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VELHICE GUITA GRIN DEBERT - A REINVENÇÃO DA VELHICE.

CAPITULO ANTROPOLOGIA E
VELHICE PERSPECTIVAS DE PESQUISA

É Difícil imaginar nós como pessoas velhas? Que nosso próprio corpo com frescor pode se
tornar mais lento, cansado.

Guita fala que a compreensão para os que estão nesse momento da vida tem dificuldade para
aqueles que estão em outros grupos de idade. As pessoas resistem a ideia de sua própria
velhice. Em muito por relacioná-la a morte, a um estágio ou fase final, degenerado.

e essa resistência é uma forma de opressão, sabemos que nossas relações são também, além
de outras coisas, relações de poder, há opressão em determinar ou subjugar a velhice. Somos
adultos, adultocêntricos.

Atribuímos características que limitam ainda mais as pessoas mais velhas, vocês não acham?
Tendemos a generalizar a velhice: dificuldade de locomoção, dificuldade de realizar tarefas do
dia a dia, doenças, sofrimento, incapacidade. É uma forma de repressão, não?

É como se lidássemos com uma dualidade, ou jovem e vital ou velho e incapaz. Os mais jovens
atribuindo aos mais velhos como eles estão nessa fase da vida.

A nossa cultura vê os velhos através de uma ótica, nossos olhos são formados por lentes, como
diz roberto cardoso de oliveira, e essas lentes é a nossa cultura.

Na Antropologia Guita debren trata dessa distância entre gerações: ela diz querer utilizar o
instrumental antropológico em uma pesquisa com o outro - mas o outro não distante em
outro local da cidade ou país, por exemplo, ou um outro próximo do que já fomos, crianças,
jovens, mas o outro que um dia eu serei.

A velhice como uma experiência que muda entre as gerações? O que seria a velhice anos atrás,
o que é hoje e o que será no futuro??

Enquanto adultos e jovens, talvez nossas experiências serão diferentes, não?

As novas imagens do envelhecimento, a nova forma de gestão da velhice e o discurso


gerontológico é também ver o papel de novas gerações dando novos significados a essa etapa
da vida.

A gente vivencia uma fase da vida que é nossa, dando os nossos significados. Não quer dizer
que nossos significados não tenham interação ou influência com nossos contextos sociais.
Novas gerações podem fazer surgir novos conceitos e significados a essa vivência,
provavelmente não iremos envelhecer da mesma forma que nossos pais e avós.

O QUE SERIA SER VELHO HOJE?

NOS ANOS 70 A VELHICE PASSA A SER TEMA DE INTERESSA DE PESQUISADORES,

nas pesquisas geriátricas haviam dois modelos: teoria da atividade e do desengajamento. EM


AMBAS, a velhice era vista como uma fase de perdas de papéis sociais, MAS ENQUANTO EM
UMA A VELHICE É MAIS FELIZ QUANDO IDOSOS ENCONTRAM ATIVIDADES COMPENSATÓRIAS,
PERMANECENDO ATIVOS. E A OUTRA VÊ NO DESENGAJAMENTO VOLUNTÁRIO DE SUAS
ATIVIDADES A CHAVE PARA UMA VELHICE FELIZ.

Hoje em dia, existe um debate sobre a velhice como um período de retraimento, uma situação
de dependência e passividade, que alimenta políticas públicas pensadas em um idoso doente,
dependente do estado.

Já o outro modelo via a velhice como ativa, nesse modelo a idade não é algo que determina as
experiências vividas.

HISTORICAMENTE, os baby boomers, nascidos após a segunda guerra tiveram um papel muito
importante, pois foram eles que se interessaram sobre a experiência da velhice, na medida
que usavam seus postos de poder, socialmente falando, para dar luz a estudos e produzirem
sobre a velhice, se interessando pelo tema.

Esses jovens, nascidos na sociedade do pós guerra dos EUA, vivenciaram importantes questões
como o aumento da escolaridade, um maior período na escola, entraram para o mercado de
trabalho nos anos 60, um período muito farto de empregos. Foi uma geração exposta a tv, a
mídia, a cultura de consumo, abriu o leque para um grande mercado de produção e consumo.
Ao adentrarem em novas etapas da vida, mostraram que suas experiências poderiam ser
inovadoras e diferentes.

Os jovens desse peíodo entraram na fase adulta com uma bagagem grande, uma cultura jovem
formadora de gostos e estilos. A própria fase adulta foi prorrogada, aumentada devido a
maior dedicação dos jovens com os estudos, as especializações, e também tinham um ativismo
político muito grande, com uma bagagem de contra cultura, feminismo, ativismo político, etc.

Os papéis sociais de cada geração vão mudando e novos significados são construídos. Pessoas
mais jovens vão adentrando a temática da velhice seja através de participação em formações
de políticas públicas ou em movimentos sociais que dão visibilidade a essa fase da vida, elas
vão adentrando espaços de poder em que um interesse à velhice é aberto e podem
acompanhar de perto toda sensibilidade em torno de produção de conhecimento sobre essas
pessoas e também a forma com que elas vêem essa fase de suas vidas.

E foi sobre os jovens que os estudos antropológicos passaram a se dedicar primeiramente.

A geração adulta hoje será capaz de modificar a forma com que vemos a velhice? Será capaz
de mudar a ideia de que não nos identificamos com essas pessoas mais velhas? Será capaz de
automaticamente parar de reproduzir a ideia de que à velhice está dedicada apenas a
fragilidade e incapacidade? Como algo que não queremos, ou será que seremos capazes de
programarmos nossas vidas de modo que beleza e dignidade em idades avançadas não sejam
privilégios de apenas algumas velhices?

ANTROPOLOGIA a antropologia vem tentando trazer os diversos tipos de velhice, as várias


formas de se viver e estar nessa fase da vida, sem uma conotação de valores, do que é bom ou
ruim, mas trazendo pesquisas que mostram que viver a velhice é feita de forma única e
variável através de diversas condições, REFLETINDO SOBRE O PODER QUE HÁ NAS
ESTRUTURAS SOCIAIS E COMO ESSE DETERMINA ESSAS VIVÊNCIAS
COMO A FORMA DE PODER E RESPONSABILIDADES SÃO EXERCIDAS NA NOSSA SOCIEDADE.

guita cita LAURA NADER, QUE DIZ QUE uma antropologa que diz que os estudos teriam que ter
um efeito energizador, ou seja, as pesquisas antropológicas deveriam dar importancia a
indignação como um motivo de escolha de temas para os estudos. E pensar como PODER E
RESPONSABILIDADE são exercidos é uma forma de problematizar a questão. A JUSTIFICATIVA
ERA QUE O POVO NORTE AMERICANO NÃO CONHECIA SEUS SISTEMAS DE LEIS E A FORMA
COM QUE ERAM GOVERNADOS NA DÉCADA DE 50.

No brasil, pesquisamos em nosso próprio país, constituindo assim a imagem do outro, dos
pobres, índios, negros, dos nossos temas de pesquisa. Com estudos minuciosos mostrávamos
como esses grupos contestavam sistemas de dominação através das teorias sociológicas que
mostravam a função homogeneizadora e opressora das tecnologias de poder.

O efeito energizador veio, segundo guita, das teorias pós modernas, dando espaço para que
novos antropólogos colocassem suas ideias e mostrassem novas formas de abordagens e
teorias, numa crítica a forma tradicional de se fazer antropologia. O lugar do antropólogo
muda nesse sentido, a sua autoridade.

PARA GUITA, MAIS QUE UMA ANTROPOLOGIA PÓS MODERNA, DEVERÍAMOS FAZER UMA
ANTROPOLOGIA DA PÓS MODERNIDADE, DANDO ESPAÇO PARA AS MUDANÇAS EM CURSO
QUE CARACTERIZAM AS EXPERIÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS.

A ANTROPOLOGIA ESTÁ APTA PARA ESSAS ANÁLISES NA MEDIDA EM QUE AMPLIA SEUS
HORIZONTES QUANDO CONSIDERA QUE É PRECISO REFOCALIZAR OS OBJETOS QUE VEM
ESTUDANDO, SOB NOVOS PONTOS DE VISTA, METODOLÓGICOS, TÉCNICOS, ETC.

HOJE EM DIA: SER JOVEM É UM DEVER DE TODOS? o que isso significa para os velhos? gastos
excessivos, solidão, preconceito, angústia, como irão gastar seu dinheiro nesse contexto?

Novos diálogos são necessários, o destino da velhice está ligado ao modo como os indivíduos
são convencidos de como pode ser o seu destino e das práticas por eles postas em ação.

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