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Poesia sobre o Despertar
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1. Tudo é amor
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Tudo é amor,
e o que não é amor
é dor
rogando pra virar amor.
Quando o presente
for suficiente,
todo o restante
será irrelevante.
Não importa
qual seja a teoria,
o melhor guia
é o coração.
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A presença
é tudo isso
que o pensamento
não alcança.
É preciso matar
quem você acha ser,
pra dar a luz
a quem de fato você é.
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Quem grita virtude,
fede a pecado.
Se o sol,
que é o sol,
ilumina o céu
sem pedir
nada em troca,
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Há um muro,
entre tu, e a felicidade,
esse muro é o passado,
esse muro é o futuro,
esse muro é a tua mente
quando escapa do presente.
Eu amo,
pois amor
é um estado,
e amar
é verbo intransitivo.
Logo,
não exige complemento,
ou sujeito a ser amado.
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Entre cada ruído,
há um sacro silêncio,
tão bonito, inefável,
que nem o melhor
dos ouvidos
consegue captá-lo.
O único império
que resiste ao tempo
e as intempéries
é o império do amor.
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Se o meu futuro
está entregue,
e o meu passado,
sepultado,
o que me resta,
felizmente,
é o presente.
Quem se amedronta,
ante o risco do futuro,
não vê, que logo à frente,
o eterno presente mora.
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Se existe outro tempo
além do Agora,
me digam,
posto que mora,
nessa crença,
toda a minha
paz de espírito,
harmonia
e bem-aventurança.
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O amor está
onde o ego vira pó.
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2. Alentempo
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Manifesto Amorista
Não faças da minha vida um inferno,
pra conquistar os céus.
Faz da minha vida um paraíso,
que descerá a ti, sem que percebas,
toda a glória,
toda a graça,
e todo o riso.
Combate ao Crime
Um par de algemas,
pode prender-te as mãos.
Mas um poema,
pode incendiar-te o coração.
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Pensador
Pensa que há dor,
para além,
do pensamento.
Cabeça de Vento
Tão vazia
de pensamento,
mas cheia de vida.
Ausente é o sofrimento,
pois todo o corpo de dor,
dissolve no momento presente.
Ela é leve, como a brisa matutina.
Ela tem cabeça de vento.
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O reino dos Céus
Não é tão longe, quanto se imagina,
não está abaixo, tampouco acima.
O reino dos Céus está incrustado
no fundo do peito do homem de fé.
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Pedra Filosofal
Não é sobre
transformar chumbo em ouro.
Mas sim,
sobre transformar,
esse teu coração de pedra,
em coração de fogo.
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Cores do Agora
Nem as cores da aurora,
nem os sabores,
nem os coros dos cantores,
nada, mas nada disso,
nada resume o Agora.
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O Pato
O pato bate as asas,
briga, e faz cara feia.
Mas depois flutua.
Para o pato,
não há passado,
o que importa
é o presente.
O pato é sabido,
o pato é feliz,
o pato é contente.
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Céu
É um estado,
além do futuro
e do passado.
Além da separação,
da ilusão, falso eu.
Em toda religião,
o céu é o desfecho
o céu está guardado.
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Glória Passageira
Não me interessa
essa glória passageira.
Sexo, dinheiro, poder e fama.
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Nada disso me fascina.
A prata, o bronze, o ouro,
a forma, vã, distorcida.
Não me interessa,
não me interessa,
sexo, dinheiro, poder e fama.
Não me interessa
essa glória passageira.
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3. Despertar
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O pior cego
é o que, de tanto ego,
somente enxerga
o seu umbigo.
— Paixão é loucura.
— E amor?
— Amor é a cura.
Pessoas,
se vão.
Amores não.
Se a tua crença,
cega-te a visão,
não é religião:
é doença!
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E quando a vida
te levar,
quanto da vida
você levará?
O alimento do ego
não faz-te pleno,
fica tu atento:
é veneno!
Quem carrega
o fardo do passado,
não se entrega,
e não sente,
a glória do presente.
Alentempo | 32
O pensamento
é um tormento.
E a mente vazia
é uma lagoa,
de pura mansidão,
serenidade
e alegria.
O fim do egoísta
não é a glória.
Observe a história,
como alerta,
e como ensina:
o fim do egoísta
é a ruína!
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Se o presente
for teu aliado,
a vida é um agrado.
Se o presente
for teu inimigo,
a vida é um castigo.
Enquanto você,
não se libertar,
do passado,
será escravo
no presente.
O futuro,
que você quer,
está aqui,
no presente,
que eternamente é.
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O tolo
vê com as lentes
do passado.
O incauto
vê com as lentes
do futuro.
Mas o sábio
vê com as lentes
do presente.
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Se não fores tu,
digno,
de criar o teu próprio paraíso,
ninguém mais o será.
Não percebes,
oh, pobre condenado,
não percebes isso?
Se viver no presente,
dá-me o gozo suficiente,
por que haveria eu,
logo eu, de preocupar-me
com o que virá à frente?
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Ela é linda,
mas a alma
é mais ainda.
A vida
é como o sexo,
e o prazer
não está no gozo
(ou orgasmo),
mas no beijo,
no olhar,
no toque
e no ato.
O tempo,
onde Deus se revela,
não é o futuro,
nem o passado,
é o Agora.
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Quem vive no futuro,
fatalmente perece.
Quem vive no passado,
fatalmente percebe,
que quem vive fora,
dentro se esclarece.
Se tuas ações,
não seguem tua filosofia,
não é filosofia:
é hipocrisia!
O passado passou.
Se fosse importante,
não seria o passado,
seria o presente.
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Vem pra presença,
aqui,
onde o galo canta,
o cavalo trota,
e o esquilo dança.
Revigora-te,
no portal de cura,
pois quem bebe,
na formosa fonte,
do aqui e agora,
frondoso desponta,
e aflora, com frutos,
no jardim da vida.
É preciso
retirar os véus
pra alcançar os Céus.
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Eu vou rezar pra ti
uma missa de corpo presente.
Que é pra ver se tu entras,
em corpo, alma, luz e mente,
no único momento
que importa:
no Agora!
Dias melhores,
nunca hão de vir,
se o milagre,
não for descoberto,
não depois:
mas Agora
e Aqui!
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Nem adianta,
tanto esforço,
pra alcançar
o além-mar.
Se o que dizem,
é que a virtude,
brota somente
no além-mente.
Tendes confiança,
como uma criança,
que não tem crença.
Não teme,
não corre,
não hesita,
e não pensa.
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Mente vazia:
poupar pensamentos
é a melhor
economia.
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É movendo-se,
além da forma,
que ao firmamento,
o homem passa.
Paz:
é o Agora
e nada mais!
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Fui e voltei,
mais de uma vez.
E voltarei,
quantas vezes preciso for.
Não por obrigação:
mas por amor!
O momento é sagrado.
Tanto que,
quando posso,
escolho:
fico calado!
Quando o ego,
é maior que o passo,
o sujeito não anda:
tropeça!
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Todo dia,
eu observo aos céus.
Eu não desejo ir aos céus,
eu fico quieto, calado,
não penso, não falo, não reajo.
Eu fico assim,
eu deixo,
e então:
os céus descem até a mim.
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De todos os sons,
aquele que faz,
mais barulho
e mais silêncio,
a um só tempo,
é o som do om.
Não há mente,
no mundo,
que traduza
o que o peito sente.
Todo dia,
eu pego meu corpo de dor,
e transmuto
em corpo de poesia.
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Nem tudo que fala,
É ruído, vibração.
Há quem grite quando cala,
e há quem veja sem visão.
Seja, pare, sinta:
ouça seu coração!
Só é dado ouvir,
a música das esferas,
quem decide calar
e acessar o Agora.
Não há desavença,
que não se resolva,
à luz da presença.
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Quanto mais eu dou,
mais eu tenho:
é a estranha
fórmula
do amor.
Além da mente,
o único tempo que existe,
é como fosse bússola.
Que conduz, feito luz,
o rumo da nossa vida,
da nossa estrada, trajetória.
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Há um jardim,
dentro de mim,
que todo dia eu rego,
com exceção do ego.
Há um jardim,
dentro de mim,
que todo dia eu rego.
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A lua cheia de graça,
uma sinfonia, uma cantata,
a vida corre sem pressa,
e o presente basta!
No reino do alentempo,
duas crianças brincam.
Uma delas sorri
e a outra comemora.
Coragem
é dar
a outra face!
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Sê como a criança,
que, longe do futuro
ou do passado,
dorme, e ainda acorda,
desperta na presença.
E não há nada,
na vida,
além do Agora.
Nada me fere,
se de morada,
faço o Agora.
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Na beira do mar,
eu vejo o coqueiro,
e o coqueiro
também me olha.
E não há nada,
na vida,
além do Agora.
E não há nada,
na vida,
além do Agora.
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Nada me fere,
se de morada,
faço o Agora.
A noite de verão,
e as cordas do violão,
frias, tocam minh'alma.
O céu estrelado,
e o piano, exaltado.
A sinfonia, somente,
e a solidão dos astros.
E não há nada,
na vida,
além do Agora.
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A glória
éo
Agora.
O soco do violoncelo,
e o grito do violino.
O canto da donzela,
e a sinfonia
está completa.
Ainda que,
escape ao fundo,
o choro do menino.
Ó, como é linda,
como é bela,
a música das esferas.
E não há nada,
na vida,
além do Agora.
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O gemido da sanfona,
o rugido do trombone,
a viola, graciosa,
o baixo e o saxofone.
O maestro, delicado,
a valsa, e a bailarina.
O sorriso dos presentes,
e a festa, e a fantasia.
As partituras,
a multidão em coro,
o transe, o gozo
e a sinfonia.
E não há nada,
na vida
além do Agora.
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Loucura,
é tudo que
retira
o Agora de ti.
A procura,
finda,
à luz
do Agora.
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Não me interessa,
o seu agouro,
se eu bem sei,
que a vida floresce
no meu Agora.
A caravana passa,
faz graça, faz troça,
mas a ele não interessa,
pois já é dono do Agora.
Alentempo | 57
A mim não interessa,
essa vã promessa,
de um céu, distante,
de alegria após a morte.
Se eu já sei,
que a felicidade brota,
não no momento passado,
ou tampouco no futuro.
O teu guri
é o teu
melhor guru.
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Entre as ondas,
o silêncio do mar.
Eu observo a tudo.
Até que,
num dado momento,
com o pensamento,
eu desapareço.
Eu sou a terra.
Eu sou a vida.
Eu sou o mar.
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Quem usa as pessoas como escada,
pra chegar em algum ponto,
no momento futuro.
Não percebe,
que a única função das pessoas
é provocar o gozo
do momento presente.
Deus,
é isso que resta,
quando vai-se o ego,
e a vida fica.
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A chuva que cai,
sobre nossas cabeças.
E eu, que ainda lembro,
dos tempos da delicadeza.
Quanto a mim,
nada mais resta.
A chuva é suficiente.
Eu já sou dono do agora,
eu já sou dono do presente.
E tudo que,
te aproxima,
é bem-aventurança.
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Não interessa,
ao mago,
matar o mundo.
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A fera
não resiste
à brandura
do Agora.
O mundo é grande,
o mundo é fundo,
finda o homem,
mas não finda o mundo.
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Onde quiseres ir,
pouco difere a mim,
pois será sempre Agora,
e será sempre Aqui.
Sê como a criança,
que brinca,
mas não esmorece.
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Dobrei a esquina,
dei de cara com minha sombra.
Não fugi, não corri, nem gritei.
O que fiz?
Amei.
E a minha sombra?
A minha sombra,
de repente,
virou luz.
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Quando à vida,
nos oferecemos,
nus, inteiros,
A vida, também,
nos presenteia de volta.
Esse desejo,
que antecede ao beijo,
é ilusão, é furada.
Alentempo | 66
A cura da carência,
é reconhecer, no coração,
a fonte de todo o amor,
de toda a compaixão,
e de toda a benevolência.
A cura da carência,
é fazer, do coração,
a suprema residência.
Eu e a lua,
e então,
numa brecha,
vai-se o eu.
E a vida resta,
somente a vida,
nua e crua.
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Eu não sei,
se eu sou feliz,
ou se é a felicidade,
talvez,
que habita em mim.
Quem ama,
ama por inteiro,
senão,
não é amor:
é cativeiro!
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A vida é uma prece.
Só não percebe,
quem muito pede,
e jamais agradece!
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A um viajante,
que perguntava,
como realizá-los,
ele respondeu.
Não importa.
Pois a senha,
é uma só:
o amor!
Os céus descem,
em reverência,
e sublime trato,
a todos que,
renunciam,
às consequências dos atos.
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Tem vários eus
dentro de mim.
A todos eu observo,
a todos eu digo sim.
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O que é a salvação,
(a salvação dos cristãos),
senão
a transição,
da ego-ação,
para a eco-ação?
Quantos de nós
não precisam
perder o teto,
pra ganhar morada
no Absoluto?
Alentempo | 72
Quando o meditador falece,
é que a meditação começa.
Eu morri,
E hoje
é a Arte
que vive em mim.
Não julgueis.
Dissera o mestre,
ao aprendiz.
Pois o juiz,
seguramente,
não é feliz.
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Não faz confusão
entre amor e apego.
O apego é do ego,
e o amor, do coração.
A nova mudança,
é o fim do tempo,
e o advento
da presença.
Alentempo | 74
O eu
é somente um pensamento.
Atire-o ao vento.
E abrace-me,
como se não houvesse tempo.
E abrace-me,
como se não houvesse tempo.
O poder
mais poderoso
é o poder
interior.
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Enquanto existir,
um traço do ‘quero’,
não haverá
a glória do Agora.
No julgo do ego,
sou escravo.
No julgo do peito,
sou liberto.
Transcender os pensamentos
é o melhor
de todos os unguentos.
Alentempo | 76
Quando os amantes,
estão no presente,
todo relacionamento
é um relacionamento santo.
Se te apavora
o futuro,
vem comigo,
vem pra Agora.
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Se o eu
é o breu,
então a luz
é o nós.
Onde mora
a ternura,
senão
no Agora?
Violência
é ausência
de presência.
Alentempo | 78
O meu recinto
é além
do pensamento.
Se a briga
é do ego,
o respeito
é do peito.
Alentempo | 79
Pecado é o passado,
impuro é o futuro,
perfeito é o presente.
A rua
não tem fim.
Mas o eu:
sim!
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Onde há Deus,
não há dois.
Alentempo | 81
Metade do que tu pensas,
é passado.
E a outra metade,
é futuro.
Alentempo | 82
Se a doença
é o passado,
A saúde
é a presença.
No fogo
do Agora,
o ego
Deus devora.
Se segrega,
é o ego.
Mas se ajunta,
é o peito.
Alentempo | 83
O futuro é delírio,
e o passado,
é memória.
Mas o presente,
por outro lado,
é a glória.
O abismo
é o cultivo
da imagem
de si mesmo.
O amor
dispensa
recompensa.
Alentempo | 84
Eu,
menos eu,
é igual
a Deus.
Eu amo tanto,
que não há amante,
e nem há amado.
Há somente amor,
puro, simples,
e desmoderado.
Alentempo | 85
O amor é sem-futuro,
posto que aflora,
não no tempo vindouro,
mas no eterno Aqui
e no eterno Agora.
Deixa o eu
no museu.
Alentempo | 86
A palavra distorce,
a palavra distrai.
Pois tudo que é real,
está além do disfarce,
está além do real.
Entre o rei,
e o plebeu,
maior
é quem domina o eu.
Alentempo | 87
Bem além do pensamento,
nós somos todos um,
é por isso que eu te amo
como se fosse a mim.
O fim do eu
é o fim
da fantasia.
A presença
é mais intensa
do que a palavra.
Alentempo | 88
O eu
não
flutua.
A consciência
é a fonte
de onde brota
a inocência.
O significado
está além
do futuro
e do passado.
Alentempo | 89
À luz do Agora,
eis que regenera
tudo que
o pensamento separa.
Todo eu,
sem exceção,
é um pedestal.
O eu
é como nau
sem direção.
Alentempo | 90
Deus
aparece
quando cessa
o eu.
O final
do eu
é folia.
O abrigo
é o jazigo
do ego.
Alentempo | 91
Deus é o farol
que acende
quando finda o eu.
Alentempo | 92
Desperto
é quem
se nota
de perto.
O ego
se afoga
nas águas
passadas.
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