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Perspectivas aproximativas
INTRODUÇÃO:
I. PANORAMA HISTÓRICO:
1. Contexto histórico da PP
1
“Todos irmãos” – tradução da expressão italiana.
A PP está dentro do contexto de 1968-1969. OTTAVIANI, tratando num artigo
dos 50 anos da carta2, aponta alguns elementos contextuais.
Em primeiro lugar, ao falar em desenvolvimento dos povos – o anuncio
fundacial da encíclica - representa a preocupação de que forma essa situação está
acontecendo. Uma das imagens da “janela histórica” que a Igreja e o mundo veem é
a revolução cubana. A tomada de Poder por Fidel Castro (1959); o embargo
econômico feito pelos EUA (1960); a fortalecimento das Ideias socialista da União
Soviética, junto a Ilha cubana fortaleceu ainda mais os conflitos já existentes. Com
isso, o que foi chamado, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), de Guerra
Fria3, tomou aqui uma das suas expressões mais claras e objetivas.
Outro elemento, no que compete a juventude, onde na PP dá um destaque
importante (nº74), é sobre sua força e influencia. Três fatos que a marcaram essa
época. Che Guevara (1928-1967), grande líder revolucionário, em suas viagens e,
principalmente na América Latina 4, testemunhou a miséria e indiferenças sociais
como fruto de um capitalismo “sem controle” (cf. PP 8).
Sua postura diante dessas guerras e revoluções, como consequência da
indiferença causada pelas questões socioeconômicas, influenciou, fortaleceu,
inspirou a Juventude Americana. Ela se colocou totalmente contra a qualquer
expressão violenta, pois estava mais ligada a interesses capitalista ou qualquer
testemunho da sabedoria americana. Aliás, em paralelo a essa postura, o
“movimento hippie” surgiu como um momento de força e mudança de pensamento a
qualquer imposição ideológica vindo do “americano médio” 5.
Podemos também descrever a situação da “China Comunista” emergente.
Liderada por Mao Tse-Tung, a juventude do meio camponês, dos trabalhadores e
funcionários do governo, organizaram uma grande manifestação contra a supostos
“intrusos” no partido comunistas simpatizantes às ideologias capitalistas, à
burguesia. A expressão juvenil chinesa tomou tão proporção – invasões a
estabelecimento, tomada das praças públicas -, que influenciou o mundo inteiro. À
guisa de exemplo, a juventude francesa promoveu manifestações em 1968. Então, a
juventude chinesa teve uma grande força de mudança que refletiu diretamente o
mundo na época, assim como, a Igreja pós-Vaticano II.
Em falar do Vaticano II (1962-1965), Frei Carlos Josaphat 6, numa entrevista
ao IHU7, apresenta alguns pontos históricos da encíclica PP, relacionado
diretamente ao pontificado de Paulo VI (1963-1978).
2
OTTAVIANI, E. Populorum Progressio 50 anos depois. Cadernos de Fé e Cultura, v.3, n.1, p.20-22,
2018.
3
De forma sintética o EUA representa o desenvolvimento dos povos mediante a capitalismo,
enquanto, a então vigente URSS representava o desenvolvimento dos povos pelo socialismo. Mas
isso em tese, pois pode diversos questionamentos
4
O filme “diários de motocicleta” – 2004 – retrata as motivações iniciais que levaram Che Guevara a
ser como o conhecemos.
5
Expressão para designar a imposição da moral e dos bons costumes vindo das classes médias-
altas, por exemplo, a obrigatoriedade do serviço militar a juventude. um filme que retrata bem essa
questão é “Febre da Juventude” (1978), onde relata a presença da banda de rock “Beatles” nos EUA,
aonde ue revoluciona a forma de pensar e agir. Um outro exemplo, é o documentário sobre
“Woodstock – 3 dias de paz, amor e música” (1970). Evento acontecido em Nova Iorque, retrata a
realidade e expressão da juventude da época.
6
Mineiro, é teólogo dominicano, professor emérito da Universidade de Friburgo, Suíça, e Dr. Honoris
Causa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Estudioso da obra de Tomás de
Aquino, comentou as questões sobre a Justiça da Suma Teológica e, ao longo dos seus 95 anos.
7
IHU Online - Populorum Progressio, a Encíclica da Ressurreição (unisinos.br). Acesso em 07 de
Junho de 2022.
Ele é marcado por situações co-existentes 8. Não devemos pensar que, após o
Vaticano II tudo se orientou para a mudança e renovação da Igreja. Devido a sua
maciça votação, criou-se um “furor” de grande esperança. Não foi bem assim! Paulo
VI de maneira discreta, jeitosa, mas muito inteligente e eficaz procurou relacionar as
“igrejas” que estava vigente, isto é, a ala dos “conservadores”, dos pregressitas, ds
moderados e dos “em cima do muro” estavam e estão existindo, ao mesmo tempo,
na mesma Igreja pós-conciliar. Portanto, o Magistério insistindo sobre o caráter
operacional da doutrina social, procurou incentivar o discernimento das
comunidades e dos fiéis o seu verdadeiro lugar, isto é: o primeiro.
Outro elemento importante do contexto eclesial da carta, foi o progresso
crescente de consciência social da Igreja. Os padres conciliares, iluminados pela
constituição Gaudium et Spes (último documento aprovado do Vat. II), mostravam-se
desejosos de produzir textos mais práticos visando os continentes menos
desenvolvidos e em parte ainda (mal) colonizados. Á guisa de exemplo, na América
Latina, a conferencia de Medellín (1968) se propôs a ser uma atualização do Vat. II
para as Igrejas do “terceiro mundo”. Então, vê aí, como a consciência social no
magistério da Igreja estava muito efervescente do que antes. Não é mais uma
preocupação da Cúria Romana, mas da Igreja particular em cada canto do mundo (//
com o mandato de Jesus em Atos dos Apóstolos, cf. At 1,8ss).
2. Contexto histórico da FT
15
GOURGUES, Michel. As parábolas de Lucas. Do contexto às ressonâncias. São Paulo: Loyola.
2005 (coleção Bíblica Loyola, vol. 47). pp. 15-31
16
Tradução da Bíblia da CNBB, 2018.
17
FITZMEYER, Joseph A. El Evangelio Segun Lucas – traducion y comentário – capítulos 8,22—
18,14. Madrid: ediciones Cristiandad, 1987. pp.265-275 (Tomo III) tradução livre.
diretamente nos lábios de Jesus, o fato de ele mesmo as ratificar expressamente as
torna uma “declaração” do próprio doutor (FITZMYER, 1987, p.267-268).
Quando Jesus vai ao contra-ataque, respondendo com uma nova pergunta à
pergunta inicialmente levantada pelo doutor da Lei, provoca nele a afirmação de dois
mandamentos fundamentais da lei de Moisés: o primeiro, tirado do Shéma18 (Dt 6,4 -
9), e a segunda, tirada de Lv 19,18. O primeiro mandamento exige um amor total e
absoluto a Deus, como uma dedicação que abrange todo o âmbito da pessoa; os
“quatros” constituintes pessoais que são mencionados: “coração”, “alma”, “força”,
(“mente”) expressam a totalidade indivisa da consagração a Deus. O segundo
mandamento, que vem de outra codificação legislativa, como o chamado "Código de
Santidade" (Lv 17—26), inculca o amor ao próximo, ou seja, ao próprio compatriota,
membro da mesma raça, o israelita. Na realidade, as exigências de ambos os
mandamentos coincidem na mesma atitude: o israelita deve amar o próximo como
deve amar a Deus. Este último preceito de amor a Deus é uma das constantes mais
características de todo o corpo Deuteronomista (cf. Dt 11,13.22; 19,9; 30,16; Js 22,5;
23,11) (FITZMYER, 1987, p.268).
A dupla resposta do doutor receber sua confirmação de Jesus e transforma
em duplo mandamento do amor. Uma norma de conduta para o discipulado. Não há
amor perfeito a Deus se falta amor ao próximo. A parênese de Jesus é formulada
em uma terminologia típica do Antigo Testamento. Embora o episódio seguinte (Lc
10,29-37) se encarregue de definir quem é "o próximo". Não se deve esquecer,
neste contexto, que antes, no discurso na planície, Jesus insistiu num aspecto
capital: o amor aos inimigos (cf. Lc 6,27-35). Também em outras passagens do Novo
Testamento, o texto Lv 19,18, tem seu desdobramento para inculcar nos cristãos o
amor ao próximo (cf. Gl 5,14; Rm 13,9; onde esse amor é considerado como a
síntese e resumo da lei de Moisés e mesmo dos profetas). Neste episódio da
narrativa evangélica de Lucas, assim como nas versões correspondentes de Marcos
e Mateus, o amor ao próximo não é uma magnitude isolada, mas está ligado à
absoluta dedicação pessoal a Deus. (FITZMYER, 1987, p.269).
1. Desenvolvimento do texto:
2. Ressonâncias do texto:
i. O saber e fazer:
A pergunta do Legista – saber – (10,29) se transforma em fazer com a
resposta de Jesus (10,37). Provoca um engajamento e responsabilidade. Passou da
abstração-estática para a concretude-dinamica. Uma palavra de ISIDORO DE
PELUSA (contemporâneo a Agostinho) pode traduzir um pouco: “a pessoa que
deves mais considerar teu próximo é a que mais precisa de ti”
ii. O privilegiado e o excluído.
Se para o Sacerdote e o Levita entende o amor ao próximo é para um
privilegiado (cf. Lv 19,17-18), para Jesus, o samaritano coloca a partir de si mesmo e
do homem, o excluído como objeto do amor ao próximo. O excluído é o
“estrangeiro”. O inimigo é o foco do amor.
iii. Deus e o próximo:
A controvérsia anterior (10,25-28) está em jogo o amor a Deus e o amor ao
próximo. Amor a Deus como amor ao próximo pode não estar no foco, à primeira
vista. O verbo grego - splanchnizomai – “ser comovido em suas entranhas” (10,33) –
é o mesmo do Pai para o filho prodigo (15,20). Então, o samaritano ama como Deus.
(//cf. 6,35). Ela não ama Deus no próximo, mas como Deus ao próximo.
iv. O individual e o estrutural
A atitude do Samaritano pode ser “míope” referente a sociedade tão
excludente e descartadora que vivemos? Aqui estamos no campo das parábolas,
então, a sua aplicação não é só especifica, mas, também, a realidades macros.
Mesmo assim faltará alguma coisa.
Para concluir, podemos dizer que a parábola do “bom samaritano” ou do
“homem maltratado” reflete a atitude clara do ser humano na busca de sua formação
integral. Ou seja, as dificuldades do ser humano, que encontra durante são a
oportunidade para crescer e não a desculpa para a tristeza. Somos chamados a
convidar outros e a encontrarmo-nos num “nós” que seja mais forte do que a soma
19
É a leitura da “perfeição”. É o gesto de Deus realizado no gesto do Samaritano. É muito
bem explorado pelo evangelista (cf. Lc 15,20; Lc 17,4)
de pequenas individualidades. “O todo é mais do que a parte, sendo também mais
do que a simples soma delas” (FT 78).
3. PANORAMA DA AÇÃO-PASTORAL.
CONCLUSÃO:
20
(Relatório da ONU: ano pandêmico marcado por aumento da fome no mundo (unicef.org) – acesso
06 de maio de 2022.
consquistadas nas nações mais pobres. Lista vai longe... O que é importante é dizer
que a PP e FT são tão atuais como se possa imaginar.
Todas as duas propõem repensar o ser humano diante de mundo
“decadente”. A PP procurar desenvolver sua reflexão a parti de duas dimensões
bem distintas o desenvolvimento do humano integral. A primeira é a busca de
caminhos, pensamentos, realidades presentes em sua vida que possa ajudá-lo na
sua própria formação. Em resumo, a formação não vem de “fora”, mas um despertar
para suas capacidades com qual mudará sua forma de agir. A segunda é
capacidade de estabelecer solidariedade. Parece que sua intenção não ensinar
como se faz, mas, sim, despertar nele essa dimensão “sine qua non”. Ser solidário é
uma condição humana, não uma imposição. Ser solidário é a capacidade de
enxergar o outro como aqueles que sempre precisa. Ser capaz de criar espaços de
desenvolvimento comunitário para dissipar os “muros” que impedem de construir
uma sociedade mais justa e fraterna.
A FT não vai longe dessa temática. O esquema é bem mais desenvolvido e
parte da realidade da parábola do “homem maltratado” (o bom samaritano). A busca
e incentivo a amizade social deverá acontecer quando, o se humano, estiver atenta
sobre “as sombras” do mundo que provoca mais fechamento do que abertura. A vida
só terá sentido quando realmente for entendida como vida. Compreende-la como
comunhão e fraternidade de povos. A politica deve superar o seu “corporativismo”
que mais sustenta ideologias separatistas do que promoção humana. E a cultura de
paz tão presente e importante, dá a “nota” da vida quando, as religiões, a cultura dos
povos, pensarem como caminho.
Olha como se aproximam. São essências para o cristão. Lê-las com os
“óculos” de hoje, poderá ajudar bastante mudar situações e postura. Poderá dar
condições claras de como mudar e encorajar um desenvolvimento integral do ser
humano.
BIBLIOGRAFIA: