Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Título Original
“Hibi no Kate”
ÍNDICE DO LIVRO
PREFÁCIO
O PLANO DIVINO
O SER HUMANO
O TEMPO
O SALVADOR
ENSINAMENTOS DA SALVAÇÃO
O SOLO SAGRADO
JOHREI
A LUZ DA INTELIGÊNCIA
FÉ
MAKOTO
AMOR AO PRÓXIMO
EDUCAÇÃO
FUI SALVO
A FELICIDADE
O CAMINHO DO HOMEM
HONESTIDADE E MENTIRA
GRATIDÃO E RETRIBUIÇÃO
DOENÇA
A VONTADE DE DEUS
O BEM E O MAL
ADMOESTAÇÃO
O HOMEM VERDADEIRO
GRAÇAS DIVINAS
A PROVIDÊNCIA DA NATUREZA
CIVILIDADE
MUNDO DE PAZ
JUSTIÇA
POLIMENTO DA ALMA
SERVOS DE DEUS
ARTE
PREFÁCIO
O PLANO DIVINO
“Até quando permanecerão confinados nas trevas o Céu e a Terra criados por
Deus?”
Este volume é inédito na História. Em síntese, ele pode ser considerado como o
Plano para a Construção da Nova Civilização; constitui também as “Boas-novas do
Céu” e, ainda, a “Bíblia do Século XXI”. Isto porque a civilização atual não é
autêntica, mas apenas provisória, até o nascimento da nova e verdadeira
civilização. A referência bíblica sobre o Fim do Mundo ou Final dos Tempos
significa o fim desse mundo de civilização provisória. Também a profecia “E será
pregado o Evangelho do Reino dos Céus por todo o mundo, em testemunho a
todos os povos, e então chegará o fim” referia-se à difusão deste volume.
Na Bíblia estão coletados os Ensinamentos de Cristo, mas o presente livro é
revelação direta de Jeová, a quem Cristo se referiu repetidamente, chamando-o de
Pai do Céu. Cristo também advertiu: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino
dos Céus”. Cristo não disse que ele mesmo iria construir o Reino dos Céus.
Entretanto, eu não digo que o Reino dos Céus está próximo, mas sim, que ele já
chegou.
Atualmente, estou executando os preparativos básicos para a construção do Reino
dos Céus. Ela ainda se processa em pequena escala, mas as pessoas estão
admiradas com a força e os milagres surpreendentes que têm se manifestado. À
medida que o Plano Divino, em forma de protótipo, avança passo a passo, por
outro lado, mundialmente, o acerto de contas da Velha Civilização está sendo
solicitado. Isso vem a ser o início do Juízo Final, que, em essência, é a distinção
entre o Bem e o Mal. Ou seja, vamos entrar na fase em que o Mal perecerá e o
Bem prosperará. Para isso, será incalculável o número de vítimas. O motivo da
publicação deste livro está no amor de Deus, que, desejando reduzir ao mínimo o
número de vítimas, dá o primeiro grito da salvação. Mesmo assim, da Velha
Civilização Deus irá selecionar o bem e o mal, o certo e o errado. Aqueles que
forem úteis serão poupados e, paralelamente, as pessoas más e sem esperança
serão extintas para sempre. Infelizmente chegará esse momento.
Com o término do “Juízo Final”, evidentemente seguindo a ordem, terá início o
projeto do Novo Mundo. A reforma de toda a cultura, nessa época de transição,
será algo sem precedentes e que jamais poderemos ver no futuro. Sem dúvida,
será a correção dos erros da Velha Civilização e a diretriz da Nova Civilização.
Uma coisa, porém, nos deixa triste: a grande purificação que com certeza
sobrevirá, por causa das máculas que a humanidade veio acumulando ao longo de
milhares de anos. Vou explanar com detalhes, e, para aqueles que lerem,
felizmente será o mesmo que ter a corda da salvação à frente dos olhos. Portanto,
devem agarrá-la sem qualquer vacilação. Com a corda da salvação eu estou
avisando a humanidade, advertindo-lhe, em nome de Deus, que se arrependa. O
que vem a ser isso, senão o grande amor de Deus? Conscientizando-se desse fato,
devem mudar imediatamente seus pensamentos e começar a preparar seu espírito.
É fato decisivo que, no final do Julgamento, os homens de muitos pecados serão
extintos e os de poucos pecados serão salvos. Quem acreditar nessa advertência
terá vida eterna e, ao mesmo tempo, tornar-se-á habitante do Paraíso Terrestre,
que será estabelecido no futuro. Através do presente livro, desejo conscientizar
plenamente os leitores de quão profundo e amplo é o Plano do Supremo Deus e
quão inferior e selvagem é a civilização atual, fazendo com que obtenham firme
convicção.
Jornal Eiko nº 170, Prefácio do livro “A criação da civilização” – (20/08/52)
“Através de sua visão limitada, o homem não pode perceber o plano traçado
por Deus para corrigir os erros do Céu e da Terra.”
Estou agora escrevendo sobre a situação real do Mundo de Miroku pregado por
mim, e pretendo publicar esse trabalho algum dia. No momento, vou escrever sobre
o processo até a construção daquele mundo.
O Mundo de Miroku é, sem dúvida, o Paraíso profetizado por Cristo e o Mundo de
Miroku pregado por Sakyamuni. E esse mundo ideal está prestes a nascer. De
acordo com a minha sensibilidade espiritual, os alicerces já foram levantados no
Mundo Espiritual. Dessa forma, em futuro próximo, não há dúvida de que o Mundo
de Miroku se projetará no Mundo Material. Estamos realmente repletos de
felicidade por termos nascido numa época tão gratificante.
Em relação a isso, é preciso saber, por exemplo, que para construir um prédio
suntuoso num terreno onde existe uma casa velha, é necessário destruir essa
casa. Naturalmente, dentre o material velho, o que for útil para a nova construção
será selecionado, purificado e reformado. O mesmo fenômeno está para acontecer
na construção do Mundo de Miroku. Diversas situações que forem surgindo daqui
em diante, fatos que não se encaixam dentro da lógica vista pelos olhos do homem,
coisas que não parecem lucrativas, coisas destrutivas, é preciso saber que tudo
isso constitui uma grande limpeza de impurezas. Entretanto, tudo é manifestação
da Vontade Divina. Se através da visão do homem comum não se pode julgar isto e
aquilo, o homem deve ser bem humilde e adaptar-se inteiramente à evolução de
todas as coisas.
Nós, que conseguimos tomar conhecimento disso através da sensibilidade
espiritual, devemos tomar cuidado para não distorcermos a grandiosa Vontade de
Deus. Doravante, com uma visão correta, quaisquer imprevistos e processos
destrutivos nunca experimentados pela humanidade devem ser tomados como
privilégio das pessoas que se devotam à fé. No estado de verdadeira tranqüilidade
que nos foi concedido, devemos esperar o tempo desfrutando a vida. Essa minha
maneira de falar, difícil de ser compreendida, deve-se ao fato de eu ainda não
poder me expressar abertamente sobre os profundos desígnios de Deus.
Em síntese, apenas abordei acima que medidas o homem deve tomar e que
preparação mental ele deve fazer para poder ultrapassar o processo que antecede
a concretização do Mundo de Miroku.
Coletânea Série Jikan vol. 12, “A construção do Mundo de Miroku” (30/01/50)
O SER HUMANO
(Nidai-Sama)
(...) Sem dúvida, o homem é o senhor de todas as coisas; ele é o rei e o mandatário
do globo terrestre. Todas as coisas entre o Céu e a Terra existem em função do
homem. Em primeiro lugar, elas estão preservando a vida do ser humano e, em
segundo, auxiliando a missão de cada pessoa. (...)
Jornal Eiko nº 222, “Ultraciência” – (19/08/53)
(...) Isto porque, originariamente, o homem é o rei do globo terrestre, é o seu
mandatário. Com base nisso, todas as outras existências materiais estão
subordinadas a ele. Elas são movidas à mercê da própria vontade do homem; para
proteção do seu corpo carnal e pela sua necessidade de sobrevivência, cada coisa
está desempenhando uma função. Falando de forma mais compreensiva, a
diferença é a mesma que existe entre o senhor e o súdito. De acordo com esse
princípio, naturalmente, através da ciência criada pelo homem, é possível a
transformação e o progresso de todas as coisas, dependendo da sua vontade;
graças a isso é que se alcançou a maravilhosa civilização atual. (...)
Jornal Eiko nº 225, “Deus e a pedra de cristal” – (09/09/53)
(...) O homem nasce no Mundo Material por desígnio de Deus. Creio que, nesse
sentido, o elemento “mei” (desígnio), que aparece em “seimei” (vida), tem a mesma
significação que o “mei” de “meirei” (ordem).
Eis uma pergunta que todos fazem: por que razão o homem nasce? Enquanto não
compreender isso, o homem não poderá ter comportamento correto nem verdadeira
tranqüilidade, estando sujeito a levar uma vida vazia e ociosa.
O objetivo de Deus é fazer da Terra um mundo ideal, ou melhor, construir o Paraíso
Terrestre. No desenvolvimento do Seu plano, há uma grandiosidade que não pode
ser expressa com palavras, pois o progresso da cultura não tem limite. Assim,
todos os acontecimentos da História Mundial, até hoje, não passaram de operações
básicas para concretizar o objetivo de Deus. Este, concedendo diferentes missões
e características a cada pessoa e alternando a vida e a morte, está fazendo evoluir
Seu plano em direção ao objetivo estabelecido. Portanto, concluímos que o bem e
o mal, a guerra e a paz, a destruição e a construção são processos necessários à
evolução.
Como já expliquei minuciosamente, estamos atravessando a fase de transição da
Noite para o Dia. O mundo, atualmente, está prestes a dar um grande salto para a
Nova Era, e a humanidade, libertando-se da selvageria, está procurando alcançar o
mais alto nível da cultura. Aí, a guerra, a doença e a pobreza terão fim. É claro que
o aparecimento do Johrei é o prenúncio disso e constitui mesmo um fator essencial.
Para o cumprimento de Seu plano, Deus emite ordens ao homem constantemente,
através de algo que é como a semente de cada indivíduo numa das camadas do
Mundo Espiritual. Dei-lhe o nome de Yukon. A ordem é primeiramente baixada ao
Yukon, e este, através do elo espiritual, a transmite à alma, núcleo do corpo
espiritual do homem. Entretanto, é dificílimo o homem comum conseguir perceber a
ordem Divina; somente aqueles cujo corpo espiritual foi purificado até certo ponto é
que o conseguem. Essa percepção é dificultada não só pela grande quantidade de
máculas, mas também pela ação de Satanás, que se aproveita dessas máculas.
Uma prova disso é que, às vezes, as coisas não correm como o homem deseja, e o
seu destino toma um rumo que ele jamais imaginaria. Existem, também, pessoas
que se sentem sempre governadas por uma força estranha e não conseguem
mudar seu destino. (...)
Alicerce do Paraíso, “Camadas do Mundo Espiritual” – (05/02/47)
“O homem vem a este mundo com um corpo físico recebido de seus pais e
uma alma provinda de Deus.”
(Nidai-Sama)
Tengu: ser misterioso que, segundo a crença popular, habita às montanhas. Tem forma humana, asas, rosto vermelho e nariz comprido, sendo
possuidor de poderes extraordinários. Porta sempre um grande leque. É orgulhoso e amante de discussão e jogo.
Karassu-tengu: variedade de “tengu” com cabeça de corvo.
Espirito Guardião é dragão.
É muito freqüente, diante de um perigo, o homem se salvar miraculosamente,
sendo avisado em sonho ou tendo um pressentimento. Isso é trabalho do Espírito
Guardião. O mesmo se pode dizer em relação à inspiração recebida por artistas e
inventores, no momento em que, compenetrados, estão criando alguma obra. No
caso de querer satisfazer os desejos corretos do homem ou fazê-lo receber graças
através da Fé, Deus atua por intermédio do Espírito Guardião. Os antigos
provérbios “A verdadeira sinceridade se transmite ao Céu”, ou “A sinceridade se
transmite a Deus”, significam a concessão das graças Divinas através do Espírito
Guardião.
Alicerce do Paraíso, “Os três espíritos do homem” – (05/02/47)
Esse desenho existe desde a época antiga e aparece em alguns brasões, sendo muito utilizado entre os budistas. Figuras de 1 ( ), 2 ( )e
3( ) “tomoê” mais usadas. De acordo com a direção, tornam-se centrípetas ou centrífugas.
transforma-se em movimento para a direita.
O sentido espiritual das sílabas da seqüência ra-ri-ru-re-ro caracteriza a atividade
do dragão (“ryu-jin”). O termo “ryujin”, é constituído de “ryu” e “jin”; “ryu”, por sua
vez, é constituído de “ri” e “u”. Quando o dragão está imóvel, toma a forma de
redemoinho. O engraçado é que a maioria das pessoas cujo nome tem uma das
sílabas ra-ri-ru-re-ro, apresentam características de dragão. Observando-as,
poderemos constatar isso.
Se eu continuar explicando essas coisas, não acabarei nunca, por isso vou me
deter na palavra “ri”. Ela é formada pela junção de duas letras que, sozinhas,
representam palavras cujo sentido é, respectivamente, rei ( ) e povoado ( ). A
primeira compõe-se de três linhas horizontais paralelas, sendo que da linha
superior, a qual representa o Céu e o Fogo, parte uma linha vertical; esta atravessa
a linha mediana, que representa o Interregno e a Água, e termina na linha inferior,
que representa a Terra e o Solo. A letra com que representamos a palavra que
significa povoado ( ) é constituída, por sua vez, de duas outras que, isoladas,
representam palavras que significam, respectivamente, arrozal em campo alagado (
) e solo ( ). A primeira, originariamente, era uma cruz dentro de um círculo; a
segunda é expressa da mesma forma que o número 11 em algarismos japoneses,
ou seja, uma cruz sobre uma linha. O número 11 também tem o sentido de
unificação; portanto, “ri” é a ação básica de todas as coisas e tem o sentido de
Perfeição. O nome da Igreja Tenri-kyo, onde também entra essa palavra, é um
nome muito bom.
“Riho” (lei) é uma palavra bastante usada e, a propósito, vou explicar o sentido
espiritual de “ho”. “Ho” é fogo, e “o” é água. De acordo, porém, com a ciência do
espírito das palavras, “o” está incluído em “ho”; isto quer dizer que o fogo arde
continuamente por ação da água. Graficamente, “ho” compõe-se de duas palavras
cujo sentido é: anular a ação da água. Como esta ocorre horizontalmente, há o
perigo de gerar desordem; portanto, anulada sua ação, fica apenas o vertical, o que
significa a imobilidade absoluta. Dai se conclui que não podemos infringir o “ho”,
que é a Lei.
Se juntarmos tudo isso, entenderemos o profundo significado do “Doori”. Em
resumo, podemos dizer que “Doori” (Caminho Perfeito) é Deus. Obedecer a ele é
obedecer a Deus. O homem, em quaisquer circunstâncias, deve sempre respeitá-
lo, obedecer-lhe e jamais desviar-se dele. (...)
Alicerce do Paraíso, “Obediência ao caminho perfeito” – (20/11/50)
O TEMPO
(...) A felicidade e até o mundo ideal, que eram aspiração inicial de todos os
homens, foram esquecidos, não se sabe quando, tendo-se chegado a um momento
em que não se vai nem para frente nem para trás. Assim, quanto mais a cultura
progride, mais o homem se distancia da felicidade. É um resultado extremamente
irônico. Parece uma gangorra: quando um dos lados sobe, o outro desce.
Em termos mais concretos, inicialmente se tentou construir o Paraíso Terrestre com
a cultura espiritual, mas, como a sua concretização parecia impossível, apelou-se
para a cultura científica. Os homens avançaram com força total. Entretanto,
conforme foi exposto anteriormente, ao invés de se alcançar o Paraíso, chegou-se
a um estado pior que o do próprio inferno: a iminência da destruição da
humanidade, com a descoberta da bomba atômica. O fato é que, embora se tenha
chegado a uma época tão perigosa como a atual, os homens ainda não
despertaram, continuando a venerar a ciência materialista. Em poucas palavras,
eles fracassaram recorrendo à cultura espiritual e também à cultura material, mas
infelizmente ainda não se cansaram das coisas ruins. Como solucionar esse
problema? A tarefa mais importante de toda a humanidade é reconhecer os erros
cometidos até agora e recomeçar da estaca zero. Ou seja, a solução é formar uma
cultura cruzada, que não pende nem para o espírito nem para a matéria, mas funde
e iguala ambas as partes. Somente assim estará concretizado o Paraíso Terrestre.
Por tudo que vimos até o presente, podemos dizer que a época atual é a época da
mudança da velha para a nova cultura, a era da grande transição mundial a que
sempre nos referimos. Será que, na história da humanidade, já foi registrada uma
mudança tão grande? Em verdade, é um fato inédito. E como será essa nova
cultura ? Incontestavelmente, trata-se de algo que não pode ser compreendido,
ainda que em pequena parcela, pela inteligência do homem contemporâneo. E
quem se encarregará de criá-la?
Neste momento que estamos vivendo, independentemente de crermos ou não, é
imprescindível começarmos a admitir a existência do ser conhecido como Deus.
Por conseguinte, darei explicações a respeito.
Embora falemos simplesmente Deus, na verdade existem níveis superior, médio e
inferior – com inúmeras funções. O xintoísmo admite a existência de uma infinidade
de deuses. Até hoje, quando se fala em Deus, pensa-se no monoteísmo cristão ou
no politeísmo xintoísta. Entretanto, ambas são visões arbitrárias. Na verdade, existe
um único e verdadeiro Deus, que se subdivide, transformando-se em vários
deuses. Por isso, Ele é um e muitos ao mesmo tempo. Cheguei a essa conclusão
através de longos anos de pesquisas sobre o Mundo Divino. Trata-se de um
pensamento que já existia, mas parece que não se conseguiu dar maiores
explicações a respeito. Até aquele Deus que veio sendo adorado como Supremo
está abaixo da segunda classe. Deus está muito além e só veio sendo venerado de
longe pela humanidade. Mas quem é Ele, então? Não é outro senão o Senhor e
Criador do Universo, ou seja, o Princípio de tudo. Aquele a quem os povos vêm se
referindo como Jeová, Logos, Deus, Tentei, Mukyoku, Segunda Vinda de Cristo,
Messias, etc..
O objetivo de Deus é a construção do Mundo Ideal de perfeita Verdade, Bem e
Belo, e, para tanto, era necessário que todas as condições fossem preenchidas.
Ele estava aguardando o tempo certo. Essa hora chegou: é a época atual. Sendo
assim, é preciso, antes de mais nada, que a humanidade se conscientize disso e
que se processe a revolução espiritual de cada indivíduo. (...)
Ligeiras noções sobre a I.M.M., “Nascimento da Igreja Messiânica Mundial” –
(20/11/50)
Enma ou Enma Daiô é a divindade que exerce a função de juiz no Fórum do Mundo Espiritual.
pequena quantidade, ao contrário, ele é gratificante. Isto porque, após o Juízo
Final, virá o Paraíso, e as pessoas poderão ter uma vida jubilosa.
A esse respeito, como expliquei, o aparecimento da nossa Igreja está ligado ao
objetivo de criar o maior número possível de pessoas capazes de atravessar
imunes o Juízo Final. Isso significa o grande amor de Deus e, também, a grande
missão a mim atribuída. Sendo o Johrei o único método para atingir esse objetivo,
ele não só cura doenças, mas também cria pessoas com qualificação para
atravessar imunes o Juízo Final. Aqueles que souberem dessa Obra deverão
reconhecer, na nossa Igreja, a grande Arca de Noé para a salvação do mundo. Ela
se chama Igreja Messiânica Mundial exatamente pelas razões citadas.
Creio que, através do que dissemos, puderam compreender, de modo geral, o
significado do Juízo Final.
Jornal Eiko nº 110, “O que é o Juízo Final?” – (26/06/51)
O que vem a ser Salvador do Mundo? Sem dúvida, como as próprias palavras
dizem, é o santo e poderoso homem nascido com a grandiosa missão de salvar o
mundo. Na realidade, desde a criação do gênero humano, ele jamais se
manifestou. Gostaria de transmitir revelações sobre esse fato, e falar, sem
subterfúgios de espécie alguma, a respeito da Obra Divina que estou realizando.
Vista pelo prisma da humanidade em geral, a atividade de salvação que eu realizo
pode parecer uma ínfima parcela num milhão. Entretanto, pela situação atual, em
que, gradativamente, dia a dia, mês a mês, aumenta o número de pessoas salvas,
podemos imaginar a grandeza da escala da salvação, no futuro. Se digo que estou
utilizando ativamente as forças invisíveis, as pessoas da atualidade, que recebem
educação materialista, podem achar minhas palavras extremamente absurdas e me
olhar como um embusteiro, pois lhes é muito difícil e demasiado utópico acreditar
em algo que não podem ver. Tal incredulidade é compreensível;. mas, se o que eu
afirmo é uma realidade inegável e passível de comprovação, o que acontecerá?
Creio que essa revelação provocará um grande impacto.
Através da minha força indireta, transmitida pelos membros, curam-se doenças
graves, consideradas sem esperança, e as pessoas se recuperam definitivamente,
livrando-se do destino da morte. Há vários exemplos de pessoas que se tornaram
saudáveis e estão ativas. Hoje, já são milhares e milhares; tantas, que até perdi a
conta.
Desde as eras mais remotas, o homem tem deixado sua vida à mercê do destino, e
é escusado dizer que o avanço da civilização e o desenvolvimento da Medicina têm
sido considerados, igualmente, como coisas de rumo já traçado. Considerando, no
entanto, que eu tornei exeqüível o prolongamento da vida humana – desejo máximo
do homem – qual não será o contentamento das pessoas que compreendem e
acreditam nessa realidade? Provavelmente as palavras não conseguirão exprimir
tal contentamento. Contudo, é compreensível que muitos, ouvindo essa realidade
através de terceiros ou de publicações da nossa Igreja, não consigam aceitá-la de
imediato; alguns talvez achem que é uma superstição, e outros, um grande
embuste. A não ser um demente, quem não deseja ser feliz? Mas mesmo quem
possui todas as condições para ser feliz, não alcança a felicidade se não tiver
saúde. Cristo disse: “De que adianta o homem ganhar o mundo todo, se vier a
perder a vida?” ou “O que o homem dará em troca da vida?” Sábias palavras.
Realmente, que poderá haver de mais precioso que a saúde? Toda a felicidade ao
longo da vida, pode-se dizer, resume-se na palavra saúde. Nossas publicações
estão repletas de casos verídicos de salvação. E é claro que não se trata apenas
de doença. Amontoam-se sobre a minha escrivaninha relatos cheios de gratidão e
profunda emoção, feitos por pessoas salvas de catástrofes nas quais correram
risco de vida, por pessoas que se livraram da pobreza e por pessoas infelizes que
se tornaram felizes.
Através de documentos e vestígios que remontam aos primórdios da história da
humanidade, sabe-se do aparecimento de grandes religiosos e homens santos,
mas não há termos de comparação entre o que eles realizaram e a obra que eu
estou realizando. Assim, a volta de Cristo, a vinda do Messias, o nascimento de
Miroku, é tudo questão de tempo, pois coisas absurdas e sem nexo, de realização
impossível, não haveriam de ser profetizadas há centenas ou milhares de anos.
Originariamente, jamais pretendi tornar-me um grande santo ou Messias. Nunca
pensei em mim nesses termos. No entanto, por sentir intenso amor pela
humanidade desde jovem, eu pensava muito em me tornar um religioso, para poder
salvar amplamente o mundo. Ingressando no mundo religioso, após atingir certo
grau de aprimoramento, recebi a revelação do Divino Espírito de Deus, e desde
então, com o passar do tempo, vem ocorrendo uma seqüência de fatos misteriosos.
A inesperada mudança do meu destino não deixou de me surpreender. Realmente,
marcho de milagre para milagre. Exemplificarei com estes fatos: quando peço algo,
esse algo inevitavelmente se realiza; se escrevo num papel com tinta carvão, as
letras se movimentam viva e livremente no ar. A partir do instante em que esse
papel é dobrado e guardado no peito como proteção, o sentimento se purifica,
começam os milagres e é liberada a força capaz de curar as pessoas.
Gradativamente, as criaturas infelizes passam a viver em condições favoráveis. Por
outro lado, pendurando na parede o papel manuscrito por mim ou colocando-o em
um quadro, as letras emitem raios de Luz, muitas vezes vistos por algumas
pessoas. Sem dúvida, o lar torna-se alegre, e a colheita, para os agricultores, torna-
se mais farta. A transformação gradual do lar em Paraíso é um fato verídico,
proclamado por inúmeros membros de forma unânime.
Sendo eu, como acabei de dizer, aquele que tem a missão de executar a misteriosa
Obra Divina, creio ter recebido, na condição de representante de Deus, a proteção
que me permite cumprir a grandiosa missão de salvar o mundo. Gostaria, portanto,
que, doravante, observassem bem as atividades da nossa Igreja, para depois fazer
dela alvo de críticas. (...)
Rápidas transformações da I.M.M., “Salvador do Mundo” – (20/11/50)
O SALVADOR
“Sou homem e não sou homem. Sou Deus e não sou Deus. Fico a refletir
sobre mim mesmo...”
Desde os tempos antigos, muito se tem falado sobre pessoas que vivem em estado
de perfeita união com Deus, mas eu creio que jamais existiu alguém que realmente
tivesse vivido nesse estado. De fato, os três grandes religiosos – Sakyamuni, Jesus
Cristo e Maomé – pareciam unos com Deus, mas, em verdade, eram apenas
mensageiros da Vontade Divina; em termos mais claros, eram mensageiros de
Deus. Dessa forma, não se sabia fazer diferença entre uma pessoa em estado de
união com Deus e um mensageiro de Deus.
Os mensageiros de Deus atuam através de encostos ou seguindo as
determinações Divinas. Por esse motivo, sempre rezam a Deus e pedem Sua
proteção. Eu, porém, não faço nada disso. Como os fiéis sabem, não oro a Deus
nem lhe peço orientação. Basta-me agir de acordo com a minha própria vontade, o
que é muito fácil. Visto que poderão estranhar o que estou dizendo, por ser algo
inédito, explanarei apenas os pontos que não acarretam nenhum problema.
Como sempre digo, há uma Bola de Luz em meu ventre. Essa Bola é o Espírito de
Deus, de modo que Ele mesmo maneja livremente meus atos, minhas palavras,
tudo. Ou seja: em mim não há distinção entre Deus e o homem. Este é o
verdadeiro Estado de União com Deus. Como o Espírito Divino que habita o meu
ser é o mais elevado, não existindo nenhum deus superior a este, não faz sentido
reverenciar outros deuses. A melhor prova são os milagres manifestados
diariamente pelos fiéis. Ora, se até os meus discípulos evidenciam milagres que
não são inferiores aos manifestados por Cristo, poder-se-á, através desse único
fato, imaginar a minha hierarquia divina.
Acrescente-se, ainda, que todos os religiosos existentes até agora previram a
concretização de um mundo paradisíaco, mas não disseram que seriam eles os
construtores desse mundo. Isto porque seu nível divino era inferior, e seu poder,
insuficiente. Mas eu afirmo que o Paraíso Terrestre, mundo sem doença, pobreza e
conflito, será construído por mim. Daqui para a frente evidenciarei inúmeras
realizações surpreendentes, nunca vistas até agora, e por isso gostaria de que as
observassem com muita atenção. Surgirão inúmeras ocorrências inconcebíveis em
termos de realização humana.
Jornal Eiko nº 155, “Estado de união com Deus” – (07/05/52)
“Vivo para cumprir uma grande missão. Devo empenhar-me, com todas as
minhas forças, na salvação do mundo.”
(...) Pensando bem sobre a minha pessoa, eu me pergunto: “Para que nasci e por
que sou diferente das pessoas em geral?” Vou explicar isso a seguir.
Fundei uma religião denominada Igreja Messiânica Mundial e estou me
empenhando em salvar a humanidade e construir um mundo feliz. O rápido
desenvolvimento da nossa Igreja também é uma exceção. E também é inédita uma
religião como a nossa, que cura radicalmente as doenças. Realmente, podemos
considerá-la o mistério do século. Observando-se apenas esse aspecto, verifica-se
que aí deve existir algo grandioso. Uma prova disso são as experiências de fé.
Quando lemos essas experiências pensando nas pessoas que foram salvas e na
sua transbordante gratidão e emoção, não conseguimos ler sem derramar lágrimas.
Mas eu quero escrever sobre a minha pessoa de outro ângulo. Como falei
anteriormente, desde o meu nascimento até mais ou menos a meia-idade, eu era
uma pessoa comum, sem qualquer diferença em relação às demais. Após atingir a
meia-idade, perseguido por condições adversas, senti-me perdido no mundo,
tornando-me totalmente incrédulo, e por essa razão comecei a buscar a Fé. Filiei-
me à Religião Oomoto e, depois de considerável aprimoramento, consegui
apreender a essência de Deus.
Desde épocas antigas dizem que, mesmo dedicando toda a sua vida a esse
objetivo, é impossível o homem atingir tal estado; entretanto, eu o consegui em
curto espaço de tempo, o que se pode considerar um fato inédito. A partir de então,
ao mesmo tempo em que, com renovado ardor, conscientizei-me da missão
recebida do Altíssimo, surgiram subseqüentes milagres. Com isso, minha
incredulidade desapareceu e minha maneira de pensar ampliou-se de forma
surpreendente. Tornei-me, no entanto, possuidor de um sentimento pequeno,
limitado. Resumindo, posso dizer que, se por um lado sou tímido, por outro lado
sou audacioso. Meu lado audacioso poderá ser identificado nas minhas aspirações
e realizações concretas; o lado tímido, na vergonha que eu sentia ao falar perante
um grande número de pessoas. Eu próprio achava isso estranho; hoje, já estou
mais habituado e consigo falar abertamente tudo aquilo que desejo.
Também sinto um grande ódio contra as injustiças. Quanto mais injusta é uma
pessoa, maior é minha convicção: “Tenho de vencê-la de qualquer forma”. Como
exemplo, há quatorze anos venho lutando na Justiça com o problema de um
terreno. Meu contestante, tomado de impaciência, já me propôs solução amigável
por três vezes, mas, por ele não demonstrar nenhum arrependimento pelo que fez,
rejeitei sua proposta. Conseqüentemente, quem está em apuros agora é o juiz, que
procura uma solução amistosa. Outro exemplo: Certa vez entrei com uma ação
judicial contra um jornal de renome. Na ocasião, muitas pessoas me aconselharam
a não fazê-lo, pois a luta contra uma grande empresa jornalística poderia resultar
em prejuízos. Mas eu não cedi um passo sequer e, como deve ser do
conhecimento de todos, batalhei através do nosso Jornal Hikari. Se é por justiça, eu
luto até mesmo contra o mundo.
Discorri acima sobre o meu ponto forte, mas também desejo falar sobre meus
pontos fracos. Quando alguém me pede ajuda, desde que esse pedido seja algo
correto, não consigo recusar. Também não consigo ficar indiferente ao ver uma
pessoa boa sofrendo. Em relação aos pontos errados do mundo, ao mesmo tempo
que sinto indignação, faço todo o empenho para que haja, o quanto antes, uma
transformação positiva. A prova disso é que, na ânsia de diminuir ao máximo os
sofrimentos do mundo, venho prevenindo constantemente a humanidade,
sobretudo apontando os erros da Medicina. Sempre senti prazer – como se fosse
um “hobby” – em procurar alegrar, ajudar, desejar felicidade e dar tranqüilidade e
esperança ao próximo. Isto acontece porque, de certa forma, o pensamento das
outras pessoas se reflete em mim e, quando elas expõem seus problemas e
sofrimentos, eu sofro também.
Estendi-me um pouco nesse tema, mas agora vou entrar no assunto que me
propus tratar.
A minha missão torna-se clara ao se observar os diversos pontos em que meu
pensamento diverge do pensamento das outras pessoas. Atualmente caminhamos
voltados para a salvação da humanidade, mas nosso objetivo final é criar uma
Nova Civilização. Explicando de forma mais simples, a expressão “Nova
Civilização” refere-se a uma civilização espiritualista, alicerçada na Religião, isto é,
refere-se ao grande desenvolvimento da civilização religiosa em relação à
civilização material. Será a substituição da civilização material, que está criando
infelicidade, pela civilização religiosa, que gera felicidade; será a implantação de
uma religião poderosa, que saiba aproveitar ao máximo a civilização material, cujo
progresso é muito grande; será, também, a transformação da Civilização do Mal na
Civilização do Bem. Concretizado isso, entrar-se-á numa Era de Ouro, de perfeita
harmonia, consubstanciada na Verdade, no Bem e no Belo, e surgirá um mundo
paradisíaco, muito além da nossa imaginação.
Embora eu afirme o advento de um mundo paradisíaco, trata-se de uma tarefa
árdua, já que a humanidade veio alimentando esse ideal por longo tempo, mas
ainda não havia aparecido quem o realizasse. E a razão é o fator tempo.
Entretanto, para alegria de todos, finalmente chegou o momento tão esperado, e
Deus, confiando essa grande missão a um simples ser humano como eu, fez-me
nascer neste mundo. Por conseguinte, quem entendeu o fato acima não poderá de
deixar de acreditar na absoluta viabilidade da concretização do Paraíso Terrestre.
Não tenho a mínima intenção de fazer propaganda da minha importância; basta
que tenham conhecimento da realidade da minha pessoa. Se, através disso,
aumentar o número de pessoas que acreditem na viabilidade da concretização do
Paraíso Terrestre, maior será a expansão do Grande Amor Divino e,
conseqüentemente, estará multiplicado o número de criaturas que serão salvas.
Como vimos, está prestes a desaparecer o Mundo do Mal, e o alvorecer do Mundo
do Bem é uma realidade incontestável. Há milhares de anos Deus vinha
preparando a grande transição, para estabelecer esse Mundo Ideal. Podemos,
portanto, dizer que é um plano histórico, isto é, a profecia de Cristo “O Reino dos
Céus está próximo” e a sua advertência “Tem Fé e serás salvo” referem-se a esse
acontecimento. Assim, que vem a ser este Ensinamento senão o Evangelho do
Paraíso?
“Era da Civilização Religiosa, vol. 1 “ – (08/08/51)
“Era da Civilização Religiosa, vol. 2 “ – (15/08/51)
“Já passei por muitas atribulações. Houve momentos em que me vi sob águas
escaldantes e, outras vezes, sobre tênues camadas de gelo.”
(...) Completar trinta e oito anos, para mim, foi também o meu segundo nascimento.
A partir de então, inesperadamente, ingressei na vida religiosa e, pela primeira vez,
soube da missão confiada a mim pelos Céus. Após tornar-me religioso, passei por
grandes sofrimentos, mas, por outro lado, também tive grandes alegrias. Tal como
diz o ditado: “A tristeza e a alegria vêm alternadamente”. Assim, consegui percorrer
até aqui a minha vida. Naturalmente, consegui alcançar o estado de 'Kenshinjitsu'
(Estado de Suprema Iluminação Espiritual), que Sakyamuni atingiu aos setenta e
dois anos, e pude conhecer a existência de Deus e dos mundos Divino, Espiritual e
Material, o significado fundamental da vida e da morte, a tendência do mundo no
passado, presente e futuro, o significado da vida, etc. Minha alegria foi algo
imensurável. Acho que foi bem maior que a alegria sentida por Dharma quando
alcançou a Suprema Sabedoria, na noite em que reverenciou a lua cheia, após ficar
sentado contra uma parede durante nove anos, oito meses e quinze dias.
É do conhecimento de todos que, em princípio, os fundadores de religiões, desde
os tempos antigos, têm manifestado muitos milagres. Eu, também, cheguei aos
dias de hoje vivendo uma vida religiosa de contínuos milagres, extremamente
misteriosos e profundos. Entretanto, desejo ressaltar, em especial, que, de acordo
com os dados, comparando-me aos fundadores das religiões que até hoje
surgiram, eu sou muito diferente em todos os sentidos. Dentre eles, o ponto mais
evidente é a inexistência de qualquer diferença entre mim e as pessoas comuns no
que se refere à maneira de vida, e isto, as pessoas têm dito com freqüência. Dessa
maneira, tenho sempre como princípio o senso comum, talvez por detestar as
condutas excêntricas. Também creio que não há pessoa de caráter tão multilateral
como eu; ninguém que, apesar de ser religioso, tenha tanto interesse por quase
todas as coisas da vida, tais como Política, Economia, Arte, Educação, etc. Sinto
que isso é realmente uma grande felicidade; portanto, é constante a minha gratidão
a Deus. (...)
Coletânea Série Jikan vol. 9, Prefácio do livro “Caminho para a Luz” – (30/12/49)
Para que a Fé seja autêntica, ela deve ser professada sem ferir o bom senso.
Palavras e atos excêntricos devem ser vistos com desconfiança; entretanto, as
pessoas geralmente dão muito crédito a tais coisas.
É preciso muita cautela. Religiões egocêntricas, fechadas, que não mantêm
relações com outras e que se isolam socialmente, também não são dignas de
confiança. A Fé é verdadeira quando não prejudica a lucidez e, ao mesmo tempo,
desenvolve a consciência de que sua missão é salvar a humanidade. Jamais pode
ser egoística ou fechada em si mesma. O Japão é exemplo típico do que aqui se
condena: sofreu amarga derrota na Segunda Guerra Mundial porque visava apenas
o seu próprio bem, ficando indiferente à sorte dos países vizinhos.
A formação de homens perfeitos é um dos propósitos da Fé. Evidentemente, não
se pode exigir a perfeição do mundo, mas o esforço para consegui-la passo a
passo deve ser a verdadeira atitude religiosa.
A consolidação da Fé faz com que a pessoa assuma uma aparência comum. Isto
significa que ela se identificou plenamente com a Fé. Chega a tal ponto, que seus
atos ou palavras jamais ferem o bom senso. Sempre inspira simpatia, sem dar
indícios da religião a que pertence. No seu contato com os outros, assemelha-se à
suave brisa da primavera. Suas maneiras são afáveis, modestas e gentis. Deseja
crescente bem ao próximo e trabalha em favor do bem-estar da comunidade.
Sempre afirmei e continuo afirmando: quem deseja ser feliz, deve primeiramente
tornar feliz seus semelhantes, pois a Divina recompensa que disto provém, será a
Verdadeira Felicidade. Buscar a própria felicidade com o sacrifício alheio, é criar
infelicidade para si mesmo.
Alicerce do Paraíso, “Bom senso” – (25/01/49)
(...) Começarei por explicar o significado da forma ( ) (“su”). Como se pode ver, é
uma circunferência ( ) com um ponto ( ) bem no centro. Se fosse apenas isso,
não teria um significado muito importante; entretanto, nada é tão significativo.
A circunferência expressa a forma de todas as coisas no Universo. A Terra, o Sol, a
Lua e até mesmo os espíritos desencarnados e as divindades tomam esse formato
para se moverem de um lugar para outro. Isso está bem comprovado pela
conhecida expressão “Bola de Fogo”. A “Bola de Fogo” das divindades é uma
esfera de luz; a dos espíritos humanos desencarnados não possui luz, é apenas
algo embaçado ou desfocado, de cor amarela ou branca. Tratando-se de espírito
masculino, é amarela, e de espírito feminino, branca, correspondendo
respectivamente ao Sol e à Lua.
Mas vamos ao mais importante. Naturalmente, este mundo também tem o formato
circular; mas não passa de um círculo, pois o seu interior está vazio. No caso do
ser humano, significa não ter alma; assim, colocar-lhe um ponto no centro, ou seja,
colocar-lhe alma, é torná-lo um ser vivente. Só dessa maneira ele pode
desempenhar atividades. Por conseguinte, a circunferência com um ponto no
centro simboliza uma forma vazia na qual se pôs alma. Isso equivale à expressão
“colocar espírito”, usada pelos pintores antigos. Com base no que acabamos de
dizer, podemos afirmar que até agora o mundo era vazio, não possuía alma. Eis,
portanto, o que significa “Cultura Superficial”, sobre a qual já escrevi em outra
oportunidade.
A prova do princípio exposto acima evidencia-se em todos os setores da cultura. O
tratamento alopático das doenças, como sempre digo, também é uma manifestação
desse princípio. As dores e a coceira são adormecidas por meio da aplicação de
injeções ou de remédios passados no local; a febre, baixa-se com gelo; corta-se,
também, a purificação tomando-se remédios. Dessa forma, o doente livra-se dos
sofrimentos durante algum tempo, mas, como não se atingiu a raiz da doença, a
cura completa é impossível; com o tempo, a doença retorna. Em verdade, o que
acontece é apenas o seu adiantamento. Sendo assim, também a causa das
enfermidades está na alma, porém até agora não se compreendeu isso.
O mesmo se verifica em relação a outros males, como os crimes, por exemplos.
Atualmente, eles são evitados de uma só maneira: fazendo-se o criminoso cumprir
uma pena dolorosa. Trata-se de um processo idêntico ao tratamento alopático
empregado pela Medicina. Por isso é que, quando alguém comete um crime,
geralmente vem a cometer outros. Existe quem pratique dezenas deles, e até
mesmo quem os cometa a vida inteira, passando mais tempo preso do que em
liberdade. A causa disto está na falta do ponto, ou seja, da alma.
Sobre a guerra pode-se dizer a mesma coisa. Aumentando-se o poderio militar, o
inimigo sentirá que não tem condições de vencer e desistirá da luta por algum
tempo. Mas isso não passa de um meio de adiar a guerra; a História tem
demonstrado que um dia, inevitavelmente, ela recomeçará. Assim, podemos
entender que a cultura existente até agora era apenas uma circunferência sem um
ponto no centro.
Eu sempre falo sobre a teoria dos noventa e nove por cento e do um por cento. Se
numa circunferência entrar um ponto, significa que por meio de um por cento
modificam-se noventa e nove por cento. Em outras palavras, representa destruir
noventa e nove por cento do Mal com a força de um por cento do Bem. Seria o
mesmo que tornar branca uma circunferência preta unicamente com a força desse
um por cento. Relacionando isso ao mundo, significa colocar conteúdo, ou melhor,
colocar alma numa civilização vazia. Assim, estamos vivificando a civilização que
até agora só apresentava forma, como se fosse um objeto inerte. É o nascimento
de um novo mundo.
Alicerce do Paraíso, “A Cultura de Su” – (10/09/52)
“Através do poder de Deus, rompamos o cárcere da superstição criado pela
ciência material.”
Este livro é uma bomba atômica em relação à Ciência. São escritos iluministas
referentes à humanidade e também o Evangelho da salvação do mundo. Vou agora
explicar essa teoria e, ao mesmo tempo, como endosso, entre inúmeros milagres
ocorridos na Igreja Messiânica Mundial, foram escolhidas e estão aqui publicadas
cento e vinte experiências de fé. Como todas elas vão muito além da realidade, os
leitores não conseguirão acreditar de imediato. Isto porque, no passado e no
presente, milagres maravilhosos como esses ainda não tinham acontecido. Todos
sabem que, desde os tempos antigos, os milagres acompanham a Religião, mas,
mesmo olhando com esses olhos, as pessoas dificilmente conseguem aceitar os
milagres da nossa Igreja e também argumentar sobre eles. Além disso, todas essas
experiências foram escritas pelos próprios agraciados, não havendo, assim,
nenhuma dúvida. Nem é preciso dizer que, no Japão e também no exterior, não
existem exemplos semelhantes. Considerando motivo de orgulho para o Japão
esse fato sem precedentes, eu me sinto na obrigação de propagá-lo o quanto antes
ao mundo inteiro.
O fato a que nos referimos, constitui, sem dúvida, a grande maravilha da segunda
metade do século XX, jamais imaginada por toda a humanidade. Se ela está sendo
realizada através de mim, um ser humano, podemos dizer que é realmente um
mistério que vai além do mistério. Não há dúvida de que é preciso ver aí um
profundo significado, cuja raiz se baseia no profundo Plano do Deus Supremo, o
superintendente do Universo. A causa dessa ocorrência é a existência de um
grande erro na civilização contemporânea, o qual representa um forte empecilho
para o progresso da cultura. A prova é que, apesar da cultura ter progredido tanto,
o maior desejo do homem, que é a felicidade, não acompanhou esse progresso;
pelo contrário, a infelicidade tende a se tornar cada vez mais profunda, esta é a
verdade. Mas de que erro estamos falando? É, certamente, o erro do princípio de
supremacia da Ciência. O homem moderno acredita que qualquer problema pode
ser solucionado através da Ciência. E muito mais do que superestimação da
Ciência, podemos dizer que ele caiu no abismo da superstição da Ciência. Atingido
tal ponto, Deus irá destruir completamente essa superstição. Objetivando a
construção de um mundo verdadeiramente civilizado, Ele começou a trabalhar
diretamente, tendo o homem como intermediário, e isso também é realmente uma
providência do tempo. A causa da superstição a que nos referimos é o
pensamento, absolutamente materialista, de acreditar naquilo que se vê e não
acreditar naquilo que não se vê. Portanto, para corrigir esse modo de pensar, é
preciso todo empenho no sentido de que o homem tome consciência da realidade
do espírito, até hoje considerado inexistente, e compreenda que, em tudo, o
espírito é principal e a matéria é secundária.
Quero dizer também que, se a Ciência materialista fosse a Verdade, com o seu
progresso, o sofrimento da humanidade deveria diminuir aos poucos, e, na mesma
proporção, a felicidade deveria aumentar, não acham? Entretanto, qual é a
realidade? O progresso material é de fato magnífico: metrópoles culturais
deslumbrantes, facilidade de transporte, modo de vida adiantado, tudo mecanizado,
etc. Materialmente, não há dúvida de que a felicidade aumentou, mas a felicidade
espiritual, que é importante, não passa de zero. Olhando sob esse prisma, fica bem
evidente o erro da civilização contemporânea.
Mas o erro de que eu estou falando também faz parte do profundo Plano do
Supremo Deus, e até hoje estava bem assim. Isso porque, para construir o Mundo
Ideal, que é o objetivo de Deus, era preciso, primeiro, como preparação,
desenvolver até certo ponto a cultura materialista. E a história da humanidade até
hoje, cheia de guerras e de paz, de ascensão e decadência, também se explica
dessa forma. Assim, a época da cultura materialista chega ao seu fim; ao mesmo
tempo, é chegada a época da ascensão inesperada da cultura espiritualista. E as
duas culturas, a materialista e a espiritualista, irão caminhar com os passos
alinhados, concretizando-se a era da Verdadeira Civilização. Em outras palavras, é
também a união da Religião com a Ciência. Para tanto, a questão prioritária é fazer
com que se tome consciência da existência real do espírito. Deus mostra o milagre
como método para essa tomada de consciência. Eu fui escolhido para
desempenhar tal função, e, naturalmente, também recebi força para realizar
milagres. Em relação aos milagres, entre inúmeras religiões existentes desde
tempos antigos, parecem-me especialmente marcantes os milagres de Cristo,
ainda hoje famosos. Ele devolveu a visão a um cego, fez um aleijado andar,
expulsou o demônio de uma pessoa má, e outros milagres. A maioria dos milagres
contidos na nossa coletânea são quase iguais aos de Cristo, e alguns até mesmo
superiores, podendo ser resumidos numa só palavra: espantosos! Além disso,
todos eles foram manifestados por meus discípulos, o que, falando honestamente,
é um acontecimento que pode virar a História.
A famosa expressão de Cristo, “Fim do Mundo”, refere-se ao fim da época da
cultura materialista, e a profecia “O Reino dos Céus está próximo”, nem é preciso
dizer, refere-se à época de uma cultura elevada, que progride rapidamente, ao
nascimento iminente de um mundo de Verdadeira Civilização. Nessa grande
transição do mundo, Deus irá manifestar milagres sem precedentes, realizando
uma revolução cultural de âmbito mundial. Aqueles que acreditarem nisso, serão
pessoas felizes na Nova Era.
Gostaria de escrever muito mais, mas este livro ficaria puramente religioso, por isso
vou parar por aqui. O leitor deve gravar bem o significado das minhas palavras e ler
atentamente. Ao mesmo tempo, ele deve abandonar a visão da nossa Igreja como
religião tradicional e olhá-la como uma Ultra-Religião.
Jornal Eiko nº 202, Prefácio da “Coletânea de milagres da I.M.M” – (01/04/53)
O SOLO SAGRADO
Depois da criação do mundo, nunca existiu uma obra tão grandiosa, de tão grande
importância, e motivo de tanta alegria. No Japão, dizem que o general Hideyoshi
Toyotomi construiu o castelo de Oossaka e que Nikko foi construída por xóguns de
três gerações. Essas construções, entretanto, tinham um motivo completamente
diferente da obra que eu estou realizando. Elas foram realizadas para enaltecer os
seus autores e mantê-los no poder, isto é, para sua defesa nas ocasiões de guerra.
Eram uma forma de prevenção para eles não serem dominados na luta, uma
espécie de orgulho do seu próprio poder. (...) Realmente, era muito escasso o
interesse pelo público. Sendo eles japoneses, deveriam alegrar todo o povo
japonês. Conseqüentemente, seus autores estavam centralizados em si mesmos,
em seu próprio benefício.
Também o Vaticano, na Itália, tem cunho religioso, sendo a sede central para
propagação do cristianismo, que na Era Romana teve grande expansão. Com as
doações de mercadorias e de dinheiro é que foi possível construir, gradativamente,
aquele Museu de Arte. Portanto, ele é quase que totalmente religioso. No ano
passado, ganhei fotografias coloridas de pinturas a óleo do Vaticano e achei-as
realmente maravilhosas. Vistas através de fotografias, elas já são belas, imaginem
pessoalmente. Fiquei deveras surpreso. Não obstante, o Vaticano foi criado por
uma religião. A cultura americana também é maravilhosa, mas é motivo de orgulho
da cultura mecânica, sendo aproveitada, também, para obtenção de lucros. O
conjunto desses fatores é que gerou aquela obra magnífica. Por conseguinte, não é
uma obra artística.
O protótipo do Paraíso Terrestre que agora estou construindo, ao contrário de visar
a guerra, servir de proteção ou expandir uma religião, tem um sentido puramente
pacífico, objetivando que um grande número de pessoas – as pessoas do mundo
inteiro – apreciem o Belo e, através disso, possam elevar as suas almas. Até agora,
nada semelhante foi criado em nenhum lugar do mundo. O protótipo do Paraíso
Terrestre deve ser a primeira realização com esse sentido. Futuramente, ele será
compreendido pelo mundo todo. Os próprios jornalistas dos Estados Unidos vêm
afirmando que em vários locais do mundo estão sendo construídos museus
magníficos, mas que todos esses museus visam principalmente benefícios
próprios. “O senhor, no entanto – disseram eles – é diferente, está realizando uma
obra em benefício do povo, visando realmente a paz, por isso é uma pessoa rara
entre os japoneses. Não sabia que existiam pessoas como o senhor no Japão”. É
lógico que eles não tinham conhecimento da construção do protótipo do Paraíso
Terrestre, pois trata-se de fato recente. A conversa acabou se tornando um
tremendo rasga-sedas, mas essa obra não sou eu quem estou realizando. É Deus
quem está me utilizando; portanto, pode-se dizer que eu sou um emissor do
orgulho de Deus. Após a conclusão do protótipo do Paraíso Terrestre de Atami, a
Igreja Messiânica Mundial sofrerá uma transformação radical e será conhecida
como algo mundialmente grandioso. Conseqüentemente, ela será conhecida não
só no Japão como também no exterior.
Coletânea de Ensinamentos vol. 30 – (02/01/54)
Creio que a expressão “Luz do Oriente” surgiu há uns dois mil anos, em
determinada parte da Europa, tendo-se propagado gradativamente a ponto de hoje
não existir quem a desconheça. Até agora, no entanto, por ignorância do seu
verdadeiro significado, ela continua envolvida em mistério. Assim, gostaria de
mostrar o que realmente significa essa expressão.
Indiscutivelmente, “Luz do Oriente” era uma predição relacionada à minha pessoa.
Não haverá quem não se espante ao tomar conhecimento dessa verdade, e poucas
pessoas conseguirão aceitá-la de imediato. Por isso, tentarei me explicar melhor,
apresentando provas reais do que estou dizendo.
A primeira prova é o local onde nasci e o trajeto das mudanças que fiz.
Nasci num bairro pobre, antigamente denominado Hashiba, situado em Assakussa,
na cidade de Tóquio. O país chamado Japão, como todos sabem, localiza-se no
extremo leste do globo terrestre; acrescente-se que Tóquio é uma cidade do leste
do Japão. O leste de Tóquio é Assakussa, cujo leste, por sua vez, é Hashiba, o
bairro ao qual me referi. A leste desse bairro está o rio Sumida. Assim, Hashiba é
realmente o leste do leste; em termos mundiais, é o extremo leste do mundo.
Aos oito anos, fui morar no bairro de Senzoku, a oeste de Hashiba; mais ou menos
na época em que concluí o curso primário, mudei-me para o bairro de Naniwa, em
Nihonbashi, e em seguida, para Tsukiji, em Kyobashi; depois fui para os bairros de
Ooi e Oomori, ambos em Ebara; mais tarde, transferi-me para Koji e, a seguir, para
Tamagawa, onde existe, atualmente, o Solar da Montanha Preciosa.
Posteriormente, dando um salto bem grande, mudei-me para Hakone e Atami, e,
agora, para Quioto. Assim, troquei de residência dez vezes, e dessas mudanças,
excetuando-se o bairro de Koji, nove foram para o oeste. Naturalmente, daqui em
diante a Luz do Oriente avançará cada vez mais para o oeste; um dia, é óbvio,
chegará à China e, finalmente, à Europa.
Analisando os diferentes aspectos da cultura japonesa até o presente momento,
constatamos que todos eles nasceram no oeste e foram se expandindo em direção
do leste. Entre as religiões, o budismo, incluindo todas as suas ramificações, o
cristianismo e o xintoísmo – este último, originário do Japão – nasceram no oeste e
foram se propagando para o leste. A religião budista Nitiren foi a única que nasceu
no leste. E isso tem uma profunda razão de ser. Vejamos.
O budismo, como tenho dito, foi criado para promover a salvação das criaturas na
Era da Noite, isto é, o período em que o mundo era protegido pela deusa da Lua.
Entretanto, como tudo ocorre primeiramente no Mundo Espiritual, chegando a
época apropriada à mudança para a Era do Dia, iniciou-se naquele mundo, há
setecentos anos, o primeiro estágio do Alvorecer. Foi por isso que nasceu Nitiren
Shonin. Crendo em Buda, assim que terminou seus primeiros aprimoramentos, ele
tomou a decisão inabalável de se dedicar à divulgação do sutra “Hoke”, pregado
pelo Mestre. Primeiramente foi a Awa, sua terra natal, e, escalando o Monte
Kiyossumi, próximo ao mar, entoou em voz alta, no momento em que o Sol estava
para nascer, as palavras “Nan-myo-ho-ren-gue-kyo”(6). A partir de então, divulgou
para o mundo o sutra “Hoke” com todas as suas forças, enaltecendo-lhe os
Palavras pronunciadas pelos fiéis da Religião para pedirem proteção e atingirem a Iluminação.
benefícios. Mais tarde, lutou contra inúmeras perseguições, até que, finalmente,
estabeleceu uma seita inabalável como é hoje a Hoke-kyo(7), que merece todo o
nosso respeito.
Esse grande feito de Nitiren representava o primeiro raio da Luz do Oriente. Em
termos espirituais, podemos dizer que, no extremo leste do Mundo Espiritual, até
então imerso nas trevas, era um brilho bem fraco e pequeno, o primeiro indício de
que o Sol estava para nascer. Naturalmente, isso não se evidenciava aos olhos
humanos, mas em verdade constituía uma importante realização Divina no avanço
da Grande Providência.
Seiscentos e tantos anos depois, chegada a hora do Alvorecer, no dia 15 de junho
de 1931, levando trinta e poucos acompanhantes, escalei o Monte Kenkon(8),
situado em Awa, onde se localiza o Templo Nihon, e no topo desse monte, em
direção ao céu no leste, entoei uma oração. Na mesma hora, ocorreu algo
misterioso. Ainda não me é permitido revelá-lo, mas significava a demarcação da
mudança da Noite para o Dia, promovida pela Providência de Deus. E o
interessante é que a leste do Monte Kenkon está localizado o Monte Kiyossumi, a
uma distância tão irrelevante que, se uma pessoa chamar por outra de um dos
lados, será ouvida por ela. São realmente montes irmãos. E Nihon, o nome do
templo, que significa “Nascente do Sol”, também está insinuando aquela mudança.
Acima escrevi sobre a afinidade do Japão com o budismo. Quanto ao
confucionismo, à moral, à sinologia, à medicina chinesa e todas as primeiras
expressões da cultura japonesa, foram importadas da China e da Coréia. Nos
últimos tempos, foi introduzida no país a cultura ocidental, de modo que a maior
parte da sua cultura provém do oeste. Além da Religião Nitiren, não existia
nenhuma outra expressão cultural japonesa que tivesse nascido no leste.
Mas agora precisamos refletir: se, através dessa cultura nascida no oeste, se
tivesse conseguido formar um mundo ideal de paz e felicidade, que teria eu para
falar? O que vemos, é justamente o contrário. Materialmente, o mundo se tornou
uma civilização magnífica, porém o mais importante, que é a felicidade humana,
não foi alcançado; e o pior é que, segundo tudo indica, também não o será, no
futuro. Certamente, todos pensam assim. No entanto, embora o homem
contemporâneo não possua nenhuma esperança e viva uma vida cotidiana sem
objetivos, sentindo uma intranqüilidade inexplicável, a maioria das pessoas, no
íntimo, não cessa de ansiar pela luz da esperança.
(...) Isso pode ser muito bem compreendido ao observarmos a Natureza: o Sol e a
Lua despontam no leste e descrevem órbita em direção do oeste. Sendo esta uma
verdade eterna, o que nasce no leste representa a própria Verdade. Assim, posso
afirmar com toda segurança que as pessoas que acreditarem em minhas palavras,
procedendo em conformidade com elas, conseguirão obter a verdadeira felicidade.
Em resumo: vou purificar toda a água turva impelida do oeste para o leste, devolvê-
la-ei pura e construirei um mundo límpido como o cristal.
Jornal Eiko nº.182, “Luz do Oriente” – (12/11/52)
Costumo dizer que o Paraíso é o Mundo da Arte, mas isso não deixa de ser um
conceito bastante resumido. Naturalmente, o aperfeiçoamento da Arte é desejável,
seja a pintura, a escultura, a música, as artes cênicas, a dança, a literatura, a
arquitetura, etc.; entretanto, para se poder falar em Paraíso, é preciso que todas as
artes estejam reunidas, ou melhor, que tudo seja artístico.
Segundo o meu princípio, a solução dos sofrimentos pela Graça Divina não é outra
coisa senão a magnífica Arte da Vida, isto porque a Arte, na sua essência, deve
satisfazer as condições da Verdade, do Bem e do Belo.
Em primeiro lugar, no sofredor não há, fundamentalmente, Verdade. O homem
deve ser sadio por natureza. Quando ele perde a saúde espiritual ou material,
significa que deixou de ser o que era: Verdade. Tomemos por exemplo uma jarra:
se ela apresentar um defeito, perderá sua utilidade. Como objeto, nela não há
Verdade se deixar vazar água, se cair quando a colocarmos em pé, ou quebrar
quando tentarmos usá-la. Para que a jarra possa ser utilizada, é preciso consertá-
la. O mesmo acontece com os homens. Se uma pessoa, por motivo de doença, não
puder cumprir as missões para as quais foi criada, tornar-se-á inútil para a
sociedade. Deverá, pois, submeter-se à reforma que vem a ser o Johrei da nossa
Igreja, prece a Deus em favor de quem sofre.
A seguir, consideremos o Bem. Se não houver, no homem, nenhuma parcela de
Bem e ele praticar somente o mal, também deixará de ser um homem verdadeiro:
será um animal. Tal espécie de homem prejudicaria a coletividade em que vive, e
precisaríamos, ao invés de condená-lo, evitar sua existência. Mas isso compete a
Deus, que possui o direito sobre a vida e a morte. Inúmeras pessoas tornam-se
vítimas do fracasso, da doença e da pobreza; algumas chegam até a perder a vida.
Elas estão sendo julgadas por Deus. Entretanto, embora se fale no mal de forma
genérica, existe aquele que é praticado conscientemente e aquele que é praticado
inconscientemente. O sofrimento varia de acordo com essa diferença. A justiça é
perfeita.
Dispenso maiores explanações sobre o Belo, por ser assunto do domínio de todos;
mas, como temos dito, a condição fundamental para transformar este mundo em
Paraíso está na concretização da Verdade, do Bem e do Belo. Assim, tanto a
eliminação das máculas causadoras das doenças, como a reformulação dos
métodos agrícolas, são, logicamente, artes. A primeira é a Arte da Vida, e a
segunda, a Arte da Agricultura. Acrescentemos, ainda, a construção do protótipo do
Paraíso Terrestre, que é a Arte do Belo. Com a junção das três, construiremos o
Mundo da Luz, consubstanciado na trindade Verdade-Bem-Belo. É o Paraíso
Terrestre, ou a concretização do Mundo de Miroku.
Alicerce do Paraíso, “Paraíso – Mundo da Arte” – (04/10/50)
(Nidai-Sama)
Ninguém ignora que os povos do mundo atual estão submetidos a diversos
sofrimentos, tais como guerras, doenças, insegurança, crises políticas e
econômicas, etc. Tratarei, aqui, dos itens relacionados, sem me referir – é claro – a
este ou àquele país, mas de um modo amplo e geral. Começarei pelos aspectos
que constituem problemas mundiais.
Em primeiro lugar, salientarei o problema econômico, por representar um dos
motivos de maior preocupação. A crise econômica, que atinge não só o governo,
como também o povo, deixa de ser uma novidade, embora a maioria ignore a sua
causa. Indubitavelmente, ela surge por influência do Mal. Os governos, por
exemplo, são prejudicados pelo mau procedimento dos funcionários. Que
aconteceria se estes agissem conscienciosa-mente? Evitar-se-ia o esbanjamento
de recursos, pois os funcionários teriam consciência de que tais recursos são
provenientes dos impostos, que custaram o suor do povo. O número de
funcionários poderia ser reduzido à metade, ou até menos, devido à eficiência do
trabalho, motivada pela supressão do desperdício de tempo durante o expediente.
A fidelidade dos funcionários no cumprimento dos deveres favoreceria o sucesso
de todos os empreendimentos e cativaria a simpatia do público, que, por sua vez,
os olharia com respeito, deixando de temê-los ou desprezá-los. Além disso, a
extinção dos subornos impediria a prevaricação dos mesmos funcionários,
tornando-os dignos da confiança do povo.
Se tudo isso acontecesse, não haveria mais necessidade de fiscalização, nem de
processos jurídicos onerosos, resultando em incalculável benefício para a
economia do país. Em relação à vida privada, o indivíduo adquiriria mais saúde,
uma vida mais confortável e um lar feliz, pelo abandono do uso de bebidas
alcoólicas e extravagâncias prejudiciais. Notaríamos, ainda, o lucro inesperado que
adviria da baixa de todos os preços, pelo desaparecimento das negociatas, muito
comuns nos empreendimentos.
Realizado o que foi exposto, o governo não necessitaria sequer da metade do
presente orçamento, e o povo exultaria de alegria pela redução dos impostos.
O mesmo podemos dizer em relação às empresas particulares. Que sucederia se
todos os empregados conseguissem vencer a sua má índole? A fiel execução dos
serviços dispensaria gastos supérfluos; a astúcia e a fraude tornar-se-iam uma
raridade. Por conseguinte, facilitar-se-iam as boas transações, poupar-se-ia tempo,
os negócios seriam efetuados em ambiente agradável, haveria aumento de
produção e, conseqüentemente, baixa dos custos e ampla saída dos produtos. No
setor da exportação, nos tornaríamos imbatíveis mundialmente. O resultado mais
agradável seria o desaparecimento de conflitos entre empregados e empregadores.
O prazer com que todos se dedicariam à produção, a conciliação e a disposição
saudável, dariam grande impulso ao serviço, o que, por sua vez, ocasionaria
aumento da renda, extinguindo por completo a preocupação com problemas
econômicos. As empresas prosperariam, sem dúvida, em ambiente saudável,
desaparecendo bajulações e traições entre chefes e subordinados.
No setor político, as pessoas estão conscientes do habilidoso emprego do Mal e do
pequeno número de membros de partidos que têm por princípio velar pela
felicidade do Estado e do povo. Certamente os políticos não deixam de levar em
consideração o bem-estar da Nação e do povo, mas a realidade prova que eles são
dotados de conceitos egoísticos e fazem tudo em benefício próprio e do partido a
que pertencem, tendo por costume atacar as opiniões dos partidos opostos. Esse
ataque, de caráter extremamente desprezível, que consiste no simples prazer
doentio de criticar, hoje é tido como um ato comum. Nas assembléias, as sátiras,
os termos indecorosos, os tumultos, que se convertem em vexame, assim como as
agressões, dão a impressão de encontros de bandoleiros.
Vejamos, agora, o que está acontecendo com a sociedade.
Ninguém ignora que a corrupção é geral em todos os setores. É raríssimo
encontrar um lar pacífico, pois em todas as famílias fomentam-se os conhecidos
conflitos entre casais, entre pais e filhos, etc. Vemos, também, com freqüência,
desavenças entre amigos e conhecidos. Ultimamente, os crimes contra parentes
próximos entraram em moda, ultrapassando o limite do lamentável e causando
terror. Além disso, os jornais estampam, diariamente, invasões domiciliares,
assaltos, roubos violentos, fraudes, usurpações, furtos em lojas, ameaças e outros
horrores. Em linhas gerais, esse é o aspecto da sociedade; podemos, pois, afirmar
que este mundo é um atoleiro de pecados. É conforme disse Buda: “um mundo de
sofrimentos”. Portanto, não há exagero em afirmar que a sociedade é constituída
pelas vítimas do Mal. Com efeito, entre milhares de pessoas, não existe uma só
que possa viver um dia livre de preocupações. Dentre estas, a maior, certamente, é
a doença. O medo de ladrões resolve-se trancando-se as portas; com saúde,
conseguimos livrar-nos da pobreza, porque podemos trabalhar; processos jurídicos
são evitados agindo-se com prudência. Mas é impossível evitar doenças e guerras.
Um análise minuciosa, entretanto, esclarece-nos sobre a possibilidade de evitá-las,
unicamente através da Religião, já que toda desgraça tem sua origem no Mal.
Alicerce do Paraíso, “O mundo dominado pelo mal” – (17/09/52)
“Os homens de pensamentos, palavras e ações puras e belas, estes, sim, são
entes do Reino dos Céus.”
JOHREI
(...) Tomando a Bíblia como base e analisando o sentido das profecias citadas,
podemos afirmar que nos encontramos na iminência de um grande perigo; para
ultrapassá-lo, precisaremos estar com o espírito purificado. Isso quer dizer que o
homem mau será eliminado para sempre. Se assim for, torna-se imprescindível
purificarmos nosso espírito através de uma fé correta, a fim de que possamos
transpor essa fase com segurança.
Os materialistas podem não acreditar, podem dizer que é um absurdo, que Deus é
apenas fruto da imaginação do homem; entretanto, quando chegar o momento
decisivo e, aflitos, eles quiserem voltar-se para Deus, já será tarde demais. Isso é
mais claro que a luz do dia. Naturalmente, o amor de Deus é infinito e Seu desejo é
salvar o maior número possível de criaturas. Nós, que seguimos Sua Vontade,
estamos repetidamente advertindo os homens, através da palavra oral e escrita.
Sobre o mesmo assunto existe outra advertência: “Deus está querendo salvar os
homens, mas, se eles não tomarem cuidado e não derem importância a tantos
avisos, encarando-os simplesmente como o canto do galo que estão acostumados
a ouvir, chegará a hora em que, prostrados, terão de pedir perdão a Deus. No
entanto, quando chegar essa hora, Deus não poderá ficar se ocupando dos
homens. Assim, eles terão de resignar-se ante a situação criada pelas suas
próprias mãos.” Acho que essas palavras têm exatamente o mesmo sentido daquilo
que eu acabei de explicar.
A propósito, falarei resumidamente sobre o Dilúvio e a Arca de Noé.
O fato deve ter acontecido há milhares de anos, num antigo pais europeu, onde
viviam dois irmãos de nome Noé. No estado que hoje chamamos de “transe”, o
mais velho foi avisado sobre a iminência de um dilúvio e por isso deveria alertar seu
povo. Muito apreensivos, eles anunciaram aos homens o perigo iminente, mas
ninguém acreditou em suas palavras. Passados alguns anos, finalmente eles
conseguiram convencer seis pessoas. Então Deus lhes ordenou que construíssem
uma arca, e os oito entraram nela.
Pouco tempo depois, começou a chover ininterruptamente. Uns dizem que choveu
durante quarenta dias; outros dizem que cem. O certo é que foi um longo período
de fortes chuvas. As águas subiam cada vez mais, inundando as casas; apenas o
cume das montanhas ficava de fora. Os homens tentavam entrar na arca ou
refugiar-se nas montanhas, mas os animais ferozes e as cobras venenosas,
querendo salvar-se, faziam o mesmo. Como a arca possuía tampa, ninguém
conseguiu entrar. Famintos, os animais devoravam todos os homens; salvaram-se
apenas as oito pessoas que estavam na arca. Elas são consideradas antepassados
da raça branca.
No Novo Testamento, existe uma passagem na qual se diz que João faria o
batismo pela água e Cristo faria o batismo pelo fogo. Se o Dilúvio representou o
início do batismo pela água, o batismo pelo fogo, atribuído a Cristo, só poderá ser o
Juízo Final que está prestes a chegar. Acontece que a água é material, e o fogo é
espiritual. Por isso, aquilo que estamos realizando atualmente a purificação do
espírito através do espírito – nada mais é que o batismo pelo fogo. Como o espírito
se reflete na matéria, a influência que esse batismo exercerá sobre ela deverá
produzir uma mudança extraordinária. Mas precisamos saber que existe perigo
apenas para o Mal, e não para o Bem.
Este artigo, eu o ofereço às pessoas descrentes.
Alicerce do Paraíso, “O Juízo Final” – (20/01/50)
(Nidai-Sama)
(...) O Johrei não visa curar doenças; é, antes, um método de criar felicidade. Ele
não pode ter como objetivo a cura das doenças, porque estas são formas de
purificação; sua finalidade é eliminar as máculas do espírito. O resultado da
erradicação dessas máculas é a extinção dos sofrimentos humanos.
Costumo ensinar que a doença, a pobreza e o conflito são processos purificadores.
A doença é o principal, porque afeta a própria base da vida. Quando conseguirmos
vencê-la, também solucionaremos o problema da pobreza e do conflito. Portanto, a
base da felicidade é a eliminação das máculas espirituais. O Johrei é o método
mais simples e infalível para erradicá-las. É, pois, evidente que ele não visa a
própria doença, e sim as suas causas.
Como já escrevi em outras oportunidades, o corpo material do homem vive no
Mundo Material, e o espírito, no Mundo Espiritual. Sendo assim, a situação do
Mundo Espiritual influi sobre o espírito e se reflete sobre o corpo, de modo que o
destino do homem se origina no Mundo Espiritual.
O Mundo Espiritual está dividido em três planos: Superior, Intermediário e Inferior.
Cada plano é constituído de três níveis, e cada nível se subdivide em vinte
camadas. Ao todo, são cento e oitenta camadas, mais uma – acima de todas
ocupada por Deus. Temos, pois, cento e oitenta e uma camadas. Qualquer
entidade, por mais elevada que seja, acha-se numa das cento e oitenta camadas.
Essa explicação tem por base o sentido vertical. Horizontalmente, a extensão de
cada plano varia no sentido do Inferno até o Céu.
Suponhamos que um espírito se encontre no nível inferior do Plano Inferior; isto
significa que ele se acha no fundo do Inferno. Como nesse local o sofrimento do
espírito é muito intenso, há terrível reflexo sobre o corpo físico, que passa a ser
espantosamente atormentado. No nível médio do Plano Inferior, o reflexo é menos
danoso. Então o sofrimento se torna mais suave, mais tolerável. E assim por
diante. Os padecimentos variam de acordo com a posição do espirito nas várias
camadas do Mundo Espiritual.
Ultrapassando-se as sessenta camadas do Plano Inferior, atinge-se o Plano
Intermediário, que corresponde à vida na Terra. Acima do Plano Intermediário está
o Plano Superior, o Reino dos Céus, onde se acham os anjos e onde se pode
desfrutar uma vida de felicidade.
Como se vê, a posição em que se acha o espírito de uma pessoa reflete-se no seu
destino. Por isso, devemos esforçar-nos para elevar o nosso nível espiritual, o que
significa reduzir os nossos sofrimentos e, proporcionalmente, aumentar a nossa
felicidade. Assim, não mais serão necessários os sofrimentos purificadores. É inútil
apelar para a inteligência e envidar esforços enquanto o espírito estiver no Plano
Inferior, porque esta é a Lei de Deus. E a Lei do Espírito Precede a Matéria
também é inviolável.
Concluímos, portanto, que, para ser feliz, é necessário crer em Deus Absoluto,
adorá-Lo, compreender e praticar a Sua Vontade, somar méritos e purificar o
espírito de modo que o seu habitat espiritual se eleve ao Céu. Não há outro
processo para alcançarmos a felicidade, e nisso reside o profundo significado do
Johrei.
Alicerce do Paraíso, “Sermão, Johrei e Felicidade” – (25/03/52 – 25/08/52)
A LUZ DA INTELIGÊNCIA
Quem nada sabe, mesmo duvidando, é natural que será perdoado, e isto está de
acordo com a lógica. Entretanto, se a pessoa ainda duvida, apesar de lhe ter sido
mostrada a realidade, a cura não se processará conforme o desejado. Analisando
bem esses casos, vemos que eles estão adequados à lógica. Descobrir
rapidamente essa lógica significa possuir Inteligência da Percepção Verdadeira.
Significa que houve reflexo no espelho da alma. Quando o espelho fica embaçado,
o reflexo perde a nitidez. Por isso, polindo-se constantemente o espelho da alma, o
reflexo se produz claramente e consegue-se descobrir tudo muito rápido. Apesar de
quase não ser levado em consideração, este é um ponto muito importante na Fé. A
esse respeito, no budismo, Sakyamuni disse que inteligência é a capacidade de se
descobrir as coisas rapidamente. Quando ela se manifesta, num determinado nível,
a pessoa torna-se iluminada. O Grande Iluminado é o mais poderoso. Sakyamuni
disse: “Torna-se Bossatsu quem adquirir Percepção Verdadeira. Quem possui
Grande Iluminação é Nyorai.” Isso quer dizer que a percepção é, de fato, a
“Inteligência”. Assim, existem pessoas que percebem as coisas rapidamente
porque são iluminadas, e quem é iluminado tem poucas máculas espirituais. Para
diminuir as máculas e tornar límpido o espelho da alma, o melhor é ler bastante os
Ensinamentos. O que antes não se entendia, ao lê-los novamente entende-se.
Depois de algum tempo, muitas vezes a pessoa desperta, dizendo: “Aqui está”,
“Existe cada coisa tão boa!”, “Está tão claro! Como é que eu não conseguia
entender?” Isso acontece porque, na leitura anterior, o espírito estava maculado. À
medida que as máculas vão sendo eliminadas, a compreensão vai melhorando.
Coletânea de Ensinamentos vol. 29 – (05/12/53)
Todos se referem à inteligência como se fosse uma coisa única. Mas ela pode ser
de vários tipos, apresentando diferentes níveis de profundidade.
Dentre as inteligências, as mais elevadas são: a Divina, a sagrada e a superior.
Precisamos aprofundar a nossa própria fé, a fim de cultivá-las. Elas surgem quando
possuímos espírito correto, que admite a existência de Deus. Quando há esforço
baseado na virtude, esses aspectos superiores da inteligência se desenvolvem, e a
recompensa será a verdadeira felicidade.
Em nível mais baixo, estão as inteligências calculista, ardilosa, satânica e outras,
que nascem do Mal. Todos os criminosos servem como exemplo. Os delinqüentes
intelectuais, especialistas em fraudes, possuem-nas em alto grau. Os conhecidos
“heróis” de sucesso passageiro nada mais são do que portadores, em ampla
escala, dessas inteligências nocivas.
É interessante notar que quanto maior for a inteligência do Bem, mais profunda ela
é; quanto maior a inteligência do Mal, mais superficial. Basta analisar a vida dos
criminosos, desde épocas remotas, para verificar o que estamos dizendo. Eles
fazem planos aparentemente perfeitos, mas que, na prática, apresentam alguma
falha. É essa falha que torna público e notório o seu fracasso. Por conseguinte, se
o homem deseja crescente prosperidade, deve fazer esforços para aprofundar sua
inteligência. A profundidade da inteligência depende da força da sinceridade.
Assim, conclui-se que o homem cuja fé não é correta, nada conseguirá. Tão logo
seja aceita essa teoria, desaparecerão os males da sociedade.
O homem de hoje é superficial. Isto pode ser facilmente observado por quem
examina os vários campos da atividade humana. Os políticos, por exemplo, só se
ocupam de assuntos imediatos; qualquer outro é negligenciado até que tome vulto.
Suas providências assemelham-se aos remédios alopatas: combatem os efeitos e
não as causas. Ora, todo problema surge porque existe uma causa; nada acontece
sem motivo. A inteligência superficial não consegue prever o futuro, ficando
impossibilitada de estabelecer uma verdadeira política. No jogo de xadrez, o mestre
ganha a partida porque “enxerga” os lances subseqüentes; o novato é derrotado
porque não os prevê.
Neste sentido, o homem deve conscientizar-se de que precisa cultivar as
inteligências de nível superior, pois, sem elas, não obterá o verdadeiro êxito. E
devemos compreender que a Fé é o único meio para adquiri-las.
Alicerce do Paraíso, “Luz da inteligência” – (25/05/49)
“Para percorrer com segurança o caminho das trevas, é preciso ter a Palavra
de Deus como guia, e a fé como bengala.”
(...) Ler os meus Ensinamentos é receber Johrei através dos olhos. Eis a
explicação:
Todos os textos refletem o pensamento da pessoa que os escreveu; precisamos ter
plena ciência disso. Espiritualmente falando, significa que as vibrações espirituais
do escritor são transmitidas, através das letras, para o espírito do leitor. Como os
meus Ensinamentos representam a própria Vontade Divina, o espírito de quem os
lê se purifica.
A leitura pode exercer influência positiva ou negativa sobre a alma do leitor. É
grande, portanto, a influência exercida pela personalidade do escritor. Quer se trate
de artigo de jornal ou de obra literária, aconselho aqueles que os escrevem a
pensarem muito, mas isto não quer dizer que eu lhes esteja recomendando
escreverem sermões.
Naturalmente, se a obra não for interessante, as pessoas não a lerão com prazer, e
por isso ela será inútil. É importante que o assunto atraia, fazendo os leitores se
sentirem presos a ele. Todavia, analisando a literatura da atualidade, a grande
maioria das obras nos faz pensar que os escritores se interessam apenas em
vendê-las ou vê-las adaptadas ao cinema, e, com isso, ganhar fama. Os textos não
passam de um amontoado de palavras; terminada a leitura, sentimos que deles
nada se aproveita. Em verdade, seus autores não passam de pretensos escritores.
Tais obras poderiam ser comparadas a pessoas vazias de conteúdo: podem ser
famosas por algum tempo, mas um dia cairão no esquecimento.
Quando observarmos minuciosamente a sociedade atual, até nos assustamos com
as numerosas falhas que ela apresenta. Se quisermos tomá-la por tema, não nos
faltarão assuntos. Gosto muito de cinema, do qual sou freqüentador assíduo. Às
vezes, quando vejo filmes que apontam as falhas da sociedade, fico muito
interessado e contente, por saber que, de alguma forma, alguém pensa como eu;
tenho até vontade de reverenciar seus autores e produtores. Obras desse tipo
nunca deixam de ser reconhecidas pelo público, dando lucros vantajosos às
livrarias e às empresas cinematográficas. É como matar dois coelhos de uma só
cajadada.
Alicerce do Paraíso, “Johrei, através das letras” – (26/11/52)
Dizem que a fé é amor, mas existem vários tipos de amor: amor correto, amor
incorreto, amor amplo, amor limitado, etc. É por isso que os que possuem fé não
podem deixar de ter um entendimento correto sobre o amor.
Em primeiro lugar, darei exemplos de amor correto. Nele se inclui o amor no lar –
entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos, etc. – e o amor relativo às
demais pessoas, tais como amigos, parentes ou conhecidos. Por mais que esse
tipo de amor aumente, não há nenhuma censura a fazer. O problema é o amor
incorreto.
Obviamente, o amor incorreto é o oposto do anterior: quebra a harmonia entre
marido e mulher, esfria as relações entre pais, filhos e irmãos, causa
desentendimentos entre amigos e parentes, distancia as relações, etc. Isso é muito
freqüente na sociedade, sendo causado pelo amor incorreto, ou pelo amor
escasso.
Essa é uma classificação genérica do amor correto e do amor incorreto. Entretanto,
entre esses tipos de amor, o que talvez precisa ser mais analisado é o amor-
paixão. Como já tive oportunidade de explicar, mesmo nesse tipo de amor existe o
correto e o incorreto. Naturalmente, o amor de jovens puros, que objetivam o
casamento, é um amor-paixão correto. Mas o amor-paixão muito freqüente na
sociedade, motivado por um impulso momentâneo, fútil, isto é, amor intempestivo
como uma febre tropical, é amor incorreto. Em suma, o amor-paixão não embasado
na Inteligência Superior é amor incorreto. Se ele progride demais, invariavelmente
gera situações trágicas. Isto porque, apesar de a pessoa ter esposo ou esposa, o
amor-paixão é dirigido para terceiros. Existem pessoas que acabam caindo num
destino catastrófico para o resto de seus dias e até perdem a vida por causa de um
prazer de pouca duração. É por isso que devem acautelar-se ao máximo, pois não
há nada que cause tão grandes prejuízos como esse tipo de amor-paixão.
Fiz uma crítica bem simples a respeito do bem e do mal no amor-paixão. Agora
desejo explanar sobre a amplitude do amor. Como eu disse anteriormente, o amor
entre familiares e o amor pelas coisas que nos rodeiam é amor de caráter “Shojo”
(restrito), que pertence ao grupo do amor-próprio, sendo mais freqüente nas
pessoas comuns. É inerente ao tipo comum das pessoas boas, existindo, também,
nos agnósticos; quanto a estes, não tenho nada de especial a comentar, mas, em
se tratando de verdadeiras pessoas de fé, é totalmente diferente. O amor dos que
têm fé é “Daijo”, ou seja, altruísta. Este amor “Daijo” ampliado ao máximo é o amor
à humanidade, é o amor ao mundo.
Devemos atentar para o fato de que os japoneses, até o fim da Segunda Guerra
Mundial, não conheciam o verdadeiro amor “Daijo”. Para eles, a mais ampla e
elevada forma de amor era o amor à pátria. Como todos sabem, seu maior objetivo
consistia em dar a vida por ela, mas, como se tratava de amor “Shojo”, resultante
da crença de que isso era o que havia de mais importante, causou a lamentável
situação em que o Japão se encontra atualmente. Portanto, como o amor limitado a
um povo ou a uma classe não é verdadeiro, mesmo que se prospere por um
momento, inevitavelmente acaba-se fracassando. Conseqüentemente, como eu
disse antes, por mais que as pessoas se esforcem com um objetivo limitado,
afirmando pertencer a esta ou àquela ideologia, não há possibilidade de grande
sucesso. Tratando-se de ideologia, só o cosmopolitismo é verdadeiro. Nesse
sentido, para que a religião seja aceita como a verdadeira salvação, ela também
deve ser de caráter universal. É por esse motivo que a nossa Igreja teve seu nome
completado com a palavra Mundial.
Alicerce do Paraíso, “Amor correto e amor incorreto” – (18/10/50)
“Fé é verdadeira inteligência, é sabedoria. Sem esta, não nasce a gratidão.”
(Nidai-Sama)
É realmente verdade que gratidão gera gratidão e lamúria gera lamúria. Isto
acontece porque o coração agradecido comunica-se com Deus, e o queixoso
relaciona-se com Satanás. Assim, quem vive agradecendo, torna-se feliz; quem
vive se lamuriando, caminha para a infelicidade.
A frase “Alegrem-se que virão coisas alegres”, expressa uma grande verdade.
Alicerce do Paraíso, “O homem depende de seu pensamento” – (03/09/49)
Talvez todos pensem que a época mais próspera da civilização mundial seja a
época contemporânea. Entretanto, quando analisamos bem seu conteúdo,
observamos que ela apresenta muitas falhas, como podemos constatar todos os
dias através dos jornais, que estão repletos de artigos sobre criminosos e criaturas
desventuradas. Analisando com justiça, verificamos que as coisas ruins são muito
mais numerosas do que as coisas boas. Há pouco tempo, por exemplo, tivemos um
caso de corrupção que se tornou um problema muito sério. Quando as autoridades
começaram a investigar, o caso se diversificou a tal ponto, que nem podemos
imaginar até onde se multiplicará. Portanto, ele também não seria uma pequena
parte de um “iceberg”? Aliás, se investigarmos as coisas profundamente, quantas
pessoas íntegras encontraremos no mundo político e econômico? Poderíamos
arriscar-nos a dizer que nenhuma.
Pensando bem sobre o assunto, existe algo difícil de se entender. Se as pessoas
relacionadas ao caso em questão fossem camponeses de instrução primária, ainda
seria compreensível. Mas todas elas são pessoas civilizadas, que receberam
educação esmerada. Em geral, acredita-se que, quando as pessoas recebem
educação apurada, sua mente se desenvolve e elas se tornam criaturas civilizadas,
de modo que, assim, os crimes tendem a diminuir. Entretanto, vendo fatos como o
que ora se nos apresenta, ficamos desapontados, só podendo dizer que tudo isso é
realmente incompreensível. Por conseguinte, como eu disse no titulo deste artigo, a
época em que vivemos é semicivilizada e semi-selvagem, e acho que, analisando a
realidade que temos diante dos nossos olhos, ninguém conseguiria dizer o
contrário.
Que devemos fazer então? A solução do problema não é absolutamente difícil; pelo
contrário, é muito fácil. Como sempre tenho explicado, basta despertar as pessoas
da educação materialista que receberam para a educação espiritualista. Em termos
mais claros, destruir o pensamento errôneo de que se deve acreditar somente nas
coisas que possuem forma e desacreditar daquelas que não a possuem. A única
maneira de se conseguir isso é fazer com que seja reconhecida a existência de
Deus através do poder da Religião.
Estendendo-se esse entendimento das classes dirigentes a todas as pessoas,
corrigir-se-á o conceito errado de que se pode cometer crimes, contanto que eles
não cheguem ao conhecimento de terceiros. Assim, não haverá mais criminosos e,
conseqüentemente, formar-se-á um mundo onde impere o bem e a alegria. Parece,
no entanto, que ninguém entende um princípio tão simples e claro como este, visto
que só se procura controlar o mal por meio de fortes redes e prisões chamadas
leis. Isso é tratar os homens como se fossem animais, não sendo à toa que o
método não surte resultados positivos.
Ora, se não se consegue manter a disciplina da sociedade nem mesmo com as
malhas da lei, torna-se necessário descobrir onde está a causa do problema. Mas
ninguém a percebe. A sociedade continua sendo uma coletividade constituída de
seres que são meio-homens e meio-animais. Por esse motivo, está demasiado
claro que já não é possível eliminar o caráter animalesco do homem através da
educação materialista. O ensino ministrado até hoje, como se pode ver pelos seus
resultados, não passa de uma técnica para encobrir esse caráter. Dessa maneira,
não podemos sequer imaginar quando se edificará uma sociedade
verdadeiramente civilizada. Portanto, para solucionar o problema, é fundamental
eliminar as características animalescas da alma do homem. Não há método mais
eficiente. (...)
Alicerce do Paraíso, “A época semicivilizada e semi-selvagem” – (14/04/54)
Outra coisa perigosa é acreditar piamente nas opiniões das pessoas. Portanto, ao
ouvir diversos pareceres, mesmo que os achem corretos, devem, primeiramente,
analisar se eles estão de acordo com a Vontade de Deus. No caso de encontrarem
alguns pontos que pareçam em desacordo com o Objetivo Divino, consultem o livro
de Ensinamentos. Em alguma parte deles, poderão encontrar a maioria das
respostas. A partir daí, devem tomar uma decisão. Muitos erros são cometidos por
não se agir dessa maneira.
Coletânea de Ensinamentos vol. 11 – (07/06/52)
FÉ
“Iluminado pela Luz de Deus, o homem pode viver sem dificuldades mesmo
num mundo de eternas trevas.”
(Nidai-Sama)
(...) No Plano Superior, a divindade mais alta e mais sagrada é Deus. Toda
organização religiosa tem uma divindade padroeira e também um fundador.
Exemplifiquemos com o xintoísmo: na seita “Taisha-Kyo”, o padroeiro é
Ookuninushi no Mikoto; na seita “Ontake-Kyo”, é Kunitokotati no Mikoto; na seita
“Tenri-Kyo”, é Tohashira no Kami. O budismo também serve como exemplo: na
seita “Shinshu”, o padroeiro é Amida Nyorai; na seita “Zen-Shu”, é Daruma Daishi;
na seita “Tendai”, é Kanzeon Bossatsu; etc. Os fundadores de seitas, como Kobo,
Shinran, Nitiren, Hônen e outros, situam-se na classe de líderes de cada
comunidade. Assim, ao entrarem no Mundo Espiritual, os espíritos das pessoas
que tinham religião durante a vida terrena ligam-se à organização a que elas
pertenciam, e não se pode calcular o quanto são mais felizes que os espíritos dos
descrentes. Estes, não tendo uma organização à qual filiar-se, ficam perdidos,
extremamente confusos, vagando pelo Mundo Espiritual.
Desde épocas remotas fala-se sobre “espíritos errantes”, porque tais espíritos ficam
perambulando pelo Plano Intermediário. Uma vez passando para o Mundo
Espiritual, aqueles que não reconhecem a sua existência e não crêem na vida após
a morte, não podem se fixar em nenhum lugar, ficando privados de inteligência e
juízo durante certo tempo. Como exemplo, citarei um caso ocorrido há alguns anos.
Numa reunião de pessoas que pesquisavam fenômenos espirituais, o espírito de
um homem muito famoso manifestou-se, através de um médium. Chamaram,
então, a esposa do falecido, a qual, pela maneira como o espírito falava e agia,
confirmou que realmente se tratava do marido. Fizeram-lhe muitas perguntas, mas
as respostas não eram corretas nem lúcidas, apesar do seu nível de cultura no
Mundo Material. Isso acontecia porque aqui neste mundo ele não acreditava na
existência do Mundo Espiritual. Vemos, pois, que é necessário o homem crer na
existência do Mundo Espiritual e, assim, preparar-se para a vida após a morte. (...)
Alicerce do Paraíso, “Constituição do Mundo Espiritual” – (05/02/47)
(Nidai-Sama)
(Nidai-Sama)
“MAKOTO”
“Ainda que sejamos inábeis ao falar, se as nossas palavras forem ditas com
makoto, terão o poder de mover as pessoas.”
Para sabermos se uma pessoa age com makoto ou não, temos um meio muito
simples: ver se ela respeita seus compromissos. Deixar de cumprir os
compromissos, parece – à primeira vista e em certos casos – coisa de pouca
importância. Na verdade, significa enganar, e isso constitui uma espécie de
pecado. Portanto, é assunto que merece a máxima atenção.
Um dos compromissos mais sujeitos a ser desrespeitado é o que se refere ao
horário.
Pensemos no que ocorre quando somos impontuais. A pessoa que nos espera
sujeita-se a todo tipo de aborrecimento e preocupações. Há um ditado que afirma:
“É melhor ser esperado do que esperar”, mas pense de modo contrário. Devemos
considerar o estado de ânimo daquele que nos aguarda. Quem não o leva em
conta, não tem makoto, e isso anula qualquer outra qualidade.
Como instrumentos de Deus, os messiânicos devem cumprir rigorosamente seus
compromissos e respeitar pontualmente os horários. Não serão aprovados na Fé os
que assim não procederem. Gravem isto na mente e jamais se esqueçam desta
advertência.
Alicerce do Paraíso, “Sinceridade” – (28/01/50)
“Makoto é o que mais desejo para este país.”
“Nada é tão precioso quanto o makoto, o qual tem o poder de penetrar até
mesmo numa grande rocha de ferro.”
Talvez não exista nenhuma palavra que soe tão agradavelmente quanto “simpatia”.
Pensando bem, a simpatia é muito mais importante do que imaginamos, pois tem
muita ralação não só com o destino do indivíduo, mas também com a sociedade.
Se alguém se tornasse simpático graças ao relacionamento com uma pessoa
simpática e isso fosse se propagando continuamente, é óbvio que a sociedade se
tornaria bastante agradável. Por conseguinte, diminuiriam os problemas,
principalmente o conflito e o crime; espiritualmente, criar-se-ia o Paraíso. Não
existe meio melhor do que esse, pois não requer dinheiro, não é trabalhoso e pode
ser posto em prática imediatamente.
Falando, parece muito simples, mas todos sabem que, na realidade, não é tão fácil
assim, pois não basta que a simpatia seja apenas aparente. A verdadeira simpatia
aflora do interior; é indispensável, portanto, que a pessoa tenha makoto, o que
depende de cada um. Em suma, a base da simpatia é o espírito de Amor ao
Próximo.
Vou contar um pouco de minha experiência a esse respeito.
É engraçado eu mesmo falar destas coisas, mas desde pequeno, onde quer que eu
fosse, quase nunca era malquisto ou antipatizado. Pelo contrário, era respeitado e
amado na maioria das vezes. Então, pensando bem, concluí que tenho uma
característica que me parece ser o motivo disso: sempre deixo meus próprios
interesses e minha própria satisfação em segundo plano; procuro fazer, em
primeiro lugar, aquilo que satisfaz aos outros, aquilo que os deixa felizes. Ajo assim
não por razões morais ou religiosas, mas naturalmente. Talvez seja da minha
própria natureza. Em outras palavras, é até uma espécie de “hobby” para mim. Por
essa razão, muitos dizem que tenho uma natureza privilegiada, e é possível que
tenha mesmo.
Depois que me tornei religioso, esse sentimento aumentou ainda mais. Quando
vejo uma pessoa sofrendo por doença, não consigo ficar tranqüilo; tenho vontade
de curá-la a qualquer custo. Então, ministro-lhe Johrei, e ela fica curada e feliz. Ao
ver sua alegria, esta se reflete em mim e eu me sinto feliz também. Por esse
motivo, criei inúmeros problemas no passado e sofri muito. Mesmo quando achava
que nada poderia fazer por uma pessoa e que deveria parar de dar-lhe assistência,
a pedido insistente e até súplicas da própria pessoa e de sua família, eu cedia e
continuava indo visitá-la, ainda que fosse longe. Gastava tempo e dinheiro, e, no
final, o resultado era ruim, desapontando os familiares do doente. Muitas vezes,
cheguei até a ser odiado. Toda vez que isso acontecia, eu me censurava, achando
que deveria tornar-me mais frio.
Como essa minha característica também foi de muita ajuda para a construção do
protótipo do Paraíso Terrestre e do Museu de Belas-Artes, creio que ela me tenha
sido atribuída por Deus. Quando vejo uma magnífica obra de arte ou uma paisagem
maravilhosa, não sinto vontade de apreciá-la sozinho e até fico melindrado; nasce
em mim o desejo de mostrá-las a um grande número de pessoas, para alegrá-las.
Dessa forma, minha maior satisfação é alegrar o próximo, o que me faz ficar alegre
também.
Alicerce do Paraíso, “Pessoa simpática” – (21/04/54)
“Os problemas de um país não são solucionados porque falta makoto àqueles
que o administram.”
Apesar de haver uma estreita relação entre Religião e Política, é estranho que isso
não tenha despertado muito interesse. Na realidade, até o término da Segunda
Guerra Mundial, a Política, longe de apreciar a participação da Religião, vivia
oprimindo-a. Desde a antigüidade este fenômeno se fez notar em vários lugares,
registrando-se não poucos casos da quase extinção de religiões devido à violência
das perseguições. No entanto, por mais que a Religião tente realizar o seu objetivo,
que é a construção de um Mundo Ideal, para incrementar a felicidade do homem,
torna-se evidente que ela jamais atingirá essa meta se a Política não for justa.
Sendo assim, uma Política escrupulosa requer políticos íntegros e, para
preencherem essa condição, os políticos devem ser dotados de religiosidade.
No Japão – desconheço a situação no estrangeiro – um erro no qual os políticos
têm inclinação para incorrer é a corrupção. Pode-se dizer que isso acontece porque
eles são escravos do materialismo, cuja origem está na falta de religiosidade. É
desejável o aparecimento de políticos dotados de espírito religioso, pois só assim
poderemos alimentar esperanças quanto ao futuro, aguardando o bom desenrolar
dos destinos da Nação. No que se refere à construção de um novo Japão, é
necessário, sobretudo, incutir espírito religioso nos políticos, para que seja
realizada uma Política arraigada no senso religioso.
Atualmente o povo vive criticando, e com razão, a degeneração da Política, as
fraudes eleitorais, a prevaricação dos funcionários públicos, a degradação dos
educadores, etc. Os próprios políticos, os órgãos competentes e o povo
empenham-se com unhas e dentes na solução purificadora dos problemas dessa
lamacenta sociedade. Infelizmente, na prevenção do crime, conta-se apenas com a
força da Lei, mas esta não atinge o âmago da questão, pois a causa dos crimes
está no interior do homem, ou seja, na sua alma. Purificar a alma é o método
verdadeiramente eficaz. Estou convicto de que isso só poderá ser conseguido
através de uma Fé verdadeira.
Alicerce do Paraíso, “Religião e política” – (25/01/49)
Acredito que jamais houve uma época em que a sociedade estivesse tão
deteriorada como hoje. A melhor prova disso evidencia-se no rápido aumento de
crimes, na superlotação de presídios, na grande quantidade de processos por
solucionar, no reduzido número de casos solúveis, etc.
A realidade acima é apenas uma manifestação superficial, ou seja, a ponta de um
“iceberg”. A seguir, vou apresentar a minha experiência.
Naturalmente, faço entrevistas com numerosos fiéis e contacto com pessoas de
vários níveis sociais. Evito o máximo encontrar-me com pessoas que não são
membros da Igreja, mas há ocasiões em que isso é inevitável. Dessa maneira,
passo a conversar com essas pessoas e a ter contacto com suas ações, mas
dificilmente encontro criaturas nas quais posso realmente confiar. Algumas
parecem pessoas de caráter; a maioria, porém, efetivamente não é gente
interessante. Sem qualquer temor, logo começam a proferir mentiras que podem
ser desmascaradas na hora; mesmo durante a entrevista mentem. Como consigo
perceber isso, minha tristeza ao ouvi-las é ilimitada. Seu único intento é enganar-
me, para obter dinheiro e bens materiais. Ultimamente estou fazendo tudo para não
me encontrar com esse tipo de gente.
Parece que essas pessoas pensam que eu sou filhinho de papai. Menosprezam-me
logo de saída. Como eu consigo fugir habilmente, elas ficam assustadas. De fato é
muito engraçado. Muitas vezes, elas ficam arrependidas, por ser uma situação
totalmente imprevista; realmente são imbecis. Tenho vontade de dizer-lhes: “Como
poderei salvar a humanidade sendo enganado por texugos como vocês?” Pensem
bem, se eu fosse muito indulgente, não poderia ser respeitado por várias dezenas
de milhares de pessoas e não haveria razão para conseguir tão grande expansão
em curto espaço de tempo, não é verdade? As pessoas não conseguem ver essa
realidade; só posso considerá-las cegos de olhos abertos.
“Ainda que sejamos muito eloqüentes, se as nossas palavras não forem ditas
com makoto, não produzirão nenhum efeito.”
Na Bíblia está escrito: “No princípio era o Verbo. Todas as coisas foram feitas por
ele”. Isso se refere à ação do espírito da palavra. Começarei explicando o
significado fundamental dessa expressão.
A palavra, naturalmente, é constituída e emitida pela ação da voz, da língua, dos
lábios e do maxilar inferior, mas a origem dessa emissão, não resta dúvida, é o
pensamento, que se manifesta em forma de palavras. O pensamento é a
manifestação da vontade. Suponhamos que surja no homem alguma vontade. Para
manifestá-la através de palavras, o pensamento entra em ação. Naturalmente, na
ação do pensamento ocorre o discernimento do correto e do incorreto, do bem e do
mal, do sucesso e do insucesso, etc. O conjunto disso é a inteligência, e sua
manifestação é o espírito da palavra; a materialização do espírito da palavra é a
ação. Baseados nesse princípio, não estaremos equivocados se dissermos que
existem três níveis: pensamento, espírito da palavra e ação. Assim, o pensamento
está ligado ao Mundo Espiritual; o espírito da palavra, ao Mundo do Espírito da
Palavra; a ação, ao Mundo Material. Isto é, o espírito da palavra fica entre o oculto
e o manifesto. Pode-se dizer que ele é mediador entre o pensamento e a ação.
Através disso, poderão compreender quão importante é o seu papel.
O espírito da palavra é semelhante a uma marionete: a manifestação da alma ou do
espírito fica à sua mercê. Irritar as pessoas ou fazê-las rir, preocupá-las ou
tranqüilizá-las, entristecê-las ou alegrá-las, provocar conflitos ou paz, obter sucesso
ou insucesso, tudo depende do espírito da palavra. Usá-lo de forma leviana é muito
perigoso.
Por outro lado, apenas manejar habilmente o espírito da palavra, não passaria de
uma simples técnica. A pessoa se assemelharia a um humorista, comediante ou
comentarista. Se na base do espírito da palavra não houver força para a
manifestação de um grande poder, não há qualquer sentido. Mas, tratando-se de
força, existe a benigna e a maligna. Ou seja, o espírito das palavras malignas
constitui pecado, e o espírito das palavras benignas constitui virtude. Assim, o
homem deve se esforçar para usar o espírito das palavras benignas. Nestas,
evidentemente, o fundamental é o “makoto”, que se origina de Deus. Portanto, não
há outro recurso senão reconhecer a existência de Deus. Se a pessoa não for
religiosa, não conseguirá manifestar o verdadeiro makoto, e por isso não se
manifestará a força benigna no espírito da palavra.
“A respeito do espírito da palavra” – (1950)
O amor à pátria parece ser comum a todos os povos. Talvez não exista um só país
que não o adote como regra de ouro e máxima do civismo. No Japão também, até
o fim da guerra, um forte sentimento de amor à pátria tomava conta de toda a
população. Uma das causas, naturalmente, era o regime imperialista, em que o
Imperador era o símbolo do povo, adorado como encarnação de Deus. O fato está
nitidamente gravado em nossa memória.
É óbvio que o respeito e a crença na eternidade da família imperial criaram esse
sentimento no povo e que certo grupo de ambiciosos e de governantes exerceu
enorme influência sobre o ensino e a propaganda, fazendo com que tudo saísse a
seu favor. Como resultado, construiu-se uma nação singular, como jamais se viu
outra igual. Considerando-se um país Divino, o Japão acabou caindo na auto-
satisfação, fez-se de “filhinho mimado”, sem ao menos ser tão rico assim.
Habilmente, os escolásticos insuflaram esse complexo de superioridade em termos
lógicos e históricos, o que foi desastroso. Assim, o sentimento de lealdade e
patriotismo assolou o país inteiro, e o povo acabou por achar muito normal fazer
qualquer coisa em prol da nação e do Imperador, até mesmo sacrificar a própria
vida. Isto era considerado o mais elevado ato moral.
Com a perda da guerra, o orgulho dos japoneses voou longe e, ao contrário, até
nasceu neles um sentimento de inferioridade. Nessa ocasião, houve uma
declaração do Imperador que deixou o povo perplexo: “Eu não sou Deus, sou um
homem”. Surgiu, então, a nova Constituição, que dizia estar o poder político nas
mãos do povo. Dessa forma, o Japão se tornou uma nação democrática. Foi
realmente um acontecimento inédito desde o começo de sua existência histórica.
Além disso, a mudança de posição do Imperador, que antes se colocava na
posição de Deus, determinou que, à exceção dos intelectuais, o futuro da grande
massa popular, já sem razão de existência, ficasse totalmente obscuro. E todos
sabem que o povo acabou por perder o rumo, situação que continua até os dias de
hoje.
A propósito, houve um fato muito engraçado. Logo após o término da guerra, todas
as pessoas que se encontravam comigo diziam, com expressão desapontada: “O
“vento Divino” acabou não soprando, não é?” Então eu respondia: “Não digam
tolices. O “vento Divino” soprou, mas vocês o estavam interpretando erradamente.
Em verdade, a Vontade de Deus é ajudar o Bem e castigar o Mal. Já que o Japão é
que estava errado, é natural que tenha perdido a guerra. Portanto, ao invés de nos
lamentarmos, deveríamos agradecer e até comemorar. Como não podemos fazer
isso, temos de ficar quietos, mas virá o dia em que todos compreenderão a
verdade”. Ouvindo essas palavras, as pessoas diziam: “Entendi perfeitamente”, e
voltavam alegres para suas casas.
Através desse fato, podemos ver que os japoneses deixavam em segundo plano o
que é bom e o que é mau, quando se tratava de assuntos relativos à Nação.
Pensando apenas no seu próprio bem, chegaram até a criar e propagar o “slogan”
“Hakko iti u” (o mundo sob a égide do Japão) e a julgar que, se o seu país
estivesse bem, pouco importavam os outros países. Isso foi considerado lealdade e
patriotismo, e assim os japoneses vieram avançando como cavalos refreados a
cabresto. Desde essa época, portanto, estava sendo plantada a semente terrível da
catástrofe.
Quando pensamos em tudo isso, compreendemos que o amor à pátria deve estar
de acordo com a época. Além do mais, se não for com base no conceito do Bem e
do Mal, do certo e do errado, é impossível formar um plano a longo prazo, em
termos nacionais. Sendo assim, vou mostrar o sentimento de amor à pátria que
está de acordo com a era vindoura.
Em termos mais claros, o fundamental é tornar “Daijo” o pensamento do Japão, que
até então era “Shojo”. Sintetizando: criar o amor internacional, o amor humanitário,
isto é, amar o mundo por amar o Japão. Atualmente, tudo está se tornando
universal e internacional, e as aspirações independentes e transcendentais já se
tornaram sonho do passado. Conseqüentemente, em termos concretos, o amor à
pátria, daqui para frente, deve consistir, antes de mais nada, em tornar segura a
vida de nossos irmãos – noventa milhões de pessoas – e fazer do Japão uma
nação justa, baseada na moral, merecedora do respeito do mundo inteiro. A
propósito, existe o problema do rearmamento, que está em ativa discussão. As
teses favoráveis e contrárias acham-se em confronto há algum tempo e não se
obtém nenhuma solução. Entretanto, acho que não é um problema tão difícil assim.
Encarando-o como um problema real, logo compreenderemos a solução adequada,
ou seja, abandonar o rearmamento se houver garantia de que não há
absolutamente nenhum país que possa invadir o Japão; caso contrário, fazer uma
defesa de acordo com a capacidade do país.
Alicerce do Paraíso, “Novo conceito de amor à Pátria” – (03/12/52)
“Seja qual for o sofrimento que a pessoa enfrente, se ela caminhar baseada
apenas no makoto, jamais vacilará.”
AMOR AO PRÓXIMO
Certa ocasião, uma senhora me disse: “Tenho a impressão de que, ao morrer, irei
para o Inferno, mas quero ir para o Paraíso.”
Respondi-lhe: “Não me importa cair no Inferno. Desde que, antes, eu consiga levar
todas as pessoas do mundo para o Paraíso. Se, mesmo assim, eu for para o
Inferno, não tem importância. Penso o contrário da senhora”.
Aí, ela falou: “O senhor pensa assim, porque é homem. Mulher é diferente.”
Há uma diferença radical entre não querer ir para o Inferno, mas para o Paraíso, e
querer que as pessoas subam ao Paraíso, ainda que se desça ao Inferno. Na
verdade, quem pensa em conduzir as pessoas ao Paraíso, também irá para lá.
Quem deseja ir para o Paraíso, acredito que não irá para o Inferno, mas ficará no
nível inferior do Mundo Superior ou no Mundo Intermediário.
Coletânea de Ensinamentos vol. 23 – (27/06/53)
Eu, também, tenho vários sofrimentos. Acho isso muito natural, porque meu
trabalho é desbravar o mundo das trevas, em que Satanás e Daiba estão agindo à
solta. É como se eu estivesse rodeado por uma cerca de lanças representadas pela
inveja, pela perseguição, pelos mal-entendidos, pela má fama, etc. Como preciso
romper esta cerca e pouco a pouco vou expandindo o Paraíso neste mundo
infernal, as dificuldades que encontro estão além da imaginação. Mas estou seguro
de que meus sofrimentos não são maiores, como poderia parecer a quem está de
fora, porque tenho a grandiosa proteção de Deus. Eu próprio me considero a
pessoa mais feliz deste mundo e julgo-me dono de um destino muito misterioso,
motivo pelo qual sempre vivo agradecido.
Tenho, porém, sofrimentos que as pessoas desconhecem. Passarei a escrever
sobre o maior deles. É justamente o que se refere à medicina moderna, cujos erros
durante muito tempo vim apontando através da palavra escrita e oral. Entretanto,
para dizer a verdade, até agora não pude colocar a questão a nu. Sempre procurei
ter o cuidado de abrandar ao máximo as minhas palavras, a fim de evitar choques,
pois receava que, se expusesse toda a verdade, o resultado fosse desastroso.
Além disso, mesmo que eu quisesse falar abertamente, havia uma terminante
proibição de Deus nesse sentido, obrigando-me a esperar até o momento certo.
Deus me fez profundas revelações sobre a saúde e a doença do homem. Não
fosse assim, eu não poderia afirmar algo de tamanha grandeza: a construção de
um mundo sem doenças. Se falo claramente, é porque tenho absoluta convicção
do que estou dizendo.
Por essas razões, a solução do problema da doença constitui a base fundamental
para eliminar o sofrimento e a angústia da humanidade. Entretanto, analisando a
situação em que esta se encontra, devo dizer que é demasiado trágica. E eu, que
vejo tal situação, sofro de maneira quase insuportável, porque Deus ainda não me
permitiu divulgar a verdadeira solução do problema. É como se me encontrasse
prensado entre duas tábuas. Não consigo, portanto, disfarçar o meu estado de
espírito, a minha ânsia de que chegue o mais breve possível o tempo de divulgar a
Verdade.
Jornal Kyussei nº 65, “Um sofrimento” – (03/06/50)
“Se você deseja corresponder à Vontade de Deus, torne-se uma pessoa que
deseja a felicidade do próximo.”
É preciso ter pleno conhecimento de que existem dois tipos de amor: o amor Shojo
(restrito) e o amor Daijo (amplo). O exemplo mais extremo de amor Shojo é o amor
próprio; em seguida, por ordem, o amor entre os familiares, os amigos, a
comunidade, as classes, o amor pela pátria e o amor pelo povo. Todos esses tipos
de amor são amor Shojo. Por mais ardentes que sejam, acabam constituindo um
mal, pois dão origem a conflitos. Então o que é o amor Daijo? É o amor à
humanidade, o amor ao mundo, o amor de Deus. De acordo com esse princípio, o
amor Shojo é um amor limitado; conseqüentemente, por mais que se preguem
esplêndidas teorias, ele representa um perigo. A causa das guerras está nesse
amor. Para erradicar totalmente a guerra, torna-se necessário que o amor ao
mundo se espalhe por toda a humanidade, tornando-se um ideal comum. Não
existe outro meio além desse para eliminar completamente a guerra.
Com base no argumento acima, é preciso saber que o princípio de todos os
conflitos está no amor Shojo. E uma coisa incompreensível é que mesmo as
religiões que pregam o amor, infalivelmente possuem conflitos internos. Hoje em
dia não existem conflitos religiosos tão grandes assim, mas as Cruzadas da antiga
Europa, entre outros movimentos, fizeram guerras religiosas. Mesmo no Japão,
existiam, antigamente, os chamados monges soldados. Os bonzos pegavam nas
armas e guerreavam, e isso também está claro na História.
Sendo assim, a religião que está em conflito perde rapidamente sua qualificação
como entidade religiosa. Nesse sentido, caso se trate de uma religião verdadeira,
ela deve pregar o amor ao mundo e, ao mesmo tempo, transformá-lo em prática;
esse é o procedimento de uma religião Daijo. A nossa Igreja Messiânica Mundial
tem como base o amor Daijo e promove a salvação da humanidade, por isso
recebe o nome de Mundial.
Jornal Eiko nº 166, “Amor Daijo” – (23/07/52)
(Nidai-Sama)
(...)Se alguém diz a si mesmo, após filiar-se à Igreja: “Agora eu compreendo como
é maravilhoso poder participar da Obra Divina. Há tantas pessoas sofrendo
infernalmente com tantos problemas! Preciso ajudar tantas quantas for possível”,
naturalmente, o Johrei dessa pessoa torna-se poderoso e dá bons resultados. Se a
pessoa diz: “É bom eu receber tantas graças nesta Religião e estar protegido. Isso
é o que eu queria”, o Johrei ministrado por ela não será forte e, conseqüentemente,
não será tão atuante.
Outro ponto referente ao Johrei é que uma pessoa de vontade firme, de caráter
obstinado, pode ministrar um Johrei muito eficaz. Obviamente, esta é uma condição
inerente à pessoa. O principal fator, no entanto, é o makoto do fiel. Quem sente
necessidade de ajudar uma pessoa que está sofrendo, porque não pode vê-la
sofrer sozinha, ministrará um Johrei mais eficaz. Se alguém ministra Johrei por
motivos egoístas, como: “Se eu puder ajudá-lo, quem sabe ele me recompensará”,
“Poderei melhorar de posição” ou “Terei mais influência”, certamente seu Johrei
não será tão atuante, embora apresente resultados. Além do mais, o Johrei atua na
exata proporção do sentimento do messiânico que está servindo como canal. A
pessoa cujo sentimento está em harmonia com a Vontade de Deus recebe d'Ele
maiores bênçãos, e a Luz que transmite é mais intensa. A Luz Divina que alcança
cada fiel através do elo espiritual é sempre a mesma; todavia, canalizada através
do corpo humano, ela manifesta uma diferença de força, de acordo com o
sentimento de cada indivíduo. Poderemos entender melhor se atentarmos para o
fato de que a água limpa, ao correr por um local poluído, fica suja, mas se passar
por um lugar limpo, não tem por que se sujar. (...)
Registro das Palavras de Luz vol. 13 (23/07/49)
De acordo com o senso comum, não há dúvidas de que servir em prol do bem-estar
social e fazer feliz o próximo são boas ações. Por conseguinte, deveria ser próprio
da natureza humana apoiá-las e ter vontade de Servir; entretanto, por incrível que
pareça, freqüentemente vejo pessoas agirem friamente com referência a essa
questão. Parece que não se interessam por aquilo que não lhes diz respeito, nem
pelo bem da sociedade. Para elas, estas coisas só as fazem perder tempo; em
tudo, o que importa mesmo são elas próprias; se tiverem lucros, está ótimo. Acham
que agir assim é que é ser inteligente, pois, de outro modo, é impossível ganhar
dinheiro ou subir na vida. De fato, o mundo é engraçado, porque pessoas desse
tipo é que são tidas como espertas.
Criaturas assim pensam de forma calculada e materialista quando deparam com
qualquer sofrimento. No caso de ficarem doentes, por exemplo, basta-lhes
consultar um médico; em assuntos complicados, basta-lhes pedir ajuda à Lei; a
quem não lhes obedece, bastam carões ou castigos. Dessa forma, simplesmente
acomodam os problemas. Como acham que, se estiverem bem, não importa como
estejam os outros, procuram comodidade apenas para si. Ora, por não pensarem
também no próximo, não são merecedoras de estima nem de consideração. Os que
se juntam à sua volta são interesseiros, e por isso, quando a situação começa a
piorar, todos se afastam. É natural que, justamente para tais pessoas, problemas e
sofrimentos sejam uma constante. Quando tudo principia a correr mal e fracassar,
elas se afobam, tentando recuperar-se com suas próprias forças; forçam a situação
que já estava forçada e, assim, acabam num estado calamitoso, nunca mais
voltando ao que eram antes.
Exemplos como esses são muito freqüentes na sociedade. Obviamente, tais
pessoas não querem nem ouvir falar em Fé. Acham que Deus não existe, que tudo
não passa de superstição, ou que Deus existe dentro de cada um. Além de se
jactarem de também serem deuses, dizem que gastar tempo e dinheiro com
semelhantes coisas é a maior tolice que existe. Acham que a Fé não passa de
consolo mental para covardes ou passatempo de quem não tem nada a fazer.
Consideramos tais pessoas insensíveis em relação à Fé.
Alicerce do Paraíso, “Insensibilidade em relação à Fé” – (08/04/50)
“É dever de todo ser humano trabalhar pela felicidade e pela paz neste
mundo.”
(Nidai-Sama)
Publicamos, outro dia, nesta mesma coluna, um artigo sobre a lógica na Fé, e eu
acredito que o tenham compreendido. Recentemente, porém, como um dirigente de
Igreja fez uma nova pergunta relacionada ao assunto, volto a escrever sobre esse
tema.
O caso refere-se a uma senhora que ingressou na Fé há dois anos. Ela se tornou
messiânica por causa do problema do marido, que estava com infiltração pulmonar.
Em fevereiro deste ano, seu filho de dois anos de idade contraiu pneumonia. Vindo
pedir orientação ao dirigente de um Templo-filial, este lhe disse que curaria o
menino, no qual passou a ministrar Johrei com fervor. Mas não houve melhora, e a
criança chegou a correr risco de vida. Assim, dias atrás, ele me telefonou, fazendo
pedido de graça. Depois disso, a criança melhorou bastante, mas a mãe, ainda
preocupada, recorreu ao dirigente da Igreja, querendo saber como agir; então, ele
veio me procurar, trazendo consigo a mãe e a criança.
Minha orientação foi a seguinte:
Uma doença simples como a pneumonia não deveria durar tanto tempo assim.
Infalivelmente, devia existir algum ponto errado. Foram duas as causas. Uma delas
constituía um grande erro, mas, como se trata de algo particular, vamos deixar em
sigilo. A outra era ainda mais importante. Desejando que o dirigente da Igreja
também ouvisse, expliquei-lhes detalhadamente.
Como os pais tinham se tornado membros há um ou dois anos, deveriam ter
ministrado Johrei no filho, acometido de uma simples pneumonia; assim, ele
poderia ter-se restabelecido satisfatoriamente. No entanto, os pais cometeram um
erro. Nem sequer ministraram-lhe Johrei direito, incomodando o dirigente do
Templo-filial, o que está fora da lógica. E o dirigente também, por sua vez, foi
ministrar Johrei no menino de vez em quando; portanto, as duas partes estavam
completamente erradas.
A função do dirigente do Templo-filial é manter contato com as pessoas não-
membros, pois aquelas que já são membros têm permissão de Deus para realizar a
cura de doenças. Assim, quando se trata de doenças entre os familiares, os
próprios membros da família é que devem ministrar Johrei. Recorrer ao dirigente do
Templo-filial significa atrapalhar a sua atividade. Por outro lado, o dirigente deveria
ter orientado os membros nesse sentido; só posso imaginar que ele estivesse
realmente no mundo da Lua, pelo fato de não conseguir perceber isso. Entretanto,
em casos especiais, pedindo permissão a Deus, ele pode ministrar Johrei
moderadamente.
Em suma, naquele caso, nada estava de acordo com a lógica, por isso não se pôde
receber graças. Os diretores, ministros, dirigentes de Igrejas e dos Templos-filiais,
cada qual, discernindo bem sobre o seu nível e a sua responsabilidade, deve tomar
cuidado para não fugir da lógica. Nesse sentido, caso eles se esforcem, dia a dia,
na leitura dos Ensinamentos e mantenham sempre polida a Inteligência da
Percepção Verdadeira, poderão perceber essas coisas em qualquer situação.
Também, não podemos nos esquecer de fazer distinção entre Daijo e Shojo.
Todas as coisas devem estar relacionadas, em primeiro lugar, ao desenvolvimento
da Obra Divina, e em segundo ou terceiro plano, aos assuntos particulares; assim,
tudo correrá favoravelmente. Pensando no interesse geral e com base na lógica,
poderemos receber muitas graças; porém, se perturbarmos a Obra Divina um
pouco que seja, é natural que as coisas não transcorram conforme o nosso desejo.
Salvar toda a humanidade é um trabalho imenso, e além do mais, Deus está com
bastante pressa. Portanto, é preciso que reflitam sobre isso.
Jornal Eiko nº 213, “A respeito da lógica na Fé” – (17/06/53)
“Quem ama a vida e ajuda o próximo, será amado e protegido por Deus onde
quer que esteja.”
EDUCAÇÃO
(...) Quanto à Educação, também está muito distante do verdadeiro caminho. Seu
real objetivo é tornar homens íntegros, isto é, homens que façam da justiça o seu
código de Fé e se esforcem para aumentar o bem-estar social, contribuindo para o
progresso e a elevação da cultura. Na situação atual, porém, até mesmo os que se
formam nas melhores escolas superiores praticam crimes e outras ações que
prejudicam a sociedade. Urge fazer algo para modificar essas condições.
O maior erro da Educação é ser totalmente materialista. Estamos cansados de
dizer que, se ela não evoluir juntamente com o espiritualismo, não lhe será possível
nem mesmo sonhar em atingir seu verdadeiro objetivo. Entretanto, como esse erro
vem de longa data, estamos conscientes de que enfrentaremos muitas dificuldades
se tentarmos eliminá-lo bruscamente.
O ideal espiritualista é fazer reconhecer a existência do espírito, o que significa
fazer reconhecer a existência de Deus. Sem isso, o espiritualismo não teria
fundamento. Naturalmente, a Religião encarregou-se disso até hoje, mas não
obteve resultado visível, porque não havia uma religião com força suficiente para
tanto. Nasceu, então, a nossa Igreja, dotada de força para fazer com que todos
reconheçam o espiritualismo e com que a Religião e a Ciência caminhem lado a
lado. Dessa forma, nascerá um mundo de eterna paz, onde todos poderão viver
uma vida celestial. Se o progresso da cultura, por maior que ele seja, não promove,
paralelamente, o aumento da felicidade, a culpa cabe ao próprio homem, que ficou
preso apenas à cultura material. A humanidade precisa perceber isso o quanto
antes.
No que concerne à Política, a situação também é calamitosa. Tomarei por base
exclusivamente a política japonesa, que, mesmo sob domínio estrangeiro, é assaz
medíocre. Sendo ela materialista, seu conteúdo torna-se mais medíocre ainda.
Podemos afirmar que não existem muitos políticos de visão ampla e que a maioria
se restringe às tarefas do dia-a-dia. Isso acontece porque seus espíritos estão
maculados, de modo que, embora sejam políticos, eles não conseguirão, de
maneira alguma, manter um desempenho desejável se não tiverem por base a Fé.
Como as religiões tradicionais não têm força suficiente para modificá-los, a única
solução é o aparecimento de uma religião nova e poderosa.
Alicerce do Paraíso, “Religião, Educação e Política” – (27/08/49)
(...) Eis a missão da Religião. Mas é estranho que, quanto mais elevada é a
educação que se recebe, mais se despreza a Religião. Por quê? Talvez seja esta a
grande falha da civilização. A causa está no caráter animalesco existente no interior
dos homens, o qual recusa a Religião. Ou seja, é porque o Mal não gosta do Bem.
Daí podermos dizer que a Educação da atualidade forma as “inteligências” do Mal.
Entretanto, chegou a hora em que tal coisa não mais será permitida, porque surgiu
a Igreja Messiânica Mundial, que prova a existência de Deus e consegue fazer com
que as pessoas O alcancem. Talvez achem impossível algo tão maravilhoso, mas,
na realidade, pode-se conseguir isso sem nenhuma dificuldade. Pelo simples
contato com a nossa Igreja, a pessoa obtém a certeza da existência de Deus,
através do milagre. A melhor prova do que dizemos são as inúmeras bênçãos
maravilhosas manifestadas por ela. Creio que isso representa a manifestação da
Grandiosa Providência de Deus, que finalmente corrigirá essa civilização falha,
semicivilizada e semi-selvagem, fazendo com que espírito e matéria caminhem lado
a lado, para a construção do verdadeiro mundo civilizado.
Alicerce do Paraíso, “A época semicivilizada e semi-selvagem” – (14/04/54)
“Este mundo está tão consolidado na instrução materialista, que não percebe
a eternidade da vida.”
(Nidai-Sama)
Falarei a respeito dos males sociais, que, atualmente, constituem o maior problema
do Japão. Antes, porém, é necessário analisarmos o método que os intelectuais e
os governantes empregam para evitá-los.
Os males sociais estão sendo controlados de forma cada vez mais rigorosa,
através de leis e regulamentos, mas, como essas medidas não atingem o ponto
vital do problema, os homens maus só pensam nos meios de livrar-se delas
habilmente. Se encontram alguma brecha, logo tentam aproveitar-se, de modo que
as autoridades se esforçam por não lhes dar oportunidades, tornando as leis e os
regulamentos cada vez mais rigorosos. É realmente uma competição entre a
inteligência do Bem e a inteligência do Mal.
Geralmente pensamos que os violadores das leis são os criminosos, os
delinqüentes, os chefes de bandos, etc. Na realidade, o problema não envolve
apenas as pessoas das classes inferiores; ele vem de cima, começando por
ministros, políticos, deputados e funcionários públicos, e atingindo até famosos
empresários. Podemos dizer que poucas são as pessoas que não cometem crimes.
Acontece que os criminosos que se mostram abertamente como tal, são apenas
uma parte; costuma-se mesmo dizer que os que foram agarrados pelas malhas da
lei não tiveram sorte, o que prova a existência de muitos crimes submersos, que
não vêm à tona.
Quando analisamos profundamente os criminosos, não temos dúvida em afirmar
que eles não temem o crime. Não sabem que é uma vergonha causar danos à
nação, prejudicar a sociedade ou fazer mal às pessoas. Os criminosos podem
saber criticar os outros, mas não sabem criticar a si próprios. E não é raro
sabermos, atualmente, de funcionários que fazem festas e gastam a rodo,
enquanto o povo está sofrendo sob a pressão dos impostos.
Se o homem não tiver receio de cometer más ações, se não sentir vergonha de
praticar atos impuros nem pena de fazer os outros sofrerem, esse homem já
perdeu o valor como ser humano. Por mais que fale de teorias excelentes e se
orgulhe de ter instrução, somente isso não lhe confere valor como ser humano. Ele
é um objeto, é um homem sem alma. Por haver muitas pessoas desse tipo
atualmente, o mal social é intenso, apresentando-se o mundo em estado infernal.
Resumindo, podemos dizer que no Japão existem doentes em estado gravíssimo.
Qual será o motivo de ocorrências tão aflitivas? Indubitavelmente elas são
conseqüência da educação materialista de que tanto falamos. Por isso, é muito fácil
exterminar totalmente o mal social: basta destruir o pensamento materialista. Mais
nada. Mas de que maneira? Obviamente, através da educação espiritualista, isto é,
do reconhecimento da existência de Deus, do espírito e do Mundo Espiritual. Esta é
a verdadeira e valiosa missão da Religião. Entretanto, é impossível fazer as
pessoas reconhecerem a existência de Deus e do espírito somente por meio de
princípios religiosos, sermões e preces. É necessário manifestar milagres,
conceder benefícios materiais, ou seja, Graças Divinas palpáveis. Não existe
absolutamente outro meio, além desse, para eliminar o pensamento materialista.
Alicerce do Paraíso, “A origem dos males sociais” – (14/05/49)
Talvez estas palavras pareçam demasiado fortes, mas não posso evitá-las, pois
correspondem à pura verdade. Segundo nosso ponto de vista, o materialismo, ou
seja, o ateísmo, pode ser considerado o pensamento mais perigoso que existe.
Vejamos. Se Deus não existisse, eu também ganharia dinheiro enganando o
próximo habilmente, de modo que não fosse descoberto; faria o que bem
entendesse e, além de viver uma vida de luxo, estaria ocupando uma posição de
maior destaque na sociedade. Entretanto, consciente da existência de Deus, de
forma alguma sou capaz de proceder assim. Tenho de percorrer o caminho mais
correto possível e tornar-me um homem que deseja a felicidade das outras
pessoas. Caso contrário, jamais poderia ser feliz e levar uma vida que vale a pena
ser vivida.
O que eu estou dizendo não é mera teoria ou algo parecido. Como podemos ver
através de inúmeros exemplos que a História nos mostra desde os tempos antigos,
por mais que a pessoa prospere por meio do Mal, essa prosperidade não dura
muito, acabando por desmoronar. É um fato que deveria ser percebido facilmente,
mas parece que isso não acontece. A sociedade continua assolada pelos crimes.
Crimes horripilantes, como assaltos, fraudes e assassinatos; casos de corrupção
de pessoas que ocupam posições elevadas, os quais se tornam objeto de
comentários sociais; incontável número de crimes de pequeno e médio porte, etc.
Tudo isso é uma conseqüência do pensamento ateísta; por conseguinte, podemos
dizer que esta é a verdadeira causa dos crimes. Está, pois, mais do que claro que
só há um meio de eliminar os crimes deste mundo: destruir o ateísmo. Atualmente,
porém, os intelectuais, as autoridades e os pedagogos estão confundindo
pensamento teísta com superstição e tentando obter bons resultados com apoio
nos regulamentos da Lei, no ensino, nos sermões, etc. Dessa forma, por mais que
eles se esforcem, é natural que nada consigam. As notícias publicadas diariamente
nos jornais mostram-no claramente.
Assim, para criar uma sociedade limpa e pura, é preciso estimular intensamente o
pensamento teísta. Por infelicidade, o Japão encontra-se em tal situação que,
quanto mais instruída é a classe, maior o número de pessoas ateístas. Além disso,
é comum acreditar-se que esta é uma qualificação dos intelectuais e dos
jornalistas, de modo que, quanto mais a pessoa enfatiza o ateísmo, mais
progressista ela é considerada. Por esse motivo, se não houver uma mudança
radical, no sentido de que os ateístas sejam vistos como ultrapassados, e os
teístas, como vanguarda intelectual da época, a sociedade não se tornará alegre e
feliz.
Alicerce do Paraíso, “O materialismo cria o homem mau” – (07/05/52)
(Nidai-Sama)
Desde os tempos mais remotos é costume dizer: “Se tiveres riqueza consolidada,
terás espírito correto”. Isso significa que, quando o homem deixa de passar por
dificuldades materiais, suas palavras e atitudes também melhoram. Assim, muitos
intelectuais interpretam que a carência material é a causa dos males sociais que
infestam o mundo atualmente. Em parte isto é verdade, mas não é o ponto vital do
problema. Se essa fosse a verdadeira causa dos males sociais, as pessoas
abençoadas materialmente deveriam ser corretas; todavia, a realidade nos mostra
que nem todas o são. Existem muitas pessoas ricas que praticam atos ilícitos e às
vezes perturbam e prejudicam a sociedade muito mais do que os pobres. Através
do poder do dinheiro, apoderam-se de muitas residências e deixam-nas
desabitadas, numa época em que estamos passando por séria crise habitacional;
alvoroçam a moral; tiram a liberdade dos fracos e indefesos, impedindo-os de subir
na vida; corrompem o mundo político; e tantas outras coisas, que chega a ser
impossível enumerá-las.
Por esses fatos, fica evidente que o aumento dos males sociais não é causado
unicamente pela carência material. Conclui-se, daí, que eles provêm da falta de fé,
como sempre costumamos dizer. Esta é a sua verdadeira causa. Enquanto não
solucionarmos essa questão, será impossível pensarmos na erradicação dos males
sociais. A solução básica e incontestável do problema está no aparecimento de
uma religião poderosa.
O maior erro que existe no pensamento dos homens civilizados da atualidade é a
mania de atribuir ou transferir todas as culpas para terceiros. Creio que a influência
do marxismo constitui o centro desse modo de pensar, pois, segundo sua teoria
socialista, a infelicidade do homem é causada unicamente pelo péssimo
mecanismo da organização social. De fato, torna-se necessário melhorar cada vez
mais esse mecanismo, mas é um grande equívoco determinar que esta seja a
causa única da infelicidade do homem. Mesmo que se chegue a uma organização
ideal, se o modo de pensar e agir de cada indivíduo estiver errado, essa
organização não poderá ser administrada com eficiência, e o resultado,
infalivelmente, será a bancarrota. Portanto, a única forma de solucionar o problema
é melhorar a natureza espiritual de cada indivíduo. Ou seja, deve-se considerar que
o homem é o ponto principal, e a organização social, um ponto secundário.
É evidente que esse pensamento errado surgiu das teorias materialistas, que não
reconhecem a natureza espiritual do homem. Tenta-se solucionar todos os
problemas através dessas teorias e nisso está o grande erro. Como resultado, os
homens da época atual julgam que suas próprias palavras e ações são corretas e
procuram atribuir a culpa dos males sociais a terceiros. Na realidade, porém, a
causa de quase todos esses males está no próprio indivíduo. Se os homens
estiverem profundamente conscientizados disso, a humildade e o espírito
filantrópico surgirão por si mesmos, nascendo uma sociedade feliz e pacífica. E
jamais se conseguirá tal coisa por outro caminho que não seja a Fé.
O pensamento de que a culpa dos males sociais está em terceiros princípio da
revolução socialista – baseado no qual se pretende destruir a organização social,
faz com que o povo se rebele, transferindo a culpa à organização, ao invés de
assumi-la. Gostaríamos, portanto, que os homens da atualidade, plenamente
conscientizados do que estamos dizendo, reconsiderassem os erros cometidos até
o presente e começassem tudo de novo.
Alicerce do Paraíso, “O mal social é ou não é causado pelo meio ambiente?” –
(25/05/49)
FUI SALVO
Hoje em dia, a crítica mais freqüente em relação à nossa Igreja é que, tratando-se
de uma entidade religiosa, não deveria empenhar-se na cura de doenças.
Entretanto, se pensarmos bem, concluiremos que não há nada tão sem sentido
como essa observação. Ela provém do pensamento limitado dos críticos, segundo
os quais a Religião deve ocupar-se apenas da salvação do espírito, não lhe
cabendo a salvação da matéria. Para eles, a cura de doenças é uma questão
material, e por isso acham que ela não compete à Religião. Excluem das
atribuições religiosas a salvação material, limitando a essência da Religião à parte
espiritual. Logicamente, de acordo com o conceito dos críticos, a salvação
espiritual, em síntese, consiste na renúncia. Não tendo o Poder da Salvação para
eliminar materialmente o sofrimento e não encontrando outro recurso, as religiões,
pelo menos, tentam diminuí-lo espiritualmente, através da renúncia. Essa é a
maneira como muitas pessoas têm encarado a Religião até agora.
Não obstante, se a Religião excluir a matéria e preocupar-se unicamente com a
salvação do espírito, ela não estará promovendo a verdadeira salvação, pois a
crença na possibilidade da solução dos problemas materiais é que nos permitirá
obter a verdadeira tranqüilidade espiritual. Quando sentimos fome, por exemplo, só
podemos ficar tranqüilos se tivermos certeza de que alguém nos trará comida; se
soubermos que ninguém o fará, é natural que fiquemos desesperados, temendo
morrer de inanição. O mesmo acontece em relação à doença, dificuldades
financeiras e outros problemas. Só pelo reconhecimento de que tudo será
solucionado através da Fé teremos tranqüilidade absoluta. Dessa forma, a salvação
das duas partes – a material e a espiritual – é que nos fará sentir-nos salvos,
alcançando o estado de verdadeira paz e segurança.
A base da salvação material e espiritual – aquela que é a mais perfeita – consiste,
portanto, unicamente, em eliminar a doença, tornando as pessoas sadias. Por
maior que seja a nossa fortuna ou a quantidade e variedade dos mais saborosos
alimentos, provenientes do mar e da terra, em nossas refeições, por maiores
honrarias e por mais elevada posição social que tenhamos, isso de nada adiantará,
se estivermos sofrendo com doenças. A primeira condição para salvação da
humanidade é, antes de mais nada, alcançar a saúde. Por esse motivo, a meta de
nossa religião é formar indivíduos e sociedades saudáveis.
Alicerce do Paraíso, “O que é a verdadeira salvação” – (24/12/49)
Na verdade, a repurificação é algo que não deveria ocorrer. Mas mesmo afirmando
que ela não deveria acontecer, de certa forma é impossível evitá-la. Entretanto,
jamais acontece uma pessoa perder a vida por causa da repurificação.
A repurificação ocorre geralmente com os tuberculosos. Se aqueles que estavam
desenganados pelos médicos e destinados a morrer forem salvos, é um fato
extraordinário. Por isso, mesmo sacrificando tudo, é preciso agradecer em troca da
vida. É preciso dedicar para manifestar gratidão. Mas, como a pessoa negligencia
esse ponto, é claro que Deus lhe vira as costas. Assim, a repurificação acontece
porque as pessoas deixam que ela aconteça.
Atualmente, devido à superstição da Medicina, as pessoas sentem-se muito gratas
pela cura obtida por meio dos tratamentos médicos. Mas sentem pouca gratidão
pela cura obtida através da Fé. Isso porque elas pensam que a doença é algo que
não pode ser curado através da Fé. Há algumas que interpretam da seguinte forma:
“Houve a cura porque chegou o tempo certo” ou “Acho que os inúmeros remédios
que tomei até hoje estão começando a fazer efeito”. No entanto, elas se esquecem
logo da cura obtida pela ação dos médicos. Uma coisa assim, tão fora de lógica
quando se obtém a Graça Divina, Deus jamais perdoa. Até hoje, devido à época,
isso era permitido, porém, daqui para frente, porém, não haverá absolutamente tal
permissão.
Na religião Oomoto existe o seguinte ensinamento: “Quando Deus se torna
rigoroso, o povo se apazigua”. São palavras sábias.
Coletânea de Ensinamentos vol. 22 – (15/05/53)
O ponto vital do problema dessa pessoa é ter esquecido que sua vida foi salva. Ela
já estava condenada a morrer, devido às fortes toxinas medicinais. A pobre coitada
foi vítima da Medicina. Quando se restabeleceu a ponto de poder trabalhar, deveria
ter se integrado, imediatamente, na Causa Divina, por ter recebido de Deus uma
vida nova. Essa vida não lhe pertence; como foi salva por Deus, pertence a Ele.
Todavia, como essa pessoa agiu à revelia, a proteção se desfez. Por isso, é lógico
ter acontecido o que aconteceu. Ela precisa se conscientizar disso. Receber de
Deus uma vida nova significa que é preciso Servir a Ele; portanto, tais pessoas não
estão aptas a realizar trabalhos a não ser para Deus. Existe muita gente nesse
caso.
Quando as pessoas usam a seu bel-prazer a nova vida que receberam de Deus e
que não lhes pertence – usando-a, por exemplo, em prol de alguma firma – não há
razão para serem salvas novamente. Ao contrário, Deus concedeu-lhes vida nova
para ser utilizada na Obra Divina. A pessoa de quem falamos esqueceu-se disso.
Nesse ponto, a responsabilidade também cabe ao orientador. Talvez ele tenha
falado, mas deveria ter explicado melhor, de forma categórica: “Se agir de outra
maneira, sua vida estará condenada”. Nesses casos, convém dizer resolutamente à
pessoa que ela não deve fazer nada a não ser para Deus. Se ela não ouvir,
devemos abandoná-la de vez. É bom a pessoa receber Johrei, mas ela deve pedir
do fundo do seu coração:
“Eu estava errada. Se desta vez eu ficar curada, vou me empenhar na salvação do
meu próximo; por isso, conceda-me a vida só mais esta vez”. Se Deus atender o
pedido, a pessoa se salvará, mas se Ele disser: “Não posso mais atender” – nesse
ponto Deus é rigoroso – “Você deve vir para o Mundo Espiritual e trabalhar nele”,
então não terá mais jeito.
Coletânea de Ensinamentos vol. 6 – (17/01/52)
“Vou curá-lo, por isso faça donativo de gratidão” ou “Se eu sarar, quero que me
permita ingressar na Fé” – dizer isso ainda é tolerável, mas há quem diga: “Se eu
sarar, farei o favor de ingressar na Fé”. Neste caso, não se sabe quem é superior.
Em princípio, o fato de uma pessoa oferecer o agradecimento depois de sarar, é o
mesmo que utilizar Deus como empregado, pagando-lhe um salário: “Fez esse
trabalho, por isso vou lhe pagar”. Com tal procedimento, até mesmo Deus virará as
costas. Esse é um ponto realmente difícil. Também não se pode pedir que a
pessoa faça donativo, se ela não tiver recebido muitas graças.
Havia um missionário de uma religião que, ao ver uma pessoa sofrendo por
doença, dizia que a salvaria se ela doasse uma certa quantia em dinheiro. A
pessoa ofertava a quantia pedida, mas não sarava e acabava morrendo. Na
ocasião, eu disse que aquilo não era obra de Deus, mas do intermediário de Deus,
o qual estava praticando fraude.
O correto é a pessoa, após ter recebido a graça, oferecer o donativo com
verdadeiro sentimento de gratidão, e não como permuta. Entretanto, esquecer as
graças recebidas, inclusive a vida salva, e gastar muito dinheiro em coisas fúteis,
oferecendo pequenas quantias como agradecimento, está fora de lógica. Portanto,
como eu disse outro dia, é preciso estar de acordo com a lógica.
Coletânea de Ensinamentos vol. 22 – (27/05/53)
“O homem que esquece ter recebido de Deus a bênção de uma vida nova,
assemelha-se aos bichos.”
“Maior que a alegria de ter grandes riquezas é a felicidade de poder viver são
e salvo.”
(...) A forma mais fácil de compreender isso é quando ministramos Johrei e não
obtemos resultados satisfatórios. Achando estranho, analisamos o fato e
descobrimos, então, que os cálculos ou a ordem não estavam corretos. Por isso, a
ordem também deve estar de acordo com a lógica. No caso de um doente, se
houver uma pessoa contra e o pensamento dele estiver em desacordo com a Fé, a
recuperação não correrá bem. E nesse ponto existe uma razão. Enquanto o doente
não tiver compreensão, ele pode duvidar; se ele for contra, mas tentar, a título de
experiência, será perdoado por Deus. Isso é lógico. Entretanto, se depois de ter
ouvido suficientemente a respeito da Igreja e ter lido os seus Ensinamentos –
inclusive ter se convertido à Fé – a pessoa ainda age com o pensamento em
desacordo com ela, então, a cura se torna difícil, não correndo como desejamos.
Em relação a isso, há uma lógica. É por esse motivo que, muitas vezes, a pessoa
que duvida, se restabelece rapidamente, e quem crê, custa a melhorar.
Coletânea de Ensinamentos vol. 29 – (05/12/53)
“Meu Deus, cada vez que me ajoelho diante de Vós, lágrimas escorrem de
meus olhos, pela vida nova que me concedestes.”
“Durante longo tempo vim duvidando e vacilando. Mas que alegria! Pela Luz
de Deus, despertei.”
Falando sobre Religião, ouço muitas críticas a respeito dos líderes religiosos.
Dizem que eles deveriam viver com mais sobriedade, comer, beber e morar
pobremente, assim como andar de trem, de ônibus ou até mesmo a pé.
É fato que, antigamente, para fazerem suas pregações, os fundadores de religiões
calçavam sandálias de palha e usavam panos enrolados nas pernas, como se
fossem polainas, a fim de facilitar-lhes as longas caminhadas. Às vezes, retiravam-
se para as montanhas, faziam jejuns, tomavam banhos de cascata,
experimentavam todos os tipos de sofrimentos e sacrifícios; outras vezes, eram
jogados na prisão, ou exilados em ilhas longínquas. Ainda hoje sentimos tristeza ao
pensar nos sofrimentos que eles tiveram que passar. Entretanto, apesar de tantos
sacrifícios, só conseguiram estender suas doutrinas a um território restrito; para
que elas se expandissem mais amplamente, foram necessárias dezenas de
gerações. Comparadas aos dias atuais, as condições precárias a que esses
pregadores tiveram de se sujeitar a vida inteira vão muito além de nossa
imaginação.
A lembrança das práticas religiosas a que nos referimos permanece gravada na
mente das pessoas, e por isso é natural que elas tenham uma visão errada sobre
as religiões novas. As religiões caracterizadas por tais práticas particularizam-se
pela fé “Shojo”, que é anterior ao nascimento de Sakyamuni e tem sua origem no
bramanismo da Índia. Seus ensinamentos valorizam, principalmente, a Iluminação
através da ascese. Segundo dizem, ainda hoje existe, naquele país, um pequeno
número de bramanistas que conseguem fazer milagres graças a um enorme
esforço espiritual. O jejum praticado pelo famoso Mahatma Gandhi talvez fosse
uma decorrência do fato de ele ter professado o bramanismo quando jovem.
Há uma história interessante sobre a origem dos oitenta e quatro mil sutras
budistas divulgados por Sakyamuni.
Naquele tempo, o bramanismo estava em grande expansão na Índia, e acreditava-
se que a Iluminação só podia ser alcançada por meio da ascese, considerada o
verdadeiro caminho da Fé. Vendo a expressão das esculturas e pinturas
representativas de ascetas brâmanes existentes em diversos locais do Japão,
podemos imaginar a situação deles naquela época. Não suportando semelhante
estado de coisas, Sakyamuni, com sua grande misericórdia, descobriu uma forma
para as pessoas obterem a Iluminação sem precisar recorrer às práticas ascéticas:
os sutras budistas. Segundo ele, a simples leitura desses textos seria bastante.
Obviamente o povo se alegrou com isso e passou a considerá-lo o mais respeitável
e benéfico de todos os santos. Foi assim que o budismo se espalhou por toda a
Índia. Podemos mesmo dizer que essa foi a maior realização de Sakyamuni entre
as suas atividades de salvação.
Diante do exposto, é fácil entender quão erradas estão as práticas ascéticas da fé
“Shojo”, que contrariam a vontade e a grande misericórdia de Sakyamuni,
aproximando-se do bramanismo, o qual foi alvo de sua atividade salvadora. Creio
que, do Paraíso, ele estará lamentando essa situação. Assim, podemos, concluir
que a fé “Shojo”, além de errada, é inadequada ao nosso tempo.
Por outro lado, no que se refere à difusão religiosa, observamos que aquilo que
antigamente se levava dez anos para conseguir, hoje pode ser feito apenas em um
dia, graças ao progresso tecnológico da imprensa e dos meios de transporte. O
correto, por conseguinte, é nos adequarmos à época em que vivemos, utilizando-
nos de todos os recursos que a civilização moderna nos oferece. Se a religião se
basear unicamente nos métodos antigos, obviamente não conseguirá atingir seus
verdadeiros objetivos. Isso se evidencia na tendência que as religiões tradicionais
têm de se afastar da época atual. (...)
Alicerce do Paraíso, “Fé Shojo” – (11/03/50)
“Minha vida, que era cinzenta, imperceptivelmente tornou-se clara depois que
fui salvo.”
Desde tempos remotos costuma-se dizer que os milagres são inerentes à Religião,
o que realmente é verdade. Modéstia à parte, nunca houve religião que
evidenciasse tantos milagres como a Igreja Messiânica Mundial. Em poucas
palavras, direi que isso ocorre porque ela é dirigida pelo Supremo Deus.
Pensando que todas as divindades são iguais, as pessoas geralmente tendem a
cultuá-las da mesma forma. Entretanto, precisamos saber que até entre as
divindades existe hierarquia: superior, média e inferior. Em ordem decrescente,
essa hierarquia, iniciando pelo Altíssimo, vai até Ubussunagami, Tengu, Ryujin,
Inari e outros. Gostaria de falar detalhadamente sobre todas essas classes, mas
assim eu estaria desvelando divindades de outras religiões. Portanto, por uma
questão de respeito, não o farei. Desejo apenas mostrar, através de fatos, quão
elevado é o deus que dirige a Igreja Messiânica Mundial.
Nem preciso falar sobre a maravilha que é o Johrei, pois, com o passar do tempo,
na medida que vai se tornando conhecido, ele está constituindo o elemento mais
eficiente para a expansão da nossa Igreja. Aliás, sobre a solução de doenças
através do Johrei, devo esclarecer que, mesmo a pessoa duvidando e recebendo-o
apenas a título de experiência, ou achando impossível obter a cura por meio de
“uma tolice dessas”, a graça será alcançada da mesma forma, e rapidamente, o
que muitos acham um mistério. Até o presente acreditava-se imprescindível a
pessoa ter fé para ficar curada de uma doença. Era corrente este pensamento:
“Acredite; você não pode duvidar.” Assim, é natural que, condicionadas a essa idéia
fixa, as pessoas estranhem o que acabo de dizer. Vou explicar a razão.
Primeiramente, crer na validade de algo sem ter nada que a comprove é enganar a
si próprio, pois ninguém pode acreditar numa coisa antes de ter provas. Assim, é
óbvio que aquele pensamento está errado. Empregar todos os esforços para crer
porque nos foi dito para crer, produz algum efeito, pois isso é melhor do que
duvidar. Tal efeito, porém, não provém de Deus, como muitos pensam, mas da
própria força de cada um. Mas por que motivo um pensamento tão errado vinha
sendo aceito como a coisa mais natural? É que, até agora, ignorando que a
divindade à qual se dirigiam não tinha poder suficiente, as pessoas tentavam suprir
essa deficiência com a força humana. Nesse sentido, em nossa Igreja, as pessoas
melhoram mesmo que duvidem. Isso acontece por conta da grande força de Deus,
não sendo necessário, portanto, acrescentar a força humana. Logo, se uma
divindade não tem poder para curar uma doença, é porque seu nível é inferior.
Muitas vezes, quando as graças não ocorrem do modo desejado, o ministro ou o
orientador dão desculpa de que a pessoa tem pouca fé. Parece-me que eles acham
que a graça é conseguida com o esforço do homem, ao invés de ser concedida por
Deus. Na verdade, Deus é infinitamente piedoso; por isso, mesmo que façamos
apenas um pedido, infalivelmente Ele nos atenderá. Quando o homem emprega
demasiado esforço para alcançar uma graça e ultrapassa os limites, Deus não fica
satisfeito, se é que se trata do Verdadeiro Deus. Principalmente penitências, jejuns
e abstenções são atitudes que estão em desacordo com a Vontade de Deus, pois
Seu grande amor vê com tristeza o sofrimento humano. Pensemos bem. Nós, seres
humanos, somos filhos de Deus. Como nosso pai, não há razão para Ele se alegrar
com o nosso sofrimento. Ainda que a pessoa tenha conseguido receber uma graça
através de penitência, quem a concedeu não foi Deus, mas algum espírito
pertencente à falange dos demônios. Graças desse tipo são efêmeras, não duram
muito tempo. As graças concedidas por Deus são diferentes. À medida que nos
dedicamos à Fé, nossos infortúnios irão diminuindo gradativamente, atingiremos
um estado espiritual de paz e segurança e seremos felizes.
Em síntese: é religião de baixo nível aquela em que a pessoa, embora não creia,
esforça-se para crer, com o objetivo de alcançar graças; é religião de nível superior
aquela em que Deus concede a graça mesmo que a pessoa duvide ou não
acredite.
Alicerce do Paraíso, “Religião é milagre” – (11/04/51)
A FELICIDADE
“Pobre daquele que, com sua próprias mãos, rompe a corda da felicidade e
cai no Inferno!”
Notamos que todas as pessoas manifestam em seu caráter dois traços irmãos –
egoísmo e apego – e que nos problemas complicados há sempre interferência
desses sentimentos.
Temos casos de políticos que acabaram na miséria porque o apego às posições os
fez perder a melhor oportunidade de se afastarem da vida pública. Eis um bom
exemplo da inconveniência do egoísmo e do apego.
Há industriais que, devido ao apego que têm ao dinheiro e ao lucro, irritam seus
fornecedores, prejudicando as transações comerciais. Momentaneamente, o
negócio se lhes afigura vantajoso, mas, com o tempo, mostra-se contraproducente.
Na vida sentimental, quem muito se apega geralmente é desprezado; muitas vezes
os problemas nesse terreno surgem do excesso de egoísmo.
O passado nos revela como os egoístas provocam conflitos e se atormentam, pelos
sofrimentos causados ao próximo.
Já dissemos que o principal objetivo da Fé é erradicar o egoísmo e o apego. Tão
logo me conscientizei disto, empenhei-me em exterminá-los. Como resultado, meus
sofrimentos se amenizaram e tudo corre normalmente em minha vida. Há um
ensinamento que diz: “Não sofra antecipadamente pelo que ainda não ocorreu,
nem pelo que já passou”. São palavras de grande sabedoria.
A finalidade do aprimoramento no Mundo Espiritual é a extinção do apego. A
posição do nosso espírito se eleva à medida que o apego se reduz.
No Mundo Espiritual, é raro que marido e mulher permaneçam juntos. A razão do
fato está na diferença da posição que o espírito de cada um alcançou. O convívio
dos dois só lhes será possível quando estiverem nivelados, como habitantes do
Reino dos Céus. Aqueles que alcançarem certo grau de aprimoramento, terão
licença de se encontrar, embora estejam em camadas espirituais inferiores. Mas o
encontro durará apenas um instante, e a licença lhes será concedida pelas
divindades que superintendem os níveis em que eles estão situados. Não haverá
permissão para que, levados pela saudade, os cônjuges se abracem; à mínima
intenção de teor mundano, seus corpos ficarão rijos e perderão o movimento. Isso
demonstra como o apego é condenável. A posição do espírito vai se elevando de
acordo com a redução do apego, mediante o aprimoramento no Mundo Espiritual.
Sendo assim, o encontro de marido e mulher irá sendo facilitado conforme eles
forem subindo de nível.
Creio que, com o que acabamos de dizer, demos ao leitor uma clara noção da
diferença entre o Mundo Material e o Mundo Espiritual.
Outro aspecto negativo do apego refere-se às pessoas que se mostram insistentes
quando convidam outras a participarem de sua crença, dando a impressão de
serem muito dedicadas. Isso não dá bom resultado. Impingir a Fé é um sacrilégio
aos olhos de Deus. Quem prega uma religião, só deve insistir se observar que o
outro está interessado. Se a pessoa não demonstrar interesse, é melhor desistir e
esperar o tempo oportuno.
Alicerce do Paraíso, “Egoísmo e apego” – (25/01/49)
(Nidai-Sama)
Sabemos que o homem mau é aquele que sacrifica o próximo para satisfazer os
seus interesses, dando a impressão, muitas vezes, de estar agindo apenas por
uma espécie de capricho.
Passarei a uma análise psicológica desse tipo de pessoas.
É costume dos homens maus expressarem o desejo de gozar a vida enquanto
podem. Ora, os delitos não ficam ocultos por muito tempo, e esses infelizes,
receosos de tal fato, preparam-se para o fim iminente do seu breve gozo. Os delitos
não se restringem aos de banditismo, roubo ou homicídio, como se costuma supor.
Homens de elevada posição social também cometem desonestidades sumamente
lamentáveis. Os jornais de após-guerra alardeavam repelentes delitos, como desvio
de mercadorias, contrabando, sonegação de impostos e fraudes. Surpreendia-nos
a prisão de personagens que jamais poderíamos imaginar em semelhante situação.
Eles supunham que seus crimes passariam despercebidos, por terem sido
habilmente executados, esquecendo-se de que a maldade é sempre descoberta,
porque Deus tudo observa no invisível Mundo Espiritual. A nossa constante
afirmação de que o homem descrente é perigoso, está fundamentada justamente
nisso. Trata-se de um ponto importantíssimo e difícil de ser compreendido até por
pessoas inteligentes.
Uma vez descobertas e condenadas as más ações, as pessoas caem no conceito
público, levando anos para recuperarem a confiança perdida. Muitas, caindo em
descrédito, ficam relegadas para o resto da vida. Reflitamos um pouco. O prejuízo
será muitas vezes superior aos lucros obtidos por meios ilícitos. Na Era Meiji (1868-
1912), o famoso ladrão Sadakiti Shimizu, quando foi preso, assim expressou seu
arrependimento: “Não há coisa pior do que roubar. Se eu dividisse o dinheiro que
roubei até hoje pelo número de dias que se passaram, o resultado seria de apenas
45 centavos por dia.” Concordo que não deve ter sido compensador, por mais
baixos que estivessem os preços na Era Meiji.
Praticar o mal, além de não ser compensador do ponto de vista religioso e material,
também não o é pela inquietação de que o criminoso se torna vítima até ser
descoberto. O maior ignorante é o individuo que comete o mal e sacrifica o próximo
para satisfazer os seus próprios interesses.
Alicerce do Paraíso, “O homem mau é ignorante” – (30/04/49)
Iniciei minha vida religiosa há cerca de trinta anos. Até então, minha maneira de
pensar era pouco eficaz. Eu sempre pensava: “Não devemos praticar más ações, e
sim boas ações.” Ao tentar colocar isso em prática, no entanto, faltava-me
coragem. Dessa maneira, eu era completamente indiferente no que se refere ao
Bem e ao Mal. Creio que na sociedade existem muitas pessoas com pensamento
semelhante ao meu naquela época. Todavia, à medida que minha fé ia se
aprofundando, comecei a compreender claramente não só a relação entre o Mundo
Material e o Mundo Espiritual, mas também a Vontade Divina, e minha maneira de
pensar mudou por completo. De que forma isso aconteceu? As más ações tornam-
se grandes pecados, e as boas ações resultam num bem várias vezes maior, além
da nossa imaginação. Assim, juntamente com a grande mudança do meu estado
psicológico, minha diretriz mudou no sentido de excluir absolutamente o mal e fazer
todo o esforço para colocar em prática o bem. Desde então, de forma
surpreendente e misteriosa, meu destino começou a mudar. Minha confiança
aumentou e, quanto mais eu praticava boas ações, como que em recompensa, as
coisas boas vinham às minhas mãos. Logicamente, eu também ia ganhando a
confiança da maioria das pessoas, confiança que foi aumentando a cada dia, até os
dias de hoje. Essa deve ser a filosofia da felicidade total.
Tais experiências não se limitam a mim. Ao observar numerosas pessoas da
sociedade, constato que, apesar do seu grande esforço, as coisas não correm
conforme o seu desejo. Muitas vezes, vejo pessoas que ficam desapontadas por
terem encontrado obstáculos, por terem tido prejuízos, por não verem os seus
esforços reconhecidos e por não ganharem a confiança dos outros. Ao analisá-las
minuciosamente, no entanto, infalivelmente descubro os pontos em que elas estão
erradas. Principalmente mentiras ditas com toda naturalidade. Isso é o que há de
pior. Tais pessoas, antes de mais nada, devem fazer um exame íntimo de si
mesmas, pois certamente descobrirão a causa dos seus problemas no fundo do
coração. Creio que elas compreenderão que a causa de não conseguirem obter os
resultados desejados, não obstante o seu esforço, são os seus próprios pecados.
Principalmente os religiosos, como foram escolhidos por Deus e têm o
compromisso de serem pessoas exemplares, não devem desviar-se do caminho.
Devem manter a firme disposição de não se envergonharem perante o Céu e a
Terra. Tais pessoas são amadas por Deus, conseqüentemente a proteção Divina
também é maior. Como o seu espírito está sempre alegre, elas gozam de uma vida
tranqüila, não criam inimigos, não granjeiam o rancor de terceiros e passam a ser
respeitadas por muitas pessoas. Assim, tornam-se criaturas felizes. (...)
Revista Tijô-Tengoku nº 173, “Mentira e felicidade” – (01/02/64)
O CAMINHO DO HOMEM
“Nobre é o homem que tem seu pensamento dirigido, a todo momento, para a
Causa Divina, orando pelo bem do mundo e do próximo.”
Os homens que não obtêm resultados satisfatórios naquilo que executam com
esforço, ou no que julgam ser uma boa ação, desconhecem a teoria dos efeitos
contrários, ou melhor, falta-lhes discernimento a respeito de sua razão
transcendental. Vou explicar essa teoria dando alguns exemplos. Quem a entender,
não deixará de lucrar com isso.
Dentre os líderes dos fiéis, há os que procuram mostrar-se mais elevados, mais
importantes do que realmente são. Tais líderes acabam recebendo o que merecem
e, conseqüentemente, são menosprezados. Aqueles que sempre mantêm uma
atitude discreta e moderada, atraem maior consideração.
Existem, também, os que gostam de contar seus sucessos, o que não é agradável
para os ouvintes. A exibição é condenável. Quem expõe os fatos tal qual eles se
apresentam, granjeia maior simpatia, e sua palavra discreta o enobrece perante o
ouvinte. Ao prestar um auxílio, evitem falar como estivessem vendendo favores,
pois isso só serve para diminuir o sentimento de gratidão das pessoas. (...)
Alicerce do Paraíso, “Teoria sobre os efeitos contrários” – (03/10/51)
(...) Nos dias de hoje, o espírito de justiça está sendo muito negligenciado. Se
observarmos os diversos aspectos do mundo ao nosso redor, notaremos que ele é
quase que destituído do espírito de justiça. Tão enormes são os interesses em
jogo, de tal forma predomina a cobiça na mente humana, que, quando alguém se
refere à justiça, é menosprezado.
Todavia, nem sempre as coisas ocorrem como os homens desejam; muito pelo
contrário, os fracassos e desgraças são mais freqüentes que o sucesso. Apesar
disso, nada lhes causa surpresa, como se fosse um estado normal da vida; assim,
eles continuam a viver inconscientemente. Esta é a realidade do mundo moderno.
Para tal situação, no entanto, existe, a nosso ver, uma causa evidente, que a
maioria das pessoas não consegue perceber. É justamente a carência do espírito
de justiça, do qual falarei em seguida.
A maior parte dos homens vive contaminada pelos maus pensamentos, que
anuviam seu espírito. Esta cegueira espiritual os impede de descobrir a causa a
que nos referimos. Tenho certeza disso pela observação que há longo tempo venho
fazendo sobre a sorte dos homens.
A causa da falta do espírito de justiça acha-se relacionada com o Mundo Espiritual,
cuja existência é absoluta, embora ele seja invisível. Naquele mundo, há uma lei de
Deus, rigorosa e imparcial – diferente da lei humana – que julga as ações dos
homens com perfeita justiça. Infelizmente o homem não compreende nem acredita
nisso pela simples menção, e assim, com as próprias mãos, contribui para a sua
infelicidade.
A maioria das pessoas é hábil no falar, no falsificar as aparências e simular um
valor pessoal inexistente. Tudo, porém, será inútil, porque, como eu disse
anteriormente, o olhar de Deus desvenda o íntimo dos homens, cuja sorte Ele
decide, pesando o Bem e o Mal na mesma balança. Se uma verdade tão patente
deixa de ser compreendida até por homens ilustres, cultos, com posição e fama, é
porque eles só vêem a parte superficial do mundo, ignorando a existência da parte
principal – o Mundo Espiritual. Conseqüentemente, forçam a inteligência para
falsear a vida e lutam no sentido de enganar o próximo. Pobres de espírito os que
julgam ser isso esperteza!
Não obstante a prova que se evidencia nas conseqüências sempre contrárias a
essa realidade, a generalização de tal conceito faz aumentar o número de
criminosos e a insegurança social. Assim, apesar dos seus desdobrados esforços,
quando os homens procuram realizar algo na sociedade atual, são marcados pelo
fracasso, resultante das pedras lançadas em seus caminhos. Alguns caem na
desdita de figurar nos periódicos como vítimas de casos judiciais. Considero
“espertos imbecis” os indivíduos desse tipo e estou tentando convencê-los dos
seus erros. O recurso é fazer com que eles reconheçam a existência de Deus, e
essa tarefa é bastante árdua. Para tanto, é necessário criar oportunidade para
mostrar-lhes o milagre. Eis por que estou realizando surpreendentes milagres com
o poder que me foi concedido por Deus, e sinto-me jubiloso em saber que o fato
está sendo reconhecido pela sociedade.
Resumindo: a justiça é o próprio Deus; a injustiça pertence ao Mal, sendo própria
de Satanás. Deus é a própria justiça, e Satanás, a própria maldade. Por natureza,
Deus promove a felicidade, e Satanás, a desgraça. O essencial é nos
convencermos desta verdade: tanto a felicidade como a desgraça dependem do
comportamento humano. Para nos tornarmos felizes, é absolutamente necessário
basear-nos no espírito de justiça.
Vemos, portanto, que o Mal jamais compensa. Costumo afirmar que os homens
maus são idiotas. Se o sentido de minhas palavras for compreendido, eles tornar-
se-ão aptos a percorrer o caminho da felicidade. Para isso, três aspectos devem
ser considerados: a justiça menor, de objetivos individuais; a intermediária,
baseada no interesse da comunidade ou da nação; e a justiça ampla, que visa a
humanidade. O Japão foi derrotado, na última guerra mundial, porque se baseou
numa pseudojustiça, que visava somente o seu próprio bem. A justiça menor e a
intermediária são falsas; somente a justiça ampla, que augura benefícios para o
mundo inteiro, é verdadeira, e apenas ela perdurará eternamente. Esta é uma
verdade que se aplica também à Religião.
A Igreja Messiânica Mundial tem por objetivo a construção do Paraíso na Terra –
mundo isento de doença, pobreza e conflito. Isso beneficiará toda a humanidade e
representará a concretização da verdadeira e integral justiça.
Alicerce do Paraíso, “Espírito de justiça” – (23/12/53)
“Tudo se tornará fácil para o homem, neste mundo, se ele respeitar os limites
em todas as coisas.”
Atualmente, fala-se muito sobre os erros sociais, mas esses erros são causados
pela existência de um grande número de criaturas corruptas. Uma rápida visão do
passado mostra-nos que sempre houve necessidade de combater os perversos.
Se examinarmos a psicologia dos que vivem a prejudicar o próximo, veremos que
eles têm plena noção do que fazem, com exceção dos grandes criminosos,
destituídos da menor parcela de discernimento. Quase todos se encaminham para
o Mal em busca de riquezas, bebidas e sexo, embora saibam que isso é
condenável. Sustentam a idéia medíocre de que é impossível a regeneração para
os que já trilharam o caminho do erro. Naturalmente, eles temem a lei; mas, como
lhes é difícil satisfazer honestamente suas ambições, usam de todos os meios para
fugir à punição e esconder seus malfeitos. Mentem e ludibriam com crescente
habilidade; enganar os outros acaba se tornando, para eles, algo extremamente
fácil.
Os ludibriados se resignam porque são honestos e não têm experiência dos ardis
utilizados pelos perversos. Isso ajuda a intensificação do crime, e os corruptos
passam a auferir grandes vantagens. Quando o Mal compensa, é muito difícil a
reabilitação. Então, pouco a pouco, eles começam a se afundar na lama do
pecado. Geralmente, o tipo que obtém muito proveito de seus delitos é um
criminoso intelectual, pertencente à classe superior ou média.
Dizem os antigos que todas as pessoas têm sete manias, ainda que não tenham
consciência disso. Creio que as manias do homem malvado não o impedem de
passar por tormentos de consciência ao prejudicar os outros, criando máculas e
infelicidade para si mesmo, nem de reconhecer que o hábito de beber, de gastar
em excesso e afligir a família, é uma fonte de padecimentos. Mas ele não consegue
se dominar e continua agindo de maneira errada. Sabe que o relacionamento
extraconjugal custa dinheiro e que se arrisca a contrair doenças malignas,
causando preocupação aos familiares; entretanto, persiste em seu modo perigoso
de viver. Entrega-se a jogos de azar, que sempre lhe acarretam prejuízo, mas teima
em arriscar a sorte.
Acredito que quase todos nós temos conhecimento de casos semelhantes, tão
comuns hoje em dia. Eis por que me detive nesses aspectos da questão.
Quem não consegue se dominar, apesar de compreender que deve abandonar as
práticas viciosas, é um ser destituído de força, isto é, de verdadeira coragem, o que
há de mais precioso no homem. Costumo dizer: “Quando o homem se enobrece,
identifica-se com Deus”. Manter vigilante esforço contra o Mal, dominá-lo e superá-
lo, significa tornar-se Divino. Esta é a força autêntica, proveniente de Deus.
Portanto, para mim, o perverso não passa de um homem fraco.
Alicerce do Paraíso, “O verdadeiro homem forte” – (29/10/49)
“Aquele que ensina com cortesia, sem distinção da posição que as pessoas
ocupam, está de acordo com a Vontade de Deus.”
(...) Claro está que esse conceito é largamente seguido entre os que praticam o
mal, mas o fato é que o crime sempre é descoberto. No fundo, o próprio culpado
sabe disso, porém, como desconhece a razão dessa verdade, não consegue
abandonar a senda do mal.
Considera-se que todo cidadão é independente, apesar de ser um membro da
sociedade, e que, portanto, ele é livre para praticar quaisquer atos. Atualmente,
“viver com inteligência” significa empregar a habilidade exclusivamente no que
possa proporcionar benefícios à própria pessoa. O homem, simulando admiração
pelas palavras dos seus superiores ou religiosos, no íntimo zomba delas, achando
que são tolices. Prende-se a formalidades, tornando-se nulo não apenas
espiritualmente, mas também quanto ao seu valor humano.
Esse é o pensamento moderno da maioria dos homens, os quais, longe de
conseguirem a almejada felicidade, acabam fracassando. E fracassam porque,
embora o mal não seja descoberto pelos outros, a própria pessoa sabe que o
cometeu. Aí é que está o problema, pois o conteúdo do consciente e do
subconsciente reflete-se num local do Mundo Espiritual que corresponde, na Terra,
ao nosso Palácio da Justiça. Pode ser chamado de Fórum do Mundo Espiritual.
Infelizmente, é difícil para o homem, vítima do materialismo, crer na existência do
Mundo Espiritual, que ele nega sumariamente. A ignorância da existência desse
mundo é a fonte do mal. Assim, para extirpar o mal pela raiz é necessário pregar
esta verdade e convencer o homem; não há meio mais eficiente.
Vejamos como é feita a comunicação ao Fórum do Mundo Espiritual.
Há um elo espiritual semelhante ao telégrafo sem fio que estabelece uma ligação
entre cada homem e esse Fórum, no qual as nossas ações são registradas com
assombrosa exatidão. O registrador anota tudo minuciosamente num livro, e os
delitos são julgados de acordo com o grau de perversidade. Por esse julgamento
do Mundo Espiritual, o delito é revelado no Mundo Material, de forma hábil, para a
pena correspondente. Quando o homem tomar consciência desse fato, deixará de
cometer qualquer espécie de mal. Se, ao contrário, praticar bons atos, será
recompensado também, segundo o próprio mérito. Esta é a realidade dos dois
mundos, o Espiritual e o Material. Deus construiu-os sabiamente. Sendo esta a
Verdade Absoluta, não há outra solução a não ser aceitá-la.
Atualmente, a maioria dos homens cultos é cega a essas questões espirituais e
menospreza o ato de revelá-las ao povo. Inclusive mostram-se prevenidos contra a
pregação desse princípio fundamental, considerando-o superstição, quando, na
realidade, são eles que se portam como verdadeiros supersticiosos. A maior prova
do que dizemos é que, apesar de intenso empenho nesse sentido, os delitos não
têm diminuído. A justiça terrena tenta evitá-los punindo-os com medidas provisórias
e superficiais, depois que eles vêm à tona. Estabelece leis que podem ser
transgredidas, deixando de tocar no ponto vital, e a humanidade, imatura, chega a
orgulhar-se do que denomina “Civilização”. Digamos, antes, pela evidência dos
fatos, que estamos vivendo, atualmente, a era da “cultura selvagem”.
Alicerce do Paraíso, “Por que o mal se revela” – (26/12/51)
Diz um velho ditado: “Tolerar o que é fácil está ao alcance de todos, mas a
verdadeira tolerância significa tolerar o que é intolerável”. Outro ditado aconselha:
“Carrega sempre contigo o saco da paciência e costura-o toda vez que ele se
romper”. Encontro boas razões nesses conselhos.
As pessoas me perguntam: “Que práticas ascéticas o senhor realizou? Subiu
alguma montanha para banhar-se numa cachoeira, jejuou ou fez outras
penitências?” Então esclareço que jamais pratiquei tais coisas. Todas as minhas
“penitências” consistiram em tolerar a tortura das dívidas e reprimir a ira. Quem
ouve, fica espantado, mas é a pura verdade. Creio que Deus determinou
aperfeiçoar-me mediante purificações desse tipo, pois continuamente têm
aparecido fortes motivos para eu ficar irritado. Por natureza, detesto irritar-me, mas
há sempre alguma coisa que me afeta nesse sentido.
Certa vez, passei por tanta vergonha devido a um desentendimento, que mal
conseguia encarar as pessoas. Minha indignação atingia o auge e eu não
conseguia reprimi-la. Foi quando me fizeram um convite para comparecer a uma
festa. Nas circunstâncias, o convite era irrecusável. Lá, entretanto, permaneci
desligado, sem poder concentrar meu espírito. Tomei até uma dose de saquê, para
me descontrair. Isso demonstra como eu estava perturbado. Somente após alguns
dias consegui recobrar a tranqüilidade.
Mais tarde, vim a saber que a minha ida àquela festa salvou-me de uma grande
desgraça. Se não fosse a indignação daquele momento, eu não teria comparecido
a ela, e teria recebido um golpe fatal. Realmente fui salvo pela ira e não pude
conter minha gratidão.
Quem tem missão importante, é submetido por Deus a muitos aprimoramentos.
Creio que ter de reprimir a raiva, é uma das maiores provas. Aqueles que têm
muitas razões para irritar-se, devem compreender que sua missão é grandiosa. Se
conseguirem resistir a todo tipo de provocação, mantendo calma absoluta, terão
concluído uma etapa do seu aprimoramento.
Há um episódio interessante que eu gostaria de relatar.
Na Era Meiji, houve um homem famoso pela sua paciência, o Sr. Buei Nakano,
presidente do Conselho Privado de Comércio. Uma vez lhe perguntaram qual era o
segredo de seu espírito de tolerância. Ele respondeu: “Por natureza, eu era
irascível. Mas, certo dia, ao visitar o grande industrial Eiichi Shibuzawa, ouvi-o
discutindo com a esposa no cômodo contíguo àquele em que eu estava. Informado
de minha presença, ele abriu a porta corrediça e veio sentar-se junto a mim. Trazia
a fisionomia serena de sempre; nem parecia vir de uma discussão. Admirei-me e,
ao mesmo tempo, tive a revelação de algo importante: o poder de controlar a ira.
Compreendi que aquele era o segredo de seu prestígio no mundo industrial, e que
eu devia seguir seu exemplo e esforçar-me para reprimir a ira com facilidade.
Desde então passei a disciplinar-me nesse sentido, e tudo começou a correr
normalmente em minha vida, até eu atingir a condição atual. “
Lembrem-se, pois, de que Deus treina e disciplina aqueles que têm uma grande
missão a cumprir. (...)
Alicerce do Paraíso, “Não se irrite” – (25/01/49)
“No mundo, há coisas que podem e que não podem ser ditas.
Estejam atentos, nesse sentido, os que seguem este Caminho.”
É tendência do ser humano prender-se aos seus próprios pontos de vista; isso
acontece com mais freqüência entre as mulheres. Trata-se de uma tendência
altamente perigosa, porque aquele que sustenta inflexivelmente as próprias
opiniões, considerando-as verdadeiras, julga o próximo baseando-se nelas, de
modo que as coisas não acontecem como se esperava. Geralmente essas pessoas
torturam a si mesmas e aos seus semelhantes.
É necessário que o homem aprenda a se analisar objetivamente, isto é, crie em si
uma “segunda pessoa” que o veja e critique. Tal prática lhe evitará muitos
problemas.
O Sr. Ruiko Kuroiwa, ex-diretor do antigo jornal Yorozutyoho e famoso tradutor de
romances, também cultivava a Filosofia. Fui ouvinte assíduo de suas palestras.
Citarei um trecho que ouvi e muito me impressionou: “Todo homem nasce
mesquinho. Para aperfeiçoar-se, deve cultivar uma segunda personalidade, ou
seja, nascer pela segunda vez.” Estas palavras ficaram gravadas na minha mente e
me esforcei no sentido de colocá-las em prática na minha vida, o que me trouxe
muitos benefícios.
Alicerce do Paraíso, “Subjetivismo e objetivismo” – (18/03/50)
O ser humano que realmente realiza grandes feitos, deve se preocupar com as
pequeninas coisas. Quem se preocupa com as coisas grandes e não percebe as
pequenas, torna-se um fracassado. Mesmo possuindo grandes idéias, a pessoa
deve também cultivar os pensamentos pequenos. Concluindo: se ela não perceber
as coisas pequenas, não poderá realizar grandes feitos. Logo, não devemos ser
“Daijo” nem “Shojo”, isto é, não podemos pender para um dos lados. O fato de se
dizer que devemos ser “Daijo”, já significa tender para um dos extremos.
Registro de Orientações vol. 26 – (01/11/53)
“As pessoas de visão estreita são dignas de pena, pois perdem de vista o
Grande Caminho.”
Existem adeptos fervorosos que criticam os métodos dos dirigentes da Igreja a que
pertencem, impacientando-se quando estes não ouvem seus conselhos relativos às
reformas que lhes parecem necessárias. Como o número desses adeptos é muito
grande, escreverei sobre o assunto.
Não condeno os fiéis que agem assim, pois sua atitude é ditada pela sinceridade;
mas o fato exige muita reflexão, porque o pensamento deles está baseado na fé
“Shojo”. A nossa Igreja caracteriza-se pela fé “Daijo” e por isso difere muito do
pensamento comum da sociedade em geral.
Julgar o próximo é uma presunção. Se não reconhecermos esse ponto, não
poderemos agradar a Deus. Somente Ele conhece a bondade e a maldade dos
homens. Já escrevi a respeito uma vez e aconselho muita prudência. Caso o fiel
estiver errado ou for má pessoa, Deus se encarregará de julgá-lo, sendo
desnecessário qualquer preocupação de nossa parte. A preocupação não significa
falta de confiança no poder de Deus? Isso é comprovado por inúmeras
experiências de antigos fiéis que foram julgados por Deus, muitos deles perdendo
até a vida por causa de uma fé errada. Portanto, devem conhecer a si próprios
muito bem, antes de pretenderem julgar o próximo.
Não há fiéis com más intenções, já que ingressaram em nossa Igreja. Sei
perfeitamente que todos são sinceros; entretanto, como há vários níveis de
sinceridade, é preciso muita atenção. Isso nada mais é do que a minha costumeira
frase: O Bem de “Shojo” vem a ser o Mal de “Daijo”. Qualquer bem ou sinceridade
de caráter restrito resulta em mal.
Desde a criação deste mundo, nunca houve religião que tivesse um objetivo tão
elevado quanto o nosso, isto é, salvar toda a humanidade. Por conseguinte, os
problemas internos da Igreja devem ser confiados a Deus. Os fiéis precisam ter
sempre em mente a sociedade, o mundo, ou melhor, dirigir a vista para fora, e não
para dentro.
Desejo acrescentar que a Providência de Deus é demasiado profunda para ser
compreendida pela inteligência humana. Nos ensinamentos da Igreja Oomoto
consta a seguinte passagem: “Aquele que considera o Mundo Divino inatingível
pela sabedoria humana, é um esclarecido.” E também esta: “Pergunto se seria
possível fazer a reconstrução dos três mil mundos(9) com uma Providência
facilmente compreendida pelos seres humanos.” Estas palavras são realmente
simples e bem claras.
Alicerce do Paraíso, “Presunção” – (12/09/51)
“Neste mundo, não há outra alternativa para o homem a não ser o Caminho da
Fé.”
(...) Não chega a ser legislação do caminho, mas é caminho e é lei. Estar no
Caminho significa estar de acordo com o “Dori”(caminho perfeito). Por desvio do
Caminho ocorrem as dificuldades entre os homens, a desarmonia no lar e a
perturbação da ordem pública. Não existem somente as leis criadas pelo homem;
existem também as Leis Divinas, que não são visíveis aos nossos olhos, mas que
de forma alguma podem ser infringidas. Devemos saber que todos os infortúnios do
homem são punições decorrentes da infração das Leis Divinas. Na realidade, essas
punições são muito mais rigorosas que as leis do homem e não podemos
absolutamente livrar-nos delas. Naturalmente, existe também a pena de morte;
trata-se da morte por calamidades, por doença, etc., que vem a ser a punição por
ter a pessoa violado as Leis Divinas.
Existem leis regendo todas as coisas. A lei é o critério, a ordem de todas as coisas.
Em suma, o pensamento e a ação do homem já estão pré-determinados. O político,
o educador, o religioso, o artista, o administrador, o comerciante, o médico, o
homem, a mulher, para todo ser humano há uma lei estabelecida, que ele deve ou
não observar. As coisas vão bem e a pessoa prospera quando ela observa essa lei.
Desde antigamente fala-se em não transgredir a lei, mas creio que o sentido é
esse.(...)
Jornal Eiko nº 102, “O caminho que reduz os sofrimentos e o caminho da civilidade”
– (02/05/51)
HONESTIDADE E MENTIRA
“Realmente é tolo aquele que mente. Fere a si mesmo com a sua própria
língua.”
Sem dúvida, os leitores ficarão espantados se eu disser que não existe um povo
tão desprovido de ambição como os japoneses. Entretanto, não posso deixar de
dizê-lo, pois é a pura verdade. Acontece simplesmente que a maioria das pessoas
não percebe isso.
Dando exemplos concretos, os japoneses da atualidade quase não se interessam
em ganhar a confiança do próximo. Falam, sem a menor perturbação, mentiras que
inevitavelmente serão descobertas, ou que estão mais do que evidentes. E o pior:
mentiras que serão descobertas assim que eles virarem as costas. Mais do que
tudo, existem muitas pessoas que não cumprem os horários combinados. Isso
também constitui uma mentira, mas, achando que é algo muito natural, qualquer
pessoa faz dessa prática uma rotina. Quando se vai fazer uma compra, o vendedor
e o comprador mentem um para o outro. Como o vendedor não lucra se for muito
honesto, talvez, até certo ponto, a mentira seja inevitável, mas em geral elas são
exageradas. Em primeiro lugar, o tempo que os dois perdem nas negociações e
complicações burocráticas é insuportável; além do mais, um perde a confiança no
outro. Como o comprador pede desconto, o vendedor aumenta o preço, e vice-
versa. Tratando-se de negócios de maior vulto, é preciso fazer-se ofertas e contra-
ofertas, durante meio dia ou um dia inteiro, havendo até os que demoram dias ou
meses. Assim, é um grande desperdício de tempo e dinheiro para ambos os lados.
Dar exemplo de si próprio é meio constrangedor, mas, quando vou fazer compras,
sou do tipo que quase nunca pede desconto. Só quando os artigos são
espantosamente caros ou quando percebo que vou ser enganado é que me vejo
forçado a regatear, porém é muito raro. Ajo assim porque, se eu pechinchar, não há
dúvida de que o vendedor aumentará o preço na próxima ocasião; ai eu vou
pechinchar outra vez, e assim por diante. Isso dá muito trabalho e só causa
experiências desagradáveis.
Os exemplos acima relacionam-se a compra e venda, mas o mesmo parece ocorrer
com os funcionários de órgãos públicos e empresas privadas. Querendo subir
rápido na vida, eles gostam de mostrar suas realizações, de contar seus feitos para
todos e de se apresentar como benfeitores. Acham-se espertos por agirem dessa
maneira, mas, como seus chefes têm percepção mais aguda, acabam descobrindo
a verdade e pensando: “Este indivíduo mostra-se bom diante dos superiores, mas
não deve ser leal de coração”. Assim, tais pessoas não se tornam dignas de
confiança. Os empresários, por sua vez, gostam de mostrar que têm dinheiro,
quando na realidade não o têm; querem mostrar que têm apoios poderosos atrás
de si e anunciar que seus empreendimentos são muitíssimo vantajosos. Entretanto,
ainda que eles triunfem momentaneamente, estas artimanhas nunca dão bons
resultados.
O que acabamos de dizer também se aplica, freqüentemente, à propaganda feita
pelos padrinhos de casamento. Quando alguém apresenta o proponente de
casamento e o elogia além do que ele merece, mesmo que o casamento fique
acertado, será um desastre, antes ou depois de realizado. Além disso, os noivos e
seus familiares serão prejudicados, e o padrinho ou a pessoa que serviu de
intermediário, daí por diante não será merecedor de confiança. Muitas vezes,
também, acontece de ser feita uma intensa propaganda de remédios e cosméticos
que, por um momento, são muito bem vendidos, mas que acabam não tendo mais
saída, por seus efeitos não corresponderem à propaganda.
Os exemplos são tão numerosos que parecem não ter fim. Resumindo, em todos
os nossos empreendimentos a confiança deve estar em primeiro plano. Se
perdermos a confiança dos outros, será o nosso fim. Ainda que façamos tudo com
perfeição, nada dará certo. Será o mesmo que tentar encher uma peneira com
água. Todavia, parece que pouquíssimas pessoas percebem isso. Muitas, embora
julguem ter feito algo com inteligência, visando grandes lucros, acabam perdendo a
confiança do próximo. Perdem todo o seu trabalho, restando-lhes apenas o
cansaço. Quem age dessa maneira não possui ambição. Portanto, se agirmos
honestamente, sem mentir, nos tornaremos pessoas de quem todos dirão: “O que
essa pessoa diz não tem erro. Tratando-se dela, posso ter absoluta confiança”.
Assim, é lógico que ganharemos dinheiro, subiremos na vida e seremos amados e
respeitados pelos outros. Esse tipo de pessoa é que tem verdadeira e profunda
ambição. Aliás, eu sempre costumo dizer que o homem deve ter grandes ambições,
mas a ambição de bens eternos, e não de bens momentâneos.
Alicerce do Paraíso, “Os japoneses não têm ambição” – (01/11/50)
“Quanto mais honesta for a pessoa, maiores bênçãos lhe serão concedidas
por Deus.”
Existem muitas pessoas que seguem uma religião, mas o homem de verdadeira fé
é raro. O fato de alguém se considerar um verdadeiro religioso, nada significa,
porque o julgamento está baseado num critério subjetivo. Só é de fato um
verdadeiro religioso aquele que assim for reconhecido objetivamente.
É necessário distinguir claramente como age um autêntico homem de fé.
Teoricamente é simples: que inspire confiança nos que convivem com ele; que
todos confiem nas suas palavras; que, no contato com as pessoas, elas sintam que
só lhes advirá o bem, porque ele é uma pessoa excelente.
Obter tal confiança não é difícil. O essencial é não mentir e favorecer
primeiramente o próximo, deixando os interesses pessoais relegados a segundo
plano. As pessoas devem comentar a respeito desse homem: “É alguém que me
ajudou, que me salvou... É pessoa muito bondosa... Seria um grande prazer tê-lo
como amigo. É uma criatura muito agradável...” Tal indivíduo certamente terá o
respeito e a estima de todos, o que é muito compreensível. Nós mesmos, se
encontrássemos uma pessoa assim, desejaríamos cultivar sua amizade, confiar-lhe
nossos problemas, e nos sentiríamos ligados a ela. Essa dedicação, entretanto,
não pode ter caráter passageiro. Exemplifiquemos com o arroz: quem se habitua
com ele, a cada dia o acha mais saboroso. O homem de verdadeira fé pode ser
compara do ao arroz.
No mundo, predominam pessoas que contrariam tudo o que acabamos de dizer:
suas ações comprometedoras levam-nas a perder a confiança do próximo, sem que
isto as preocupe. Mentem de tal forma, que podem ser desmascaradas a qualquer
momento. Embora possuam boas qualidades, suscitam desconfiança e se
desvalorizam aos olhos dos outros.
Mentir é uma grande tolice; basta uma pequena mentira para se ficar
desacreditado. Se investigarmos por que certas pessoas não melhoram de
situação, embora sejam esforçadas e assíduas no trabalho, veremos que elas não
merecem crédito, devido às suas mentiras.
A confiança é realmente um tesouro. Quem a merece jamais passará por
dificuldades monetárias, pois todos sentirão prazer em lhe fazer empréstimos.
Estou me referindo à confiança entre os homens; mas obter a confiança de Deus é
algo de valor inestimável. Se a conseguirmos, tudo correrá bem e teremos uma
vida repleta de alegrias.
Alicerce do Paraíso, “Fé é confiança” – (18/06/49)
Há muito tempo ouve-se dizer que as pessoas honestas saem perdendo. Refletindo
profundamente, pergunto a mim mesmo se essas palavras não soam mal para a
sociedade e para os indivíduos. Sendo assim, ainda que pouco adiante afirmar o
contrário, pois os fatos parecem comprovar a veracidade daquela afirmação, minha
experiência me faz garantir que não existe nada tão falso. Vejamos.
Quando observamos minuciosamente a sociedade, notamos que existem duas
maneiras de ver as coisas: a curto prazo e a longo prazo. Em geral, os homens
tendem a julgar o Bem ou o Mal através de resultados momentâneos. Ao verem,
por exemplo, o sucesso obtido por pessoas desonestas que enganam o próximo ou
vendem gato por lebre, ficam deslumbradas e definem que os honestos sempre
saem perdendo. Mas é preciso que tais coisas sejam vistas a prazo mais longo,
pois, inevitavelmente, a farsa virá à tona e aquelas pessoas passarão por grandes
vexames, podendo-se até afirmar que acabarão arruinadas. Em contrapartida,
ainda que por um momento os honestos seja mal interpretados, prejudicados ou
colocados em posição desvantajosa, com o passar do tempo, infalivelmente, a
verdade será esclarecida. Vou contar minha experiência a esse respeito.
É constrangedor eu falar de mim mesmo, mas desde jovem eu era muito honesto.
Não conseguia mentir de maneira alguma. Por isso, sempre me diziam: “Um rapaz
honesto como você nunca vai alcançar sucesso. Se você não mudar seu
pensamento e não for hábil no mentir, dificilmente será bem-sucedido na vida”.
Achando que essas palavras eram sensatas, menti bastante durante algum tempo,
mas não estava bem comigo mesmo. Sentia uma angústia insuportável, minha vida
se tornava sombria, meus dias eram só de tristeza. Não havia, pois, condição para
eu obter bons resultados nos meus empreendimentos.
Naquela época, eu era comerciante, de modo que as “técnicas” de negociar
deveriam ser muito mais vantajosas para mim. Mas eu não conseguia me sair bem
e acabei decidindo voltar à honestidade, traço próprio de meu caráter. O engraçado
é que, depois disso, os resultados começaram a ser melhores do que eu esperava.
Em primeiro lugar, adquiri maior crédito no mundo dos negócios, as coisas
passaram a se processar num ritmo excelente e em pouco tempo consegui um
grande capital. Com isso, deixei-me levar pela corrente. Quando já tinha estendido
demais a mão, deparei com a crise do mundo econômico e decai a ponto de não
conseguir mais recuperar-me. Foi isso que me fez abraçar a vida religiosa.
Até hoje, entretanto, continuei seguindo os princípios da honestidade, da qual
determinei jamais me apartar. Obviamente, os resultados são ótimos. Durante um
período relativamente longo, houve ocasiões em que fui mal interpretado, criticado,
pressionado, enfrentando caminhos espinhosos, cheios de dificuldades, mas nunca
perdi a confiança das pessoas, o que ainda hoje atribuo, com toda convicção, à
minha honestidade.
Parece que os homens contemporâneos têm uma visão a curto prazo e se deixam
encantar por resultados momentâneos. É, pois, necessário que, diante de qualquer
situação, eles observem os fatos com os olhos voltados para a eternidade. Isso é
válido para todas as circunstâncias. Exemplifiquemos. Um político que força a
situação para conseguir o poder, não o reterá nas mãos por muito tempo. É o
mesmo que colher um caqui ainda verde, não esperando que ele amadureça e
caia, e ficar frustrado com a sua cica. Existe um ditado que diz: “Os grandes
políticos pensam em termos de cem anos; os políticos de nível médio, em termos
de dez anos; os de nível inferior, em termos de um ano”. É exatamente assim. Hoje
em dia, por infelicidade, parece que o número de políticos de nível inferior é bem
maior.
O mesmo princípio se aplica à Agricultura Natural, por mim preconizada. Vemos
que a agricultura praticada até hoje conseguiu bons resultados com o uso de
adubos, mas, como os adubos corroem a terra, esta se torna cada vez mais pobre.
Sem perceber isso, as pessoas mostram-se deslumbradas com os resultados
momentâneos. Por fim, tanto a terra como o homem ficam intoxicados.
O princípio também é válido para a Medicina atual. Durante algum tempo, os
medicamentos e os tratamentos através de aparelhos surtem efeito; pouco a
pouco, no entanto, surgem efeitos contrários e a pessoa piora. Sempre
deslumbrada com os resultados momentâneos, ela volta a utilizar o mesmo método
e vai piorando cada vez mais.
Meu objetivo, com esses exemplos, é chamar atenção para as conseqüências da
visão a curto e a longo prazo, a que me referi inicialmente.
Alicerce do Paraíso, “Está errado dizer que os honestos saem perdendo.” –
(20/04/49)
É melhor ser franco ou não ser franco? É claro que a franqueza é o melhor
caminho. Entretanto, as coisas não são tão simples assim. Há ocasiões em que
precisamos ser francos e outras em que não devemos sê-lo. As pessoas que
conseguem distinguir tais situações são consideradas inteligentes, ou sábias.
Quando temos de escolher entre uma situação e outra, devemos, tanto quanto
possível, ter como norma a franqueza. Todavia, se esta for totalmente impraticável,
como, por exemplo, quando visitamos um doente desenganado, somos forçados a
omitir a verdade. Ainda que estejamos contrariando a nossa vontade, esse é o
melhor procedimento. Na sociedade, existem muitas pessoas de larga vivência que
não gostam de usar de franqueza. Observando o mundo, constato que essa é a
causa de inúmeros fracassos. Todavia, é difícil falharmos quando agimos de modo
contrário.
Alicerce do Paraíso, “Honestidade e mentira” – (30/08/49)
GRATIDÃO E RETRIBUIÇÃO
“Por mais que eu agradeça a grande felicidade que sinto, ainda será
insuficiente.
Não há palavras que traduzam minha gratidão.”
Vou dar uma explicação espiritual sobre o clima e o tempo, mas para as pessoas
da atualidade, habituadas a explicações científicas, talvez minha explicação seja
pouco convincente. Entretanto, como se trata de Revelação de Deus, vou explaná-
la com toda a convicção.
Primeiramente, tanto as mudanças climáticas como o bom ou mau tempo são
provocados pelo homem. Talvez achem estranha essa afirmativa, mas gostaria que
a levassem em consideração.
Creio que os leitores devem ter se conscientizado também da influência do Mundo
Espiritual, além do Mundo Material, que podemos perceber através de nossos cinco
sentidos. A esse respeito, escreverei inicialmente sobre a causa das mudanças do
clima.
Do frio do inverno ao calor do verão, o ano está dividido em quatro estações.
Todavia, embora as mudanças climáticas devam transcorrer ordenadamente, de
acordo com cada época, às vezes acontecem mudanças estranhas. Por que isso
ocorre? É porque o pensamento do homem se reflete no Mundo Espiritual. Por
exemplo: se o pensamento da grande maioria dos homens for correto e tranqüilo, o
clima também o será. Mas quando é grande o número de pessoas que se desviam
do ritmo normal, ou seja, que carecem de amor, esse pensamento frio produz um
frio mais intenso do que seria natural. Por outro lado, se houver exaltação por
algum acontecimento e for preciso refrear os ânimos, o resultado será um calor
além do normal em relação ao clima da época. Além disso, quando o ser humano
tem pensamentos voltados para o Mal, ou seja, quando há muita lamúria,
insatisfação, maldições, mentiras, etc., isso se reflete no Mundo Espiritual e paira
uma atmosfera um tanto negativa.
A seguir, falarei sobre o espírito das palavras proferidas pelo ser humano, as quais
também exercem uma influência muito grande.
São numerosas as palavras que pertencem ao Mal, como, por exemplo, as
maldições, as lamentações, as reclamações, as mentiras, etc., as quais maculam o
Mundo Espiritual. Tempos atrás, um religioso amigo meu, que enxerga o espírito
das palavras proferidas pelas pessoas, disse-me que, quando alguém emite
palavras pertencentes ao Mal, ele vê algo preto como fuligem sair em forma de
fumaça pela sua boca; no caso do espírito de palavras pertencentes ao Bem, ele vê
algo semelhante a uma luz fraca, de cor branca. Essa coisa parecida com fuligem,
emitida do espírito das palavras do Mal, é que macula o Mundo Espiritual. Quando
as máculas aumentam e ultrapassam determinado limite, surge uma ação
purificadora natural, a fim de limpá-las e eliminá-las. É o mesmo princípio da
limpeza feita pelo homem quando se acumula sujeira no interior e no exterior de
uma casa. Chuvas fortes, tufões, trovoada, enchentes, grandes incêndios,
terremotos, etc. também são ações purificadoras. Eles varrem, lavam e incineram
as impurezas. Existem divindades encarregadas dessas atividades. Eles realizam a
obra de purificação do mundo todo; para isso, cada qual usa numerosos dragões
divinos.
Vou falar aqui sobre o Awa-no-naruto. De que maneira são extintas as sujeiras
acumuladas através da purificação do vento, da água e do fogo, às quais me referi?
Elas são levadas para o mar, através dos rios, e depositadas no fundo do mar da
região do Canal de Awa-no-naruto. Naturalmente, como se trata de sujeiras do
mundo todo, sua quantidade provavelmente é assustadora. Entretanto, como dizem
os cientistas, o centro da Terra é uma gigantesca bola de calor, e por isso as
sujeiras depositadas no fundo do mar da região do Canal de Naruto são
constantemente queimadas por esse calor da terra. Por conseguinte, podemos
dizer que o Japão é o incinerador das sujeiras do mundo.
Quando compreender o princípio acima, o homem se preocupará em evitar o
máximo possível os pensamentos e as palavras malignas.
Coletânea “Assuntos sobre fé”, “O clima e o tempo” (25/01/49)
“Sem a existência de meu pai e de minha mãe, não existiriam, neste mundo,
meu corpo e minha alma.”
Até agora, pouco se tem falado sobre elo espiritual, porque ainda se desconhece a
sua importância. Entretanto, embora os elos espirituais sejam invisíveis e mais
rarefeitos que a atmosfera, através deles todos os seres são influenciados
consideravelmente. No homem, eles tornam-se o veículo transmissor da causa da
felicidade e da infelicidade. Em sentido amplo, exercem influência até sobre a
História. Portanto, o homem deve conhecer o seu significado.
Primeiramente desejo advertir que isso é Ciência, é Religião e também preparação
para o futuro. O princípio da relatividade, os raios cósmicos e os problemas
referentes à sociedade ou ao indivíduo, tudo se relaciona com os elos espirituais.
Vejamos a relação entre eles e o homem.
Tomemos como exemplo um homem qualquer: pode ser o próprio leitor. Ele não
sabe quantos elos espirituais estão ligados a ele; podem ser poucos, dezenas,
centenas ou milhares. Há elos espirituais grossos e finos, compridos e curtos, bons
e maus, e constantemente causam influência e transformação no homem. Portanto,
não é absurdo dizer que este se mantém vivo graças aos elos espirituais. Entre
estes, o mais forte é o que existe entre um casal; a seguir, o que existe entre pais e
filhos, entre irmãos, entre tios e sobrinhos, entre primos, amigos, conhecidos, etc.
Creio que as expressões “laços de afinidade” e “ter afinidade com alguém”, usadas
desde a antigüidade, referem-se aos elos espirituais.
Os elos espirituais sempre se modificam, tornando-se grossos ou finos. Quando há
harmonia entre o casal, ele é grosso e brilhante; quando os cônjuges estão em
conflito, ele toma-se mais fino e perde o brilho. Entre pais e filhos, entre irmãos,
etc., dá-se a mesma coisa.
Também podem ser formados novos elos, quando uma pessoa trava conhecimento
com outra, quando inicia uma amizade e, principalmente, um namoro. Chegando o
namoro ao clímax, o elo torna-se infinitamente grosso e transmite intensas
vibrações de um para o outro. São trocadas não só sensações agradáveis e sutis,
mas também de tristeza e solidão. Por esse motivo, o elo espiritual torna-se
extremamente forte e é impossível a separação. Nesse caso, mesmo que uma
terceira pessoa tente interferir no romance, não só não obterá nenhum resultado,
mas, ao contrário, fará aumentar ainda mais o grau da paixão. Quando duas
pessoas se amam, é como o pólo positivo e o pólo negativo em eletricidade, que se
tocam e geram a energia elétrica; nesse caso, o elo espiritual trabalha como fio
elétrico. Tempos atrás, extinguindo espiritualmente o pólo positivo, salvei duas
estudantes que, envolvidas num amor lésbico, estavam a um passo de duplo
suicídio. Consegui que a moça que representava o pólo positivo voltasse à
normalidade em cerca de uma semana. Esfriado o ardor da paixão, foi rompido o
elo espiritual, e a outra, automaticamente, também voltou à normalidade.
O elo espiritual entre pessoas que não têm laços de consangüinidade pode ser
rompido, mas é impossível romper o que existe entre parentes consangüíneos. No
caso de pais e filhos, deve-se dar atenção a um ponto: como eles sempre estão
pensando uns nos outros, o caráter dos filhos sofre a influência do caráter dos pais,
através do elo espiritual. Portanto, se os pais desejam melhorar os filhos, em
primeiro lugar devem melhorar a si mesmos. Freqüentemente eles fazem coisas
erradas e vivem advertindo os filhos, porém isso não dá muito resultado, e o motivo
é o que acabamos de expor. Muitas vezes, entretanto, admiramo-nos por ver pais
maravilhosos com um filho transviado. A verdade é que esses pais são boas
pessoas por interesse e apenas na aparência, mas seu espírito está maculado, e
isso se reflete no filho. Pode também acontecer que, entre dois irmãos, um seja
bom e outro seja corrupto. A causa está na vida anterior e nas máculas dos pais.
Para que possam compreendê-lo, falarei sobre o princípio da reencarnação.
Após a morte, o espírito vai para o Mundo Espiritual, isto é, nasce nesse mundo.
Referindo-se à morte, os budistas usam a expressão “Oodyoo”, que significa “vir
para nascer”. Analisando do ponto de vista do Mundo Espiritual, é realmente o que
acontece. Ali se efetua a purificação das máculas acumuladas no Mundo Material,
e os espíritos que atingiram certo grau de purificação voltam a nascer neste mundo,
ou melhor, reencarnam. Todavia, há pessoas perversas que se arrependem ao
morrer, seja por medo do castigo, seja por outros motivos. Tendo compreendido
que o homem nunca deve praticar o mal, fazem o firme propósito de se tornarem
virtuosas na próxima vida e, quando reencarnam, praticam realmente o bem.
Vemos, pois, que, embora alguém seja muito bom nesta vida, na encarnação
anterior pode ter sido um grande perverso.
Muitos homens, enquanto estão vivos, não acreditam na vida após a morte e,
depois que morrem, não conseguem se integrar no Mundo Espiritual. Pelo apego à
vida, reencarnam antes de estarem suficientemente purificados e sofrem várias
purificações no Mundo Material, pelas máculas que ainda restam em seu espírito.
Como o sofrimento é uma ação purificadora, um homem pode ser infeliz apesar de
ter sido bom desde que nasceu. Os defeituosos de nascença, como por exemplo
cegos, mudos e aleijados, são pessoas que tiveram morte violenta na encarnação
anterior e reencarnaram antes de concluída a purificação.
Um caso interessante e freqüente de reencarnação é o de crianças que nascem
com feições de velho. Isso acontece porque elas morreram idosas na vida anterior
e reencarnaram precocemente; só dois ou três meses após o nascimento é que
tomam feições de bebê.
Ocorre, ainda, o caso do reflexo das más características dos pais sobre um dos
filhos, o qual se torna perverso, ao passo que num outro se reflete a consciência,
ou melhor, o lado bom dos pais, e por isso este filho se torna bondoso. Acontece
também com freqüência que, tendo os pais enriquecido ilicitamente, um filho se
torne esbanjador, gastando dinheiro como água, até acabar com a fortuna da
família. Como se trata de riqueza ilícita, os ancestrais escolhem um descendente
que, dilapidando essa riqueza, na verdade está trabalhando para salvar a família.
Desconhecendo essa verdade, as pessoas acham que tal filho é desprezível; por
isso, ele é digno de pena. (...)
Alicerce do Paraíso: “Elo Espiritual” – (25/01/49)
“Abençoado pela Luz de Deus, tornei-me uma pessoa que vive em paz e
harmonia com o próximo.”
(...) Ultrapassar a grande fase de transição significa ser aprovado no exame Divino,
e a Fé é o único caminho para obtermos aprovação. As qualificações para
ultrapassar essa fase são as seguintes:
a) tornar-se um homem verdadeiramente sadio, e não apenas na aparência;
b) um homem que se libertou da pobreza;
c) um homem de paz, que odeia o conflito.
Deus resguardará aqueles que tiverem essas três grandes qualificações e deles se
utilizará, como entes preciosos, no mundo que vai surgir. Certamente não há
discordância entre os desígnios de Deus e os ideais do ser humano. Portanto,
haverá um caminho que permita estabelecer as condições requeridas. Mas como
poderemos obtê-las?
Nossa Igreja tem por objetivo orientar as pessoas e transmitir-lhes a Graça Divina,
possibilitando-lhes criar tais condições.
Alicerce do Paraíso, “O que é a Igreja Messiânica Mundial” – (25/01/49)
Quando se trata de uma doença que não acarreta risco de vida, é diferente, mas,
quando houver a cura de uma doença que compromete a vida, significa que a
pessoa ganhou uma nova existência. Portanto, ela achar que é sorte e ficar
ocupando-se em ganhar dinheiro ou coisa semelhante, significa utilizar em
benefício próprio a vida que lhe foi especialmente concedida. Como sempre digo, já
que a vida é sua, a pessoa acaba pensando que se trata de um patrimônio próprio.
Aí se observa uma grande diferença.
Tempos atrás, um senhor de idade avançada, que trabalhava numa mina, estava
condenado a morrer, devido a uma doença cardíaca, mas foi salvo. Então, ele
disse que iria trabalhar firmemente para Deus, porém, sem que eu soubesse, voltou
para a mina. Como não o visse há algum tempo, pensei: “Como estará passando
aquele senhor?” Sendo um grande capitalista e administrador, ele tinha ido à mina,
mas, não se sentindo bem, voltou correndo. Depois de receber nosso tratamento,
melhorou. Aí eu pensei que desta vez ele não retornaria à mina, mas me enganei.
Como o fato tornou a se repetir, eu disse que o deixassem de lado, porque ele não
tinha mais jeito; pouco tempo depois, ele morreu. Essa pessoa não valorizava muito
a sua vida; até dava pena ver. É raro encontrar alguém assim, mas ouço falar
freqüentemente sobre casos semelhantes. Vejo muitos exemplos em Experiências
de Fé. A pessoa sara de uma doença grave e diz que Deus é extraordinário, mas,
quando sobrevém a repurificação, procura o médico. Faz inúmeros tratamentos e,
piorando, resolve recorrer a Deus novamente. Então, sara e, desta vez, finalmente
entende.
Esse tipo de pessoa realmente dá muito trabalho, mas existe muita gente assim.
Doravante, devem alertar sobre esse ponto aqueles que receberam grandes graças
e tiveram suas vidas salvas. Dessa maneira, a repurificação diminuirá
sensivelmente. Se ela acontecer, devem explicar o porquê, esclarecendo à pessoa
que é devido ao motivo acima.
Em geral, qualquer que seja a doença, uma vez que ela sara, não há motivo para
ressurgir em forma mais grave. Se aparecer pela segunda vez, deverá ser mais
leve. Entretanto, há muitos casos em que a repurificação é mais pesada. Isto
significa que quem está errado é o homem.
Coletânea de Ensinamentos vol. 22 – (15/05/53)
“Ainda que eu não passe de um pequenino grão de areia, recebei, meu Deus,
minha sincera gratidão materializada.”
“Meu lar, apesar de tão pequeno, tornou-se um Paraíso, pela graça de Deus.”
“Como estou agradecido! Fui salvo, e hoje meu lar é o Paraíso neste mundo.”
Cada coisa tem seu sabor. A matéria, o homem, a vida cotidiana com suas
múltiplas facetas, tudo, enfim, tem um sabor peculiar. Se excluirmos da vida o
sabor, ela perderá sua atração e o homem não terá mais vontade de viver.
No campo religioso também existem religiões que têm sabor e as que não o têm.
Pode parecer estranho, mas há religiões que despertam verdadeiro pavor. Nelas,
os adeptos vivem sob o constante temor das divindades, aprisionados pelos
dogmas, não gozam da menor liberdade. A esse tipo de Fé, eu denomino “Fé
Infernal”.
O objetivo da Fé é alegrar a vida, dar-lhe tranqüilidade e permitir que se desfrute do
sabor de viver. Então as coisas da natureza se transfiguram: as flores, o vento, a
lua, o cântico dos pássaros, a beleza das águas e das montanhas passam a ser
vistos como dádivas de Deus para alegria das criaturas. E passamos a agradecer
os alimentos, o vestuário e a casa em que vivemos, considerando-os como
bênçãos, e a simpatizar com todos os seres, mesmo os irracionais e os
inanimados. Sentimos que até o pequenino verme da terra se acha próximo de
nós... É o estado de êxtase.
A Religião deve levar o homem à despreocupação, que é o estado ideal. Se ele
enfrenta um problema, que aprenda a deixá-lo nas mãos de Deus, tão logo sejam
aplicados os recursos humanos para a sua solução. Eu procedo assim: aquilo que
me parece difícil e incompreensível, remeto aos cuidados do Absoluto – e dou
tempo ao tempo. Numerosas experiências minhas demonstraram que tal prática dá
resultados além dos esperados. Mais ainda: eles ultrapassam todos os desejos
formulados. Por isso, quando surge algo desagradável, confiando em Deus, eu logo
admito que é prenúncio de bons acontecimentos. Acho interessante quando
compreendo, depois, que o mal aparente determinou a vinda do bem. Então as
preocupações se tornam ridículas, sinto-me grato e percebo que minha vida é um
contínuo milagre...
Eis o que chamo de maravilhoso Sabor da Fé.
Alicerce do Paraíso, “Sabor da Fé” – (25/01/49)
DOENÇA
Para construir o mundo sem doença, pobreza e conflito que sempre temos
pregado, devemos resolver, em primeiro lugar, a questão principal: viver com
perfeita saúde.
Sem saúde, não existe salvação. Há pessoas que se dizem salvas mesmo sofrendo
por doenças, mas trata-se de um grande erro. Embora estejam salvas
espiritualmente, não o estão fisicamente, ou seja, a salvação realizou-se apenas
pela metade. Isso acontece porque as religiões tradicionais só conseguem salvar o
espírito, não chegando até a matéria, o que mostra o quanto elas carecem de força.
Eis a razão pela qual durante longo tempo se considerou que as religiões deveriam
cuidar apenas da salvação espiritual. Os próprios teólogos acabaram por
estabelecer a esperta teoria de que as religiões que procuram salvar o corpo são
heréticas. Baseados nessa visão contraditória, eles espalharam a versão,
absolutamente errada, de que as religiões que se empenham em curar doenças ou
salvar as pessoas da pobreza são de baixo nível, por visarem apenas os benefícios
materiais.
Acontece, porém, que os messiânicos recebem abundantes graças materiais, o que
seria impossível através de qualquer religião tradicional. Recebendo Johrei,
doentes que não obtiveram a cura por nenhum outro método, melhoram
rapidamente e se recuperam. Um fato surpreendente como esse constitui um
grande problema para os médicos. Diante de tais resultados, é natural que a nossa
Igreja tenha alcançado um progresso notável, mesmo sob a crítica de todos os
setores da sociedade.
Os ministros da nossa Igreja não têm intenção de curar doentes. Eles apenas
purificam o espírito da pessoa através do Johrei, a pedido dela própria. Purificando-
se o espírito, a doença se cura naturalmente. Portanto, não se cura a doença; ela
sara. Esse é um aspecto importantíssimo. Quais são, então, os pontos em que
infringimos as leis e prejudicamos a sociedade? É realmente algo que não
podemos compreender.
Tenho recebido muitas cartas de agradecimento relatando curas através do Johrei.
O número de cartas é tão grande que as páginas da revista mensal “Tijô-Tengoku”
e do semanário “Hikari” são insuficientes para publicá-las. Isso atesta a quantidade
de pessoas que têm sido salvas, mostrando, assim, o quanto temos contribuído
para o bem-estar social. Gostaria até que fizessem uma pesquisa para comprovar a
veracidade do que estou dizendo. Quanto aos relatos daqueles que foram salvos,
não há a menor intenção de exagerar, pois temos como princípio que as próprias
pessoas narrem os fatos, exatamente como eles ocorreram. Quando alguém não
pode escrever, a experiência é feita através de relatório oral, o qual será transcrito.
O nome e o endereço das pessoas são fornecidos com todos os detalhes, e, se
alguém duvidar, o melhor é visitá-las pessoalmente e fazer-lhes perguntas diretas.
Temos trabalhado com o grande objetivo de construir o Novo Japão, mas há
criaturas extremamente levianas que, não sei se consciente ou inconscientemente,
procuram criar-nos as maiores dificuldades, o que é uma atitude lamentável. Só
porque a força capaz de salvar o homem do grande sofrimento representado pela
doença é superior à dos tratamentos existentes, elas procuram esmagar-nos por
todos os meios. Não sei como avaliar tais pessoas e esforço-me para encontrar um
termo adequado a elas. Na verdade, não seria o caso do povo e do governo
louvarem e incentivarem a atividade que estamos desenvolvendo? Isto porque, à
medida que o Johrei da nossa Igreja for difundido ativamente, a tuberculose, as
doenças transmissíveis e todas as demais que a Medicina não consegue
solucionar, se reduzirão gradativamente. Isto está se evidenciando claramente;
portanto, o surgimento de um Japão saudável não é nada difícil. Nesse sentido, os
obstáculos a todas as atividades de salvação desenvolvidas, atualmente, pela
nossa Igreja, não constituem senão um fator de atraso do surgimento de um Japão
saudável; desse modo, eles representam um grande mal social. Oramos com todo
fervor para que as pessoas despertem o quanto antes em relação a isso.
Jornal Hikari nº 3, “Purificando-se o espírito, as doenças saram” – (30/03/49)
O Mundo Espiritual está dividido em níveis, por isso ele se reflete de acordo com o
nível. Nível é o local onde se posiciona a alma humana. Entretanto, como é a alma
que domina o corpo, o local onde ela se posiciona é a sua qualificação.
Posicionando-se a qualificação da alma no nível superior, significa que não haverá
qualquer sofrimento. Até agora, o homem tem se sujado com máculas, toxinas
medicinais e muitas outras coisas, de modo que é necessário ele eliminar todas
essas impurezas.
Quando a pessoa ingressa nesta Fé, sua alma eleva-se a um nível superior. Se
somente a alma receber Luz, as sujeiras existentes no corpo físico não
corresponderão ao posicionamento da alma, e por isso elas precisam ser
purificadas e eliminadas, para que o corpo fique na mesma posição em que a alma
se encontra. Isso é a purificação. Assim, a purificação após o ingresso na Fé e a da
época em que a pessoa não era membro têm sentidos diferentes. É preciso que
saibam essa diferença. A purificação da época em que a pessoa não é membro
ocorre naturalmente, com a finalidade de preservar-lhe a saúde. Se não ocorrer tal
purificação, a pessoa acaba perdendo a vida. Ocorre, portanto, uma purificação
natural para que o homem possa viver e trabalhar o máximo possível. A purificação
natural é a limpeza efetuada por meio de tormentos e sofrimentos.
Coletânea de Ensinamentos vol. 30 – (27/01/54)
“Ainda que se consiga curar a doença através da oração a Deus, não se deve
menosprezar o trabalho dos médicos.”
(Nidai-Sama)
Para explanar sobre o assunto, devo dizer inicialmente que a verdade, em matéria
de saúde, está na adaptação e no respeito à Natureza. Essa é a condição
fundamental.
Antes de mais nada, deve-se pensar: com que objetivo Deus criou o homem?
Segundo nossa interpretação, foi para construir um mundo perfeito, de Verdade,
Bem e Belo. É de se esperar, entretanto, que uma teoria como essa não seja aceita
com muita facilidade. Evidentemente, não se sabe se levará dezenas, centenas,
milhares ou até milhões de anos para se concretizar o mundo ideal. Todavia,
observando os fatos do passado, vemos claramente que o mundo vem caminhando
passo a passo neste sentido; ninguém poderá negá-lo. Deus é o espírito, e o
homem é a matéria; ambos, o espírito e a matéria, em trabalho conjunto, estão em
infinita evolução, tornando-se desnecessário dizer que o homem existe como
instrumento de Deus para a construção do Mundo Perfeito. Conseqüentemente,
sua responsabilidade é enorme.
A condição fundamental para a execução dessa obra grandiosa é a saúde. Deus
atribuiu uma missão a cada pessoa, concedendo-lhe, logicamente, a saúde
necessária para cumpri-la. Com efeito, se o homem estiver doente, significa que o
sagrado objetivo de Deus não será alcançado. Tomando por base este princípio,
concluiremos que a saúde é inerente ao homem, devendo ser o seu estado normal.
O estranho é as pessoas serem acometidas de doenças com tanta facilidade, ou
seja, ticarem em estado anormal. Sendo assim, apreender claramente os princípios
da saúde e fazer o homem retornar ao estado normal está coerente com o objetivo
de Deus.
Mas o que descobrimos ao examinar o corpo humano em estado anormal? Em
primeiro lugar, ressalta que ele está em desacordo com a Natureza. Perceber a real
situação desse estado antinatural, corrigi-lo, fazendo voltar a normalidade, é a
verdadeira Medicina. E mais: tornar possível esse retorno é a forma existencial da
correta Medicina. Passarei, portanto, a explicar o que vem a ser o estado
antinatural.
Quando nasce, o homem alimenta-se com o leite materno ou com leite animal, pois
ainda não tem dentes, e seu aparelho digestivo, recém-formado, é muito frágil.
Gradualmente, porém, nascem-lhe os dentes, e, à medida que suas funções
orgânicas se desenvolvem, ele começa a ingerir alimentação adequada. Existe uma
variedade de alimentos, cada um com sabor característico, sendo que o homem é
dotado de paladar para comê-los com prazer. Além disso, o ar, o fogo e a água
existem em proporções adequadas à saúde, de modo que tudo está ordenado de
maneira realmente perfeita. Quanto ao corpo humano, vejamos: do cérebro nascem
a razão, a memória e o sentimento; os objetos são criados com as mãos; a
locomoção é feita livremente, por meio dos pés, e o corpo está provido de partes
muito necessárias, como cabelos, pele, unhas, olhos, nariz, boca, ouvidos, etc.
Acrescente-se a isso que o corpo todo, a começar pela face, está recoberto de
pele, que ressalta sua beleza. Um rápido exame já evidencia que o ser humano é
uma obra maravilhosa; analisando-o mais profundamente, concluiremos que ele é
um milagre da Criação, difícil de se expressar com palavras.
As flores, as folhas, a beleza dos rios e das montanhas, os pássaros, os insetos, os
peixes e outros animais não podem deixar de ser admirados como obras
extraordinárias da Arte Divina, mas o homem é, inegavelmente, a obra-prima do
Criador. Principalmente no que se refere ao processo de procriação, como
preservação da espécie, a Providência é tão hábil, que não encontramos palavras
para exprimir sua perfeição. Ora, sendo o homem a obra máxima de Deus,
devemos pensar, séria e profundamente, que erros, que ações antinaturais
estamos cometendo para a ocorrência das anormalidades chamadas doenças, as
quais impedem suas atividades. Homens, eis um ponto importantíssimo, sobre o
qual devem fazer uma profunda reflexão.
Coletânea Série Jikan vol. 10, “A Verdade sobre a Saúde” – (20/04/50)
“Quão tolo é aquele que tenta curar a doença sem ter noção de sua
verdadeira causa!...”
(...) Desde os tempos antigos está determinado que a doença deve ser curada
pelos médicos e pelos remédios. Como o homem da atualidade, que confia
somente na Ciência e tornou-se fiel ao princípio da Ciência Superior, sofre para
entender, é lógico que ele tenha vontade de fazer perguntas. A propósito disso, é
de suma importância, antes de tudo, conhecer a relação entre a Medicina e a
Ciência.
Realmente, todas as coisas podem ser solucionadas através da Ciência, com
exceção da Medicina, que está por demais fora do alvo. Isto porque o homem e
todas as coisas além do homem são fundamentalmente diferentes. Antes de mais
nada, o homem é um ser de nível superior entre todas as criaturas. Realmente é
um grande mistério, absolutamente incompreensível por meio da inteligência
humana. Entretanto, como a Ciência desconhece totalmente a profundidade desse
ponto, considera o homem um animal. Ela veio objetivando apenas o corpo físico,
que é matéria; portanto, entende que a doença é prejudicial ao corpo físico. Sua
maneira de pensar é extremamente simples, pois tenta curar a doença por meio de
medicamentos e de máquinas. Mas a realidade não é tão simples assim. No
homem existe, espiritualmente, um corpo sólido muito mais importante que o corpo
físico, denominado força de vida. Esta, encontra-se numa relação muito íntima com
o corpo físico, por isso o homem consegue viver e trabalhar. Todavia, como o
espírito equivale quase ao nada, a Ciência material não conseguiu detectá-lo.
Dessa forma, ao observar, por exemplo, a dissecação de um cadáver, podemos
compreender muito bem que a Ciência veio se dedicando somente à pesquisa do
corpo físico. Embora se diga que ela progrediu, como se trata de progresso
unilateral, ele é coxo, de modo que todos os esforços serão em vão.
Como dissemos, o homem está constituído de espírito e matéria. O espírito é
primordial, e a matéria, secundária. Essa é a lei universal. Quanto à doença, as
toxinas existentes no corpo físico refletem-se no corpo espiritual e transformam·se
em máculas. Aí surge a purificação natural, e as máculas são eliminadas. Ao
mesmo tempo, elas se refletem novamente no corpo físico. Conseqüentemente, as
toxinas são dissolvidas e eliminadas. A isso se denomina doença. A primeira é
ação horizontal, baseada na Lei de Identidade Espírito-Matéria, e a segunda, ação
vertical, baseada na Lei do Espírito Precede a Matéria. É importante que se
compreenda bem essa teoria.
Mas qual é a verdadeira essência da mácula? Denomina-se mácula uma opacidade
surgida no espírito, a qual é incolor e transparente. Ela é a verdadeira causa da
doença; por isso, eliminando-se a mácula, evidentemente a doença será curada.
Esse método é o Johrei. De acordo com os ideogramas que compõem a palavra, é
um método de purificar as máculas do espírito. E esta é a verdadeira Medicina.
Portanto, devem compreender que, além do Johrei, todos os outros tratamentos
são uma antimedicina.
O que acabamos de expor é o princípio fundamental da origem da doença e o seu
tratamento. Em suma, a doença é o sintoma que se manifesta na parte externa, e a
causa da doença está nas máculas localizadas na parte interna. A eliminação das
máculas vem a ser o verdadeiro método de tratamento da doença. No entanto, por
desconhecer esse princípio, a Medicina considera que basta eliminar o sintoma que
se manifesta. Mesmo que haja um efeito, é temporário, e disso, os médicos têm
tido experiência constante. (...)
Jornal Eiko nº 243, “O Johrei é tratamento científico” – (13/01/54)
“Sendo a doença uma ação para purificar o corpo e a alma, ela é a maior
bênção de Deus.”
“O ser humano não foi criado pelo homem, e sim por Deus.”
O homem foi criado por Deus, sendo desnecessário dizer que ele não foi criado por
um erudito ou por um técnico. Portanto, quando o homem fica doente, a lógica
natural é que ele seja curado por Deus; tentar curá-lo por meio de remédios e
aparelhos é um cálculo completamente errado. Ao invés de se dizer “obter a cura”,
deve-se dizer “obter a salvação de Deus.” Sendo assim, a posição da pessoa que
será salva e a posição da pessoa que irá salvá-la é por si mesma diferente. Ou
seja, uma das duas é inferior e a outra é superior. Nem é preciso dizer que a parte
superior é aquela que irá salvar. Em termos concretos, o doente é a parte que será
salva, e o tratamento médico, a parte que irá salvar. Dessa forma, visto que o
tratamento médico utiliza aparelhos e remédios, significa que a posição do homem
ficará abaixo da matéria, que são os aparelhos e os remédios. O remédio extraído
do musgo verde, que está em moda ultimamente, fica acima, e o homem fica
abaixo. Ora, se o musgo verde salva a vida do homem, é deveras lamentável,
porque significa que o homem se iguala a um pequeno verme.
Os opositores irão dizer que, sendo necessário à sobrevivência do homem, o
alimento está acima do homem, o que não deixa de ter lógica. Entretanto, o fato de
um homem que estava destinado a morrer ter a vida salva é completamente
diferente. A cura da doença não tem relação com o alimento. Para livrar-se do
perigo da morte, obviamente o homem deverá ser salvo por Deus, que é o Senhor
Criador. Como eu já disse uma vez, se por acaso foi o médico que curou o doente,
este deve colocar sua fotografia no Altar e reverenciá-lo; se o doente foi salvo com
remédios e injeções, deve se ajoelhar três vezes e fazer nove reverências para
esses remédios e injeções; se foi salvo por uma operação, deve considerar o
bisturi, a pinça, os desinfetantes e outros objetos como tesouros perpétuos da
família e transmiti-los de geração a geração. É o que dá vontade de dizer, mas
mesmo que as pessoas da atualidade leiam isto, creio que apenas irão rir com
desdém. Se aqueles que agissem assim estivessem cheios de vigor, eu não diria
nada; no entanto, é gripe, disenteria, encefalite, tuberculose, câncer, paralisia
infantil, cárie da espinha, doenças do coração, apendicite, amigdalite, etc. A
situação é cômica e, ao mesmo tempo, trágica, visto serem tantas as doenças que
nem dá para citar todas elas. Sendo assim, não há erro nas minhas palavras, por
isso é preciso as pessoas se conscientizarem do que eu acabo de dizer.
Jornal Eiko nº 195, “A lógica que não é lógica” – (11/02/53)
“Como eu me sinto grato, meu Deus, por ter sido escolhido, através da
doença, para servir na Vossa Obra!”
Volto a ventilar o assunto de que o homem foi criado para construir o Mundo Ideal
planejado por Deus. Ele só trabalhará com saúde, sem desgraças, em ambiente
satisfatório, se conseguir identificar-se com este objetivo Divino. Eis a Verdade
Eterna.
O ser humano carrega não só as suas próprias máculas, como as de sua raiz
familiar. Além disso, mesmo sem saber, ele absorve substâncias tóxicas,
aumentando, inevitavelmente, o número de suas enfermidades. Ora, a existência
de pessoas doentes e, conseqüentemente, inúteis para a Obra Divina, constitui um
prejuízo para Deus. Por isso, é lógico que Ele deseje curá-las; nem precisaríamos
preocupar-nos com o assunto. No entanto, os que ignoram esse aspecto, julgam
que os remédios sejam o único recurso contra as doenças, e nada mais fazem que
reprimi-las. (...)
Alicerce do Paraíso, “Conheça a Vontade Divina” – (02/12/53)
A VONTADE DE DEUS
“Desejo que salve minha vida, desejo que cure minha doença”. A pessoa pedindo
assim, Deus poderá dizer: “Você está na Fé, não está? Portanto, de minha parte,
darei um jeito. Não é preciso pedir com tanto apego. O fato de me acharem assim
tão desumano, não é nada agradável. Se você veio solicitar minha ajuda, farei
qualquer coisa para salvar sua vida”.
Nas religiões tradicionais, que dizem que o homem será salvo se tomar banhos,
jejuar, rezar 100 vezes etc., o deus não é verdadeiro. É Satanás, sem dúvida. O
Amor de Deus é grande e profundo, por isso a salvação depende do homem.
Desde que o homem confie e recorra a Deus, deixando a vida por Sua conta, Ele
não pode deixar de salvá-lo. Uma vez que o problema foi entregue em Suas mãos,
a responsabilidade de Deus torna-se mais pesada. Assim, da Sua parte, a salvação
torna-se bem mais fácil. Quanto a esse modo de pensar, é, sem dúvida, Daijo e
Shojo. Deus salva, a qualquer custo, as pessoas que lhe são úteis. Aquelas que O
atrapalham ou são inúteis, Ele deixa de lado e espera pelo tempo certo, até que
elas ganhem compreensão. Deus tem um poder incrível; portanto, basta Ele querer,
que poderá salvar facilmente. A dificuldade está em reunir pessoas que tenham
condições para serem salvas. Por isso, é preciso que o homem adquira essas
condições.
Coletânea de Ensinamentos vol. 23 – (27/06/53)
(Nidai-Sama)
“Há fatos que, pela visão do homem, são um bem, mas que estão em
desacordo com a vontade de Deus.”
Diferente das Igrejas “Shojo” que apareceram até agora, a nossa Igreja não tem
exigências maçantes; portanto, se compreenderem o seu verdadeiro significado,
poderão ultrapassar sem qualquer problema os períodos críticos. O mais
importante é não definir as coisas de modo “Shojo”. Para entender isso mais
facilmente, basta pensar que não se consegue entender nada através do
pensamento humano. Entretanto, as pessoas de pensamento “Shojo” criam suas
próprias teorias e acham que elas é que estão certas. Por esse motivo, apesar de
se esforçarem bastante, acabam errando.
A esse respeito, há um ensinamento interessante na Religião Oomoto: “Existem
muitas coisas que as pessoas acham certas, mas aos olhos de Deus estão
erradas”. Por isso aquilo que, às vezes, achamos ser um bem, na realidade, acaba
sendo um empecilho para Deus. E isso acontece porque achamos que o nosso
pensamento é correto. Pensar assim é presunção. Portanto, o ensinamento da
Oomoto faz uma grande advertência sobre a presunção e a interpretação errada.
Há também o seguinte ensinamento: “Não faço planos tão mesquinhos que possam
ser entendidos pelos olhos humanos. Quem pensa que não entende as coisas do
Mundo Divino é que realmente as entende”.
Lendo os meus Ensinamentos, em algum lugar encontrarão a resposta que
precisam; portanto, se raciocinarem com base nos Ensinamentos, não terão
nenhuma dificuldade. É mais cômodo. Quem está praticando ações erradas,
encontra obstáculos, sacrifica-se fazendo coisas penosas. Mas isso acontece
porque o que faz não está correto. O certo é as coisas correrem com facilidade. Aí
está a diferença entre a nossa Igreja e as religiões existentes até agora.
Coletânea de Ensinamentos vol. 23 – (16/06/53)
O BEM E O MAL
“Quando a prática do bem, seja ela qual for, é realizada por pessoas
agnósticas, na maioria das vezes visa apenas a própria pessoa.”
(...) Existem pessoas que deixam de praticar ações condenáveis, entre outros
motivos, por estes dois: por autodefesa, pois, apesar de pretenderem o mal, temem
o descrédito da sociedade, e por covardia, não obstante desejarem os seus
proveitos. Por outro lado, muitos praticam o bem por conveniência, sabendo que as
boas ações conquistam simpatia e são compensadoras; ou melhor, praticam o bem
na esperança de retribuição. Isso não passa de uma transação, pois essas
pessoas vendem favores para comprar gratidão. Tais ações não oprimem o
próximo nem afetam a sociedade, sendo melhores que as más, porém não são
verdadeiramente benéficas. Portanto, perante Deus, cujo olhar penetra no intimo do
homem, nelas não há honestidade. A dúvida quanto a isso é decorrente da
superficialidade do ponto de vista humano. Essas atitudes são perigosas, próprias
dos que não crêem no Ser Invisível; os que as praticam são levados, no momento
oportuno, a cometer algum mal que possa passar despercebido na sociedade.
Ao contrário, quem realmente crê em Deus, não se deixa ludibriar por”brilhantes
perspectivas”. Ainda que seja considerado um homem de bem, do ponto de vista
terreno e objetivo, se o individuo não crê em Deus, situa-se na esfera do Mal, visto
estar propenso a transformar-se num mau elemento a qualquer instante.(...)
Alicerce do Paraíso, “O bem e o mal” – (25/01/49)
“Quem cochicha aos ouvidos dos outros não merece confiança.”
“As pessoas que vivem corretamente são alegres. Nelas não existem frestas
para o Mal penetrar.”
Uma vez que o ser humano olha só o lado superficial das coisas, fica preso apenas
às formas. Ele pensa: “As pessoas irão pensar assim ou assado daquilo que eu fiz”.
Esse é um problema sério. Por isso eu digo que não se deve objetivar o homem, e
sim, Deus. Não há necessidade de sermos queridos pelos homens. Devemos ser
arnados por Deus. Entretanto, as pessoas querem ser amadas pelos homens. A
sociedade em geral é assim, mas Deus é diferente. Muitas vezes, nas outras
religiões, quando a pessoa doa dinheiro, por exemplo, ela o faz publicamente,
colocando nome e quantia numa tabuleta. Na nossa Igreja não se fica sabendo
nada sobre essas coisas; não sabemos quem e quanto se ofertou. Aliás, de nada
adianta uma pessoa doar determinada quantia para mostrar-se importante. Nós
pensamos no reconhecimento de Deus, e não no reconhecimento dos homens. No
reconhecimento de Deus – quero ressaltar esse ponto. Logo, devemos ter o
pensamento centralizado em Deus, para sermos amados somente por Ele e para
sermos do Seu agrado. Quando temos esse pensamento, a proteção é sempre
maior.
Coletânea de Ensinamentos vol. 9 – (15/04/52)
“A virtude ostensiva não é a verdadeira virtude. Só a virtude oculta comunica-
se com Deus.”
“Mesmo que a pessoa consiga ocultar-se dos olhos dos outros, não poderá
ocultar-se dos seus próprios olhos.”
Por volta dos doze ou treze anos, eu morava no bairro Senzoku, de Assakussa.
Meu pai era vendedor de objetos usados e eu lhe fazia companhia. Na época, havia
uma loja de objetos usados, a melhor de Assakussa, cujo dono se chamava
Hanagame (flor-tartaruga). Esse nome é abreviação de “Hanakawado ni sumu
Kame-san” (Sr. Tartaruga que mora no Portal do Rio das Flores). Hanagame ficara
completamente cego por volta dos sessenta anos. Ainda me lembro perfeitamente
da sua história, pois meu pai a contava sempre. A história é a seguinte:
Hanagame ficara cego por castigo dos Céus. Quando ele tinha meia-idade, um
bonzo famoso, responsável por um templo do Estado de Shizuoka, alugou o recinto
do Templo Kannon de Assakussa para uma exposição de grande envergadura, da
Imagem do seu templo. Mas foi infeliz. Ao contrário de sua expectativa, teve um
grande prejuízo e, não podendo retornar à sua terra, sem outra alternativa, deixou a
Imagem de Kannon como garantia e fez um empréstimo com Hanagame. Meses
depois, juntando o dinheiro necessário, o bonzo procurou-o, conforme o prometido,
para pagar a dívida e reaver a Imagem. Mas Hanagame lhe disse: “Não me lembro
absolutamente, deve haver algum engano”, e nem lhe deu atenção. O bonzo, num
beco sem saída, amaldiçoou-o e enforcou-se em frente à casa dele. Hanagame
vendera a Imagem a um estrangeiro por uma quantia elevada e, desde então,
ampliara sua loja.
Evidentemente, o rancor e a maldição do bonzo foram os causadores da cegueira
de Hanagame. Além do mais, seu único filho tornou-se um alcoólatra depravado,
que gastou toda a fortuna da família em poucos anos, tendo deixado a casa sem
que ninguém soubesse mais de seu paradeiro. Em conseqüência, Hanagame ficou
extremamente pobre e vivia com grande dificuldade, dependendo da ajuda de
parentes. Na época, eu o via freqüentemente, andando pela cidade, guiado pela
sua esposa, já idosa.
Nas vizinhanças, também morava um homem chamado Watanabe Guinjiro,
conhecido pelo apelido de Kyoguin, o qual era forrador de papel (em portas
corrediças, quadros etc.). Ele também ficou cego, por volta dos sessenta anos. Eu
ia sempre brincar na sua casa e ele me tratava com muito carinho. O motivo que o
levou à cegueira foi o seguinte:
Kyoguin era um excelente forrador de papel e muito hábil em falsificações. Ele
entrou de sócio com um pintor perito em falsificar quadros antigos, principalmente
obras de Ookyo, Hoitsu, Zeshin, etc. Quando eu ia brincar na sua casa,
freqüentemente via os dois fazerem as falsificações. Kyoguin era extremamente
hábil em toques de antigüidade, especialmente no que se refere a partes comidas
por bichinhos, as quais pareciam realmente verdadeiras. Na casa dele havia um
quarto onde não era permitida a entrada de ninguém. Como eu lhe perguntasse o
porquê dessa proibição, ele respondeu que era para as pessoas não verem a
falsificação que fazia as obras parecerem comidas por bichinhos. Assim, diziam
que a cegueira de Kyoguin era castigo dos Céus, pelo fato dele ter ganho muito
dinheiro através de falsificações feitas ocultamente. Embora eu fosse criança na
época, compreendi como é rigoroso o castigo dos Céus.
Por volta dos trinta anos, contratei uma empregada. Era uma moça muito bonita, de
dezoito ou dezenove anos, mas lamentavelmente havia perdido um dos olhos.
Baseado nos dois exemplos anteriormente citados, imaginei que aquilo era
causado por algum pecado e perguntei-lhe como ficara cega. Ela disse que, no
início da Era Meiji, quando apareceu no Japão o coral falso fabricado com
borracha, seu pai ganhara muito dinheiro com a venda desse material em várias
regiões. Aí está a causa, pensei comigo mesmo. O motivo da cegueira da moça foi
uma bala de espingarda de pressão, disparada por brincadeira pelo menino da
casa onde ela trabalhava anteriormente.
Coletânea Série Jikan vol. 5, “A história de duas pessoas cegas” – (30/08/49)
“Olhos que vêem o Bem como Bem e o Mal como Mal: eis a correta visão.”
Interlocutor: Para discernir as coisas, acho que o homem deve ter uma
sistemática.
Meishu-Sama: Sistemática no sentido científico?
Interlocutor: De que forma devo pensar para obter um discernimento de acordo
com a Vontade Divina sem cair nos extremos?
Meishu-Sama: Conseguir discernir o que é o Bem e o que é o Mal, não é mesmo?
Se conseguir, tudo bem.
O egoísmo é a medida para se definir o que é Bem e o que é Mal. Fazer os outros
sofrer para auferir benefícios próprios, causar danos a terceiros, é Mal. Beneficiar o
próximo, melhorar o mundo, deixar os interesses pessoais relegados a segundo
plano, colocando os interesses das outras pessoas e da sociedade em primeiro
lugar, é Bem. Por isso, quando se analisa: “Com o que estou fazendo, quantas
pessoas sofrem? Quantas pessoas se alegram e se tornam felizes?”, pode-se
entender o que estou dizendo. Se tirarmos a comida dos outros, eles não poderão
comer: isso é Mal. Ao contrário, se eles forem alimentados, ficarão alegres: isso é
Bem. É simples. Não há nenhuma forma. Por ser tão simples e compreensível, não
há necessidade de se estabelecerem definições ou teorias.
Registro de Orientações vol. 27 (01/12/53)
“Ignorantes são aqueles que semeiam o Mal e não sabem por que colhem
sofrimentos.”
Interlocutor: Admitindo-se que a pessoa esteja numa posição correta, qual das
atitudes é melhor, é mais humana: ter personalidade, mas, por detestar o conflito,
ficar estática, esperando pela chegada do tempo certo, ou discutir com a outra, não
se sentindo satisfeita enquanto não determinar o certo e o errado?
Meishu-Sama: Depende da circunstância, não se pode determinar qual das duas.
Há ocasiões em que se deve ficar estático, em que a discussão não deve ocorrer,
pois esse caminho força a extinção do conflito, não é verdade? Se a pessoa está
equivocada, devemos esclarecê-la. Caso ela não consiga compreender, devemos
esperar pelo tempo certo. Se as pessoas não conseguirem solucionar o problema
através da discussão, acabarão se agredindo fisicamente. (risos).
Registro das Palavras de Luz vol. 15 – (20/12/49)
Quando as pessoas dizem certas coisas, tentamos de qualquer forma fazer valer a
nossa própria opinião, mas isso não é bom. É melhor passar por bobo.
Digo sempre para serem dóceis, obedientes, pois quem se torna dócil, no final
vence. Aquele que tenta subjugar, acaba subjugado. Dizem que quem perde é
quem ganha. Numa discussão, a parte que perde, é que obtém a vitória. Isto
porque o lado que começou a discussão expôs a sua opinião, e nada mais tem a
dizer; ele não sabe o que o lado oposto, que perdeu docilmente, tem em seu poder.
O vencedor fica com medo. O perdedor não sente nada. A pessoa que passou por
maus bocados, por um momento tem medo, mas, com o correr do tempo, a
preocupação acaba. Além do mais, como ela acha que a outra parte está satisfeita,
tranqüiliza-se. A parte que a fez passar por maus bocados fica inquieta, pensando:
“Acho que ela está com raiva. Será que vai se vingar de mim?” Portanto, o lado que
perde está sempre ganhando. É bom perder em tudo, deixando que os outros
imponham a sua opinião. Isso é a mesma coisa que tirar a força da barriga.
Assim, mesmo que os meus discípulos digam qualquer coisa sem importância, faço
o possível para ouvi-los ao máximo. Somente quando o Mal tenta me humilhar é
que eu ajo com energia e tento impor a minha opinião; fora disso, sou
condescendente. Geralmente, na sociedade, as pessoas pensam que ouvir o que
seus subalternos dizem, significa depreciar-se. Isso é realmente ridículo. Bernard
Shaw escreveu muitas comédias desse tipo. São estórias engraçadas.
Quando o general MacArthur sofreu um ataque inimigo nas Filipinas, ele fugiu,
mas, na hora da fuga, disse que um dia voltaria. Naquela ocasião, eu falei que
MacArthur era um homem extraordinário e que, num futuro breve, pelo fato de ter
perdido e ter fugido, ele faria um grande trabalho.Um militar que consegue fugir,
torna-se um grande general. Aquele que joga fora sua vida e procura enfrentar o
inimigo a todo custo, está no nível mais baixo. Dessa forma, o efeito é
extremamente diferente. Como eu disse antes, é temporário. Pela Medicina, fica-se
bom temporariamente, mas isso não adianta. Deve-se melhorar para sempre.
Baseado na lógica, acredito que essa é a verdade. Portanto, como eu disse, se a
pessoa viver no estilo “perder é vencer”, infalivelmente será bem sucedida na vida.
No final, acaba sendo vencedora. A maioria das coisas do mundo têm efeitos
contrários. Por isso devemos aprender, observando os resultados, as
manifestações contrárias. Desse modo, é possível obter êxito facilmente.
Coletânea de Ensinamentos vol. 11 – (06/06/52)
Não deixa de ser estranho falar, agora, que Deus é Justiça. Mas insisto nesse
ponto porque não só o povo, mas também os fiéis e os ministros geralmente
tendem a esquecê-lo.
Embora a nossa Igreja se dedique especialmente à prática da justiça e do bem, há
alguns fiéis que se desviam do caminho certo e vagueiam sem rumo. Nessas
ocasiões – torno a insistir – se eles desprezarem o sinal de advertência enviado por
Deus, poderão sofrer terríveis conseqüências.
No início, sensíveis e agradecidas às graças e milagres recebidos, as pessoas se
mostram devotadas, fervorosas na fé. Desde que esta seja sincera, as graças se
fazem evidentes, o que torna essas pessoas respeitadas por todos. Como também
são beneficiadas materialmente, na verdade elas deveriam sentir-se ainda mais
gratas e dedicadas; entretanto, longe de pensarem na retribuição, muitas se
acostumam com as graças, tornando-se orgulhosas e vaidosas. Os espíritos do
Mal, que estão sempre vigilantes, aproveitam essa oportunidade para conquistá-
las, e começam a controlá-las a seu bel-prazer. Isso é realmente alarmante.
Satanás espreita principalmente as pessoas ambiciosas e fúteis. Sendo ele
impotente contra a verdadeira fé, não há perigo para quem a possui. Isso se
evidencia pela presença ou ausência de egoísmo. O homem que vive somente para
Deus e a humanidade, sem pensar nos seus próprios interesses, não é atingido por
Satanás. No entanto, quando as coisas começam a correr bem, ele pode tornar-se
pretensioso, julgando ser um grande homem. Aí é que está o perigo, pois surge a
ambição, e quanto mais ambicioso se torna o homem, mais ele procura
engrandecer-se e mais poderes deseja conquistar. O fato é alarmante. Quando isso
acontece, Satanás penetra no espírito da pessoa e acaba por dominá-la. É um
poder passageiro; entretanto, como ocorre a cura de doenças e outros milagres, a
vaidade é mais instigada ainda, chegando o vaidoso a se julgar a encarnação de
alguma divindade.
Trata-se de uma tendência que pode ser claramente distinguida se observarmos
com atenção as atividades das religiões fundadas por esses pseudoDeuses.
Algumas se caracterizam pelo escasso amor e pela fé “Shojo”, regida por preceitos
extremamente rigorosos. Os que não obedecem a eles, vêem-se ameaçados de
castigo, destruição ou morte, caso abandonem o grupo ou a Fé. São religiões
ameaçadoras, que procuram impedir o desmembramento de sua organização. Se
uma religião apresentar esses indícios, pode ser julgada como de caráter diabólico.
Torno a dizer que a fé verdadeira é “Daijo”, liberal; portanto, nada impede que seja
seguida ou abandonada. Além disso, ela é celestial, alegre e ativa, revelando vida.
A religião que exige uma fé rigorosa e dogmática, age com heresia, é infernal.
Devem acautelar-se principalmente quando houver o mínimo de segredo que seja.
Se uma religião disser, por exemplo: “Isso não pode ser dito aos outros, mas...”,
podem ter certeza de que ela é herética. A religião correta e autêntica é a própria
imagem da clareza, sem nenhum indício de sigilo ou mistério.
Alicerce do Paraíso, “Deus é justiça” – (18/03/50)
“A força do homem é noventa e nove por cento; a força de Deus é cem por
cento.
Quem está consciente disso não se envaidece.”
“Se você tem tempo para criticar os outros, analise a si mesmo e corrija seu
comportamento.”
(Nidai-Sama)
O mais condenável é alguém comentar: “Fulano não devia proceder daquele jeito,
ele está errado”. O homem não tem como saber se alguém é bom ou mau. Só Deus
consegue fazer essa distinção. Afirmar: “Fulano tem um espírito maligno, está
possuído pelo demônio”, significa violar o direito de Deus, e isso é bastante grave.
O homem não deve ficar analisando os outros, mas analisar a si mesmo, para ver
se não está errado. Esse é o verdadeiro “makoto”. As pessoas acham que apontar
e criticar as falhas do próximo é um bom procedimento, mas isso é um erro muito
grave. Na sociedade em geral, o fato é perdoável, mas, uma vez que alguém se
tornou membro da nossa Igreja, ele não pode acontecer. Caso a pessoa criticada
esteja errada, Deus se encarregará de repreendê-la. Se não for assim, o homem
acaba se colocando acima do Poder de Deus. Eu escrevi um artigo sobre este
assunto e vou publicá-lo no jornal. É neste ponto que há uma grande diferença
entre a nossa Igreja e a sociedade em geral. Essa é a essência da Fé.
Em suma, não se deve definir nada. Se o fizerem, incorrerão em erro. Existem
coisas que não podem ser definidas. Aliás, deve-se estabelecer que a maioria das
coisas não devem ser definidas; o que é necessário definir, deve ser definido. Mas
depende muito dos fatos e das circunstâncias. Por conseguinte, definir que não se
deve definir também é errado. Isso está de acordo com as “Mil Transformações e
Mistérios”. Quem conseguir compreender um pouco que seja, já terá seu espírito
polido.
Quando se raciocina com esse tipo de pensamento, tudo se torna muito
interessante. Vendo o mundo por esse prisma, podemos entender muitas coisas.
Isso é o que chamamos “Daijo”. O caminho Daijo é a essência de tudo.
Registro de Orientações vol. 8 – (01/04/52)
O HOMEM VERDADEIRO
O fato de ainda haver, entre os fiéis, uma maioria que comenta: “Fulano é bom,
beltrano é mau”, “isto é um obstáculo, aquilo não”, significa que os Ensinamentos
não foram assimilados completamente.
Já repeti várias vezes que julgar o próximo é o mesmo que profanar a posição de
Deus. É um erro gravíssimo, para o qual peço muita atenção. O homem é incapaz
de discernir o Bem do Mal. Se ele julga ter conseguido esse discernimento, é
porque atingiu, inconscientemente, o auge da presunção. Isso prova que ele nem
ultrapassou o portão da Fé.
Devem também levar em consideração que a Providência Divina não é fácil de ser
compreendida pelo raciocínio humano. Querer compreendê-la com a fé “Shojo”, é o
mesmo que espreitar o céu através de um orifício. Já me cansei de repetir que não
permaneçam nesse tipo de fé, porque só se consegue conhecer a Vontade de
Deus com a fé “Daijo”. Mas isso parece ser difícil, pois, infelizmente, há pessoas
que persistem no erro.
Observando a sociedade em que vivemos, notamos que ela apresenta um aspecto
limitado em todos os setores. De vez em quando, os jornais anunciam escândalos
pela disputa de poderes entre facções criadas dentro das organizações religiosas.
Não constituem exceção os partidos políticos, as empresas e outras associações,
sendo escusado falar sobre os prejuízos causados à eficiência e progresso dos
empreendimentos.
Deus quer reconstruir este mundo justamente por causa de tais erros. Um estudo
aprofundado mostra-nos que todos eles resultam dos princípios “Shojo”. Ora, se
não partirmos dos princípios “Daijo”, jamais surgirá uma sociedade sadia e altruísta.
Assim, espero que, se os nossos fiéis ainda possuem resquícios de pensamentos
estreitos e vulgares, tomem consciência disso o quanto antes e procurem reformar
sua mente, para se tornarem verdadeiros messiânicos. Com a intensificação
gradual da purificação, o Juízo Divino se tornará mais severo, e, se não o fizerem
agora, será tarde demais para arrependimentos.
São realmente verdadeiras estas palavras que aparecem insistentemente nos
ensinamentos da Igreja Oomoto: “A presunção e o engano são causas de grandes
desgraças.” Têm o mesmo sentido as palavras de Jesus: “Não julgueis.” O
importante é a pessoa julgar a si própria, não se intrometendo nos atos alheios.
Os nossos adeptos já sabem que ninguém deixa de ter toxinas no corpo. O mesmo
acontece no terreno espiritual: ninguém deixa de apresentar máculas, razão pela
qual Deus procura salvar-nos através da purificação. Eu sei tudo que se passa
dentro das pessoas. Como não me manifesto, elas se preocupam, achando que
não sei de nada. No entanto, eu permaneço calado, entregando tudo nas mãos de
Deus. Isto porque aquelas pessoas que realmente não têm mais jeito, são
afastadas por Deus; se forem pessoas perversas, Ele soluciona o problema tirando-
lhes até mesmo a vida. Até agora, algumas pessoas tiveram esse fim; os membros
veteranos devem estar cientes disso.
Como eu falei, para mim, que deixo tudo nas mãos de Deus, é cômodo e tranqüilo.
Do meu ponto de vista, a maioria das pessoas é mimada. De certo modo é
lamentável, mas mesmo os heróis mundiais e as pessoas destacadas do Japão, eu
os considero filhinhos de papai. Entre eles, os mais mimados são as pessoas
perversas. Kitamura, o fundador da “Odoru Shukyo”, só de ver a fisionomia dessas
pessoas afirma que elas são vermes; sua forma de falar é grosseira, mas acho que
é uma verdade. A conversa foi deveras desviada do assunto, portanto, vou encerrar
por aqui.
Alicerce do Paraíso, “Não julgue” – (13/05/53)
(...) O que mais existe no mundo são pessoas corruptas que, por ambição
desmedida, aborrecem, fazem sofrer e levam os outros à desgraça. Isso é produto
das idéias materialistas, que negam o invisível, mas, analisando do ponto de vista
espiritual, é algo realmente terrível. Como tais pessoas fazem os outros sofrer, os
que são atingidos ficam cheios de rancor, de ódio por elas, e procuram retribuir-
lhes o mal que receberam. Esses pensamentos são transmitidos à pessoa visada
através do elo espiritual. A imagem espiritual do ódio e do rancor é tão pavorosa,
que, se pudesse enxergá-la, qualquer perverso morreria instantaneamente.
Entretanto, se as pessoas atingidas não são apenas uma ou duas, mas milhares ou
milhões, forma-se um monstro ainda mais horripilante, que circunda esse perverso
de diversas maneiras e tenta destruí-lo. A situação dele, portanto, é insuportável.
Mesmo sendo um bravo ou um grande herói, terá um fim miserável. Relembrando
os grandes personagens da História, desde a antigüidade, vemos que todos eles,
sem exceção, tiveram esse destino. Observando, também, o drama dos políticos
perversos, a ruína dos que se tornaram ricos repentinamente e, ainda, o fim dos
que seduziram e enganaram muitas mulheres, poderemos compreender muito bem
por que tiveram tal destino.
Ao contrário, se a pessoa praticar um grande número de boas ações e despertar
em muita gente gratidão e alegria, estes sentimentos a envolverão em forma de
Luz, e ela, então, se tornará cada vez mais virtuosa. Como Satanás e os maus
espíritos, amedrontados pela Luz, também não poderão se aproximar, a pessoa
será muito feliz. A auréola que se vê nas imagens das divindades simboliza essa
Luz.
Com o que acabo de dizer, poderão compreender quanta importância o homem
deve atribuir ao pensamento.
Alicerce do Paraíso, “Mistério do Mundo Espiritual” – (25/10/49)
“Aqueles que têm uma grande admiração pela beleza das flores possuem
corações que a elas se assemelham.”
(Nidai-Sama)
“Aquele que, somando boas ações, vive dias alegres, terá prosperidade
ilimitada.”
“Não desejo a glória de ser cortejado como herói, mas de ser uma pessoa
amada por todos.”
(...) O Plano de Deus é construir o Paraíso Terrestre, e para isso era necessário
que a cultura material progredisse até certo ponto. Com esse objetivo, Ele criou o
Bem e o Mal, e foi pelo atrito entre ambos que alcançamos o extraordinário
progresso material da atualidade e estamos agora a um passo do advento do
Paraíso. Já expliquei isso muitas vezes, mas vou tornar a fazê-lo, caso contrário, as
pessoas que nunca ouviram falar sobre o assunto teriam dificuldade de
compreender aquilo que hoje pretendo expor.
A luta entre os homens iniciou-se no Mundo Espiritual a partir do momento em que
o ser humano foi criado. Os mais fortes queriam apoderar-se de todas as regiões
conhecidas àquela época, governando-as conforme sua vontade. Para isso,
recorriam à violência, sem distinguir o Bem e o Mal, tal como vemos
presentemente. Assim, pouco a pouco, a inteligência do homem foi se
desenvolvendo, e, paralelamente ao aumento da população, ampliou-se a escala
da luta, tendo-se chegado, enfim, à situação atual.
O plano de conquista da supremacia mundial foi elaborado há cerca de três mil
anos, e seu chefe era um dragão possuidor de grande poder no Mundo Espiritual.
Esse dragão incorporou numa divindade e, através dela, quis apoderar-se do
mundo, tendo utilizado os métodos mais atrozes. Durante algum tempo a divindade
se saiu bem, recorrendo a tudo para atingir seu objetivo, mas, quando já estava
prestes a atingi-lo, falhou e recebeu severa punição de Deus. Arrependendo-se,
voltou ao seu estado natural. A partir daí, o dragão passou a incorporar nas
grandes personalidades de cada época, procurando despertar nelas a ambição de
dominar o mundo. Fracassou sempre, mas não aprendeu, e até hoje está lutando
tenazmente, com toda a força. Muitos homens considerados importantes estão
nesse caso. A História nos mostra que, embora eles tivessem grandes poderes na
época, acabaram tendo um triste fim. César, Napoleão, Guilherme II, Hitler e outros
podem servir de exemplo.
Creio que agora já podem ter mais ou menos uma idéia da origem da situação
atual.
Referindo-me a personagens como os que mencionamos acima, eu sempre digo
que são chefes dos demolidores do mundo, pois até agora este não era
verdadeiramente civilizado, ainda restando ao homem cerca de cinqüenta por cento
de características selvagens. Espiritualmente falando, significa que o homem pecou
muito e acumulou máculas; portanto, surge de vez em quando a necessidade de
uma ação purificadora. Como para isso é preciso haver demolidores e também
limpadores, compreendemos que o aparecimento deles sob forma de grandes
personagens é apenas uma manifestação do Plano de Deus. De nada adianta nos
aborrecermos ou nos desesperarmos.
Alicerce do Paraíso, “A situação do mundo contemporâneo e o Mundo Espiritual” –
(25/02/51)
GRAÇAS DIVINAS
“Iluminado pela Luz de Deus, percebi que existia um abismo à minha frente.”
“Envolvido pela Luz de Deus, esqueci até mesmo o vendaval que assola o
mundo.”
(...) Por outro lado, através de documentos escritos e da tradição oral, constatamos
que invariavelmente os fundadores de diversas religiões realizaram milagres. O fato
é mais evidente nas grandes religiões. No entanto, pelo nível cultural daquela
época, era possível convencer o povo apenas pela concessão de benefícios e pela
realização de milagres, pois ele não buscava esclarecimentos sobre a teoria ou o
conteúdo das religiões. O lamentável é que, se não tivesse havido a redenção,
Cristo, quem mais milagres realizou, talvez conseguisse, durante a sua vida, salvar
uma grande parte da humanidade e ampliar muito mais a sua doutrina. Seu período
de atuação foi bastante curto, sem dúvida por causa da força de Satanás, que, na
época, era inegavelmente mais forte, em virtude da prematuridade do tempo no
Mundo Espiritual. Entretanto, finalmente o tempo amadureceu e adveio a grande
transição naquele mundo. Através da nossa percepção espiritual, podemos ver
claramente que a força de Satanás está enfraquecendo dia a dia.
Por Revelação Divina foi-me esclarecida a causa de vários fatos até hoje
considerados mistérios do mundo. Assim, me é possível distinguir o justo e o
satânico, determinar a raiz do Bem e do Mal, corrigir o erro de todas as coisas. Em
face do desequilíbrio do mundo contemporâneo, decorrente do progresso unilateral
da cultura, ou seja, o progresso apenas da cultura material, vou incrementar
extraordinariamente a cultura espiritual e, com o desenvolvimento paralelo de
ambas, fazer surgir o mundo perfeito: o Paraíso Terrestre.
Como eu disse anteriormente, diferindo dos homens primitivos e dos homens de
épocas de baixo nível cultural, o homem da atualidade não consegue confiar
apenas em milagres, mesmo que estes sejam manifestados concretamente. Ele
não se convence sem uma explicação teórica dos fatos. Uma das causas da
decadência das religiões tradicionais é justamente elas negarem a cultura material
e não conseguirem proporcionar benefícios concretos aos fiéis.
Vou explicar agora o princípio do Johrei, um dos métodos pelos quais os fiéis de
nossa Igreja vêm obtendo magníficos resultados, expressos sob a forma de
surpreendentes milagres. Quando se estende a mão em direção à pessoa enferma,
as doenças mais difíceis e os enfermos mais graves começam a melhorar. Mesmo
as dores mais fortes são aliviadas ou extintas em curto espaço de tempo. Portanto,
só podemos dizer que se trata de “milagre”. São inumeráveis os casos de doentes
que, desenganados por vários médicos, têm obtido resultados surpreendentes
através do tratamento realizado por membros que ingressaram na Fé há poucos
meses e não têm nenhuma formação médica. Pela visão dos materialistas da
atualidade, são fatos completamente sem lógica, e não deixa de ser para eles um
grande problema.
A Medicina atual é o resultado de milhares de anos de estudo, de prática constante
realizada por renomados estudiosos de vários países, e suas terapias minuciosas e
refinadas são dignas de elogio. Entretanto, um indivíduo comum obtém resultados
notáveis ministrando Johrei em doentes que não conseguiram se restabelecer com
o trabalho das autoridades médicas, formadas à custa de elevadas despesas com
estudos e pesquisas durante dezenas de anos. É realmente um fato que está além
da razão. Não séria, pois, exagero definir o Johrei como a maravilha do século.
Todavia, pelo simples conhecimento dos seus resultados reais através de notícias,
as pessoas não o aceitam facilmente. Mais do que isso: vêem-no pela ótica da
superstição ou da anormalidade psíquica, o que talvez seja uma reação natural.
O aparecimento do Johrei é um grande acontecimento, inédito na História. (...)
A Outra Face da Doença, “Princípio do Johrei” – (30/05/49)
“Como podemos perceber todas as coisas distorcidas pelo Mal, se não nos
espelharmos no espelho de Deus?”
Ao ouvir falar em Medicina conservadora, por ser uma expressão nova, talvez as
pessoas fiquem um pouco desnorteadas, mas, lendo sobre o assunto, creio que
não haverá quem discorde. Isto porque, atualmente, como todos sabem, tanto a
variedade de doenças como o número de doentes é realmente grande. No caso
das doenças, entre dez, oito ou nove são enfermidades crônicas ou graves, e a
maioria das pessoas não consegue se restabelecer totalmente. Disso os médicos
também têm ciência. Em relação aos doentes, eles procuram curá-los o mais
rápido e da melhor forma possível, usando os métodos de tratamento mais
recentes e se esforçando o máximo. Mesmo assim, não obtêm a cura da forma
desejada. No início, por ocasião dos exames, os médicos fazem uma previsão e
dizem ao enfermo que dentro de tantas semanas ou de tantos meses ele estará
curado, mas são poucas as pessoas que ficam curadas dentro do limite previsto.
De acordo com a teoria, usando-se tal remédio e tal forma de tratamento, tal
doença será curada. Pensando assim, os médicos agem exatamente assim, mas
dificilmente sobrevém a cura. Tais experiências são constatadas freqüentemente
pelos doentes e também pelos médicos.
Teoricamente, parece que de fato a pessoa ficou curada, mas a cura não é
duradoura. Mais dia ou menos dia, inevitavelmente, a doença ressurge, ou então se
transforma em outra doença. Os médicos devem estar cientes disso, em face das
numerosas experiências por que passaram. Entretanto, diante dessa realidade, não
é difícil imaginar que eles também estejam sempre com dúvidas, achando tudo
muito estranho. O fato é que a Medicina não alcançou tanto progresso quanto os
médicos imaginam. O progresso que ela parece ter alcançado não passa de uma
ilusão, por isso eles estão sempre prensados pela contradição entre a teoria e a
realidade. Pelo mundo, que desconhece isso, os médicos são respeitados e
colocados socialmente numa posição firme, mas o seu tormento interior não deve
ser nada fácil. Eu acredito que não passa de uma vã esperança, mas, baseados
num determinado tipo de conceitos, eles pensam que um dia, com o progresso da
Medicina, encontrarão a solução para o problema da doença. Se, por ventura, o
véu de dúvidas existente até agora for descoberto com a leitura deste artigo,
através da Luz da Verdade, o erro virá à tona, como se fosse um dia claro, e,
evidentemente, os médicos despertarão, atônitos.
Essa superstição cega tem sido o maior obstáculo para o progresso da civilização;
por isso, mesmo com o atual progresso da Ciência, os cientistas ainda não se
conscientizaram de que não tem aumentado a felicidade do homem. Em relação a
esta minha tese, eles sequer realizam qualquer estudo. Por ser tese de um
religioso, consideram-na anticientífica. Achando que será uma traição às teorias da
Ciência, que conseguiu obter um rápido progresso, sequer tentam analisá-la. Por
usarem os óculos escuros da Ciência supersticiosa, eles não conseguem enxergar
bem.
Mas o que vêm a ser esses óculos escuros?
Desde o início, o pensamento fundamental dos médicos tem colocado a vida do
homem no mesmo nível de todas as coisas, na crença de que as doenças também
podem ser solucionadas por meio da Ciência. Entretanto, através da Revelação
Divina, eu fiquei sabendo que o homem é fundamentalmente diferente de todos os
outros seres e não se enquadra no campo da Ciência. A sua inclinação pelo
“hobby”, os seus sentimentos e emoções, como a alegria, a tristeza, o amor, e
também a inteligência, o pendor artístico, a sua natureza misteriosa, o amor pela
humanidade, etc., são atributos que não existem em outros seres. Observando-se
apenas este aspecto, já é possível evidenciar a diferença entre ele e os outros
seres. Dessa forma, a Ciência ignora a natureza do homem e trata-o no mesmo
nível dos animais. Aí está o grande erro. Sendo esse o pensamento fundamental
da Medicina, aprisionada dentro dos limites da Ciência, ela não consegue visualizar
o outro mundo.
Observando de outro ângulo e considerando que o nível do homem seja uma linha
horizontal, o que está abaixo dessa linha é fenômeno material, e o homem
posiciona-se acima; esta é a lei do Universo. De acordo com esse princípio, todas
as coisas que ficam abaixo da linha horizontal estão à mercê do homem, mas as
que estão acima não. Dessa maneira, é impossível manusear livremente a vida do
homem através da Ciência criada por ele mesmo. Isso se torna evidente pelo fato
dele não conseguir eliminar a doença e obter vida longa. O fato do homem querer
curar a doença de outro homem significa o domínio do inferior sobre o superior; é,
portanto, violação da posição de Deus. Com base nesse princípio, nada poderá ser
feito em relação à vida humana, por mais que os cientistas do mundo inteiro se
esforcem. Sem perceber isso, a Medicina atual está percorrendo um caminho
equivocado e paralelo, e eu realmente sinto muita pena da sua falta de inteligência.
Acho que os médicos da atualidade são escravos da Ciência e têm uma
mentalidade semelhante às superstições das religiões heréticas, assemelhando-se,
também, à moral máxima da época conservadora dos samurais, segundo a qual, se
fosse em prol do senhor, não havia qualquer impedimento em relação ao homicídio.
Além disso, a admiração era maior e concediam-se honrarias àquele que conseguia
exterminar, coletivamente, um grande número de pessoas. Do ponto de vista da
época atual, isso não passa de selvageria, pois o crime era incentivado
publicamente. Poderemos compreender bem, aplicando esse conceito à Medicina.
Considera-se que o melhor método de tratamento da doença é através da Ciência,
e isso se deve à cegueira da Medicina, que não conseguiu libertar-se da estreita
casca conservadora. No entanto, eu soube que existe um mundo desconhecido e
maravilhoso onde está a verdadeira Medicina, que cura radicalmente a doença.
Para comunicar a todos os povos esta grande boa-nova, publico esta minha tese
como premissa, dirigindo-a aos médicos do mundo inteiro.
Jornal Eiko nº 227, “A Medicina conservadora” – (23/09/53)
“Sem força, sem bengala e sem lanterna... Será que podemos caminhar sem
apoiar-nos em Deus?”
“Eu, que, desorientado, percorria o caminho negativo das dúvidas, fui salvo
pela Luz de Deus.”
A palavra “dúvida” não soa muito bem aos nossos ouvidos. Entretanto, representa o
que há de mais importante. Com efeito, a dúvida pode ser considerada a mãe da
civilização, pois foi ela que deu origem às novas filosofias, às novas doutrinas,
assim como também à Ciência. O chinês Chu-tzu disse: “A dúvida é o princípio da
crença.” De fato, entre as muitas palavras que, desde tempos antigos foram ditas a
esse respeito, estas são bem significativas.
Eis alguns exemplos de dúvida: Por que razão a Igreja Messiânica Mundial, uma
religião nova, expandiu-se tanto em tão pouco tempo? Por que será que acontecem
os maravilhosos milagres que são relatados nas Experiências de Fé? Como se
explica que a construção do protótipo do Paraíso Terrestre, cujo grandioso plano é
absolutamente inédito, esteja conseguindo dar passos cada vez mais firmes?
É natural que surjam semelhantes dúvidas; contudo, duvidar apenas não significa
nada. Se as pessoas se dispõem a encontrar a chave desses mistérios, aí sim, a
dúvida se torna realmente válida, pois, com tal procedimento, elas entenderão a
Verdade e aumentarão seu discernimento. Aqueles que sempre têm dúvidas são
pessoas progressistas, e seu futuro é brilhante. Existem, porém, alguns que não
têm sorte e que, embora sintam dúvidas, não encontram o lugar onde lhes possa
ser mostrada a Verdade. Por essa razão, ficam perdidos a vida inteira, acumulando
dúvidas em cima de dúvidas. Podemos dizer que isso acontece com a maioria das
pessoas, e entre elas deve haver algumas que fazem pouco caso das verdades
pregadas pela nossa Igreja, deixando-as passar despercebidas. São criaturas
infelizes.
Ao pensar em todos aqueles que, cheios de dúvidas, chegaram à Igreja Messiânica
Mundial e estão sendo salvos, vivendo atualmente banhados de alegria,
concluímos que nada é mais construtivo que a dúvida. Assim, creio que puderam
entender que, se o homem não tiver capacidade de duvidar, ele é um ser
imprestável. Portanto, é necessário ter a coragem de esclarecer as dúvidas.
Alicerce do Paraíso, “Dúvida” – (21/03/51)
Várias heranças literárias provam que Religião e milagre são coisas inseparáveis.
Religião sem milagre deixa de ser Religião. Isto porque o homem é totalmente
incapaz de operar qualquer milagre, o qual é obra de Deus. Sendo assim, uma
religião que não apresente milagres é como uma existência nula. Falta-lhe a
essência, embora ostente aparência religiosa. A magnitude de uma religião é
proporcional à ocorrência de milagres. Milagre, em outras palavras, significa o
aparecimento de benefícios inesperados. Isso estimula e dá origem a um profundo
sentimento religioso, que conduz o homem à Fé e salva-o da desgraça. Que
religião podemos chamar de verdadeira a não ser essa? É desnecessário dizer que
uma única prova vale por mil argumentos.
Embora a situação que vivemos atualmente seja uma conseqüência da Segunda
Grande Guerra, o aumento do mal social, principalmente os pensamentos insanos
que infestam os jovens verdadeiros sustentáculos do futuro – e o estado confuso
em que estes se encontram, não deixam de representar uma realidade apavorante.
A causa de tudo isso é a educação recebida pelos jovens, a qual os levou a aceitar
o materialismo como norma de ouro. Enquanto os homens não despertarem desse
engano, não haverá solução para o problema.
Naturalmente, para combater os conceitos materialistas, é preciso despertar o
homem para a Religião, começando por convencê-lo da existência de Deus. Nossa
Igreja vem insistindo neste ponto, e o milagre é o único recurso para ela atingir seu
propósito.
Milagre é tornar possível aquilo que se considera impossível realizar pela ação do
homem. Como ele mostra, na realidade, o que não se pode interpretar
teoricamente, quaisquer dúvidas a respeito serão, logicamente, dissipadas de
imediato. Assim, mesmo na exclusão do mal social ou na criação de países
pacíficos, não se poderão obter resultados satisfatórios a não ser que se dê a exata
consciência de Deus através do milagre, cultivando, dessa forma, a espiritualidade.
Na história da humanidade, não se conhece nenhuma religião que tenha
apresentado tantos milagres como a nossa. Neste sentido e nesta fase de grande
transição que estamos atravessando, o objetivo da Igreja Messiânica Mundial é
sacudir a alma do mundo, que está adormecida, despertando-a com o poderoso
sopro do milagre.
Deus, Todo-poderoso, veio à Terra como Kanzeon-Bossatsu (encarnação da
Misericórdia), conhecido também como Komyo-Nyorai (encarnação da Luz), e,
após transformar-se em Ooshin-Miroku (encarnação da Ação Livre e Desimpedida),
está manifestando, pelas Divinas Mãos do Messias, os mais variados e incontáveis
milagres, utilizando livremente a sagrada energia vital. Dessa forma, através da
Igreja Messiânica Mundial, Deus está realizando a grandiosa obra de salvação do
mundo.
Alicerce do Paraíso, “Religião é milagre” – (11/06/49)
A PROVIDÊNCIA DA NATUREZA
Desde os tempos antigos costuma-se pensar que, para ser um excelente religioso,
a pessoa precisa ter uma vida de abstinência, e que essa é a melhor forma de
conhecer a Verdade Absoluta e polir a alma. Mas eu sou um religioso diferente.
Vou explicá-lo a seguir, de forma clara.
A Natureza e tudo que nela existe, foram feitos para o homem: as flores da
primavera, os bordos do outono, o cantar dos pássaros e dos insetos, a beleza das
montanhas e dos lagos, as noites de luar, as fontes de águas termais... Pensemos
no porquê de tudo isso.
Que poderá ser senão a Providência Divina, proporcionando alegria aos homens?
Belíssimos cantos, bailados, obras literárias e artísticas em geral, enchem de
alegria seus realizadores, como também seus ouvintes ou apreciadores. Alimentos
deliciosos, primorosas construções arquitetônicas, jardins, vestimentas, além de
suprirem as necessidades da vida humana, contêm elementos para realmente nos
comprazer. O corpo se nutre e a vida é preservada com os alimentos que
saboreamos. Se as nossas roupas e residências servissem unicamente para o
indispensável, nunca iriam além de um aspecto vulgar. Na geração dos filhos,
também, visa-se algo mais que uma simples necessidade.
Desde que o Altíssimo concedeu ao homem o instinto para alegrar-se com a
Natureza e com tudo o que ela lhe possa proporcionar, devemos aceitar esse
prazer. A abstinência que nega tal alegria e contenta-se com o mínimo necessário
para a subsistência, vai contra as graças de Deus. Por outro lado, a pobreza do
amor ao próximo entre os homens privilegiados leva-os a julgar que os prazeres se
destinam unicamente a eles e aos seus familiares. A indiferença que eles têm pelos
seus semelhantes e a falta do desejo de compartilhar da alegria de todos, revelam
como esses homens são destituídos do espírito de fraternidade. Isso significa
querer monopolizar as graças de Deus. Creio que os milionários, franqueando seus
jardins ao povo, expondo seus objetos de arte e participando da alegria geral,
praticariam um ato que corresponde à Vontade Divina.
Paraíso Terrestre, portanto, é um mundo onde há progresso na vida de toda a
humanidade e grande desenvolvimento das artes e demais prazeres de caráter
elevado. Como a Verdade, o Bem e o Belo significam, respectivamente, o que não
é falso, o que é justo e o que é bonito, numa vida de abstinência há o Bem, mas
não há Verdade nem Belo. Além disso, a abstinência poderá até ser obstáculo ao
progresso da cultura. A decadência de certos países que outrora possuíram uma
alta civilização, pode ser atribuída ao fato de seu povo ter levado a vida espiritual
ao extremo.
Alicerce do Paraíso, “Abstinência” – (25/01/49)
“Todos os infortúnios que ocorrem no Céu e na Terra têm a sua razão de ser.”
Nem Deus pode violar as leis do Céu e da Terra. Elas estão constituídas assim,
sem o mínimo de falha.
Mesmo que o homem tente agir do jeito que bem entende, mesmo que estabeleça
objetivos, se ele estiver errado, será castigado. Depende apenas do tempo. É como
os entorpecentes e os remédios. Por surtirem efeitos imediatos, os entorpecentes
são temidos, ao passo que os remédios, como necessitam de maior tempo para
atuar, são considerados benéficos. Se o mundo se tornar de tal forma que, quando
se praticar o mal, ele for logo descoberto, deixarão de existir aqueles que o
pratiquem. Quando o Mundo Espiritual entrar na Era do Dia, a descoberta da
atuação do mal ocorrerá mais rapidamente, e praticá-lo deixará de ser atraente.
O mal é praticado porque não é descoberto. Como a mentira e o roubo necessitam
de tempo pará serem revelados, acaba-se criando a ilusão de que nunca o serão.
Se o mal praticado hoje for descoberto amanhã, deixarão de existir pessoas que o
pratiquem. No Mundo de Miroku, o Mundo Espiritual se apresentará realmente claro
e, por isso, o mal será logo descoberto e as pessoas perderão o interesse de
praticar maldades. Se elas têm esse interesse é porque conseguem, ainda que
parcialmente, ocultar a maldade. Desse modo, é questão de tempo. O mesmo
acontece com o remédio: se ocorrer a purificação assim que ele for tomado, seus
usuários desaparecerão.
Registro de Orientações vol. 26 – (01/11/53)
Pode-se dizer que o homem moderno está dominado pela magia dos princípios
científicos. Isso porque, tratando-se de princípios científicos, ele acredita,
incondicionalmente, em qualquer coisa. Pode-se dizer, também, que ele acredita de
forma absoluta. Entretanto, os princípios científicos não são absolutos; eles estão
sempre em mudança. Durante longo tempo, por exemplo, acreditou-se que a
pneumonia era transmissível; atualmente, no entanto, vigora a tese de que ela não
é transmissível. Com a lepra aconteceu o mesmo. Hoje, considera-se, no Japão,
que a encefalite é transmitida por mosquito, mas nós garantimos que, num futuro
não muito distante, descobrirão que isso é um erro. No caso da tuberculose, os
doentes podiam tomar banho de sol, e por algum tempo isso esteve muito em
moda, mas agora a situação mudou. Quanto à apendicite, ainda hoje não há nada
definitivo com referência a poder ou não poder fazer resfriamento ou aquecimento.
O mesmo acontece com os remédios. O remédio de maior efeito contra a
tuberculose era o Cephalanthine; depois passou a ser a penicilina e, nos últimos
tempos, a estreptomicina. Dessa forma, os remédios tendem, alternadamente, a
ficar em moda e a cair em desuso.
Conforme se pode ver por esses exemplos, os princípios científicos da Medicina
são como as vestimentas. Às vezes, ficam em moda o ano inteiro, ou caem em
desuso, e por isso não têm uma característica absoluta. Se disserem que se trata
de curso do progresso, fica por isso mesmo. Mas, mesmo supondo que se trate de
curso do progresso, é diferente de uma vestimenta, porque se relaciona com a vida
humana. Assim, essas pessoas que serão sacrificadas são realmente dignas de
pena, não passando de cobaias.
Por todos esses motivos, o problema está no fato do homem moderno dar
prioridade aos princípios científicos e não aos resultados. Mas há uma coisa
interessante. Muitas pessoas sabem que o Johrei da nossa Igreja cura, mas não se
dispõem a recebê-lo se não tiverem explicações teóricas. E só existe uma
explicação para isso: essas pessoas estão dominadas pela magia dos princípios
científicos. Por outro lado, com o nível atual dos princípios científicos, é muito difícil
explicar o Johrei. Isso porque o verdadeiro princípio científico do Johrei está um
século mais avançado, sendo incompreensível para as pessoas da atualidade. É
exatamente como se fizéssemos uma palestra de Faculdade para alunos do
primário. Portanto, o homem moderno deve despertar para esse ponto, colocando
em primeiro plano a realidade viva e os seus resultados, e em segundo plano, os
princípios científicos. Procedendo-se dessa maneira, aumentará o número de
pessoas que serão salvas.
Revista Tijô-Tengoku nº 10 – (20/11/49)
CIVILIDADE
O Japão, assim como todos os países que se dizem civilizados, é regido por leis.
Entretanto, a realidade nos mostra que essa não é a forma ideal para se governar
uma nação. Através da História, vê-se que é difícil exterminar os crimes somente
com o poder das leis. Como não se consegue eliminar todo o mal do homem, os
crimes são inevitáveis; conseqüentemente, só a Religião poderá trazer a verdadeira
solução para o problema. Contudo, casos que exigem soluções imediatas não
poderão ser resolvidos apenas por meio dela. Por esse motivo, em primeiro lugar é
preciso ensinar ao homem o Caminho. Refiro-me ao Caminho Perfeito e à lógica.
Embora o assunto se assemelhe à antiga moral oriental, o que agora desejo
anunciar é uma moral nova e progressista. Sou levado a isso pela evidente
decadência moral da sociedade contemporânea, onde saltam aos nossos olhos a
corrupção dos jovens, o aumento do índice de criminalidade e outros fatos. Até
mesmo os intelectuais já estão percebendo a situação, tanto assim que
aconselham a volta ao ensino da Moral nas escolas e a elaboração de algo que
preencha as falhas da Educação. O assunto tem servido de tema para várias
discussões, e é muito animador constatar a existência de uma preocupação nesse
sentido.
Após a Segunda Guerra Mundial, os japoneses ficaram sem qualquer apoio, não
tendo a que recorrer. O resultado é que aumentou o número de criaturas
desorientadas. Até o fim da guerra, em todas as escolas do país, o ensino tinha por
base a Moral, as sábias palavras do Imperador e também a lealdade e o amor aos
pais, profundamente enraizados no coração do povo japonês desde épocas
antigas. É inegável, portanto, que a sociedade daquela época era muito mais
honesta e sincera que a da época atual. Mas nem por isso devemos revitalizar essa
velha moral; torna-se imprescindível criar uma ordem moral para a Nova Era. Após
a guerra, estabeleceu-se a democracia no Japão, e assim nos libertamos do
despotismo. Isso foi muito bom; pena é que se tenha ido além dos limites e
chegado à situação presente, ou seja, a uma sociedade predisposta à anarquia.
Sendo assim, urge formar uma nova idéia moral que esteja em conformidade com a
época, eliminando o que há de mau e aproveitando o que há de bom no antigo e no
novo pensamento. É necessário construir um novo espírito japonês, semelhante ao
do cavalheirismo inglês, por exemplo. Para tanto, como expus acima, a base é o
Caminho, cuja noção deve ser intensamente apregoada, não só no ensino como na
sociedade. Se conseguirmos, com isso, diminuir uma parte que seja do mal social,
ficaremos muito satisfeitos.
Dando uma explicação mais compreensível sobre Caminho, isto é, o Caminho
Perfeito, devo dizer que se trata de algo aplicável a todas as coisas; ou melhor, ele
é a bússola orientadora da conduta humana. Seguindo o Caminho, o homem não
terá insucessos nem desgraças, tudo lhe correrá bem. Gozará de maior confiança,
será respeitado e amado pelo próximo e, logicamente, ficará em situação de
harmonia e de paz. Na medida em que aumentar o número de indivíduos e de lares
com tais características, o mal social irá diminuindo cada vez mais, graças à
influência exercida por eles.
Por esse motivo, se continuarmos apoiando-nos apenas nas leis, como fazemos
atualmente, crescerá o número de indivíduos espertos e malvados, os quais
pensam que lhes basta agir de modo a não caírem nas mãos da Justiça. Em outras
palavras, Deus, como sempre digo, é o Caminho Perfeito; adorara Deus significa
seguir o Caminho. Portanto, o homem que se submete ao Caminho Perfeito e por
ele é regido, é um verdadeiro homem civilizado.
Este artigo, eu ofereço aos intelectuais do mundo inteiro.
Alicerce do Paraíso, “Nação Regida pelo Caminho” – (07/02/51)
“O país que mantém a civilidade e a ordem é a “Terra da Paz” anunciada por
Deus.”
O conhecido adágio “Deus é Ordem” deve ser lembrado como algo que exerce vital
importância sobre tudo que existe.
Em primeiro lugar, observando o movimento de todas as coisas do Universo,
verificamos que tudo se desenvolve dentro de perfeita harmonia. Tomemos como
exemplo as estações do ano. Elas se repetem infalivelmente todos os anos,
seguindo a mesma ordem: primavera, verão, outono e inverno. As flores
desabrocham nesta seqüência: ameixeiras, cerejeiras, glicínias, íris... Assim, a
Natureza nos ensina a ordem. Se o homem a desconhecer ou for indiferente a ela,
nada lhe correrá bem. Os obstáculos serão freqüentes, resultando em confusão.
Até hoje, no entanto, a maioria dos homens não têm respeitado a ordem, o que se
pode desculpar pelo fato de não ter havido quem lhes ensinasse as más
conseqüências desse desrespeito.
Vou expor, resumidamente, o que todos devem saber sobre o tema em questão.
Todos os fenômenos do Mundo Material são reflexos do Mundo Espiritual; ao
mesmo tempo, os fenômenos do Mundo Material também se refletem no Mundo
Espiritual. A ordem é o caminho e também a Lei. Perturbar a ordem, significa
desviar-se do caminho; violar a Lei, é faltar à civilidade.
Na vida cotidiana, existem ordens que o homem deve respeitar. Entre os membros
de uma família há diferenças de comportamento. Para nos sentarmos numa sala,
por exemplo, devemos considerar como lugar de honra a parte mais elevada, onde
se colocam objetos de adorno; faltando essa parte, o lugar de honra é o local mais
afastado da entrada. Quando os membros de uma família ocupam os devidos
lugares, sentando-se o pai próximo ao lugar de honra, depois a mãe, o primogênito,
a primogênita, o segundo filho, a segunda filha, etc., cria-se um ambiente
harmonioso. O desrespeito à Lei não trará boas conseqüências, mesmo num
regime democrático.
Suponhamos uma ponte sobre um rio, a qual só dá passagem para uma pessoa de
cada vez. Se várias pessoas tentarem atravessá-la ao mesmo tempo, haverá
confusão e todos se precipitarão no rio. É absolutamente necessário que as
pessoas atravessem uma de cada vez, ou seja, é preciso que haja ordem.
Outro exemplo: quando recebemos visitas, as poltronas e os lugares variam de
acordo com o grau de amizade e posição, o mesmo acontecendo com os
cumprimentos. Se isso for observado, tudo correrá em perfeita harmonia e não se
causarão impressões desagradáveis. Também há diferença de atitudes e diálogos
entre moços, velhos e crianças. O essencial é causar sempre boa impressão ao
próximo.
Em algumas famílias, os pais dormem no térreo, reservando o andar de cima para
os filhos e empregados. Isso é um erro: nessas famílias, os filhos e os empregados
tornar-se-ão desobedientes. Também a esposa deixará de ser dócil e submissa,
quando dormir mais próximo ao lugar de honra do que o marido.
Falemos agora sobre as imagens religiosas.
Quem entroniza Deus ou Buda no térreo e dorme no andar superior, está
colocando-os abaixo do homem. É preferível deixar de entronizá-los, porque, além
de impedir as graças, isso constitui uma ofensa. O mesmo se aplica ao Altar dos
antepassados. Será uma grave ofensa colocar os descendentes acima dos
antepassados, pois os fenômenos terrestres se refletem no Mundo Espiritual,
destruindo a harmonia que deve ser mantida entre os dois mundos. (...)
Alicerce do Paraíso, “Respeite a Ordem” – (25/01/49)
Tudo, na vida humana, principalmente a nossa fé, tem de ser versátil (“enten-
katsudatsu”), livre e desimpedido (“jiyu-mugue”). “Enten” significa “a roda gira”. Se a
roda possui arestas, não pode girar. Com muita razão se diz: “Aquela pessoa
perdeu as arestas porque sofreu muito.”
Entretanto, mais do que possuir arestas, existem pessoas que se assemelham ao
“konpeito” (doce cheio de ângulos). Ao invés de rodarem, vivem se enroscando em
toda parte. Há outras que sofrem dentro do molde criado por elas próprias, o que é
desculpável, quando se limita a elas próprias; mas há quem considere boa ação
atormentar o próximo, encurralando-o dentro desse molde.
Os exemplos que citamos são característicos da fé “Shojo” e não se limitam à
Religião. A vida dessas pessoas cheira a mofo e causa náuseas.
“Jiyu-mugue” significa “não criar formas, normas e mandamentos” e, por extensão,
“ser completamente livre de todas as limitações”. Devo lembrar-lhes que não se
trata de anarquia, e sim, da liberdade que respeita a liberdade alheia.
Sendo “Daijo”, a Fé Messiânica difere muito da fé “Shojo”, cujos preceitos são tão
rigorosos que ela própria não consegue cumpri-los. Eles são cumpridos apenas
superficialmente, não na sua essência. Essa duplicidade de ação gera fracasso e,
ao mesmo tempo, constitui um mal, porque dá origem à hipocrisia. Sendo assim, as
pessoas de fé “Shojo” são aparentemente boas, mas interiormente ruins. Ao
contrário, as de fé “Daijo” sentem-se mais livres, alegres, sem necessidade de
camuflagem, porque sabem respeitar a liberdade humana; nelas, a hipocrisia não
tem lugar. Esta é a verdadeira e grata Fé Messiânica. Em outras palavras, as
pessoas de fé “Shojo” sofrem de mania de grandeza, tornam-se megalomaníacas,
porque caem, sem querer, na hipocrisia. Isso as torna insuportáveis e antipáticas.
Além disso, elas diminuem-se, ao invés de engrandecer-se. Chamamos de “homem
limitado” a esse tipo de pessoa.
Na ocasião de levantar alguma construção, por exemplo, divirjo sempre do operário
que se preocupa somente com a beleza exterior. Como isso, de certo modo, causa
má impressão, faço-o corrigir as suas falhas. O mesmo se aplica aos homens. Os
que procuram ser modestos, são sempre mais respeitados, porque parecem mais
nobres. Portanto, os que professam a nossa Fé, devem tornar-se alvo de um
respeito sincero.
Alicerce do Paraíso, “Fé Messiânica” – (20/04/49)
“O homem tem um caminho a percorrer e um trabalho a realizar.
É preciso que ele se acautele, para não se deixar levar pelas ilusões.”
(...) Mais tarde, quando iniciei meus trabalhos religiosos, julguei necessário aplicá-
lo à Religião. Isto significa ampliar o campo religioso de modo que abranja a vida
em geral. Então, o político não cometeria injustiças, porque, visando à felicidade do
povo, promoveria uma boa administração, granjeando, assim, a confiança de todos.
O industrial obteria a admiração da coletividade, pois exerceria a profissão
honestamente; seus negócios progrediriam com segurança, porque ele mereceria a
estima de seus empregados, que seriam fiéis no trabalho. O educador seria
respeitado e teria notável influência sobre seus discípulos, educando-os com bases
sólidas. Os funcionários e os assalariados em geral subiriam de posição, porque a
Fé produz bom trabalho. A alma do artista irradiaria de suas obras, com grande
elevação e força espiritual, exercendo influência benéfica sobre o povo. O ator, no
palco, manifestaria nobreza, porque suas representações seriam baseadas na Fé,
e os espectadores receberiam o reflexo de seus sentimentos elevados. Entretanto,
isso não significa que as coisas se processassem com rigidez didática: tudo deveria
ser agradável e atraente.
É fácil imaginar como melhoraria o destino dos indivíduos e como eles se tornariam
úteis à sociedade, se seus atos fossem iluminados pela Fé, qualquer que fosse sua
profissão ou situação.
Haveria, certamente, um cuidado especial: o pragmatismo religioso não deveria
transformar-se em fanatismo, pois todo exagero é desagradável. A ostentação
religiosa é uma das piores coisas que há. Existem muitas criaturas que exibem
atitudes de religiosidade. Isso aborrece os outros. O ideal é ser natural, ser uma
pessoa simples, pondo apenas mais gentileza e nobreza nos atos. Em uma frase:
ser polido, eliminando a fé grosseira. Alguns devotos têm atitudes que lembram as
dos psicopatas. São extremamente subjetivos, fazem do lar um ambiente triste,
importunam os vizinhos e suscitam desconfiança sobre a religião que seguem. A
culpa, no entanto, é de quem os orienta; por isso, o ato de orientar requer muita
prudência.
Alicerce do Paraíso, “Pragmatismo” – (25/01/49)
O MUNDO DE PAZ
“Quão vazio é o homem que aprecia o conflito! Ele ainda possui resquícios de
selvageria.”
A seguir, falarei sobre a guerra. Ao fazer-lhe críticas, quero deixar claro que ela é
uma relíquia da esplêndida era bárbara, e relíquia da pior qualidade. Isso porque,
originariamente, o selvagem está muito próximo da besta, ou melhor, ele é metade
animal e metade homem. Analisando o homem civilizado da atualidade,
descobrimos que, interiormente, não existe grande diferença. Exteriormente, ele é
bem civilizado, sem dúvida, não se notando o mínimo de selvageria; mas resta uma
grande quantidade de características selvagens no fundo do seu coração,
representadas pelo espírito belicoso. Atualmente, o confronto de duas grandes
potências, os Estados Unidos e a União Soviética, é como se fosse o tigre e o leão
olhando-se furiosamente e mostrando-se as garras, prontos para se atacarem. A
única diferença é que, entre os seres humanos, todas as coisas se desenrolam
com inteligência. Possuindo a arma do progresso e organização coletiva, eles
elaboram as estratégias esperando apenas a chegada do momento. Entretanto,
são piores que os animais, pois o tigre e o leão se contentam com a morte de um
dos dois, mas os homens não. Eles colocam em segurança apenas o cabeça e,
sacrificando milhares de vidas, definem a luta; por conseguinte, tanto a parte que
vence como a parte que perde, constroem uma montanha de mortos. Falando pelo
resultado, em termos de características selvagens, o homem é superior ao animal.
Em seguida, mostrarei a falta de racionalidade na sociedade atual. Olhando
exteriormente, todos os países têm leis, organização política e econômica, sistema
social, etc. Estão constituídos de forma extremamente satisfatória pela Ciência e
pela inteligência humana, mas as características selvagens dos homens que os
administram manifestam-se em todos os lugares. Uma vez retirada a máscara, a
irracionalidade aparece numa quantidade exorbitante e assustadora. Na política,
por exemplo, observando o estado da Assembléia, pode-se perceber que a
linguagem e as atitudes abusivas não parecem adequadas a uma reunião de
pessoas de alto nível. O tumulto é tão insuportável, que a gente tem a impressão
de estar vendo uma multidão de velhacos. O regime parlamentar está constituído
de forma bem racional, mas também é destruído pelas características selvagens
dos seus componentes. Os membros dos partidos políticos pensam em primeiro
lugar no seu próprio benefício, em segundo lugar no benefício do partido, e em
terceiro lugar é que vão pensar no benefício dos cidadãos. É um assunto
problemático, pois essas pessoas se vangloriam, dizendo-se representantes do
povo no Congresso. No caso das eleições é a mesma coisa. Realmente, as leis e o
controle são extremamente rigorosos e minuciosos, mas isso é apenas na
aparência. Na realidade, é considerado esperto aquele que consegue ludibriar a lei.
E acontece o mesmo no Japão, que está contente por ter se tornado uma nação
democrática. O seu conteúdo é decepcionante, mas ele se jacta de sua autoridade,
não dando a mínima importância à infração dos direitos humanos. É uma situação
que sempre pode ser vista nos jornais. Esse fato antidemocrático é impossível de
ser imaginado por terceiros. Trata-se realmente de uma civilização superficial;
interiormente ela é selvagem, e não há outras palavras adequadas. Além disso,
como é do conhecimento de todos, os problemas de corrupção não passam do pico
visível de um “iceberg”.
Escrevi por alto o que me veio à mente; o restante, os leitores poderão deduzir.
Resumindo, é como falei no início: o mundo atual é civilizado apenas
superficialmente; no seu interior, ainda restam muitas características selvagens.
Portanto, creio que o título deste artigo é bem adequado.
Jornal Eiko nº 201, “A civilização selvagem” – (25/03/53)
“Quando todos os corações se religarem a Deus, será o início da paz
mundial.”
(Nidai-Sama)
Uma coisa que eu não consigo entender é a cabeça dos fabricantes de guerras.
Isso não começou agora; existe desde épocas remotas. É um estado psicológico
de pessoas que, pela sua própria ambição, sacrificam numerosas vidas e ficam
indiferentes. Pensem bem. Mesmo quando se mata uma só pessoa, isso é
enquadrado como crime, e o próprio criminoso é atormentado constantemente pela
sua consciência e pelo arrependimento. Freqüentemente ouvimos tais confissões
de indivíduos que cometeram crimes. Apesar de criminosos, eles ainda são de
qualidade melhor. O homem extremamente perverso mata inúmeras pessoas, mas
dificilmente se sente atormentado. Quando o Mal se torna ativo, pode vencer os
Céus. Durante algum tempo o criminoso consegue viver magnificamente, mas
depois começa a decair pouco a pouco, por causa da punição do Mal, e acaba
sendo descoberto. No momento de pagar o tributo, ele estremece de temor do Mal.
Freqüentemente ouço falar que tais pessoas, quando despertam, ao mesmo tempo
que derramam lágrimas de arrependimento, sequer conseguem pronunciar
palavras dignas. Às vezes, há pessoas que, além de não sentirem qualquer
tormento, fogem descaradamente, dizendo impropérios, mas isso é uma exceção.
Com relação à guerra a coisa é diferente. O cabeça não mata diretamente as
pessoas, mas, tendo milhares ou milhões de subordinados, pratica um amplo
assassinato. Além disso, não mata só o inimigo, mas também os amigos. Portanto,
essa ação brutal é absolutamente insuportável. Sem dúvida, ele deve ser um
demônio, ou um animal satânico; não posso expressar o que ele é através de
palavras. E não se trata de mal só pelo fato de ser um assassinato coletivo. Isto
porque, se uma pessoa ou pessoas, ameaçam os povos pacíficos, ou seja,
aficionados à paz por meio da força militar, o fato de impedir que isso aconteça é
uma magnífica e correta forma de defesa. Se ela não atuar rapidamente, o prejuízo
será grande. Por conseguinte, isso não constitui crime.
Seja como for, devemos dizer que os heróis da época em que não se hesitava em
sacrificar inúmeras vidas para satisfazer caprichos pessoais, são realmente
possuidores de cabeças incompreensíveis. Está mais do que claro que, enquanto a
cabeça dessas pessoas não mudar por completo, não será possível concretizar a
paz mundial. Nesse sentido, as atividades realizadas por diversas instituições
pacifistas e por diversas religiões que existem hoje no mundo, naturalmente são
ótimas, mas, para aperfeiçoá-las, não há outro meio senão eliminara brutalidade
existente na cabeça dos heróis atuais. As pessoas poderão dizer que isso é quase
impossível, e o que vem à cabeça de qualquer um deve ser a Religião. Entretanto,
já está mais do que comprovado que as religiões de até agora não servem, por isso
é preciso que surja algo superior a elas, algo denominado X. Quem pensa assim,
não somos apenas nós.
Jornal Eiko nº 101, “A cabeça dos fabricantes de guerra” – (25/04/51)
“Para Deus, todos os povos são Seus filhos, não obstante as diferenças de
feições e cor.”
(Nidai-Sama)
JUSTIÇA
“Vou lutar, durante toda a minha vida, contra os planos traçados pelo Mal
para destruir este mundo.”
Desde tempos antigos se diz que, na sociedade humana, quase não existe local
nem época onde não se registre a luta entre o Bem e o Mal. Temos desde as lutas
de grandes proporções, como as de âmbito internacional, até as de pequenas
proporções, como as que ocorrem no lar de quase todas as pessoas.
Naturalmente, no mundo religioso é a mesma coisa. A nossa Igreja, também, até
um certo período se empenhará em salvar o homem da doença, da pobreza e do
conflito, considerando ser este um tipo de luta absolutamente inevitável. Os
fariseus, por obstinação, usando esse e aquele meio, tentaram atrapalhar o
progresso da nossa Igreja armando conflitos. Essa realidade é sem dúvida a luta
entre o Bem e o Mal; é o combate entre Deus e Satanás; é também a guerra entre
o Deus Verdadeiro e o Deus Falso. Provavelmente não há, entre as religiões novas,
nenhuma que seja considerada tão inimiga como a nossa, pelos demônios. E existe
um grande motivo para isso. Como eu acho que todos querem conhecê-lo, vou
explicar detalhadamente.
O Espírito Divino que preside a nossa Igreja, por ocasião da grande transição do
mundo, irá manifestar a força de salvação mundial, o que é uma ameaça sem
precedentes, o último sopro para o Mundo do Demônio. Além disso, se a nossa
Igreja, gradativamente, passa a realizar grandes feitos, o demônio irá sendo
encurralado, pressionado a escolher definitivamente um dos dois destinos: renovar
os seus sentimentos ou se render. Sabendo disso, ele quer escapar, de qualquer
jeito, dessa ameaça. E o resultado é que emprega todo o esforço possível,
praticando atividades sabotadoras. Além do mais, existem não sei quantos milhões
de demônios, sendo quase impossível contá-los. Naturalmente, se há um líder,
também há subalternos divididos em superiores, médios e inferiores, e cada um
tem a força correspondente. O grupo de demônios escolhe as pessoas que
parecem ser úteis para atrapalhar a nossa Igreja e encosta nelas. Logicamente,
encosta nos ateus, nos materialistas, raramente nos espiritualistas; mas estes,
quando, por algum motivo, criam maus pensamentos, também se tornam
prisioneiros do demônio.
Sob o encosto do demônio, o ser humano é utilizado livremente. O meio
empregado é dominar-lhe o cérebro e roubar-lhe o pensamento. Em relação à
nossa Igreja, por exemplo, aos poucos vão surgindo idéias como: “Não sei por que
ela me irrita, tenho antipatia por ela, quero prejudicá-la, quero acabar com ela”. Nos
intelectuais o demônio faz surgir pensamentos de acordo com a sua condição de
intelectuais: “É uma religião supersticiosa, por isso quer fazer acreditar que a
destruição é para o bem da sociedade”.
Existe uma coisa ainda mais interessante. São as nossas publicações impressas.
Todas elas são reportagens boas, não tendo um ponto sequer que mereça críticas.
Se elas forem lidas, os planos do demônio sofrerão um grande revés, razão pela
qual não só ele faz o máximo de esforço para que as pessoas não as leiam, como
também tem muito medo dessas publicações. E isso também acontece porque ele
sofre quando as lê. Esse sofrimento é confessado pelas pessoas que estavam com
encosto do demônio, quando elas renovam o seu sentimento. Aliás, esse é o
melhor teste mental para saber se a pessoa está ou não com encosto do demônio.
É só deixar as nossas publicações num local visível aos olhos: aquele que pegar e
ler é um homem bom; aquele que não olhar, pode-se afirmar sem erro que está
com encosto do demônio. Segundo esse princípio, desde que a pessoa leia as
publicações da nossa Igreja, o espírito negativo se encolhe, o sentimento obstrutivo
se anula. Enquanto não consegue lê-las, a pessoa continua como serva de
Satanás e revolta-se contra Deus. Através desse fato, compreende-se também
como a nossa Igreja é poderosa.
Quero fazer uma advertência sobre o destino daqueles que estão com encosto do
demônio. O Mundo Espiritual logo se tornará dia e, à medida que a purificação se
intensificar, o processo de limpeza será absoluto. A partir daí, não haverá outro
recurso a não ser a destruição do demônio. Isso, em síntese, é o Juízo Final.
Entretanto, o amplo amor de Deus salvará o maior número possível de pessoas.
Assim, para restabelecer o corpo material, Deus expulsa o demônio e, através de
mim, escreve esta advertência.
Jornal Kyussei nº 54, “A luta entre o bem e o mal” – (18/03/50)
“Não temo críticas nem censuras sejam elas quais forem. Tenho a espada
para destruir o Mal.”
Assim como Cristo foi tentado por Satanás e Buda foi atormentado por seu primo
Daiba, no caso da nossa Igreja, Satanás e Daiba também nos espreitam
insistentemente. O interessante é que, com o passar do tempo, os demônios estão
cada vez mais desesperados; atualmente, ele agem com vigor e força leonina.
Todos poderão comprovar a veracidade das minhas palavras através dos fatos que
nos últimos tempos estão sendo freqüentemente publicados pelos jornais. Por isso
pode-se imaginar que a derrota do demônio está iminente, o que significa que
estamos atravessando a véspera do “Fim do Mundo” profetizado por Cristo.
Falando·se em demônio, tem-se a impressão de que seja um só. Na verdade,
existem vários, de grande, médio e pequeno poder. Quanto mais máculas o ser
humano tiver, mais livremente será manipulado por eles, através dos elos
espirituais maléficos. Dessa forma, inconscientemente, o homem tomará atitudes
que se opõem a Deus. Como os demônios vêm agindo à vontade há milhares de
anos, continuam com sua maldade e pensam que nada mudou, porque
desconhecem a transição do Mundo Espiritual. Entretanto, como essa transição
está se processando, é com razão que eles estão confusos e ainda não
despertaram.
À medida que o Mundo Espiritual vai clareando, a luz vai se tornando mais intensa.
Quer dizer que está chegando a época de terror para o demônio, pois Luz é o que
ele mais teme; diante dela, ele se encolhe e perde a força de ação. É por isso que
até nas experiências mediúnicas, se não apagarem a luz, esses espíritos não
podem atuar. Só ocorre o contrário quando se trata de um espírito muito elevado.
Por esse motivo, como os espíritos satânicos temem a Luz que emana do Poder de
Deus, fazem tudo para interromper-lhe o fluxo, procurando criar obstáculos para
nossa Igreja.
Alicerce do Paraíso, “Derrota do demônio” – (20/11/49)
“Quem caminha tendo Deus como força e o amor ao próximo como bengala,
não tem nada a temer neste mundo.”
“Aquele que nada tem de que se envergonhar perante os Céus e nada a temer
na Terra, é o verdadeiro filho amado por Deus.”
Que é Religião?
Religião, evidentemente, não é uma interpretação complicada de doutrinas e
filosofias religiosas. Seu objetivo é a formação de homens perfeitos. Estas palavras
tão simples resumem a resposta, mas na prática isso é difícil de realizar. É
exatamente como disse Confúcio (552-479): “Falar é fácil; fazer é que é difícil”.
Vou explicar qual é a dificuldade.
A maioria das pessoas pensa que ninguém consegue fama ou riqueza apenas com
honestidade, julgando inevitável a utilização de alguns meios ilícitos. Além disso,
quase todos preferem os maus divertimentos aos bons. Esse falso critério
prevaleceu durante milhares de anos e acabou se transformando em senso
comum. Embora houvesse muitas tentativas por parte da lei e da educação moral
visando a melhorar a sociedade, os resultados foram insignificantes.
A Religião é o último recurso que possuímos; entretanto, devemos considerar que a
diferença de força, no campo religioso, influi enormemente. Uma religião de pouco
poder não consegue vencer o Mal. Eis por que seus seguidores também não
conseguem deixar de agir erradamente. Torna-se, pois, necessário o aparecimento
de uma poderosa religião capaz de vencer o Mal. Só assim teremos um mundo
harmonioso e uma boa sociedade. Isso é o que chamamos de Justiça aliada à Fé.
Alicerce do Paraíso, “Fé é justiça” – (03/06/50)
Mesmo no caso de más propagandas, pode ser que Deus esteja usando as
pessoas para fazê-las. Até o problema referente a impostos, que enfrentamos
recentemente, eu pensava que fosse atuação de Satanás, mas, analisando,
constatei que não era; era Deus quem o estava promovendo. Através daquele
problema, ao contrário do que imaginávamos, houve boas influências em diversos
lugares. Por isso, à medida que se for aprofundando a fé, as coisas tornar-se-ão
ainda mais paradoxais. E, mesmo que se esteja ajudando o Mal, é impossível o ser
humano impedir isso. Pelo contrário, devemos corrigir o nosso mal e os nossos
erros, e não os dos outros. É bom ter-se o desejo de mudar as pessoas, mas por
meio da ação nada se pode fazer.
Existem coisas que devem ser feitas e outras que não devem ser feitas.
Normalmente, quando digo para fazerem, as pessoas fazem demais, e quando digo
que não podem fazer, elas nada fazem. Isso acontece também com o tempero dos
alimentos. Quando digo que falta açúcar, fazem doce demais; quando digo que
está insosso, colocam sal em excesso. É difícil fazer na medida ideal. É importante
fazer as coisas pensando na sua proporção. Isso significa ter inteligência. Mesmo
para entregar o caso nas mãos de Deus, existe uma dosagem. Há um ditado que
diz: “Faça o melhor de si, e deixe o restante com Deus”. Isso é bom. Depois de
fazermos tudo que é possível, tudo que deve ser feito do ponto de vista humano,
devemos entregar o restante nas mãos de Deus. Portanto, as coisas vão mudando
de acordo com o “jishoi” da pessoa.
Saneatsu disse: “Forte como Deus e fraco como Deus”. São palavras sábias, não
são? Até mesmo Deus, há ocasiões em que Ele é forte, e outras, em que Ele é
fraco. Entre os Kannon, o Bato Kanzeon (Avalokitesvara de cabeça de cavalo) solta
fogo pela boca e seus olhos brilham fortemente. Isso expressa a sua atuação para
salvar o Mundo das Bestas. A inteligência consiste em saber usar habilmente
diversas coisas. Conseguir encontrar o método que surta o melhor resultado,
significa ter inteligência.
Registro das Palavras de Luz vol. 2 – (28/12/48)
POLIMENTO DA ALMA
Se as coisas não ocorrem de acordo com o nosso desejo, é sinal de que ainda
temos máculas. A essência da Igreja Messiânica Mundial é eliminar as máculas de
forma alegre, sem sofrimento. Para isso, devemos salvar as pessoas. Através da
gratidão dessas pessoas, poderemos receber Luz sempre, e com isso a nossa
alma se purifica. Ou seja, ao invés de práticas ascéticas, devemos alegrar as
pessoas e salvá-las. Através disso, poderemos obter o mesmo resultado que se
obtém pelas práticas ascéticas. Para salvar as pessoas, realmente precisamos
saber conversar e explicar bem. Para tanto, devemos ler os Ensinamentos. Pela
leitura dos Ensinamentos passamos a conhecer vários tipos de Verdade e isso
purifica a nossa alma. Ao mesmo tempo, se intensificará, proporcionalmente, a
nossa força de salvação. Assim, salvando e alegrando o nosso semelhante, nós
nos elevamos espiritualmente.
Coletânea de Ensinamentos vol. 15 – (06/10/52)
“Purifiquem seu espírito e tornem-se pessoas que trabalhem para limpar este
mundo abjeto.”
“Sem o devido polimento, até mesmo uma pedra preciosa admirada por todos
não passa de um simples cascalho.”
Antigamente, para se fazer uma boa espada, era necessário esquentar o aço até a
incandescência, batê-lo com martelo sobre uma bigorna e, a seguir, colocá-lo na
água. Repetia-se várias vezes essa operação, isto é, caldeava-se e batia-se o aço
em brasa, mergulhando-o, depois, na água.
O interessante é que esse princípio também se aplica à vida humana. A divulgação
da nossa Igreja, com o decorrer do tempo, encontrou várias críticas e obstáculos,
isto é, contratempos e ataques, para , em seguida, receber elogios e louvores.
Experimentamos, portanto, do fogo escaldante ao mergulho na água fria.
Muitas vezes me perguntam: “Por que ocorrem fatos tão contrastantes?” Para
essas perguntas eu dou como resposta o exemplo do caldeamento da espada, e as
pessoas compreendem bem.
Desde os tempos mais remotos, quem executa uma obra fora do comum não só
recebe louvores, mas também perseguições, oriundas do despeito. É nessa luta,
porém, que reside o mérito de alcançarmos fortalecimento. É como a espada, que
só adquire todas as qualidades graças à alternância do caldeamento e esfriamento
e às fortes marteladas sobre a bigorna. Analisando sob o aspecto religioso,
significa que Deus impõe maior sofrimento a quem tem maior missão, o que não
deixa de ser motivo de alegria.
Alicerce do Paraíso, “A parábola da espada” – (1949)
(Nidai-Sama)
Isso não pode, em absoluto, ser compreendido pela mente humana. As coisas de
Deus são extremamente profundas. Exemplificando, podemos até achar que o
médico é o demônio.
Como o remédio faz enfraquecer o corpo saudável e, em conseqüência disso,
acaba tirando até a vida da pessoa, trata-se de uma ação disparatada de Satanás.
Graças, porém, a esse Satanás é que surgiu a Igreja Messiânica Mundial, a qual
está se desenvolvendo passo a passo. Se os médicos curassem todos os doentes,
a Igreja Messiânica Mundial não progrediria. Se a Igreja Messiânica Mundial se
sente orgulhosa pelo seu rápido desenvolvimento, é por causa do Satanás
denominado Medicina. Por conseguinte, significa que Satanás está realizando um
trabalho muito bom. Entretanto, não é que eu esteja agindo propositadamente, de
forma planejada; já está determinado assim, de modo que eu não posso julgar se
isso é bom ou mau. É assim que as coisas acontecem. Dessa forma, como sempre
digo, também a nossa Igreja tem sido salva e recebido uma considerável
contribuição de Satanás. Por isso, não importa dizer se é bom ou ruim. Não se
pode definir, porque Deus utiliza igualmente a parte maligna. Por exemplo, polir a
própria alma, tornar-se pessoa eminente: esses tipos de polimento são feitos por
Satanás. Ele faz a pessoa sofrer e, com isso, ela se esmera. Satanás assemelha-
se a um esmeril, criando homens de bem. No caso da luta entre o Bem e o Mal, se
houvesse somente homens bons, não haveria luta coisa alguma, e por isso, seria o
fim. A única coisa que não pode acontecer é perdermos para Satanás. Se
perdermos, o mundo se transformará no Mundo do Mal; portanto, é preciso ganhar.
Só que, até agora, como Satanás era mais forte, Deus perdia, embora
momentaneamente. É por isso que existe a infelicidade e as desgraças. Basta que,
doravante, os que estão do lado de Deus comecem a vencer Satanás. Mesmo
quando chegar o Mundo de Miroku, não significa que o Mal deixará de existir por
completo. Ele continuará existindo. Só que irá perder para Deus. Mas, como
Satanás é muito persistente, além de não desistir, ainda que perca, vai até o fim. E
essa é a função de Satanás.
Sendo assim, nem é preciso pensar nessas coisas. Basta não perder para Satanás.
Entretanto, mesmo dizendo que é bom não perder para ele, mesmo querendo
vencer, há casos em que, baseado na sabedoria, é melhor perder. Em tais casos, é
preciso perder. Por isso, até agora se perdia para Satanás, mas, no final, Deus irá
vencer. Como todos sabem: “O Mal não vencerá o Bem. O Bem acabará
vencendo”. Até o presente Satanás tinha mais poder, e o período de derrota era
longo. Gradativamente, essa situação irá invertendo. Quando ficar completamente
o inverso, estará concretizado o Mundo de Miroku.
Concluindo, não se deve temer Satanás. É um grande erro definir que fulano é o
diabo ou que sicrano é assim ou assado. Isso infringe os domínios de Deus.
Registro de Orientações vol. 23 – (01/08/53)
SERVOS DE DEUS
(Nidai-Sama)
(Nidai-Sama)
Todos vão passar pelas provas de Deus e muitos vão ser reprovados. Se a pessoa
não conseguir suportar firmemente, seja o que for que acontecer, estará perdida.
Alguém querer praticar ações excêntricas num momento difícil como este é prova
de que sua vontade é completamente fraca. Analisando desse modo, chega-se à
conclusão de que, no dia-a-dia, o procedimento dessa pessoa não era correto. Não
posso mais salvá-la. É melhor abandoná-la e cuidar de outras pessoas. Não há
necessidade de você se preocupar com a salvação dela. Por mais que nos
empenhemos, não conseguiremos salvaras pessoas cuja corda da salvação foi
rompida por Deus. Deus está bem mais rigoroso que antes, por isso não adianta
pensar em salvar esse tipo de pessoa. Ao invés disso, é melhor se empenhar em
salvar aqueles para os quais haja esperança de salvação.
Registro de Orientações vol. 25 – (01/10/53)
“Quem está com Deus não deve lamentar o passado nem se preocupar com o
futuro.”
“Não sendo Deus, o homem não deve levianamente julgar o bem e o mal do
próximo.”
“O ser humano não deve impor os seus gostos nem aceitar imposições, pois
a liberdade é uma dádiva de Deus.”
(Nidai-Sama)
“O homem deve viver de acordo apenas com a Vontade Divina, sem se deixar
influenciar pelos olhos e pela boca dos outros.”
“Sem apego, acolhendo o lado bom das coisas e ignorando seu lado mau,
empenhemo-nos alegremente na construção do Paraíso Terrestre.”
(Nidai-Sama)
A pessoa não deve censurar a mentira proferida por outra pessoa. Deve sim, ouvi-
la, demonstrando admiração: “Ah, é verdade?!” Mas, por dentro, ela precisa estar
ciente da verdade. O homem tem de ser astuto até nesse ponto.
O dono de uma casa de móveis usados, tratando-me com menosprezo, dizia-me:
“Aquele é assim; este é falso”. Então, eu falava: “Realmente, é verdade!” Mas
pensava comigo mesmo: “O que é que esse homem está falando? Ele é um tolo.
Será que ele acha que eu não entendo disso?” Eu o ouvia aparentemente
admirado, e com isso aprendia: “É, ele diz coisas boas. De fato, é isso mesmo”.
Certo chinês disse o seguinte: “Não faça distinção para conversar com as
pessoas”. Há coisas ditas por um simples trabalhador ou camponês que nos
ensinam muito. Por isso, não devemos discriminar as pessoas. Qualquer coisa que
ouvirmos deve ser levada em consideração.
Também há ocasiões em que aprendemos com as crianças. Acredito que já tiveram
essa experiência. Segundo a “Teoria da Intuição”, de Bergson, as crianças
possuem a intuição verdadeira, por isso dizem coisas maravilhosas. Nas brigas
entre mãe e filho, muitas vezes a verdade está do lado do filho.
Registro de Orientações vol. 21- (01/06/53)
ARTE
Sempre se pensou que não há muita relação entre Arte e Religião. Entretanto, no
Japão, as manifestações artísticas tiveram início com a arte budista, não obstante
se limitassem a simples quadros, estátuas, tecelagem, etc. No que se refere à
música, existiam instrumentos tais como “sho”(10), “hitiriki”(11), “mokugyo”(12), e
“dora”(13), e os sons emitidos na leitura dos sutras budistas. Por isso, podemos dizer
que se tratava de uma arte primitiva.
Mais tarde, estimulada pela introdução das artes chinesa e coreana no país, a arte
japonesa passou por um período de imitações, até que conseguiu criar um estilo
Sho: instrumento musical de cano É constituído de dezessete canos de bambu, longos e curtos, dispostos verticalmente. Dois deles não
emitem som, os quinze restantes possuem orifícios na parte anterior e na parte posterior.
Hitiriki: instrumento musical de cano, semelhante à flauta.
Mokugyo: instrumento sonoro que se bate na hora de ler os sutras budistas. É feito de madeira oca, arredondado, esculpido em formato de
cabeça de peixe. Para se produzir o som, utiliza-se um pequeno bastão coberto por um pedaço de pano ou couro.
Dora: instrumento musical semelhante ao gongo.
próprio. Atualmente, com a importação da cultura ocidental, também foi introduzida
a arte do Ocidente. Principalmente após a Era Meiji (1868-1912), afluíram, com
grande intensidade, as artes dos Estados Unidos e da Europa. Em conseqüência,
no panorama artístico japonês da época atual, encontram-se as melhores obras de
todo o mundo, as quais estão sendo absorvidas e assimiladas, de modo que, aos
poucos, vai se criando uma arte universal. Por isso, talvez possamos afirmar que o
Japão é um centro cultural.
Não existe, ou melhor, nunca existiu uma religião que desse tanta importância à
Arte quanto a Igreja Messiânica Mundial. Isto porque o Paraíso Terrestre – nosso
objetivo último – é o Mundo da Arte. Obviamente, se ele é um mundo isento de
doença, pobreza e conflito, isto é, o mundo de perfeita Verdade, Bem e Belo, o
homem seguirá a Verdade, amará o Bem e odiará o Mal; assim, todas as coisas se
tornarão belas. Nesse sentido, a Arte não será apenas um deleite indispensável;
ela constituirá a própria vida e se desenvolverá intensamente. Ou seja, o Paraíso
Terrestre será o Mundo da Arte. Eis o motivo pelo qual tenho grande interesse por
ela e pretendo incentivá-la bastante, no futuro. Como primeiro passo, estou
construindo o protótipo do Paraíso Terrestre, em Atami. Quando ele estiver
concluído, atrairá ainda mais a atenção da sociedade, recebendo muitos elogios.
Infalivelmente, merecerá consideração a nível mundial. Portanto, estamos dando
prosseguimento aos planos sob essa diretriz.
Alicerce do Paraíso, “Religião Artística”- (06/06/51)
“Aqueles que desviam seus olhos da luz, da neve, das flores e dos
sentimentos humanos, são de baixo nível espiritual.”
Há mais uma coisa importante. Dois ou três dias atrás, adquiri uma pintura de
Miyamoto Mussashi, exímio esgrimista do início da Era Edo, e dentro em breve vou
expô-la no Museu. Trata-se da pintura de Dharma. É uma pintura excelente. Fiquei
surpreso. Nem se compara com as famosas obras chinesas da Era Soguen. Uma
das obras de Miyamoto é Tesouro Nacional. Dessa maneira, quem se torna “expert”
em artes marciais, consegue alcançar o princípio profundo de todas as coisas. Isto
é algo que é bom ficar sabendo. Existem vários níveis, várias categorias, tanto na
pintura, como na escultura, na literatura e em outras artes. Na vida diária do
homem, também existem vários níveis em todas as suas atividades. Se uma delas
conseguir avançar, as demais também avançam, mesmo que estejam em situação
inferior. Isso é interessante, não é verdade? No caso do praticante de artes
marciais, quando ele se torna um “expert”, mesmo executando uma pintura, esta
chega também ao nível de “expert”. Quem escreve bem, também pinta bem, ou
vice-versa. O fato de ser bem sucedido em todas as coisas que realizo é porque,
espiritualmente, a minha alma encontra-se no nível superior, de modo que todas as
coisas que eu faço alcançam esse nível. Seja construindo jardins, seja construindo
edifícios, eles se tornam magníficos. As coisas ficam assim naturalmente, sem
qualquer aprendizado.
Eis aí o sentido de construir um Museu de Arte e mostrar as melhores obras. Quem
aprecia obras de arte de qualidade, de alto nível, sua cabeça aproxima-se dessas
obras, por isso o resultado será o mesmo que polir a alma através da Fé. Só que as
pessoas da antigüidade elevavam suas almas realizando vários tipos de práticas
ascéticas. Isso é fé infernal, ou seja, fé do Mundo da Noite. Nossa Igreja é uma
religião paradisíaca, por isso os seus resultados são os mesmos que se alcançam
através de banhos de cachoeira ou jejum.
Coletânea de Ensinamentos vol. 11- (06/06/52)
O mundo contemporâneo pensa que tudo pode ser resolvido pela Ciência.
Entretanto, embora quase ninguém chegue a perceber, existem diversas coisas
importantes que a Ciência não consegue resolver. Analisemos a Arte, por exemplo.
A pintura e as mais diversas expressões artísticas, como a literatura, a música, o
cinema e até o teatro, possuem algum teor científico, mas não é preciso dizer que
estão quase totalmente fundamentadas no conjunto da genialidade, inteligência,
consciência e esforço do homem. Todos sabem o quanto a Arte é necessária para
a sociedade humana. Se ela não existisse, a vida seria seca e sem sabor, como se
estivéssemos dentro de uma cela de pedra.
Exemplifiquemos. Sempre que caminho pela cidade, sinto que, se não houvesse
lojas, residências e prédios ao redor, e eu não pudesse ver o verde das árvores da
rua ou dos jardins das casas, mas apenas uma parede semelhante à de um
presídio, de uma só cor sombria, prolongada em linha reta, talvez eu não suportaria
andar sequer alguns quarteirões. Assim, a bela visão proporcionada pelo rico
colorido das casas, pelas diferentes feições e expressões das pessoas, com sua
maneira característica de se vestir e de andar – a exuberância dos jovens exibindo
a moda; as pessoas de idade; os recém-chegados do interior – enfim, os infinitos
aspectos que encontramos, cada um com algo de interessante, é que nos permitem
andar pela rua sem entediar-nos. Quando nos distanciamos da cidade, dentro de
um ônibus ou de um trem, não ficamos cansados porque a paisagem variada –
montanhas, rios, plantas, árvores e plantações – nos faz passar o tempo. Além do
mais, as diversas transformações ocasionadas pelo clima das estações enriquecem
o nosso sentimento. O mundo é realmente uma arte criada pela Natureza e pela
mão do homem. É por isso que vale a pena viver.
Pensando dessa forma, poderão concluir que até a Ciência é uma parte da Arte, e
entender, portanto, que ela tem uma função auxiliar. Assim, é por demais evidente
que há uma ligação inseparável da Arte com a vida do homem. Ante essa
evidência, a Igreja Messiânica Mundial interessa-se pela Arte e estimula-a como
nenhuma religião o fez até agora. Entretanto, até mesmo na Arte existem níveis. Se
ela é de nível inferior, corre o perigo de abaixar o nível das pessoas, levando-as à
degradação, motivo pelo qual é preciso muita cautela. Por isso, a Arte deve ser de
nível elevado – uma arte que, deleitando a pessoa, eleve o seu sentimento. A teoria
é fácil, mas existirão organizações que se encarreguem disso? Quanto ao exterior,
nada posso afirmar; porém, todos sabem que, nesse ponto, a situação do Japão é
muito precária. Para corrigir essa falha, nossa Igreja está efetuando a construção
do protótipo do Paraíso Terrestre, do qual faz parte o Museu de Belas-Artes. Há um
sábio e antigo ditado que diz: “A Religião é a mãe da Arte”. Ele exprime muito bem
a atividade de construção que estamos desenvolvendo.
Alicerce do Paraíso, “Ciência e Arte” – (30/04/52)
Waka: poema composto no Japão desde os tempos antigos, semelhante ao haicai, diferenciando-se deste no que diz respeito aos pés
métricos, que são trinta e um. É constituído de cinco versos, dos quais o primeiro e o terceiro são pentassílabos, e os demais, heptassílabos.
UNIDADE VIDA E MORTE
Pude intuir esta maravilha que é o Johrei graças ao conhecimento que tive sobre a
existência do espírito e ao princípio fundamental de que, com a purificação do
espírito, o corpo volta à normalidade. Esse princípio deve ser considerado como um
prenúncio da cultura do futuro. Realmente ele representa uma grande revolução
para a Ciência, e, se o aplicarmos em todos os setores da vida, o bem-estar da
humanidade aumentará incalculavelmente. E não é só isso. Aprofundando-se a
pesquisa desse princípio fundamental, pode-se prever que ele influenciará até a
essência da própria Religião.
A controvérsia sobre a existência de Deus é uma questão que tem desafiado os
tempos e continua sempre presente. E isso se justifica porque, apenas do ângulo
de visão materialista, obviamente as pessoas nada podem compreender a respeito
de Deus, que é Espírito, o qual, para elas, equivale ao Nada. Mas, pela Ciência
Espiritual que estou propondo, é possível reconhecer a existência de Deus e, ao
mesmo tempo, responder a indagações sobre problemas como a vida após a
morte, a reencarnação, a verdade sobre o Mundo Espiritual, os fenômenos de
encosto e incorporação e outras questões relativas ao Mundo Desconhecido, que
chamo também de Mundo Intemporal.
Primeiramente devo explicar como se processou a evolução do meu pensamento.
Quando jovem, eu era extremamente materialista. Até mais ou menos quarenta
anos nunca entrei em templo algum. Achava tolice adorar ou rezar para uma pedra,
um espelho ou um papel escrito, que constituem a imagem de Deus nos templos
xintoístas e são colocados num recipiente com formato de caixa, feito por
carpinteiros, com tábuas de cânfora, e chamado “Omiya”. Nos templos budistas
também se adora um Buda desenhado em papel, ou as estátuas de Kannon, Amida
e Buda talhadas em madeira, pedra ou metal. Eu costumava afirmar que Kannon e
Amida só existiam na imaginação do homem; por conseguinte, achava que era uma
adoração ainda mais sem sentido, não passando de idolatria.
Naquele tempo, li a tese do famoso filósofo alemão Rudolf Eucken (1846-1926), o
qual diz que o homem possui o instinto inato de adorar qualquer coisa e, assim,
criou e adora os seus próprios ídolos, caindo na auto-satisfação. Como prova disso,
acrescenta ele, todas as oferendas depositadas no altar estão voltadas para o lado
dos homens e não para o lado de Deus. Senti-me perfeitamente identificado com a
tese e até considerava que a existência de templos era prejudicial ao progresso da
Pátria, porque as nações que possuíam muitos templos estavam em declínio e
aquelas que quase não os tinham achavam-se em franco desenvolvimento. Apesar
disso, mensalmente eu contribuía com uma modesta quantia para o Exército da
Salvação, e por esse motivo era visitado por um sacerdote que sempre insistia em
que eu me convertesse ao cristianismo. Ele me dizia: “As pessoas que contribuem
para o Exército da Salvação geralmente são cristãs. Por que o senhor contribui se
não é cristão?” Então expliquei: “O Exército da Salvação trabalha para a
recuperação de ex-presidiários, transformando-os em pessoas de bem. Se não
existisse, talvez um deles tivesse entrado em minha casa para me roubar. Portanto,
se o Exército da Salvação está impedindo que isso aconteça, é natural que eu seja
agradecido e colabore nas suas obras”.
Houve muitos casos semelhantes, porém, na época, apesar de fazer o bem, eu não
acreditava em Deus nem em Buda. Sendo assim, poderão compreender quão forte
era a minha tendência a jamais acreditar naquilo que não se pode ver.
Naquele tempo, as minhas atividades comerciais iam muito bem, e eu estava no
auge da autoconfiança, mas um de meus empregados me fez perder tudo. A sorte
adversa, manifestada através do falecimento de minha primeira esposa, dos
embargos judiciais sofridos, da falência e de outras desgraças, arrastaram-me para
o fundo do abismo. Como resultado, acabei recorrendo àquilo a que todos recorrem
nessas ocasiões: a Religião. Também eu fui à procura da salvação no xintoísmo e
no budismo, como era de praxe, e assim tive conhecimento da existência de Deus,
do Mundo Espiritual, da vida após a morte, etc. Refletindo sobre o meu passado,
arrependi-me da vida inútil que levara até então.
Após esse despertar, meu conceito sobre a vida deu uma volta de cento e oitenta
graus. Compreendi que o homem é protegido por Deus e que, se ele não
reconhecer a existência do espírito, não passa de um ser vazio. Também entendi
que, mesmo na pregação moral, se não fizermos com que as pessoas reconheçam
a existência do espírito, ela não terá nenhum valor. Por isso, caros leitores, faço
votos de que “abram os olhos” para os esclarecimentos que darei sobre os
fenômenos espirituais.
Alicerce do Paraíso, “Deus Existe?” – (05/02/47)
“Desconhecendo que foi criado por Deus, o homem estulto nega a existência
do Criador.”
(...) Essa é a ordem normal, porém, de acordo com a pessoa, há situações em que
não se obedece a ela. Isso acontece com aqueles que, na ocasião da morte, têm
forte apego à vida. Eles reencarnam antes de terem sido suficientemente
purificados no Mundo Espiritual. Geralmente têm destino infeliz, porque lhes restam
consideráveis máculas da vida anterior, que precisam ser eliminadas. Por essa
razão é que muitos praticam o bem mas vivem perseguidos pelos infortúnios. São
pessoas que na vida anterior cometeram muitos pecados e, quando morreram,
arrependeram-se seriamente, tomando a firme decisão de não persistir no erro.
Esse propósito ficou impregnado em seu espírito, mas, como reencarnaram sem
terem sido suficientemente purificadas, vivem sempre cercadas de sofrimento,
apesar de detestarem o mal e praticarem o bem. Entretanto, não são poucos os
exemplos de pessoas que, passando um período de infelicidade e tendo redimido
os seus pecados, tornam-se subitamente felizes.
Há homens que se orgulham de não conhecerem outra mulher além de sua
esposa, e outros que não desejam casar-se, terminando a vida solteiros. São
indivíduos a quem as mulheres causaram muita infelicidade na vida anterior, e por
esse motivo morreram com uma espécie de temor ao sexo feminino, sentimento
que deixou marcas em seu espírito.
Algumas pessoas têm especial aversão ou receio de aves, insetos ou outros
bichos. Isso tem origem na morte que tiveram, causada por um desses animais. O
mesmo pode ser dito em relação àqueles que temem a água, o fogo ou os lugares
altos. Outros têm medo de lugares onde se aglomera muita gente. Quando alguém
sente isso, é porque em outra vida morreu pisoteado pela multidão. É interessante
o pavor que certas criaturas têm de ficar sozinhas. Ministrei Johrei numa pessoa
assim. Ela não podia ficar sozinha dentro de casa. Nessas ocasiões, saía para a
rua e ficava esperando alguém chegar. Provavelmente, na vida anterior, tais
pessoas faleceram de um mal súbito, quando estavam sozinhas.
Pelos diversos exemplos citados, concluímos que, no dia-a-dia da sua vida, o
homem deve se esforçar para morrer em paz, sem apegos, temores e outras
preocupações.
Quando uma pessoa nasce deformada ou aleijada, geralmente é porque
reencarnou antes de estar suficientemente purificada no Mundo Espiritual. Por
exemplo: antes de ser curada de fratura nas mãos ou nas pernas, provocada pela
queda de um lugar alto. Além do apego do próprio falecido, há outro motivo para a
reencarnação prematura: a influência do apego dos familiares. É comum o caso de
mulheres que engravidam logo após o falecimento de um filho querido. Esse novo
filho é aquele que morreu e reencarnou prematuramente, em virtude do apego da
mãe. Geralmente essas crianças não são muito felizes.
Existem pessoas sábias e pessoas ignorantes. Por quê? Pela diferença de idade
entre suas almas: as primeiras têm alma velha; as segundas têm alma nova. A
alma velha, por ter reencarnado muitas vezes, possui uma larga experiência do
mundo, ao passo que a nova, por ter sido criada recentemente no Mundo Espiritual,
tem pouca experiência, motivo pelo qual é mais ignorante. Como vemos, também
há um processo de procriação no Mundo Espiritual.
Ainda podemos citar algumas experiências pelas quais muitos já passaram.
Certas pessoas, ao encontrarem alguém que nunca viram, têm a impressão de
tratar-se de pessoa já conhecida. Sentem uma grande emoção, como se fossem
pai e filho, ou irmãos; podem até experimentar um sentimento mais profundo. A
razão é que na vida anterior eram parentes bem próximos ou tinham laços de
estreita amizade; a isso se convencionou chamar de “in-nen” (afinidade espiritual).
Também, por ocasião de uma viagem, encontramos lugares pelos quais sentimos
especial simpatia ou atração e onde desejaríamos residir. É porque em outra vida
residimos ou passamos muito tempo nesse locais.
No relacionamento entre homem e mulher, há casos em que ambos ficam em idílio
ardente, que progride até se tornar um amor cego. A explicação é que na vida
anterior, apesar de enamorados, eles não conseguiram unir-se. Entretanto, na vida
atual, apresentando-se essa oportunidade, cria-se entre os dois um amor
apaixonado.
Ao lermos ou ouvirmos falar de determinados personagens ou acontecimentos
históricos, podemos sentir simpatia ou até ódio. Isso acontece porque já vivemos
na época em que aqueles fatos ocorreram, ou porque tivemos algum
relacionamento com aqueles personagens.
Alicerce do Paraíso, “Vida e Morte” – (05/02/47)
A morte pode ocorrer de muitas formas. Uns morrem de repente por hemorragia
cerebral, apoplexia, ataque cardíaco, desastre, etc., e quem nada conhece sobre o
assunto diz que essas pessoas é que são felizes, porque não passam pelas
angústias nem pelas dores da doença. Entretanto, nada mais errado; ninguém é
mais infeliz do que elas. Como não estavam prepara das para morrer, mesmo
habitando o Mundo Espiritual não têm noção de que faleceram e continuam
pensando que estão vivas. Além do mais, como os elos espirituais se mantêm após
a morte, o espírito, através desses elos, tenta encostar num parente consangüíneo.
Geralmente encosta em criança ou em pessoas fisicamente enfraquecidas, como
senhoras anêmicas em conseqüência de parto, visto que nelas o encosto se torna
mais fácil. Essa é a causa da paralisia infantil autêntica, e também pode ser a
causa da epilepsia. É por isso que a paralisia infantil freqüentemente apresenta
sintomas semelhantes aos da hemorragia cerebral. A epilepsia manifesta os
sintomas dos instantes da morte. Por exemplo: quando a pessoa espuma, é porque
se trata da incorporação do espírito de alguém que morreu afogado; se tem ataque
ao ver fogo, trata-se da incorporação do espírito de uma pessoa que morreu
queimada. Há diversos outros casos em que se manifestam condições
relacionadas com morte antinatural. O sonambulismo também tem a mesma causa,
assim como muitas doenças de origem espiritual.
Sobre mortes antinaturais, há um aspecto que convém conhecer.
Os espíritos daqueles que morreram assassinados, que se suicidaram, etc.,
durante algum tempo não podem sair do local em que ocorreu a morte, e são
chamados de “espíritos presos à terra”. Geralmente eles ficam circunscritos a um
espaço mais ou menos exíguo (de dez a cem metros) e, não suportando a solidão,
tentam atrair companheiros. Por essa razão, tornam-se freqüentes as mortes nos
locais onde aconteceram desastres, como estradas de rodagem e de ferro, nos
locais onde houve afogamentos, como lagos e rios, ou onde alguém se enforcou.
Os “espíritos presos à terra” não podem desligar-se desses locais durante cerca de
trinta anos, mas, de acordo com a atenção e o carinho que seus familiares lhes
dispensam, oferecendo-lhes cultos para sua elevação, esse tempo pode ser muito
abreviado. Por isso, devem dispensar uma atenção toda especial aos espíritos
daqueles que não tiveram morte natural.
Todos os mortos, especialmente os suicidas, continuam no Mundo Espiritual com
as dores e as angústias do momento em que morreram. Os suicidas se
arrependem seriamente, porque o Mundo Espiritual é a continuação do Mundo
Material. Por essa razão, se a morte ocorre em meio a sofrimentos, o espírito vai
para o Plano Intermediário ou para o Plano Inferior, mesmo que se trate de uma
pessoa bondosa. Quem era solitário antes de morrer, continua solitário no Mundo
Espiritual; os que não tinham sorte, continuam sem sorte.
Contudo, há casos particulares em que a situação no Mundo Espiritual torna-se o
oposto do que era no Mundo Material. É o que acontece, por exemplo, com aqueles
que enriqueceram à custa do sofrimento alheio. É, também, o caso dos avarentos.
Indo para o Mundo Espiritual, eles ficam paupérrimos e se arrependem
enormemente. Ao contrário, pessoas que no Mundo Material gastaram grandes
somas para o bem da humanidade, acumulando méritos pelo altruísmo praticado,
no Mundo Espiritual tornam-se ricas e afortunadas. Criaturas que aparentavam uma
dignidade que não tinham, poucos meses ou um ano depois da passagem para o
Mundo Espiritual tomam uma aparência de acordo com seu verdadeiro caráter. Isso
se justifica porque o Mundo Espiritual é o mundo do pensamento, e aquilo que
esconde o pensamento, ou seja, o corpo carnal, já não existe. Os pensamentos
malévolos e indignos fazem com que o espírito tome um aspecto feio ou até
horrível; já o espírito daqueles que acumularam méritos pelo seu altruísmo, toma
uma aparência bondosa e agradável. Podem, pois, compreender a diferença entre
o Mundo Espiritual e o Mundo Material. Realmente, no Mundo Espiritual não há
parcialidade de forma alguma. (...)
Alicerce do Paraíso, “As diversas expressões faciais após a morte.” – (25/08/49)