FAJE – Departamento de Teologia / PPG (Programa de Pós-Graduação). Semestre 2022.
1 Disciplina: Tópicos de Mariologia Crítica Professor: Francisco Taborda. Aluno: André Pereira Soares
Diante da exposição da aula e do artigo entregue para leitura pessoal (A devoção a
Maria e sua memória na Liturgia – Revista de Liturgia), pôde-se observar, ainda nesse panorama histórico do curso, a compreensão do culto a Maria na relação com a cultura e manifestações religiosas da nossa história. No “primeiro milênio” a relação Maria e comunidade de fé está diretamente ligada a Cristo, ou seja, a dimensão cristológica está presente nas “primeiras” formulações desse culto. Por exemplo, o culto dos mártires se baseava em saber como foi o Martírio – testemunho de Cristo e a morte - e onde estaria depositado seus restos mortais. Aqui esses mártires foram considerados como grandes “heróis”. Eles se tornaram exemplos claros de como ser discípulo de Cristo. Então, a expressão religiosa cristã sobre a memória dos mártires se torna uma expressão cultural dessas comunidades. Já em Maria, procurou seguir os mesmos passos. Onde ela viveu após a morte e ressurreição do Filho? Onde ela morreu? Onde está enterrado? As respostas se deram num processo lento e com poucas informações históricas. A criação de mitos e hipóteses em torno dessa temática cresceu muito. A afirmação teológica do concilio de Éfeso (431) de Maria ser a Mãe de Deus (Theotokos) parece não ser suficiente. A releitura da vida de Maria, presente nos textos apócrifos, mostrou essa realidade. Mais o que importa dizer é: a necessidade de ter um culto a Maria, pois nela se vê o exemplo por excelência do Discipulado de Cristo.
Esse fator histórico-teológico do culto a Maria nos chama a atenção pela
“necessidade”. É aqui queremos dar destaque. Maria em nenhum momento é desligada do Filho. A fidelidade aos textos bíblicos é bastante presente nas comunidades cristãs. A ligação com a memória dos mártires, isto é, o testemunho de Maria é um “martírio” do Filho com a qual as mesmas guardaram em sua memória cultural e religiosa. Assim, pode-se pensar que a formação humana-cristã perpassa por essa dimensão. Outra questão é a preocupação histórica. Saber como foi a sua vida, após a morte de Jesus. Essa situação se coloca como sentido da fé, ou seja, ter fé em Cristo Jesus identifica-se em homens e mulheres que assumiram sua mensagem, até Maria sua mãe. Então, acreditar numa mulher histórica deu sentido na vida dessas comunidades. É isso que pode nos ajudar e muito em nossas devoções e celebrações litúrgicas de hoje em torno de Maria.