário em dinheiro + salário
Por fim, e mais raro, é possível a fixação do utilidade (in natura)
salário com relação a tarefa, na qual o traba-
lhador deverá executar determinadas tare- O salário utilidade, previsto no artigo 458
fas durante a sua jornada de trabalho, e caso da CLT, estabelece que além do pagamento
tenha cumprido antes do fim de sua jornada em dinheiro, compreende-se salário, para
diária terá a faculdade de ir embora. todos os efeitos legais, a alimentação, ha-
bitação, vestuário ou outras prestações in
Além disso, há quatro tipos de salário: sa- natura que a empresa, por força do contra-
lário básico; salário in natura; sobressalário; to ou do costume, fornecer habitualmente
salário complessivo. ao empregado. Em caso algum será permi-
O salário básico é a contraprestação paga tido o pagamento com bebidas alcoólicas
pelo empregador ao trabalhador em fun- ou drogas nocivas. Assim, para caracterizar
ção do serviço prestado, podendo ser total- o salário utilidade é preciso estar presente
mente em dinheiro ou parte em dinheiro e dois requisitos: a habitualidade e a gratuita.
37/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário
Caso a utilidade seja fornecida como uma tuação, o trabalhador por não poder aufe-
vantagem pela prestação de serviço terá rir exatamente o quanto recebeu atinente
natureza salarial. a cada parcela, o TST entende que o ato é
O sobressalário é a prestação que integra o nulo (§ 2º, do artigo 477 da CLT e Súmula 91
complexo salarial complementando o salá- do TST).
rio básico, como o adicional noturno, o adi-
cional de insalubridade e periculosidade, o 4. Equiparação Salarial
adicional de horas extras, gratificações, co-
A Constituição Federal de 1988, no artigo
missões, percentagens.
7º, XXX, proíbe qualquer discriminação em
SALÁRIO = salário básico + sobressalário razão de salário, de exercício de funções e
Salário complessivo é o pagamento sem a de critério de admissão por motivo de sexo,
discriminação das verbas quitadas pelo em- idade, cor ou estado civil. Assim, o trabalha-
pregador, ou seja, quando o pagamento do dor que exerce a mesma função, atendidos
salário é efetuado em parcela única, sem de- os requisitos impostos pela lei (identidade
limitar, de forma clara, o valor de cada verba de funções; trabalho de igual valor; mesmo
trabalhista (salário, férias, décimo terceiro empregador; mesma localidade; simulta-
salário, adicionais, entre outros). Nesta si- neidade na prestação de serviço e inexis-

38/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário


tência de quadro organizado de carreira) e dência privada, ou de entidade cooperativa,
que não possua igualdade salarial poderá cultural ou recreativo-associativa de seus
postular na Justiça do Trabalho a equipara- trabalhadores, em seu benefício e de seus
ção salarial com o paradigma. dependentes, não afrontam o disposto no
art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada
5. Descontos no Salário a existência de coação ou de outro defeito
que vicie o ato jurídico, conforme a súmula
É vedado qualquer desconto, pelo emprega- 342 do TST.
dor, nos salários do trabalhador, salvo quan- Será lícito o desconto quando o empregado
do resultar de adiantamento, de dispositivo causar dano, desde que esta possibilidade
de lei (por exemplo: contribuição sindical) tenha sido acordada no contrato de trabalho
ou de contrato coletivo (por exemplo: con- ou na ocorrência de dolo do empregador.
tribuição assistencial), artigo 462 da CLT.
É permito os descontos salariais efetuados 6. Gratificação Natalina
pelo empregador, com a autorização prévia
A gratificação natalina, também conhecida
e por escrito do empregado, para ser inte-
como 13º salário, é o pagamento compul-
grado em planos de assistência odontológi-
sório que possui natureza salarial, prevista
ca, médico-hospitalar, de seguro, de previ-
na CF/88, artigo 7º, VIII e Lei nº 4.090/62.
39/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário
Para saber mais
O 13º salário em sua origem, era uma prática informal carregada de significados culturais que se trans-
formou em benefício garantido por lei. Na década de 1940 os trabalhadores achavam que tinham direito
a receber alguma gratificação na época do Natal. O interessante é que na primeira vez em que os ope-
rários se reuniram e foram conversar com o patrão sobre a gratificação, “eles foram contemplados com
um saco de laranja. Indignados, no ano seguinte os trabalhadores resolveram fazer outra proposta: um corte
de tecido. O patrão concedeu, mas o tecido era considerado de má qualidade, além de ser muito quente para
a estação do ano. Mesmo assim, os funcionários da fábrica resolveram aceitar”. CORREA, Larissa Rosa. Traba-
lhadores têxteis e metalúrgicos a caminho da Justiça do Trabalho: leis e direitos na cidade de São Paulo, 1953 a
1964. Dissertação de Mestrado. 2007. 243 f. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. p. 154.

Link
CORREA, Larissa Rosa. Trabalhadores têxteis e metalúrgicos a caminho da Justiça do Trabalho: leis e direitos
na cidade de São Paulo, 1953 a 1964. Dissertação de Mestrado. 2007. 243 f. Dissertação (Mestrado em
História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. <http://
www.tst.jus.br/documents/10157/3557467/larissacorrea.pdf>. Acesso em: 21 out. 2016.

40/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário


O 13º salário equivale a um mês da remu- entanto, caso o obreiro requeira o adianta-
neração do empregado quando tiver com- mento, no mês de janeiro, deverá ser obrig-
pletado 12 meses de trabalho, consideran- atoriamente concedido a primeira parcela
do-se a fração igual ou superior a 15 dias do 13º salário no mês de férias deste tra-
como mês integral para efeito de pagamen- balhador.
to. Caso o contrato de trabalho seja rescin-
dido antes de completar os 12 meses, o em-
pregado receberá o pagamento proporcio-
nal da gratificação natalina.
O pagamento da gratificação natalina de-
verá ser realizado até o dia 20 de dezembro
de cada ano, devendo o empregador adi-
antar o pagamento, primeira parcela cor-
respondendo metade do salário percebido
no mês anterior, entre fevereiro e novem-
bro de cada ano. O empregador não tem a
obrigação de conceder o adiantamento a
todos os trabalhadores no mesmo mês. No
41/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário
Glossário
Gratificações: pagamento pelo empregador ao empregado de um valor como forma de prêmio
ou incentivo.
Paradigma: que serve de modelo, padrão.
Dolo: é um ato ou vontade de um indivíduo que age de má-fé. A deliberação de violar a lei.

42/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário


?
Questão
para
reflexão

Analise um holerite e identifique quais verbas compõem


a remuneração, o salário básico, salário utilidade (in na-
tura) e o sobressalário.

43/177
Considerações Finais (1/2)

• A remuneração consiste para todos os efeitos legais, além do salário


devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação
do serviço, as gorjetas que receber.
• O salário é a contraprestação paga diretamente pelo empregador ao
empregado pelos serviços prestados, em dinheiro ou em utilidade.
• A Constituição Federal de 1988, no artigo 7º, XXX, proíbe qualquer
discriminação em razão de salário, de exercício de funções e de crité-
rio de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.
• É vedado qualquer desconto, pelo empregador, nos salários do traba-
lhador, salvo quando resultar de adiantamento, de dispositivo de lei
ou de contrato coletivo.

44/177
Considerações Finais (2/2)
• O 13º salário equivale a um mês da remuneração do empregado quan-
do tiver completado 12 meses de trabalho, considerando-se a fração
igual ou superior a 15 dias como mês integral para efeito de paga-
mento. Caso o contrato de trabalho seja rescindido antes de comple-
tar os 12 meses, o empregado receberá o pagamento proporcional da
gratificação natalina.

45/177
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Sena-


do. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 2 dez.2016.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.
BRASIL. Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962. Institui a Gratificação de Natal para os trabalha-
dores. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4090.
htm>. Acesso em:2 dez.2016.
CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.
CORREA, L. R. Trabalhadores têxteis e metalúrgicos a caminho da Justiça do Trabalho: leis e di-
reitos na cidade de São Paulo, 1953 a 1964. Dissertação de Mestrado. 2007. 243 f. Dissertação
(Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de
Campinas.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.

46/177 Unidade 2 • Remuneração e Salário


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Remuneração e Salário. Bloco I Aula 2 - Tema: Remuneração e Salário. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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d47a/80205b9a664173bcd55f941b1409657c>. d47a/d10044fc35b8fda26951fac070a95d6b>.

47/177
Questão 1
1. A remuneração é composta:

a) Pelo salário e sobressalário.


b) Pelo salário “in natura” e salário-base.
c) Pelo salário e gorjeta.
d) Pelo salário complessivo e guelta.
e) Pelo salário in natura e sobressalário.

48/177
Questão 2
2. Sobre o salário é possível se afirmar que:

a) É permitida a redução do salário por acordo individual entre o empregado e o empregador.


b) O salário poderá ser pago pelo empregador exclusivamente em utilidade.
c) O empregador poderá realizar o pagamento sem discriminar as verbas quitadas ao empre-
gado.
d) É composto pelo salário básico e a gorjeta.
e) Para a configuração do salário utilidade como parte integrante do salário é preciso se obser-
var a habitualidade e a gratuidade.

49/177
Questão 3
3. A equiparação salarial é um direito do trabalhador constitucionalmente
assegurado e pressupõe a presença de requisitos. Dentre os requisitos a se-
guir, o único que não é exigido é:

a) A identidade de funções.
b) O trabalho de igual valor.
c) O mesmo empregador.
d) A existência de quadro organizado em carreira.
e) A simultaneidade na prestação de serviço.

50/177
Questão 4
4. Em respeito ao princípio da intangibilidade salarial a legislação trabalhista
dispõe que:

a) É proibido, em qualquer circunstância, o desconto no salário do trabalhador.


b) Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quan-
do este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
c) Será lícito o desconto do salário do empregado quando ele tiver causado dano ao emprega-
dor.
d) É permitido o desconto pela empresa da venda de mercadorias aos empregados, utilizando-
-se do sistema de barracão ou armazéns.
e) Em caso de dano causado pelo empregado é permitido o desconto pelo empregador apenas
quando na ocorrência de dolo do empregado.

51/177
Questão 5
5. Sobre o 13º salário é possível se afirma que:

a) Não possui natureza salarial.


b) Não é devido ao empregado doméstico.
c) A primeira parcela do 13º salário deve ser paga entre os meses de fevereiro e novembro ou
por ocasião das férias quando for solicitado pelo empregado.
d) A fração igual ou superior a 20 dias de trabalho será havida como mês integral para o cálculo
do 13º salário.
e) A gratificação corresponderá a 1/13 avos da remuneração devida em dezembro.

52/177
Gabarito
1. Resposta: C. terizado o salário complessivo. O salário é
composto pela somatória do salário básico
A remuneração é composta pelo salário e a e os sobressalário.
gorjeta, conforme o artigo 457 da CLT.
3. Resposta: D.
2. Resposta: E.
Os requisitos exigidos para que haja a equi-
Para a configuração do salário utilidade paração salarial são: identidade de funções;
como parte integrante do salário é preciso trabalho de igual valor; mesmo emprega-
se observar a habitualidade (artigo 458, da dor; inexistência de quadro organizado em
CLT) e a gratuidade. As demais assertivas carreira e simultaneidade na prestação de
estão erradas pois o salário está protegido serviço. A adoção pelo empregador de qua-
pelo princípio da irredutibilidade salariais, dro organizado em carreira, em que as pro-
sendo permitida a redução apenas quan- moções são feitas por antiguidade e mere-
do houver convenção ou acordo coletivo do cimento, excluem o direito à equiparação
trabalho. O salário deverá ser pago pelo me- salarial.
nos 30% em dinheiro. O pagamento deverá
ser discriminado, caso contrário será carac-

53/177
Gabarito
4. Resposta: B. 5. Resposta: C.
O artigo 462 da CLT veda o desconto nos sa- O 13º salário possui natureza salarial e é
lários do empregado, salvo quando este re- devido aos trabalhadores urbanos, rurais,
sultar de adiantamentos, de dispositivos de avulsos e domésticos. A primeira parcela
lei ou de contrato coletivo. Será lícito o des- do 13º salário deve ser paga entre os meses
conto em caso de dano causado pelo em- de fevereiro e novembro ou por ocasião das
pregado, desde que esta possibilidade te- férias quando for solicitado pelo empre-
nha sido acordada ou na ocorrência de dolo gado. A fração igual ou superior a 15 dias
do empregado. Não é permitido o descon- de trabalho será havida como mês integral
to pela empresa da venda de mercadorias para o cálculo do 13º salário. A gratificação
aos empregados, utilizando-se do sistema corresponderá a 1/12 avos da remuneração
de barracão ou armazéns, figura conhecida devida em dezembro.
como truck system.

54/177
Unidade 3
Jornada de Trabalho

Objetivos

1. Compreender as modalidades de jor-


nada de trabalho.
2. Entender as formas de prorrogação de
trabalho.
3. Analisar os trabalhadores excluídos
do controle de jornada.

55/177
Introdução

Estabelecer uma jornada de trabalho é ex- cimento de seu horário de trabalho dentro
tremamente importante para o Direito do do tempo permitido pela legislação laboral.
Trabalho, compondo a regras de saúde e se- Assim, a delimitação do tempo de duração
gurança do trabalho. do trabalho tem como fundamento os as-
É preciso delimitar o tempo de trabalho di- pectos biológicos, sociais e até econômicos.
ário, semanal, dentro da jornada (estabe- Este aspecto é considerado pela doutrina1
lecendo descansos e pausas), entre as jor- por ter estudos que comprovam que o tra-
nadas diárias para que o corpo e a mente balhador cansado produz pouco trazendo
consigam se recompor do desgaste do tra- desvantagens econômicas para o patrão.
balho. Isto porque o excesso de trabalho
traz fadiga, estresse e cansaço, afetando a 1. Jornada de Trabalho
saúde do trabalhador. Além disso, é impor-
tante que todos possam participar da so- Para Maurício Godinho Delgado a jornada
ciedade, compartilhar experiências com a de trabalho é:
família e amigos, que tenham a possibilida-
de de estudar e realizar cursos. E para isso é
necessário que o trabalhador tenha conhe-
1 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevi-
er/Método, 2016.

56/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


o lapso temporal diário em que o empregado se coloca à disposição do
empregador em virtude do respectivo contrato. É, desse modo, a medida
principal do tempo diário de disponibilidade do obreiro em face de seu
empregador como resultado do cumprimento do contrato de trabalho que
os vincula2.
O estudo da jornada de trabalho é extremamente importante por ser por meio dela que o salá-
2

rio do trabalhador é auferido. Além disso, a fixação do tempo de trabalho é fundamental para
a preservação da saúde do trabalhador. Sendo assim, o controle da jornada de trabalho é uma
medida necessária para reduzir os acidentes de trabalho e doenças profissionais, permitir que o
trabalhador tenha um projeto de vida, garantia de empregos, entre outros fatores.
A Constituição Federal de 1988 assegura, no artigo 7º, XIII, que a duração do trabalho normal
não será superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

2 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008. p. 832.
57/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
A jornada de trabalho, em regra, é de 8 ho-
ras diárias e 44 semanais e para os turnos Para saber mais
ininterruptos de revezamento, em empre- Súmula nº 338, do TST JORNADA DE TRABALHO.
sas que funcionam 24 horas,  jornada de 6 REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. III - Os cartões de
horas, salvo negociação coletiva. ponto que demonstram horários de entrada e sa-
O controle da jornada, do horário de en- ída uniformes são inválidos como meio de prova,
trada e de saída do trabalhador, deverá ser invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas
realizado por meio de anotação obrigató- extras, que passa a ser do empregador, prevale-
ria, manual, mecânico ou eletrônico para os cendo a jornada da inicial se dele não se desin-
estabelecimentos de mais de dez trabalha- cumbir.
dores. Além disso, não serão descontadas
nem computadas como jornada extraor- É permitida a prorrogação de jornada, con-
dinária as variações de horário no registro forme o artigo 59, da CLT, em número não
de ponto não excedentes de cinco minutos, excedente de duas horas, mediante acordo
observado o limite máximo de dez minutos escrito entre empregador e empregado, ou
diários. É o que dispõe os artigos 74, § 2º e mediante contrato coletivo de trabalho.
58, § 1º, da CLT.

58/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


Sempre que o trabalhador prestar serviço gas. Nesta modalidade a compensação de-
após a jornada normal de trabalho haverá verá ocorrer de forma semanal ou mensal
trabalho extraordinário que deverá ser re- e desde que não haja previsão expressa de
munerado com o adicional de no mínimo norma coletiva proibindo a compensação.
50% ao da hora normal, artigos 7º, XVI, CF e Há também a possibilidade do chamado
59, § 1º, da CLT. banco de horas, desde que celebrado por
Ao prorrogar a jornada de trabalho o em- convenção ou acordo coletivo de trabalho.
pregador poderá optar pelo Acordo de As horas suplementares não serão remu-
Compensação de Jornada Individual ou pelo neradas, mas compensadas no período de
Banco de Horas. Nestas hipóteses o empre- 1 ano, proibido ultrapassar o limite de 10
gador não estará obrigado a pagar as horas horas diárias. Caso haja o término do con-
extras, mas a deduzir ou abater essas horas trato de trabalho sem que tenha havido a
realizadas pelo trabalhador. compensação total da jornada extraordiná-
No Acordo de Compensação de Jornada In- ria, fará jus o empregado ao pagamento das
dividual deverá haver o acordo escrito re- horas extras não compensadas, acrescida o
alizado diretamente entre o empregador e adicional de 50%.
o empregado visando o ressarcimento das
horas extras trabalhadas por meio de fol-
59/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
2. Empregados Excluídos do
Link Controle de Jornada
LANDI, Flávio. Novas tecnologias e a duração do
Os trabalhadores que exercem atividade ex-
trabalho. 2009. Dissertação (mestrado em Direito
terna incompatível com a fixação do horário
do Trabalho) – Faculdade de Direito. Universidade
de trabalho estão excluídos do controle de
de São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.
jornada, como ocorre com gerentes, direto-
teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/tde-
res e vendedores viajantes.
06052010-154656/publico/Flavio_Landi_
Versao_Integral.pdf>. Acesso em: 19 ago.2016. De acordo com o artigo 62 da CLT não são
abrangidos pelo regime de controle de jor-
nada os empregados que exercem atividade
É possível a realização de trabalho em re- externa incompatível com a fixação de ho-
gime de tempo parcial, artigo 58-A, da CLT, rário de trabalho e os gerentes, assim consi-
considerado aquele cuja duração não exce- derados os exercentes de cargos de gestão.
da a 25 horas semanais.
É importante ressaltar que o trabalho externo
não significa que o empregado não possua
jornada de trabalho. Caso haja como con-
trolar os horários do trabalhador, e isso está
60/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
cada vez mais presente com a tecnologia,
haverá controle de jornada e o pagamento Link
de horas extras eventualmente trabalhadas. CEZÁRIO, Priscila Freire da Silva; FERREIRA, Wellin-
Os trabalhadores que exercem efetivamen- gton Roberto. O Panorama do trabalho à distância.
te os cargos de gerência e confiança, ou Disponível em: <http://www.migalhas.com.
seja, aqueles que detém o poder de man- br/dePeso/16,MI157114,61044-O+panora-
do, comando e gestão, não terão o controle ma+do+trabalho+a+distancia>. Acesso em: 1
de jornada. No entanto, receberão 40%, no out.2016.
mínimo, a título de gratificação, não sendo
devidas horas extras. 3. Trabalho Noturno

O trabalho prestado no período noturno


Para saber mais deverá ser remunerado com um acréscimo,
A realização do trabalho à distância ou domiciliar um adicional. Esta previsão decorre do des-
se enquadra no disposto no artigo 62, I, da CLT, gaste do trabalhador que exerce suas ativi-
excluindo o controle de jornada desde que não dades em horário em que se normalmente
haja a possibilidade de fiscalização dos horários estaria em repouso, alterando o metabolis-
de trabalho. mo e causando danos a longo prazo. Além
61/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
disso, o trabalho noturno, muitas vezes, 4. Horas in Itinere
afasta o trabalhador das atividades sociais
e familiares. O tempo despendido no trajeto realizado
pelo trabalhador, na ida e na volta, entre a
O trabalho noturno dos urbanos é aque-
residência e o trabalho, em transporte for-
le realizado no período compreendido en-
necido pelo empregador, denomina-se ho-
tre 22 horas e 5 horas, com o adicional de
ras in itinere.
20% sobre a hora diurna, conforme o artigo
73, da CLT. A hora noturna será computada
como de 52 minutos e 30 segundos, ou seja,
é reduzida.
O trabalho noturno dos rurais, por sua vez,
previsto na Lei nº 5.889/73, artigo 7º, caput
e parágrafo único, estabelece que para os
trabalhadores da lavoura será das 21 horas
às 5 horas e da pecuária das 20 horas às 4
horas, considerando a hora os 60 minutos,
com adicional de 25%.

62/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


De acordo com o artigo 58, da CLT:

A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade


privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite. § 2o O tempo despendido pelo empregado até
o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte,
não será computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de
local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador
fornecer a condução.
Assim, para que as hora de locomoção entre a residência e o trabalho sejam computadas na jor-
nada de trabalho é preciso que o local de trabalho seja de difícil acesso, não servido de transporte
público e que a condução seja fornecida pelo empregador. A mera insuficiência ou precariedade
de transporte público não enseja o pagamento das horas in itinere.

63/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


5. Horas à Disposição da Empresa devendo ser remunerado como hora ex-
traordinária o período que ultrapassar em
Conforme a CLT, no artigo 4º, é possível o cinco minutos ou, no total, a 10 minutos da
empregado ficar à disposição da empre- jornada diária.
sa considerando como de serviço efetivo o
Figuras semelhante, mas que não se con-
período em que o empregado ficar à dispo-
fundem com o tempo à disposição, são os
sição do empregador, aguardando ou exe-
chamados sobreaviso ou prontidão. No so-
cutando ordens, salvo disposição especial
breaviso o empregado fica em casa aguar-
expressamente consignada.
dando, a qualquer momento, o chamado
De acordo com o entendimento do Tribunal para prestar algum serviço, sendo remune-
Superior do Trabalho (TST), o tempo gas- radas as horas à razão de 1/3 do salário hora
to com atividades preparatórias, tais como normal. Na prontidão o trabalhador fica nas
troca de uniforme, colocação de Equipa- dependências da empresa, aguardando or-
mentos de Proteção Individuais (EPIs), reu- dens, sendo remuneradas as horas à razão
niões e higiene pessoal, realizadas dentro de 2/3 do salário hora normal. As normas
das dependências da empresa, é conside- que a princípio se aplicavam apenas aos
rado como tempo à disposição do empre- ferroviários, com a sedimentação da súmu-
gador, conforme disposto no art. 4º da CLT, la 428, do TST, foi pacificado a analogia do
64/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
artigo 244, da CLT, para todos os trabalha- A Lei nº 13.103, de 2015, que regula a pro-
dores. fissão do motorista e que altera a CLT dis-
Anteriormente o TST entendia que o uso do ciplina o tempo de espera, outra figura que
BIP ou telefone celular quando o empregado não se confunde com as anteriores. De acor-
possuía a liberdade de locomoção não ense- do com o artigo 235-C, da CLT:
java horas de sobreaviso. No entanto, com
a alteração do artigo 6º da CLT, em 2011, o
TST revisou o seu entendimento na súmu-
la 428 para dispor que o uso, por si só, de
instrumentos telemáticos ou informatiza-
dos não caracterizam regime de sobreaviso.
No entanto, será considerado sobreaviso o
empregado que, à distância é submetido a
controle patronal por instrumentos telemá-
ticos ou informatizados, permanecer em re-
gime de plantão ou equivalente, aguardan-
do a qualquer momento o chamado para o
serviço durante o período de descanso.
65/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho
A jornada diária de trabalho do motorista profissional será de 8 (oito) horas,
admitindo-se a sua prorrogação por até 2 (duas) horas extraordinárias ou,
mediante previsão em convenção ou acordo coletivo, por até 4 (quatro)
horas extraordinárias. § 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo
em que o motorista empregado estiver à disposição do empregador, exclu-
ídos os intervalos para refeição, repouso e descanso e o tempo de espera. §
8o São considerados tempo de espera as horas em que o motorista pro-
fissional empregado ficar aguardando carga ou descarga do veículo nas
dependências do embarcador ou do destinatário e o período gasto com a
fiscalização da mercadoria transportada em barreiras fiscais ou alfandegá-
rias, não sendo computados como jornada de trabalho e nem como horas
extraordinárias.  § 9o As horas relativas ao tempo de espera serão indeniza-
das na proporção de 30% (trinta por cento) do salário-hora normal. 
Pela lei do motorista, o tempo de espera será remunerado, de forma indenizatória, na proporção
de 30% do salário-hora normal.

66/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


Para saber mais
A regulamentação do motorista profissional traz
um instrumento preventivo de acidentes no trân-
sito obrigando os trabalhadores a realizar exames
toxicológicos tanto para obtenção/revalidação de
CNHS (tipos C, D e E), quanto para exames admis-
sionais e demissionais.

Link
SILVA, J. A. R. O. de. Lei do Motorista Profissional:
tempo de trabalho, tempos de descanso e tempo
de direção. Disponível em: <http://portal.trt15.
jus.br/documents/124965/1033087/Rev41_
art6/923255b4-68c0-4d9d-92b4-9e5ece-
dab3ea>. Acesso em: 1 out. 2016.

67/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


Glossário
Súmula: é a interpretação majoritária de um tribunal adotada a partir de julgamentos reitera-
dos a respeito de um tema específico. No Direito do Trabalho as súmulas são extremamente im-
portantes para a interpretação das normas.
Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs): é todo dispositivo ou produto, de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segu-
rança e a sua saúde.
Ônus da prova: consiste na atribuição de determinada incumbência a um sujeito de comprovar
fatos que lhe são favoráveis no processo.

68/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


?
Questão
para
reflexão

Assista ao filme “Tempos Modernos”, de Charlie Cha-


plin, de 1936 e reflita sobre a crítica realizada pelo cine-
asta sobre o trabalho, a jornada e o meio ambiente do
trabalho, na era industrial.

69/177
Considerações Finais (1/2)

• A jornada de trabalho, em regra, é de 8 horas diárias e 44 semanais.


• A Constituição Federal de 1988 prevê a possibilidade de prorrogação excep-
cional de jornada de trabalho em até duas horas diárias com o pagamento
de horas extras de no mínimo 50% da hora normal.
• São permitidos o regime de compensação de horas e o sistema de banco de
horas. As hipóteses anteriores não ensejarão o pagamento de horas extras,
mas a compensação das horas trabalhadas.
• Os trabalhadores que exercem atividade externa incompatível com a fixa-
ção o horário de trabalho estão excluídos do controle de jornada.
• O trabalho prestado no período noturno deverá ser remunerado com o adi-
cional noturno.

70/177
Considerações Finais (2/2)
• O tempo dispendido no trajeto realizado pelo trabalhador, na ida e na volta,
entre a residência e o trabalho, em transporte fornecido pelo empregador
denomina-se horas in itinere, que computará na jornada de trabalho do em-
pregado.
• Será considerado horas à disposição da empresa o período em que o empre-
gado ficar à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens,
salvo disposição especial expressamente consignada. Além disso, o sobrea-
viso, prontidão e tempo de espera são figuras que ensejarão a remuneração
de 1/3, 2/3 e 30% do salário-hora normal, respectivamente.

71/177
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Sena-


do. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

CEZÁRIO, P. F. S. da.; FERREIRA, W. R. O Panorama do trabalho à distância. Disponível em: < http://
www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI157114,61044-O+panorama+do+trabalho+a+distancia>.
Acesso em: 1 out. 2016.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.
LANDI, F. Novas tecnologias e a duração do trabalho. 2009. Dissertação (mestrado em Direito do
Trabalho) – Faculdade de Direito. Universidade de São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.
teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/tde-06052010-154656/publico/Flavio_Landi_Versao_In-
tegral.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2016.

72/177 Unidade 3 • Jornada de Trabalho


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: Jornada de Trabalho. Bloco I Aula 3 - Tema: Jornada de Trabalho. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf-
d47a/a2c5721205e57dd6de6de30cd349add0>. d47a/e42da3f871dc9e72c0d3d16d73714005>.

73/177
Questão 1
1. Sobre a jornada de trabalho é possível se afirmar que:

a) A legislação trabalhista não limita o tempo de trabalho diário a que está submetido o traba-
lhador.
b) O trabalhador só poderá realizar horas extraordinárias quando houver força maior.
c) A jornada de trabalho, em regra, é de 8 horas diárias e 44 semanais, não podendo ser objeto
de negociação coletiva.
d) O controle da jornada, do horário de entrada e de saída do trabalhador, deverá ser realizado
por meio de anotação obrigatória, manual, mecânico ou eletrônico para os estabelecimen-
tos de mais de dez trabalhadores.
e) Serão descontadas e computadas como jornada extraordinária as variações de horário no
registro de ponto não excedentes de dois minutos.

74/177
Questão 2
2. A legislação brasileira permite a prorrogação de jornada de trabalho:

a) Mediante acordo escrito, individual ou coletivo, em número não excedente a 2 horas.


b) Apenas mediante convenção ou acordo coletivo.
c) E o valor das horas extraordinárias deverá ser estabelecido em convenção coletiva, caso con-
trário será remunerado com o adicional de 25% superior ao da hora normal.
d) Não sendo possível a realização de compensação de jornada.
e) E o Tribunal Superior do Trabalho admite a incorporação das horas extras prestadas habitu-
almente ao salário do obreiro.

75/177
Questão 3
3. É considerado horário noturno dos trabalhadores urbanos o período:

a) Das 22h às 5h.


b) Das 20h às 5h.
c) Das 21h às 5h.
d) Das 20h às 4h.
e) Das 22h às 4h.

76/177
Questão 4
4. Em relação as horas “in itinere” é possível se afirmar que:

a) É o tempo correspondente à ida e volta da residência do trabalhador ao local de trabalho e


vice-versa, em transporte público.
b) As horas “in itinere” não serão computadas na jornada de trabalho do empregado.
c) As horas “in itinere” são aquelas destinadas ao intervalo de descanso e refeição do traba-
lhador.
d) O tempo de deslocamento de ida e volta da residência do trabalhador ao local de trabalho e
vice-versa, será computado na jornada de trabalho desde que o local de serviço seja de difícil
acesso ou não servido por transporte público regular e o empregador fornecer a condução.
e) A mera insuficiência de transporte público já enseja o pagamento de horas “in itinere”.

77/177
Questão 5
5. Acerca da jornada de trabalho assinale a alternativa correta:

a) A jornada de trabalho, em regra, é de 8 horas diárias e 40 semanais, salvo negociação cole-


tiva.
b) O adicional de horas extras deve ser, no máximo, 50% superior à normal.
c) O repouso semanal remunerado deverá ser obrigatoriamente aos domingos.
d) A compensação de jornada de trabalho pode ser ajustada por acordo individual escrito, acor-
do coletivo ou convenção coletiva.
e) É válido acordo de compensação de jornada em atividade insalubre.

78/177
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: A.
A afirmação correta dispõe exatamente o Conforme o artigo 73 da CLT estabelece o
conteúdo do artigo 74, § 2º. trabalho noturno dos trabalhadores urba-
nos aquele compreendido entre 22h e 5h,
2. Resposta: A. fixando o adicional noturno em 20% sobre
a hora diurna.
É possível a prorrogação de jornada me-
diante acordo escrito, individual ou cole-
4. Resposta: D.
tivo, em número não excedente a 2 horas,
com pagamento da remuneração do serviço O tempo de deslocamento de ida e volta da
extraordinário superior, no mínimo, em 50% residência do trabalhador ao local de traba-
a do normal, podendo a convenção ou acor- lho e vice-versa, será computado na jornada
do coletivo estabelecer um valor maior. As de trabalho desde que o local de serviço seja
horas extras prestadas habitualmente não de difícil acesso ou não servido por trans-
incorporam ao salário do obreiro, conforme porte público regular e o empregador forne-
a Súmula 291 do TST. cer a condução. Esse período é chamado de
horas “in itinere” e a mera insuficiência de

79/177
Gabarito
transporte público não enseja o pagamento
de horas “in itinere”.

5. Resposta: D.
Súmula 85 do TST.

80/177
Unidade 4
Intervalos e Descanso Semanal

Objetivos

1. Verificar as hipóteses de intervalo in-


trajornada.
2. Compreender o intervalo interjorna-
da.
3. Analisar o descanso semanal remune-
rado (DSR).

81/177
Introdução

Os períodos de descanso são fundamentais


para os trabalhadores por estar relaciona- Para saber mais
do à saúde e à recomposição fisiológica da Há estudos1 que relacionam a existência do ex-
pessoa. Não é por acaso que o legislador cesso de jornada com a ocorrência de acidentes
inseriu nas normas trabalhistas a obriga- do trabalho e doenças profissionais.  A sobrecarga
toriedade ao descanso, fixou jornadas má- de trabalho é um dos fatores que causam aciden-
ximas, intervalos obrigatórios e ainda uma tes do trabalho em todo o mundo.  A fadiga por
remuneração diferenciada para as horas excesso de trabalho tem acarretado um desgaste
extraordinárias. físico e mental que dificulta a concentração.
1

1 COLETA, José Augusto Dela. Acidentes de trabalho: fator hu-


mano, contribuições da psicologia do trabalho, atividades de pre-
venção. São Paulo: Atlas, 1989.
82/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
lhador. O artigo 66 da CLT dispõe que entre
Link duas jornadas de trabalho haverá um perí-
odo mínimo de 11 horas consecutivas para
ALMEIDA. S. N. C. de.; GOMES, A. V. M. O direi- descanso.
to fundamental ao lazer nas relações de traba-
lho: uma perspectiva humanística. Disponível Caso a pausa entre as jornadas de trabalho
em: < http://publicadireito.com.br/artigos/?- não forem respeitadas, o empregador deve-
cod=ad7b25e2374b4235>. Acesso em 2 out. rá pagar como horas extras, ou seja, acres-
2016. cida, de no mínimo, 50% da hora normal de
trabalho, conforme a Orientação Jurispru-
Para que haja a recomposição do tra- dencial 355 do TST.
balhador a legislação trabalhista prevê os É importante ressaltar que o respeito ao in-
intervalos intrajornada e interjornada. tervalo interjornada deve ser em conjunto
com o descanso semanal remunerado, de
1. Intervalos Inter e Intrajornada 24 horas. Uma pausa não exclui a outra. As-
sim, há a necessidade de que as 11 horas de
O intervalo interjornada corresponde a
intervalo interjornada sejam somadas com
pausa entre o final de uma jornada diária e o
as 24 horas do repouso semanal remunera-
começo de outra, para descanso do traba-
do, totalizando 35 horas.
83/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
O intervalo intrajornada, por sua vez, são as trajornada quando houver autorização no
pausas que ocorrem dentro da jornada diá- Ministério do Trabalho após a comprovação
ria de trabalho, para descanso e refeição, de de que o estabelecimento atende integral-
acordo com o artigo 71 da CLT. mente às exigências concernentes à orga-
Jornadas diárias que excederem 6 horas nização dos refeitórios, e quando os respec-
deverão ter um intervalo para repouso ou tivos empregados não estiverem sob regi-
alimentação de no mínimo 1 hora e, salvo me de trabalho prorrogado a horas suple-
acordo escrito ou contrato coletivo em con- mentares. A OJ/SDI-I 342, do TST dispõe ser
trário, não poderão exceder de 2 horas. Para inválida a cláusula de acordo ou convenção
as jornadas diárias que excederem 4 horas e coletiva de trabalho contemplando a su-
não ultrapassarem 6 horas haverá um inter- pressão ou redução do intervalo intrajorna-
valo de 15 minutos. da porque este constitui medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho, garantido
É importante destacar que o período de por norma de ordem pública.
descanso não será computado na duração
do trabalho. Não sendo respeitado o intervalo intrajor-
nada ficará o empregador obrigado ao pa-
Além disso, poderá haver a redução do li- gamento das horas suprimidas como horas
mite mínimo de uma hora de intervalo in- extraordinárias.
84/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
Para os trabalhadores rurais o intervalo in-
trajornada para jornadas superiores a 6 ho-
ras será de no mínimo de 1 hora, observa- Para saber mais
dos os usos e costumes da região. O documentário “Carne e osso” retrata a situa-
Em algumas profissões há, ainda, pausas ção nos frigoríficos brasileiros e a necessidade de
obrigatórias em razão da atividade. Para implementação das pausas para descanso. Vale a
os serviços de datilografia, escrituração ou pena assistir.
cálculo, a cada período de 90 minutos de
trabalho consecutivo haverá um repouso de
10 minutos, não deduzidos da duração nor- Link
mal de trabalho, de acordo com o artigo 72, PORTO, N. Sofrimento banalizado em “carne e
da CLT. Para os empregados que trabalham osso”: o Direito a qual proteção fundamental?
no interior de câmaras frigoríficas ou sub- Disponível em: <http://www.tst.jus.br/docu-
metidos a trabalho contínuo em ambiente ments/1295387/6051320/Sofrimento+ba-
artificialmente frio a cada 1 hora e 40 mi- nalizado+em+Carne+e+Osso+-+o+direi-
nutos de trabalho contínuo, será assegura- to+a+qual+prote%C3%A7%C3%A3o+fun-
do um descanso de 20 minutos, computa-
damental>. Acesso em: 2 out. 2016.
do como de trabalho efetivo, artigo 253, da
CLT c/c Súmula 438, do TST.
85/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
2. Repouso Semanal Remunerado e Feriados

O repouso semanal remunerado consiste no descanso do trabalhador pelo prazo de 24 horas,


sem prejuízo de sua remuneração e demais vantagens, exercido preferencialmente aos domin-
gos. O feriado também é considerado uma interrupção no contrato de trabalho nos casos pre-
vistos pela legislação, objetivando comemorar datas cívicas e religiosas.
A Lei nº 605/49 regulamenta o repouso semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias
feriados civis e religiosos, prevendo em seu artigo 1º e 8º:

Art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de


vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos
limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religio-
sos, de acordo com a tradição local.

Art. 8º Excetuados os casos em que a execução do serviço for imposta pe-


las exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados,
civis e religiosos, garantida, entretanto, aos empregados a remuneração
respectiva, observados os dispositivos dos artigos 6º e 7º desta lei.
86/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
Para as empresas que necessitam funcionar
de domingo e feriados e que estejam auto-
rizadas pela Lei 605/49 ou por norma coleti-
va deverão organizar escala de revezamento
entre os trabalhadores para permitir que pelo
menos de 7 em 7 semanas o repouso sema-
nal remunerado coincida com o domingo.
O empregado, mesmo trabalhando aos do-
mingos, deverá usufruir de uma folga com-
pensatória na semana, sob pena de receber
em dobro a remuneração do dia trabalhado,
de acordo com a súmula 146, do TST.
Não será devida a remuneração do repouso
semanal remunerado e dos feriados quando
o empregado não tiver trabalhado durante a
semana anterior, cumprindo integralmente
o seu horário de trabalho, sem motivo justi-
ficado.
87/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal
Para saber mais
São motivos justificados para a falta no serviço: 2 dias em caso de falecimento do cônjuge, ascendente,
descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob
sua dependência econômica; 3 dias em virtude de casamento; 1 dia em caso de nascimento de filho no
decorrer da primeira semana; 1 dia, em cada 12 meses, em caso de doação voluntária de sangue devida-
mente comprovada; até 2 dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor; no período de tempo
em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar; nos dias em que estiver comprovadamente re-
alizando provas de exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior; pelo tempo
que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo; pelo tempo que se fizer necessário, quando,
na qualidade de representante de entidade sindical, estiver participando de reunião oficial de organismo
internacional do qual o Brasil seja membro; até 2 dias para acompanhar consultas médicas e exames
complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou companheira (Incluído dada pela Lei nº
13.257, de 2016); por 1 dia por ano para acompanhar filho de até 6 anos em consulta médica; a ausência
do empregado devidamente justificada, a critério da administração do estabelecimento; a paralisação do
serviço nos dias em que, por conveniência do empregador, não tenha havido trabalho; a falta ao serviço
com fundamento na lei sobre acidente do trabalho; a doença do empregado, devidamente comprovada.

88/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal


Glossário
Orientação Jurisprudencial: são orientações do Tribunal Superior do Trabalho que refletem o
seu posicionamento, com a intenção principal de uniformizar a jurisprudência trabalhista.
Interrupção do contrato de trabalho: ocorre quando o trabalhador não presta o serviço, mas
permanece recebendo normalmente sua remuneração. Como por exemplo as férias e o descan-
so semanal remunerado.
Suspensão do contrato de trabalho: ocorre quando o trabalhador não realiza o serviço con-
trato e o empregador deixa de remunerar o empregado. São exemplos de suspensão do contra-
to de trabalho o período de gozo do auxílio-acidente, prestação do serviço militar obrigatório e
greve.

89/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal


?
Questão
para
reflexão
Leio o texto do professor e juiz do trabalho Jorge Souto
Maior e reflita sobre o direito ao trabalho e o direito ao
não trabalho. O trabalhador possui o direito ao descan-
so, lazer e desconexão do trabalho?

Link
MAIOR, J. S. Do Direito à Desconexão do Trabalho.
Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/si-
tes/default/files/do_direito_a_desconexao_
do_trabalho.pdf>. Acesso em: 1 out.2016.

90/177
Considerações Finais
• O intervalo interjornada corresponde a pausa entre o final de uma jornada
diária e o início de outra, para descanso e recuperação do trabalhador.
• O intervalo intrajornada são as pausas que ocorrem dentro da jornada diá-
ria de trabalho, para descanso e refeição.
• Poderá haver a redução do limite mínimo de uma hora de intervalo intra-
jornada quando houver autorização no Ministério do Trabalho após a com-
provação de que o estabelecimento atende integralmente às exigências
concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos em-
pregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suple-
mentares.
• O repouso semanal remunerado consiste no descanso do trabalhador pelo
prazo de 24 horas, sem prejuízo de sua remuneração e demais vantagens,
exercido preferencialmente aos domingos.

91/177
Referências

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1948. Repouso semanal remunerado e o pagamento de


salário nos dias feriados civis e religiosos. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

ALMEIDA. S. N.C. de.; GOMES, A. V. M. O direito fundamental ao lazer nas relações de traba-
lho: uma perspectiva humanística. Disponível em: <http://publicadireito.com.br/artigos/?cod=a-
d7b25e2374b4235>. Acesso em 2 out.2016.

CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.


MAIOR, J. S. Do Direito à Desconexão do Trabalho. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/si-
tes/default/files/do_direito_a_desconexao_do_trabalho.pdf>. Acesso em: 1 out. 2016.

PORTO, N. Sofrimento banalizado em “carne e osso”: o Direito a qual proteção fundamen-


tal? Disponível em: <http://www.tst.jus.br/documents/1295387/6051320/Sofrimento+banaliza-
do+em+Carne+e+Osso+-+o+direito+a+qual+prote%C3%A7%C3%A3o+fundamental>. Acesso
em: 2 out. 2016.

92/177 Unidade 4 • Intervalos e Descanso Semanal


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Aula 4 - Tema: Intervalos e Descanso Semanal Aula 4 - Tema: Intervalos e Descanso Semanal
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d47a/48c0aa2769c07f286cf29c8472780993>. d47a/e0da2452891b9e7fe5c8299def1ba0c9>.

93/177
Questão 1
1. O intervalo intrajornada, conhecido como intervalo para descanso e refei-
ção, deverá ser de no mínimo 1 e no máximo 2 horas. De acordo com a dou-
trina e a jurisprudência a redução do intervalo intrajornada para 30 minutos:

a) Não poderá ocorrer em nenhuma hipótese.


b) Poderá ocorrer se autorizado pela Justiça do Trabalho.
c) Poderá ser autorizada pelo Ministério Público do Trabalho.
d) Poderá ser autorizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego quando verificado a Instituição
de refeitório adequado, mesmo quando houver empregado em regime de horas suplemen-
tares.
e) Será inválida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a su-
pressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saú-
de e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública.

94/177
Questão 2
2. Sobre o intervalo intrajornada é correto se afirmar que

a) O intervalo será computado na duração do trabalho.


b) Quando o intervalo não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado ao pagamento
de uma multa administrativa no valor de 10% sobre o salário mínimo.
c) Quando a duração do trabalho não ultrapassar 4 horas o empregado terá direito a um inter-
valo de 15 minutos.
d) Não excedendo de 6 horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 30 mi-
nutos quando a duração ultrapassar 4 horas.
e) Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 horas, é obrigatória a concessão
de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 hora e, salvo
acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 horas.

95/177
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta sobre intervalo interjornada de acordo
com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

a) O intervalo interjornada é o período mínimo de 11 horas consecutivas de descanso entre


uma jornada de trabalho e outra.
b) O intervalo interjornada é o período mínimo de 12 horas consecutivas de descanso entre
uma jornada de trabalho e outra.
c) O intervalo interjornada é o período mínimo de 13 horas consecutivas de descanso entre
uma jornada de trabalho e outra.
d) O intervalo interjornada é o período de descanso e refeição de no mínimo 1 hora e no máxi-
mo 2 horas.
e) O intervalo interjornada é o período de descanso e refeição de no mínimo 30 minutos e no
máximo 2 horas.

96/177
Questão 4
4. Com relação ao descanso semanal remunerado é correto se afirmar que:

a) O repouso semanal remunerado consiste no descanso do trabalhador pelo prazo de 24 ho-


ras, sem prejuízo de sua remuneração e demais vantagens, exercido preferencialmente aos
sábados.
b) O empregado, mesmo trabalhando aos domingos, deverá usufruir de uma folga compensa-
tória na semana, sob pena de receber em dobro a remuneração do dia trabalhado.
c) O empregado que prestar serviço aos domingos terá sempre o direito de receber, em dobro,
estes dias de trabalho.
d) É devido o pagamento do descanso semanal remunerado e dos feriados mesmo quando o
empregado não tiver trabalhado durante a semana anterior, cumprindo integralmente o seu
horário de trabalho, sem motivo justificado.
e) O feriado é considerado uma suspensão do contrato de trabalho nos casos previstos pela
legislação, objetivando comemorar datas cívicas e religiosas.

97/177
Questão 5
5. Acerca das pausas obrigatórias durante o período de trabalho assinale
a alternativa correta.

a) Nos serviços permanentes de mecanografia, a cada período de 90 minutos de trabalho conse-


cutivo corresponderá um repouso de 10 minutos não deduzidos da duração normal de trabalho.
b) Serviços permanentes de mecanografia, a cada período de 90 minutos de trabalho consecutivo
corresponderá um repouso de 10 minutos deduzidos da duração normal de trabalho.
c) Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimen-
tam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 hora e 40
minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 10 minutos de repouso, compu-
tado esse intervalo como de trabalho efetivo.
d) Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimen-
tam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 hora e 40
minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período de 10 minutos de repouso, não com-
putado esse intervalo como de trabalho efetivo.
e) Em cada período de 3 horas consecutivas de trabalho, será obrigatória uma pausa de 10 minutos
para repouso, a qual será computada na duração normal de trabalho efetivo.
98/177
Gabarito
1. Resposta: E.

OJ/SDI-I 342, do TST.

2. Resposta: E.

Artigo 71, da CLT.

3. Resposta: A.

Artigo 66, da CLT.

4. Resposta: B.

Súmula 146, do TST.

5. Resposta: A.
Artigo 72, da CLT.
99/177
Unidade 5
Férias

Objetivos

1. Entender os requisitos para a conces-


são das férias.
2. Analisar as férias coletivas.
3. Compreender a remuneração e o abo-
no de férias.

100/177
Introdução

O trabalho cotidiano gera muitos desgastes Para o início do estudo das férias é impor-
físico e intelectual trazidos por preocupa- tante o entendimento das formas de inter-
ções, obrigações e pressões psicológicas e rupção e suspensão do contrato de trabalho.
biológicas que os descansos semanais e in-
A suspensão do contrato de trabalho ocorre
tervalos não são capazes de restaurar. As-
quando tanto o empregado quanto o em-
sim, as férias anuais são fundamentais para
pregador suspendem suas obrigações con-
todo trabalhador e trabalhadora. É nesse
momento de descanso que haverá a recu- tratuais, ou seja, o trabalhador não presta o
peração das forças e o reequilíbrio orgânico serviço e o patrão não paga a remuneração.
do empregado. Em regra, não há contagem de tempo de
serviço nem recolhimento do FGTS e previ-
As férias possuem extrema importância na
denciário. O contrato tem os efeitos parali-
vida dos trabalhadores por diversas razões:
sados. Ocorre nos casos de greve, acidente
psicológicas e fisiológicas por recompor as
de trabalho ou doença após o 15º dia, apo-
energias e o equilíbrio mental do excesso de
sentadoria por invalidez, prestação do ser-
trabalho; econômico pelo fato do descanso
aumentar a produtividade e satisfação do viço militar obrigatório, etc.
trabalhador; social por aproximar o obreiro
da família, dos amigos, da sociedade de for-
ma geral; entre outras.
101/177 Unidade 5 • Férias
Dessa forma, as férias são consideradas in-
Para saber mais terrupção do contrato de trabalho na qual
haverá a paralisação da prestação do ser-
Em caso de acidente do trabalho e durante a
viço pelo empregado, mas a remuneração
prestação do serviço militar obrigatório, embo-
continuará a ser realizada pelo empregador.
ra sejam hipóteses de suspensão do contrato de
trabalho, há a contagem de tempo de serviço e a
continuidade do recolhimento fundiário.
1. Férias
A licença anual remunerada é um direito ir-
A interrupção do contrato de trabalho, por
renunciável do trabalhador previsto nos ar-
sua vez, ocorre quando o empregado não
tigos 7º, XVII, CF e 129 e seguintes da CLT.
presta o serviço, mas continua recebendo
sua remuneração pelo empregador. Isso
acontece na incidência das faltas justifica- Link
das e abonadas (art. 473 da CLT), feriados, OIT. Convenção nº 132 sobre férias remuneradas.
férias, repouso semanal remunerado, licen- Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/
ça-paternidade de cinco dias, entre outras node/486>. Acesso em: 15 out. 2016.
hipóteses.

102/177 Unidade 5 • Férias


Para o empregado ter direito às férias de-
verá ter completado o período aquisitivo, Para saber mais
ou seja, 12 meses de trabalho a contar da Após cada período de 12 meses de vigência do
data de sua contratação. Após esse perío- contrato de trabalho, o empregado terá direito
do o trabalhador deverá usufruir das férias a férias, na seguinte proporção: 30 dias corridos,
no prazo de 12 meses, no chamado período quando não houver faltado ao serviço mais de 5
concessivo. vezes; 24 dias corridos, quando houver tido de 6
As férias podem ser caracterizadas como: a 14 faltas; 18 dias corridos, quando houver tido
anuais, pois as férias só são devidas após 12 de 15 a 23 faltas; 12 dias corridos, quando houver
meses de trabalho contado da data de con- tido de 24 a 32 faltas.
tratação; remuneradas pois as férias são pa-
gas com acréscimo de um terço (art. 7º, XVII, O trabalhador em regime de tempo parcial
CF); contínuas, pois em regra elas devem ser também terá direito às férias remuneradas
gozadas sem interrupção; irrenunciável já na seguinte proporção: dezoito dias, para
que o trabalhador não poderá abdicar das a duração do trabalho semanal superior a
férias e proporcional, pois depende da assi- vinte e duas horas, até vinte e cinco horas;
duidade do trabalhador (art. 130, CLT). dezesseis dias, para a duração do trabalho
semanal superior a vinte horas, até vinte e
103/177 Unidade 5 • Férias
duas horas; quatorze dias, para a duração uma só vez, não podendo haver o desmem-
do trabalho semanal superior a quinze ho- bramento. Os membros de uma família que
ras, até vinte horas; doze dias, para a du- trabalhem no mesmo estabelecimento ou
ração do trabalho semanal superior a dez empresa terão direito a usufruir das férias
horas, até quinze horas; dez dias, para a du- no mesmo período, caso requisitarem e não
ração do trabalho semanal superior a cinco resultar prejuízo ao serviço. Além disso, o
horas, até dez horas; oito dias, para a dura- empregado estudante, menor de 18 anos,
ção do trabalho semanal igual ou inferior a terá o direito de gozar as suas férias junto
cinco horas. com as férias escolares.
Cumprindo-se com os requisitos de conces- O período de gozo das férias será escolhi-
são das férias, o empregador deverá conce- do pelo empregador, no momento em que
der o descanso em um só período, de uma melhor atender os seus interesses, devendo
vez. Somente em casos excepcionais serão haver a comunicação antecipada de no mí-
as férias fracionadas em dois períodos, sen- nimo 30 dias, por escrito ao empregado.
do que um período não poderá ser inferior a É permitido ao empregador conceder férias
10 dias. É importante destacar que os me- coletivas a todos os empregados de uma
nores de 18 anos e os maiores de 50 anos empresa ou de determinados estabeleci-
de idade deverão ter as férias concedidas de
104/177 Unidade 5 • Férias
mentos ou setores da empresa, art. 139 da dias subsequentes à sua saída; permanecer
CLT. Os empregados que não completaram em gozo de licença, com percepção de sa-
o período aquisitivo de 12 meses gozarão lários, por mais de 30 dias; deixar de traba-
na oportunidade, de férias proporcionais, lhar, com percepção do salário, por mais de
iniciando-se, então, novo período aquisiti- 30 dias, em virtude de paralisação parcial ou
vo. total dos serviços da empresa; e tiver per-
Caso o contrato de trabalho seja rescindi- cebido da Previdência Social prestações de
do, a pedido do empregado ou por dispen- acidente de trabalho ou de auxílio-doença
sa do empregador, terá o obreiro direito à por mais de 6 meses, embora descontínu-
indenização das férias vencidas simples ou os. Nestas hipóteses se iniciará uma nova
em dobro, bem como à indenização refe- contagem do período aquisitivo no retorno
rente às férias proporcionais, acrescidas de do empregado ao trabalho, não perdendo, o
um terço. Nesta última hipótese não serão obreiro, o terço constitucional.
devidos quando houver dispensa por justa
causa.
Não terá direito às férias o trabalhador que
no curso do período aquisitivo deixar o em-
prego e não for readmitido dentro de 60
105/177 Unidade 5 • Férias
seu período de férias a que tiver direito em
Link abono pecuniário, no valor da remuneração
que lhe seria devido. Neste caso, o trabalha-
TST. Decisões mostram preocupação do TST com dor deverá requisitar, até 15 dias antes do
férias dos trabalhadores. Disponível em: <http:// término do período aquisitivo, a conversão
www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/ de 10 dias de suas férias em abono pecuni-
89Dk/content/decisoes-mostram-preocu- ário. Tratando-se de férias coletivas, a con-
pacao-do-tst-com-ferias-dos-trabalhado- versão a que se refere este artigo deverá ser
res>. Acesso em: 15 out. 2016. objeto de acordo coletivo entre o emprega-
dor e o sindicato representativo da respec-
2. Remuneração e Abono de Fé- tiva categoria profissional, independendo
rias de requerimento individual a concessão do
O empregado receberá, pelo menos dois abono, conforme art. 143 da CLT.
dias antes do início das férias, a remunera- Se as férias forem concedidas fora do pe-
ção devida acrescida do terço constitucio- ríodo concessivo, após os 12 meses sub-
nal, art. 7º, XVII da CF. sequentes à aquisição do direito, o empre-
É permitido pelo nosso ordenamento jurídi- gador deverá pagar em dobro a respectiva
co que o empregado converta um terço de remuneração.
106/177 Unidade 5 • Férias
Glossário
Irrenunciável: aquilo que não é disponível.
Convenção da OIT: As convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são trata-
dos internacionais sujeitos a ratificação pelos Estados-Membros pertencentes à Organização.
Trabalho em regime de tempo parcial: regime de trabalho cuja duração não ultrapasse 25 ho-
ras semanais.

107/177 Unidade 5 • Férias


?
Questão
para
reflexão

Como você viu é possível a venda de parte das férias pelo


empregado ao empregador. Será que é possível e lícito
o empregador impor a conversão de parte das férias ao
empregado?

108/177
Considerações Finais (1/2)

• As férias são consideradas interrupção do contrato de trabalho.


• Para o empregado ter direito às férias deverá ter completado o período aqui-
sitivo de 12 meses de trabalho a contar da data de sua contratação.
• As férias são irrenunciáveis.
• As férias poderão, em casos excepcionais, ser divididas em dois períodos,
não sendo um deles menor que 10 dias.
• É faculdade do empregador a escolha do período de férias do empregado.
• É permitida a concessão de férias coletivas.
• São devidas as férias proporcionais, acrescidas de um terço quando não
houver dispensa por justa causa.
• O empregado receberá, pelo menos dois dias antes do início das férias, a
remuneração devida acrescida do terço constitucional.

109/177
Considerações Finais (2/2)
• É possível a conversão de 10 dias de férias em abono pecuniário, a critério
do empregado.

110/177
Referências

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1948. Repouso semanal remunerado e o pagamento de


salário nos dias feriados civis e religiosos. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.


OIT. Convenção nº 132 sobre férias remuneradas. Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br/
node/486>. Acesso em: 15 out. 2016.

TST. Decisões mostram preocupação do TST com férias dos trabalhadores. Disponível em: <http://
www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/decisoes-mostram-preocupacao-do-
-tst-com-ferias-dos-trabalhadores>. Acesso em: 15 out. 2016.

111/177 Unidade 5 • Férias


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e58090df75222276068cc53994b8a61c>. fad85768cb299ffde984d4550d9f425e>.

112/177
Questão 1
1. É correta a afirmativa de que o período de férias é caracterizado pela

a) Suspensão do contrato de trabalho. O empregado continua recebendo os salários havendo


a contagem do tempo de serviço.
b) Suspensão do contrato de trabalho. Há a paralisação temporária da prestação de serviços,
com a manutenção do pagamento de salários sem haver a contagem do tempo de serviço.
c) Interrupção do contrato de trabalho. O empregado continua recebendo os salários havendo
a contagem do tempo de serviço. Há apenas a paralisação temporária da prestação de ser-
viços.
d) Interrupção do contrato de trabalho. O empregado continua recebendo os salários não ha-
vendo a contagem do tempo de serviço.
e) Interrupção do contrato de trabalho. Não haverá o pagamento dos salários não computando
o tempo de afastamento como tempo de serviço.

113/177
Questão 2
2. Com relação às férias, regulamentada pela CLT, assinale a alternativa
correta.

a) O período de férias não será computado como tempo de serviço.


b) É possível descontar do período de férias as faltas do empregado ao serviço, não podendo
ultrapassar 30 dias.
c) O período de gozo das férias dos empregados será definido pelo empregador, no momento
em que melhor atender os seus interesses.
d) O período de férias não poderá ser fracionado, devendo ser sempre de 30 dias.
e) O período de férias será considerado suspensão do contrato de trabalho.

114/177
Questão 3
3. Sobre a remuneração e o abono de férias assinale a alternativa correta.

a) O empregado deverá receber a remuneração das férias com 20 dias de antecedência.


b) O abono de férias será o correspondente a 50% do salário do empregado.
c) O abono de férias será o correspondente a 30% do salário do empregado.
d) Se as férias forem concedidas fora do período concessivo, após os 12 meses subsequentes à
aquisição do direito, o empregador deverá pagar em dobro a respectiva remuneração.
e) É permitido pelo nosso ordenamento jurídico que o empregado converta metade de seu pe-
ríodo de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe
seria devido.

115/177
Questão 4
4. João da Silva, empregado de uma multinacional do setor de automobi-
lístico, casado, 54 anos, pai de cinco filhos, pretende tirar férias para viajar
para o exterior com os seus filhos. Já tendo completado o período aquisiti-
vo de 12 meses João solicita ao empregador a concessão de suas férias des-
membrada em dois períodos, uma de 20 dias e outra de 10 dias. Com base
no caso acima é possível se afirmar que:

a) Não poderá o empregador conceder o desmembramento das férias de João. Os maiores de


50 anos de idade deverão ter as férias concedidas de uma só vez.
b) É proibido pela legislação o fracionamento do período de férias para qualquer trabalhador.
c) Não poderá o empregador conceder o desmembramento das férias nos termos requeridos
por João. Somente poderá haver o desmembramento das férias por dois períodos de 15 dias.
d) O empregador poderá conceder as férias desmembradas em dois períodos, uma de 20 e
outra de 10 dias, pois caberá apenas ao empregador essa decisão, conforme o que melhor
atender o seu interesse.
e) O empregador poderá conceder as férias desmembradas em dois períodos, uma de 20 e ou-
tra de 10 dias, pois a lei não regulamenta a forma de concessão das férias.
116/177
Questão 5
5. Com relação ao direito a férias e sua duração assinale a alternativa cor-
reta.

a) É permitido descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço.


b) O empregado contratado sob o regime de tempo parcial que tiver mais de dez faltas injusti-
ficadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade.
c) Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos de concessão de férias, a ausência do
empregado por 1 dia por ano para acompanhar filho de até 12 anos em consulta médica.
d) O período das férias não será computado, para todos os efeitos, como tempo de serviço.
e) Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá di-
reito a férias, na proporção de 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais
de 5 vezes.

117/177
Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: D.

Na interrupção do contrato de trabalho o Artigo 137, da CLT.


empregado continua recebendo os salá-
rios havendo a contagem do tempo de ser- 4. Resposta: A.
viço. Há apenas a paralisação temporária
da prestação de serviços. Na suspensão do Artigo 134, § 2º, da CLT.
contrato de trabalho não haverá o paga-
mento dos salários não computando o tem- 5. Resposta: E.
po de afastamento como tempo de serviço.
Artigo 130, I, da CLT.
2. Resposta: C.

O período de gozo das férias dos emprega-


dos será definido pelo empregador, no mo-
mento em que melhor atender os seus inte-
resses.

118/177
Unidade 6
Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias

Objetivos

1. Analisar as hipóteses de extinção do


contrato de trabalho e os seus efeitos.
2. Compreender o pagamento das ver-
bas rescisórias na extinção, com e sem
justa causa, do contrato de trabalho.
3. Entender a aplicação do aviso-prévio
e do aviso-prévio proporcional.

119/177
Introdução

O término do contrato de trabalho é um 1. Extinção do Contrato de Tra-


momento no qual devem ser observados os balho
detalhes desse rompimento. O pagamento
das verbas rescisórias dependerá do motivo A extinção do contrato poderá ocorrer de
e da forma de extinção do contrato de tra- forma normal ou anormal. O modo usual do
balho. fim do contrato de trabalho é a sua execu-
É importante ressaltar que a doutrina não é ção, ou seja, o implemento do termo final. A
pacífica com relação a adoção da termino- extinção anormal poderá ocorrer pela resili-
logia para qualificar o término do contrato ção, resolução, rescisão, a morte, a extinção
de trabalho, não havendo consenso a res- da empresa, fechamento ou falência.
peito desta matéria. Ocorrerá a resilição do contrato de traba-
Os doutrinadores utilizam a nomenclatura lho quando pelo menos uma das partes re-
extinção, cessação ou dissolução para se solver, sem justo motivo, romper o pacto de
referirem ao término do contrato de traba- emprego. Esta modalidade de extinção do
lho. contrato de trabalho poderá se dar: pela
dispensa sem justa causa do empregado,
por pedido de demissão do obreiro ou por
distrato.
120/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias
Na hipótese de dispensa sem justa causa o art. 487, § 2º da CLT. O trabalhador, nesta
empregado terá direito aos seguintes di- hipótese, terá direito: saldo de salários, fé-
reitos: aviso-prévio proporcional; saldo de rias integrais não gozadas, simples ou em
salário; férias integrais não gozadas, sim- dobro mais um terço; férias proporcionais
ples ou em dobro mais um terço; férias pro- acrescido o terço constitucional quando
porcionais acrescido o terço constitucional não houver completado um ano de empre-
quando não houver completado um ano de sa, 13º salário proporcional.
empresa; 13º salário proporcional; indeni- O distrato é o mútuo acordo entre o empre-
zação compensatória de 40% dos depósitos gado e empregador em extinguir o contra-
fundiários; levantamento do saldo existente to de trabalho. Ocorre no chamado Plano
na conta vinculada do FGTS e guias de segu- de Demissão Voluntária (PDV). No entanto,
ro-desemprego. essa modalidade precisa observar os prin-
Quando o empregado pede demissão, rom- cípios protetivos do Direito do Trabalho que
pendo imotivadamente o pacto laboral, o objetivam proteger o trabalhador.
aviso-prévio proporcional deixa de ser um
direito do empregado passando a ser um
dever, sob pena do empregador descontar
o valor correspondente ao período do aviso,
121/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias
ração da justa causa é preciso se observar
Para saber mais os seguintes requisitos: a falta tem que ser
grave; deve ser comprovado que o traba-
O Plano de Demissão Voluntária - PDV é um me-
lhador agiu com dolo ou culpa; deve haver
canismo utilizado pelas empresas como forma de
a proporcionalidade na aplicação da pena;
enxugamento do quadro de pessoal, visando oti-
admite-se apenas uma única penalidade
mização dos custos e racionalização na gestão de
para cada falta cometida; uma vez aplica-
pessoas.
da a pena ela não poderá ser substituída por
uma de natureza mais grave; a pena deve
Na resolução o término do contrato de tra-
ser aplicada imediatamente, caso contrário
balho ocorre quando há a prática de uma
será considerado perdão tácito; vinculação
falta por uma das partes. A resolução po-
entre a pena e a infração.
derá ocorrer de três formas diferentes: por
dispensa do empregado por justa causa; por Configurada a justa causa, o empregado
rescisão indireta ou culpa recíproca. não terá direito ao aviso-prévio (proporcio-
nal), às férias proporcionais, ao 13º salário,
A dispensa por justa causa ocorre quando
ao levantamento do FGTS, à indenização
o empregado comete alguma falta grave,
compensatória de 40%, às guias do seguro-
prevista no art. 482 da CLT. Para a configu-
-desemprego.
122/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias
A despedida indireta ocorre quando a fal-
ta grave é cometida pelo empregador, nos Link
casos previstos no artigo 483 da CLT justi- TST. Rescisão indireta é um trunfo do empregado
ficando a ruptura do contrato de trabalho contra o mau empregador.
pelo trabalhador. Esta situação somente
será reconhecida pela justiça do trabalho por Disponível em: <http://www.tst.jus.br/noti-
meio de uma reclamação trabalhista e caso cias/-/asset_publisher/89Dk/content/resci-
o reclamante vença a demanda, terá direito sao-indireta-e-um-trunfo-do-empregado-
a todas as verbas rescisórias, como se tivesse -contra-o-mau-empregador>. Acesso em: 16
sido dispensado de forma imotivada. out. 2016.

Na resolução do contrato de trabalho por


culpa recíproca, quando ambas as partes
da relação trabalhista cometem falta grave,
previstos nos arts. 482 e 483 da CLT, o em-
pregado terá direito a 50% do valor do avi-
so-prévio, do 13º salário e das férias pro-
porcionais, conforme a súmula 14 do TST.

123/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias


Além disso, será devido a metade da multa
de 40% sobre os depósitos do FGTS. Para saber mais
A rescisão é a extinção do contrato de tra- Súmula 363 do TST CONTRATO NULO. EFEITOS. A
balho em situações de nulidade. Se o obje- contratação de servidor público, após a CF/1988,
to do contrato for ilícito nada é devido, nem sem prévia aprovação em concurso público, en-
mesmo os salários, pois não será possível o contra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, so-
Judiciário chancelar o trabalho que explora mente lhe conferindo direito ao pagamento da
o crime, como ocorre com o “Jogo do Bicho” contraprestação pactuada, em relação ao nú-
(OJ 199 da SDI-I do TST). mero de horas trabalhadas, respeitado o valor da
hora do salário mínimo, e dos valores referentes
Na nulidade do contrato por trabalho proi-
aos depósitos do FGTS.
bido só é devido ao trabalhador o saldo de
salário e o pagamento do FGTS.
A extinção do contrato a termo, por sua vez,
em regra, ocorre com o cumprimento total
do pacto celebrado no prazo determinado.
As verbas rescisórias devidas são: saldo de
salário, 13º salário vencido e proporcional,
férias vencidas e proporcionais com o terço
124/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias
constitucional, saque do FGTS referente ao ízos causados, de acordo com o artigo 480
período contratual, guia do seguro-desem- da CLT, que não poderá ultrapassar o valor a
prego. Não há a necessidade da concessão que teria direito em idênticas condições.
do aviso-prévio, pois as partes já conhecem Para a extinção do contrato de trabalho há a
o termo final do contrato. necessidade de certas formalidades, previs-
Se por algum motivo o empregador quiser tas no artigo 477 da CLT e seus parágrafos.
rescindir o contrato antes do advento do Os contratos com mais de um ano de dura-
termo terá que pagar ao trabalhador a títu- ção deverão ser homologados com a assis-
lo de indenização o valor correspondente à tência do sindicato ou perante a autorida-
metade da remuneração que o trabalhador de do Ministério do Trabalho e Previdência
teria direito até o final do contrato acresci- Social. O instrumento de rescisão deve ter
da da indenização de 40% do FGTS, art. 479 especificada a natureza e os valores de cada
da CLT. Além disso, deverá haver a expedi- parcela paga ao empregado.
ção da guia do seguro-desemprego. Caso a
solicitação do término do contrato a termo
seja realizada pelo empregado este não terá
direito ao levantamento do FGTS e será obri-
gado a indenizar o empregador pelos preju-
125/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias
-prévio é dar tempo ao empregador para
Para saber mais que consiga se organizar e substituir a mão
de obra, e ao empregado, para que consiga
Os sindicatos dos empregados e empregadores
encontrar um novo emprego.
domésticos que, antes da Emenda Constitucional
nº 72/2013 e da Lei Complementar 150/2015, O aviso-prévio poderá ser trabalhado ou
eram juridicamente incapazes para celebrarem indenizado. Quando o empregador conce-
convenção coletiva de trabalho, a partir da nova der o aviso-prévio ao empregado, este terá
regulamentação passaram a ter o direito de re- o direito à redução no horário de trabalho
presentar juridicamente esta classe de trabalha- em duas horas diárias ou sete dias corridos.
dores e a promover a homologação dos contratos Caso o empregador não conceda a redução
doméstico quando de sua extinção para aqueles de horário ao empregado, será considerado
contratos com mais de um ano. como não dado o aviso-prévio.
O artigo 7º, XXI da CF/88 fixou o direito ao
2. Aviso-prévio aviso-prévio proporcional ao tempo de ser-
viço, sendo no mínimo de 30 dias.
O aviso-prévio é a comunicação prévia de
uma parte a outra do desejo de romper o A Lei nº 12.506/11 regulamentou o aviso
contrato de trabalho. A intenção do aviso- prévio proporcional estabelecendo que até

126/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias


um ano de trabalho o empregado terá direi-
to ao aviso-prévio de 30 dias e serão acres-
cidos 3 dias por ano de serviço prestado na
mesma empresa, até o máximo de 60 dias,
perfazendo um total de até 90 dias.

Para saber mais


Para a contagem do aviso-prévio é preciso excluir
o dia do começo e incluir o dia do término.

A falta do aviso-prévio enseja ao pagamen-


to dos salários correspondentes ao prazo do
aviso, garantida sempre a integração desse
período no seu tempo de serviço.

127/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias


Glossário
Demissão: Ocorre quando o empregado solicita ao empregador o encerramento de seu contra-
to de trabalho.
Dispensa: Ocorre quando o empregador encerra o contrato de trabalho.
Rescisão: O termo “rescisão” é utilizado para indicar a extinção quando ocorrer alguma nulida-
de no contrato de trabalho.

128/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias


?
Questão
para
reflexão

A aposentadoria espontânea tem o condão de romper o


vínculo empregatício ou não?

129/177
Considerações Finais

• A rescisão do contrato de trabalho por prazo indeterminado poderá ocorrer


por resilição ou resolução.
• A resilição poderá ocorrer pela dispensa sem justa causa do empregado, por
pedido de demissão do obreiro ou por distrato.
• A resolução poderá ocorrer de três formas diferentes: por dispensa do em-
pregado por justa causa; por rescisão indireta ou culpa recíproca.
• A extinção do contrato a termo, em regra, ocorre com o cumprimento total
do pacto celebrado no prazo determinado.
• Os contratos com mais de um ano de duração deverão ser homologados
com a assistência do sindicato.
• A Lei nº 12.506/11 regulamentou o aviso prévio proporcional estabelecen-
do que até um ano de trabalho o empregado terá direito ao aviso-prévio
de 30 dias e serão acrescidos 3 dias por ano de serviço prestado na mesma
empresa, até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de até 90 dias.
130/177
Referências

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1948. Repouso semanal remunerado e o pagamento de


salário nos dias feriados civis e religiosos. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 12.506, de 11 de outubro de 2011. Dispõe sobre o aviso prévio. Brasília, DF, Sena-
do. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12506.htm>.
Acesso em: 2 dez. 2016.
CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.

131/177 Unidade 6 • Rescisão do Contrato de Trabalho e Verbas Rescisórias


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: Rescisão do Contrato de Traba- Aula 6 - Tema: Rescisão do Contrato de Traba-
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1d/285a652d6636f9d68866a2c10c73008e>. 2d2b1fb4a3463ad72db7c062172c4a90>.

132/177
Questão 1
1. O trabalhador que sofre acidente de trabalho e se aposenta por invalidez
deve ter o seu contrato de trabalho considerado:

a) Suspenso.
b) Interrompido.
c) Extinto.
d) Anulado.
e) Revogado.

133/177
Questão 2
2. Maria Aparecida Pereira, trabalhou durante 10 anos na empresa “Delí-
cias de Bolo” como cozinheira. No dia 01 de maio, uma segunda-feira, ela
foi dispensada sem justa causa. A empresa preferiu indenizar o aviso-pré-
vio e dispensá-la imediatamente. Neste caso a empresa deverá pagar as
verbas rescisórias

a) Até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato.


b) Até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão.
c) Até o quinto dia útil imediato ao término do contrato.
d) Até o final do mês em que ela foi notificada.
e) A legislação não estabelece um prazo certo e determinado.

134/177
Questão 3
3. Sobre a despedida indireta é correto se afirmar que:

a) É a falta grave cometida pelo empregado que poderá ser punida por procedimento adminis-
trativo.
b) É a falta grave cometida pelo empregado que somente poderá ser punida por decisão no
judiciário.
c) É a falta grave cometida pelo empregador que somente poderá ser reconhecida por decisão
no judiciário.
d) É a falta grave cometida pelo empregador que poderá ser reconhecida por procedimento
administrativo.
e) É a falta grave cometida de forma recíproca, tanto do empregado quanto do empregador.

135/177
Questão 4
4. Assinale a alternativa que não corresponde a uma hipótese de justa cau-
sa do empregado, disciplinada pela Consolidação das Leis do Trabalho.

a) Ato de improbidade.
b) Violação de segredo da empresa.
c) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e su-
periores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem.
d) Faltas injustificadas.
e) Incontinência de conduta ou mau procedimento.

136/177
Questão 5
5. O aviso-prévio é a comunicação prévia, do empregado ou empregador,
do desejo de romper o contrato de trabalho. A Constituição Federal esta-
belece que o aviso-prévio será de no mínimo:

a) 90 dias.
b) 60 dias.
c) 10 dias.
d) 20 dias.
e) 30 dias.

137/177
Gabarito
1. Resposta: A. 4. Resposta: D.
Art. 475, da CLT - O empregado que for apo- As hipóteses de justa causa estão taxativa-
sentado por invalidez terá suspenso o seu mente previstas no artigo 482 da CLT.
contrato de trabalho durante o prazo fixado
pelas leis de previdência social para a efeti- 5. Resposta: E.
vação do benefício.
Artigo 7º, XXI, CF.
2. Resposta: B.

Artigo 477, § 6º, b, da CLT.

3. Resposta: C.

Artigo 483, da CLT. É a falta grave cometida


pelo empregador que somente poderá ser
reconhecida por decisão no judiciário.

138/177
Unidade 7
FGTS

Objetivos

1. Compreender a transição da estabili-


dade decenal para o FGTS.
2. Entender a finalidade do FGTS.
3. Analisar a forma de depósito na conta
vinculado do empregado e as hipóte-
ses de saque pelo trabalhador.

139/177
Introdução
Anteriormente a criação do Fundo de Ga- estável menos produtivo. Assim, com o tem-
rantia do Tempo de Serviço (FGTS), havia a po a estabilidade decenal do trabalhador foi
proteção do tempo de serviço do emprega- dando lugar ao Fundo de Garantia do Tem-
do, previsto principalmente nos artigos 478 po de Serviço (FGTS).
e 492 da CLT. O trabalhador que comple-
tasse dez anos de emprego se tornava es- 1. Estabilidade Decenal
tável, consolidando a estabilidade decenal,
somente podendo ser dispensado se com- Em 1966, com a Lei nº 5.107, hoje revoga-
etesse falta grave. da, criou-se um sistema alternativo à esta-
No entanto, uma norma que visava prote- bilidade decenal. O empregado poderia, ao
ger o trabalhador muitas vezes o prejudica- ingressar no serviço, optar pelo FGTS, me-
va. O empregado que estivesse por atingir diante concordância escrita, no prazo de
o requisito dos dez anos no serviço acaba- 365 dias da vigência da lei ou da admissão,
va sendo dispensado. Na prática houve um quando esta se desse após a vigência da lei.
desvirtuamento do instituto da estabilidade O trabalhador ao optar pelo FGTS teria a sua
decenal. estabilidade extinta e, em contrapartida,
Essa situação levou a insatisfação dos em- receberia uma vantagem, o levantamento
pregadores que alegavam ser o trabalhador dos valores depositados pelo empregador.
140/177 Unidade 7 • FGTS
Esse sistema, na época era facultativo. No
entanto, os trabalhadores após a alteração Para saber mais
se viam obrigados a optar pelo FGTS. Não se pode confundir a estabilidade com a ga-
Com o advento da Constituição Feder- rantia no emprego. Esta é todo ato que impede
al de 1988, o regime do FGTS passou a ser ou dificulta a dispensa imotivada ou arbitrária do
obrigatório, eliminando a estabilidade de- trabalhador. A estabilidade é a espécie do gênero
cenal. No entanto, foi respeitado o direito garantia de emprego, ou seja, uma das formas de
adquirido para aqueles que já haviam com- operar a garantia no emprego. Possuem estabi-
pletado dez anos de serviço na data da lidade provisória o dirigente sindical; o cipeiro; a
promulgação da CF/88. gestante, o acidentado, entre outros.

Link
COIMBRA, R. Estabilidade e garantia de empre-
go. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.
br/portal/sites/default/files/anexos/22793-
22795-1-PB.pdf>. Acesso em: 21 out. 2016

141/177 Unidade 7 • FGTS


2. FGTS último terá o depósito mensal com redução
da alíquota para 2%.
Com a CF/88 os trabalhadores, urbanos e
Não terão direito ao FGTS o trabalhador
rurais, passaram a ser regidos pelo sistema
autônomo, o eventual, o servidor público e
do FGTS, artigo 7º, III.
o militar.
O FGTS corresponde a um valor depositado
A Lei nº 8.036/90, que regulamenta o FGTS,
pelo empregador, de 8% sobre a remuner-
estabelece que será obrigação do empre-
ação do empregado, em conta vinculada na
gador depositar mensalmente, até o dia 7
Caixa Econômica Federal. Tem como obje-
de cada mês, na conta vinculada do empre-
tivo proteger o trabalhador em caso de de-
gado, sem ônus do trabalhador, 8% da re-
sligamento ocorrido de forma involuntária.
muneração recebido pelo empregado, in-
O saque da quantia depositada garante ao
clusive sobre o 13º salário.
trabalhador a sua subsistência enquanto
não obtém nova colocação no mercado de O afastamento do trabalhador em virtude
trabalho. de acidente do trabalho ou prestação do
serviço militar obrigatório não exime o em-
São beneficiários do FGTS, os trabalhadores
pregador dos pagamentos do FGTS.
regidos pela CLT, avulsos, rurais, temporári-
os, mãe social, domésticos e o aprendiz. Este
142/177 Unidade 7 • FGTS
O artigo 20, da Lei nº 8.036/90, estabelece
as hipóteses de movimentação e retirada
dos valores pelo trabalhador. A título de ex-
emplo poderá o trabalhador sacar a quantia
quando houver dispensa sem justa causa;
aposentadoria concedida pela Previdên-
cia Social; para pagamento de parte das
prestações decorrentes de financiamento
habitacional; extinção normal do contrato a
Para saber mais
Neoplasia maligna é mais conhecida como tumor
termo; quando o trabalhador ou os seus de-
maligno ou câncer.
pendentes tiverem neoplasia maligna ou o
vírus HIV, quando o trabalhador tiver idade
igual ou superior a setenta anos.

143/177 Unidade 7 • FGTS


Glossário
Revogar: anular, desfazer, eliminar, derrogar, invalidar.
Mãe social: é a denominação da atividade profissional, regulamentada pela Lei nº 7.644/87,
exercida por mulheres em casas de acolhimento de menores. 
Cipeiro: empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de aci-
dentes.

144/177 Unidade 7 • FGTS


?
Questão
para
reflexão

Ainda é possível haver trabalhadores com estabilidade


decenal?

145/177
Considerações Finais

• Antes da criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) havia o


regime da estabilidade decenal. O trabalhador que completasse dez anos de
emprego se tornava estável.
• Com o advento da CF/88 o FGTS consolidou-se como regime obrigatório.
• O depósito do FGTS corresponde a um valor depositado pelo empregador,
de 8% sobre a remuneração do empregado, em conta vinculada na Caixa
Econômica Federal.
• O artigo 20, da Lei nº 8.036/90, estabelece as hipóteses de movimentação
e retirada dos valores pelo trabalhador.

146/177
Referências

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1948. Repouso semanal remunerado e o pagamento de


salário nos dias feriados civis e religiosos. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966. Cria o Fundo de Garantia do Tempo de Servi-
ço. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5107.htm>.
Acesso em: 2 dez. 2016.
BRASIL. Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Ser-
viço. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8036con-
sol.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

CASSAR, V. B. Direito do Trabalho. 12ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier/Método, 2016.


COIMBRA, R. Estabilidade e garantia de emprego. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/por-
tal/sites/default/files/anexos/22793-22795-1-PB.pdf>. Acesso em: 21 out. 2016

SILVA, H. B. M. da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado: Direito Coletivo. V.7. São Paulo: RT, 2015.

147/177 Unidade 7 • FGTS


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d47a/7b4aedfc237318c21596463b712d9da0>. d47a/a6fe2c757fdb6e9d74ba8eead8fc4c8d>.

148/177
Questão 1
1. Sobre o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço é correto se afirmar que:

a) O depósito do FGTS é sempre facultativo.


b) O depósito do FGTS é sempre facultativo. No entanto, a partir do primeiro depósito ele se
tornará obrigatório.
c) O depósito só será obrigatório para os trabalhadores urbanos.
d) Terá direito aos depósitos do FGTS os trabalhadores regidos pela CLT, os trabalhadores rurais,
os temporários, os avulsos, os safreiros, os atletas profissionais e o trabalhador doméstico.
e) Antes da constituição de 1988 o FGTS já era um instituto obrigatório para todos os traba-
lhadores.

149/177
Questão 2
2. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas
seguintes situações, exceto:

a) Despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de força maior.
b) Aposentadoria concedida pela Previdência Social.
c) Quando o trabalhador ou qualquer um de seus dependentes for acometido por endometrio-
se.
d) Falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus dependentes.
e) Quando o trabalhador ou qualquer um de seus dependentes for portador do vírus HIV.

150/177
Questão 3
3. Sobre o regime do FGTS assinale a alternativa correta.

a) Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vin-
culada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de to-
dos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho,
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.           
b) O valor a ser depositado na conta vinculada do empregado é de 10% sobre a remuneração.
c) É obrigatório o depósito do FGTS para os empregados regidos pela CLT, os trabalhadores ru-
rais, os temporários, os avulsos, os safreiros e os atletas profissionais. Já o recolhimento do
FGTS do trabalhador doméstico é facultativo.
d) O FGTS é constituído de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalhador, quando o
empregador efetua o primeiro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos depósi-
tos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes a 8% do salário pago ao empregado,
sem o acréscimo de atualização monetária e juros. 
e) O empregado poderá levantar os valores do FGTS a qualquer tempo.

151/177
Questão 4
4. Os valores do depósito do FGTS do trabalhador urbano, do aprendiz e
do trabalhador domésticos são respectivamente de:

a) 8%, 2% e 11,2%.
b) 8%, 3% e 8%.
c) 8%, 3% e 11,2%.
d) 10%, 2% e 8%.
e) 10%, 2% e 11,2%.

152/177
Questão 5
5. Com relação ao rendimento das contas do FGTS, é correto afirmar que:

a) Todo dia 5 recebem atualização monetária mensal e juros de 3% a.a.


b) Todo dia 10 recebem atualização monetária mensal e juros de 3% a.a.
c) Todo dia 15 recebem atualização monetária mensal e juros de 3% a.a.
d) Todo dia 5 recebem atualização monetária mensal e juros de 5% a.a.
e) Todo dia 10 recebem atualização monetária mensal e juros de 5% a.a.

153/177
Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: A.
Terá direito aos depósitos do FGTS os traba- O valor do FGTS do trabalhador urbano será
lhadores regidos pela CLT, os trabalhadores o correspondente a 8% (oito por cento) do
rurais, os temporários, os avulsos, os safrei- salário bruto pago ao trabalhador. Para os
ros, os atletas profissionais, o diretor não- contratos de aprendizagem, o percentual é
-empregado (que poderá ser equiparado reduzido para 2%. No caso de trabalhador
aos demais trabalhadores sujeitos ao regi- doméstico, o recolhimento é corresponden-
me do FGTS) e o trabalhador doméstico. te a 11,2 %, sendo 8% a título de depósito
mensal e 3,2% a título de antecipação do
2. Resposta: C. recolhimento rescisório.

Artigo 20, da Lei nº 8.036/90.


5. Resposta: B.
3. Resposta: A. Todo dia 10 recebem atualização monetária
mensal e juros de 3% a.a., conforme previs-
Artigo 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90.
to na Lei 8.036/1990.

154/177
Unidade 8
Direito Coletivo do Trabalho

Objetivos

1. Compreender a estrutura sindical bra-


sileira e os princípios que regem as re-
lações coletivas do trabalho.
2. Analisar o sistema de custeio do sin-
dicato.
3. Entender a negociação coletiva do
trabalho.
4. Estudar o instituto da greve.

155/177
Introdução

Abordar o direito coletivo do trabalho no lhadores influenciaram a incorporação dos


Brasil é um grande desafio. A construção direitos sociais nas constituições, reconhe-
do sindicalismo após a constituição Fede- cendo a necessidade de meios judiciais e
ral de 1988 é muito criticado por suas bases extrajudiciais de solução de conflitos cole-
no corporativismo. A liberdade sindical, sua tivos.
criação e financiamento trazem diversas re- O direito coletivo do trabalho é encarre-
flexões. gado de tratar sobre organização sindical,
Apesar do debate acadêmico sobre o as- negociação coletiva, contratos coletivos,
sunto é fato que o direito coletivo do traba- representação dos trabalhadores e greve.
lho tem um papel importante nas relações Elementos que serão analisados a seguir.
de emprego. Por meio dos sindicatos e das
negociações coletivas, os protagonistas, 1. Organização Sindical
empregados e empregadores, ganham voz
e tentam se entender numa relação bastan- O sindicato tem a função de defender os di-
te antagônica. reitos e interesses, individuais e coletivos,
de sua categoria, tanto judicial quanto ad-
A luta por melhores condições de trabalho
ministrativamente. São organizados por ca-
não é de hoje. Durante, especialmente os
tegoria e não por profissões.
séculos XIX e XX, as mobilizações de traba-
156/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho
Os sindicatos são regidos por alguns prin-
Para saber mais cípios fundamentais que norteiam o direito
coletivo. Dois se destacam: o princípio da
Categoria é o conjunto “de pessoas com interesses
autonomia sindical e o princípio da liberda-
profissionais ou econômicos em comum, decor-
de sindical.
rentes de identidade de condições ligadas ao tra-
balho ou atividade econômica desempenhada”1. É assegurado pela nossa Constituição Fede-
ral de 1988, no art. 5º, XVI e XVII, a liberda-
O artigo 511 da CLT disciplina que é lícita
1

de de reunião e associação de um grupo de


a associação para fins de estudo, defesa e pessoas, com objetivos em comuns. Espe-
coordenação dos seus interesses econômi- cificamente no direito sindical, o art. 8º, CF
cos ou profissionais de todos os que, como garante a liberdade de associação profis-
empregadores, empregados, agentes ou sional ou sindical. O princípio da liberdade
trabalhadores autônomos ou profissionais sindical garante o direito dos empregados e
liberais exerçam, respectivamente, a mes- empregadores de se organizarem e consti-
ma atividade ou profissão ou atividades ou tuírem livremente seus sindicatos, sem so-
profissões similares ou conexas. frer qualquer interferência ou intervenção
do Estado.
1 GARCIA, Gustavo Felipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho.
São Paulo: Método, 2008, p. 1068.

157/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


Os trabalhadores e empregadores possuem O sindicato será representado pelo seu diri-
a faculdade de filiar-se, manter-se filiado gente sindical que terá poderes de negocia-
ou mesmo desfiliar-se do sindicato. ção com as empresas e entidades patronais.
Para que tenha autonomia e independência
em suas funções a CLT prevê, no artigo 543,
Para saber mais § 3º, a proteção do líder sindical de dispen-
É importante salientar que a liberdade sindical não sa, a partir do momento do registro de sua
é plena no Brasil, uma vez que a legislação perpe- candidatura até um ano após o final do seu
tuou a estrutura corporativista, mantendo a unici- mandato, caso seja eleito, inclusive se apli-
dade sindical e a contribuição sindical obrigatória. cando a regra ao suplente. Podendo ser dis-
pensado quando houver justa causa.
O princípio da autonomia sindical consiste
na liberdade das instituições sindicais de se
organizarem internamente, com poderes de
autogestão e autoadministração, sem a in-
tervenção e interferência do Estado.
A lei não exige para a criação do sindicato
autorização do Estado, apenas um registro
no órgão competente.
158/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho
A contribuição legal, a chamada obrigatória
Link ou sindical, é o recolhimento de um dia de
trabalho do empregado, descontado pelo
KAMADA, F. L.; BERTOLIN, P. T. M. AUSENTES OU IN- empregador na folha de pagamento no mês
VISÍVEIS? A participação das mulheres nos sindi- de março de cada ano. A contribuição é de-
catos. Caderno Espaço Feminino. V. 25, n. 1, 2012. vida, de forma compulsória prevista nos ar-
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Dispo- tigos 578 a 610 da CLT e artigo 8º da CF, por
nível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/ todos que participem das categorias eco-
neguem/article/viewFile/13656/11077>. nômicas ou profissionais ou das profissões
Acesso em: 3 dez. 2016. liberais, sindicalizados ou não.
O recolhimento da contribuição sindical
2. Sistema de Custeio do Sindi-
dos trabalhadores avulsos ocorrerá no mês
cato de abril de cada ano, e os trabalhadores au-
O sistema de custeio dos sindicatos é for- tônomos em fevereiro. Já as contribuições
mado por quatro formas de contribuição: a das empresas, serão recolhidas no mês de
compulsória, a assistencial, a confederativa janeiro de cada ano.
e a voluntária.

159/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


A contribuição assistencial, prevista no art.
513, alínea e, da CLT, consiste no pagamen- Para saber mais
to de uma taxa ao sindicato, fixada, em ge- A estrutura sindical brasileira é formada pelos
ral, em cláusulas de convenção ou acordo sindicatos; federações (entidades sindicais de
coletivo. A taxa assistencial será cobrada grau superior, organizadas nos Estados, art. 533
apenas dos associados e tem a finalidade de da CLT), confederações (são entidades sindicais
custear o processo de negociação da cate- de grau superior, em âmbito nacional, composta
goria. de no mínimo três federações, art. 535, da CLT)
A contribuição confederativa prevista no ar- e centrais sindicais (pela Lei nº 11.648/08 são
tigo 8º, IV, da CF, será fixada pela assembleia entidades de representação geral dos trabalha-
geral, com desconto em folha, para custeio dores, de alcance nacional, que possuem poderes
do sistema confederativo da representação de coordenar a representação dos trabalhadores
sindical respectiva, independentemente da por meio das organizações sindicais a ela filiadas
contribuição prevista em lei. e de participar de negociações em fóruns, cole-
giados de órgãos públicos e demais espaços de
diálogo social que possuam composição tripar-
tite, nos quais estejam em discussão assuntos de
interesse geral dos trabalhadores).

160/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


Por fim, a contribuição voluntária, consiste profissional, conforme § 1º, do artigo 611
no pagamento, pelos associados, de uma da CLT: de celebrar acordos coletivos com
mensalidade ao sindicato, prevista nos es- uma ou mais empresas da correspondente
tatutos da entidade. categoria econômica, que estipulem con-
dições de trabalho, aplicáveis no âmbito da
3. Negociação Coletiva de Tra- empresa ou das acordantes respectivas re-
balho lações de trabalho.
A convenção coletiva do trabalho, por sua
A negociação é a forma que tem de um in-
vez, pelo caput do artigo 611 da CLT, é o
teressado em obter daquele que tem inte-
acordo de caráter normativo, pelo qual dois
resse diverso uma solução que satisfaça
ou mais Sindicatos representativos de cate-
ambas as partes.
gorias econômicas e profissionais estipulam
No direito coletivo do trabalho as nego- condições de trabalho aplicáveis, no âmbito
ciações, na maioria das vezes, ocorrem por das respectivas representações, às relações
meio de convenção e acordo coletivo de individuais de trabalho.
trabalho.
O que diferencia a convenção e o acordo
O acordo coletivo de trabalho é a faculdade coletivo de trabalho são seus signatários. A
dos sindicatos representativos de categoria
161/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho
convenção coletiva é a negociação entre o Apesar do entendimento consolidado pelo
sindicato da categoria profissional (dos tra- TST sobre os efeitos das convenções e acor-
balhadores) e o sindicato da categoria eco- dos coletivos, o Ministro Gilmar Mendes, no
nômica (patronal). Já o acordo coletivo de dia 14 de outubro de 2016, na medida cau-
trabalho é o instrumento normativo pactu- telar para Arguição de Descumprimento de
ado entre o sindicato da categoria profis- Preceito Fundamental (ADPF) nº 323 enten-
sional e uma ou mais empresas. deu, contrariamente ao disposto na súmula
O TST, na súmula 277, estabelece que as 277 do TST, que:
cláusulas normativas das convenções co-
letivas e dos acordos coletivos de trabalho
integram os contratos individuais de traba-
lho e somente poderão ser modificados ou
suprimidas mediante negociação de traba-
lho. Assim, as cláusulas acordadas integram
os contratos individuais do trabalho até que
uma nova negociação a elas se refira ex-
pressamente.

162/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


Ao melhor analisar a questão, inclusive após o recebimento de informa-
ções dos tribunais trabalhistas, pude ter percepção mais ampla da gravida-
de do que se está aqui a discutir. Em consulta à jurisprudência atual, veri-
fico que a Justiça Trabalhista segue reiteradamente aplicando a alteração
jurisprudencial consolidada na nova redação da Súmula 277, claramente
firmada sem base legal ou constitucional que a suporte.

Link
TST. ADPF questiona súmula do TST sobre vigência de normas coletivas. Disponível em: < http://www.
stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=270646>. Acesso em: 20 out. 2016.

4. Greve

Greve é a paralisação coletiva e temporária do trabalho, através da pressão exercida pelo sindi-
cato profissional, para reivindicar melhores condições de trabalho ou para protestar contra algo.

163/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


A Lei de Greve, nº 7.783/89, no artigo 2º, d) Prestação dos serviços indispensáveis
considera legítimo o exercício do direito de a sociedade nos serviços essenciais
greve a suspensão coletiva, temporária e (artigo 10, da Lei de greve).
pacífica, total ou parcial, de prestação pes- e) São assegurados os direitos dos gre-
soal de serviços a empregador. Assim, a gre- vistas (artigo 6º, da Lei de greve);
ve deve ser exercida nos limites estabeleci-
dos pela lei, caso contrário será considerada f) É vedado a empresa utilizar meios para
abusiva. constranger o empregado ao compa-
recimento no trabalho.
Para a deflagração da greve é preciso obser-
var as seguintes peculiaridades: g) Livre adesão à greve.

a) Frustração da negociação coletiva. h) A greve suspende o contrato de traba-


lho.
b) Necessidade de realizar assembleia
prévia aprovando a greve. i) Qualquer abuso de direito, nos atos
praticados, será apurado conforme a
c) Comunicação prévia de 48 horas ao legislação trabalhista, penal ou civil.
sindicato patronal ou empresa e de 72
horas para as greves nos serviços es- j) É vedado a paralisação das atividades
senciais. por iniciativa do empregador (lockout).

164/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


Também é assegurado aos servidores públi-
cos o direito de greve (artigo 37, VII, CF). No
entanto, a regulamentação ainda está pen-
dente de regulamentação. Assim, em 2007
o STF entendeu ser aplicável ao setor, no
que couber, a lei de greve do setor privado.

165/177 Unidade 8 • Direito Coletivo do Trabalho


Glossário
Corporativismo: o corporativismo foi uma modalidade de intervenção estatal que delimitou
regras para o nascimento e funcionamento do sindicato.
Unicidade sindical: é o modelo adotado na estrutura sindical brasileira que limita a atuação
dos sindicatos de cada categoria a uma base territorial. É proibido a existência de mais de um
sindicato na mesma base de atuação.
Personalidade jurídica: de acordo com o artigo 1º do código civil, a personalidade jurídica é
um atributo essencial para ser sujeito de direito. É a partir da personalidade que a pessoa terá
aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações.

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?
Questão
para
reflexão

Qual deve ser o conteúdo de uma norma coletiva? Quais


direitos podem ser negociados? Há algum limite?

Link
DELGADO, M. G. Direito do Trabalho e seus
princípios informadores. Disponível em: <ht-
tps://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/hand-
le/1939/52335/007_delgado.pdf?sequen-
ce=1>. Acesso em: 20 out. 2016.
167/177
Considerações Finais
• A estrutura sindical brasileira é formada pelos sindicatos; federações, con-
federações e centrais sindicais.
• O sindicato tem a função de defender os direitos e interesses, individuais e
coletivos, de sua categoria, tanto judicial quanto administrativamente. São
organizados por categoria e não por profissões.
• O sistema de custeio dos sindicatos é formado por quatro formas de contri-
buição: a compulsória, a assistencial, a confederativa e a voluntária.
• A negociação no direito do trabalho é a forma que tem de um interessado
em obter daquele que tem interesse diverso uma solução que satisfaça am-
bas as partes. Poderá ocorrer por meio de uma convenção ou acordo coleti-
vo de trabalho.
• Greve é a paralisação coletiva e temporária do trabalho, através da pressão
exercida pelo sindicato profissional, para reivindicar melhores condições de
trabalho ou para protestar contra algo.

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Referências

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.
htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1948. Repouso semanal remunerado e o pagamento de


salário nos dias feriados civis e religiosos. Brasília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0605.htm>. Acesso em: 2 dez. 2016.

BRASIL. Lei nº 7.783, de 28 de junho de 1989. Dispõe sobre o exercício do direito de greve. Bra-
sília, DF, Senado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7783.htm>. Acesso
em: 2 dez. 2016.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2008.
__________. Direito do Trabalho e seus princípios informadores. Disponível em: <https://juslabo-
ris.tst.jus.br/bitstream/handle/1939/52335/007_delgado.pdf?sequence=1>. Acesso em: 20 out.
2016.
GARCIA, G. F. B. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Método, 2008, p. 1068.
TST. ADPF questiona súmula do TST sobre vigência de normas coletivas. Disponível em: <http://www.
stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=270646>. Acesso em: 20 out. 2016.

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de54ecd74765dca6f0f3a08c63d08389>. 1d/0ea7e386e655505f1453ad58fc0d705e>.

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Questão 1
1. Com relação ao Direito Coletivo do Trabalho assinale a alternativa correta.

a) Nas greves de atividades essenciais, os sindicatos ou os trabalhadores deverão comunicar a


decisão de entrar em greve aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de
48 horas.
b) O recolhimento da contribuição sindical compulsória só deverá ser exigido dos empregados
sindicalizados.
c) Acordo coletivo do trabalho é a negociação coletiva entre dois ou mais sindicatos represen-
tativos de categorias econômicas e profissionais para estipularem condições de trabalho.
d) coletiva de trabalho é a negociação coletiva entre um sindicato laboral e uma ou mais em-
presas estipulando condições de trabalho.
e) A estrutura sindical é formada pelos sindicatos, federações, confederações e centrais sindi-
cais.

171/177
Questão 2
2. Acerca da organização e estrutura do sindicalismo no Brasil, assinale a
opção correta.

a) É livre a associação profissional sendo exigido pela lei a autorização do Estado para a funda-
ção de sindicato.
b) É permitido a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representa-
tiva de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida
pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um
Município.
c) É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
d) Todos os trabalhadores são obrigados a filiar-se e a manter-se filiado a sindicato.
e) O aposentado filiado não tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais.

172/177
Questão 3
3. Com relação aos direitos de greve é correto afirmar que:

a) São considerados serviços ou atividades essenciais: tratamento e abastecimento de água;


produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; assistência médica e hospi-
talar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; funerários; transporte
coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; guarda, uso e controle
de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; processamento de dados
ligados a serviços essenciais; controle de tráfego aéreo; compensação bancária.
b) Em caso de greve, o empregador poderá substituir a mão de obra dos grevistas para não in-
terromper a sua atividade produtiva.
c) O militar possui direito de associação e de greve.
d) É permitido o “lockout” pela legislação brasileira, ou seja, a greve do empregador.
e) Os dias de greve não suspendem o contrato de trabalho.

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Questão 4
4. São atividades essenciais, exceto:

a) Assistência médica e hospitalar.


b) Entidade educacional.
c) Tratamento e abastecimento de água.
d) Transporte coletivo.
e) Telecomunicações.

174/177
Questão 5
5. A negociação coletiva do trabalho é um instrumento importante para as
relações trabalhistas. Acerca do tema assinale a alternativa correta.

a) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,


somente em questões judiciais.
b) Convenção Coletiva de Trabalho é um documento, pelo qual dois ou mais Sindicatos repre-
sentativos de categorias econômicas e profissionais recomendam condições de trabalho
aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais do trabalho.
c) As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os con-
tratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante
negociação coletiva de trabalho.   
d) Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as empresas,
quando provocados, podem recusar-se à negociação coletiva.
e) As condições estabelecidas no Acordo sempre prevalecem com relação às condições previs-
tas na Convenção.

175/177
Gabarito
1. Resposta: E. 5. Resposta: C.

Artigo 533 da CLT e Lei nº 11.648/08. Súmula nº 277 do TST. CONVENÇÃO COLE-
TIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO
2. Resposta: C. DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE. 

Artigo 8º, da CF.

3. Resposta: A.
Artigo 10, Lei nº 7.783/89.

4. Resposta: B.

Artigo 10 da Lei nº 7.783/89.

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